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Se eu disser que tirar músicas de ouvido foi uma habilidade fácil e natural para minha

carreira musical, estaria mentindo feio. Comecei a tocar em 2002, e boa parte do
aprendizado vinha do que os amigos ensinavam ou das tablaturas que eu imprimia na
Lan House ou revistas especializadas. Anos depois, após ter acesso em casa, a
“muleta” estava aumentando: utilizei muito o Guitar Pro em meu aprendizado.

Mas sempre se repetiam os mesmos problemas:


ou eu não encontrava material para aquela música
que eu queria tocar muito, ou precisava buscar
umas 3 ou 4 versões diferentes das tablaturas,
pois boa parte delas tinham erros ou estavam
incompletas. Aí me restava ou desistir de aprender
aquela música ou improvisar algo que encaixasse
bem naquela parte.

Apesar de tudo, estava me desenvolvendo bem


até então, mas chegou em um ponto que minha
evolução congelou. Creio que foi em 2012 que
comecei a fazer aulas particulares de guitarra.
Explorar novos conceitos e estilos abriu muito minha
mente, mas “os ouvidos” propriamente ditos... ainda
não muito.

A virada do jogo ocorreu quando eu me aventurei


em aulas de canto. Até hoje, não sou algo que possa se chamar de cantor, mas meu
Ouvido Musical evoluiu 200%! E naturalmente, isto se refletiu no meu aprendizado com
as cordas! O problema da forma que aprendemos violão e guitarra é o excesso de
recursos visuais utilizados no aprendizado. Isto pode ser comprovado de várias
formas:

 Excesso de “tocar e ler”, seja em cifras, tablaturas e até mesmo


partituras. Muitas pessoas desenvolvem o vício de tocar tudo lendo a música,
como se tocassem peças de música clássica em uma orquestra. Felizmente,
como estou a anos envolvido com bandas e apresentações, me afastei deste
problema pela necessidade de movimentação tocando, mas dentro do quarto
durante os primeiros anos
estudando, existiu uma grande tendência para este “vício”;

 Ensino bastante pautado em desenhos de acordes e escalas. Isto é uma


natureza do violão e guitarra, onde uma mesma nota pode aparecer em 3 ou 4
lugares diferentes. Sim, é complexo num primeiro momento, o braço tem uma
infinidade de opções diferentes, o que pode levar muita gente a constantemente
tocar “olhando” para onde suas mãos estão. Aqui, sou obrigado a me incluir
também, mas atualmente
utilizo mais para checar meu desenvolvimento técnico/motor. Olhar não é errado,
o problema é jogar de lado a percepção musical.

Boa parte destes problemas não existe estudando canto. Uma vez que o próprio
corpo humano é o “instrumento musical”, ele também precisa emitir notas musicais,
fazer melodias, etc. Mas nós
não temos cordas, casas e
teclas para achar as notas.
Não existe nenhuma
referência visual real para
cantores se “apoiarem” nas
notas musicais, o que os
força a usarem as
referências sonoras, e
inevitavelmente
desenvolvem o Ouvido
Musical.

Podem ficar tranqüilos


(as) que este E-Book não transformará ninguém em cantor (a)! 😂 Trarei ao longo
deste livro o que é essencial para um estudante de violão/guitarra evoluir
significativamente no Ouvido Musical. Muito vem de minhas próprias experiências de
anos estudando, e também de exercícios que aplico com meus alunos e dão
resultados.

Seja bem-vindo (a) e prepare-se para ser Ninja no Ouvido Musical!


Vini Ambrose é músico desde os 12 anos, começando
pelo violão, motivado pelo desejo de ter uma banda de
rock. Após o violão, teve experiências também com o
baixo e finalmente conheceu a guitarra, seu
instrumento principal. Entre 2009 e 2014, fez vários
shows por Itu/SP ao lado de bandas covers como
Slipper, Mainstream, Curva Reta e Rock Inc.

Entre 2015 e 2017, se distanciou dos palcos e começou


a desenvolver suas novas habilidades, dentre elas cantar,
compor e gravar materiais de áudio/vídeo. Neste período também
desenvolveu seu método de Ensino e começou a dar aulas de violão/guitarra, além de
produzir vídeos para amantes das seis cordas e também pessoas interessadas em
aprender sobre o instrumento.

O método de ensino abrange vários tópicos relacionados à música, atendendo alunos


de todas as idades, desde os que nunca tiveram um contato com o instrumento
desejado, como aqueles que já tocam, mas desejam alcançar seu próximo nível. Temas
como rítmica, fraseado, repertório, técnica, feeling, teoria musical e improvisação são
abordados na aulas, assim como dicas para gravações e shows.

No início de 2018, começou a integrar na Banda Arkage, que possui um repertório


que faz homenagem ao movimento grunge (e a bandas posteriores ao movimento)
Paralelamente à banda e as aulas, pretende lançar um novo projeto solo fazendo música
instrumental.
Antes de saber o “como”, é importante também saber o “porquê” de começar a
deixar seu Ouvido Musical mais “afiado”. Os benefícios para sua musicalidade são
vários, dentre eles:

 Melhora o seu aprendizado no geral, aumentando tanto a qualidade quanto


a velocidade, afinal será mais fácil encaixar tudo corretamente dentro das
músicas;

 Permite poder avaliar melhor o que você aprende através das cifras,
tablaturas e até partituras, uma vez que sua Percepção Musical vai te ajudar
a identificar se as notas “lidas” realmente fazem parte da música;

 Permite que você comece a aprender músicas inteiras sem “ler” uma nota
sequer. Atualmente, para músicas relativamente simples, sem muitas
dificuldades de execução, costumo levar de 20 a 30 minutos para aprendê-la
completamente. Não quero mostrar que sou o “bonzão” nem colocar
parâmetros que agora podem parecer altos para o seu nível atual, mas quero
mostrar que é possível você chegar neste nível também caso se comprometa a
treinar a sua percepção!

 Permite transpor trechos tocados por outros instrumentos para o seu, como
piano, teclado, baixo, sax, flauta, violino e até vocais. Tudo na música gira em
torno de 3 elementos: melodia, harmonia e ritmo. Conseguindo percebê-los
independente de que instrumento esteja sendo tocado, é possível que você
também toque no seu instrumento!

 Melhora o seu aprendizado de teoria musical. Este assunto pode parecer


chato para muitos estudantes (eu já fui um deles), mas a teoria passa a ficar
muito mais interessante quando conseguimos associar o que está escrito no
papel com o que conseguimos ouvir e perceber. E é mais legal ainda quando
você consegue trazer alguns destes conceitos de teoria nas músicas que você
adora ouvir!

E este último ponto pode não ser um benefício direto para você, mas pode servir
como um motivacional: Os grandes nomes do violão e guitarra mundial em boa parte
não tinham os recursos tecnológicos de hoje, como o acesso a informação. Portanto,
eles obrigatoriamente desenvolveram sua musicalidade utilizando o Ouvido Musical
como guia. Não significa que se tornaram músicos perfeitos, até porque não existe
perfeição na arte e a opinião varia muito de quem ouve, mas conseguiram se tornar
grandes com poucos recursos. Você também pode!
Ler este livro por si só no máximo vai agregar alguns conhecimentos novos, mas não
vai aperfeiçoar seu Ouvido Musical de fato! Portanto, nas 5 formas haverão alguns
exercícios para treinar!

Antes de prosseguir a leitura, tenho algumas recomendações para os futuros


exercícios:

 Escolha 3 músicas! Dê preferência à músicas que goste muito e já conheça a um


bom tempo. Isto vai ajudar a deixar os exercícios mais divertidos! Pontos extras
para músicas
que não saiba
tocar ainda!
 Separe papel e
caneta! Seria
interessante
anotar o que for
descobrindo a
cada exercício,
sem contar que
escrever “à mão”
foi comprovado
cientificamente
que ajuda na
memorização
do estudo. Sugestão para separar as anotações: “Música 1 – Exercício 1,
Exercício 2, Exercício 3...” no total serão 6 exercícios para cada música!
 Use os melhores fones de ouvido ou caixas de sons que estiverem ao seu
alcance! Falantes de celulares, tablets e notebooks até reproduzem a música,
mas algumas freqüências sonoras acabam não “aparecendo” devido as limitações
destes falantes.
 Pausar a leitura para realizar os exercícios pode ser mais interessante do que
fazer a leitura total do livro e depois voltar para os exercícios. Desta forma, o
conteúdo é melhor consumido, pois evitará excesso de informações e também
garante que o conteúdo já possa ser aplicado!
Antes de analisar a atuação do violão ou da guitarra isoladamente, é importante
analisar a música como um todo! Existem alguns instrumentos que aparecem de
forma mais discreta, já outros podem se mostrar mais presentes na música.

Aqui, não existe um padrão e varia de acordo com o artista, o estilo musical, o
produtor musical, etc. Tem algumas músicas que a guitarra está mais alta do que os
teclados, já outras o teclado é mais presente do que as guitarras, tem música que tem
piano, tem música que tem cajon, tem música que é só uma voz e um violão.

E como um material além da leitura, deixarei um vídeo mostrando os sons de diversos


instrumentos musicais. Alguns deles, você pode já conhecer, outros podem ser
novidades. Não caberia aqui mostrar todos os instrumentos do mundo, mas aqui já
podemos ouvir uma boa quantidade! Clique ou toque no link abaixo para abrir o vídeo:

Link: https://www.youtube.com/watch?v=LqM79RsWJLU
Não podemos falar do som dos instrumentos musicais sem deixar de falar das
freqüências sonoras. Elas são classificadas principalmente em três classes: Graves,
Médios e Agudos. O timbre natural de cada instrumento terá suas próprias
características.

O Bumbo da bateria e o contrabaixo, por exemplo, possuem as freqüências graves


mais predominantes em seus sons, já as guitarras e vozes normalmente são mais
presentes nos médios e os pratos da bateria vão mais para o lado dos agudos.

Por mais que exista uma região sonora “principal” em cada instrumento, isto não
significa que seu som tenha um pouco de outras freqüências. Os violões com som
elétricos,os amplificadores de guitarra e as mesas de som possuem controles individuais
para controlar cada freqüência. O nome destes controles são equalizadores e através
deles é possível adicionar um pouco de freqüências em falta no instrumento ou retirar
um pouco das que estão sobrando.

Para descobrir melhor que tipo de som as freqüências musicais possuem, sugiro dar
uma ouvida no vídeo abaixo. Mas com alguns cuidados! Por natureza, as freqüências
mais graves (conhecidas também por freqüências baixas) possuem menos volume que
as mais agudas (as freqüências altas), que por sua vez podem soar exageradamente
altas. Nem todos os fones de ouvido e falantes conseguem produzir todas as
freqüências, especialmente as que mais extremas (começo dos graves e fim dos
agudos). Antes de colocar o vídeo para assistir, cuidado com o exagero de volume!

Pode prejudicar tanto os fones


quanto a sua própria audição, e se você ficar surdo o resto deste livro não fará muito
sentido! 😂 Portanto, se possível quando chegarem as freqüências agudas, diminua um
pouco o volume! Considerações à parte, clique ou toque no link abaixo e descubra!

Link: https://www.youtube.com/watch?v=-bjvZDhScbs
Abaixo, vou listar alguns instrumentos musicais que são mais comuns para
determinados estilos musicais, mas não significa que seja um padrão. Afinal, a música
em geral não é uma coisa padronizada e artistas podem trazer instrumentos inusitados
para o estilo ou até elementos de outros estilos. Exceções à parte, vamos lá!

Rock: Guitarra, Baixo, Bateria, Violão Aço/Folk, Teclados

Pop: Violão Aço/Folk, Baixo, Bateria, Guitarra, Teclado, Piano, Instrumentos Percussivos
(como a meia-lua), Ukulele

Sertanejo: Violão, Baixo, Bateria, Acordeon (Sanfona), Viola, Guitarra

Pagode: Cavaquinho, Violão Nylon/Clássico, Baixo, Instrumentos Percussivos em geral


(Pandeiro, Tambores, dentre outros)

MPB / Bossa Nova: Violão Nylon/Clássico, Piano, Baixo (Acústico/Elétrico)

Blues: Violão Aço/Folk, Guitarra, Baixo, Bateria, Dobro

Jazz: Guitarra Semi-acústica/Acústica, Baixo, Piano, Bateria

Música Clássica/ Orquestra: Violino, Violoncelo, Instrumentos de sopro (Sax,


Trompete, Trombone, Flauta), Harpa, Piano, Orgão

Ressaltando mais uma vez, são apenas alguns instrumentos comuns para os estilos.
No Rock por exemplo, há tantas subdivisões (como o Pop, Alternativo, Punk,
Hardcore, Blues, Fusion, Metal – este último com mais uma variedade de divisões) que
seria difícil ter uma formação ideal para servir a todos os estilos. Tem grupo que faz arte
com o trio Guitarra, Baixo, Bateria, tem grupo que possui 2 ou 3 guitarristas, tem grupo
que tem tecladista, tem grupo que tem DJ,
tem grupo que faz música pesada com violoncelos... enfim, arte é experimentar coisas
diferentes e trazer o que for bom não importa de onde (ou qual estilo) venha!
Agora chegou a hora de ouvir as músicas que você escolheu! Uma música por vez, se
possível escute umas 2 ou 3 vezes para captar os detalhes! Analise os detalhes abaixo
e se possível faça suas anotações:

 Em um primeiro momento, quais são os instrumentos musicais que consegue


ouvir na música?
 Consegue ouvir bem os violões e guitarras desta música?
 Há mais de um violão ou guitarra nesta música? Se sim, eles estão tocando a
mesma coisa, ou cada um está tocando uma coisa diferente?
 Consegue ouvir com boa definição o que o seu instrumento está tocando?
Consegue ouvir nota por nota (mesmo sem saber que notas são por enquanto) ou
há algum outro instrumento que está “embolando” o som do seu?
 Consegue ouvir bem o som do Baixo? Não é raro o caso de pessoas mais leigas
de música que não conseguem identificar o som do baixo nas músicas, e acabam
achando que é “só uma guitarra de 4 cordas”;
 Consegue ouvir bem as partes da bateria, como o bumbo, caixa, chimbal, pratos
e tons?
 Existem algum (ou alguns) instrumento que aparece mais “de fundo” na música,
como teclados, piano ou alguma percussão?
 Que instrumentos são tocados durante a música toda e quais instrumentos
aparecem em momentos específicos?

Neste primeiro momento, nem sequer é necessário estar com o seu instrumento em
mãos. Aliás, já compartilharei agora um problema que tive bastante quando comecei a
me aventurar a tirar músicas de ouvido: Na hora de ouvir com atenção aos detalhes, eu
sentia uma certa “coceira” de querer tocar junto com a música. Esta ansiedade de
querer já sair ouvindo e tocando é bem prejudicial para aprender as músicas. Para
treinar o Ouvido Musical, em primeiro lugar é necessário ouvir!

Importante dizer também que distrações como o Whatsapp e Redes Sociais também
podem prejudicar bastante a sua performance neste exercício! Para descobrir os
detalhes das músicas, é essencial ter foco e concentração no que se está ouvindo.
Inclusive, você pode experimentar também praticar estas primeiras escutas com os
olhos fechados, de forma a evitar possíveis distrações visuais!

Aplique estes detalhes para as 3 músicas, faça suas anotações e vamos dar
continuidade aos estudos!
Dominar bem esta habilidade é essencial para aprender músicas com mais rapidez!
Não é comum o caso de pessoas que querem começar a aprender músicas de Ouvido
para não precisar depender mais de cifras. E já tive casos mais extremos de alunos
que não conseguiam tocar sem ler as cifras, mesmo para músicas que eles já tenham
aprendido anteriormente.

Verdade seja dita, o problema vai além do ouvido propriamente dito, é também uma
questão de memorização, assim como éramos no começo na hora de aprender
acordes. De um dia para o outro, era difícil de lembrar como se fazia um acorde de G...
hahaha... Mas para ambos os problemas, a solução é a mesma: treinar! Conforme mais
se pratica, melhor se memoriza!

É aqui que entra a importância da Estrutura da música, se você sabe que estrutura
esta música tem e como tocar cada parte, acaba sendo até mais fácil do que tocar e ler
ao mesmo tempo!

As músicas mais populares (as que tocaram em rádios ao redor do mundo ao longo
de várias décadas) adotam estruturas para deixar mais agradável e familiar de se ouvir.
Vamos conhecer agora as principais partes da estrutura que compõem uma música:

Introdução: Conhecida também como Intro, como o próprio nome sugere, é o que
inicia a música. Muitas delas, chegam a ser emblemáticas e já faz lembrar do que vem
pela frente!

Versos: Geralmente possuem partes cantadas, mas em alguns pontos podem não
possuir voz e dar mais “espaço “para os instrumentos. Tem músicas que podem ter 2, 3
ou 4 versos ao longo da música. Nas maioria das vezes, as letras dos versos são
diferentes umas das outras. Já a parte instrumental costuma ser mais fixa em sua
estrutura, ocasionalmente entre um verso e outro pode entrar na música algum
instrumento diferente ou alterar algum acorde na sua sequência. Mas na maior parte do
tempo, se você aprender uma vez a tocar os versos, basta repetir a mesma coisa cada
vez que os versos aparecerem na música.

Refrão: a parte mais importante da música. Aqui a estrutura é basicamente igual toda
vez que ele entra em cena. Mesma letra, mesmos acordes... isto
ocorre intencionalmente para o ouvinte memorizar melhor a música, trazendo uma
certa familiaridade. A gente tende a gostar mais do que é familiar do que algo
“estranho”, e a intenção do refrão é justamente esta: conquistar o ouvinte. E não me
refiro somente ao músico, e sim a todos os ouvintes em geral da música! Aqui, mesma
história: aprendeu uma vez como tocar o refrão, basta repetir a mesma coisa em todos
os refrões.

Pré-Refrão: Geralmente são trechos curtos que fazem uma ligação entre os versos
e os refrões. Não aparecem em todas as músicas, várias músicas fazem uma transição
direta para o Refrão

Solos: o momento em que algum instrumento musical se destaca dos demais,


como por exemplo a guitarra, contrabaixo ou piano/teclados. Certas vezes, para alguns
instrumentos ganharem mais destaque, além de seus instrumentos aumentarem um
pouco de volume, outros saem de cena, como os vocais por exemplos. Em alguns casos
mais extremos, como a música Heartbreaker do Led Zeppelin, no solo de guitarra todos
os demais instrumentos param de tocar. Atenção total para o guitarrista!

Ponte: enquanto versos e refrões aparecem várias vezes na música, a ponte


(conhecida também como interlúdio) é uma parte totalmente diferente do restante e
aparece uma única vez. Traz a sensação de que a música está indo para uma direção
totalmente diferente.

Finalização: parte da música que cuida do encerramento dela. Pode ser um simples
acorde sendo tocado uma vez e a nota durando até acabar. Pode ser uma repetição da
Intro, um refrão estendido... não há uma forma padrão para se encerrar uma música.
Também é conhecida como Outro, sendo o oposto da Intro ( “In / Out” em inglês
significa “Dentro / Fora”, o que caberia bem no contexto de início e fim de uma música.).
Inclusive, existe uma outra forma de encerrar uma música que era muito usada nos anos
80: o Fade Out. Desta forma, a banda continua tocando sem interrupções e
gradativamente o volume geral da música vai diminuindo até o som sumir de vez.

Estes são as partes mais comuns nas estruturas das músicas, mas não existe uma
forma padrão! Tem música que já começa no refrão, tem música com mais refrões,
menos refrões, mais versos, menos versos, músicas que preferem fazer uma narrativa
ao invés de se prender a estruturas padrões (como o caso de Faroeste Caboclo, da
Legião Urbana). Tem músicas com mais de um solo de guitarra, músicas com nenhum
solo de guitarra, músicas com várias mudanças na sua estrutura e construção (como o
caso de Bohemian Rhapsody, do Queen). Portanto, é sempre importante ouvir e prestar
atenção nos detalhes! Falando nisto...
Hora de voltar para as suas músicas! Novamente, escute uma música por vez e mais de
uma vez, fazendo suas anotações e prestando atenção agora nos seguintes detalhes:

 Esta música possui uma introdução, ou começa diretamente em algum verso ou


refrão?
 Quantos versos possuem esta música? Algum deles a letra se repete? Há
alguma mudança instrumental entre um e outro?
 Quantos refrões possuem a música? Existe algum tipo de mudança em algum
deles, ou todos são exatamente iguais?
 Existe algum pré-refrão nesta música?
 Existe alguma ponte nesta música? Possui parte cantada neste trecho? A ponte
finaliza e volta para alguma parte mais familiar da música como um verso ou
refrão? Ela começa a desenvolver uma parte totalmente inédita para a música? A
ponte encerra a música?
 Tem algum solo esta música? Mais de um? Qual instrumento é o protagonista
deste solo?
 Como é o encerramento desta música?
 Depois de responder as questões acima, consegue escrever a estrutura
completa da música?
 A estrutura desta música te lembra alguma outra que você conheça. Não precisa
necessariamente ser do mesmo estilo.

Mais uma vez, não é necessário estar com o instrumento por perto. Faça isto com as 3
músicas e no final compare as estruturas das 3. Elas são parecidas ou totalmente
diferentes uma das outras?

Termine suas anotações e vamos para a próxima forma!


A partir deste ponto do livro, vamos começar a abordar os elementos pilares da
construção de uma música. Começando pela melodia, que é uma sequência de notas
musicais. Ou seja, uma nota é tocada após a outra.

As melodias utilizam notas que fazem parte de uma escala musical. Cada nota
desta escala é chamada de grau. A palavra escala vem da palavra escada, e o termo
graus vêm também de degraus. Não é à toa que o termo “sobe e desce de escalas” é
bem popular entre os estudantes de guitarra, visto que boa parte dos exercício no
instrumento envolvem as escalas.

Geralmente as notas mais graves recebem o nome de notas baixas e as mais


agudas o nome de notas altas, e as intermediárias são chamadas de notas médias.

Um dos exemplos mais clássicos de escala musical é o famoso “Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-


Si” que costumamos aprender ainda na infância. Esta trata-se da Escala Maior de C
(Dó), onde o Dó é a nota principal da escala e determina o tom da escala. Mas qualquer
nota musical pode determinar o som, gerando uma Escala Maior para esta nova nota de
referência.

E existem outros tipos de escalas além da Maior. Outra muito utilizada é a Menor
Natural, e várias outras, como as Pentatônicas, Cromáticas, Modos Gregos, Menores
Harmônicas e Melódicas... são tantas opções! Mas a esta altura do campeonato,
excesso de informação não beneficiará seus estudos!

Por hora, vamos focar nas Escalas Maior e Menor Natural, por serem as mais comuns
de encontrarmos nas músicas mais populares. Antes de fazer qualquer aprofundamento
teórico, é interessante ouvir as escalas e descobrir as sensações que elas podem
trazer para a música.

De um lado, temos a Escala Maior, que traz sensações de alegria, felicidade,


leveza.... já no sentido contrário, a Menor Natural já tem um som mais sério, e por
muitas vezes triste/melancólico. E passemos a bola de volta para as melodias!
As melodias aparecem de diversas formas na música. Por exemplo, nos vocais, onde
as sensações de uma melodia / escala podem reforçar a mensagem das letras. E
também encontramos melodias em vários instrumentos, como piano, flauta, sax,
violino... e claro, os solos de guitarra!!! E a escolha apropriada de escalas permite
também transmitir sensações sem a necessidade de uma palavra sequer!

E lá vamos nós ouvir mais um pouco de músicas! Uma por vez, fazendo suas
anotações e se atentando aos seguintes detalhes:

 Quais instrumentos estão tocando melodias na música? (Se a música não for
instrumental, os vocais também contam!)
 Como são as melodias? Rápidas ou lentas? Com muitas ou poucas notas?
 Que sentimentos as melodias desta música trazem? Felicidade, tristeza, raiva,
alegria...
 Tirando as melodias vocais, você conseguiria “cantarolar” alguma das melodias
desta música?

Escute algumas vezes cada música e termine sua anotações. E antes de prosseguir
para a forma 4, temos um exercício complementar!

Agora é possível começar a aplicar um pouco do que aprendemos até agora para a
prática com o seu instrumento! Para uma melhor assimilação, sugiro dar uma olhada
neste vídeo aqui (basta clicar/tocar no link!):

Link: https://www.youtube.com/watch?v=pPLzam7SqYQ
O segredo aqui para aprender a ouvir uma melodia e reproduzi-lá no seu instrumento
é se concentrar em uma nota por vez. Ao invés de tentar tocar a melodia toda, foque a
princípio na primeira nota. Após isto, algumas pessoas conseguem memorizar a nota,
procurar e achá-la diretamente no braço.

Já outras, podem também cantarolar esta nota (tentando igualar a afinação da voz
com a nota da melodia), e em seguida sustentar esta nota da voz até encontrar no seu
instrumento uma nota que se iguale a ela. Eu particularmente faço das 2 formas,
dependendo do dia e da música que estou aprendendo.

Os próximos passos é repetir estes mesmos com a segunda nota, a terceira, a


quarta... ! Depois disto, basta juntar todas as notas e você acabou de tirar uma melodia
sem precisar de nada para ler!

Pode ser que as primeiras tentativas não sejam perfeitas, mas são essenciais para o
seu aprendizado! Lembre-se que o passo 1 vai te levar mais longe do que o passo 0,
depois o passo 2 mais longe que o passo 1... e assim por diante!
Se de um lado, temos as melodias onde as notas são tocadas sequencialmente, na
harmonia as notas se combinam ao mesmo tempo, formando os famosos acordes.
Eles também são derivados de escalas, escolhendo 2, 3 ou 4 notas dela para serem
tocadas simultaneamente. As notas mais usadas geralmente são Tônica (que é a nota
principal do acorde ou escala), Terça (terceira nota contada a partir da Tônica) e
Quinta (contada a partir da Tônica também).

Por exemplo, o acorde de C (Maior) é formado pelas seguintes notas (em negrito):
Dó – Ré – Mi – Fa – Sol – La – Si, tendo como base a Escala Maior. Já se
quiséssemos o acorde Cm (Menor), as notas seriam as seguintes: Dó – Ré – Mib – Fá –
Sol – Lab – Sib, agora sendo originado pela Escala Menor Natural.

E aqui vamos ressaltar que os acordes também possuem sensações assim como a
das Escalas: acordes maiores tendem a ser mais felizes e os menores mais tristes.

Os acordes com 2 notas somente recebem o nome de bicorde ou “Power Chords”


(“Acordes Poderosos”, muito usados na guitarra pelo Rock). Os acordes com 3 notas
são chamados de tríades e os com 4 notas de tétrades.

Os instrumentos mais comuns de tocarem acordes são os de cordas (como o violão,


guitarra, viola, ukulele, cavaquinho e bandolim) e os de teclas (como o piano, teclado e
órgão. Isto se deve ao fato de tais instrumentos permitirem a emissão de várias notas
simultâneas.

Já instrumentos de sopro (flauta, sax, trompete, etc.) de arco (violino, violoncelo,etc.)


e os vocalistas possuem a capacidade de emitir somente uma nota musical por vez,
portanto sozinhos não conseguem se portarem como instrumentos harmônicos. Sendo
assim, eles se encarregam das melodias das músicas.

Os acordes que você já conhece e sabe tocar serão de grande utilidade para tirar
músicas de Ouvido. No início, a nossa maior preocupação com eles é aprender como
fazê-los corretamente, focando bastante na postura da mão. Porém é necessário
também focar na sonoridade deles também. Quanto mais você memorizar o som que
eles produzem, vai ser mais fácil de “encontrá-los” em músicas que você nunca tocou!
Voltando um pouco no assunto das estruturas, algumas músicas possuem a mesma
sequência de acordes ao longo da música toda, sejam nos versos, nos refrões, etc.
Geralmente, somente os vocais mudam ou entram algum instrumento diferente em certo
ponto da música. Já outras músicas, há uma sequência específica de acordes para os
versos, outra para os refrões, outra para a introdução...

Hora de pegar suas anotações, seu fone e ouvir mais um pouco das suas músicas
escolhidas! Espero que goste bastante destas músicas a ponto de não estar enjoado
delas a esta altura do campeonato! Haha Agora, preciso que se atente a estes detalhes
agora:

 Existe algum acorde nesta música que o som lhe seja familiar? Por exemplo,
algo como “este acorde parece o G que eu toco na música X”. Se houver, qual
acorde é?
 Quantos acordes os versos possuem e em que momentos ocorrem as
mudanças? (Pequena observação: uma dificuldade bem comum entre meus
alunos mais iniciantes é a de não fazer as mudanças na hora certa por não
perceberem o momento certo. Portanto, se você passa por este problema, este
tipo de exercício vai te ajudar muito!)
 A sequência de acordes do refrão é diferente da dos versos? Se sim, quantos
acordes têm agora e em que momento que ocorrem as mudanças?
 Existe uma terceira ou quarta sequência de acordes nesta música?
 Com base nos acordes que você já conhece e já sabe tocar, você conseguiria
algum ou todos os acordes de uma destas sequências?

Faça suas anotações, e aproveite para explorar junto com seu instrumento este
exercício. Talvez logo em breve novas músicas já entrem no seu repertório! E
aproveitando que já está com o instrumento...
Para memorizar e perceber melhor o som dos acordes, invista uns 5 ou 10 minutos
tocando eles livremente, mas com mais atenção na sonoridade deles. É interessante
comparar as variações de Maior e Menor de um mesmo acorde. Por exemplo,
comparar o Sol Maior e o Sol Menor, depois fazer isto com o Fá, o Mi, o Dó... se atente
às sensações dos acordes!

Treinando isto diariamente e sempre focando nas sonoridades, em poucas semanas


você terá uma percepção melhor para os acordes e seu cérebro vai criando uma
“biblioteca de dicionários”, facilitando o reconhecimento deles nas músicas que você
ouve e não toca ainda! Conforme for aprendendo
acordes novos, é interessante começar a incluí-
los nestes exercícios.

Pode não parecer, mas você vai se espantar


com a quantidade de músicas que repetem um
mesmo acorde, ou até mesmo uma sequência de
acordes toda. Ás vezes, por que a sequência
(conhecida também como cadência ou
progressão de acordes) é característica de um
estilo, ás vezes por plágio, ás vezes
acidentalmente, o compositor nem sabia que
existia outra música com a mesma sequência...
independente da causa, saiba que é bem comum!
E agora vamos abordar o último, mas não menos importante pilar da música: o ritmo!
É ele que mantém a velocidade e andamento da música “nos trilhos”! Assim como
também determina a duração das notas musicais, seja em melodias ou harmonias!

O primeiro passo para atentar-se em uma música é seu compasso musical. Ele é
uma marcação constante do tempo da música, e ajuda a evitar que ocorram alterações
bruscas na velocidade da música.

Em estilos como Pop, Rock, Sertanejo e Eletrônica, é bem comum de encontrarmos o


compasso conhecido como 4 / 4 (lê-se “quatro por quatro”). Neste compasso, a
pulsação do ritmo se repete constantemente na contagem “1-2-3-4-1-2-3-4-1-2-3-4-1-
2...”, ao longo de toda a música, salvo em algumas exceções onde as músicas mudam o
ritmo propositalmente. Por exemplo, acelerar o final da música para trazer um desfecho
mais “explosivo” ou desacelerar para trazer um efeito contrário.

O andamento/velocidade do compasso é medido por BPMs, sigla para “batidas por


minuto”. Por exemplo, na velocidade de 60 BPMs, em um minuto cabem exatamente 60
batidas (1 por segundo). Já em 120 BPMs, a velocidade é dobrada, cabendo 120 batidas
por minuto (2 por segundo).

Sou obrigado a falar que quando o assunto é ritmo, existe toda uma matemática
envolvida, para a tristeza de quem odeia ou odiava a matéria na escola! Rs Mas não
vamos nos aprofundar tanto nesta parte matemática e focar no que nos será mais útil
por hora!

Uma ferramenta bastante útil nesta área é o metrônomo. Com ele, basta escolher o
compasso e velocidade que ele vai marcando as batidas. Ele ajuda a evitar que o
músico acelerece ou desacelere acidentalmente durante a execução da música. Ele é
muito usado em estúdios e gravações, assim como alguns músicos o utilizam ao vivo
(principalmente bateristas, visto que seu instrumento “nasceu para os ritmos”)

Porém, o metrônomo também pode ser usado na rotina de estudos para


desenvolver uma rítmica melhor! E se você possui um Smartphone, melhor ainda! Há
aplicativos gratuitos para esta função (o que eu gosto de usar é o Metronome Beats).
Outro detalhe importante é sobre a
duração das notas dentro de um
compasso musical. Há notas que
podem ser longas e durar o compasso
todo (seus 4 tempos, no caso do 4 /
4). Também há notas que podem
durar 1 ou 2 tempos do compasso. E
também há notas de durações mais
curtas, como 1 / 2, 1 / 4 ou 1 / 8 do
compasso, por exemplo.

As notas também não precisam


necessariamente ser tocadas “em
cima da batida”. Em alguns casos,
elas se iniciam no contratempo, que
seria o “meio” entre uma batida e
outra do compasso.

E tudo o que a gente abordou sobre o tempo das notas tocadas também podem ser
aplicado às pausas, ou seja, o momento em que o nosso instrumento não toca nada. O
tempo de pausas pode variar entre longos e extra curtos. E as pausas são importantes
para dar um “respiro” à música.

Por fim, saber identificar o ritmo do violão ou da guitarra dentro de uma música é uma
das etapas mais importantes para se desenvolver melhor o seu ritmo tocando, junto com
a coordenação motora / execução das notas. Não tem muito valor ter uma técnica boa e
não saber corretamente por falta de noção do ritmo e vice-versa!
Falando em ritmos, não perca o seu ritmo de estudos com este livro que ele está
chegando na reta final! Agora é hora de analisar o ritmo das músicas escolhidas e
perceber os seguintes detalhes:

 Tente identificar se o compasso é 4 / 4. Para isto, tente “marcar” o tempo


conforme a música estiver tocando. Pode bater palmas, bater o pé no chão,
contar em voz alta... o intuito é sempre lembrar do “1-2-3-4-1-2-3-4-1-2-3-...”
constantes. Se a sua contagem até 4 se “encaixar” na música, o compasso será
de 4 /4.
 Tente agora identificar a duração das notas do seu instrumento. Se por exemplo
for uma levada com acordes, consegue identificar cada “ataque” da levada? As
notas são longas, curtas, se intercalam entre as duas?
 Se for um solo ou riff de guitarra, compare a quantidade de notas tocadas em um
trecho com o compasso da música. As notas são longas, curtas ou se intercalam?
Notas mais longas por si só preenchem mais o compasso, enquanto notas curtas
preenchem menos e possibilitam se
juntar a outras, ocasionalmente criando aqueles solos “cheios de notas”.
 Consegue identificar pausas na música? O seu instrumento faz alguma nesta
música?
 Você consegue identificar o ritmo e reproduzir de forma semelhante no seu
instrumento? Se souber a(s) nota(s), melhor ainda! Mas caso contrário, você pode
abafar as cordas com a mão “do braço do instrumento” e reproduzir as levadas
com a “mão do ritmo”. Dessa forma, é possível treinar as levadas sem emitir nota
musical nenhuma (o nome mais popular desta técnica é “Ghost Notes”, que
significam “Notas Fantasmas”)
Esta parte bônus não influencia diretamente na sua forma de tocar e aprender
música, portanto você até pode pular esta parte (caso deseje, pode pular para a
conclusão deste livro. E ler futuramente esta parte caso deseje). Porém, eu recomendo a
leitura para os seguintes casos:

 Você toca ou pretende tocar em grupos, seja em bandas, grupos de igreja,


sendo músico que acompanha cantores... Enfim, qualquer tipo de atividade onde
você toque com outros músicos;
 Você talvez pretenda futuramente gravar suas próprias músicas de uma forma
mais profissional;
 Nunca se sabe o amanhã, mas quem sabe você não queira futuramente também
atuar como um produtor musical ou técnico de som (eventualmente você como
músico pode ajudar o técnico de som do seu grupo);
 Simplesmente adora ouvir música e descobrir novos detalhes nela.

Esta parte da leitura vai te ajudar a entender melhor como todos os instrumentos “se
comportam” juntos, tanto em gravações quanto em situações ao vivo (bem, pelo menos
como deveria ser na maior parte do tempo...rs).

Cada instrumento em um conjunto possui um volume individual. Estas regulagens de


instrumentos recebem o nome de Mixagem, também conhecida somente como “Mix”,
que lembra justamente “mistura”.

Geralmente há um instrumento principal na música que recebe um pouco mais de


volume que o resto, justamente para se destacar. No caso das musicas cantadas, a voz
é a “protagonista” da música, já em músicas instrumentais algum outro instrumento terá
esta função, podendo ser uma guitarra, baixo, piano, etc.

O equilíbrio entre os volumes é essencial para que a música seja agradável de


ouvir. Qualquer exagero aqui pode estragar a música. Imagine uma bateria muito mais
alta do que a voz, encobrindo-a. Ou então muito mais baixa, com os demais
instrumentos a “encobrindo”.

A relação entre os volumes pode variar por vários fatores. Depende dos instrumentos
que fazem parte da música, do estilo musical, do produtor que trabalhou nela... Haverão
músicas em que o violão vai ter um maior destaque entre outros instrumentos, já em
outras ele será mais discreto para “dar espaço” a um piano, por exemplo.

Inclusive, o volume não é algo estático em uma música, podendo mudar durante a
música. Por exemplo, uma guitarra pode ter um volume médio nas partes cantadas e na
hora de seu solo a guitarra aumentar o volume para ter o destaque neste momento da
música, e depois retornar para seu volume anterior.

Instrumentos podem também entrar ou sair de cena durante uma música para
construir climas diferentes. Por exemplo, em momentos calmos de uma música podem
haver menos instrumentos atuantes e menos volume em geral, para então entrar uma
parte mais “agitada” e além de entrar mais instrumentos, aumentar sutilmente o volume
geral para reforçar a energia da música. Mas como sempre, é necessário ter um bom
senso e evitar exageros que possam estragar a música!

Estes conceitos começaram a ser desenvolvidos a partir da popularização do som


estéreo. Trata-se do “posicionamento” dos instrumentos em uma mixagem,
geralmente divididos em 3 partes: Direito, Esquerdo e Centro. O Centro é quando um
instrumento aparece igualmente dos dois lados de falantes (me refiro tanto a fones de
ouvido quanto sistemas de som), já os outros dois se referem a cada lado específico dos
falantes.

Um instrumento pode estar totalmente posicionado do lado “Direito” ou em proporções


menores. Por exemplo, o som de um violão pode estar saindo 70% do lado Direito e
30% do Lado Esquerdo. (Ah, de novo a matemática...rs)

Existem algumas práticas comuns sobre o posicionamento. Por exemplo, as partes


principais de uma bateria (como a caixa e o bumbo), o vocal principal e o baixo
costumam ficar no “Centro”. Já backings vocals, violões, guitarras, violões e outros
instrumentos podem aparecer com mais freqüência “espalhados” pelos “lados”. Mas
nada é regra na música!
Aqui voltam em cena as frequências sonoras. Elas podem modelar o som de
qualquer instrumento musical, deixando o som deles mais gostoso de se ouvir!

Outro detalhe são os efeitos que podem ser aplicados! Na guitarra, há muitos efeitos
que são bem famosos, como o som do “Wah Wah”, o Chorus, Flanger (que parece o
som de “turbinas de avião”) e Distorção, por exemplo.

Outros efeitos bastantes presentes não só na guitarra, mas nos instrumentos em


geral, são as ambiências, como o Reverb e o Delay. Eles dão uma sensação de
“espaço” a um instrumento, podendo dar a sensação de que o instrumento foi tocado
dentro de um salão ou catedral vazios, por exemplo.

Uma prática comum na produção de músicas é dobrar os instrumentos, como


guitarras ou violões. Por exemplo, é possível gravar uma guitarra com certo timbre e
jogá-la para o lado Esquerdo. Depois, gravar a mesma parte com outros equipamentos e
timbre diferentes, e jogá-la para o lado Direito. Desta forma, os dois timbres se somam e
acaba trazendo um som mais “cheio” para as guitarras.

Ocasionalmente, efeitos fora do comum são colocados nas músicas para trazer uma
surpresa para a mesma. Por exemplo, colocar distorção ou algum outro efeito de
guitarra sobre uma voz. Totalmente fora do convencional, porém totalmente possível e
inclusive algumas músicas já fizeram isto!

Chegaram os últimos exercícios deste livro! Hora de ouvir as suas músicas


escolhidas, mas agora finja que você é um produtor musical! Se atente aos seguintes
detalhes:

 Qual é o instrumento principal desta música?


 Tem mais de um violão nesta música? Se sim, como estão posicionados: Um
na direita e um na esquerda? Ambos estão no Centro?
 Mesmas dúvidas acima, mas aplicadas às guitarras. Em casos mais extremos,
existem músicas com 3 ou 4 guitarras. Quantas possuem nesta música?
 Como estão os volumes do violão e guitarra em relação ao instrumento
principal? Mais alto, mais baixo, muito mais baixo...
 Em algum momento eles passam por algum aumento ou diminuição de volume?

Termine suas anotações e chegou a hora de descansar!


Assim como qualquer outra habilidade dentro da música, desenvolver o Ouvido
Musical requer treino, consistência e persistência para garantir que a evolução
aconteça!

Ao contrário do que muita gente pensa, Ouvido Musical não é um simples talento
que algumas pessoas nascem com ele e quem não nasce nunca vai conseguir. Basta
primeiramente acreditar que é possível e depois se prontificar a treiná-lo
constantemente!

Este desenvolvimento é um processo


contínuo! Assim como tudo que envolve
a música, ao longo das semanas e
meses, os resultados vão cada vez
sendo melhores!

Existem outras formas de treinar o


Ouvido Musical, mas os descritos neste
livro são um ótimo começo e eles
sozinhos já podem trazer grandes
melhoras na percepção. Você pode
aplicar estes exercícios com várias
outras músicas que você queira aprender
Primeiramente, treine por conta própria e
tire suas conclusões. Na dúvida e
indecisão, consulte as cifras e tablaturas,
mas sempre com um ouvido crítico!
Sempre se questione se as notas
escritas você consegue realmente ouvir
dentro da música e se elas se encaixam
perfeitamente!

É importante também que criem suas


escalas de dificuldades! Num primeiro
momento, para quem nunca tenha treinado a Percepção antes, evitem músicas com
solos com milhares de notas ou bases ultra complexas com muitas variações de
acordes.

Pode ser que para tocar certas coisas seus dedos até sejam rápidos, mas a princípio
nem todo mundo terá esta mesma velocidade para ouvir uma nota ou acorde e o cérebro
associar a tal escala ou acorde por exemplo. Conforme os desafios iniciais forem se
tornando mais fáceis, aí sim é possível ir criando alguns degraus de dificuldades novos
para seu treino de Ouvido Musical!

Muito obrigado pela sua leitura até aqui e espero de coração que ele possa ter te
ajudado de alguma forma a ter adquirido novos conhecimentos e desenvolvido um
pouco mais sua musicalidade. Se você conseguiu perceber novos detalhes em músicas
que você talvez escute a anos, minha missão está cumprida!

Sugiro que me siga nestas redes sociais para aprender mais conteúdos sobre guitarra
e violão e também ficar por dentro das novidades!

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responsabilidade exclusiva do autor (Vini Ambrose).

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