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WMS - Expropriação e Inconstitucionalidade Do RSU - Direito Agrário
WMS - Expropriação e Inconstitucionalidade Do RSU - Direito Agrário
Da Expropriação
Nos casos em que tenha que ter lugar a expropriação por utilidade pública, o
Regulamento das Expropriações, aprovado pelo Decreto n.º 43587, de 08 de Abril de
1961, tornado extensivo à Moçambique através da Portaria n.º 23404, de 28 de Maio de
1968 (adiante, o “Regulamento das Expropriações”), determinava as regras a serem
respeitadas, bem como os elementos a serem considerados para efeitos de cálculo da
indemnização.
Importa fazer menção a estes diplomas legais, pois, a partida, por motivos de interesse
público, determinou-se a necessidade de expropriação de terrenos de particulares e, em
consequência, o reassentamento das populações expropriadas, o que vai implicar a
conjugação dos diplomas supracitados, pois, este pacote legislativo veio definir normas
específicas para a aprovação e implementação dos instrumentos de ordenamento
territorial, definindo competências, objectivos, mecanismos, processo expropriatório,
regras para cálculo de indemnizações, entre outros aspectos, a serem observados nesta
situação em específico. (Regulamento da Lei de Ordenamento do Território, Artigo 68,
número 1 e 2).
Ainda nos termos do art. 71 do ROT, o expropriado deve ser notificado sobre o bem a
expropriar, a proposta dos termos de cálculo da indemnização, o prazo para tomada de
posse pelo expropriante e prazo para eventuais contestações.
QUESTÃO A LEVANTAR:
TR: Não se enquadra em nenhum dos modos legais, visto que não se trata de simples
ocupação, nem se quer de autorização de um pedido, pois é um processo de iniciativa do
Estado.
2. Do Acórdão
Acórdão refere-se a denuncia feia pela procuradora-geral referente ao nº 2 do art.
36 do regulamento do solo urbano (RSU), que evidencia a contrariedade desta
norma com o preceituado no art. 14 da lei 11\2014, de 10 de Agosto, que regula
a formação da vontade da Administração Pública e estabelece as normas de
defesa dos direitos e interesses particulares, o qual determina que a
”Administração Pública tem o dever de fundamentar os seus actos
administrativos que impliquem, designadamente o indeferimento do pedido ou a
revogação, alteração ou suspensão de actos administrativos anteriores” e do
mesmo com o princípio constitucional consagrado no n.º 2 do artigo 253 da
Constituição da República de Moçambique, segundo o qual “os actos
administrativos são notificados aos interessados nos termos e nos prazos da lei
e são fundamentados quando afectem direitos ou interesses dos cidadãos
legalmente tutelados”., tratando-se, no primeiro caso, de ilegalidade e, no
segundo, de inconstitucionalidade, conforme se evidencia.
O governo, chamado para os termos deste processo, como ente responsável pela
aprovação do regulamento de que a disposição questionada é parte integrante,
veio a perfilhar a posição da procuradora-geral, tanto no tocante à ilegalidade,
como na inconstitucionalidade.
Com fundamento e citando Diogo Freitas do Amaral, segundo o qual,
“Requerida a apreciação da constitucionalidade ou da legalidade de uma norma,
nada impede que o Tribunal Constitucional aprecie também a outra implícita ou
contida´´, o conselho constitucional propôs a apreciar o nº 1 do art. 36 que que
determina a medida de extinção do direito de uso e aproveitamento da Terra, se
o “seu titular não iniciar, no prazo fixado, as obras indispensáveis à utilização
do terreno para o fim a que se destina”.