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Teatro - A lenda do Monstro da Igreja

CENA 1: O cenário é de uma quermesse acontecendo na praça


da igreja matriz. Na primeira cena, todos dançam forró.

Contador 1: Ei, compadre! O senhor por acaso ouviu falar que


ontem à noite o padre rogou praga num fazendeiro na hora da
quermesse?

Ouvinte 1: Uai, compadre, ouvi não... Como é que foi isso?

Contador 1: Vem tomar um café aqui em casa que eu vou te


contar o causo.

Os dois saem e, ao fundo, está uma barraquinha onde acontece


o tradicional leilão. O padre começa a arrematar os quitutes do
leilão, um após o outro. Um fazendeiro, que estava ao seu lado,
faz o seguinte comentário:

- Padre, isso tudo é pro senhor? Acho que nem a minha égua
consegue comer tanto assim.

O padre, indignado com a audácia do homem, replica: - Ora,


mas o senhor é muito linguarudo mesmo, hein? Pois agora é
que o senhor vai descobrir o que é comer igual uma égua. Daqui
pra frente, tudo o que vier pela frente, terás vontade de comer.
Não vai ter galinha, porco, nem boi que vai encher sua barriga,
e o senhor vai engordar tanto, que no dia em que morrer, só
carro de boi pra aguentar carregar.

- Ah seu padre, deixa disso... Eu não acredito nessas coisas


não... Agora que a festa por aqui já tá encerrando, eu preciso
voltar pra minha fazenda. Tenho muita coisa pra resolver por lá.
Passar bem!

CENA 2: Local: Sala de jantar do fazendeiro.

Contadora 2: Comadre, eu tenho um causo pra te contar. Você


já ouviu falar no fazendeiro que mora aqui por essas bandas, e
tá comendo tudo que vê pela frente?
Ouvinte 2: Ouvi falar não viu comadre... Mas tá comendo tudo
mesmo?

Contadora 2: Tudo, minha filha! Vem aqui em casa que vou te


contar como é que aconteceu...

As duas saem. A cena de fundo é a casa do fazendeiro. Lá,


vários pratos vazios estão sobre a mesa.

- Mulher, traz mais comida! Que mixaria é essa?

- Ficou doido, homem? Você já comeu um boi, duas leitoas e


cinco frangas só agora, na hora do almoço. E ainda tá achando
pouco?

- Pois eu vou é ali no terreiro pegar essas galinha e comer viva


mesmo, que eu não aguento esperar você matar primeiro não!

- Volta aqui, homem! Você endoidou?

Os dois saem de cena.

CENA 3: Casa do Fazendeiro

Contador 3: Compadre, tá difícil a vida do Fazendeiro comilão,


viu?

Ouvinte 3: E mesmo, compadre? Que e que ta acontecendo por


la?

Contador 3: Uai, fiquei sabendo que o homem já comeu tudo o


que tinha na fazenda dele. Agora a vizinhança ficou com do e ta
levando uma coisinha ou outra pra ajudar ne? Por falar nisso, eu
acho que eu vou matar um porco aqui pra levar. Vem ca que o
senhor me ajuda.

Os dois saem de cena. Ao fundo, a mulher do fazendeiro esta


deseperada e conta um pouco sobre sua angustia ao amigo do
monstro, Vicente.

- Eu já não sei mais o que eu faço, Vicente! Antonio ta la


deitado na cama. Já nem levanta mais e eu to tendo que dormir
no chao porque ele já ta ocupando o espaço todo da cama de
casal! E o pior, não para de comer nem um minuto!
- O Maria, eu vou te falar, eu já doei metade do meu rebanho
pro Antonio. E os vizinhos tambem tao trazendo galinha, porco,
pato. Mas daqui a pouco não vai ter comida que chega pra esse
homem em nenhum lugar da redondeza.

- Por falar nisso, vamo la levar mais comida antes que ele
comece a me gritar...

Os dois saem de cena.

CENA 4: Estrada entre a fazenda e a cidade.

Contadora 4: Comadre, voce ficou sabendo o que aconteceu


com o fazendeiro que virou monstro?

Ouvinte 4: Fiquei não, viu comadre... O que?

Contadora 4: Uai minha filha, diz que essa madrugada o homem


bateu as botas. E dizem que tiveram que quebrar a parede do
quarto pra poder colocar ele pra fora de casa, porque já não
passava na porta, de tao gordo. O enterro vai ser hoje aqui na
cidade.

Ouvinte 4: Uai, mas como que conseguiram trazer um homem


tao gordo num caixao?

Contadora 4: Mas quem disse que foi num caixao. Ali so dava
pra carregar no carro de boi. E daqueles reforçados. Melhor a
gente ir se arrumar pra não perder o velorio ne?

As duas saem de cena.

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