Você está na página 1de 6

CASAMENTO MATUTO – CEARÁ JUNINO

PERSONAGENS:

MENESTREL 1

MENESTREL 2

VELHO LAPAU

VELHA DONANA

SENHORA DE ENGENHO – DONA FRANSQUINHA

LIZEU – NOIVO E FILHO DE DONANA E LA PAU

YARA – NOIVA E FILHA DE DONA FRANSQUINHA

ME. JOÃO PAULO

TODOS (CASAMENTO): Agora começa uma história; que une conto, mito, lenda e paixão.

MENESTREL 1: História da cultura de meu povo que faz da lenda tradição, e é cantado e dançando
as lendas que trazemos em encenação, de um gingado conhecido por ser reisado numa tocaia
dos seres encantados espalhados pelo sertão.

Menestrel 2: Tem de tudo que se imagina, em meio a muito suspense, antes que a noite caia
arma uma tocaia para o folclore cearense.

CENA 1

Entra Donana E Lapau conversando. No cenário uma mesa com um cesto de roupas para
dobrar.

Donana: É roupa e trabalho, trabalho e dobrar roupa, homi. (Corre até as roupas dobrá-las) Lá
pau, vá já cuar esse café, que a água tá no fogo.

La pau: Donana, eu também tô cansado. No engenho é uma luta grande demais. Nem era reca
de mininu, ainda dão conta do serviço, nossoo Lizeu é um, só quer pegar mulher e beber
cachaça. E hoje tem Me. João Paulo no reizado, já sabe né.

Donana segue dobrando desengonçadamente com sua enorme bunda e não dá a minina para
seu esposo.

Donana: E tem? (começa a dançar passos caracteristicos do reizado e logo continua) Vai fazer é
doce com a água do café? Corre e vai passar isso, criatura.

La pau: Tô indo, tô indo.

Donana pega sua cesta de roupas e sai de cena pelo lado oposto de seu marido.

CENA 2
Em meio à todo o barulho chega La pau onde está a Dona Fransquinha.

Fransquinha: É uma demora pra começarem a trabalhar, uma enrolação. Vem tão escangotado,
vinha trazendo era a bunda da tua mulher nas costas?

Enquanto isso entra os filhos de La pau com um boi, e Lizeu puxa na frente. Enquanto isso Dona
Fransquinha olha atentamente para o boi sendo levado.

Dona Fransquinha: De quem é esse boi tão bonito em?

La pau: Lá de casa, parece que é whey protein né não? Mas é ó dieta e exercício regular.

Dona Fransquinha: Tão bonito assim, podia tá era trabalhando no engenho.

La Pau: Mas senhora, eu trabalho no engenho, ou você esqueceu? (se exibindo)

Dona Fransquinha: Não é de vocẽ que tô falando, sétima encruzilhada. É do boi bunito.

La pau: Ah claro claro. É meu garoto, meu bebê, minha criança, meu Pet, sabe. Só de estimação,
minha senhora.

Dona Fransquinha: Verdade? hmmm Onde está Donana? Ela ainda não chegou?

La pau: Vem com um cesto de roupa aí.

Chega Donana com uma bacia pesada.

CENA 3

Dona Fraansquinha: Isso é hora, mulher?

Donana: É que tá muito pesada, quase não chego.

Dona Franquinha: Não devia tá acostumada a lavar?

Donana: Pois é. A Lavar, a Ler Pau, a La pae e Leva pau, eita bagaceira.

Dona Fransquinha: Menas,seja bem menos. Pro trabalho, La pau.

La pau faz reverência com o chapéu e sai. Ambas continuam conversando.

Dona Fransquinha: Donana, estou com um desejo…

Donana: Quer me lascar com mais roupa, ande logo e diga.

Dona Fransquinha: Aquele boi de seu marido, me bateu um desejo de comer a língua dele…

Donana: Credo, você não anda comendo muita coisa ultimamente né patroa (zomba)

Dona Fransquinha: Pare de ser pervertida. Teu marido não quer negociar por nada e eu n~aao
posso pegar a força esse boi. Ele ainda é nosso melhor empregado.

Donana: E o que você tá querendo? AAAHH a língua

Dona Franquuinha: A gente vai embebedar ele e pega esse boi pra ele pensar que perdeu por aí.
Aqui tem cachaça das boa, ele nem vai lembrar que teve esse boi. (sonhadora)
Donana: Veneno? Álcool etílico ou álcool 70. quer matar “taca cachaça que ele libera”
(dançando)

Dona Fransquinha: Cachaça empalhada, gold, 1945, premium. Tá decidido, hoje você embebeda
quando ele chegar do trabalho que eu vou mandar pegarem esse boi. Queeria ainda jantar ela
hoje.

Donana: Esses seus desejos nem parece de mulher grávida não, parece de suicida. La pau
descobrir vai ser foguete. Melhor embebedar ele no reizado de Me. João Paulo que ele vai llevar
o boi pra exibir lá ele bebe

Dona Franquinha: Cuida e pegue logo a cana para não esquecer de levar. A gente se encontra no
reisado de mais tarde.

Donana: Sim senhora. (sai se rebolando)

CENA 4

Reisado de Me. Joãao Paula, figura ilustre de nosso reizado local.

Musica tocando: Levanta boi.

Empregados e toda a comunidade local se encontram cantando e músicos fazem o gingado do


reisado enquanto Me. João Paulo canta. Chega pela lateral esquerda La pau com seu belo boi.

Me. João Paulo: oh meu boi bunito, que veio lá do sertão (cantando com La pau)

La Pau: Meu mestre, que bom ver você.

Me. João Paulo: Já tá bebo pra tá me agarrando assim… olha que desse jeito tu acaba indo parar
debaixo do booi.

La paulo: embaixo o que rapaz. Aqui se responde, se garante, 1000 grau.

Me. João Paulo: Pois ande tomar uma comigo antes de começar o Reizado.

Chega Donana com um litro na mão.

Donana: Não se preocupe que a catia chegou. (exibe o litro)

Me. João Paulo:Quem é essa mulher em?

Donana: O senhor há de querer que lhe apresente. Rapidamente lhes da dois copos.

Donana: Ande.. arrima, bota em baixo, mete na guela e aí dentro. (vira uma dose, juntamente
com os dois)

Chega o filho de Donana, e ambos continuam virando uma dose atrás da outra enquanto Donana
fala com Lizeu.

Lizeu: Que espatifado é esse?

Donana: Bebê não bebe, meu filho.

Lizeu: Eu preciso da uma esquentada pra chegar naquela bichona da Yara, a filha da Fransquinha.
Pra que aquilo tudo, é uma tormenta de mulher.
Donana: Não se meta com a filha da patroa. Já descabaçou metade das mulher daqui, acham até
que você é um bõto.

Lizeu: Bôto eu não sei, mas que eu boto pra voar as banda eu boto. Cabaré que eu não mando
eu fecho. Iche… olhe ela lá. (Lizeu corre em direção a Yara e fica lhe paquerando)

Donana: Se tu apanhar aqui, quando chegar em casa apanha de novo seu fela da gaita.

Se vira e ver que Me. João Paulo e La pau estão completamente bẽbados.

Donana: Valaha minha nossa senhora das gotas amargas. Tão só o caiau. CadêDona
Fransquinha?

Chega dois indios com Dona Fransquinha

Donana: E agora até índio você quer fazer de besta é? Vou já ligar pra FUNAI.

Vem andando Lizeu sozinho e limpando a boca, quando escuta a conversa e fica de espreita
ouvindo tudo.

Dona Fransquinha: Deixe de besteira. Eles são os únicos que não tem muito contato com La pau
e podem fazer o serviço.

Donana: Tá certo. O boi tá alí, pode arrancar as línguas.

Dona Franquinha: Linguas?

Donana: É. Se é de arrancar a língua de cima, nois arranca também a de baixo.

Dona Franquinha: Uma sem escupulos, você. Vão logo e arranquem essa língua e leve para a
cozinheira o quanto antes.

Os índios pegam o boi e levam, enquanto donana vai levantar Me. João Paulo e La Pau que
estão muito bebados. Saem todos.

Entra Lizeu com cara de espanto

Lizeu: A veia quer a língua do boi, eu quero a lingua de Yara, pronto, vou me da bem e sabotar a
sogra. (Sai esfregando as mãos todo animado)

CENA 5

Entra Lizeu e Yara

Lizeu: Canto lindo do meu rio, tô doido por você meu mel.

Yara: Lizeu, se contenha. Minha mãe te mata.

Lizeu: Minha filha, ela ganhando um sogro desse, ela tá é na loteria. O que é mega da virada na
frente do MegaLizeu?

Yara: afemaria, é mega mesmo. (toda se assanhada)

Chega Dona Franquinha.

Dona Fransquinha: O que é mega aqui?

Yara: mamãe...é o pacote Mega de internet que a gente tá falando.


Lizeu: Da fibra óptica. Ela adora.

Dona Fransqinha: Que esculhambação é essa? Quero saber desses inchirimento de vocês não.
Isso acaba aqui, ouviu dona Yara?

Lizeu: Que língua venenosa essa sua. Ou será que foi a do boi de papai, dizem que linggua é
coisa reimosa.

Dona Fransquinha: Que história é essa? Tua mãe deu com as línguas nos dentes já?

Lizeu? Que eu saiba foi a senhora que tacou a língua nos dentes e não a mamãe. Ouvi a conversa
de vocês. E pra não contar pra meu pau eu exxigo aa mão da Yara. Ou melhor… a lingua dela e
todooo o resto.

Yara: ai, você é demais meu amor.

Lizeu: Ande meu pão, ande cá, vamos já resolver esse casório.

Yara: Só caso se for em Fernando de Noronha.

Lizeu: NÃO. Assim não sobra nada pra cachaça. A gente vai é casar num batecum aqui mesmo.

Yara: Num Reizado!

Dona Fransquinha: Tô nem acreditando nisso não. Que estrago.

Yara: Ande mãezinha, ccomeu agora cague, Vou casar e pronto.

(Saem os três de cana)

CENA 6

Chega Me. João Paulo e La Pau correndo. Ambos vem de direções opostas e se cruzam.

Me. João Paulo: O que foi que aconteceu ontem, pelo amor de nossa senhora e todos os santos?

La Pau: A gente se embebedou e perdeu o Boi (Chora freneticamente e em exagero dramático)

Me. João Paulo: Oh meu boi bonito… Mas pense bem, agora você vai ser rico.

Lapau: E você ainda tá bêbado, meu velho.

Me. João Paulo: Soube do casamento de Lizeu com Yara.

La pau: Ainda mais um estrago doido desse. A patroa só pode ter perdido o juízo pra ter aceitado
uma coisa dessas.

Me. João Paulo: E sou eu quem vai celebrar o casamento, no meu reizado. (Bate no peito todo
estufado)

La Pau: rele bumba! Poi vambora aprontar, que eu perdi um boi e uma filha, mas no reizaso nois
se anima.

Os dois saem correndo.

CENA 7

Cena do casamento
Me. João Paulo: É com enorme satisfação que hoje, nesse reizado, celebramos a união de Yara e
Lizeu.

La Pau: Perdi um boi pra ganhar um corno como filho.

Lizeu: Papai, respeite minha noiva, a não queimada, rainha da tormenta.

Me. João Paulo: Silêncio! SE tem alguém que tenha algo contra esse casório fale agora ou cale-
se para sempre.

Dona Fransquinha: Eu tenho. Lizeu vai matar essa coitado de cornos na cabeça, meu mestre.

Yara: Que história é essa, em?

Lizeu: Tudo fake news. Quem morreu aqui com chifre foi o boi do papai que ela mandou arrancar
a ligua pra comer, e não minha Yarinha.

Todos: O que?

La pau: Sua velha, como fez uma desgrameira dessa. Chega que não tem mais casamento.

Yara: Tem sim.

La pau: não tem não.

Lizeu: Tem sim.

Donana: Pode parar aqui. Já mataram, já comeram, e isso vale pra todos né, sr. Lizeu? Agora vão
casar também. Pode parar o espatifado.

Me. João Paulo: Pronto, concordo totalmente. Bora logo com isso, meu povo, que se ultrapassar
o tempo a gente perde ponto.

TODOS: CASA, CASA, CASA.

Me. João Paulo: Em nome do pai e do filho e do espirito eu abençoou esses moços. Tão casados
e bora reizar. Podem se beijar.

(Os noivos se beijam)

Lizeu: E agora pra espatifar nesse São João, a gente vai misturar reizado nessa canção, mostrando
toda a força e significado que tem na tradição. Mestre João Paulo nossa referênciia, de amor,
garra e paixão.

Me. João Paulo: Quem dança reizado e São joão não se importa qual é o piso do chão.

Tocadores começam a puxar o reizado com musica e todos vão saindo em filas laterais.

COMEÇA A QUADRILHA

Você também pode gostar