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TOQUE GUITARRA

SEM PRECISAR DE
ANOS DE ESTUDO
PRATICANDO
DENTRO DO
SEU HORÁRIO
O GUIA PRÁTICO
,
BRUNO D SOUZA
Termo de Responsabilidade Todos os nomes de marcas, produtos e
serviços mencionados aqui são propriedade de
Ao longo dos anos que eu venho tocando seus respectivos donos e são usados somente como
guitarra, aprendi uma série de sacadas. referência. Além disso, em nenhum momento
Todas essas sacadas e informações que existe a intenção de difamar, desrespeitar,
aprendi e que você vai ler neste guia são fruto insultar, humilhar ou menosprezar você, leitor, ou
das minhas experiências e resultados com a qualquer outra pessoa, cargo ou instituição. Caso
guitarra. você acredite que alguma parte deste guia seja de
Embora eu tenha me esforçado ao máximo alguma forma desrespeitosa ou indevida, e deva
para garantir a precisão e a mais alta qualidade ser removida ou alterada, você pode entrar em
dessas informações, de forma que que todas contato diretamente comigo por meio do e-mail
as técnicas e métodos aqui ensinados sejam brunosmelo@gmail.com.
altamente efetivos para qualquer pessoa que
esteja disposta a aprender e a colocar o esforço Direitos Autorais
necessário para aplicá-los conforme instruídos,
nenhum dos métodos ou informações foi Este material está protegido por leis de
cineticamente testado ou comprovado, e eu não direitos autorais. Todos os direitos sobre o
me responsabilizo por erros ou omissões. mesmo são reservados. Você não tem permissão
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variar de pessoa para pessoa e não existe autorais estará sujeita a ações legais.
qualquer garantia.
Sobre o Autor
Meu nome é Bruno D’Souza, sou de Recife e comecei a
tocar violão com 17 anos. O ano era 1997, nessa época
não havia YouTube, a internet era discada, estática, o
Google ainda não era a gigante da internet que é hoje
e o Yahoo era o maior site de busca da web. Não havia
tanto material como nos dias de hoje, que por um lado
é bom da evolução da internet, mas por outro, a falta de
material organizado dificulta o autoaprendizado.
Naqueles dias se achava que antes de aprender
guitarra, o correto seria primeiro aprender violão. É um
pouco engraçado porque eu pensava assim, e acreditava
que somente eu achava isso, mas depois fui conhecendo
mais e mais pessoas que seguiram o mesmo caminho.
A verdade é que violão e guitarra são instrumentos
bem diferentes. É verdade, a escala de notas é a mesma,
no entanto essa talvez seja a única semelhança, pois o
resto é totalmente diferente. A guitarra é um instrumento
muito mais sensível que o violão, é preciso mais força pra
tirar som do violão, mesmo sendo um violão elétrico, pois
a captação de um violão elétrico é diferente da captação
de uma guitarra. Outra diferença é que a guitarra não funciona com cordas de Nylon. “Ah Bruno, mas
existe violão de aço”, esse aí você precisa de mais força ainda. As cordas do violão de aço têm uma
tensão muito maior que as cordas da guitarra. O braço da guitarra é bem mais estreito que o braço do
violão, e o volume do violão depende muito da madeira e da técnica que ele é construído.
Ufa, depois de tanta diferença, ficou mais óbvio que tocar violão é diferente de tocar guitar-
ra. Particularmente, eu acho tocar guitarra muito mais fácil que tocar violão. É um instrumento
bastante sensível no braço inteiro, mesmo nas notas mais agudas (no violão quanto mais agudas
as notas, mais difícil fica produzir som), além de ser um instrumento versátil e de expressão forte.
Então, por onde começar? Se você não tem nenhum conhecimento de instrumento ou de
música, a primeira coisa que você precisa é adquirir uma guitarra.
Se você já tem uma guitarra, a segunda coisa que você precisa é tocar regularmente, e
regularmente significa todo dia. “Ah Bruno, mas não tenho tempo”, eu escutei isso de vários
alunos, eu mesmo já fui um “Cara ‘Não tenho tempo’”, mas a verdade é que eu tinha muito tempo,
só que ele era mal gerenciado. No entanto, quando o assunto é tocar guitarra, a frequência é mais
importante que a quantidade. Trinta minutos por dia vai sim te trazer progresso. Lógico que se
você tiver uma hora diária, duas horas diárias, seu progresso vai ser mais rápido, mas aqui eu
repito: FREQUÊNCIA É MAIS IMPORTANTE QUE QUANTIDADE.
É mais importante pro seu progresso que você toque todo dia um pouco do que tocar 5h num
dia e passe o resto da semana sem tocar.
Então se você quer superar seus obstáculos para explorar sua musicalidade e se tornar um
guitarrista, vem comigo que vamos por a mão na massa!
COMO ESTÁ ORGANIZADO ESSE MATERIAL

Esse guia está organizado em 2 módulos: TÉCNICA e


TEORIA. Esses 2 módulos detalham a estrutura de 4 passos
fundamentais para se tocar guitarra.
A essência está nos 4 passos, e os dois módulos expõem
o conteúdo de cada passo. Para as pessoas que preferem
seguir a intuição e aprender de ouvido, ou para aqueles que
já sabem teoria musical, o módulo TÉCNICA contém muita
informação útil para acelerar o progresso.
Diferente de outros manuais, nesse guia começamos
pela prática para depois ir dando nomes aos bois.
Usamos princípios da neurociência para desenvolver
essa metodologia e acreditamos que é mais fácil você
ver a nota ou o acorde na prática e depois associar com
seu nome, pois quando você visualiza a nota no braço,
você está usando o lado direito do cérebro, que é o lado
que lida com imagens, e é esse lado que predomina
quando estamos tocando. Em seguida atribuímos um
nome a essa nota, usando o lado esquerdo do cérebro,
que lida com linguagem.
O módulo TEORIA, serve para dar embasamento teórico,
mas não é obrigatório, nem esgota todo conteúdo teórico
existente. Nesse módulo temos o essencial para entender
a lógica de como a música é estruturada, mas é possível
tocar guitarra intuitivamente, sem necessariamente
conhecer a teoria. No nosso treinamento online abordamos
o conteúdo teórico mais detalhadamente.
ÍNDICE

OS 4 PASSOS 9

MÓDULO 1 - TÉCNICA
A NEUROCIÊNCIA DO APRENDIZADO 12
GUITARRA E NEUROCIÊNCIA 15
CRIANDO A MEMÓRIA MUSCULAR 15
USANDO O METRÔNOMO 16
MÃO ESQUERDA 18
MÃO DIREITA 19
POSTURA 20
AQUECIMENTO E SINCRONIA ENTRE AS MÃOS 21
PRECISA APRENDER TEORIA PARA TOCAR GUITARRA? 22
TOCANDO DE OUVIDO 24
PALHETADA 26
DIGITAÇÃO 28
HARMÔNICOS 30

MÓDULO 2 - TEORIA
O BRAÇO 32
ESCALAS 35
FORMAÇÃO DE ACORDES - TRÍADES 37
CAMPO HARMÔNICO 40
COMO USAR A INTUIÇÃO NA GUITARRA? 42
COMO CRIAR SEU ESTILO PRÓPRIO? 44
ESSA É TODA A TEORIA QUE EU PRECISO SABER? 45
4 PASSOS PARA TOCAR GUITARRA MESMO
QUE VOCÊ TENHA CONHECIMENTO ZERO DO
INSTRUMENTO OU DE MÚSICA

1º PASSO – Metrônomo
É essencial o uso do metrônomo quando o assunto
é tocar guitarra. Se você quer aprender ou se você quer
melhorar a sua técnica, você precisa usar um metrônomo,
por dois motivos. Primeiro, com o metrônomo você pode
mensurar o seu progresso. Se hoje você consegue estudar
em 120bpm, amanhã você consegue em 130bpm, e assim
por diante. Você pode registrar concretamente o seu
desenvolvimento. Segundo, sem um metrônomo é muito
fácil errar o compasso da música que você está tocando, ou
do exercício que você está fazendo. Uma boa técnica significa
tocar no tempo exato, nem adiantado e nem atrasado. Leia
um pouco mais em “USANDO O METRÔNOMO”

2º PASSO – Aquecimento
Muita gente negligencia essa parte, e eu já fui uma
dessas pessoas. O fato é que o aquecimento é fundamental
por motivos de saúde e frustração.
Quando você começa a tocar sem aquecer, principalmente
se você gosta de tocar em alta performance, cedo ou tarde
você vai desenvolver alguma lesão muscular. Tocar guitarra
é uma atividade física, e como toda atividade física, é
preciso um pré-aquecimento antes de começar a executar o
exercício. Eu mesmo sempre toquei sem aquecer por muito
tempo, e aparentemente nada de mais aconteceu, até que
um dia eu tiver uma tendinite forte no antebraço direito,
um dos pesadelos de quem toca qualquer instrumento.
Corri para o médico e tratei imediatamente, mas tive que
ficar vários dias sem tocar, e isso é ruim para o músico.
Quando você volta, a sua musculatura está fraca e você
precisa se readaptar.
Outro motivo é a frustração. Tocar com as mãos frias,
sem aquecer inicialmente pode deixar frustrado, porque
você provavelmente não vai conseguir executar o estudo
com precisão e assertividade. Isso pode te passar uma falsa
impressão de que você não está tendo progresso, e pode
acabar desistindo, por causa de um simples detalhe. Leia
mais em “AQUECIMENTO E SINCRONIA DAS MÃOS”.
O metrônomo também deve ser usado no aquecimento.

3º PASSO – Relaxamento
Se você já toca sabe do que eu estou falando, mas se
você está começando agora, esse é um elemento chave
para melhorar sua performance em uma curva ascendente.
No início é totalmente normal ficar com as mãos duras ou
pressionar as cordas com muita força. Se você é canhoto ou
destro, já tentou escrever com a outra mão? Nem segurar
o lápis direito você vai conseguir, mas se você persistir,
com o tempo vai escrever com a outra mão. Falo um
pouco mais sobre isso nas seções “NEUROCIÊNCIA DO
APRENDIZADO”, “NEUROCIÊNCIA E GUITARRA” E “CRIANDO
A MEMÓRIA MUSCULAR”.
Guitarra é um instrumento muito sensível, em qualquer
região do braço. Então, você não precisa tocar com força,
apenas firmeza e leveza.
Você precisa estar relaxado, sempre lembre disso
ao tocar. Também é natural de pois de um certo tempo
tocando, ficar com a musculatura tensa. Como eu disse,
tocar guitarra é uma atividade física. Nesse momento você
deve parar, soltar os braços, dar uma relaxada, um pequeno
intervalo, e depois continuar.
A mão esquerda deve repousar sobre as cordas e
pressionar levemente o mais próximo possível do traste.
Não precisa força, é só jeito.
A mão direita deve palhetar o mínimo possível a corda,
só a pontinha da palheta deve tocar a corda. É normal no
começo tocar com a palheta muito baixa entre as cordas,
porque como você não está acostumado ainda. Você sente
a necessidade de ter uma área de contato maior para ter
segurança na palhetada e não escapulir a palheta, errando
a palhetada, mas isso é um ajuste fino que vem com o
tempo. Em “CRIANDO A MEMÓRIA MUSCULAR” você vai
encontrar algumas dicas de como fazer esse ajuste fino em
menos tempo.
Veja também as seções “MÃO ESQUERDA” e “MÃO
DIREITA” para mais detalhes sobre relaxamento e
assertividade.
4º PASSO – Estudo de técnica
Aqui você vai estudar técnicas da mão esquerda e da
mão direita. Estamos falando de prática de palhetada,
digitação, harmônicos, efeitos, sincronia, mecânica, etc.
Esse é o momento de realmente aprender guitarra, de
pôr a mão na massa. Os três passos acima vão fazer você
desenvolver muito mais nesse 4º passo.
O módulo 1 é todo dedicado ao aprendizado de técnica
e mecânica na guitarra.

PASSO EXTRA - Estudo teórico


Esse pode ser considerado um sub-passo do 4º, mas
esse passo é opcional.
“Como assim opcional? Eu posso tocar guitarra sem
aprender teoria?” Sim, assim como James Hetfield do
Metallica ou o Zacky Vengeance do Avenged Sevenfold,
que não sabem teoria e mesmo assim são guitarristas
profissionais.
Umas das formas de tocar guitarra é aprendendo a tocar
músicas dos seus artistas favoritos. Mesmo sem saber
teoria, depois de aprender várias músicas (que certamente
têm embasamento teórico), você vai conseguir reconhecer
padrões e sonoridades. Isso se chama tocar de ouvido, você
está educando seu ouvido a distinguir sons e sequências
de notas.
Além disso, você também pode usar a sua intuição e
ir arriscando e descobrindo sonoridades novas, que lhe
agradem, e certamente agradem muitas outras pessoas.
A vantagem de se aprender teoria é para você ter
consciência do que está fazendo, de estudar à luz do que
já foi estudado por outros no passado, e assim ter mais
controle da sonoridade que quer criar e improvisar. Ou seja,
isso vai lhe economizar muito tempo, mas não é essencial
para se tocar guitarra, é apenas um bônus.
Leia mais nas seções “PRECISA APRENDER MÚSICA
PARA TOCAR GUITARRA?”, “TOCANDO DE OUVIDO”,
“PALHETADA”, “DIGITAÇÃO”, “HARMÔNICOS” e as seções
de “MÃO ESQUERDA” e “MÃO DIREITA”
Caso queria aprender um pouco mais sobre
MÓDULO 1
TÉCNICA
MÓDULO 1 - TÉCNICA
A NEUROCIÊNCIA DO APRENDIZADO

Nosso cérebro funciona semelhante a um compu-tador.


O que vemos na tela do computador, ao contrário do que a
maioria das pessoas pensa,
não está no HD e sim na
Memória RAM. Quando
ligamos o computador,
a informação no HD é
copiada para a Memória
RAM e enquanto o
computador estiver ligado,
essa informação aparece
na tela. No entanto, se houver uma queda de energia e seu
computador desligar, toda a informação da Memória RAM
é perdida. Para que isso não aconteça, precisamos usar o
recurso “salvar” para que essa informação seja gravada
no HD. No nosso cérebro temos uma parte equivalente à
Memória RAM e ao HD, que são respectivamente o sistema
límbico e o córtex cerebral.
Durante o dia, o sistema límbico está absorvendo
informações do dia a dia, o que você lê, o que você vê,
ouve, sente, e quando você dorme, parte dessa informação
é gravada no córtex cerebral e o restante é descartado.
No nosso caso, tem uma outra parte do cérebro que é
responsável pelo aprendizado neuromotor, o cerebelo.
É ele que aprende a andar de bicicleta, e é aí onde fica
registrada a memória muscular.

12
MÓDULO 1 - TÉCNICA
Já percebeu que os músicos profissionais conseguem
tocar guitarra sem olhar para o braço? Isso acontece porque
os dedos dele já sabem aonde devem se posicionar, isso é
a memória muscular, e é isso que você vai adquirir durante
o aprendizado da guitarra.
“Ok Bruno, eu entendi todo esse seu blá blá blá sobre o
cérebro, mas e daí?” Daí que sabendo disso tudo, você pode
usar essa informação ao seu favor.
Quando você está praticando a guitarra, parte dessa
informação está sendo registrada pelo seu sistema límbico
e quando você dorme, essa informação é gravada no córtex
cerebral e no cerebelo. Perceba que após um dia de prática
no instrumento e uma noite de sono, no dia seguinte aquele
mesmo exercício que você praticou está ligeiramente mais
fácil. Se você fizer isso dia após dia, vai ver que depois de
um tempo a habilidade já vai estar totalmente internalizada.
Quanto tempo? Isso varia de pessoa para pessoa, e também
depende de vários fatores, como quanto tempo você dedica
ao seu objetivo de tocar guitarra.
Algumas pessoas têm um progresso mais rápido,
outras mais devagar, mas o mais importante é que
TODOS APRENDEM. Se você tem pouco tempo para
dedicar à guitarra, aproveite bem o tempo que você
tem, a evolução vem infalivelmente para todos.
Outra coisa que você precisa saber é que o cérebro
não aprende rápido como queremos. Não adianta tentar
aprender todo o assunto dado no semestre inteiro um dia
antes da prova. Nosso cérebro é lento, aprende aos poucos,

13
MÓDULO 1 - TÉCNICA
por isso como eu disse no capítulo anterior, FREQUÊNCIA É
MAIS IMPORTANTE QUE QUANTIDADE.
Pode ser que você não tenha 1 hora diária para estudar,
ou talvez não tenha 1 hora direto. Não tem problema, você
pode dividir o tempo do seu estudo, 30 min em um horário
e mais 30 em outro.
Talvez você so tenha 30 minutos por dia, ou menos.
Novamente eu friso, a evolução vem pra todos, e a frequência
é muito mais importante que a quantidade. Pratique todo
dia, mesmo que sejam 15 min, 10 min, mas não deixe de ter
contato diário com o instrumento.
Aprender guitarra é como aprender uma coreografia
de dança. Se você já tentou, sabe que leva um tempo
para seus pés aprenderem o movimento correto, onde
e quando se posicionar na hora certa. Imagine que seus
dedos sejam seus pés e você vai entender o que quero
dizer.
Bem, mas como te disse antes, vou te ensinar alguns
truques que vão te ajudar a maximizar o seu aprendizado...
nos capítulos seguintes.

14
MÓDULO 1 - TÉCNICA
GUITARRA E NEUROCIÊNCIA
CRIANDO A MEMÓRIA MUSCULAR

Bem, acho que eu nem preciso explicar o que é memória


muscular. Mesmo que você não saiba exatamente o que é
isso, o nome já é bem intuitivo. É o que faz você aprender
uma coreografia, a andar de bicicleta, e é o que faz você
aprender a tocar uma música. É o teu corpo aprendendo.
Não sei se você sabe, mas o nosso cérebro funciona de
uma forma muito semelhante a um computador. Depois
dá uma olhada no capítulo Neurociência do Aprendizado
mais a frente para poder entender melhor.
Bem, e como se cria a memória muscular na guitarra? Da
mesma forma que se aprender uma coreografia. Repetindo,
repetindo, repetindo, e quando cansar, descansa e repete
novamente.
A memória muscular é lenta, leva um tempo até o
cerebelo aprender, mas existe uma forma de acelerar um
pouco essa memória. A dica que eu te dou para turbinar
sua memória muscular é, FECHE OS OLHOS.
“Mas Bruno, eu sou iniciante, se eu fechar os olhos eu
vou ficar perdido(a)”
Vai por mim, isso vai ajudar muito a acelerar a criação
da memória muscular. Já percebeu como músicos cegos
são bons? Ray Charles, Stevie Wonder, as performances
deles são impecáveis. Isso porque eles usam a mente para
“ver” o instrumento, e é por isso que você deve fechar os
olhos quando estiver praticando.

15
MÓDULO 1 - TÉCNICA
“Quer dizer que eu só vou praticar de olhos fechados
agora?” Não, mas sempre faça esse exercício. Feche os
olhos e imagine suas mãos, a esquerda digitando as
notas e a direita palhetando as cordas.
Outra dica importante é: toque devagar. Na ânsia de tocar
guitarra como nossos ídolos, a gente quer começar tocando a
230bpm, calma. Como já disse, a memória muscular é lenta,
esse é o momento de perfeccionismo, aprenda o movimento
perfeitamente, bem devagar e vá aumentando aos poucos.
Agora atenção. Não é simplesmente exercitar uma
vez de olhos fechados que você já vai sair tocando
virtuosamente. A metodologia guitarra intuitiva não é
uma fórmula mágica. O cérebro precisa se acostumar com
os movimentos novos, leva tempo e requer dedicação.
Exercite tocar com os olhos fechados, visualize suas mãos
na sua mente, toque devagar para dar tempo do seu corpo
e sua mente se acostumarem com os movimentos. Essa é
uma dica matadora para você alcançar seus objetivos em
muito menos tempo.

USANDO O METRÔNOMO
Olha, nem te conto o quanto é
importante usar um metrônomo.
Quando eu comecei a tocar, os celulares
eram monofônicos, nada de smartphone.
Um metrônomo “xing ling” custava R$
50,00, outros muito mais.

16
MÓDULO 1 - TÉCNICA
Hoje você baixa um app gratuito no
seusmartphoneetemummetrônomo
cheio de funcionalidades. Não tem
smartphone? (Nossa! Em que década
você parou no tempo? Hehehe,
brincadeira) não tem problema, digita
no Google “metrônomo”, você vai
encontrar milhares de metrônomos
online gratuitos.
Mas por tudo que é sagrado,
não estuda sem um metrônomo. Quando a gente estuda
sem metrônomo, a gente se perde no tempo da música,
é fácil “atravessar” os compassos, e se um dia você for
tocar com alguém, vai ser uma “briga”. Isso aconteceu
muito comigo, mas não precisa acontecer com você.
“Bruno, eu coloco a música para tocar e acompanho
com a guitarra”
Bem, aí já melhora porque a marcação da bateria
vai funcionar como um metrônomo, no entanto o
metrônomo também tem outro papel.
Com ele você pode mensurar o teu progresso.
Ontem você fez praticou num tempo de 100bpm, hoje
pratica a 110bpm, amanhã a 120bpm.
“Bruno, tá muito rápido!!!”
Então diminua, vá aumentando o tempo aos poucos,
quando sentir que consegue tocar confortável a 100
bpm, suba para 110, se estiver rápido para você, diminua
para 108, 105, 104, até você se sentir confortável nesse
tempo e vá aumentando gradativamente. Não se frustre

17
MÓDULO 1 - TÉCNICA
se debatendo a 200bpm se você ainda não se acostumou
com 100bpm. Mesmo quem toca Heavy Metal em show,
pratica lentamente em casa.
Assim você vai conseguir mensurar o seu progresso:
1ª semana – 100bpm
2ª semana – 110bpm
3ª semana – 120bmp
e assim por diante.

MÃO ESQUERDA
Para muita gente, como foi para mim por muito
tempo, é a mão que dá mais trabalho. Realmente, a mão
esquerda tem um papel muito importante, mas ela não
trabalha sozinha.
Enfim, para se ter uma boa técnica, vamos adotar na
mão esquerda a lei do mínimo esforço. Quanto menor
for o movimento dos teus dedos, melhor vai ser a sua
técnica.
Você não precisa levantar seus dedos mais que o
necessário, nem precisa pressionar as cordas com força.
Na guitarra, a tensão é inimiga da técnica, então procure
usar o mínimo de esforço possível, tanto para pressionar
as cordas como para levantar os dedos para trocar de
corda ou percorrer o braço.
No início é bem normal ficar com as duas mãos
tensas, principalmente depois de um tempo contínuo
praticando. Quando sentir que está tenso, relaxe, solte

18
MÓDULO 1 - TÉCNICA
os braços, relaxe as mãos, e volte para o princípio.
MÃO DIREITA
Essa é a mão negligenciada por muita gente, inclusive
por mim durante um bom tempo, mas quem faz o
trabalho duro mesmo é ela. Na guitarra espanhola ela é
bem mais difícil que a mão esquerda.
Bem, a mão direita é bem pessoal porque cada um
tem um jeito diferente de pegar a palheta. Gaste um
tempo procurando uma forma confortável de segurar a
palheta, porque é aí onde muita gente trava quando está
aprendendo a tocar. Observe como grandes guitarristas
seguram a palheta, e vá ajustando até encontrar uma
forma que te dê firmeza na palhetada e que ao mesmo
tempo seja confortável. Procure também uma forma
de posicionar a mão direita de forma que você tenha
segurança na palhetada. Tem gente que gosta de apoiar
o dedo mindinho, tem gente que gosta de deixar a mão
“flutuando”, então encontre uma posição que te dê
apoio e conforto.
A palheta não precisa tocar com força a corda, lembre-
se que guitarra é um instrumento sensível, com pouca
força você já tem um som alto. A palheta deve quase que
“raspar” a corda, então aqui a gente vai aplicar o mesmo
princípio da mão esquerda, lei do mínimo esforço.

19
MÓDULO 1 - TÉCNICA
POSTURA
A postura na guitarra é um assunto um pouco
negligenciado, mas é algo ajuda muito na hora de tocar.
Uma postura errada pode dificultar alcançar as notas mais
abaixo no braço, além da possibilidade de desenvolver
alguma lesão.
É preciso entender que tocar um instrumento, tocar
guitarra, é uma atividade física, principalmente para quem
quer ser músico profissional. Precisa alongar, aquecer,
como se fosse malhar na academia.
Quando você começar a tocar, recomendo que comece
sentado. Use uma cadeira sem braços e apoie bem a sua
coluna, se quiser pode cruzar as pernas. Depois de um
tempo, toque um pouco de pé para sentir a diferença. Não
recomendo treinar a guitarra o tempo todo em pé, pois
dependendo do tempo que você passar praticando, pode
ficar com a coluna e o ombro bastante doloridos. A guitarra
é um instrumento bem mais pesado que o violão.

20
MÓDULO 1 - TÉCNICA
AQUECIMENTO E SINCRONIA ENTRE AS MÃOS
Aqueça, sempre que for tocar, eu não aquecia, e
quando comecei a tocar com mais velocidade, ganhei
foi uma tendinite. Por sorte eu tratei logo no início e
consegui reverter, mas nem todo mundo tem essa sorte,
então, aqueça e alongue antes de tocar. Guitarra é
esporte.
Toque devagar, buscando a sincronia entre as duas
mãos, e vá aumentando a velocidade aos poucos, usando
o metrônomo.
O exercício abaixo é o mais comum para aquecer, é
um exercício cromático, composto apenas de semitons,
e comumente chamdo de 1, 2, 3, 4.

21
MÓDULO 1 - TÉCNICA
Pratique esse exercício de olhos fechados percorrendo
o braço inteiro indo e voltando, sempre devagar e
aumentando a velocidade aos poucos. Você pode variar
o exercício para ficar mais desafiador e mais divertido,
mudando a ordem dos dedos, fazendo salto de cordas,
executando de forma não linear, se assim desejar.

PRECISA APRENDER TEORIA PARA TOCAR GUITARRA?


Quem disse? Será mesmo que você precisa aprender
a ler música, teoria musical, notação musical, etc. para
tocar guitarra?
Então que tal dizer isso para o James Hetfield do
Metallica? ele não sabe teoria, e mesmo assim o Metallica
é o que é hoje.
Zacky Vengeance do Avenged Sevenfold Até hoje ele
não sabe nem o que é um Dó...
...mas sabe tocá-lo na guitarra.
Se você já ouviu coisas do tipo, ou o que eu ouvia
quando comecei, que “primeiro você precisa aprender a
tocar violão para depois passar para a guitarra”, esqueça,
isso é balela.
Na verdade, você não precisa aprender nada disso, o
que você precisa é de uma guitarra (e um amplificador).
Sim, por mais absurdo que pareça, é só o que você
precisa. Você pode aprender a tocar de ouvido. Os
matemáticos da música na Grécia Antiga, Platão e

22
MÓDULO 1 - TÉCNICA
Pitágoras, não tinham professores nem métodos, eles
tiveram que criá-los, e fizeram de ouvido.
Você também pode aprender a tocar usando as
músicas dos seus artistas favoritos, assim como fez
Richie Sambora, ex-guitarrista do Bon Jovi. Se você
não conhece, dá uma procurada no YouTube para ver o
quanto ele é bom.
Se você praticar guitarra regularmente sem nenhum
material, apenas pela intuição, em algum momento você
vai aprender a tocar bem.
“Ok Bruno, entendi, então qual a vantagem de
aprender teoria então? ”
Porque você não vai precisar ficar reinventando a roda.
Tocar por se só já é um aprendizado, mas quando você
não tem um guia, você vai ficar patinando no mesmo
canto e vai levar mais tempo para aprender coisas
triviais. Usar uma metodologia vai te ajudar a chegar
mais rápido ao teu objetivo.
“Ah Bruno, mas eu não consigo aprender teoria. ”
Se pudéssemos voltar 10 anos no passado eu te
responderia “Então somos dois. ”
Eu tinha uma dificuldade extrema para aprender
teoria musical e aplicar na guitarra, mas depois de
insistir muito conseguir entender a lógica da música,
e observando esse caminho todo que eu percorri,
percebi que algumas coisas poderiam ser explicadas
de forma muito mais simples, além dos erros que eu
cometi e que vou compartilhar contigo para que você
não caia nessas armadilhas.

23
MÓDULO 1 - TÉCNICA
“Ah, mas eu não gosto de teoria, porque eu preciso
aprender então? ”
Bem, na verdade você não precisa, como te disse, você
pode aprender de ouvido. Mas imagina que você precisa
explicar para outro músico como tocar aquela música
que você gosta? Ou o contrário, alguém vai te explicar
como tocar aquela música que você tanto gosta? Fica
muito mais simples se você conhecer a terminologia da
música, não é?
Mas fica comigo que no próximo capítulo vou te dizer
como esse material está organizado para que você possa
aproveitar o máximo dele.

TOCANDO DE OUVIDO
Bem, essa é uma dica pessoal que compartilho quando
você quiser tirar uma música de ouvido (quando não
encontrar a tablatura dela na internet).
Primeiro você vai “descobrir” os “acordes” usando
Power Chords.
Power Chords são acordes que você toca sem tocar
todas as notas do acorde. Vou falar melhor sobre na parte
de teoria, mas falando de forma resumida aqui, você
vai usar o Power Chord ao longo do braço procurando a
sonoridade da sua música.
Se a música que você quer tocar é rápida, um rock ou
um groove, reproduza a música numa velocidade menor.

24
MÓDULO 1 - TÉCNICA
Como você pode fazer isso?
Bem, se sua música estiver no YouTube, você pode
ajustar a velocidade de reprodução naquele ícone da
engrenagem.
Se sua música está no seu computador e você está
reproduzindo ela no Windows Media Player, também há
a possibilidade de diminuir a velocidade de reprodução.
Outros players ou apps possuem essas funções, é só
procurar com calma.

25
MÓDULO 1 - TÉCNICA
PALHETADA
Esse assunto é extenso, bem extenso. Existe palhetada
para baixo, palhetada alternada, palhetada com salto de
corda, palhetada sweep, palhetada híbrida, e cada uma
é um mundo de possibilidades.
Primeiro como já disse anteriormente, a forma de
segurar a palheta é uma coisa bem pessoal, a medida
que você for evoluindo vai vendo qual a melhor forma
para você de segurar a palheta de forma que você tenha
firmeza e ao mesmo tempo leveza na palhetada.
Uma dica que aprendi com o tempo foi a de curvar a
palheta e palhetar na diagonal, para dentro da guitarra
no espaço entre as cordas.

26
MÓDULO 1 - TÉCNICA
É importante frisar que nenhuma sugestão que dou é a
verdade absoluta, eu mesmo muitas vezes palheto de forma
diferente, depende da música que estou executando.
Então, faça como Bruce Lee disse na icônica entrevista
dele “Seja a água meu amigo”.
Não quero dar spoiler, assista:

https://www.youtube.com/
watch?v=VEGTk1qGnRg&feature=youtu.be&t=15m38s

Bem, qual a vantagem de palhetar para dentro? Porque


dessa forma não tem como acidentalmente acertar a outra
corda. Inclusive, eu também costumo palhetar de forma
circular, e essa dica também funciona dessa forma.
Mas pode ser também que para você palhetar para
fora, na diagonal para cima e fora das cordas seja mais
confortável, Mollie Tuttle, uma excelente musicista de
bluegrass palheta para fora.
Para a palhetada alternada e com salto de cordas, eu
costumo fazer uma combinação das duas.
Por isso, nunca se prenda a só uma forma de fazer
as coisas, de executar o que você precisa tocar, procure
o que é mais confortável, mas também procure sair da
zona de conforto.
A palhetada híbrida combina a palhetada com
dedilhado. Você pode usar mais 2 ou 3 dedos. Eu uso
mais 2 dedos mas em algumas músicas eu uso os 3,
lembre do Bruce Lee. ; )

27
MÓDULO 1 - TÉCNICA
A palhetada sweep aproveita o movimento para
baixo e para cima da palhetada, de modo que você vai
palhetando todas as cordas em sequência. A técnica
dessa palhetada é ir palhetando e abafando com a mão
direita as cordas acima e a esquerda as cordas abaixo.
Eu tenho uma certa cautela no uso dessa técnica.
Yngwie Malmsteen usa bastante e eu gosto muito do som
dele, mas para o tipo de música que eu gosto de tocar e
compor, acho um exagero. Uso com muita restrição essa
técnica, no entanto é apenas a minha preferência.
Alguns exercícios para você treinar suas palhetadas
abaixo. Apesar de algumas pessoas desistirem quando
vêem esses exercícios, eu costumo lembrar que eles são
bem mais difíceis do que uma música difícil por uma
razão muito boa. Imagina que você vai entrar numa
competição, para você ganhar você deve treinar acima
do nível exigido. Se for para correr 10km, treine 20km,
isso vai te trazer segurança, confiança e resistência.
Mas seja versátil, treine uma música difícil também,
depois de executar o exercício, ela vai parecer bem mais fácil.

DIGITAÇÃO
A digitação pode ser feita com uma das mãos, ou as
duas. Não tem palhetada aqui.
A ideia aqui é digitar e tocar produzindo duas notas.
Dessa forma você pode combinar as notas na vertical

28
MÓDULO 1 - TÉCNICA
do braço. Aqui também precisa abafar, o que intimida
um pouco, mas te digo, nunca se intimide com algo que
parece difícil. Tudo é uma questão de treino, prática.
Vão alguns exercícios para treino de digitações
variadas, com 3 notas, 4 notas, 5 e por aí vai.

29
MÓDULO 1 - TÉCNICA
HARMÔNICOS
Os sons dos harmônicos são bem distintos. São agudos
mais suaves. Se você estiver usando uma distorção eles
soam mais estridentes. Isso porque a vibração das cordas
é diferente de quando você simplesmente toca a corda.
O harmônico da metade da corda vibra em forma um 8,
e na 3 parte ela oscila em 3 partes.
Para produzir um harmônico, você deve deixar sem
pressionar o dedo da mão esquerda na interseção da
oscilação da corda.
Existem os harmônicos artificiais, ou de palheta, que
é quando você palheta e logo encosta o dedão no ponto
do harmônico, num só movimento para baixo.

30
MÓDULO 2
TEORIA
MÓDULO 2- TEORIA
O BRAÇO
As guitarras podem
braços com escalas de 22
a 24 trastes ou até mais
dependendo do fabricante
ou modelo do instrumento.
Mas como você que não
tem nenhum conhecimento
prévio de guitarra, violão
ou música deve usar esses todos esses trastes? É o que
eu vou explicar agora.
Antes, quero te dizer uma coisa para evitar confusões
no futuro. “Trastes” são essas peças de metal fincadas ao
longo do braço, que servem tanto para separar as posições
a serem tocadas ao longo do braço, para que você sempre
toque a mesma nota (no braço fretless, ou seja, sem
trastes, dificilmente você vai tocar exatamente no mesmo
lugar) como também servem de apoio para prender a
corda naquela posição. O espaço entre os trastes são
chamados de “casas”, porém você vai encontrar pessoas e
terminologias que chamam essas “casas” de “trastes”, ou
seja, dá no mesmo.

Cada casa corresponde a uma nota, ½ tom, e aí eu já


vou me adiantando se seu pensamento é “Ué, pensei que
só existissem 7 notas, Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si”, e você está
certo, no entanto após o “Si” a escala se repete Dó-Ré-Mi-
Fá-Sol-Lá-Si, ou C-D-E-F-G-A-B no sistema americano de

32
MÓDULO 2 - TEORIA
notação musical. Vamos usar esse sistema para facilitar o
aprendizado ok?
Bem, já sabemos que na escala que acabamos de
citar (C-D-E-F-G-A-B), conhecida como escala natural, ou
simplesmente escala de Dó maior, depois da nota B(Si)
teremos novamente o C(Dó) e assim por diante, então ao
longo do braço, essa 7 notas vão se repetir várias e várias
vezes. Você vai encontrar várias notas “C” em diferentes
tonalidades, quanto mais abaixo no braço, mais aguda
ela vai soar. Chamamos isso de oitavas, porque a primeira
nota da escala vai se repetir na oitava nota, então quando
você ouvir o termo “uma oitava acima” ou “uma oitava
abaixo”, significa que temos a mesma nota oito tons acima
ou abaixo.
Além disso, entre essas notas nós temos os chamados
Semitons. O que é isso?
Bem, nesse momento, em especial você que tem
conhecimento zero de música, tenha bastante calma.
Para te explicar o que são semitons, preciso que você
entenda o que são os tons. Na escala da C (escala de Dó),
também conhecida como Escala Natural, da nota C para a
nota D temos 1 tom.
Entre essas duas notas, temos uma outra nota, o C#(Dó
sustenido) ou Db(Ré bemol). Para o nosso aprendizado, essa
duas notas são a mesma nota, na guitarra o sustenido (#) e o
(b) são a mesma nota, isso só varia em instrumentos fretless, que
não e o nosso caso. Então, se do C para o D temos 1 tom, do C
para o C#/Db temos ½ tom, e do C#/Db para D temos ½ tom.
Ok, mas até aí tudo faz sentido, se de C para D temos

33
MÓDULO 2- TEORIA
1 tom e dessa notas para os sustenidos ou bemóis entre
elas temos ½ tom, então porque tanto alarde sobre isso?
Bem, é que a música não é uma ciência exata.
Os trastes no braço da guitarra ajudam a “compartimentar
as frequências” para que as mesmas notas soem sempre
as mesmas, mas da mesma forma que a conta 100÷3
nunca fecha, sempre sobra 0.1, o cálculo para definir
as frequências das 7 notas cria o que chamamos de
“ACIDENTES”, que abordaremos no capítulo de escalas.
Da nota C para D temos 1 tom, em seguida temos de
D para E temos mais 1 tom, porém de E para F nós NÃO
TEMOS 1 TOM, e sim ½ TOM. É isso mesmo, de E para F
nós temos ½ tom. Em seguida temos de F para G, 1 tom.
Prosseguindo, de G para A temos 1 tom, e de A para B
temos 1 tom, e de B para C temos ½ tom.

Então, na escala de C maior, a escala natural, temos os


seguintes intervalos tonais

34
MÓDULO 2 - TEORIA

C(1 Tom)D(1 Tom)E(½ Tom)F(1 Tom)G(1 Tom)A(1 Tom)B(½ Tom)C


Nos próximo capítulo falo de escalas com mais detalhes.

ESCALAS
Escalas podem ser definidas como sequência de notas
ou sequência de intervalos.
Aqui nós vamos sempre mostrar as notas das escalas,
mas preferimos nos focar nos intervalos pois isso é o que
define o tipo de escala, e são muitos os tipos.
Vamos usar a escala natural novamente como exemplo:

C(1 Tom)D(1 Tom)E(½ Tom)F(1 Tom)G(1 Tom) A(1 Tom)B(½ Tom)C


A escala de C maior, assim como todas as escalas
maiores são formadas por sequência de intervalos:

T – T – T
⁄2 – T – T – T – T⁄2
(T= 1 tom ; T
⁄2 = ½ tom ou semitom)
Mas e a escala de C menor? Bem, as escalas menores
tem uma sequência diferente de intervalos:

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MÓDULO 2- TEORIA
T – ⁄2 –
T
T – T – T⁄2 – T – T

Então, como fica a escala de C menor?

C(1 Tom)D(½ Tom)Eb(1 Tom)F(1 Tom)G(½ Tom)Ab Bb C


(1 Tom) (1 Tom)

Então dependendo do tom da escala (que no nosso


exemplo foi a nota C) a sequência de acordes varia de
acordo com a sequência de intervalos.
Para ilustrar ainda mais e ficar ainda mais claro, vamos
pegar a escala de A maior como exemplo:

A(1 Tom)B(1 Tom)C#(½ Tom)D(1 Tom)E(1 Tom)C#(1 Tom)G# A


(½ Tom)

Percebeu que a sequência de intervalos é a mesma da


escala natural? Porém a sequência de notas tem 3 acidentes.
Por isso foque na sequência de intervalos, com isso você
pode montar qualquer escala em qualquer tonalidade.

36
MÓDULO 2 - TEORIA
FORMAÇÃO DE ACORDES - TRÍADES
Tríades são combinações de 3 notas para formar os
acordes, aquelas cifras que você já deve ter acessado no
cifra club.
Estamos falando da combinação Tônica(T), Terça(3ª) e
Quinta(5ª).
É simples, vamos usar como exemplo a escala natural.

C D E F G A B C
T 3ª 5ª

Se pegarmos a nota C como tônica e a partir dela


contarmos 3 notas, teremos a 3ª e 3 notas a partir da 3ª
(ou 5 notas a partir da Tônica) temos a 5ª, e assim temos
uma tríade, temos o acorde de C Maior.
No entanto, existem variações de tríades que ocorrem
devido aos acidentes musicais que citei no capítulo do braço
da guitarra, quando estamos usando escalas diferentes
para formar os acordes.
Essas variações fazem com que a 3ª ou a 5ª ou as duas
sejam notas bemol ou sustenido, e fazem como que nós
tenhamos 4 tipos de tríades.

37
MÓDULO 2- TEORIA

TRÍADE MAIOR, TRÍADE MENOR


TRÍADE AUMENTADA E TRÍADE DIMINUTA
Elas derivam das suas respectivas escalas, Maior, Menor,
Aumentada e Diminuta.
Vamos pegar como exemplos essas 4 respectivas escalas
em C e vamos ver quais são as suas tríades:

C D E F G A B C
C D Eb F G Ab Bb C
C D# E G Ab B C
C Db D# E F# G# Bb C

38
MÓDULO 2 - TEORIA
Agora é só encontrar as 3 notas no braço da guitarra e
formar o acorde, vamos formar alguns acorde de C maior:

39
MÓDULO 2- TEORIA
No exemplo, temos a 3 formas diferentes de formar o
acorde de C maior (representadas em 3 cores diferentes),
usando a tríade maior, e se você procurar vai achar outras.
Um detalhe que quero chamar a atenção é no primeiro
acorde. Se você procurar em qualquer site, revista ou livro
de violão ou guitarra, vai descobrir que no acorde de C maior
você deve pressionar também a 5ª corda na 1ª casa, que é
a nota C (indicada na seta), e também pode tocar a 6ª corda
solta, que é a nota E. Isso porque essa notas são repetidas
então não há problema. Se fossem notas diferentes que
não fazem parte da tríade, elas não poderiam ser tocadas,
caso contrário teríamos uma dissonância.

CAMPO HARMÔNICO
Campo harmônico é a melhor coisa que você como
músico, hobbista ou aspirante a profissional, pode querer
na sua vida.
É um conjunto de acordes dentro de uma escala que vão
sempre soar harmônicos. Ou seja, se você quer compor
uma música, é só escolher a escala desejada e procurar o
campo harmônico dessa escala, daí você vai ter a carta de
acordes prontinha pra usar.
Ou se você quer aprender uma música e não sabe
os acorde, é só descobrir em que tom ela se encontra e
procurar o seu campo harmônico.
E como saber o campo harmônico de uma escala?

40
MÓDULO 2 - TEORIA
Simples, vamos usar o conceito de tríades para descobrir
cada acorde de uma escala. Mais uma vez, tomemos a
escala de C maior. Partindo da primeira nota, o C, temos E
como a 3ª e G como a 5ª. Acorde de C maior:

C D E F G A B C
até aí, nenhuma novidade, mas em seguida vamos
repetir o mesmo procedimento com o D, daí teremos a
tônica D, F como 3ª e A como a 5ª:

C D E F G A B C
e então teremos o acorde de Dm.

Porque D, F, A formam o acorde de Dm? Pode ser uma

!
pergunta boba, mas muita gente demorar a cair a
ficha, então já adianto. Se você tomar a escala de D
menor, pegar a primeira nota como tônica T, a 3ª será
o F e a 5ª o A.

seguindo a lógica:

C D E F G A B C
agora temos temos o acorde de Em.

Antes que você se pergunte o que acontece quando a


tônica é a nota G e 5ª ultrapassou as 7 notas, lembre-se

41
MÓDULO 2- TEORIA
que as notas das escalas se repetem infinitamete, então
quando a T for G, a 3ª vai ser C a 5ª vai ser a nota D e
formamos o acorde de G maior.
Bem, para a escala de C maior, ficamos com o seguinte
campo harmônico de acordes:

C Dm Em F G Am Bm(b5)
O assunto de acorde é bastante extenso e pode ficar
bem complexo. Reservamos esse assunto para um próximo
módulo, mais avançado para abordar com bastante cuidado
e de forma que seja simples de entender.

COMO USAR A INTUIÇÃO NA GUITARRA?


A música existe para nos despertar sensações, essa é
a sua finalidade. Ela pode nos fazer sorrir, chorar, dançar,
gritar, inspirar, refletir, recordar, e tudo isso no seu início
lá na Grécia Antiga, e muito antes em outras partes do
mundo, foi feito de forma intuitiva.
Foi através da intuição que Platão e Pitágoras deram os
primeiros passos na estruturação do sistema musical que
usamos hoje, buscando sons agradáveis aos ouvidos.
Claro que sons harmônicos fazem mais sentidos que sons
dissonantes, para isso existe o campo harmônico, porém
a dissonância existe, é real, e não podemos ignorá-la.
Música é uma forma de expressão, então dependendo

42
MÓDULO 2 - TEORIA
do que você quer expressar, harmonia e dissonância são
ambos campos de estudo e experiência.
Se você quiser se aventurar na composição, profissional
ou amadora, ou se apenas quer brincar com os sons, use
a intuição para criar sequências musicais novas, arrisque
algo novo, a música é infinita, sempre vai haver algo novo
que desperta uma sensação nova.
Comece com duas notas quaisquer, perceba que
sensação ela te traz. Ela te desperta paz ou tensão? Alegria
ou tristeza? Como você se sente?
Depois arrisque 3 notas, 4 notas, 5, 6, e assim por diante.
Você pode até usar esse experimento como exercício de
aquecimento. O importante aqui é sempre se divertir.
Para que tudo seja bem aproveitado, recomendo
também que você anote seus estudos. Quais sequências
você gostou mais, que sentimentos elas te despertaram. Isso
é um excelente exercício para explorar a sua musicalidade
e como se expressar através do instrumento.

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MÓDULO 2- TEORIA
COMO CRIAR SEU ESTILO PRÓPRIO?
O som da guitarra de Jeff Beck é inconfundível, ele criou
um estilo próprio usando a alavanca e o knob de volume
da guitarra.
A música neoclássica ultra veloz de Yngwie Malmsteen
faz com que sua música seja reconhecida a quilômetros de
distância.
Podemos citar aqui tantos outros como Eric Johnson,
Paul Gilbert, Marty Friedman, Kiko Loureiro, e não vamos
esquecer o grande Jimi Hendrix.
Claro, estou citando aqui os melhores dos melhores,
mas tem umas pequenas coisas que você pode fazer
quando estiver tocando que vão dar um toque especial na
sua sonoridade.
Você pode experimentar essas sacadas quando estiver
estudando ou quando estiver tocando uma música do seu
artista favorito.
Procure variar a forma de tocar as notas, varie os
exercícios ou toque ligeiramente diferentes suas músicas.
Ao invés de tocar uma nota de forma seca, procure puxar
a nota com um slide, faça um ligato com a mão esquerda,
toque a nota abafando a corda com a mão direita. Existem
inúmeras coisas que você pode fazer que dão um destaque
na sua sonoridade.
No Treinamento Guitarra Intuitiva eu ensino várias formas
de criar esses destaques na sua música. Entretanto, o músico
tem a liberdade de desenvolver suas próprias nuances, só é
preciso ter coragem de arriscar!

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MÓDULO 2 - TEORIA
ESSA É TODA A TEORIA QUE EU PRECISO SABER?
Depende do quanto você quer aprender. Para iniciar, ou
o iniciante progredir para um próximo nível, esse conteúdo
teórico é mais que suficiente. Nosso intuito é incentivar o
aprendizado da guitarra e não desencorajar os iniciantes.
É claro que existe muito mais teoria. Existem os mais
vairados tipos de escalas que você possa imaginar, existem
as tétrades, os acorde complexo, acordes com 9ª, modos
gregos, e isso só para começar.
Mas nesse caso eu volto àquela perguntar inicial, é
preciso saber tudo isso pra tocar guitarra?
E quando ao James Hetfield do Metallica que ganhou
milhões sem saber teoria? Ele aprendeu tudo pelo feeling.
No nosso treinamento online nos abordamos mais
detalhadamente essa parte teorica através da metodologia
Guitarra Intuitiva.
Então fiquem ligados, estamos preparando algo especial,
de fácil aprendizado e que desperte mais e mais o seu
desejo de aprender música!

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