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DANIELA ARAÚJO
BOA ESPERANÇA – MG
2023
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RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a visão mística do autor em sua obra “O
Caminho Infinito” publicada em 1948, na tradução para o português (GOLDSMITH,
O Caminho Infinito, 2005), e sua aplicação prática na vida, levando a autorrealização
e consequente bem-estar e felicidade. Baseado em práticas e condutas das citações
bíblicas de Jesus o “Cristo”, o autor propõe, numa visão mais que metafísica do ser,
a integração no Universo criado, nosso propósito final de unificação com o Ser
Supremo, o Criador. A proposta do bem-estar e felicidade reside na ideia de
“Expansão da Consciência” e conhecimento de si mesmo, e do seu papel na criação
de Deus; que o não agir no ego pessoal e sim na unidade e propósito do “Todo”
(Criador, Deus, Pai, Inteligencia Suprema) é o direcionamento natural de todo
homem. Nesta visão do autor, será feita uma comparação da sua obra junto aos
conceitos do movimento humanista e da Psicologia Positiva, nos pensamentos e
teorias de Maslow, Seligmam, Frankl e Bonino. Buscando uma junção entre a
ciência e a espiritualidade, os estudiosos se aventuram na fronteira onde o mistico
tende a ser analisado e provado de forma concreta na existência humana.
INTRODUÇÃO
O CAMINHO INFINITO
Humberto Rohden, filósofo e educador brasileiro, é o responsável pela
introdução da obra de Goldsmith no Brasil. No prefácio do primeiro livro de
Goldsmith traduzido “A Arte de Curar pelo Espirito” (Editora Martin Claret, 1972,
Tradução Humberto Rohden), Rohden fala da importância da mensagem contida
nos textos de Goldsmith, (1972, p. 9) “Goldsmith vai além de Chardin, o qual, como
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A questão é: Que pode o homem fazer para obter esta consciência espiritual
e com isso abandonar o sentido materialista? A resposta é: "Leia e estude as
verdades reveladas ao longo dos tempos sobre a Consciência universal,
Alma ou Espírito e sobre a criação espiritual e suas leis. Absorva o sentido
destas revelações. (GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p. 15)
ASSUMINDO A IMORTALIDADE
Goldsmith leva a compreender qual é a verdadeira essência dos seres, que
se o “Verbo se fez carne”, ele ainda assim continua sendo o “Verbo” em sua
natureza mais íntima. Embora salte aos sentidos a causa materializada, ainda assim
em suma o “Verbo é”, o Espírito ou Consciência. Não há universo material ou
espiritual, existe a consciência que se expressa como ideia. Para obter a saúde,
felicidade e bem-estar não se precisa abdicar da vida material, mas apenas corrigir a
visão limitada da existência humana.
mundo”. Que se direciona na mensagem do apóstolo Paulo “Voltai vosso olhar para
as coisas do alto, não para as coisas da terra” (Colossenses 3:2).
ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL
O sentido espiritual precisa ser mais sentido do que raciocinado, os sentidos
materiais prendem a realidade como a vemos, mas a realidade é muito mais, tanto
no sentido macro como micro, somente a capacidade intuitiva abre as portas da
percepção do real. O cultivo deste sentido, desta capacidade intuitiva que vem de
dentro, da voz interior que fala quando se embota as sensações da matéria, está
criatividade além do comum, tem sido alvo da busca de muitos, utilizando para isso
processos de meditação até câmaras de privação dos sentidos, onde acredita-se
novas invenções e modos criativos de agir vem à tona, trazendo ao processo
material mais riqueza e prosperidade. Ao transcender os cinco sentidos da matéria, a
faculdade intuitiva desperta, e fica receptiva e sensível às questões do Espírito,
renascemos espiritualmente e começamos uma nova existência.
Segundo Goldsmith, inicia-se a conquista da iluminação espiritual, com a
primeira busca da verdade. Goldsmith (2005, p. 21) alerta que “nossa verdadeira
identidade é a luz do mundo”. Segundo Rogers, existe uma força humana única,
inata e fundamental, que busca o crescimento, que deseja ser melhor de forma
constante, que define como sendo o impulso para a realização do eu (self). Mas
para Goldsmith só a unificação com Deus e a identificação do real proposito da
existência de cada um, numa rendição total ao Eu (Self) é que pode levar o indivíduo
a autorrealização.
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Goldsmith faz uma reflexão sobre o ego, que na vida, quando não se coloca
em sintonia com a “reta intenção” do que seja o propósito definido por Deus, fica-se
à mercê da luta material, agindo com demasiado esforço para conquistar estes
objetos, e no final não existe segurança nestas posses. A reflexão é que, apesar de
achar que se possui alguma coisa, nada pertence realmente a ninguém,
principalmente quando se percebe a temporalidade da existência material. Goldsmith
(2005, p. 21) inspira, “Possuindo a Luz divina dentro de si, ganha o homem sua
liberdade do mundo, e a segurança contra todos os perigos terrestres e humanos.”
Conscientizar de que cada ser é a emanação de Deus, a consciência
individualizada, isso é ter a mente espiritual. Segundo Goldsmith, a Cristo
consciência desperta o ser para compreensão da realidade, mostra a verdade sobre
o velho mundo de conceitos e crenças antigas, e abre diante de si uma realidade
transcendente e eterna do “Meu reino não é deste mundo”. Enquanto habitar a
consciência espiritual, nenhuma situação externa afetará a situação de bem-estar e
felicidade interna.
O CRISTO
Eis o primeiro mandamento: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu
coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças.
O segundo é este: “Ame o seu próximo como a si mesmo. Não existe mandamento
maior do que estes". (Marcos, 12:30 e 12:31).
Goldsmith quando fala do “eu” pessoal, mostra como ele é restrito, com suas
preocupações do ter, desejar, acumular, mesmo que possa se estender em ações
comunitárias, ainda mantém o sentido de ganho pessoal, no agir em busca de
agradecimentos ou reconhecimento humano. Agir esperando algo da ação, seja
material ou de reconhecimento social. Este agir não está livre, está submetido ao
pequeno “eu”, portando se o resultado não ocorre como desejado, sofre o ser, pois
não agiu no desapego dos resultados, frustrando o pensamento de que poderia se
autorrealizar nas ações externas.
O “Eu” verdadeiro, conclui Goldsmith, está interessado em dar, repartir,
abençoar, agir sem esperar os resultados da ação, obtendo a satisfação apenas
pelo ato em si, o “reto agir”. Sabendo que seu propósito na obra de Deus pede que
realize as atividades que foram destinadas realizar, e isso basta para sua
autorrealização e felicidade.
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Para a verdade ser verdade, deve ser verdade absoluta. Ocupamo-nos agora
com a verdade de que nós individualizamos o poder infinito. Não devemos
procurar um poder fora ou separado de nós mesmos. Nós individualizamos o
poder infinito na medida de nossa conscientização da Verdade.
(GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p. 28)
Goldsmith analisa que existe uma constante guerra entre a carne e o espírito,
uma oscilação entre dois estados, com momentos de felicidade em grande elevação,
depois quedas em incertezas, alcançando vitórias para depois amargar fracassos,
na divisão entre as aparências de bem e mal, sucesso e fracasso, espiritualidade e
mortalidade, saúde e doença. E só se supera está condição ao se afastar do sentido
material do universo. Ao tentar colocar uma verdade metafísica sobre um problema
humano, descobre-se este conflito dentro de si, e a superação é a obtenção da
harmonia espiritual, em vez de focar na existência material, na busca de mais
facilidades e conforto.
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Ele relata que no início de seu trabalho de cura apenas buscava a melhora na
vida material, mas ao perceber que passado um período a pessoa voltava a ter os
mesmos sintomas, entendeu que deveria ensinar como ter a cura ou bem-estar
permanentes. Para Goldsmith é preciso abandonar o conceito de mortalidade, de
acreditar que o homem é apenas este corpo material, para alcançar a consciência
da existência espiritual, e a eterna harmonia do ser. Goldsmith (2005, p. 32) relata
“Nesse Eu encontramos nossa completeza e a infinitude de nosso ser. Aqui também
descobrimos a razão de nossa existência. ”
Goldsmith coloca o “Eu” verdadeiro do homem como sendo a manifestação
de Deus, do “Eu” profundo, e que neste estágio descobre que é um com todos os
homens, animais e coisas, e numa analogia ao efeito borboleta, compreende que o
que afeta um afeta todos. Esta unidade com a criação traz a compreensão de ser
mais gentil, amável, compreensivo e paciente, seguindo as palavras de Jesus “Ama
teu próximo como a ti mesmo”.
Na vida interior reside a paz, a harmonia, a alegria e a segurança, apesar de
viver em um mundo desolado, de guerras e desigualdades, aquele que permanece
indiferente, intacto, é a presença do “Ser” imortal. Não existe o tempo da forma que
está definido, existe apenas o eterno agora, a morte desaparece.
A consciência espiritual não está relacionada a bens humanos, mas “vosso
Pai sabe que precisais destas coisas”, então a harmonia da experiência humana
será revelada ao nosso ser. No Evangelho de Lucas (12:22-32), no “Sermão da
Montanha”, Jesus tranquiliza a todos quanto as necessidades da vida material, e
sobre o que se terá para comer ou vestir, pois Deus cuida de todos e sabe de
antemão das necessidades de todos os seres.
A ALMA
Para Goldsmith (2005, p. 36) a alma é “uma parte do homem pouco
conhecida e só raramente percebida”, que só naqueles que padecem de grandes
aflições e se voltam para seu interior rompendo a barreira dos sentidos físicos
conseguem percebê-la. Nesta percepção uma nova força atua, novos recursos e
valores, de natureza totalmente diferente.
Existe um grande obstáculo para se aprofundar em seu interior e reconhecer
a “Alma”. Os sentidos matérias, os prazeres e as dores da matéria embotam a visão
do essencial. Mas existiram alguns homens e mulheres que conseguiram, e estes
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visionários deram notícias desta vivencia e como seguir neste caminho. Acontece
que para a maioria a autorrealização e felicidade duradouras acaba sendo sufocada
pela ilusão humana de que se não puder realizar tal tarefa, viver tal prazer, ninguém
mais poderá realizá-lo. A prisão no orgulho do ego, de achar que o eu pequeno
realiza algo.
Novamente contrapondo Maslow (1971) na sua teoria da pirâmide das
necessidades, Goldsmith (2005, p. 36) reafirma que “Cada vez mais, as pessoas
começam a perceber que a libertação do medo, da insegurança, da necessidade, e
da pouca saúde não se encontra no reino da matéria”. Para Viktor Frankl, criador da
logoterapia, a autorrealização está na busca de um sentido de vida onde o indivíduo
esquece a si mesmo e age para algo maior, tendo aqui mais similaridade com o que
propõe Goldsmith. Bonino se relaciona com o pensamento do autor, pois alerta que
sem dar importância e sentido as suas vidas, a sociedade atual se choca ao ver que
segurança e bens materiais não levam a autorrealização e muitas vezes são
acompanhadas do sentimento de vazio e fracasso.
Goldsmith nos afirma que a alma tem um poder que pode fazer mais que os
poderes matérias e mentais juntos, mas que a possível causa de não haver tanto
interesse em acessá-lo é que ele não pode ser usado para fins egoístas. Nisto está
o porquê de poucos acessarem a consciência da Alma. Para Goldsmith (2005, p. 38)
“A canção da alma é liberdade, alegria e eterna felicidade; a canção da alma é amor
para toda a humanidade; a canção da alma é você.”
A MEDITAÇÃO
Significado de meditar: “fixar a mente em”; “contemplar”; “pensar em algo
ininterruptamente”; “envolver-se em reflexão continua e contemplativa”; remoer”;
“cogitar”; “deixar-se ficar mentalmente em alguma coisa”.
Para Goldsmith, meditação é oração em linguagem espiritual, pois não é um
pensamento voltado para si mesmo, para os problemas, é na verdade a
contemplação de Deus e suas obras, sendo que este é o único caminho para
abrimos a consciência para o reino da alma.
O processo meditativo segue para Goldsmith uma constância, de permanecer
de cinco a dez minutos cada manhã, tarde e noite, em silêncio; ao dedicar e
conseguir habilidade meditativa, ocorre a inspiração.
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A ORAÇÃO
“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites.” (Tiago 4:3). Para Goldsmith, não se sabe pedir da forma correta nas
orações, nada acontecerá enquanto se exigir ou barganhar pedidos e solicitações.
Tudo o que se precisa está dentro de cada um, na própria consciência espiritual.
Sendo Deus a consciência de todos, individualizado em cada ser, ele já sabe do que
precisa e é do desejo de Deus lhe dar tudo. Reconhecer esta verdade é a oração
atendida, afinal oramos desde tempos memoriáveis, apenas pedindo e nada mudou
no mundo, só alguma percepção de mais conforto, saúde e prosperidade
momentâneos.
Mas apesar deste entendimento, ainda ocorrem na vida determinados males
que solicitam a compreensão da prece. Porque então ainda proliferam o erro, a
pobreza a doença se Deus sabe tudo e quer atender as necessidades? Goldsmith
acredita que todos os males são uma ilusão, uma miragem, um nada, uma falsa
representação da realidade. Ele esclarece que sempre se ora por alguma coisa ou
alguém, lutando para atingir um fim pessoal, mas que a oração deve ter como
intenção o bem de todos. Ele reafirma a frase de Jesus “Meu reino não é deste
mundo”, e se orar fazendo qualquer pedido pessoal neste mundo será infrutífero. Na
oração deve-se silenciar a voz pessoal e ouvir “a pequena voz silenciosa” que é
Deus se manifestando em nós.
A CURA METAFÍSICA
Goldsmith diz que a cura está diretamente relacionada com o entendimento
da verdade sobre Deus, sobre o homem, a ideia e o corpo. Não se trata de alguém
externo. Jesus disse “Aquele que vê a mim, vê aquele que me enviou” (João 12:45),
nesta frase ele revelou um princípio universal. Se não existe compreensão desta
verdade a cura não ocorrerá. Nos ensinamentos de Goldsmith a verdade é que Deus
é a mente e a vida do indivíduo. Deus é o único EU.
Mas aí vem a questão, “Que é o homem?”, ele é ideia, corpo e manifestação.
O corpo é ao mesmo tempo ideia e manifestação, indo de encontro ao conceito da
Física Quântica que em escala subatômica tudo é onda e partícula ao mesmo
tempo. Goldsmith entende que tudo na vida se enquadra neste conceito, o negócio,
o lar, as posses, tudo existe como ideia, manifestação ou expressão. Sendo assim o
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Compreender que o corpo não tem ação por si mesmo, que responde a
mente, e entender o “Eu Sou”, a consciência espiritual, é o que traz harmonia,
saúde, lar, emprego, reconhecimento, paz, alegria e domínio, e isso é verdade para
todos os indivíduos. Sendo este resultado o esperado na autorrealização. Para
Goldsmith não existe poder em algum ser ou entidade distante de nós, a consciência
é o único poder que atua em nossos negócios, saúde, relacionamentos e que dá a
orientação necessária para o sucesso em todos os caminhos da vida.
O SUPRIMENTO
Goldsmith coloca toda confiança na presença de Deus em nós, como
consciência individualizada, e cita o sermão da montanha como entendimento deste
conceito, culminando nas frases finais “Buscai antes o reino de Deus, e todas estas
coisas vos serão dadas de acréscimo. Não temais, pequeno rebanho, pois é do
agrado do vosso Pai dar-vos o reino. Lucas (12:31-32)” Mas ele também coloca a
questão de “como é possível não se preocupar com o dinheiro”, sendo que existem
necessidades da vida material a serem supridas? Na passagem do Sermão da
Montanha tem a indicação de como resolver estas dificuldades, pois “é do agrado do
vosso Pai dar-vos o reino”, pois Deus sabe antes de nós do que precisamos.
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cada ser fosse somente um homem, aparte do que é divino, mas ao lembrar da
verdadeira natureza, percebemos que não há separação de Deus.
Para Goldsmith, há envolvimento em atividades, que parecem ser a fonte do
suprimento, seja um negócio, trabalho, arte ou profissão, mas o que está em
atividade é a “Consciência”, que é amorosa e dirigida de forma inteligente e
amparada, sendo que se deve aprender a não se envolver e deixar que Deus, a
“Consciência”, assuma suas responsabilidades. Goldsmith (2005, p. 56) relata,
“Existimos como consciência individual; por isso, tudo o que se faz necessário à
nossa autorrealização está contido na “Consciência” infinita que nós somos.”
O NOVO HORIZONTE
Para Goldsmith existe um sono hipnótico universal, que gera o sonho da
existência humana. Tanto a realidade de boas quanto de más condições da
existência humana são apenas sugestões hipnóticas, desta forma é preciso se
colocar acima dos desejos, mesmo de boas condições. Goldsmith explica que se
deve compreender que a substância ou tecido do universo mortal e nossas
condições humanas, boas ou más, são, na verdade, sugestão, crença ou hipnose,
quadros de sonho, sem qualquer realidade ou permanência. Nas palavras de
Goldsmith (2005, p.72), “Estejamos prontos a aceitar que as condições,
harmoniosas ou não, da existência mortal desapareçam de nossa vida, para que a
Realidade possa ser conhecida, usufruída e vivida.”
O Universo do espírito, governado pelo Amor, que está acima desta vida dos
sentidos, é povoado pelos filhos de Deus, sendo este para Goldsmith o mundo real e
permanente, a eterna consciência, nada é desarmônico, efêmero ou material. A vida
material, por sua natureza temporal é uma autossugestão hipnótica, nada aqui
perdurará, tanto o bem como o mal é ilusório.
Ter a visão do céu do aqui e agora, para Goldsmith, é o início da nossa
ascensão, que é estar acima das condições e experiências deste mundo, e
conseguir ver as ‘muitas moradas” na Consciência espiritual. Significa não estar
preso aos sentidos da matéria nem ao suprimento visível, nem ao tempo e espaço.
O bem que ao homem não é avaliado pelos sentidos, a vida abundante vem dos
inesgotáveis recursos da alma. Nada é negado quando se vê acima das questões
físicas, quando se contempla o invisível.
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CONCLUSÃO
A teoria das necessidades humanas de Abraham Maslow (1971), exposta na
pirâmide das necessidades, define o ser como auto realizado após passar por todos
os degraus da mesma e satisfeito todas as necessidades materiais. Mas Joel
Goldsmith (2005) expõe que não importa a quantidade de bens materiais,
relacionamentos, segurança ou destaque social a pessoa possa ter, nada é garantia
de que o indivíduo consiga a autorrealização. Goldsmith se contrapõe a Maslow,
pois para ele não há que se procurar ter ou possuir nada na matéria, pois tudo é
perecível e não realiza o ser em seu propósito de vida ou a plenitude do bem-estar.
A segurança material não é garantia, pois como seres na matéria temporal nada
está realmente sob nosso controle.
Já para Rogers, na sua Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), acredita que
o ser humano possui impulsos que o leva a buscar desenvolvimento, ser melhor,
que seria para ele a realização do eu (self). Goldsmith em outra abordagem coloca o
ser como o centro da individuação da “Consciência” que é Deus, mas entende como
Rogers que o ser humano possui o impulso para se desenvolver, mas este vem da
presença do EU (Self) dentro de cada ser. Rogers e Goldsmith concordam que esse
impulso para se melhorar pode ser reprimido por crenças e condicionamentos
adquiridos na infância, e que o ser é intrinsecamente bom e criativo.
Mas as similitudes param por aí, pois Rogers acredita que o ser precisa de
estímulos externos para conhecer a realidade e se autorrealizar, sendo que
Goldsmith entende que é voltando para seu interior e no silêncio que vem através da
meditação, sem se impor nenhum pensamento ou crença limitadora, o ser ouve a
voz do Eu Superior, e compreende a realidade última e seu propósito, levando a
harmonia e bem-estar.
Maslow percebeu que os indivíduos autorrealizados tinham momentos de
intensa alegria, admiração, êxtase, experiências transcendentais, semelhantes às
das pessoas espiritualizadas, sendo que Goldsmith se direciona na Cristo
consciência, para o interior de cada um, para que o ser se sinta realizado. Aqui
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REFERÊNCIAS
GOLDSMITH, Joel S. A Arte de Curar pelo Espirito. São Paulo: Martin Claret,
1972.
BONINO, S. Mil amarras me prendem à vida: (con) viver com a doença. 1ª ed.
Coimbra: Quarteto, 2007.
MASLOW, A. H. The further reaches of human nature. New York: Viking, 1971.