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JOÃO FREDERICO DA SILVA

ESCOLHAS?

Trabalho de Conclusão de curso


apresentado à Universidade do Sul
de Santa Catarina como requisito
parcial à obtenção de título de
Bacharel.

ORIENTADORES:

Prof. Ms. André Arieta

Profa. Dra. Mara Salla

Profa. Ms. Marilha Naccari

PALHOÇA

2022
Sumário

1. Apresentação 4

2. Roteiro 5
2.1. Última versão do roteiro 5
2.2. Leitura do roteiro pela direção 11

3. Análise crítica 11
3.1. Bases teóricas 12
3.2. Direção de Arte 12
3.3. Cenografia 14
3.4. Casting e Preparação de Elenco 15
3.5. Direção de Fotografia 15
3.6. Montagem 19
3.7. Desenho de som 19
3.8. Produção 20

4. Plano de negócios: exibição e distribuição 21


4.1. Resumo de dados quantitativos 21
4.2. Descrição do plano 22
4.3. Ficha técnica 22
4.4. Mídias e canais de divulgação 24
4.4.1. Cartaz 24
4.4.2. Foto de divulgação horizontal 25
4.4.3. Biografia da direção com foto 25

5. Considerações Finais 26

6. Referências 26
1. Apresentação

Este é o dossiê do projeto Escolhas?, que apresenta como foi o processo de


produção do curta-metragem de conclusão de curso de Cinema e Audiovisual da UNISUL.
Como em todo trabalho de conclusão de curso, este processo de conclusão se
mostrou estressante por natureza. Foram quatro anos de estudos que me proporcionaram
apresentar referências teóricas que facilitassem a possibilidade da minha visão sobre o
roteiro construído no semestre anterior.
Mas, ao lembrar dessa natureza estressante do trabalho, decidi que queria uma
produção diferente. Não no sentido de realizar de maneira diferente ao tradicional modelo
de produção cinematográfico, mas no sentido de “desestressar” o processo de produção do
TCC.
Principalmente nos dois dias de produção, tentei ao máximo diminuir todo o estresse
e tensão naturais das filmagens e quis entregar o máximo de leveza e diversão possível
para os integrantes do grupo.
E acredito que eu tenha conseguido isso, mesmo com alguns eventos curiosos
tendo acontecido neste período. No mais, tentei utilizar minhas referências para construir da
melhor maneira possível o que eu penso sobre o meu roteiro.
Um processo que se apresentou mais difícil do que o esperado e que tive sucesso
em algumas partes e fracasso em outras. Por exemplo, a ideia de apresentar três visões
cinematográficas diferentes em apenas 11 minutos de duração e com duas diárias para a
produção se mostrou basicamente impossível neste momento.
Enfim, apesar dos fracassos e das dificuldades, a visão do roteiro e a minha
perspectiva sobre ele foram entregues com êxito.
2. Roteiro
2.1. Última versão do roteiro

ESCOLHAS?

Por

João Frederico da Silva

Endereço: Rua Antônio Costa 11, apto 301 B

Florianópolis, SC, 88034-070

Telefone: (48) 98836-8228

Email: fre.fred.598@gmail.com
1 INT. CASA DO CASAL - NOITE

ALANA está sentada no sofá, com uma música tocando ao


fundo, ela espera sua namorada voltar do trabalho, um cigarro
na mão e um livro na outra.

Ela observa o relógio, GIOVANNA está atrasada, começa a


balançar a perna. Apaga seu cigarro no cinzeiro e se levanta,
caminha até o balcão e pega uma bebida, serve ela em um copo e
retorna ao sofá.

Ela pega o celular, tenta realizar uma ligação para a


namorada, Giovanna atende e avisa Alana que ela está quase
chegando. Ela se levanta, começa a dançar animada com a
música, com o copo na mão.

Alana continua dançando até escutar a porta do


apartamento abrir. Ela vai até a porta. Giovanna entra pela
porta, elas se abraçam. Giovanna retira os tênis e vai até o
sofá descansar. Alana vai ao balcão pegar uma bebida para a
namorada.

ALANA (Abraçando Giovanna)

Meu cheirinho! (beija a bochecha da Giovanna) Que saudade que


eu tava de você.

GIOVANNA (se afastando da Alana)

Ah Alana, estou muito cansada… agora não.

ALANA

Aconteceu alguma coisa?

GIOVANNA

Nada não… (olha para baixo) me desculpe, não quis ser grossa
contigo.
Alana se levanta e levanta Giovanna, as duas começam a
dançar. A dança se torna mais animada , no final, elas se
beijam.

2 INT. CASA DO CASAL - NOITE

Alana está sentada no sofá, ela se levanta e vai até a janela,


retira um cigarro e olha para a rua. Depois de fumar, o coloca
no cinzeiro e olha para o celular, se senta no chão e coloca a
mão na cabeça, decide tentar ligar para a namorada, mas ela
não atende.

Alana começa a chorar, a maquiagem borra. Ela fala


sozinha.

Alana

Cadê você sua puta! Tá me traindo de novo não é? Sua vadia!

Alana arremessa o celular para longe e grita. Então chora


e deita no chão.

3 INT. CASA DO CASAL - NOITE

Giovanna chega em casa, abre a porta, a casa escura,


Alana está dormindo no chão. Giovanna tenta andar na casa sem
fazer muito barulho, mas tropeça na própria Alana e a acorda.

Alana

Giovanna?

Giovanna

Oi amor! Desculpa o atraso, fiquei até tarde no trabalho.

Alana
Amor? Você tem a coragem de me chamar de amor? Tava no
trabalho né? Sua puta! Eu sei que você tava me traindo!

Giovanna

Ahn? Tá maluca? Te traindo?

Alana (Chorando)

Você acha que eu não sei? Eu vi as mensagens no teu celular!


Mensagens de uma tal de Marina! Aliás, quem é essa puta? Hein
Giovanna! (Alana começa a empurrar Giovanna)

Giovanna (segurando os braços de Alana)

Calma Alana! Marina é minha chefe no trabalho! Você sabe


disso! Sua louca! (Giovanna afasta Alana com força, que cai no
chão)

Alana

É? Ai desculpa Gi! (ainda no chão, olha para baixo e coloca as


mãos no rosto, chorando)

Giovanna

Sabe de uma coisa, cansei! Cansei de tudo isso, de você, dessa


vida de merda, de ser sua mãe e não sua namorada! Você é uma
louca! Precisa se tratar!

Alana

O que você quer dizer com isso? Você vai me deixar? Não vai
embora Gi! por favor…

Giovanna
Adeus Alana!

Alana fica no chão chorando, Giovanna sai da casa batendo a


porta.

4 INT. CASA DO CASAL - NOITE

Alana está sentada, expressão de preocupação, fumando um


cigarro no sofá, tenta ligar para ela, mas não é atendida,
olha para a foto das duas com preocupação.

ALANA

Aonde você se meteu garota?

Cabisbaixa, ela olha para o relógio, levanta do sofá,


liga o rádio e volta a se sentar. com um livro aberto na mão,
mas os olhos no celular, a campainha toca, ela olha para a
porta e se levanta apressada, abre a porta, do outro lado da
porta um policial a espera, ele começa a falar, Alana começa a
chorar, o policial se desculpa e vai embora, Alana fecha a
porta e desaba no chão aos prantos, música ainda tocando.

5 INT. CASA DO CASAL - DIA

Alana acorda no chão, com a maquiagem borrada da noite


anterior, ela se levanta. Ela vai até o banheiro, pega um
remédio e volta para a sala.

Ela se senta no sofá, e olha para o remédio, apresenta


indecisão, coloca o remédio no lado, e abaixa a cabeça.

Alana

Por que você me deixou, Gi?

Alana começa a gritar de raiva, o rádio chama a atenção


dela com uma notícia.
Ela se levanta e vai em direção ao rádio enquanto escuta
a notícia.

Apresentador Rádio (O.S.)

Um acidente no trânsito de Florianópolis mobilizou os


policiais e o SAMU nesta manhã, uma moça atravessou a rua e
foi atropelada por um ônibus que passava em alta velocidade.
Segundo os policiais, o motorista não teve culpa pelo
acidente, o sinal estava aberto para o trânsito e ele nos
contou que não conseguiu frear a tempo de evitar esse infeliz
acidente.

Alana grita com o rádio e desliga ele. Volta para o sofá,


olha para o remédio e o pega, decidida ela toma tudo que está
no frasco e se deita no chão. A porta se fecha.

FIM.
2.2. Leitura do roteiro pela direção

O roteiro sofreu algumas alterações desde o momento de entrega do projeto no


primeiro semestre. Estas mudanças estão marcadas em vermelhas para me auxiliar no
momento da produção do filme.
Uma das principais mudanças foi a retirada das cenas externas, que percebi serem
desnecessárias para a trama e que não caberiam no tempo máximo de 11 minutos. Outra
mudança feita no projeto foi a forma na qual a personagem Alana reagiria aos
acontecimentos que ela sofria, antes ela era mais ponderada, mas eu resolvi mudar e deixar
ela mais “agressiva” com a Giovana.
Outra mudança foi a retirada do pedido de casamento. Na primeira versão do roteiro,
o começo do filme seria relacionado ao anseio de Alana em pedir a namorada em
casamento e este pedido de casamento era a causa principal da ansiedade da Alana, mas
eu alterei também para focar nesta dependência emocional da Alana para com a Giovana,
dando uma ansiedade “mais irracional” causada apenas pela falta da presença da Giovana
na casa.
A princípio pensei que estas alterações causariam o enxugamento demasiado do
roteiro e, consequentemente, a baixa minutagem do filme, mas me surpreendi ao perceber
que tive que cortar ainda mais na pós-produção, incluindo a cena final com a notícia do
acidente, por questão de tempo (além de perceber a não necessidade daquela cena para a
trama).

3. Análise crítica
Um dos principais focos do projeto era a construção narrativa por meio de três
visões diferentes, sendo referenciadas com três diretores diferentes. O resultado neste
ponto não foi o esperado, mas se mostrou um processo bastante educador para mim. A
maioria das coisas são melhores dentro do campo imaginário do que no material e isto não
foi diferente.
O que não significa que me decepcionei com o resultado de alguma forma, longe
disso. O processo foi cansativo e desafiador. Mais do que isso, apresentar a minha ideia
para um grupo e conseguir que eles entendam a minha visão sobre isso é algo bastante
complicado, mas também interessante.
Em um instante, a ideia que era somente minha, deixou de ser. Passou a ser uma
ideia coletiva. Mas a responsabilidade continuava somente minha. Os outros integrantes,
apesar de fundamentais neste processo de construção, não tinham a responsabilidade que
eu tinha, afinal este é o meu trabalho de conclusão.
E esta relação entre o grupo e o individual foi surpreendentemente positiva neste
processo. A chance de ter outras visões foi primordial para a evolução do roteiro, mas a
autonomia de decidir qual decisão seguir foi tão importante quanto.
3.1. Bases teóricas
Um dos pontos principais do projeto realizado no primeiro semestre e que continuou
na construção narrativa e no momento de produção do filme foi a questão da dependência
afetiva, problema este que “aparece de forma recorrente nas clínicas de psicologia e se
caracteriza por comportamento de cuidado e atenção excessivo ao outro, com consequente
renúncia aos interesses antes valorizados (Sophia, Tavares e Zilberman, 2007)
Outro ponto do filme é a relação entre as protagonistas. Segundo pesquisa de
Venturi e Bokany (2011): “Diversidade sexual e homofobia no Brasil”, 70% dos entrevistados
acreditam que a discriminação contra a comunidade LGBT é “um problema que essas
pessoas têm que resolver entre elas” e apenas 24% acreditam que o Estado deve interferir
em prol do combate à homofobia.
Refletindo sobre isso, é possível perceber o motivo da afirmação de Bourdieu (2003,
p.18) “Mulheres que rompem o paradigma da normalidade porque tentam expressar sua
sexualidade de forma diferente, não só procuram se invisibilizar como também se fecham
num mundo alheio, de isolamento, e vivem sua sexualidade à margem do mundo de
dominação masculina”.
Seguindo principalmente estes dois pontos, foram construídos os perfis das
personagens.

3.2. Direção de Arte

O foco da direção de arte foi construir um ambiente e uma sensação de


contemporaneidade na obra, porque se passa no tempo presente. A produção na área se
deu com base na relação das personagens e na forma em que cada uma teve sua
personalidade construída.
A relação das duas e a forma como cada uma se relaciona com o mundo e entre si
foram alguns dos pontos principais nesta construção imagética que tentamos trazer para o
filme.
A utilização de livros compuseram a forma que cada uma das personagens vê o
mundo, sendo este um dos meios que a direção de arte encontrou para dar um pouco de
personalidade para o ambiente.
Fonte: Still do filme Escolhas?

Quisemos trazer também esta questão da dualidade, visto que são duas
personagens e que cada uma delas possui uma personalidade diferente, mas que muitas
vezes se assemelha. Por isso, utilizamos duas poltronas, dois quadros pequenos na
parede, duas pilhas de livros na mesa, duas taças de vinho no balcão.

Fonte: Still do filme Escolhas?

Como as duas atrizes são amigas de longa data, nós pedimos a elas diversas fotos
das duas juntas, em diferentes momentos da vida, para trazer mais realismo.
Alana é uma artista e, com base nisto, a diretora Maria Rosa teve a ideia de entrar
em contato com o pintor e escultor Diego de Los Campos, que aceitou prontamente
emprestar algumas de suas obras para que servissem de props para o filme.
O figurino foi construído junto com as atrizes, na pré-produção nós entregamos
algumas descrições das personagens para as atrizes que, com base nisto, nos entregaram
alguns exemplos de figurinos que poderiam encaixar com as personagens. Depois de
alguns debates, decidimos nas peças que estão presentes no filme.
A maquiagem foi toda construída pela Luana, que teve a ideia de construir uma
narrativa baseada no roteiro do filme. A realização de uma maquiagem que trouxesse o
sentimento de evolução narrativa foi primordial para a realização do filme.

Fonte: Still do filme Escolhas?

A Luana mandou para mim uma reflexão de como ela via a maquiagem para as
atrizes: “Alana é uma personagem criativa com um lado mais obscuro. Tinha pensado
originalmente em misturar cor como rosa, vermelho e roxo com um sombreado preto nos
olhos mostrando a criatividade artística e a parte mais pesada da vida dela com o preto.
Já a Giovana é descrita como alguém que não gosta de maquiagem e q não vê muito
sentido nela, por isso pensei em uma pele de cobertura leve/ média com algo sutil no
côncavo e batom nude.”
Pessoalmente fiquei bastante satisfeito com o trabalho da direção de arte. Durante
todo o processo de pré-produção esta foi a equipe mais participativa e comunicativa,
principalmente a diretora Maria Rosa e o assistente Katsuki.
Eles me ajudaram bastante também em outras áreas, dando ideias bastante
construtivas para o roteiro e até para a pós-produção.

3.3. Cenografia
A narrativa do roteiro proposto é voltado para a relação das personagens. Tendo isto
em vista, a direção de arte focou na construção de um ambiente que pudesse relacionar
com a personalidade de cada uma, visto que todo o filme foi gravado em um cenário
construído para ser a casa das personagens.
A locação foi a sala de psicologia da psicóloga Izanete, também conhecida como a
minha mãe. A sala por si só já é bastante aconchegante e transformá-la em um ambiente
parecido com uma sala de estar de uma casa não foi uma tarefa difícil.
Uma das referências para a construção do cenário (e das personagens) foi o livro “A
menina submersa” da Caitlín R. Kiernan e, pensando na forma que a autora construiu a
ambientação do lar das personagens, eu tentei trazer para o projeto algo parecido, que
mostre essa relação das duas e suas diferentes personalidades.

3.4. Casting e Preparação de Elenco


O Casting começou ao fim da construção do roteiro, no final de junho. Eu imaginei
que seria um processo complicado porque nosso curso não tem contato com estudantes da
área de artes cênicas e atuação (seria um exercício interessante para as futuras turmas
conseguirem algum tipo de apoio com turmas de atuação para realizarem atividades em
conjunto).
Mas meu irmão estuda na UDESC e conhece alguns estudantes de artes cênicas da
faculdade. Ele me passou o contato da Giovana (que fez o papel da Alana) e ela foi super
receptiva com o roteiro.
Depois de algumas conversas ficou decidido que seria realizado um teste de elenco
com ela e, aproveitando os contatos dela, eu perguntei se ela conhecia alguém que poderia
estar disposta a realizar o papel da Giovana. Ela sugeriu a Stefani, amiga dela da
faculdade.
Ao conversar com a Stefani, decidimos realizar o teste de elenco com as duas
juntas, para ver se funcionaria e, ao final do teste, eu não poderia ter ficado mais satisfeito.
Ficou decidido então que as duas seriam as atrizes do filme, aproveitando a química
que as duas possuem por serem amigas de longa data.
Tivemos mais dois dias de preparação, o primeiro foi com o roteiro antigo e o
segundo com o roteiro já atualizado. Neste meio tempo apresentei diversas cenas de filmes
que usei como referência e elas entenderam a minha visão para o filme.
Alguns momentos foram bastante engraçados, principalmente a confusão dos
nomes das atrizes e das personagens, visto que a Giovana estava realizando o papel da
Alana e a Stefani estava no papel da Giovana. Mesmo nos dias das filmagens, quando eu
chamava pela personagem Giovana, as duas me respondiam.

3.5. Direção de Fotografia


O maior foco do projeto a princípio seria com relação a direção de fotografia. A
produção do projeto no primeiro semestre se deu com o objetivo de trazer as referências de
três diretores diferentes e tentar entregar um filme que apresente estas referências no
produto final.
Os três diretores que foram referenciados no projeto são Wong Kar-Wai, Pawel
Pawlikowski e Wanuri Kahiu. São três diretores de idades diferentes, com referências
diferentes e que são de continentes diversos.

Fonte: Still do filme Guerra Fria (2018)

Fonte: Still do filme Amores Expressos (1994)


Fonte: Still do filme Rafiki (2018)
Mas, a produção se provou mais difícil do que eu esperava e a ideia de entregar três
visões diferentes dentro de um filme de 10 minutos se mostrou muito complicada para o
tempo de duas diárias de filmagens.
Então, a fim de manter a relação do filme com as referências trazidas, nossa
produção focou em pequenos detalhes que podem trazer alguma lembrança dos diretores
referenciados.
Alguma construção na maquiagem, na atuação, em algum posicionamento de
câmera em um plano e o trabalho de cores na pós-produção foram alguns dos meios
encontrados para relembrar tais estilos diversos.
Porém, com o resultado final, eu acredito que a proposta não foi alcançada como
gostaria. O trabalho, principalmente meu na direção, ficou aquém do que eu imaginava no
que diz respeito a essa construção de uma narrativa coesa que transmita a sensação das
três referências dentro do filme de forma clara.
No dia anterior ao início das filmagens, meu então diretor Leo Noro me avisou que
não conseguiu ser liberado do trabalho para o primeiro dia das filmagens, somente para o
segundo.
Então tomei a decisão de trocar as funções no grupo e o Noro passou a ser meu
assistente de foto e a Amanda Fagundes se tornou a Diretora de Foto do filme.
Este foi o primeiro trabalho dela como diretora de foto e eu fiquei muito feliz com o
trabalho dela. Ela se mostrou bastante participativa, com ideias muito interessantes e
bastante disposta a aprender.
O primeiro dia ela estava sem um assistente de foto, então fiquei mais ao lado dela
para ajudá-la e acompanhar certinho como tudo estava acontecendo.
No segundo dia o Noro pôde participar e o trabalho fluiu de forma muito boa. Ele foi
um ótimo assistente e os dois trabalharam juntos muito bem. No segundo dia eu também
pude focar mais em outras áreas e a diária aconteceu de forma bem mais tranquila e sem
atrasos.
Exemplos entre Stills do filme e suas referências:

Obra de Moses Soyer - Girl with a Cigarette (1968)

Fonte retirada do Pinterest.


Fonte: Lukasz Biel

3.6. Montagem
A montagem foi relativamente tranquila, pois a ordem dos dias foram construídas
seguindo o roteiro e poucas foram os planos que demandaram várias tentativas. Além
disso, a forma na qual escrevi o roteiro facilitou a montagem por todas as cenas se
passarem em um mesmo ambiente (algo que na primeira versão do roteiro era diferente).
Apesar disso, realizei diversos cortes, com pequenas mudanças entre elas, com
teste de planos diferentes, cores diferentes e ações diferentes. Por fim, o filme conseguiu
ser entregue no limite de 11 minutos decidido pelos professores.

3.7. Desenho de som


O foco do desenho de som foi em manter o realismo, sem ter algum tipo de
construção que se mantivesse fora da realidade. A música “Por aí” da banda Suwave foi
utilizada.
Consegui a liberação da música após entrar em contato com um dos integrantes da
banda, que já conheço de longa data. Ele conversou com a banda e eles aceitaram
prontamente.
Eu iria utilizar uma narrativa em voice over no final do filme, mas retirei por sentir
que não havia necessidade de tal plano. Ao concluir a montagem percebi que realmente
não fez falta e, assim, consegui manter o filme com menos de 11 minutos.
Além disso, tivemos algumas dificuldades com a captação de som, por causa do
grande barulho da rodovia na qual a locação se encontra. Mas, apesar disso, foi possível
diminuir os ruídos na pós-produção, sem parecer algo forçado ou não realista.
Tentei também a transição da música de um som diegético para não diegético e
acho que consegui realizá-la com certo êxito. No mais, nós realizamos algumas captações
de som ambiente, que foram utilizadas para compor o som na pós-produção.
Pensamos também em colocar alguns sons ambientes extras, que não estavam
acontecendo nas gravações, como sons de chuva por exemplo, mas não seguimos com a
ideia em frente porque achei que traria muita poluição sonora.

3.8. Produção
A pré-produção começou com a realização do roteiro no semestre passado. Após
algumas conversas com o professor Demétrio, cheguei ao último tratamento do roteiro em
junho e comecei a procurar pessoas para compor a equipe de produção.
A junção das pessoas se deu após uma lista que foi passada para a turma de alunos
das outras fases dispostos a trabalhar no nosso TCC, entrei em contato com alguns deles e
a maioria foi bastante positiva com relação ao projeto e assim montei a equipe.
Alguns deixaram a equipe antes da produção começar, por diversos problemas
pessoais e individuais, mas, com a equipe restante e algumas outras adições posteriores,
tive uma equipe bastante participativa e competente.
A maioria dos integrantes estava realizando a função dela pela primeira vez no meu
filme, mas não vi e nem tive nenhum problema com relação a isso, muito pelo contrato,
pensei que seria bastante interessante ter pessoas novatas participando do TCC porque é
um trabalho de faculdade e nós todos estávamos lá para aprender de uma forma ou de
outra.
Isso se apresentou bastante construtivo, visto que os participantes trouxeram
diversas ideias e sugestões bastante interessantes que foram incorporadas no projeto.
A relação foi bastante curiosa, visto que era a primeira participação em TCC da
maioria, eles tinham alguns receios no começo com relação a capacidade deles em realizar
a função na qual estavam designados. Eu tentei ao máximo acalmá-los e convencê-los de
que, assim como eles, esse também foi o meu primeiro trabalho como diretor em um projeto
maior e, bem como eles, também estava lá para aprender e também erraria bastante
durante os meses seguintes.
Então, com a equipe formada, dividi as funções e cada integrante da equipe tinha
suas próprias atividades para fazer e a maioria delas foi cumprida dentro do prazo.
Depois de tudo preparado, com os equipamentos da Unisul em mãos e a sala com o
cenário pronto, começamos nossas filmagens no dia 04 de outubro. O dia começou com
atraso porque não estávamos conseguindo fazer nenhum cartão de memória funcionar na
câmera por causa de outra filmagem que gravou em uma resolução diferente.
O PH tentou nos auxiliar por mensagem, mas não conseguimos resolver o problema,
então eu saí da locação e fui comprar um cartão de memória novo (trabalho mais
complicado do que pensei que seria).
Assim, às 10:30 começamos as filmagens (1:30 de atraso). Achamos melhor realizar
a ordem das cenas de acordo com o roteiro, visto que não faria muita diferença para as
atrizes e seria melhor para a maquiagem.
Durante meu período ausente da locação, a equipe de alguma forma quebrou uma
persiana da sala, o que dificultou a filmagem por causa da iluminação que entrava pela
janela, mas foi resolvido incorporando aquela nova luz.
O primeiro dia aconteceu da forma esperada, mas com atraso devido ao começo
caótico das filmagens. Durante as gravações tivemos que repetir alguns planos diversas
vezes devido ao barulho da rua bastante movimentada em alguns horários.
Ao passar do dia também tivemos alguns incidentes, com equipamentos e cenários
caindo, porta se abrindo sozinha e momentos de bastante emoção com a chance real de
algo acabar quebrando, algo que felizmente não aconteceu.
Perto das 13 horas fizemos a pausa para o almoço, que foi realizado em um
restaurante no andar térreo do mesmo prédio. O primeiro dia de filmagens acabou às 17:30,
com 1:30 de atraso, todos fomos para casa cansados e ansiosos para terminar as filmagens
da melhor maneira possível no dia seguinte.
O segundo dia de filmagens (05/10) foi bem mais tranquilo e a ordem do dia foi
seguida à risca. Fizemos a pausa para o almoço às 11:30 porque havíamos terminado uma
cena e a cena seguinte teria mudança de maquiagem. Todas as cenas foram filmadas até
as 15:30 e conseguimos realizar algumas gravações de sons ambientes com os 30 minutos
que sobraram. Às 16 horas todos estavam liberados e as filmagens concluídas, sem
grandes incidentes iguais ao do dia anterior.
No dia 06 devolvi os equipamentos da Unisul e uma semana depois entreguei para o
Diego suas pinturas, terminando de desmontar toda a produção.
Apesar de tudo, este foi um momento bastante difícil para mim pessoalmente, visto
que minha mãe havia sido submetida a uma cirurgia para retirada de um tumor no dia 30 de
setembro e estava no hospital enquanto eu produzia o filme.
Eu passei essa informação para a minha equipe e eles foram bastante receptivos e
companheiros comigo, não tenho nenhuma queixa com nenhum deles, somente tenho a
agradecer por todo o apoio e ajuda que eles me deram neste período de filmagens.

4. Plano de negócios: exibição e distribuição


O destaque do filme envolve a relação das protagonistas, com temática LGBTQIA+.
Pensando nisso, o foco do plano se dá na procura de festivais que envolvam esta temática
e a inscrição do filme nestes festivais, utilizando principalmente a plataforma Filmfreeway
para realizar este processo de inscrição. 500 reais ficaram separados para a inscrição do
filme em festivais que peçam uma quantia para que a participação neles seja possível.

4.1. Resumo de dados quantitativos

Tempo de exploração do filme: 2 anos


Nicho de exploração do filme: Festivais e mostras de cinema universitário e com temática
LGBTQIA+
Mídias de exploração: Festivais de cinema, mostras canais de TV, tanto no mercado
nacional quanto no internacional
Território de mercado: Brasil e Continente Americano
Recursos disponíveis: LSE (2023/2)
Tempo de dedicação para execução do plano de negócio: 2 anos
Metas numéricas de sucesso: 10 festivais nacionais
Metas numéricas de tentativas: 100 festivais nacionais, 20 internacionais e 2 canais de TV

4.2. Descrição do plano


O objetivo do plano é realizar a inscrição em festivais de pequeno, médio e grande
porte, incluindo festivais de cinema universitário. O foco está em festivais com temática
LGBTQIA+ por fazer parte da trama do filme.
As inscrições começarão ao final da pós-produção e realização da LSE. Elas serão
realizadas durante 2 anos e terão prioridade os festivais que priorizem exclusividade.

A data para as inscrições destes festivais variam entre Fevereiro e Novembro de


2023, mas muitos deles ainda não têm datas definidas e, por isso, resolvi não colocar ao
lado do “local” na tabela. A tabela também apresenta somente alguns dos festivais de
interesse, mas não todos.

4.3. Ficha técnica


(Dados básicos para divulgação do filme)

Cidade: Florianópolis
Estado: Santa Catarina
País: Brasil
Ano de finalização: 2022
Ano de produção: 2022
Duração: 10:46 minutos
Direção: João Frederico da Silva
Roteiro: João Frederico da Silva
Direção de Fotografia: Amanda Fagundes
Direção de Arte: Maria Rosa Schultz e Silva
Montagem/Edição: João Frederico da Silva
Som Direto: Henrique Rozar
Edição de som: João Frederico da Silva
Produção executiva: Laura Scheidt Moreira
Elenco: Giovana Henckemaier e Stefany Fernandes

Classificação Indicativa: 12

Sinopse: Ansiosa para ficar com sua namorada, Alana se vê nervosa com o atraso da
Giovanna. Os acontecimentos e as escolhas das personagens naquela noite serão
determinantes para a conclusão da trama.
4.4. Mídias e canais de divulgação

4.4.1. Cartaz
4.4.2. Foto de divulgação horizontal

4.4.3. Biografia da direção com foto


Nascido em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, morou em algumas cidades
diferentes, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com 18 anos resolveu
cursar Administração na UDESC, mas, após 4 anos, percebeu que não era este o
caminho que queria seguir. Hoje é acadêmico de Cinema e Audiovisual na
Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
5. Considerações Finais
O fim deste ciclo universitário chegou. Depois de 4 anos inserido neste ambiente do
curso de Cinema e Audiovisual aprendi algumas coisas, mas a principal foi ter a resiliência
de adaptar. Os avisos e conselhos dos professores com relação às dificuldades que a
produção de um filme traz se mostraram verdadeiros principalmente nesta experiência de
conclusão do curso.
Mas, apesar de todas as dificuldades, este foi um processo gratificante. Tive a
oportunidade de conhecer diversas pessoas maravilhosas nesses 4 anos e principalmente
nesse último semestre de produção do filme.
Além disso, esta construção me ajudou muito a ter outra “visão de mundo”, saindo
de um processo e entrando em outro ambiente bastante diferente. Todos esses momentos
ajudaram muito no meu crescimento pessoal e profissional.
Por fim gostaria de agradecer aos meus pais, ao meu irmão e à minha namorada por
todo o apoio neste processo. Gostaria de agradecer também a todos os meus professores
nestes 4 anos e em todos os meus colegas das diversas fases que participaram também da
minha vida neste período.

6. Referências

AFFRON, Charles e Mirella Jona AFFRON. Sets in motion. New Brunswick, New Jersey:
Rutgers University Press, 1995.
ARTAUD, Antonin. O Teatro e seu duplo. Tradução de Teixeira Coelho. 3a ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2006.

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