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Entrevista a senhora Delça Joana Paulo Sigauque do bairro Chiahango quarteirão 112:

Pergunta 1: como e quando é que veio parar aqui?


R: vim parar aqui em 2014 porque e eu e minha família fazemos do grupo de famílias que foram
afetadas pelo reassentamento aquando das expropriações na bairro costa do sol para dar espaço a
construção da estrada Circular.

Pergunta 2: poderia nos dizer como foi feito o processo de expropriação das casas,
particularmente da tua?
R: Sim, a nossa retirada foi feita da seguinte forma, veio o responsável pelo projeto explicou nos
que estava se para construir uma estrada e que a mesma ia passar das nossas casas e que por
conta disso teríamos que sair daquela zona para uma outra, neste caso chiahango, e após a isso
começaram a fazer a avalição das nossas casas para posterior indemnização.

Pergunta 3: quanto recebeu de indemnização, ficou satisfeito com o valor que recebeu tendo em
conta o espaço que tinha no antigo bairro e o que lhe foi atribuído?
R: Sinceramente não fiquei nada satisfeita com a indemnização, primeiro porque no antigo bairro
eu tinha um espaço de 50x20 em que além de ter minha casa tinha também a minha pequena
machamba em que conseguia ter minhas culturas para alimentação, mas já aqui onde estamos o
espaço que tenho e pequeno demais, isso nem chega 30x15, acho que e 27x12, segundo porque o
valor que me foi dado foi de 380 mil meticais para uma casa de 2 quartos e sala e uma varanda
na minha opinião não equivale a casa que tinha sem contar as arvores que eu tinha, que aquando
da avaliação da casa foram registadas no sentido de que iam me reembolsar por elas também, por
conta de desses motivos quase chorei quando chegamos aqui, mas já não havia nada para fazer
so podíamos aceitar.

Pergunta 4: achas que avaliações foram claras e iguais para todos, no sentido de que todos
compartilham do mesmo sentimento de desapontamento?
R: Na sua maioria sim, mas houveram pessoas que saíram felizes com a remoção porque
ganharam mais que a casa valia, mas quanto aos terrenos atribuídos todos ganharam espaços
muito pequenos comparados com os que tinham antes.

Pergunta 5: Perceberam alguma coisa anormal aquando da alocação nesses terrenos ?


R: Sim, isto porque os espaços que tinham nos prometidos não se espelham nem um pouco nos
que recebemos, e mais que isso e o facto tempos depois percebemos que os nossos espaços
foram vendidos para pessoas que nada tinham a ver com o reassentamento, ou seja, nos foi dado
pequenos terrenos para que se pudesse fazer a “bolada de venda e terrenos”.

Pergunta 5: aquando da atribuição dos espaços foi vos dado o Duat ?


R: Não, eu particularmente não tenho o Duat, a única coisa que pode provar que vim parar aqui
por conta do reassentamento são os recibos da recepção dos 380 mil meticais. E em contra
partida os que compraram os terrenos que a princípio eram pra nos tem o Duat.

Pergunta 6: quando entramos no bairro percebemos que há muita maquinaria de construção


pesada por aqui, essas maquinas não tem influenciado no solo do bairro, e será que o município
fiscaliza essas obras no sentido de saber de não afetam de forma negativa o bairro?
R: Desde que essas obras iniciaram temos sofrido com as aguas paradas, isto porque este e um
terreno frágil para a passagem dessas maquinas e assim sendo sempre essas maquinas passam
deixam sequelas no solo que se refletem através da estagnação das aguas aqui no bairro,
estagnação essa que chega durar 1 mês ou mais, e quanto a fiscalização eu a vizinhança nunca
ouvimos que o município veio aqui fazer uma vistoria.

Entrevista a senhora Rosa Issufo (chefe de quarteirão).


Pergunta 1: falamos antes com a senhora Delçia que indicou nos a senhora Rosa, acha que
indemnização que lhe foi atribuída foi justa?
R: Bom, tirando o facto do novo espaço ser pequeno o valor que me foi dado compensou sim,
isto porque eu tinha uma casa de dois quartos e sala e foi me atribuído o valor de 600 mil
meticais que consegui construir esta casa de 3 quartos, uma sala e uma varanda, com pintura e
tudo, então pra mim compensou sim.

Pergunta 2: a senhora tem Duat?


R: Não, não tenho duat e sempre que tentamos falar disso com as estruturas competentes dizem
nos para a aguardar porque o processo está em curso mas os que compraram os terrenos nos
quais estão a ser erguidos essas casas grandes tem Duat.
Pergunta 3: O município já veio falar com vosco sobre alguma solução para o problema das
aguas estagnadas?
R: A alguns anos o município havia falado de um projecto de drenagem das aguas, mas ficou
mesmo nas palavras.

Pergunta 4: Houve uma irregularidade na questão dos próprios terrenos aquando das atribuições?
Sim, houve o caso de atribuição do mesmo terreno para duas pessoas, eu próprio passei por isso,
o espaço em que estou tinha sido atribuído a me e ao mesmo tempo a uma outra pessoa, e para
poder ficar com espaço tive que andar atrás do processo com as entidades locais e como ve
provei que sou “proprietária do espaço”. Mas o mesmo não aconteceu no terreno vizinho em que
duas pessoas foram atribuídas o mesmo espaço e por não haver solução, dividiram o espaço ao
meio.

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