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SISTEMA TALÂMICO-HIPOFISÁRIO

Maioria dos hormônios endócrinos é hipófise dependente. Alguns, contudo, não são.

Para funcionar, hipófise deve estar associada ao hipotálamo, por isso sistema hipotalâmico-hipofisário
- Localização: cela turcica do osso esfenóide, na base do crânio, entre o hipotálamo e a hipófise
- Histologicamente, e dividida em
- Neuro-hipófise (hipófise posterior): origem embriológica nervosa (origem no assoalho do hipotálamo,
conectados diretamente pelo infundíbulo)
- Adeno-hipófise (hipófise anterior): origem embriológica glandular epitelial (teto da cavidade bucal cresce e
se desprende)

* Neuro-hipófise não produz hormônios, apenas secreta hormônios produzidos pelos neurônios do hipotálamo
(neurônios cruzam o infundíbulo e chegam a neuro-hipófise, corpo celular no hipotálamo)

NEUROHIPÓFISE
Secreção hormonal
Controle se da por estímulos nervosos que se originam no hipotálamo (onde localizam-se os corpos celulares).
Produzidos por neurônios dos núcleos paraventricular e supraótico do hipotálamo.
Hormônios são transportados por vesículas que atravessam o axônio e por exocitose são liberados, a nível da
neuro-hipófise, de onde seguem para a corrente sanguínea

Arginina Vasopressina (A-VP)


- Antigo “hormônio anti-diurético”
- Peptídeo de 8 aa (cadeia curta) produzido pelos núcleos supraópticos e paraventriculares do hipotálamo
- Produção regulada por estímulos osmóticos e não-osmóticos
- Ação neuroendócrina

1. ESTÍMULOS OSMÓTICOS: alteração da osmolaridade


Osmolaridade = [íons dissolvidos no plasma]
Normal: 260 - 300 mOsM/l

No plasma, osmorreceptores (captam variações da osmolaridade plasmática)

≫ Aumento da osmolaridade plasmática ⟶ desidratação dos osmorreceptores ⟶ geração de um PA ⟶


transmitido aos núcleos supraóptico e paraventricular ⟶ aumento da produção de vasopressina ⟶ cai na
corrente sanguínea ⟶ atinge o ducto coletor do rim, tornando-o permeável a água ⟶ aumento da reabsorção de
agua ⟶ diminuição da osmolaridade plasmática e do volume urinário

≫ Diminuição da osmolaridade plasmática ⟶ osmorreceptor absorve água ⟶ túrgido ⟶ não gera PA ⟶ não há
estimulo dos núcleos supraóptico e paraventricular ⟶ diminuição da produção de vasopressina ⟶ diminuição da
reabsorção de agua no ducto coletor, que volta a ser impermeável ⟶ aumento da osmolaridade e do volume da
urina

Mecanismo de reabsorção de água no ducto coletor


Vasopressina plasmática ⟶ chega ao ducto coletor e se liga a receptor específico ⟶ ativa proteína G ⟶ adelinato
ciclase ⟶ AMPc e PKa ⟶ deslocamento de vesículas de armazenamento celular com poros de aquaporina ⟶
fusão da vesícula a membrana ⟶ poros de aquaporina ficam na membrana ⟶ permitem passagem de água pela
célula, antes impossível ⟶ osmolaridade plasmática diminui assim como o volume da urina

* Outro mecanismo para manter a osmolaridade é a sede

2. ESTÍMULOS NÃO-OSMÓTICOS
Ex.: hemorragia

Diminuição da volemia e pressão arterial ⟶ estimulo de volumeceptores (captam alterações da volemia) ⟶ gera
PA ⟶ estimulo dos núcleos supraóptico e paraventricular ⟶ produção de vasopressina ⟶ ação nas arteríolas,
provocando vasoconstrição ⟶ aumento da pressão arterial

* Ação também se dá nos duetos coletores (há receptores nos ductos coletores!) ⟶ aumento da volemia

Ocitocina
- Peptídeo de 8 aa produzido nos mesmos núcleos supraóptico e paraventricular

Dois efeitos
1. CONTRAÇÃO DO MIOMÉTRIO DURANTE O PARTO (musculatura lisa uterina)
Pulmões do feto maduros ⟶ produção de um hormônio especifico ⟶ cai na corrente sanguínea da mãe ⟶
chega ao hipotálamo ⟶ produção de ocitocina nos núcleos supraóptico e paraventricular ⟶ aumento das
contrações uterinas ⟶ aumento da pressão intrauterina ⟶ feto pressiona o colo uterino, que sofre dilatação ⟶
estímulo de mecanoceptores que mandam informação ao hipotálamo, que produz mais ocitocina (feedback
positivo) ⟶ dilatação vai aumentando ate que o bebê consiga nascer

* Parto induzido: injeção de ocitocina


2. EJEÇÃO LÁCTEA via reflexo de Fergunson
Bebês fazem o reconhecimento do mamilo materno pela boca ⟶ pressiona (morde) o mamilo ⟶ gera PA ⟶
estimula os núcleos supraóptico e paraventricular no hipotálamo ⟶ ocitocina ⟶ corrente sanguínea ⟶ glândula
mamária ⟶ contração das células mioepiteliais que revestem os alvéolos e ductos galactoforos (preenchidos
com leite) ⟶ ejeção do leite

Período mínimo de amamentação: 6 meses (início dos nascimentos dos dentes)

- Libido materna diminui durante a amamentação - evita que, durante o sexo, os seios da mãe (região erogena)
sejam estimulados e haja expelimento de leite
- Na mulher não-gravida e não-lactante, mediante estimulo de regiões erógenas, a ocitocina participa do orgasmo
- No homem, a secreção de ocitocina é estimulada via regiões erógenas e participa da ejaculação
- Dor inibe a ocitocina ⟶ não há mais vontade de transar (masoquistas apresentam alteração fisiologia dor-
prazer)

ADENOHIPÓFISE
Secreção hormonal
Hormônios de controle hipotalâmicos são produzidos na eminência mediana (entre o hipotálamo e a hipófise) e
são direcionados para a adenohipófise pelo sistema porta-hipotálamo-hipofisário. A adenohipófise é então
estimulada a produzir hormônios celulares.

Hipotálamo ⟶ hormônio de controle hipotalâmico ⟶ adenohipófise ⟶ hormônio celular ⟶ glândula ⟶ produção


hormonal específica

Hormônios de controle hipotalâmico


- TRH: hormônio liberador do TSH
- CRH: hormônio liberador de ACTH
- GHRH: hormônio liberador do GH
- GnRH: hormônio liberador de gonadotrofina
- PRH: hormônio liberador de prolactina
- Somatostatina: hormônio inibidor do GH e TSH
- PIF (é a dopamina): fatores inibidores de prolactina

Hormônios celulares
- Somatotrofos: GH
- Lactotrofos: prolactina
- Tireotrofos: TSH (hormônio tireotrófico/tireotrofina)
- Corticotrofos: ACTH (hormônio adrenocorticotrófico/corticotrofina)
- Gonadotrofos: FSH e LH

CLASSIFICAÇÃO CELULAR
1. Cromáfilas: produzem hormônios
- Acidófilas: somatotróficas (50%) e lactotróficas (15%)
- Basófilas: tireotróficas (5%), gonadotróficas (10%) e corticotróficas (20%)

2. Cromófabas: não produzem hormônios

CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA HORMONAL


1. Glicoproteicos: TSH, LH e FSH
2. Derivados de POMC (pró-opiomelanocortina):
- ACTH
- MSH: hormônio melanócito-estimulante
- β-endorfinas: encefalinas, met-encefalinas e leu-encefalinas = opióides endógenos
3. Somatotróficos: Prl (prolactina) e GH

REGULAÇÃO DO EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GLÂNDULA feedback negativo


* Hormônios sexuais femininos: exceção - regulação também por feedback positivo
GH, HORMÔNIO DO CRESCIMENTO
GH ou STH: polipeptídio complexo composto por 191 aminoácidos, que estimula a síntese proteica

GH ⟶ corrente sanguínea ⟶ fígado ⟶ produção de IGF I e II (fatores de crescimento de insulina símile, cuja
ação é semelhante à da insulina) ⟶ hipoglicemia

REGULAÇÃO DA SECREÇÃO
É mediada pelos hormônios
1. GHRH (hormônio liberador do hormônio de crescimento): produzido pelas células do núcleo arqueado e
ventromedial do hipotálamo. Atua via receptores de membrana acoplados à proteína G, aumentando AMPc,
o cálcio, o IP3 e o DAG, causando liberação de GH
2. GHRIH ou somatostatina (hormônio inibidor da secreção do hormônio de crescimento): produzido no núcleo
periventricular do hipotálamo. Atua via receptores de membrana acoplados à proteína Gi, diminuindo o AMPc,
causando diminuição da liberação de GH 


Regulação de alça curta: entre hipófise e hipotálamo - ↑ [GH] inibe a produção de GHRH
Regulação de alça longa: entre a glândula alvo, a hipófise e o hipotálamo - ↑ [IGF I e II] inibe a produção de GH e
GHRH

Perfis de secreção
A. Ao longo do dia: a secreção de Gh ocorre em pulsos e durante o sono não REM temos os maiores picos de
secreção; por isso a criança precisa dormir bastante.
B. Ao longo da vida: apesar da secreção de GH diminuir na senescência, as células somatotróficas não devem
parar de produzir GH. A somatopausa é uma condição patológica e precisa ser tratada!

A. Perfil de secreção ao longo do dia B. Perfil de secreção ao longo da vida

A regulação se dá por
1. Fatores metabólicos
- Hipoglicemia: ↑ secreção de GHRH e GH
* Crianças em fase de crescimento necessitam de períodos interprandiais
- Aminoácidos: matéria prima para produção de hormônios - ↑ secreção de GHRH e GH
- Ácidos graxos: ↓ [AG] ⟶ ↑ secreção de GHRH e GH

2. Exercício físico
- Consumo de glicose ⟶ hipoglicemia
- Produção de adrenalina: ↑ secreção de GHRH e GH

3. Sono não-REM: liberação de serotonina no hipotálamo ⟶ ↑ secreção de GHRH e GH

4. Estresse: liberação de adrenalina ⟶ ↑ secreção GHRH e GH


5. Jejum: hipoglicemia

6. Hormônios
- Grelina (produzida pelo estômago vazio): ↑ secreção de GHRH e GH
- Hormônios sexuais: atuam no desenvolvimento sexual e estirão puberal - ↑ secreção de GHRH e GH
* Os hormônios sexuais provocam fechamento da epífise óssea (cartilagem é substituída por osso).
Mulheres são mais baixas que homens porque entram na puberdade antes, então elas param de crescer
mais cedo (respectivamente 16 anos e 21 anos).
- Glicocorticóides: ↓ secreção GH
* Atuam como modulador do crescimento (força contrária a liberação)

MECANISMO DE AÇÃO
Transportador (50%): GHBP - aumenta t/2
Receptor de membrana ⟶ ativa JACK2 (Janus tirosina quinase)
- Estimula fosfolipase C ⟶ ativa DAG ⟶ ativa PKC ⟶ abertura de canais de Ca2+
- Ativa STATS (transdutores de sinal e ativadores de transcrição) ⟶ ativa processos de transcrição
- Ativa SHC ⟶ ativa GRB2 (receptor de GF ligado a proteína 2) ⟶ ativa MAPK (proteína quinase ativadora de
mitogênese) ⟶ proliferação celular
- Ativa IRS1 (substrato 1 do receptor de insulina) → ativa PI3K (fosfatidilinositol 3 quinase) ⟶ age no
metabolismo da glicose

EFEITOS
≫ Ação direta no metabolismo intermediário de
1. Proteínas: estímulo ao transporte de aa para os miócitos e elevação do conteúdo intracelular de mRNA ⟶
↑ síntese proteica ⟶ ↑ massa muscular
2. Carboidratos
- ≠ Insulina: hiperglicemiante (efeitos antagônicos aos da insulina)
- Diminuição do número de receptores da insulina e a afinidade do receptor à insulina ⟶ diminui o
consumo de glicose - armazenamento da glicose no sangue para o tecido em crescimento
- Estímulo a gliconeogênese ⟶ aumento da glicogenólise hepática ⟶ hiperglicemia ⟶
hiperinsulinemia
- Uso de GH exógeno excessivo: resistência à insulina ⟶ diabetes
- = Insulina: estímulo a produção de IGF I e II - situações em que há demanda de glicose pelos tecidos
(crescimento, por exemplo)
3. Lipídeos: aumento da lipólise via estímulo da lipase hormônio sensível, transformando TAG em AG e glicerol
4. Ca2+: aumento da reabsorção intestinal (Ca2+ direcionado ao crescimento ósseo)

≫ Ação indireta no crescimento: IGF provoca crescimento por ação do GH


- O IGF é expresso na maioria dos tecidos. Virtualmente, todos os tecidos respondem ao 

aumento de GH
- Hepatócitos, adipócitos, células musculares e outros
- Cartilagem: aumento da incorporação de aminoácidos, da síntese de proteínas, RNA e DNA, de colágeno e
do número e tamanho das células
- Ossos irregulares curtos, frontais, mandíbula, falanges distais, metacarpo e metatarso: aumento da síntese de
proteínas, RNA e DNA, de colágeno e do número e tamanho das células]
IGF se liga ao seu receptor na membrana ⟶ ativa IRS1
⟶ Ativa PI3K ⟶ ativa PKB e PDK ⟶ processos que permitem crescimento, transcrição e translação
(deslocamento de proteínas)

⟶ Ativa JAK ⟶ ativa SH2/Grb2 ⟶ ativa SOS ⟶ ativa Ras ⟶ ativa MAPK ⟶ provoca proliferação celular

DISTÚRBIOS RELACIONADOS AO GH
Excesso
- Gigantismo (antes da puberdade)
- Acromegalia (depois da puberdade - GH atua em regiões cartilaginosas pois ainda estão em crescimento)
- Crescimento desproporcional das extremidades
- Aumento generalizado de partes moles
- Acentuação dos traços faciais
- Visceromegalia
- 50% intolerância a glicose
- 10 a 25% com Diabetes Mellitus: resistência à insulina provocada pelo excesso de GH

Deficiência: nanismo
- Nanismo hipofisário: deficiência na produção de GH - não há crescimento nem desenvolvimento sexual (são
estéreis), rosto infantilizado
- Nanismo de Laron: a adenohipófise produz GH normalmente, mas o fígado não apresenta receptores de GH o
suficiente para produzir as quantidades adequadas de IGF
- Pigmeus africanos: produção de GH e IGF normais, porém o número de receptores de IGF diminui depois da
infância

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