Você está na página 1de 4

A Adeno Hipófise

(ou hipófise anterior)

Origem embrionária da MESODERMA durante a 4ª semana da vida intra-uterina. É


avermelhada, devido à alta vascularização pela sua atividade intensa.
Encontrada na base do encéfalo alojada na fossa hipofisária/sela turca, é conectada
anatomicamente com o hipotálamo através do pedículo hipofisário e apresenta um elo
funcional com essa glândula nervosa pelo sistema porta hipotálamo-hipófise. Em um ser
humano adulto, a hipófise tem formato ovóide, pesa pouco mais de um grama e é altamente
vascularizada, com aporte sanguíneo da AHI e da EM. Apresenta células com elevada
atividade metabólica, tendo alto gasto energético, semelhante à perfusão renal. Medidas:
10mm anteroposterior x 6 mm de largura e 13 mm de altura.
Existem tipos de células endosecretoras (hormônios) da hipófise (glândula
fundamentalmente ENDÓCRINA) caracterizadas pela histologia com uso de corantes
específicos:
● Células CROMÓFOBAS: células que não são coradas, sem afinidade nem por
corante ácido nem básico
● Célula CROMÓFILAS: células secretoras com afinidade aos corantes, podendo ser
divididas em dois grupos
- Acidófilas (maioria)
- Basófilas
Estudo atual verificou que as células cromófobas na verdade são células cromófilas que estão
em um momento específico de hiperatividade de produção e de secreção de hormônios, não
apresentando glândulas secretoras para serem coradas.

➢ Hormônios produzidos pela HIPÓFISE: TSH, LH, FSH, GH, PRL, “POMC” (Acth)

Na vista frontal da hipófise, as


células acidófilas ocupam a maior parte
das asas laterais e inferiores da adeno
hipófise. As basófilas ficam em 2
regiões: mais centrais, superior e
anterior ou mais central, superior e
posterior, mais próximas à neuro
hipófise. Nas acidófilas, há células
somatotróficas (produtoras de GH) e lactotróficas (produtoras de PRL). As basófilas
anteriores produzem TSH, LH e FSH. As basófilas posteriores produzem Acth.
Para saber quais hormônios estão em cada região é preciso usar a técnica de
anticorpos específicos monoclonais para cada tipo de hormônio. Células com glândulas
secretoras de GH, por exemplo, não reagem com anticorpos de TSH. Se o hormônio for
encontrado pelo seu anticorpo, reagem e fazem manchas.
No entanto, o hormônio estar em determinado local da célula não significa que ele foi
produzido ali. Os hormônios do NSO e do PVN do hipotálamo (magnocelulares) são
produzidos nos corpos celulares (no retículo endoplasmático rugoso, pois são peptídicos) e
secretam pelo fluxo axoplasmático (ADH e ocitocina, por exemplo), deixando-os
armazenados na ponta do neurônio até ter um estímulo e serem secretados. Assim, com o
corante eles são identificados na neurohipófise, mas foram produzidos nos corpos celulares
do NSO e do PVN hipotalâmicos.
Os hormônios hipofisários são todos PEPTÍDICOS, sequências de aminoácidos
hidrossolúveis e a maioria de alto peso molecular. Os hormônios adeno hipofisários podem
ser classificados em 3 grupos:
1. HORMÔNIOS GLICOPROTEICOS (cadeia de aminoácidos com radicais glicídicos):
TSH, LH e FSH . São constituídos por 2 cadeias retilíneas de polipeptídeos (alta e
beta), as quais são unidas entre si por forças hidrofóbicas covalentes a fim de juntas
conseguirem formar o complexo HR (hormônio receptor). A cadeia alfa é idêntica para
os 3 hormônios, mesma sequência de aminoácidos. A cadeia beta difere para os três,
definindo a ação biológica específica de cada hormônio. São dois genes específicos:
1 gene superexpresso da cadeia alfa, o qual trabalha muito para produção de cadeias
aos três hormônios, e 1 gene de cadeia beta. Assim, o hormônio que inibe a síntese
de TSH, LH OU FSH (apenas de um deles), inibe o gene que expressa a cadeia beta
específica. Mas o hormônio que inibe TSH, LH E FSH, inibe o gene de cadeia alfa.
● TSH (tireotrofina, estimulantes de tireoide): pelo efeito endócrino, estimula a
tireóide agindo em receptores de membrana, a produzir T3 e T4 (agem no
receptor nuclear).
- Ações principais: promove crescimento/trofismo da tireóide; estimula a
síntese e a secreção de HT; aumenta vasoconstrição para a tireoide e o
metabolismo local. Também aumenta a proteólise da tireoglobulina já
armazenada nos folículos, promove captação de NIS (capta iodo), aumenta
iodação da tirosina, aumenta o número de células tireoidianas, ativa quinase
C produtora de proteínas, entre outros.
- Folículos/ácinos tireoidianos: 1 folículo apresenta centenas de células
foliculares dispostas lado a lado com a membrana apical
voltada ao centro do folículo, onde há o colóide. Essa região
apresenta TIREOGLOBULINAS, matéria-prima dos HT. São
produzidas pelas células foliculares, estocadas no colóide
avascular e lançadas à luz do colóide. A tireóide é muito
vascularizada, de modo que o TSH chega pelo sangue e age
na membrana celular, tendo um segundo mensageiro de
AMPc que vai desencadear a tireoglobulina. Assim, quando
tem muito TSH circulante, há uma hipersecreção, tendo
alterações histológicas em que o colóide diminui e as células foliculares ao seu
redor ficam colunares. Se há pouco TSH, o colóide fica grande e as células
ficam pavimentosas.
● LH (gonadotrofinas): atua nas gônadas através do efeito endócrino,
estimulando a esteroidogênese, síntese de hormônios esteróides à base de
colesterol. Há uma cascata de enzimas que formam os esteróides sexuais
gonadais (estrógenos e progesterona pelos ovários e testosterona pelas
células de Leydis dos testículos). *Muita aplicação de testosterona inibe LH e
GnRH tendo o efeito down regulation, diminui a expressão gênica do receptor
e o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas atrofia, tendo dependência da aplicação
e ficando brocha e agressivo.
● FSH (gonadotrofinas): hormônio do folículo estimulante, glicoproteico. Atuam
nas gônadas pelo sangue, gerando a gametogênese em ambos
(espermatogênese nos testículos, mais especificamente). É o processo de
proliferação e diferenciação das stem cells em gametas. Em pouca
quantidade, também estimula a esteroidogênese.

2. HORMÔNIOS SOMATOMAMOTRÓFICOS: GH e PRL (produzidos pela mesma


classe de células acidófilas)
● PRL (lactotróficas): pelo sangue, atua nas glândulas exócrinas mamárias,
estimulando a preparação e a manutenção dessas para a produção de leite,
sobretudo no período de lactação.
● GH/somatotrofina/STH (somatotróficas): pelo sangue, atinge vários tecidos
alvo promovendo o crescimento ósseo e o metabolismo energético
- Crescimento longitudinal dos ossos longos: aumento da deposição
de proteínas pelas células osteogênicas e condrocíticas, aumento da
reprodução dessas células e efeito específico de conversão de
condrócitos em células osteogênicas, causando, assim, a deposição
de osso novo (disco epifisário de cartilagem hialina). É estimulador dos
osteoblastos. No entanto, o GH não age diretamente para o
crescimento. Ele vai agir sobre o fígado, estimulando hepatócitos a
produzirem IGF 1 (antigo fator de sulfatação e somatomedina tipo C),
tendo impregnação de enxofre e de mucopolissacarídeos, ativando a
estrutura e gerando o molde de crescimento. Extra esqueleto, há o
estímulo dos HT, mais mitoses e mais gliconeogênese hepática.
- Avaliação clínica do GH: pré-puberdade, deficiência de GH causa
nanismo, defeito de IGF1 causa nanismo de Laron, pois sem essas
substâncias, a gravidade fecha as articulações epífise-diáfise dos
ossos mais rápido, não tendo tempo de se desenvolverem. Em excesso
de GH ou de GHRH, há gigantismo. No período pós-puberdade, a
deficiência de GH não gera nada, pois a articulação já está fechada.
Mas o excesso gera acromegalia, pois onde há resquícios de
cartilagem de crescimento (como nos ossos planos, irregulares e nas
falanges distais), o crescimento continua.
- Metabolismo energético: Proteínas - anabolismo, estimula o
transporte de aminoácidos para as células do corpo, sobretudo às
musculares, aumentando o RNAm e estimulando a síntese proteica,
balanço de nitrogênio positivo. Carboidratos - reação bifásica, começa
com ação hipoglicemiante como a insulina, mas depois de duas horas
torna-se hiperglicemiante, sendo diabetogênico e hiperinsulinêmico,
pois diminui a captação de glicose pelas células ao inibir a expressão
gênica do GLUT 4 e as células beta do pâncreas. O exercício físico que
demora muito faz com que o GH passe a agir para parar de gastar
glicose, pois precisa deixar para o cérebro. Lipídios - lipólise, consumo
de gordura
3. HORMÔNIOS PEPTÍDICOS RELACIONADOS/DERIVADOS DA “POMC” (Acth):
adeno córticos, estímulos de estresse ativam eles.

Como os hormônios peptidérgicos são secretados de forma pulsátil, o receptor


consegue se reconstituir na membrana, não se saturando. E cada hormônio tem seu ritmo
pulsátil = ciclo circadiano do núcleo supraquiasmático e da glândula pineal (produz
melatonina, fazendo esse controle do sono vigília e do controle do ritmo de secreção
hormonal)..
Há o melhor horário para tudo: o processo de regulação e de síntese de todos os
hormônios que ocorrem no eixo hipotálamo-hipofisário se dá por mecanismo de feedback:
uma alça de devolutiva baseada na capacidade da glândula endócrina de monitorar seu
processo de síntese e de secreção hormonal a partir da medida da ação biológica causada
pelo seu produto final de secreção.
Exemplos de feedback:
POSITIVO: pode gerar SURTOS de secreção. Feto sai com a
cabeça pelo útero, começam contrações uterinas que são
estimuladas mais pela ocitocina, a qual estimula também a PRL,
estimulando mais ainda a contração uterina…É o náufrago que
bebe água do mar e fica com mais sede e bebe mais água e fica
com mais sede…
- O feedback positivo é o aumento do processo de síntese e
de secreção do hormônio pela célula endócrina à medida que a ação biológica do
produto final de secreção é intensificada. Estimula ou não inibe.
NEGATIVO: impede a HIPERATIVIDADE dos hormônios. Quando está grávida, há um
momento de pico de estrógeno. TBG é estimulado e teria menos T3 e T4, podendo ter um
evento hipotireoidismo. Mas, a glândula tireoidea passa a
produzir mais T3 e T4 para saturar os transportadores desses
hormônios e ter uma fração livre para que eles possam agir
de verdade. Assim, há nesse período uma elevação da
produção de HT, mas não configura um hipertireoidismo, pois
está com a fração livre em ação normal. Se há muito T3 e T4,
há feedback negativo ao hipotálamo (redução de TRH) e à
hipófise (redução de TSH, sítio inibitório mais importante).
Uma hipocalcemia estimula o paratormônio (deixa de inibí-lo),
tendo ação renal e intestinal para liberação de cálcio. Quando
a calcemia aumenta, há inibição da paratireoide.
- Feedback negativo é a diminuição da produção e da
secreção de um hormônio pela célula endócrina, à
medida que a ação biológica do produto final é
intensificada. Inibe ou deixa de inibir, estímulo
contrário ao que está ocorrendo.
Existem variações periódicas da liberação do
hormônio, sobrepostas ao controle por feedback negativo e positivo da secreção
hormonal, e elas são influenciadas por alterações sazonais, várias etapas do
desenvolvimento e do envelhecimento, ciclo circadiano (diário) e sono. Por exemplo, a
secreção do hormônio do crescimento aumenta, acentuadamente, durante o período inicial
do sono, mas se reduz durante os estágios posteriores, devido às alterações da atividade das
vias neurais do controle da liberação dos hormônios. Nenhuma variável fisiológica se mantém
estável ao longo de 24h, elas sofrem flutuações dinâmicas diárias e regulares com a
finalidade de preparar de modo antecipado as alterações que ocorrem no organismo frentes
à mudanças de alternância do ciclo claro-escuro. São alterações geneticamente
determinadas e filogeneticamente incorporadas. Tudo oscila para prevenir alterações que
ocorrem no ambiente.

Você também pode gostar