Você está na página 1de 4

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

São Paulo, 18 de setembro de 2020 067/2020

Para:

Gerência de Avaliação de Risco e Eficácia - GEARE


Gerência-Geral de Alimentos - GGALI
geare@anvisa.gov.br

Ref.: Subsídios sobre o uso de equipamentos de aço carbono sem


revestimento na produção de óleos vegetais.

Prezados senhores,

1. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE,


entidade representativa das empresas que processam e comercializam oleaginosas no Brasil,
em atenção ao pedido de envio de subsídios para o pleito de autorização de aço carbono sem
revestimento para uso exclusivo em processos de extração e refino de óleos vegetais,
obtenção de seus derivados (farinhas, proteínas, farelos e outros produtos) e compartilha as
seguintes informações.
2. Primeiramente, reforçamos que o pleito setorial se refere a uma exceção para
o uso de aço carbono sem revestimento em equipamentos, peças e componentes metálicos
utilizados nas plantas de processamento de oleaginosas e refino de óleos vegetais. Não se
trata, portanto, de um pedido para liberação de uso do aço carbono em embalagens ou
equipamentos metálicos em contato com alimentos em geral.
3. Entendemos que uma das preocupações da ANVISA quanto ao uso de aço
carbono em equipamentos em contato com alimentos está relacionada à corrosão e possíveis
contaminações com metais pesados.
4. Nesse sentido, destacamos que as indústrias de óleos vegetais contemplam
em sua rotina de Boas Práticas de Fabricação controles para metais pesados e ferro em seus
produtos. Levantamento feito junto às empresas do setor, com cerca de 790 resultados de
análises de ferro e metais pesados (arsênio, cádmio, chumbo, cobre e mercúrio) revela
valores muito inferiores aos limites máximos estabelecidos pela legislação. Consolidação
dos dados está em andamento para envio complementar na próxima semana.
5. Análise de migração de aço carbono sem revestimento realizada em
componentes utilizados em tanques de armazenagem de óleos vegetais também conclui que
o material atende a RDC nº 20, de 22 de março de 2007 para metais pesados.

Página 1 de 4

Av. Vereador José Diniz, 3707, conj. 73, Santo Amaro, São Paulo (SP) | CEP 04603-004
+55 11 5536-0733 | abiove@abiove.org.br
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

6. Salientamos, ainda, que as etapas de degomagem, neutralização e clarificação


dos óleos vegetais são capazes de reduzir a quantidade dos os metais presentes no óleo.
7. Encaminhamos, na sequência, trechos de referências internacionais que
tratam do uso de materiais e equipamentos em aço carbono na produção, armazenagem e
transporte de óleos e gorduras vegetais.

I. CODEX | Code of Practice for the storage and transport of edible fats and oils
in bulk - CAC/RCP 36 – 1987
i. Tanques de navios - tanques de aço carbono devem ser preferencialmente
revestidos para evitar o ataque ou corrosão do aço carbono pela carga.
ii. Tanques rodoviários e ferroviários e contêineres de líquidos a granel - Onde
os óleos e gorduras são totalmente refinados e desodorizados para consumo
humano direto, o tanque é normalmente construído em aço inoxidável ou aço
carbono revestido com resina epóxi.
iii. Materiais:
• Todos os materiais usados na construção de tanques e equipamentos
auxiliares (incluindo instalações de aquecimento) devem ser inertes a
óleos e gorduras e devem ser adequados para uso em contato com
alimentos.
• O aço inoxidável é o metal preferido para a construção de tanques. É
especialmente recomendado para o armazenamento e transporte de
óleos e gorduras totalmente refinados.
• O aço carbono é aceitável para todos os óleos e gorduras brutos e
semirrefinados, embora o aço inoxidável seja preferível. O aço
inoxidável pode ser usado para produtos totalmente refinados.

II. FEDIOL (EU) | Code of Practice for the transport in bulk of oils into or within
the European Union - Oils and fats which are to be (or likely to be) used for
human consumption
Os tanques ferroviários e de barcaça podem ser de aço carbono. Se esses tanques
forem usados para óleos e gorduras destinados ao uso comestível direto sem
processamento intermediário, eles devem ser dedicados ao transporte de óleos /
gorduras comestíveis.

Página 2 de 4

Av. Vereador José Diniz, 3707, conj. 73, Santo Amaro, São Paulo (SP) | CEP 04603-004
+55 11 5536-0733 | abiove@abiove.org.br
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

III. FDA (EUA)


Não há orientação no FDA sobre a proibição do uso, em função do baixo risco de
saúde e segurança atribuído à equipamentos metálicos não há posicionamento
específico.
No documento Current Good Manufacturing Practice, Hazard Analysis, and
Risk-Based Preventive Controls for Human Food temos que:
i. As superfícies de contato com alimentos devem ser resistentes à corrosão
quando em contato com alimentos.
ii. As superfícies de contato com alimentos devem ser feitas de materiais não
tóxicos e projetadas para resistir ao ambiente de seu uso pretendido e à ação
dos alimentos e, se aplicável, compostos de limpeza, agentes de higienização
e procedimentos de limpeza.

IV. Canadian Food Inspection Agency


O Canadá dispõe de uma lista de materiais pré-aprovados utilizada como
referência. Cada fabricante tem como responsabilidade a demonstração que os
equipamentos e embalagens utilizados em suas plantas são seguros e aplicáveis
para o uso pretendido.

V. Outras referências internacionais


i. Bailey’s Industrial Oil and Fat Products - Edible Oil and Fat Products -
Storage, Handling, and Transport of Oils and Fats:
• Os tanques de armazenamento para gorduras e óleos acabados são,
de preferência, construídos em aço carbono, aço inoxidável ou
alumínio.
• Equipamentos para descarga de vagões e caminhões-tanque:
Mangueiras flexíveis feitas de aço carbono, neoprene, plástico,
alumínio ou aço inoxidável (tipos 302, 303, 316) são adequadas.
• Equipamento para armazenamento e manuseio a granel: As bombas
devem ser construídas em aço carbono ou aço inoxidável e ter
capacidade suficiente para descarregar um vagão-tanque de 32.280
L (8.000 galões) em cerca de 2 horas ou menos.
ii. Engineering for food safety and sanitation – IMHOLTE, T.J, 2ª edição,
TIFS. Capítulo 4, p. 161:
• O aço carbono e o ferro sempre terão um lugar nas fábricas de
alimentos. Aço e ferro corroem e fazem com que alguns alimentos

Página 3 de 4

Av. Vereador José Diniz, 3707, conj. 73, Santo Amaro, São Paulo (SP) | CEP 04603-004
+55 11 5536-0733 | abiove@abiove.org.br
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

descolorem. Seu uso em superfícies de contato com o produto deve


ser limitado a aplicações de ingredientes secos, alguns óleos
comestíveis, xaropes e outros materiais semelhantes. O aço carbono
e o ferro podem ser usados como material de contato com o produto
em tanques de armazenamento e equipamentos que manuseiam
produtos secos e alguns líquidos. Também pode ser usado como
estrutura de equipamento ou como suporte em muitas áreas”.
iii. EHEDG DOC 22 - Critérios gerais de projeto sanitário para o
processamento seguro de materiais particulados secos (o documento
fundamenta o pleito para os derivados secos da extração do óleo, a exemplo
de farinhas, proteínas e farelos)
• Metais - Aço carbono pode ser considerado como uma superfície de
contato, porém apenas onde processo a seco e limpeza a seco
estiverem envolvidos (se adotado, a oxidação possível das
superfícies de contato deverá ser avaliada).

Agradecemos a atenção e nos colocamos à disposição para prestar os esclarecimentos que


ainda se fizerem necessários.

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - ABIOVE

Página 4 de 4

Av. Vereador José Diniz, 3707, conj. 73, Santo Amaro, São Paulo (SP) | CEP 04603-004
+55 11 5536-0733 | abiove@abiove.org.br

Você também pode gostar