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Unnavenly Angel
Annette Broadrick
UNHEAVENLY ANGEL
© 1986 Annette Broadrick
Tradução: J. Braun
EDITORA NOVA CULTURAL LTDA.
Av. Brigadeiro Faria Lima n.° 2.000 — 3° andar
Cep 01452 — São Paulo — SP — Brasil Caixa Postal 2372
Esta obra foi composta na Fesan Editora Ltda.
e impressa na Divisão Gráfica da Editora Abril S.A.
2 Projeto Revisoras
CAPÍTULO I
2 Projeto Revisoras
Sabrina 451 – Jogos do Destino – Annette Broadrick
2 Projeto Revisoras
Sabrina 451 – Jogos do Destino – Annette Broadrick
aventureiro. Ela não via nada disso no filho. Blake só parecia à vontade no
mundo dos negócios, tão desconhecido para ela quanto um outro planeta.
Scott sempre se referia a ele com grande admiração. Dizia que possuía um
tino natural para os negócios, era capaz de identificar com rara habilidade os
principais problemas da firma e, com igual rapidez, apresentar-lhe soluções.
Ângela respeitava muito a opinião do pai, mas sabia que ela e Blake não tinham
absolutamente nada em comum.
Seus sonhos e emoções voltavam-se totalmente para as artes. Desde
criança sentia uma forte atração por aquele mundo solitário, onde agora podia
expressar-se livre, e em cujas cores encontrava refúgio. Adorava libertar todas as
suas paixões num quadro, mesmo que para isso passasse os melhores anos de
sua juventude trancafiada em salas de aula, estudando tudo sobre telas, tintas e
estilos de pintura.
Ângela tinha apenas dezesseis anos quando vendera seu primeiro quadro.
Aos dezenove, sua mãe morrera num desastre de automóvel, no Sul da França. E
aos vinte e um, ela já morava num prédio totalmente ocupado por pintores,
escultores e estudantes de arte.
Ângela não se preocupava com dinheiro, uma vez que a aplicação que seu
pai fizera em seu nome, quando criança, rendia-lhe juros suficientes para se
manter. Além do mais, seu estilo e técnica começavam a ser reconhecidos e, em
conseqüência, seus quadros haviam se tornado bastante procurados.
Com exceção de seu pai, ninguém mais sabia que Ângela se tornara uma
grande pintora. Isso porque, em vez de assinar os quadros, ela desenhava um
pequeno círculo no canto de cada um deles. Scott costumava brincar com ela,
dizendo que aquilo significava uma aliança, ou qualquer coisa do tipo. Àqueles
que insistiam em conhecer-lhe o nome, seu agente dizia chamar-se AB, que
todos tomavam como Abraão.
Sentada ali em frente a Harry, mal contendo as lágrimas, Ângela não dava a
menor importância ao testamento do pai. Não mais contaria com os sábios
conselhos dele, dos quais sempre dependera. O pai significara tudo para ela, e,
agora que ele se fora, nada mais lhe parecia interessante. Muito menos aquele
testamento. Enquanto procurava um lenço na bolsa, Ângela rezava para que
tudo aquilo acabasse logo.
— Providenciei para que cada um de vocês tivesse sua própria cópia dos
documentos. Mas, como o texto é longo e utiliza-se de um palavreado técnico-
jurídico, tentarei resumir os pontos principais de cada um dos tópicos.
Ângela concordou, com um gesto de cabeça.
— Estou certo de que nos poupará muito tempo, Harry — disse Blake.
— Sim, é claro. Fiz algumas anotações. — Enfiou a mão no bolso
direito do paletó, em seguida no esquerdo, em que encontrou os óculos e uma
folha de papel. — O contrato da sociedade estabelece que, caso aconteça algo a
Todd ou a Scott, aquele que permanecer vivo comprará a parte do outro.
Blake interrompeu-o e, olhando de soslaio para o lado, disse:
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como pôde fazer isso? Você sabia qual era a minha opinião sobre o casamento."
Ângela olhou para Harry.
— Está falando sério? Todd e papai assinaram mesmo esses documentos,
com essa cláusula absurda que diz que Blake e eu devemos nos casar?
— Receio que sim.
— Mas eu não aceito isso! Não quero me casar. A idéia toda é absurda.
— Também acho — concordou Harry, demonstrando-lhe simpatia.
Ângela voltou-se para Blake.
— Você tem algo a ver com isso? — perguntou em tom acusador.
— Claro que não! — ele respondeu. — Se algum dia me Mar, eu
mesmo quero escolher minha esposa. — "E ela não se parecerá com você",
pensou.
Blake pensava na bela e esguia Márcia, que obscurecia a todos com sua
elegância, seus cabelos negros e o rosto delicado. Encontravam-se fazia mais de
dois anos. Márcia era calma, serena, e, por isso, daria amor, conforto e
segurança aos seus filhos, se algum dia resolvesse constituir família.
Na verdade, se Blake quisesse descrever o tipo de pessoa que preferia não
ter ao seu lado, Ângela serviria como um excelente exemplo. Apesar de
reconhecer que era uma mulher bonita, ela não era o seu tipo. Parecia
exuberante demais com aqueles olhos de um raro tom de azul e os cabelos tão
claros, soltos ao redor do rosto.
O que mais o incomodava, porém, era que ela não fazia o menor esforço
para ser discreta. Como se não bastasse, deixava transparecer uma falsa
inocência. Educada na França pela mãe, tendo sido estudante de arte em Paris,
quando ainda adolescente, e agora vivendo com um bando de hippies metidos a
artistas, estava claro que ela era experiente, talvez até promíscua. Blake sentia
uma necessidade enorme de dizer-lhe que acabasse de uma vez por todas com
aquela encenação, porque ele, ao menos, não estava- gostando dela. Não fazia a
menor idéia do que passara pela cabeça dos pais dos dois, mas com certeza não
tomaria uma artista boêmia como esposa.
Encarando Harry, Blake perguntou, impassível:
— O que acontecerá com as ações se não nos casarmos?
— A empresa se tornará pública.
— O quê? — disse Blake, sem querer acreditar no que ouvira.
— Todas as ações serão postas à venda.
— Você não fará isso.
— Eu não poderia fazer. Mas seus pais, sim. E foi exatamente nesse
sentido que eles instruíram seu advogado, que por acaso sou eu.
— Não acredito numa coisa dessas! — Agitado, Blake passava uma das
mãos nos cabelos. — Por que não me contou o que eles planejavam fazer,
Harry?
— Em primeiro lugar, não seria ético. Em segundo lugar, nunca pensei
que esta cláusula do contrato seria utilizada. E em terceiro lugar, esperava
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sinceramente que, depois de ter feito essa brincadeira, eles percebessem o erro e
mudassem o testamento. Blake quase não tivera tempo de absorver a idéia da
morte de seu pai e de Scott, pois estivera muito ocupado com os negócios,
tomando decisões importantes. Mas agora sentia-se como se um peso enorme
lhe caísse às costas, esmagando-o violentamente.
Desde que entrara para a companhia, Scott e Todd insistiam em que ele
aproveitasse mais a vida, para se tornar mais flexível. Ao que lhe parecia, tinham
encontrado uma forma de moldá-lo como queriam.
"Por que fizeram isso comigo? O que fiz para merecer esse tratamento?"
— Pode me explicar o que há de errado em vendermos as ações? —
perguntou Ângela. — Não nos renderiam uma boa soma em dinheiro?
Devagar, Blake voltou-se para ela, olhando-a como se sua visão lhe
provocasse raiva.
— Sim, é claro que renderiam! Porém há outros pontos em questão.
Quando uma empresa se torna pública, perde-se seu controle. Os acionistas
elegem seus próprios diretores e gerentes. Esta companhia foi fundada por
nossos pais, que sempre mantiveram controle absoluto do negócio. Fui treinado
para assumir a direção, numa eventualidade qualquer. Agora, se não me casar
com você e não for o pai de seus filhos, perderei tudo pelo que trabalhei esses
anos todos. Mas isso não significa absolutamente nada para você, não é? —
perguntou ele, com amargura.
A revolta que Ângela sentia ante a cláusula ridícula do testamento de seu
pai aumentou quando ela se deu conta da violenta reação de Blake. Ele, que
nunca erguia a voz, que era calmo e controlado, parecia fora de si, tão irritado
estava. Os olhos negros pareciam incendiados pela intensidade de suas emo-
ções, e ela desconhecia aquele lado agressivo da personalidade dele.
Ângela balançou a cabeça. Aquilo tudo era demais para ela.
— Não me importo nem um pouco com esta empresa. Não quero um
marido. Se quisesse, escolheria um francês, alguém que entenda sobre amor e
alegria, não um americano prepotente, sempre às voltas com negócios, incapaz
de sentir qualquer emoção, exceto quando calcula seus lucros! — Sentindo-se
totalmente desamparada, começou a chorar. Não podia mais ficar ali. Virou-se e
se precipitou para a porta, batendo-a atrás de si.
Blake olhou para a porta por alguns instantes, e então voltou-se para Harry,
recostando-se na cadeira e cruzando os braços.
— Você acaba de lançar uma bomba. Tem alguma sugestão para que
escapemos dela?
CAPÍTULO II
2 Projeto Revisoras
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Ângela adorava cores fortes e, por isso, escolheu um vestido bem alegre
para o jantar. No tom verde-limão, o modelo era de mangas retas, com decote
profundo e uma grande saia rodada, que se enroscava em suas pernas. Embora
fosse mais comprido do que ela gostaria, dava-lhe uma aparência bastante jovial.
Contudo, talvez Blake não notasse isso.
Quando Ângela desceu, ele já a esperava na sala. Ao vê-la, achou-a
provocante e bela, mas não disse nada.
Por sua vez, Ângela achou-o muito sério em seu terno preto, que lhe
realçava ainda mais a pele morena e os olhos e cabelos negros. Além disso, a
julgar pela expressão grave que trazia no rosto, não parecia contente em passar a
noite com ela.
Num gesto gracioso e espontâneo, Ângela levou as mãos à cintura e sorriu,
tentando de alguma forma relaxar. Sua atitude pegou Blake de surpresa. Ele
suspeitava que havia uma leve timidez por trás daquele ar sofisticado, e essa
contradição o confundia. E o primeiro comentário que ela fez aumentou suas
dúvidas.
— Admiro que queira me ver, depois daquela cena terrível que fiz. Pensei
em desculpar-me por intermédio de uma carta ou mesmo de um telefonema,
mas... — Parando a alguns passos dele, continuou: — Espero que me desculpe
por aquela grosseria. Eu disse coisas realmente imperdoáveis e estou enver-
gonhada.
Blake sorriu, completamente desarmado ante a demonstração de
sinceridade de Ângela. Tomou a mão que ela lhe oferecia e apertou-a
gentilmente.
— Você não me deve desculpa alguma. Estávamos sob grande tensão, pois
não esperávamos ouvir tudo aquilo.
O sorriso de Ângela alargou-se.
— Sim, eu realmente nunca pensei que seria obrigada a me casar,
principalmente com uma pessoa que pouco conheço.
Ele parecia fascinado com o rosto expressivo de Ângela.
— Acha que devo levar um agasalho?
Os olhos negros de Blake voltaram-se para o vestido que ela usava. Os
ombros delicados estavam à mostra, assim como uma pequena parte dos belos
seios. Esforçou-se para desviar o olhar e disse:
— Sim, está frio lá fora.
Ângela estendeu o agasalho para Blake e deu-lhe as costas, presenteando-o
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gostar de mim.
— É algo para se pensar. — Olhou para o relógio e perguntou: —
Podemos ir?
Só então Ângela se deu conta de que seu copo estava vazio. Bebera o vinho
muito depressa e experimentava uma sensação confortável de embriaguez.
Tinha muito em que pensar e, para isso, precisava de tempo... e de afastar-se de
Blake a fim de ordenar seus pensamentos.
Enquanto voltavam para casa, em silêncio, Ângela observava as ruas por
onde passavam, como se procurasse o seu próprio lugar em San Francisco. Tinha
que achá-lo o mais depressa possível. O nevoeiro já havia se dissipado e as
estrelas estavam à vista no céu escuro. Ela desejava que a névoa que se instalara
em sua mente também se dissipasse logo. Nunca se sentira tão confusa, em toda
a vida.
Ao seu lado, Blake imaginava no que ela pensaria, mas tinha medo de
perguntar. Não queria ouvir mais uma daquelas respostas desconcertantes, que
o deixavam sem ação.
Ao chegarem à casa de Ângela, ele a acompanhou até o hall, onde ajudou-a
a tirar o casaco. Ela demonstrava no olhar a insegurança que sentia.
— Aceita um café?
— Não, obrigado. Tenho que ir. Eu ligo amanhã para você. Haverá uma
festa no final da semana, e será uma boa oportunidade para que você se torne
conhecida. Não gostaria de acompanhar-me?
— Mas, e Márcia?
— Por que você se preocupa tanto com Márcia? Fique tranqüila, cuidarei
muito bem dela.
Ângela sorriu. Sem ter muita consciência do que fazia, Blake pôs suas mãos
sobre os ombros da loira e puxou-a para beijar-lhe os lábios. Queria apenas dar-
lhe um beijo de despedida. Porém, sem saber como nem por quê, a carícia
transformou-se em algo inesperado. Foi mais do que uma simples despedida.
Aproximando-se lentamente, ela rodeou-lhe o pescoço e uniu os lábios aos dele
de maneira apaixonada, como se tivessem sido feitos um para o outro.
Quando sentiu a pressão do corpo feminino contra o seu, Blake esqueceu-
se de quem era ela e do motivo que os unira. Estava cada vez mais atraído por
aquele delicado corpo preso em seus braços e apertava-o mais e mais contra si.
Ângela não entendia o que se passava com ela. Nunca se permitira emoções
tão fortes, tanta proximidade com alguém. Por outro lado, a excitação dele
causava-lhe arrepios de prazer. Sabia tão pouco sobre as reações dos homens, e
agora aprendia tudo de uma vez.
Com mãos ávidas, Blake procurou pelos seios de Ângela, cujo calor era
convidativo ao toque. Ao ouvi-la gemer, porém, percebeu o que faziam e
pensou: "Meu Deus, será que estou louco? Estou acariciando Ângela
Bennington!" Lentamente, retirou as mãos atrevidas, embora não conseguisse
afastar-se.
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Foi Ângela quem afinal interrompeu o beijo. Soltou-se dos braços de Blake,
acariciando-lhe de leve o peito. Depois, recuando até a porta, murmurou:
— Boa-noite, Blake.
Parado no mesmo lugar, ele ainda hesitou, como se um terremoto acabasse
de abalar San Francisco. Por que seus joelhos tremiam tanto, e por que aquela
necessidade louca de tomá-la nos braços mais uma vez e de levá-la escada acima
até a cama mais próxima?
— Boa-noite, Ângela — respondeu afinal, movendo-se na direção da porta.
Blake entrou no carro e ligou-o, pensando no que acontecera. Conhecia
muitas mulheres, mas nenhuma lhe provocara tamanha reação. Será que estava
louco? Tentou lembrar-se de Márcia, mas não conseguiu. Pelo contrário, tudo o
que via eram dois enormes olhos azuis e um belo rosto emoldurado por cabelos
loiros.
CAPÍTULO III
2 Projeto Revisoras
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diferente de todas as garotas que conhecia? O fato é que tinham que se casar,
para conseguirem seus objetivos.
Ângela deixara bem claro que queria decidir a data e as condições do
casamento, se ele viesse a se realizar. Dissera também que não seria uma dessas
esposas de executivos, que gastam todo o tempo em chás beneficentes, sem ter
nada de realmente importante para fazer. E mais: queria total liberdade para
viajar quando bem entendesse. E ainda desejava pintar, sem a menor
interferência da parte dele.
De qualquer forma, ela lembrara, Blake não teria uma esposa. Apenas uma
procriadora. Nunca pensara em ser esposa, nem dele nem de ninguém, mas,
uma vez que seus pais haviam determinado as coisas daquela maneira, ela teria
um filho apenas para satisfazer-lhes o último desejo.
Entretanto, o que mais incomodava Blake era o fato de não se sentir mais
no controle de sua própria vida. Só que ninguém se importava com isso, muito
menos Ângela Bennington, tão caprichosa e prepotente.
Percebendo que Harry olhava discretamente as horas, Blake levantou-se.
— Desculpe-me por fazê-lo perder tanto tempo ouvindo meus problemas,
Harry. Já vou embora.
Harry deu a volta à mesa e apertou-lhe a mão.
— Dará tudo certo, Blake, tenho certeza. Seus pais eram grandes
amigos, você e Ângela também se relacionarão muito bem. Por que você não dá
tempo ao tempo, heim?
— Não é esse o problema. Estou de mãos amarradas. Ângela ainda não
decidiu casar-se comigo. Sinto-me um perfeito idiota. Dependente de uma
mulher com quem, em condições normais, jamais manteria qualquer tipo de
relacionamento. Provavelmente, ela está gostando de toda essa confusão.
— Acha mesmo?
— A verdade é que eu não sei. Não consigo entendê-la. Ela não parece
se importar com dinheiro ou posição social, coisas que a maioria das mulheres
procuram. Dedica-se seriamente à arte mas, na minha opinião, não tem muito
futuro.
— Scott dizia que ela era ótima. Você viu algum trabalho dela?
— Não. Mas, se a pintura a mantém ocupada e feliz, que diferença faz
que seus quadros sejam vendidos ou não? Como única herdeira de Scott
Bennington, jamais precisará trabalhar.
Harry acompanhou-o até a porta.
— Mantenha-me informado dos acontecimentos. Você sabe que quero vê-
los casados logo.
— Primeiro, temos que saber se haverá uma noiva.
Ao sair da sala de Harry, Blake cumprimentou Glenda, a secretária do
advogado, uma mulher esperta e eficiente que, fazia anos, parecia admirá-lo.
Sempre que o via no escritório, ela tentava chamar-lhe a atenção. Porém, ela
tinha a impressão de que sempre receberia dele o mesmo cumprimento frio.
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Glenda suspirou. Aquele corpo viril, aqueles olhos... Mas com um cérebro de
computador. Droga!
Blake deu uma rápida olhada no relógio e decidiu passar na casa de Ângela
antes de ir para seu escritório. Não haviam conversado desde a festa, na noite
anterior. Dessa vez, não repetiria o mesmo erro; não a cumprimentaria com um
beijo.
"Tudo bem, eu sinto atração física por ela", admitiu. "E daí?" Sedutora e
atraente, Ângela era tido como pura e inocente. Talvez os pais pensassem que
ela necessitava de proteção, e por isso o incumbiram desse trabalho. Era tudo
muito engraçado. E quem o protegeria dela?
Após parar o carro na frente da casa de Ângela, Blake abriu a porta e saiu
pensando no que ela pretendia fazer com a propriedade dos Bennington.
Ganharia um bom dinheiro com ela, caso decidisse vendê-la. Lembrou-se,
porém, de que ganhar mais dinheiro não era o objetivo dela.
Então, qual era? Com seu temperamento aberto e alegre, Ângela atraía as
pessoas com facilidade. Blake notara que até mesmo as mulheres presentes à
festa haviam gostado de conhecê-la. Talvez porque ela demonstrasse interesse
igual por todas.
Blake não entendia as emoções que Ângela lhe provocava. Quando a via
encarando-o com olhar lânguido, sentia uma súbita irritação crescer-lhe por
dentro.
A governanta atendeu à porta ao segundo toque da campainha.
— Boa-noite, Gladys. Ângela está em casa?
— Sim, Blake. Está lá em cima, pintando. Suba.
Blake subiu as escadas de dois em dois degraus, sem perceber como estava
ansioso para encontrá-la. Abriu a porta do cômodo e parou ali.
Ângela não desviou a atenção da tela que pintava. Deu uma pincelada na
tela, acrescentando-lhe nova cor, e afastou-se para examinar o efeito.
Ela vestia um velho avental todo respingado de tinta e um jeans bastante
surrado. Prendera os cabelos para trás, no alto da cabeça, porém alguns cachos
tinham se soltado e caíam-lhe pela fronte. Um risco de tinta azul sobre uma
sobrancelha realçava-lhe a cor dos olhos e indicava que o cabelo começava a
incomodá-la.
Perturbada pela sensação de não estar sozinha, Ângela virou-se e olhou na
direção da porta.
— Desculpe-me, Blake, não o ouvi entrar.
— Eu não queria atrapalhá-la.
— Ah, não! Agora eu vou parar. Estou aqui desde cedo, para aproveitar a
luz da manhã.
— Você já almoçou?
Enquanto limpava os pincéis, ela fez que não com a cabeça.
— Isso é tolice, Ângela. Você precisa se alimentar. Já emagreceu
depois que chegou aqui.
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CAPÍTULO IV
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executivo de uma poderosa firma e conhecia o tipo de vida que ele levava.
Márcia gostava de bancar a anfitriã para os amigos e sócios do pai e, nas
horas vagas, dedicava-se a trabalhos voluntários. Esses atributos fariam dela a
esposa ideal para Blake, que agora iria representar a empresa em todos os
momentos, precisando de uma mulher que soubesse receber bem.
Naquela noite, quando voltavam do teatro, Márcia perguntou a Blake por
que nunca lhe propusera casamento. Inteligente e compreensiva, ela tinha tudo
o que Blake sempre desejara numa esposa. E um casamento entre os dois daria
certo, sem nenhuma dúvida. Porém, não soube explicar por que se casaria com
outra pessoa.
Embora mudassem de assunto rapidamente, Blake não conseguiu desviar o
pensamento daquela pergunta, enquanto seguiam para o apartamento dele.
Ainda no elevador, Márcia lhe contava que ouvira uma fofoca envolvendo
gente da alta sociedade. Ele fazia o possível para concentrar-se no que ela dizia,
mas parecia alheio. Então, Márcia chamou-lhe a atenção:
— Algum problema, Blake? Parece tão distraído...
— Desculpe-me. Mas eu estava ouvindo, sim.
Mal abriu a porta do apartamento, Blake dirigiu-se ao bar, voltando, a
seguir, com dois copos de vinho.
— Acho que alguma coisa o incomoda, Blake. Você está assim a noite toda.
— Márcia acariciou-o, enquanto falava. — Ultimamente, você tem andado
muito pálido. Quando conseguirá relaxar e gozar um pouco a vida?
Relaxar e gozar a vida. Quantas vezes seu pai e Scott lhe haviam dito a
mesma coisa? Porém, como conseguir um merecido descanso em meio a tantos
problemas? Além do mais, foram eles mesmos que arquitetaram aquele plano
diabólico.
— Mais uma vez, desculpe-me, Márcia. Esta noite fui uma péssima
companhia.
Colocando o copo de vinho sobre uma mesinha ao lado do sofá, ele
envolveu-a nos braços.
— Você sabe que eu não dou a menor importância para isso, Blake — disse
ela, beijando-o.
Ele nunca havia percebido como Márcia era alta, tendo apenas uns poucos
centímetros a menos que ele. Ângela, no entanto, tinha que ficar na ponta dos
pés para beijá-lo, e ele ainda se curvava.
Mas por que diabos estava pensando em Ângela, afinal? Tinha uma mulher
linda nos braços, beijando-o apaixonadamente, e tudo o que pensava era em
Ângela! Estava perdendo o juízo!
Preocupada, Márcia afastou-se um pouco.
— Querido, qual é o problema?
Blake pegou o copo novamente e dirigiu-se até a janela, seguido por ela.
— Tenho que lhe contar algo, Márcia.
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Não adiantaria nada dizer-lhe a verdade. De que adiantaria a ela saber que
seu casamento seria apenas um contrato comercial?
— Márcia, sinto muito se a feri. Não pretendia fazê-lo. Nunca imaginei que
você sentisse por mim mais do que uma simples amizade.
Tenso, Blake suspirou. Márcia não tinha culpa do que se passava; ao
contrário, ela era a maior vítima das circunstâncias. Quando ela conseguiu falar
novamente, perguntou:
— Quando vocês se casam?
— Em maio.
Sem comentar nada, a moça depositou o copo sobre a mesa e pegou o
casaco. Depois, falou:
— Não temos mais o que conversar, não é mesmo? Pensei que seria a
esposa escolhida, caso você decidisse se casar. Enganei-me. — Deu-lhe as costas,
abriu a porta e acrescentou antes de sair: — Espero que ela o faça feliz, Blake.
Blake passou a noite em claro. Não entendia como não decifrara os
verdadeiros sentimentos de Márcia. Aliás, não entendia mais nada em sua vida.
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Jeremy riu.
— Não me diga que está com ciúme dela, por chamar tanta atenção sobre
si!
— Não. Apenas gostaria que ela não parecesse tão vulgar.
— Vulgar, Ângela? Está sendo injusto, meu caro.
Os dois notaram que Ângela agora dançava uma música ligeira com um
outro grande amigo de Blake. Em conseqüência, ele sentiu uma vontade enorme
de tirá-la da pista de forma agressiva e tomá-la nos braços. Tomou mais um gole
de seu drinque para disfarçar.
— Ainda não tive chance de perguntar-lhe, mas acho que Márcia deve
ter recebido mal a notícia do seu noivado.
— De fato. Márcia pensou que eu me casaria com ela, pois era a minha
namorada — disse Blake, que se sentia mal todas as vezes que se lembrava de
Márcia.
— Era o que todos pensávamos. Mas, agora que conheci Ângela,
entendo por que você tratou de segurá-la rapidinho, antes que qualquer outro
tivesse chance de conquistá-la. Eu não tinha percebido seu gosto refinado até
nesse assunto.
Blake não respondeu. Em vez disso, continuou a olhar para Ângela, agora
dançando um número lento.
— Blake? — Jeremy sacudiu a mão na frente do rosto do amigo.
Blake piscou duas vezes.
— Hum... O quê?
— Nada... Estou apenas querendo conversar. Você não está gostando nada
disso, não é?
— Não faço a menor idéia do que você está falando.
Jeremy sorriu.
— Tudo bem, eu entendo. — Pegou a taça de champanha que o
garçom lhe oferecia e continuou: — Tome, você precisa é de mais um drinque.
— Não, obrigado, Jeremy. Vejo você mais tarde — Blake resmungou,
dirigindo-se para a pista de dança com tanta determinação, que fez o outro cair
na risada.
Quando a música terminou, Ângela viu Blake parado bem à sua frente.
— Acho que é a minha vez, não? — ele perguntou, num tom de voz
intimidante.
A orquestra tocava uma seleção de músicas românticas. Ela se aconchegou
nos braços do noivo e olhou para o alto, para lhe falar:
— Não pensei que gostasse de dançar.
— Por que não? O que a fez achar que eu não gosto?
— Faz duas horas que o baile começou e é a primeira vez que o vejo
dançando.
— Você reparou nisso?
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— É claro!
— Preferi ser paciente e esperar a minha vez. Agora é a vez dos outros
esperarem. — Puxou-a mais para perto, colando o corpo no dela.
Ângela apoiou-se nele, relaxando e deixando que a música os envolvesse
suavemente num clima de magia. Passaram o resto da noite juntos e ninguém
mais os separou. Eram duas horas quando Blake levou-a para casa. Ela o
conduziu à biblioteca, onde a lareira acesa deixava o ambiente aconchegante e
convidativo.
— Gostaria de tomar um café antes de ir embora? — perguntou, sentando-
se na cadeira em frente ao fogo, a fim de tirar os sapatos.
— Não, obrigado. Não tomo café à noite.
Blake ajoelhou-se à sua frente, pegou-lhe os pés e pôs-se a massageá-los.
— Oh, isso é tão bom! Nunca dancei tanto na vida.
— Pensei que saísse muito em Paris.
— Não, não muito. A maior parte do tempo eu estudava obras de arte. Não
sobrava muito tempo para ir a bailes.
Nesse instante, as mãos de Blake iniciaram uma exploração hesitante nas
pernas dela, que aos poucos o deixou excitado.
— Você leva sua profissão a sério, não?
— Sim, levo.
Aos poucos, Ângela ia relaxando, como se os dedos de Blake tivessem o
poder de fazê-la flutuar.
— Não quero que sua vinda para os Estados Unidos sirva de pretexto
para abandonar a pintura, Ângela.
— Eu nunca faria isso! A pintura faz parte de mim. É como respirar ou
comer, algo necessário à minha sobrevivência.
Devagar, ele foi se aproximando mais de Ângela, interrompendo a
massagem para tocar-lhe os braços e falar-lhe ao ouvido:
— Qualquer dia desses você me mostra algum de seus trabalhos?
A respiração dele provocava-lhe arrepios na espinha. Tentando disfarçar a
perturbação, ela respondeu, ajoelhando-se também para ficar mais perto:
— Quando você quiser.
Os lábios de Blake agora se moviam sobre suas faces levemente
ruborizadas, em direção à boca.
— Quero sim. Muito...
O calor do corpo de Ângela o embriagava tanto que logo seus lábios se
encontraram e seus corações vibraram em uníssono, como que estimulados por
pequenas faíscas elétricas.
Blake não resistiu à tentação de puxar o zíper do vestido de Ângela, que
não lhe ofereceu resistência. Foi então que confirmou o que suspeitara a noite
toda: ela não usava sutiã. Tomando-lhe o belo seio entre as mãos, sentiu o
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CAPÍTULO V
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Paris havia perdido o encanto para Ângela. Se não estivesse tão ocupada
com o trabalho, teria mesmo se aborrecido.
Mal chegara, surpresa, descobriu que sentia falta de Blake. E não menos
surpresas ficaram suas colegas de apartamento, ao saberem que ela ia se casar
com um americano.
— Você? Casada? Não acredito! — exclamou Suzanne.
— Mas é verdade! Michelle balançou a cabeça.
— E tudo porque perdeu o pai. Só que ninguém substitui o amor de
pai, Ângela.
— Creia-me, Michelle, Blake Carlyle não se parece em nada com meu
pai.
— Mas, chérie, você tem certeza de que pensou bem no assunto? Você
acabou de conhecer o rapaz!
— Ele é filho do homem que foi sócio de meu pai.
As duas amigas entreolharam-se.
— Isso é tudo o que tem a dizer? — Michelle perguntou finalmente.
— Eu acho que estou apaixonada.
— Você acha! Pelo amor de Deus, não se case com esse homem se
não tem certeza! — ponderou Michelle.
— De qualquer forma, estou contente por você ter vindo para pensar
um pouco — acrescentou Suzanne.
— Não foi por isso que voltei, pois a data do casamento já está
marcada. Voltei porque quero preparar uma grande quantidade de quadros
enquanto estiver aqui. Há uma importante galeria em San Francisco disposta a
expô-los.
— Não há nada que podemos fazer para dissuadi-la da idéia de se
casar?
Ela sorriu.
— Não. Mas fico muito grata por se preocuparem tanto comigo. Vocês me
entenderiam, se conhecessem Blake.
Na verdade, Ângela não tinha certeza do que dizia. Mas achava que Blake
era completamente diferente dos outros homens que conhecera até então.
Suzanne e Michelle jamais entenderiam seu fascínio por ele. E como poderiam?
Nem ela mesma entendia.
CAPÍTULO VI
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Harry interrompeu-os:
— Bem, se isso é tudo, tenho que voltar para o escritório.
O comentário dele diminuiu a tensão de todos, fazendo-os rir.
— Não quero de forma alguma afastá-lo de seus negócios, Harry —
brincou Ângela.
— Eu não disse isso. É uma pena que não me tenham deixado preparar
uma recepção para vocês.
— Bem, vamos deixar os recém-casados partirem para a lua-de-mel.
Quando voltarem, daremos uma festa magnífica — disse Jeremy, batendo nas
costas de Blake. E acrescentou: — Por hora acho que vocês querem mesmo é
ficar a sós. Distantes de nossa agradável companhia.
Feitas as despedidas, Ângela e Blake dirigiram-se para o carro e partiram.
— Está com fome? — perguntou Blake.
Ângela fez que não com a cabeça.
— Nem eu. Nunca imaginei que casamento fosse tão desgastante para os
nervos.
Essas palavras fizeram com que Ângela se tranqüilizasse. Ele parecia calmo
e bem mais descontraído que na hora da celebração.
— Pensei em percorrer o litoral. Você já conhece as nossas praias?
— Não. Isto é, papai me levava à praia quando eu era criança e passava
férias com ele, mas isso faz tanto tempo!
— Há um ótimo lugar para nos hospedarmos, ao Sul. Poderíamos
passar esta noite lá.
— Gostei da sugestão.
— Já arrumou suas malas?
— Já.
— Então vamos pegá-las. Assim você aproveita para trocar de roupa.
— E você?
— Eu também.
Mudando de assunto, Ângela disse:
— Acho que tudo saiu muito bem, Blake.
— É mesmo. Jeremy tinha razão: você parece um anjo, de tão linda.
Ângela enrubesceu. Era o primeiro elogio que recebia de Blake.
— Obrigada, Blake.
— Bem, vamos nos apressar. Quero chegar ao hotel antes de escurecer.
Durante a viagem, Ângela começou a pensar. Blake faria amor com ela? Ele
era seu marido, e o motivo daquele casamento era terem um filho. Não havia
razão para protelarem aquele ato íntimo, mas ela não sabia o que Blake pensava
a respeito, e nem tinha coragem de perguntar.
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Sem dizer uma palavra, Blake tomou-a nos braços, levou-a até a cama,
deitando-a sobre os lençóis. Os olhos de Ângela pareciam maiores que de
costume e, se ele não a conhecesse bem, diria que havia uma certa apreensão
neles, Deitando-se ao seu lado, delicadamente a fez voltar-se para ele. A
camisola abriu-se com esse movimento, expondo-lhe a leve curva do ventre.
Blake apreciou o corpo sedutor e achou delicioso tocá-la. Suas mãos
percorreram aquele ventre em direção aos seios, seus lábios roçaram aquela pele
macia.
Lentamente, Blake foi beijando-lhe o nariz, as faces, os lábios, sentindo que
ela relaxava. Isso lhe agradava.
— Quero vê-la toda nua, Ângela, — ele disse, tirando-lhe a camisola.
A luz da lareira realçava as curvas e os mistérios de Ângela. Com seu toque
suave, Blake provocava-lhe as mais deliciosas e desconhecidas sensações.
— Está com frio? — ele cochichou aos seus ouvidos.
— Não, pelo contrário. Sinto-me como se estivesse pegando fogo.
Blake deitou-se então sobre ela, fazendo-a sentir a força de seu desejo. Ela
o desejava também. Timidamente, tocou-o e foi ajudando-o a se despir. Enfim o
viu nu e pôde acariciá-lo completamente. Abraçou-lhe o pescoço, entregando-se
totalmente. Blake Carlyle era o homem por quem esperara toda a vida, e sentia-
se segura porque estava certa de que ele lhe ensinaria todos os intrincados
segredos do amor.
Ele esperava fazia meses por aquele momento e já não se continha.
Desejava-a tanto que se sentia trêmulo. Penetrou-a, afinal, e, espantado, ergueu
a cabeça.
— Ângela? — murmurou, desconcertado. Acabara de descobrir que sua
esposa era virgem!
CAPÍTULO VII
Horas mais tarde, Ângela acordou, sentindo muito frio. Sem abrir os olhos,
procurou por Blake, porém tocou apenas o travesseiro vazio. Sentou-se depressa
e então viu-o junto à janela, olhando para fora. O fogo se apagara e estava frio
ali dentro.
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— Assim espero.
Ângela não sabia se lhe contava sobre sua exposição, marcada para o mês
seguinte. Talvez devesse aproveitar a oportunidade, agora que conversavam
sobre o assunto. Provavelmente ele nunca ouvira falar de AB, mas poderia
reconhecer alguma de suas pinturas na galeria, e isso seria muito constrangedor.
Mesmo assim, ela decidiu esperar mais um pouco.
Nesse instante, Blake puxou-a para seu colo, no sofá, e pôs-se a beijá-la.
Aquele lado afetuoso era ainda surpreendente para ela. Ele sempre lhe parecera
frio e controlado, mas nas últimas semanas estivera muito carinhoso e
apaixonado. Parecia descansado, feliz, e adquirira até o hábito de sorrir. Tinha
certeza de que pouquíssimas pessoas conheciam sua alegria.
— Vamos comer? — ela perguntou de repente, afastando-se um pouco
dele.
— Vamos — ele disse, e beijou-a na face, próximo à orelha.
— Eu quis dizer agora.
— Agora? Mas veja em que estado você me deixou!
— Mas você está sempre assim!
— Parece que sim, sempre que estou perto de você. Mas se você está
com fome, eu espero mais um pouco.
— Não estou com tanta fome assim. Além do mais, ainda é cedo para
descermos. Talvez o restaurante nem esteja arrumado.
Naquela noite eles foram os últimos a jantar.
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CAPÍTULO VIII
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Pierre.
Por alguma razão, Ângela relutou em apresentá-los, mas percebeu que isso
seria ridículo.
— Márcia, gostaria que conhecesse Jean-Pierre Armand, um amigo que
veio da França me visitar. Jean-Pierre, esta é Márcia Sinclair. Estou mostrando
San Francisco para ele — explicou.
— É um prazer conhecê-lo. Ouvi muito a seu respeito. Jean-Pierre
estendeu-lhe a mão.
— Como vai? O que ouviu a meu respeito?
Márcia riu.
— Bem, todos os amigos de Blake falam de vocês dois. Eles não entendem
o que está acontecendo.
— Não entendi — disse Ângela.
De repente, sentia-se alarmada. Estaria sendo inconveniente saindo tanto
com Jean-Pierre? Blake nunca lhe dissera nada, nunca perguntara nada de Jean-
Pierre, e ela também não mencionava o amigo.
— Ora, eu me refiro ao motivo do casamento de vocês. Já sei de tudo sobre
o testamento. Vocês fizeram o que tinham que fazer, o que é compreensível.
Mas nem você nem Blake deixarão essa situação lhes arruinar a vida. — Márcia
olhou para Jean-Pierre. — Você ficará aqui até que Ângela possa voltar para a
França?
Jean-Pierre fitou-a como se tivesse perdido o domínio da língua inglesa e
não entendesse uma palavra do que ela lhe dissera. Mas Ângela entendera
bastante bem. Blake não só contara a Márcia toda a verdade sobre o casamento,
como também tinha certeza de que ela voltaria para a França... Agora estava
claro que nunca tivera a intenção de ficar com ela.
Fragmentos de conversas anteriores, de súbito, lhe voltaram à mente.
Ouvira apenas o que quisera ouvir, já que estava apaixonada por ele.
Interpretara suas atitudes apaixonadas na cama como se fossem sinais de um
grande amor, quando ele se certificava de que ela partiria o mais rápido possível.
— Desculpe-nos, Márcia, tenho um encontro ao qual não posso faltar
— ela disse, tentando recuperar-se.
— Não se prendam por mim. Foi um prazer conhecê-lo, Jean-Pierre.
Espero que nos encontremos mais vezes.
Depois que Márcia se foi, Jean-Pierre perguntou:
— Ângela, você está bem?
Aquela voz vinha de muito longe. Ela nunca mais estaria bem...
Ângela tremia como se estivesse com febre, quando chegaram em casa.
Jean-Pierre sugeriu-lhe que tomasse um chá quente, e pediu para Foster servi-
los na biblioteca.
— Sente-se, minha pequena, enquanto eu acendo o fogo.
— Não! Está quente demais aqui.
— Mas você está tão fria!
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suspiro. Afundou-se no sofá e enterrou o rosto nas mãos. O que faria agora?
Diria a ela que não a queria mais, já que ela não tinha o menor senso de moral?
Blake levantou-se e foi até o bar, em que pegou uma garrafa de uísque e um
copo. Voltou para o sofá, e pôs-se a beber. Raramente bebia e mesmo assim só
vinho. Mas a súbita descoberta de que sua vida estava sendo uma grande farsa, e
de que sua esposa se comportava mal, era um fardo muito pesado para encarar.
Tudo o que mais receara tornara-se realidade. Perdera Ângela. Ou melhor,
ele nunca a tivera para que lamentasse perdê-la. Tudo não passará de fruto de
sua imaginação. Queria que ela fosse leal, por isso a julgara assim.
Durante todas aquelas noites passadas juntos, nos braços um do outro, ele
tentara expressar-lhe o amor que sentia. Só que nunca achara as palavras certas.
Jean-Pierre sim, as achara.
CAPÍTULO IX
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tão fraca.
A água parou de correr, e só então Ângela percebeu que o que ouvira era o
barulho do chuveiro. Blake voltara para casa apenas para se arrumar.
Sem saber se o esperava sair do banheiro ou se levantava e tomava um gole
de água, notou que dormira apenas com as roupas de baixo. Pegou o roupão e
vestiu-o rapidamente, entrando decidida no banheiro.
Blake estava se enxugando, e vê-lo de costas causou-lhe uma emoção
profunda. Amava-o muito. De qualquer forma, aquela era a última coisa que ele
gostaria de ouvir.
Quando Ângela abriu a torneira de água fria, Blake virou-se, e só então a
viu. Fitaram-se, um esperando que o outro falasse primeiro.
Ângela observou-o. A julgar por sua fisionomia abatida, ele devia ter
passado a noite toda acordado. O que estaria pensando agora?
Por sua vez, Blake também a observou, perguntando-se como ela conseguia
aparentar a mesma inocência depois de enganá-lo com outro homem. No
entanto, estava estranhamente pálida.
— Você está bem, Ângela?
— Não sei por quê, mas ainda me sinto um pouco cansada.
— Posso imaginar — resmungou ele, jogando a toalha sobre um cesto de
roupas e saindo do banheiro completamente nu.
Alguns minutos depois, ela o seguiu até o quarto. Encontrou-o já vestido.
— A que horas chegou em casa, Blake? — perguntou com
naturalidade, disfarçando a revolta que sentia.
— Por volta das quatro e meia da tarde. Você estava dormindo. — E
para evitar qualquer comentário sobre aquele horário pouco usual, acrescentou:
— Antes que pergunte qualquer coisa, não voltei cedo para casa porque
estivesse doente!
— Estou certa de que não.
— Mas não se preocupe, não virei mais nesse horário.
O que Blake queria que ela dissesse? Que agradecesse por ele não passar
todos os finais de tarde com sua amante? Que agradecesse por ele voltar para
casa mais cedo pelo menos uma vez? Ângela achou melhor não dizer nada. Sem
dúvida seria melhor assim.
— Não é um pouco cedo para você estar vestido? — perguntou ela,
procurando um assunto neutro. Ainda não se sentia preparada para discutir o
que descobrira. Nem tinha certeza se algum dia poderia fazê-lo.
Blake olhou para o relógio. Ainda não eram seis horas. Nunca se levantara
tão cedo! Mas também não tinha a menor vontade de ficar em casa, mantendo
aquela conversa que não levava a lugar nenhum. Mais cedo ou mais tarde lhe
diria que estava a par do caso dela com Jean-Pierre, mas não naquele dia. Pri-
meiro queria reordenar as idéias. Então, conversariam.
— Tenho algumas coisas para resolver — murmurou, dando a
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— E eu dei a vocês uma de suas pinturas? Que gafe! Ela achou muito
engraçado, não?
— Não, Márcia. Ângela não é como você pensa. Ela apenas se
preocupou com seus sentimentos.
— Obrigada por me contar. Se não se importa, eu não ficarei aqui por
mais tempo.
Depois que Márcia foi embora, a atenção de Blake voltou-se para o centro
da sala, onde Henry Huntington se postara, segurando um microfone.
— Senhoras e senhores! Peço-lhes um minuto de sua atenção, por favor —
disse ele. Quando o burburinho diminuiu, ele continuou: — Quero desejar-lhes
as boas-vindas a esta galeria, nesta que é uma noite especial. Sentimo-nos
privilegiados não apenas por exibir essa maravilhosa coleção de quadros, mas
também por termos aqui presente o próprio autor, em sua primeira aparição em
público. — Relanceou o olhar por toda a sala, com uma expressão de prazer. —
O artista conhecido como AB é, na verdade, Ângela Bennington Carlyle, e o
nome AB representa as iniciais de seus dois primeiros nomes. Tivemos a sorte
de que Ângela se apaixonasse por um de nossos mais ilustres cidadãos, fixando
residência entre nós. Senhoras e senhores, vamos dar as boas-vindas a Ângela
Bennington Carlyle!
— Não acredito! — murmurou Jeremy, aproximando-se de Blake.
— Mas é verdade.
— Você sabia?
— Sim.
— E por que não disse para ninguém? Para mim, por exemplo.
— Mas eu não podia. Não era um segredo meu.
— Era por isso que ela ficava tanto tempo com aquele francês?
— Pode ser.
Blake preferia que Jeremy não tocasse naquele assunto.
— Estou impressionado. Sabia que Ângela era uma artista. Mas ela é uma
verdadeira profissional. Você deve se orgulhar muito dela.
— Muito mesmo.
— Puxa Blake, como você está falante!
— Ora, cale-se, Jeremy.
— Está vendo? A frase certa na ocasião certa. Já tomou champanha?
— Ainda não.
— Bem, então vamos comemorar o enorme sucesso de sua esposa. Prometo
não falar mais.
Os dois amigos dirigiram-se ao bar e pediram dois drinques. Em seguida,
deram uma volta pela galeria, admirando o gênio artístico de Ângela.
Enquanto isso, pela milésima vez na vida, Ângela desejou ser mais alta. Ela
perdera Blake na multidão, apesar de saber que ele a encontraria, assim que
quisesse, uma vez que havia o tempo todo um grupo de pessoas ao seu redor.
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Mas não o culpava por não a procurar. Ela mesma sentia-se sufocada.
— Você me arranja um copo de água, Henry? — perguntou ela.
— Oh, mas é claro, Ângela! Que tal uma taça de champanha?
— Prefiro água mesmo. Está muito abafado aqui.
— Com toda essa gente ao seu redor, realmente você deve estar com
sede. — Dizendo isso, elevou um pouco o tom de voz e dirigiu-se às pessoas que
estavam por perto.
— Se nos dão licença, Ângela precisa movimentar-se um pouco. —
Tomou-lhe o braço, levando-a ao bar, onde pediu um grande copo com água e
gelo.
— Você viu? Não havia motivo para ficar nervosa. Todos abordaram
você.
Ângela sorriu ao ver Blake ao lado deles.
— Blake, estou tão contente em vê-lo!
Ele notou que ela estava pálida.
— O que você tem, Ângela? Não está se sentindo bem? — perguntou
preocupado.
— Não é nada. Apenas não gosto de multidões.
— Nesse caso, fique perto de mim, querida. Não deixarei que se
aproximem muito de você.
— Será ótimo. Um pouco de fama é maravilhoso, mas muita fama é
algo que me...
— Ângela — Blake interrompeu-a com um tom de censura na voz.
Ela não se importou. Olhou ao redor e disse:
— Será que foi uma miragem, ou eu vi mesmo Jeremy?
— Eu preferia que fosse miragem, mas não. É ele mesmo, em carne e osso.
— Por que preferiu que fosse uma miragem?
— Porque elas não falam. — Ângela não entendeu, mas Blake logo
acrescentou: — Não se preocupe. Vamos até lá. Ele quer cumprimentá-la.
O resto da noite foi cansativo para Ângela, que não saberia o que fazer se
não fosse Blake. Não estava preparada para assumir a posição de celebridade
que a revelação de seu segredo lhe dera. Passou o tempo todo ao lado do marido
e se sentiu até bem, principalmente quando ele a abraçou, puxando-a para perto
de si.
Finalmente, ela declarou a Blake que seu único desejo era voltar para casa.
Imediatamente ele a levou para fora e, sem que ninguém os notasse, correram
para o carro como duas crianças.
Já a caminho de casa, caíram na gargalhada, com toda a alegria da
juventude.
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CAPÍTULO X
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preocupado.
— Devo chamar o médico, senhor?
— Eu não sei quem é o médico dela. Talvez seja apenas um mal-estar
passageiro. Ela vai ter um bebê em breve.
— Congratulações, senhor.
— Obrigado. Bem, ela precisa se alimentar. Talvez um chá com torradas.
Poderia providenciar?
— Certamente, senhor.
Blake foi à mesa da biblioteca procurar o nome ou o telefone de algum
médico, mas não encontrou. Necessitaria acordá-la para lhe perguntar.
Blake voltou apressado para o quarto, só que encontrou Ângela acordada,
com profundas olheiras, o olhar distante e triste.
— Como se sente?
— Estou bem.
— Mesmo assim, acho melhor chamarmos seu médico, Como é o nome
dele?
— Dr. Friedrichs.
— Vou chamá-lo.
— Não. Por favor, não. Eu já estou bem. Ele me disse que eu teria alguns
mal-estares, mesmo.
— Foster vai lhe trazer chá com torradas. Talvez ajude.
Ela concordou, com um gesto de cabeça.
— Quer que eu fique com você?
Ela balançou negativamente a cabeça e fechou os olhos, deixando que duas
pequenas lágrimas escorressem pelo rosto.
— Não chore, Ângela, por favor.
Ela manteve os olhos fechados até que ele se retirasse do quarto. Então
abriu-os, recordando-se de tudo o que acontecera. Será que Blake realmente
acreditava que ela dormia com Jean-Pierre, ou aquilo era apenas uma desculpa,
para justificar o comportamento dele com Márcia? Provavelmente nunca
saberia.
Ouviu então baterem na porta.
— Entre.
Era Foster, trazendo o chá.
— Gostaria de dar-lhe parabéns, sra. Carlyle. Não sabe como estou
contente. Esta casa precisa mesmo da presença de algumas crianças. — Colocou
a bandeja do lado da cama, e continuou: — A senhora trouxe luz e cor às nossas
vidas, sra. Carlyle. O sr. Blake é uma outra pessoa desde que a conheceu.
"Será mesmo?", pensou ela. Que tipo de pessoa era ele, então, que ao saber
que sua esposa estava grávida achou que o filho não era dele? Nem sequer lhe
perguntou se suas suspeitas tinham algum fundamento.
Ângela sentou-se na cama, e tomou lentamente o chá. Tinha muito o que
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fazer, para um período de tempo relativamente curto. Horas mais tarde, Ângela
estava a caminho da França, confortavelmente instalada na primeira classe de
um avião.
Telefonara para Jean-Pierre a fim de comunicar-lhe que retornaria para sua
verdadeira casa, sem, no entanto, explicar os motivos reais de sua volta. Ele não
precisaria saber das acusações ridículas de Blake porque, talvez, se soubesse,
aquelas acusações afetassem a amizade deles. Jean-Pierre poderia pensar que ela
o havia usado para provocar ciúme em Blake.
Era engraçado imaginar Blake enciumado. Primeiro, seria preciso que ele
tivesse sentimentos, o que ele positivamente não tinha.
Ângela ligara para a companhia aérea, disposta a tomar o primeiro avião
para qualquer lugar que fosse. Felizmente, havia vaga no vôo para a Europa.
Levava apenas uma pequena bolsa, que sempre carregava consigo nas
viagens. Naquele momento, as roupas eram o que menos importava. Precisaria
mesmo de um novo guarda-roupa para os próximos meses. De acordo com o dr.
Friedrichs, ela engravidara na noite de seu casamento! O nascimento do bebê
era previsto para fins de janeiro.
Antes de sair, ela deixara um bilhete para Blake. Não seria capaz de vê-lo
novamente sem experimentar aquela dor terrível que sentira quando ele a
acusara, sem ao menos ter certeza do que dizia.
Blake passou o dia todo recluso no escritório. Pediu a Phyllis que não lhe
passasse nenhum telefonema, e que cancelasse todas as entrevistas. Sempre que
tinha um problema, analisava-o sob todos os ângulos possíveis, examinava todas
as opções, e então tomava sua decisão, baseado nos fatos.
O fato mais óbvio a se levar em consideração era a gravidez de Ângela. Ele
cumprira a missão e, assim, a companhia era sua.
O segundo fato a ser considerado era o de que ele amava Ângela e queria
manter com ela um relacionamento forte e saudável, que fosse significativo para
ambos. Para isso, tinha que descobrir se estava certo em suas suspeitas com
relação a Jean-Pierre.
Mesmo assim, à noite, quando chegasse em casa, pediria para que ela lhe
falasse sobre seus sentimentos com relação a ele e a Jean-Pierre. E se ele dissesse
primeiro o que sentia por ela? Talvez a ajudasse. Não! E se isso a impedisse de
totalmente sincera? Se Ângela não o amasse, não seria ele quem manteria o
casamento. Recusava-se a encarar o que sentiria caso ela não o amasse.
Embora os pensamentos o atormentassem, Blake relaxou um pouco e
pensou no fato de se tornar pai. Trataria a criança como se fosse sua, disso tinha
certeza. A pobre inocente jamais saberia da verdade. Tentou imaginar um bebê,
menino ou menina. Seria loiro, talvez? Ou quem sabe moreno, como ele? Só
esperava que não tivesse os cabelos castanhos, como os de Jean-Pierre.
Gostaria que fosse uma menina e se parecesse com a mãe. Nunca quisera
tanto algo na vida. Queria que seu sonho se realizasse, assim teria mais um anjo
para amar.
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Blake chegou em casa às cinco, ansioso para ver Ângela. Ele lhe telefonara
na hora do almoço, e Foster lhe comunicara que ela descansava.
Deu uma olhada na biblioteca, mas não havia ninguém, Quando subia as
escadas, Foster apareceu no hall.
— Ângela ainda está lá em cima?
— Não, senhor. Ela não está em casa.
— E onde ela está?
— Eu não sei, senhor. Ela me pediu para lhe dizer que deixou um bilhete
para o senhor na mesa da biblioteca.
Blake sentiu um arrepio passar-lhe pela espinha. Não gostava disso. Desceu
e se dirigiu apressadamente à biblioteca. Pegou o envelope, puxou a carta que
havia dentro, sentindo um súbito medo.
"Querido Blake",
Quando você ler este bilhete, terei chegado à França. Creio que nosso acordo
foi cumprido. Segundo o médico, o bebê é para o final de janeiro. Eu o informarei
tão logo ele nasça, a fim de que sejam providenciados os papéis. Mas, para todos
os efeitos, a partir de agora você tem o controle da empresa.
Espero que você e Márcia continuem a se ver, sem que você seja obrigado a
voltar para casa todas as noites. Quando chegar a época, assinarei todos os papéis
necessários para darmos fim ao nosso casamento. Estou certa de que Harry o
ajudará nisso.
Desejando-lhe o melhor no futuro,
Ângela."
Atônito, Blake olhou para aquela folha de papel. Se o bebê nasceria em
janeiro, então só poderia ser seu. Mas do que é que ela falava, afinal? Márcia já
não fazia parte de sua vida. Ângela sabia disso melhor do que ninguém. Ele mal
tinha tempo para estar com ela, muito menos de ver quem quer que fosse.
Ângela não mencionara uma palavra sequer sobre Jean-Pierre. Mas isso não
importava. Ela queria a liberdade de volta. Talvez fosse melhor assim. Blake
reconhecia que não sabia demonstrar seus sentimentos.
É claro, tudo seria diferente se ela tivesse se casado por amor, em vez de se
casar por obrigação. Ângela precisava de muito mais do que ele lhe daria.
Precisava de alguém como Jean-Pierre, despreocupado, alegre. Tudo o que Blake
sabia era só o que se tratava da firma. Agora, seria melhor dedicar-se mesmo
somente a ela.
Essa decisão não aliviou em nada a sua dor. Não entendia por que as
pessoas se entusiasmavam tanto com suas emoções. Elas lhe haviam trazido
muito mais dor do que ele poderia imaginar.
Foi até o bar e pegou uma garrafa de uísque e um copo.
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CAPÍTULO XI
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fora feito para que se passasse sozinho. Blake então se deu conta de que seu
filho estava para nascer em breve.
Naqueles últimos meses, pensava muito em Ângela. Até se mudara para um
quarto menor, para não se lembrar dela toda vez que fosse dormir.
O telefone tocou, tirando-o dos devaneios.
— Sim, Phyllis?
— Uma chamada internacional para o senhor. É um tal de Jean-Pierre
Armand. O senhor atenderá a ligação?
— Claro!
E por que não? Já não se importava com o que lhe pudesse acontecer. Por
que estariam tão ansiosos para falarem com ele, antes mesmo do nascimento da
criança?
— Pode completar, Phyllis... Sim, Jean-Pierre?
— Pensei que você não fosse me atender.
Jean-Pierre desistira da idéia de viajar aos Estados Unidos apenas para falar
com ele. Pareceria que ele lhe implorava uma ajuda para Ângela.
— Bem, eu já atendi. O que você quer mais?
— Eu não tinha o que fazer e liguei. Será que você realmente é o idiota sem
coração que eu sempre achei, ou será que quer saber da saúde de Ângela às
vésperas do parto?
— Ela está bem?
— Finalmente você fez a pergunta correta. Agora, antes de responder,
eu quero que você me diga se se importa com isso.
— É claro que sim! Mas chega de conversa fiada e me diga logo por
que ligou!
— Eu liguei para informá-lo de que Ângela corre um sério risco de não
resistir ao nascimento da criança.
Blake sentiu-se mal.
— Do que você está falando?
— Ângela não se cuida adequadamente e, por isso, não está ganhando
peso suficiente. Quando o médico discute o assunto, ela abrevia a consulta e
responde que não tem importância o que lhe aconteça, desde que o bebê viva.
Certa ocasião, ela me confidenciou que a única coisa que você queria dela era o
filho. Portanto, ela lhe daria esse filho, mesmo que isso lhe custasse a vida.
— Oh, meu Deus! — Blake estava desesperado. Não queria acreditar
no que ouvia. — Será que ela me receberia se eu fosse até aí?
— Depende. Se você trouxer também sua amante, eu creio que não.
— De que está falando?
— De sua preciosa Márcia. Acho mesmo que vocês se merecem.
Nenhum dos dois se importa se fere ou não outra pessoa.
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— Do que você está falando, Jean-Pierre? Não tive mais nada com
Márcia desde que Ângela e eu anunciamos nosso casamento.
— Então por que a srta. Sinclair insinuou que vocês estavam apenas dando
tempo ao tempo, esperando Ângela voltar para a França?
— Mas quando foi que ela disse isso?
— No dia em que eu levei Ângela, atordoada, para casa porque ela
descobriu que você passava as tardes com Márcia, deixando-a pensar que estava
trabalhando. Afinal, o que você pensou que eu fazia no quarto com ela? Eu
apenas tentava acalmá-la.
— Eu pensei que vocês tivessem um caso — disse Blake, suspirando.
— Você o quê? Ora, seu estúpido! Se algum dia eu a quisesse, o que
nunca aconteceu, ela não me daria a menor atenção. Ela só via você. A última
vez que veio aqui, antes de se casarem, estava tão apaixonada por você que mal
esperava o dia de voltar para San Francisco e se casar.
Blake ficou preso às últimas palavras.
— Ângela me ama?
— É claro que ela o ama! Por que você acha que ela arriscaria a própria vida
para lhe dar um bebê? Ela sabe que você só se casou para cumprir uma
imposição ridícula que seus pais fizeram no testamento. Bem, agora estão todos
felizes. Você a engravidou imediatamente depois do casamento, e tudo que
Ângela tem que fazer agora é dar à luz essa criança multimilionária.
— Eu não acredito no que você está me dizendo!
— Acredite. Não há absolutamente nada entre mim e Ângela.
— Também não há nada entre mim e Márcia. Aliás, para dizer a verdade,
não imaginava sequer que Ângela se importasse com isso.
— Devo acreditar nisso?
— É claro que sim, Jean-Pierre! Tenho me consumido de ciúme,
achando que Ângela preferiu você.
— Mas que confusão! Diga-me uma coisa, Blake, vocês nunca
conversaram? Eu nunca ouvi uma história tão cheia de mal-entendidos como
essa!
— Naquele dia em que eu o vi saindo do quarto, voltei cedo para casa a fim
de conversarmos sobre nossas vidas. Mas me senti ridículo, achando que era o
idiota do marido traído, que volta mais cedo e encontra a esposa com outro
homem. E o seu comentário não ajudou em nada.
— Que comentário?
— Que você cuidava de minha mulher, uma vez que eu tinha outras
prioridades. Pensei que você estivesse rindo-se da minha situação, que fosse
irônico comigo.
— Mas que diabos, é claro que não era isso! Eu me referia ao fato de
confortá-la, não sendo o marido. Ela se sentia muito deprimida por você ter
contado a Márcia tudo a respeito do casamento.
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Naquela manhã, Ângela desistiu de uma vez por todas de pintar. Suas
costas doíam muito desde que se levantara. O médico lhe comunicara que ainda
faltavam quatro semanas para o bebê nascer, mas ela achava que ele errara.
Não encontrava uma posição confortável. Já tentara sentar-se, deitar-se, ou
mesmo andar, mas nada de encontrar a posição adequada. Não sabia se
chamava o médico e pedia que lhe receitasse um analgésico.
Nesse momento, bateram na porta. Ângela voltou-se, contente por receber
visita. Suzanne saíra fazia horas, e não sabia quando ela voltaria.
— Entre.
A porta se abriu e Jean-Pierre entrou.
— Bom dia, Ângela. Como se sente esta manhã?
— Grávida. Por que você me pergunta isso todas as vezes que me vê? —
resmungou ela.
Ele riu.
— Trouxe alguém para vê-la — disse, abrindo a porta de novo.
Ângela estava a poucos passos dali, quando Blake entrou.
— Blake!'
Seus joelhos começaram a tremer. Ela puxou uma cadeira e sentou-se. Ele
parecia cansado, como se estivesse sem dormir por muitos dias. Mesmo assim,
pareceu-lhe lindo.
— Olá, Ângela.
Ele se aproximou da cadeira e ajoelhou-se a sua frente, afastou-lhe alguns
fios de cabelo da testa e examinou-a, cuidadosamente. Ângela estava pálida,
com o rosto magro. Gentil, puxou-a para seus braços. Ambos estavam tão
emocionados que nem notaram quando Jean-Pierre saiu. — Oh, Ângela, perdoe-
me por deixá-la aqui.
— Pelo que eu me lembro, você não teve escolha.
— Mas, depois de ler sua carta, eu poderia ter vindo para cá no primeiro
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avião.
Ela o afastou um pouco e olhou-o, tentando descobrir seus sentimentos.
— Por que você faria isso?
— Porque eu a amo muito. Para mim, sua partida representou o início de
uma grande agonia.
— Você me ama? — repetiu ela.
— Muito.
— Mas e...
— Querida, há muito para explicarmos. Primeiro, vamos nos sentar num
lugar mais confortável para conversar.
Ângela e ele sentaram-se no grande sofá da sala. Blake puxou-a para bem
junto de si.
— Devo-lhe tantas desculpas que nem sei por onde começar. De início,
quando nos casamos, eu confundi muito as coisas, tanto que reconheci que a
amava. Jeremy foi quem me mostrou isso.
— É difícil acreditar, Blake.
— Eu sei. Descobri que Márcia fez algumas observações que a abalaram
muito. Agora compreendo que nada a afetaria se eu lhe confessasse o que eu
sentia por você, mas eu não conseguia falar.
— Está indo muito bem até agora. Vá em frente.
— Sinto muito se pensei que havia alguma coisa entre você e Jean-
Pierre, mas, naquele dia, quando o vi sair do quarto, cheguei às piores
conclusões, e todas erradas.
— Você viu Jean-Pierre sair do nosso quarto? Mas é impossível!
— Não. Foi no dia em que você se encontrou com Márcia e voltou para
casa muito abalada. Só recentemente ele me contou que ficou com você até que
você dormisse.
Ângela procurou se lembrar.
— Mas naquela noite você não voltou para casa.
— Ângela, eu nunca fiquei longe de você, nunca. Estive em casa todas
as noites em que estivemos casados.
— Mas você não se deitou. Disse que chegou em casa às quatro e meia,
por isso tive a impressão de que você queria me manter fora da sua vida.
— Oh, querida, mas que confusão! Esta noite eu dormi no tapete da
biblioteca, depois de beber uma garrafa inteira de uísque.
— Mas, Blake, você não bebe!
— Agora você pode realmente dizer isso. Joguei fora todo o estoque de
bebidas.
Ficaram sentados ali, confortavelmente, repassando tudo o que lhes
acontecera. Pela primeira vez, reconheciam que, desde o casamento, eram
apaixonados um pelo outro,
— Ângela, você era tão bonita, e eu me sentia um homem de sorte em me
casar com você.
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— Blake?
— Sim, amor?
— Uma vez que nossa filha obviamente será a diretora da empresa, não
acha melhor fazermos o presidente o mais rápido possível?
Ele sorriu.
— Podemos pensar no assunto.
— É claro... — ela murmurou com a voz sonolenta. — Precisaremos de
mais alguns diretores e gerentes e...
— Eu amo você, Ângela.
Ela sorriu.
— Você realmente sabe como dizer as coisas, Blake.
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O Passageiro da Chuva
Emilie Richards
Edição 453
Casa e Carinho
Joan Hohl
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