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Dois perdidos numa noite suja

Aluna: Joseane da Silva Santos

Dois perdidos numa noite suja, escrita pelo dramaturgo Plinio Marcos que
também é conhecido por outros textos como: Navalha na carne e Barrela. Escrita em
1966 a mesma foi apresentada pela primeira vez para uma plateia pequena, no bar
“Ponto de Encontro”.

O texto retrata a vida de dois homens, Paco e Antônio, eles dividem um quarto
em uma hospedaria barata, durante o dia trabalham em um mercado, como
carregadores. Os dois estabelecem em diversos momentos da peça uma relação
conflituosa, sempre discutindo sobre suas vidas e perspectivas para o futuro. Tonho
sonha em ter uma vida melhor, por terminado seus estudos, saber ler e escrever, sempre
diz que sua vida um dia vai melhorar, mas atribui a culpa de sua condição financeira
ruim aos seus sapatos que estão bem gastos e cheios de buracos. Tonho inveja Paco por
este ter sapatos novos.

Os personagens apesar de terem a marginalidade permeando a suas vidas, os


dois são oposto, Paco é agressivo, provocador, está sempre chamando Antônio de
homossexual. Tonho é mais calmo e sonhador, porém em alguns momentos da
encenação se mostra tão agressivo quanto o seu companheiro de quarto.

A peça dois perdidos numa noite suja apresentada com a concepção cênica de
Roberto Laplane, encenada no espaço do grupo Imbuaça, levou o público para uma
atmosfera de conflito e tensão entre as personagens, logo na primeira cena os dois se
encontravam em uma arena de luta livre, brigando, uma introdução coerente com todas
as outras cenas que se sucederam. Com um cenário simples, um painel todo feito de
caixotes usados em feiras livres e mercados, estes serviam como uma espécie de parede
com um buraco que era a janela da hospedaria e também para guardar as roupas, livros,
revistas etc. O cenógrafo soube usar com maestria o fato dos dois personagens serem
carregadores do mercado, além de dar uma ressignificação aos caixotes.

A música e a iluminação foram aspectos que merecem ser chamados a atenção,


pois ditaram alguns acontecimentos, quando era dia e noite as cores das luzes eram
distintas, no momento do assassinato cometido por Tonho, a música vinha para marcar
os momentos de tensão e entrada e saída das personagens. Tirando algumas falhas que
podem ser perfeitamente ajustadas nas próximas apresentações, essa parte funcionou
com coerência.

Quanto a atuação dos atores, algo que me chamou bastante a atenção foi o fato
do ator que interpretava o Tonho estar no início da peça apenas falando o texto e não
interpretando, a ênfase das frases eram fracas e sua voz nos momentos mais tensos não
condizia com a situação, de início o diálogo recorrente entre os dois ficou maçante pelo
fato dos dois estarem com ritmos completamente diferentes quando se trata de texto, e
expressão corporal. O segundo ator mostrava segurança no texto, na fala e nas
expressões corporais.

O texto de Plinio Marcos é riquíssimo e pude perceber o quanto é atemporal,


podendo também ser trabalhado em sala de aula por conter questões sociais fazem parte
da atual situação que se encontra o país.

Gostei muito da montagem, me fez refletir nas questões contidas no texto, além
de me fazer buscar mais sobre outros textos do autor que eu só tive oportunidade de
conhecer nessa peça.

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