Você está na página 1de 18

FAVENI – FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

PSICOLOGIA POSITIVA, CIÊNCIA DO BEM-ESTAR E AUTORREALIZAÇÃO

DANIELA ARAÚJO

AUTORREALIZAÇÃO E BEM-ESTAR: VISÃO MÍSTICA DO HOMEM,


PARTICULARIDADES DA OBRA DE JOEL GOLDSMITH, MOVIMENTO
HUMANISTA E PSICOLOGIA POSITIVA

BOA ESPERANÇA – MG
2023
2

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar a visão mística do autor em sua obra “O
Caminho Infinito” publicada em 1948, na tradução para o português (GOLDSMITH,
O Caminho Infinito, 2005), e sua aplicação prática na vida, levando a autorrealização
e consequente bem-estar e felicidade. Baseado em práticas e condutas das citações
bíblicas de Jesus o “Cristo”, o autor propõe, numa visão mais que metafísica do ser,
a integração no Universo criado, nosso propósito final de unificação com o Ser
Supremo, o Criador. A proposta do bem-estar e felicidade reside na ideia de
“Expansão da Consciência” e conhecimento de si mesmo, e do seu papel na criação
de Deus; que o não agir no ego pessoal e sim na unidade e propósito do “Todo”
(Criador, Deus, Pai, Inteligencia Suprema) é o direcionamento natural de todo
homem. Nesta visão do autor, será feita uma comparação da sua obra junto aos
conceitos do movimento humanista e da Psicologia Positiva, nos pensamentos e
teorias de Maslow, Seligmam, Frankl e Bonino. Buscando uma junção entre a
ciência e a espiritualidade, os estudiosos se aventuram na fronteira onde o mistico
tende a ser analisado e provado de forma concreta na existência humana.

Palavras-chave: Místico. Autorrealização. Unificação. Todo.

INTRODUÇÃO

Busco neste artigo analisar os ensinos de Joel S. Goldsmith sobre a vivência


em completo bem-estar e autorrealização e compará-los aos conceitos do
movimento humanista que teve seu início entre as décadas de 1950 e 1960, com os
estudos de Abraham H. Maslow e Carl Ranson Rogers. Analisando a compreensão
mística do porquê da vida e qual nosso propósito final. A primeira obra de Joel S.
Goldsmith foi publicada em 1948 (O Caminho Infinito). Nesta obra o autor convida
através da expansão da consciência e prática da meditação alcançar o lugar de
silêncio e paz onde ouvimos a pequena voz interior do “Todo” (Criador, Deus, Pai,
Inteligencia Suprema).
Não é uma busca fácil, sem a rendição as ideias e conhecimentos propostos
em sua obra, mas sendo plausíveis de colocar em pratica e dando o poder de ação
ao indivíduo na medida de sua capacidade de percepção das coisas e objetos da
vivência material, tendo na Psicologia Positiva, através do PERMA, proposto por
Seligmam, no quarto elemento, Meaning, a referência ao pertencimento do indivíduo
a algo maior que ele mesmo, revelando uma ligação com o transcendental.
Observamos Viktor Frankl e os aspectos onde se assemelha com as ideias e
experiências de Joel Goldsmith, na proposta da Logoterapia, que é a cura pelo
Logos, pelo Deus individualizado no homem.
3

A pesquisa se pautou nas questões da autorrealização e na abordagem


mística e transcendental dos textos de Joel S. Goldsmith, do movimento humanista,
adentrando na influência destes na Psicologia Positiva. Sendo uma pesquisa básica
com abordagem do problema de forma exploratória, com procedimentos técnicos de
pesquisa bibliográfica, onde o objetivo do estudo é interligar o pensamento da obra
“O Caminho Infinito” de Joel S. Goldsmith no contexto do humanismo,
contemporâneo de suas obras, e nos conceitos da Psicologia Positiva.

CONHECENDO JOEL S. GOLDSMITH


Não existem muitas informações de fontes oficiais sobre Joel S. Goldsmith,
sabe-se que de todas as suas obras publicadas somente “O Caminho Infinito” foi
escrita por ele, as demais são compilações de suas palestras pelo mundo. Ele nos
ensinou o caminho, mas não queria que o mesmo virasse uma religião, acredito
que por isso temos poucas informações sobre ele. Transcrevo aqui o que encontrei
no Posfácio do editor, na tradução brasileira, onde temos um pequeno relato sobre
ele.

Quem era Joel S. Goldsmith? Um instrutor de religião? Um curador


espiritual? Um guru dos tempos modernos? Ele era tudo isso e muito
mais. Goldsmith era um iluminado. Um mensageiro espiritual. Por
mais de quarenta anos, curou espiritualmente milhares de pessoas
doentes da alma e do corpo. Joel S. Goldsmith era americano, de
origem judaica. Até a metade de sua vida foi um comum homem de
negócios (ele morreu em 1964). Por muitos anos, foi um instrutor-
praticante do movimento religioso Ciência Cristã. Goldsmith não
possuía nenhuma cultura filosófica, nem fizera estudos superiores de
espécie alguma. Era guiado por sua profunda intuição e vocação de
professor espiritual. Percorreu o mundo, a pedido de seus pacientes,
realizando curas espirituais. Nos últimos anos de sua vida, viveu em
Honolulu, capital do Havaí. Produziu mais de trinta livros, a maioria
traduzida para outras línguas. (GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p.75)

O CAMINHO INFINITO
Humberto Rohden, filósofo e educador brasileiro, é o responsável pela
introdução da obra de Goldsmith no Brasil. No prefácio do primeiro livro de
Goldsmith traduzido “A Arte de Curar pelo Espirito” (Editora Martin Claret, 1972,
Tradução Humberto Rohden), Rohden fala da importância da mensagem contida
nos textos de Goldsmith, (1972, p. 9) “Goldsmith vai além de Chardin, o qual, como
4

teólogo, não teve a coragem de afirmar 100% a imanência de Deus em todas as


coisas.”
Deus, em muitas religiões é concebido como uma pessoa a quem exigimos
através da prece nossas petições, mas até hoje estamos sem obter os resultados
delas. A filosofia materialista, na aceitação do inevitável fluxo da vida nos leva
apenas ao caminho do desespero. Entre estes dois expoentes vive o homem
comum, entregue a religiosidade inconsciente ou a negação de toda espiritualidade,
mas, ainda assim, tendo dentro de si uma motivação de autorrealização, que
conduzirá o ser humano ao desenvolvimento de seu potencial máximo.
Refletindo sobre o eterno mistério e seus pensadores, divulgadores e
místicos, passando por Lao-Tsé, Buda e Sahankara a Jesus, os místicos da idade
média e os pensadores da atualidade, Goldsmith nos traz um novo caminho, onde
de forma consciente o ser se conecta com Deus e seu propósito na vida.
O falar sobre Deus ainda aterroriza a muitos, e deixa distante o interesse de
avaliar onde se encontra realmente a felicidade. Mas quando o indivíduo se sente
desmoronar diante das adversidades da vida, busca na espiritualidade consolo e
equilíbrio das emoções.
Goldsmith ensina um caminho para solução dos problemas, ao olhar para
dentro e não para fora, para a questão em si, sendo possível encontrar aí a solução.
Existindo consenso com a teoria humanista, que coloca o indivíduo como centro
significativo de seus próprios interesses e valores. A teoria humanista propõe uma
visão holística do ser humano, ela não foca nos problemas, mas busca compreender
a integralidade do indivíduo, sendo o objetivo a transformação pessoal em todos os
níveis da vida.
No prefácio do autor, Joel Goldsmith relata como a vida humana é fugaz no
mundo atual, onde existem bombas atômicas e armas químicas das quais nada há
que se fazer em nossa defesa, caso os dirigentes desejassem usá-las. A
temporalidade da existência, da segurança, da harmonia e da saúde encontrariam
um caminho de proteção na obtenção de um certo grau de consciência espiritual.
Aqui a consciência espiritual se equaliza com a autorrealização, e o bem-estar e
felicidade seriam uma consequência desta consciência.
O poder não se encontra na matéria visível em nossa volta, é o que nos vem
dizendo todos os videntes, santos e profetas ao longo do tempo, Goldsmith alerta de
que quando o mundo descobrir que se pode melhorar a saúde e a segurança
5

através da renúncia da visão materialista em favor da obtenção da consciência


espiritual, as esperanças serão renovadas.

A questão é: Que pode o homem fazer para obter esta consciência espiritual
e com isso abandonar o sentido materialista? A resposta é: "Leia e estude as
verdades reveladas ao longo dos tempos sobre a Consciência universal,
Alma ou Espírito e sobre a criação espiritual e suas leis. Absorva o sentido
destas revelações. (GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p. 15)

ASSUMINDO A IMORTALIDADE
Goldsmith leva a compreender qual é a verdadeira essência dos seres, que
se o “Verbo se fez carne”, ele ainda assim continua sendo o “Verbo” em sua
natureza mais íntima. Embora salte aos sentidos a causa materializada, ainda assim
em suma o “Verbo é”, o Espírito ou Consciência. Não há universo material ou
espiritual, existe a consciência que se expressa como ideia. Para obter a saúde,
felicidade e bem-estar não se precisa abdicar da vida material, mas apenas corrigir a
visão limitada da existência humana.

“O meu reino não é deste mundo". Somente quando soubermos transcender


o desejo de melhorar nossa vida humana é que compreenderemos o sentido
desta mensagem vital; quando deixamos os limites do aperfeiçoamento
humano, temos o primeiro vislumbre do significado das palavras: "eu venci o
mundo. (GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p.17)

Aqui existe um contraponto com a teoria da pirâmide das necessidades, onde


Maslow (1971) entende que para se alcançar a autorrealização é preciso passar por
todos os degraus, mesmo que de forma parcial, satisfazendo as necessidades
materiais mais básicas para depois almejar algo mais (Schultz e Schultz, 2019).
Goldsmith vai na contramão, dizendo que apenas depois de transcender o “desejo”
de melhorar a vida, quando deixar os limites do aperfeiçoamento humano, é que irá
vislumbrar “O meu reino não é deste mundo” ou o significado de “eu venci o mundo”,
como um caminho para superar a doença, o pecado e a carência, ou seja, a
autorrealização para Goldsmith consiste em “buscar primeiro as coisas do reino de
Deus e o resto vos será dado por acréscimo. ”
Para Goldsmith, tanto os prazeres como as dores do mundo devem ser
transcendidos, a consciência espiritual vence o mundo. Mas não significa que
devamos nos tornar ascetas, o conceito aqui é “estar no mundo, mas não ser do
6

mundo”. Que se direciona na mensagem do apóstolo Paulo “Voltai vosso olhar para
as coisas do alto, não para as coisas da terra” (Colossenses 3:2).

Vivemos em um universo espiritual, mas a finitude de nossos sentidos


desenhou para nós uma imagem de limitações. Enquanto tivermos nossos
pensamentos voltados para o cenário à nossa frente — “este mundo” —,
estaremos nos esforçando para melhorá-lo ou mudá-lo. Mas, assim que
elevarmos nosso olhar e não mais nos preocuparmos com o que comer,
beber ou vestir, começaremos a perceber a realidade espiritual; e embora nos
pareça apenas uma crença mais perfeita, é de fato a manifestação mais
intensa da realidade. (GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p. 18).

Uma consciência iluminada só vem quando se está em posição de


receptividade e sensibilidade a ela. Só se obtem a imortalidade ao superar o eu
pessoal, nesta e na outra vida. É preciso despojar do ego para alcançar o “Eu”
verdadeiro, a realidade última, a consciência divina, aí chega-se a imortalidade, que
segundo Goldsmith pode acontecer neste exato momento da existência de cada um.

ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL
O sentido espiritual precisa ser mais sentido do que raciocinado, os sentidos
materiais prendem a realidade como a vemos, mas a realidade é muito mais, tanto
no sentido macro como micro, somente a capacidade intuitiva abre as portas da
percepção do real. O cultivo deste sentido, desta capacidade intuitiva que vem de
dentro, da voz interior que fala quando se embota as sensações da matéria, está
criatividade além do comum, tem sido alvo da busca de muitos, utilizando para isso
processos de meditação até câmaras de privação dos sentidos, onde acredita-se
novas invenções e modos criativos de agir vem à tona, trazendo ao processo
material mais riqueza e prosperidade. Ao transcender os cinco sentidos da matéria, a
faculdade intuitiva desperta, e fica receptiva e sensível às questões do Espírito,
renascemos espiritualmente e começamos uma nova existência.
Segundo Goldsmith, inicia-se a conquista da iluminação espiritual, com a
primeira busca da verdade. Goldsmith (2005, p. 21) alerta que “nossa verdadeira
identidade é a luz do mundo”. Segundo Rogers, existe uma força humana única,
inata e fundamental, que busca o crescimento, que deseja ser melhor de forma
constante, que define como sendo o impulso para a realização do eu (self). Mas
para Goldsmith só a unificação com Deus e a identificação do real proposito da
existência de cada um, numa rendição total ao Eu (Self) é que pode levar o indivíduo
a autorrealização.
7

Goldsmith faz uma reflexão sobre o ego, que na vida, quando não se coloca
em sintonia com a “reta intenção” do que seja o propósito definido por Deus, fica-se
à mercê da luta material, agindo com demasiado esforço para conquistar estes
objetos, e no final não existe segurança nestas posses. A reflexão é que, apesar de
achar que se possui alguma coisa, nada pertence realmente a ninguém,
principalmente quando se percebe a temporalidade da existência material. Goldsmith
(2005, p. 21) inspira, “Possuindo a Luz divina dentro de si, ganha o homem sua
liberdade do mundo, e a segurança contra todos os perigos terrestres e humanos.”
Conscientizar de que cada ser é a emanação de Deus, a consciência
individualizada, isso é ter a mente espiritual. Segundo Goldsmith, a Cristo
consciência desperta o ser para compreensão da realidade, mostra a verdade sobre
o velho mundo de conceitos e crenças antigas, e abre diante de si uma realidade
transcendente e eterna do “Meu reino não é deste mundo”. Enquanto habitar a
consciência espiritual, nenhuma situação externa afetará a situação de bem-estar e
felicidade interna.

O CRISTO
Eis o primeiro mandamento: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu
coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças.
O segundo é este: “Ame o seu próximo como a si mesmo. Não existe mandamento
maior do que estes". (Marcos, 12:30 e 12:31).
Goldsmith quando fala do “eu” pessoal, mostra como ele é restrito, com suas
preocupações do ter, desejar, acumular, mesmo que possa se estender em ações
comunitárias, ainda mantém o sentido de ganho pessoal, no agir em busca de
agradecimentos ou reconhecimento humano. Agir esperando algo da ação, seja
material ou de reconhecimento social. Este agir não está livre, está submetido ao
pequeno “eu”, portando se o resultado não ocorre como desejado, sofre o ser, pois
não agiu no desapego dos resultados, frustrando o pensamento de que poderia se
autorrealizar nas ações externas.
O “Eu” verdadeiro, conclui Goldsmith, está interessado em dar, repartir,
abençoar, agir sem esperar os resultados da ação, obtendo a satisfação apenas
pelo ato em si, o “reto agir”. Sabendo que seu propósito na obra de Deus pede que
realize as atividades que foram destinadas realizar, e isso basta para sua
autorrealização e felicidade.
8

Para Goldsmith, temos a tarefa de descobrir o Cristo em cada consciência,


mas antes é preciso entender o que é “consciência”, pois só se pode comprovar
aquilo que está na percepção do consciente. O que ainda acredito? Quais são
minhas crenças? Sou mortal? Já reconhecemos o Cristo como a plenitude e
presença de Deus? Aqui ele chama ao reconhecimento de que o homem é o eterno
Doador em ação, pois quando liberto da vontade pessoal, deixa Deus agir por ele e
abdica dos resultados, solta das costas o fardo pesado das atividades na vida
corpórea.

Para a verdade ser verdade, deve ser verdade absoluta. Ocupamo-nos agora
com a verdade de que nós individualizamos o poder infinito. Não devemos
procurar um poder fora ou separado de nós mesmos. Nós individualizamos o
poder infinito na medida de nossa conscientização da Verdade.
(GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p. 28)

NOSSA VERDADEIRA EXISTÊNCIA


Para Goldsmith, cada ser se apresenta de acordo com o seu estado de
consciência, na manifestação do “Todo” para aquela existência. Para ele Deus
manifesta a si mesmo em cada ser, e desta forma a expressão das qualidades
divinas. Sendo que a tarefa consiste em apreender a relaxar e deixar que a “Alma”
se expresse. A ação com intenção pessoal reflete egoísmo e não se deve tentar ser
ou fazer algo pelo esforço pessoal, físico ou mental.

Uma vez que somos Consciência espiritual individual, podemos sempre


confiar que a Consciência realize a Si mesma e à Sua missão. Somos
expectadores e testemunhas desta divina atividade da Vida que realiza e
manifesta a Si mesma. (GOLDSMITH, O Caminho Infinito, p. 30)

Goldsmith analisa que existe uma constante guerra entre a carne e o espírito,
uma oscilação entre dois estados, com momentos de felicidade em grande elevação,
depois quedas em incertezas, alcançando vitórias para depois amargar fracassos,
na divisão entre as aparências de bem e mal, sucesso e fracasso, espiritualidade e
mortalidade, saúde e doença. E só se supera está condição ao se afastar do sentido
material do universo. Ao tentar colocar uma verdade metafísica sobre um problema
humano, descobre-se este conflito dentro de si, e a superação é a obtenção da
harmonia espiritual, em vez de focar na existência material, na busca de mais
facilidades e conforto.
9

Ele relata que no início de seu trabalho de cura apenas buscava a melhora na
vida material, mas ao perceber que passado um período a pessoa voltava a ter os
mesmos sintomas, entendeu que deveria ensinar como ter a cura ou bem-estar
permanentes. Para Goldsmith é preciso abandonar o conceito de mortalidade, de
acreditar que o homem é apenas este corpo material, para alcançar a consciência
da existência espiritual, e a eterna harmonia do ser. Goldsmith (2005, p. 32) relata
“Nesse Eu encontramos nossa completeza e a infinitude de nosso ser. Aqui também
descobrimos a razão de nossa existência. ”
Goldsmith coloca o “Eu” verdadeiro do homem como sendo a manifestação
de Deus, do “Eu” profundo, e que neste estágio descobre que é um com todos os
homens, animais e coisas, e numa analogia ao efeito borboleta, compreende que o
que afeta um afeta todos. Esta unidade com a criação traz a compreensão de ser
mais gentil, amável, compreensivo e paciente, seguindo as palavras de Jesus “Ama
teu próximo como a ti mesmo”.
Na vida interior reside a paz, a harmonia, a alegria e a segurança, apesar de
viver em um mundo desolado, de guerras e desigualdades, aquele que permanece
indiferente, intacto, é a presença do “Ser” imortal. Não existe o tempo da forma que
está definido, existe apenas o eterno agora, a morte desaparece.
A consciência espiritual não está relacionada a bens humanos, mas “vosso
Pai sabe que precisais destas coisas”, então a harmonia da experiência humana
será revelada ao nosso ser. No Evangelho de Lucas (12:22-32), no “Sermão da
Montanha”, Jesus tranquiliza a todos quanto as necessidades da vida material, e
sobre o que se terá para comer ou vestir, pois Deus cuida de todos e sabe de
antemão das necessidades de todos os seres.

A ALMA
Para Goldsmith (2005, p. 36) a alma é “uma parte do homem pouco
conhecida e só raramente percebida”, que só naqueles que padecem de grandes
aflições e se voltam para seu interior rompendo a barreira dos sentidos físicos
conseguem percebê-la. Nesta percepção uma nova força atua, novos recursos e
valores, de natureza totalmente diferente.
Existe um grande obstáculo para se aprofundar em seu interior e reconhecer
a “Alma”. Os sentidos matérias, os prazeres e as dores da matéria embotam a visão
do essencial. Mas existiram alguns homens e mulheres que conseguiram, e estes
10

visionários deram notícias desta vivencia e como seguir neste caminho. Acontece
que para a maioria a autorrealização e felicidade duradouras acaba sendo sufocada
pela ilusão humana de que se não puder realizar tal tarefa, viver tal prazer, ninguém
mais poderá realizá-lo. A prisão no orgulho do ego, de achar que o eu pequeno
realiza algo.
Novamente contrapondo Maslow (1971) na sua teoria da pirâmide das
necessidades, Goldsmith (2005, p. 36) reafirma que “Cada vez mais, as pessoas
começam a perceber que a libertação do medo, da insegurança, da necessidade, e
da pouca saúde não se encontra no reino da matéria”. Para Viktor Frankl, criador da
logoterapia, a autorrealização está na busca de um sentido de vida onde o indivíduo
esquece a si mesmo e age para algo maior, tendo aqui mais similaridade com o que
propõe Goldsmith. Bonino se relaciona com o pensamento do autor, pois alerta que
sem dar importância e sentido as suas vidas, a sociedade atual se choca ao ver que
segurança e bens materiais não levam a autorrealização e muitas vezes são
acompanhadas do sentimento de vazio e fracasso.
Goldsmith nos afirma que a alma tem um poder que pode fazer mais que os
poderes matérias e mentais juntos, mas que a possível causa de não haver tanto
interesse em acessá-lo é que ele não pode ser usado para fins egoístas. Nisto está
o porquê de poucos acessarem a consciência da Alma. Para Goldsmith (2005, p. 38)
“A canção da alma é liberdade, alegria e eterna felicidade; a canção da alma é amor
para toda a humanidade; a canção da alma é você.”

A MEDITAÇÃO
Significado de meditar: “fixar a mente em”; “contemplar”; “pensar em algo
ininterruptamente”; “envolver-se em reflexão continua e contemplativa”; remoer”;
“cogitar”; “deixar-se ficar mentalmente em alguma coisa”.
Para Goldsmith, meditação é oração em linguagem espiritual, pois não é um
pensamento voltado para si mesmo, para os problemas, é na verdade a
contemplação de Deus e suas obras, sendo que este é o único caminho para
abrimos a consciência para o reino da alma.
O processo meditativo segue para Goldsmith uma constância, de permanecer
de cinco a dez minutos cada manhã, tarde e noite, em silêncio; ao dedicar e
conseguir habilidade meditativa, ocorre a inspiração.
11

A ORAÇÃO
“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites.” (Tiago 4:3). Para Goldsmith, não se sabe pedir da forma correta nas
orações, nada acontecerá enquanto se exigir ou barganhar pedidos e solicitações.
Tudo o que se precisa está dentro de cada um, na própria consciência espiritual.
Sendo Deus a consciência de todos, individualizado em cada ser, ele já sabe do que
precisa e é do desejo de Deus lhe dar tudo. Reconhecer esta verdade é a oração
atendida, afinal oramos desde tempos memoriáveis, apenas pedindo e nada mudou
no mundo, só alguma percepção de mais conforto, saúde e prosperidade
momentâneos.
Mas apesar deste entendimento, ainda ocorrem na vida determinados males
que solicitam a compreensão da prece. Porque então ainda proliferam o erro, a
pobreza a doença se Deus sabe tudo e quer atender as necessidades? Goldsmith
acredita que todos os males são uma ilusão, uma miragem, um nada, uma falsa
representação da realidade. Ele esclarece que sempre se ora por alguma coisa ou
alguém, lutando para atingir um fim pessoal, mas que a oração deve ter como
intenção o bem de todos. Ele reafirma a frase de Jesus “Meu reino não é deste
mundo”, e se orar fazendo qualquer pedido pessoal neste mundo será infrutífero. Na
oração deve-se silenciar a voz pessoal e ouvir “a pequena voz silenciosa” que é
Deus se manifestando em nós.

A CURA METAFÍSICA
Goldsmith diz que a cura está diretamente relacionada com o entendimento
da verdade sobre Deus, sobre o homem, a ideia e o corpo. Não se trata de alguém
externo. Jesus disse “Aquele que vê a mim, vê aquele que me enviou” (João 12:45),
nesta frase ele revelou um princípio universal. Se não existe compreensão desta
verdade a cura não ocorrerá. Nos ensinamentos de Goldsmith a verdade é que Deus
é a mente e a vida do indivíduo. Deus é o único EU.
Mas aí vem a questão, “Que é o homem?”, ele é ideia, corpo e manifestação.
O corpo é ao mesmo tempo ideia e manifestação, indo de encontro ao conceito da
Física Quântica que em escala subatômica tudo é onda e partícula ao mesmo
tempo. Goldsmith entende que tudo na vida se enquadra neste conceito, o negócio,
o lar, as posses, tudo existe como ideia, manifestação ou expressão. Sendo assim o
12

corpo de cada um expressa a exata imagem e semelhança da sua consciência e


reflete ou exprime suas qualidades seu caráter e natureza próprios.
Neste ponto para Goldsmith, já se deve ter o entendimento de que “Eu sou
Deus”, que a mente, vida e corpo existe como uma ideia de Deus. Nas religiões é
ponto pacífico as qualidades de Deus como sendo universais, sendo infinito,
onipotente e onipresente. Como isso poderia se dar se Deus não estivesse presente
em todos os seres de sua criação? Como em um mar onde cada onda é individual,
mas, mesmo assim, continua sendo o mar. Então se eu sou Deus individualizado,
nunca nasci e nunca morri, e nunca perderei a percepção da individualidade.
Para Goldsmith (2005, p. 46), “Quando melhoramos nosso conceito de ideia,
de corpo ou manifestação, chamamos esta concepção melhorada de cura.”
O corpo não age sozinho: ele é governado harmoniosamente pelo poder
espiritual. Quando o corpo parecer discordante, inativo, superativo, instável
ou aflito por dores, sempre há a ideia subjacente a isso de que ele possa agir
sozinho, que tenha o poder, por si, de se mover ou não, de sofrer, de doer, de
adoecer ou de morrer. E isto não é verdade. Ele não dispõe de atividade ou
inteligência próprias. Toda ação é espiritual, portanto, ação boa e onipotente.
(GOLDSMITH, O Caminho Infinito, P. 47)

Compreender que o corpo não tem ação por si mesmo, que responde a
mente, e entender o “Eu Sou”, a consciência espiritual, é o que traz harmonia,
saúde, lar, emprego, reconhecimento, paz, alegria e domínio, e isso é verdade para
todos os indivíduos. Sendo este resultado o esperado na autorrealização. Para
Goldsmith não existe poder em algum ser ou entidade distante de nós, a consciência
é o único poder que atua em nossos negócios, saúde, relacionamentos e que dá a
orientação necessária para o sucesso em todos os caminhos da vida.

O SUPRIMENTO
Goldsmith coloca toda confiança na presença de Deus em nós, como
consciência individualizada, e cita o sermão da montanha como entendimento deste
conceito, culminando nas frases finais “Buscai antes o reino de Deus, e todas estas
coisas vos serão dadas de acréscimo. Não temais, pequeno rebanho, pois é do
agrado do vosso Pai dar-vos o reino. Lucas (12:31-32)” Mas ele também coloca a
questão de “como é possível não se preocupar com o dinheiro”, sendo que existem
necessidades da vida material a serem supridas? Na passagem do Sermão da
Montanha tem a indicação de como resolver estas dificuldades, pois “é do agrado do
vosso Pai dar-vos o reino”, pois Deus sabe antes de nós do que precisamos.
13

Para completo entendimento, precisamos compreender que dinheiro não é


suprimento, e sim resultado ou efeito do suprimento. O suprimento infinito está
dentro de cada um, e estas coisas que são dadas de acréscimo, são as coisas
práticas da vida como dinheiro, roupas, alimento, coisas necessárias neste estágio
da existência.
Goldsmith para explicar o que é suprimento usa uma metáfora de uma
laranjeira. Num primeiro momento, pensamos que o suprimento seja a laranja que
colhemos hoje, mas na próxima safra haverá novas laranjas, então na verdade a
manifestação do suprimento é laranja, de hoje e de amanhã, mas a suprimento real
é passado através da laranjeira, que segue a Lei Natural ou de Deus, portanto o
dinheiro não é o produtor de si mesmo, ele é manifestação do suprimento, ele é o
resultado da consciência de que existe essa Lei Natural ou de Deus agindo sempre,
tanto na laranjeira quanto em cada ser.
Para Goldsmith é preciso se libertar das crenças que limitam as
possibilidades, embora existam estudos, estatísticas sobre quase tudo, desde
quanto vai viver uma pessoa de determinado grupo a produtividade de um
trabalhador em determinada idade, limita-se o que pode ou não pode ser feito ou o
que uma pessoa pode ou não ser ou se exprimir. Para ele, não se deve aceitar estas
crenças e viver dentro desta consciência limitada ou dentro do viver humano, ficando
exposto a estas leis da matéria. Estas crenças universais agem como sugestões
hipnóticas trazendo limitações.
Viver em um plano de consciência mais elevado, exercitar no conhecimento
de que qualquer coisa que exista no campo do efeito não é uma causa, não é
criativo e não tem poder sobre nós. Se sou consciência infinita e a Lei, o que está no
exterior não pode agir sobre mim ou se tornar lei para mim. Só se aceita a ilusão
como realidade. O pecado, a doença, necessidade ou limitação são formas
assumidas pelo erro, são manifestação do mesmerismo humano.
Goldsmith aponta que não se deve viver como se fosse “efeito”, como se algo
operasse em cada um. Deve-se viver como a Lei, como a laranjeira que é o canal da
manifestação do suprimento na forma da laranja, ser o canal da manifestação da
Consciência Divina ou Universal, tanto não falta laranja para a laranjeira, quanto não
falta nada para a subsistência desta vida, pois está é a lei e a vontade do Pai.
Assumir a vida na medida da percepção consciente de que tudo é efeito de cada
consciência, a imagem e semelhança do próprio ser. Por muito tempo a visão era de
14

cada ser fosse somente um homem, aparte do que é divino, mas ao lembrar da
verdadeira natureza, percebemos que não há separação de Deus.
Para Goldsmith, há envolvimento em atividades, que parecem ser a fonte do
suprimento, seja um negócio, trabalho, arte ou profissão, mas o que está em
atividade é a “Consciência”, que é amorosa e dirigida de forma inteligente e
amparada, sendo que se deve aprender a não se envolver e deixar que Deus, a
“Consciência”, assuma suas responsabilidades. Goldsmith (2005, p. 56) relata,
“Existimos como consciência individual; por isso, tudo o que se faz necessário à
nossa autorrealização está contido na “Consciência” infinita que nós somos.”

O NOVO HORIZONTE
Para Goldsmith existe um sono hipnótico universal, que gera o sonho da
existência humana. Tanto a realidade de boas quanto de más condições da
existência humana são apenas sugestões hipnóticas, desta forma é preciso se
colocar acima dos desejos, mesmo de boas condições. Goldsmith explica que se
deve compreender que a substância ou tecido do universo mortal e nossas
condições humanas, boas ou más, são, na verdade, sugestão, crença ou hipnose,
quadros de sonho, sem qualquer realidade ou permanência. Nas palavras de
Goldsmith (2005, p.72), “Estejamos prontos a aceitar que as condições,
harmoniosas ou não, da existência mortal desapareçam de nossa vida, para que a
Realidade possa ser conhecida, usufruída e vivida.”
O Universo do espírito, governado pelo Amor, que está acima desta vida dos
sentidos, é povoado pelos filhos de Deus, sendo este para Goldsmith o mundo real e
permanente, a eterna consciência, nada é desarmônico, efêmero ou material. A vida
material, por sua natureza temporal é uma autossugestão hipnótica, nada aqui
perdurará, tanto o bem como o mal é ilusório.
Ter a visão do céu do aqui e agora, para Goldsmith, é o início da nossa
ascensão, que é estar acima das condições e experiências deste mundo, e
conseguir ver as ‘muitas moradas” na Consciência espiritual. Significa não estar
preso aos sentidos da matéria nem ao suprimento visível, nem ao tempo e espaço.
O bem que ao homem não é avaliado pelos sentidos, a vida abundante vem dos
inesgotáveis recursos da alma. Nada é negado quando se vê acima das questões
físicas, quando se contempla o invisível.
15

Eu destruo em ti o sentido de limitação como uma evidência de Minha


presença e de Minha influência sobre tua vida. Eu — o teu Eu — estou bem
no meio de ti e revelo a harmonia e infinitude da existência espiritual. Eu — o
teu Eu — nunca um sentido pessoal de eu — nunca uma pessoa, mas o teu
Eu — estou sempre contigo. Ergue os olhos! (GOLDSMITH, O Caminho
Infinito, p. 73)

CONCLUSÃO
A teoria das necessidades humanas de Abraham Maslow (1971), exposta na
pirâmide das necessidades, define o ser como auto realizado após passar por todos
os degraus da mesma e satisfeito todas as necessidades materiais. Mas Joel
Goldsmith (2005) expõe que não importa a quantidade de bens materiais,
relacionamentos, segurança ou destaque social a pessoa possa ter, nada é garantia
de que o indivíduo consiga a autorrealização. Goldsmith se contrapõe a Maslow,
pois para ele não há que se procurar ter ou possuir nada na matéria, pois tudo é
perecível e não realiza o ser em seu propósito de vida ou a plenitude do bem-estar.
A segurança material não é garantia, pois como seres na matéria temporal nada
está realmente sob nosso controle.
Já para Rogers, na sua Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), acredita que
o ser humano possui impulsos que o leva a buscar desenvolvimento, ser melhor,
que seria para ele a realização do eu (self). Goldsmith em outra abordagem coloca o
ser como o centro da individuação da “Consciência” que é Deus, mas entende como
Rogers que o ser humano possui o impulso para se desenvolver, mas este vem da
presença do EU (Self) dentro de cada ser. Rogers e Goldsmith concordam que esse
impulso para se melhorar pode ser reprimido por crenças e condicionamentos
adquiridos na infância, e que o ser é intrinsecamente bom e criativo.
Mas as similitudes param por aí, pois Rogers acredita que o ser precisa de
estímulos externos para conhecer a realidade e se autorrealizar, sendo que
Goldsmith entende que é voltando para seu interior e no silêncio que vem através da
meditação, sem se impor nenhum pensamento ou crença limitadora, o ser ouve a
voz do Eu Superior, e compreende a realidade última e seu propósito, levando a
harmonia e bem-estar.
Maslow percebeu que os indivíduos autorrealizados tinham momentos de
intensa alegria, admiração, êxtase, experiências transcendentais, semelhantes às
das pessoas espiritualizadas, sendo que Goldsmith se direciona na Cristo
consciência, para o interior de cada um, para que o ser se sinta realizado. Aqui
16

conseguimos apoio na metamotivação, que é diferente da motivação como a


entendemos, (Schultz e Schultz 2021, p.257) “As pessoas autorrealizadoras não são
motivadas a lutar por um objetivo particular; costuma-se dizer que seus objetivos se
desenvolvem a partir do seu interior. ”
Com significado de intenção (ou intento) de fazer ou deixar de fazer algo,
definido como propósito, na visão de Goldsmith, o homem encontra este propósito
na vida ao se render a Cristo consciência e realizar a vida de Deus e sua vontade,
em vez de querer impor desejos pessoais do ego ou persona nesta existência.
Como mostra Seligmam, no modelo PERMA, o quarto elemento, Meaning ou
significado, propósito é o que leva o ser a busca por pertencimento a algo maior,
transcendental. Sendo o propósito um meio de contribuição do indivíduo para o
mundo, ele se autorrealiza, segundo Goldsmith quando ele está de acordo com a
intenção de Deus, que só se descobre quando se rende a vontade do Todo e a
conhece através do processo meditativo, ouvindo a pequena voz interior.
Viktor Frankl entendeu que o indivíduo tem no significado da vida um
importante fator de sobrevivência, que precisamos de significado e quando não o
encontrar fica doente da mente. Para ele a felicidade em si não é a busca do ser e
sim uma consequência adicional. Goldsmith coloca que essa felicidade só é
alcançada quando o homem se afasta de todos os desejos, tanto de boas como de
más condições de vida, mostrando que não são as coisas externas que dão o bem-
estar, mas as internas. Frankl diz que existe uma dimensão espiritual na existência,
chamada “noologica”, onde o ser abandona o condicionamento e encontra seu
significado, distante dos impulsos biológicos ou como Goldsmith ensina, sem se
deixar influenciar pelos sentidos da matéria, onde encontra a percepção
essencialmente espiritual.
Mas quando Frankl entende que na busca de significado o indivíduo se
direciona para algo fora de si, para algo ou alguém, ele se afasta do pensamento de
Goldsmith, que entende que o sentimento de estar separado de Deus é que é a
causa de todos as dores e sofrimentos da humanidade, que na verdade o homem é
uma extensão de Deus, através da Centelha Divina dentro de cada um. Frankl
define a logoterapia, como uma ciência que busca revelar a consciência espiritual
pela análise existencial, mas ele separa o homem de sua parte divina, e o afasta de
seu verdadeiro propósito, de acordo com Goldsmith, que é viver a vida de Deus, se
unificar ao Todo.
17

Bonino percebe um pouco do pensamento exposto por Goldsmith, ao


perceber que a sociedade moderna se surpreende ao verificar que boas condições
materiais com disponibilidade de bens de consumo podem vir acompanhadas por
sentimento de vazio e fracasso.
A Psicologia Positiva apesar de ter conceitos espirituais em seus
ensinamentos, busca formas de implantar suas ideias através de pesquisas e
terapias na forma da ciência Newtoniana, baseado em fatos que possam ser
provados e repetidos dentro do materialismo científico, pois se a Psicologia se
dedicasse a perscrutar o pensamento de Deus logo seria taxada de autoajuda e
perderia seu status de ciência e seu respeito no meio acadêmico. Mas novas
possibilidades tem se aberto ao entendimento de muitos pesquisadores, e quando
conseguirem replicar de forma consistente as verdades espirituais, o ser poderá se
libertar das crenças e limitações e compreender a realidade última que nos direciona
também a física quântica, quando nos prova que ao final todos estamos
emaranhados numa rede quântica e em suma ao adentrarmos o mundo
microscópico somos todos parte de um mesmo princípio, o Vácuo Quântico ou
espiritualmente falando, o “Todo”.
A psicologia Positiva pode contribuir ao auxiliar o indivíduo na sua busca de
significado, a investigar, questionar-se, a achar a sua verdade, pois estamos em
estágios diferentes da jornada, e o caminho infinito se abrirá a medida que o
homem se colocar em rendição do seu ego e aceitar que no fim nada pode realizar
por si mesmo, nem o corpo ou vida pertence a ele, pode-se ter findada esta
existência em um segundo, e a aceitação de que todos são seres espirituais dá mais
conforto e bem-estar.

REFERÊNCIAS

GOLDSMITH, Joel S. A Arte de Curar pelo Espirito. São Paulo: Martin Claret,
1972.

GOLDSMITH, Joel S. O Caminho Infinito. São Paulo: Martin Claret, 2005.


18

Bill E. e col. Skinner X Rogers: Maneiras contrastantes de encarar a educação.


8 eds, 1978.

BONINO, S. Mil amarras me prendem à vida: (con) viver com a doença. 1ª ed.
Coimbra: Quarteto, 2007.

BÖSCHEMEYER, U. Fundamentos, diretrizes e método de trabalho da


logoterapia. In V. E. Frankl. (Org.). Dar sentido à vida (pp. 33-45). Petrópolis:
Vozes, 1990.

CARNEIRO, R. A busca do sentido. Revista PRECLAC. Vol. 2, p. 6-11, 2006.

FERNANDES, J. J. M.; PEREIRA, F. W. F. A PIRÂMIDE DE MASLOW EM PLENO


SÉCULO XXI, 2016.

FRANKL, V. E. El hombre doliente. Fundamentos antropológicos de la


psicoterapia,
1987.

FRANKL, V. E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração.


Porto Alegre: Sulina. Porto Alegre: Sulina, 1987.

FRANKL, V. E. Psicoterapia e sentido de vida. São Paulo: Quadrante. (Original


publicado em 1946), 1989.

FRANKL, V. E. Em busca de sentido. Petrópolis: Vozes, 1994.

FRANKL, V. E. Logoterapia y análisis existencial. Barcelona: Herder, 1990.

MAIA DE OLIVEIRA, Rosa Maria; FIGUEIRA, Agostinho. Solidão, tecnologia e


inversão de valores com base na Pirâmide de Maslow. Facultad de
PsicologíaUniversidad de Buenos Aires, 2017.

MASLOW, A. H. Introdução à psicologia do ser. Tradução de Álvaro Cabral. Rio


de Janeiro: Livraria Eldorado Tijuca, 1962.

MASLOW, A. H. The further reaches of human nature. New York: Viking, 1971.

SELIGMAN, M. E. P. Felicidade Autêntica. Rio de Janeiro: Ponto de Leitura, 2003.

CAVALCANTE DA SILVA DIAS, HÍVIA. O conceito de felicidade e bem-estar na


perspectiva da psicologia positiva. Ufpb, [S. l.], p. 1-53, 2020.

Você também pode gostar