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Introdução
A interligação dos sistemas nervoso e
endócrino está representada pelo sistema
Outros neurônios geram axônios que
hipotálamo-hipofisário.
se dirigem à região da eminência
O hipotálamo é uma região altamente média, liberando suas secreções nos
especializada do sistema nervoso, desprovida
capilares que existem em grande
de barreira hematoencefálica e, portanto,
susceptível de sofrer influências humorais escala nessa região.
além das influências neurais, para modular seu
funcionamento. Esses capilares formam a primeira
Transdutores neuro-endócrinos (hormônios região capilar do sistema porta
produzidos pelo hipotálamo e responsáveis hipofisário; eles se agrupam em
pela transformação dos diferentes impulsos vênulas e veias portais, as quais
neurais recebidos de várias partes do sistema
atravessam toda a região tuberosa da
nervoso central em variados níveis de taxas
hormonais) habitualmente atuam estimulando adeno-hipófise.
ou inibindo a produção de hormônios pela
glândula hipófise, a qual funciona como uma
Praticamente todo o sangue que
amplificadora dos discretos sinais hormonais
gerados pelos neurônios do hipotálamo. atinge a adeno-hipófise passou
previamente pela eminência média,
Dos núcleos supra-óptico e para-ventricular
de forma que pequenas quantidades
partem axônios que se dirigem à neuro-
hipófise através do pedículo hipofisário, de hormônios aí lançados pelo
terminando naquela porção posterior da hipotálamo resultam em grande efeito
hipófise. sobre as células alvo
Sob estímulos apropriados, os corpos adenohipofisárias, uma vez que
celulares daqueles neurônios sintetizam elevadas concentrações são aí
arginina-vasopressina (ADH) e oxitocina, os encontradas pois o volume de
quais migram para a neuro-hipófise ligadas às
distribuição dos mesmo é muito
neurofisinas, sendo estocados
provisoriamente na neuro-hipófise. pequeno (= há muito pouco sangue
Descargas neurais poderão, posteriormente, contido aí).
induzir a liberação destes hormônios no
sangue, com a resultante elevação de seus
teores no plasma e, conseqüentemente, seus
efeitos biológicos. Os Hormônios Hipotalâmicos que regulam
a hipófise são denominados
Hormõnios de liberação e inibição da hipófise hipofisiotrópicos.
Até o momento, foram identificados 5
Neurônios hipotalâmicos podem produzir duas (cinco) diferentes moléculas
qualidades de hormônios: Hipofisiotrópicos, hipofisiotrópicas:
que regulam o funcionamento da
adenohipófise, e Neurohipofisários, que são CRH (hormônio Estimulante da
estocados e liberados na neurohipófise. Liberação de ACTH)
TRH (hormônio Estimulante da Liberação
A secção do pedúnculo hipofisário resulta
de TSH)
sistematicamente na redução de liberação de
todos os hormônios adenohipofisários, à GnRH (hormônio Estimulante da
exceção da prolactina. Liberação de Gonadotropinas - FSH e
LH)
Isto porque a liberação de hormônios
adenohipofisários está na dependência de GHRH (hormônio Estimulante da
Liberação de GH)
hormônios ou fatores de liberação de GH,
ACTH, TSH, gonadotrofinas (LH e FSH) mas a GHRIH (hormônio Inibidor da Liberação
prolactina é naturalmente produzida pela de GH - que é a somatostatina)
glândula hipófise seccionada, sendo, em
condições fisiológicas, sua produção inibida PRIH ((hormônio Inibidor da Liberação
pelo Hormônio de inibição da prolactina. de Prolactina - que é a Dopamina)
A secreção dos hormônios hipotalâmicos
hipofisiotrópicos é pulsátil.
GH ou somatotrofina (STH)
Este hormônio afeta a velocidade de
crescimento e aumento do peso corporal.
Mecanismo de ação do GH
Ele é sintetizado sob a forma de um precursor
Os efeitos lipolítico e antiinsulina se
de cadeia longa, o qual é estocado na célula
devem à sua ação direta, enquanto
adenohipofisária em resposta à chegada de
que sobre o crescimento, como já
GH-RH via sistema porta hipofisário.
exposto, se dá diretamente por elevar
o teor de somatomedinas no plasma.
Principais efeitos
Denomina-se somatomedina as
1. Aumento do crescimento corporal, devido à substâncias que possuem a
capacidade de elevar a captação de
sua ação sobre a cartilagem epifisária: muitos
sulfato marcado no ácido condroitin-
dos efeitos sobre o crescimento são mediados sulfúrico da cartilagem.
indiretamente, já que se operam somente após
a produção hepática GH-induzida de Pelo menos seis somatomedinas já
somatomedinas. foram até o momento identificadas, a
saber:
2. Ação anabólica, que aumenta a incorporação
somatomedina A
de aminoácidos pelas células com aumento da
síntese de RNA e proteínas tanto pelo fígado somatomedina B
quanto por tecido periférico. somatomedina C
IGF-I (fator I do crescimento,
semelhante à insulina)
3. Efeito hiperglicemiante, um efeito IGF-II (fator II do crescimento,
semelhante à insulina)
antiinsulínico (pró-diabético) que envolve a
redução na captação periférica de glicose Atividade estimulante de
multiplicação (estimula cultura de
(resistência periférica à ação da insulina) além
células hepáticas).
de aumento na produção hepática de glicose,
por estímulo à gliconeogênese. Como as somatomedinas são
diretamente controladas pelos níveis
de GH, seus níveis plasmáticos são
4. Aumento no teor de glicogênio, nos muito baixos após hipofisectomia e
músculos esqueléticos e cardíaco. estão extremamente elevados na
acromeglia.
5. Efeito cetogênico, a administração contínua
de GH produz a hipercetonemia, cetonúria e Mecanismo de secreção do GH
acúmulo de gordura no fígado (aumento na
mobilização de gorduras). Diversos estímulos geram aumento
no teor plasmático de GH: sono,
exercícios, hipoglicemia, inanição,
Somatostatina: depleção protéica e estresse são os
mais importantes.
O responsável pela inibição de secreção do
GH, a somatostatina, é um tetradecapeptídeo.
A secreção do hormônio do
crescimento ocorre de modo pulsátil,
com muitos surtos pequenos ao
longo do dia.
Níveis elevados de GH inibem a
secreção de GH-RH pelo hipotálamo,
fenômeno conhecido pelo nome de
TSH ou Hormônio Estimulante da Tireóide retroalimentação negativa de alça-
curta.
Também conhecido pelo nome de tireotropina
e tireotrofina, esta substância atua sobre
receptores de membrana de célula folicular da
tireóide induzindo elevação na formação de
tireoglobulina, elevação na velocidade de
captação e digestão do colóide e estímulo à
divisão celular folicular.
Com isso, pode-se verificar aumento no
tamanho da glândula e da produção do
hormônio pela mesma.
O segundo mensageiro da tirotropina, o qual
medeia a ação intracelular do TSH, é o AMP
cíclico.
3. Prolactina
A prolactina executa pelo menos 3 diferentes
efeitos:
1. Anabólico: semelhante ao do GH, porém de
muito menor intensidade biológica.
2. Mamotrófico e Lactogênico: o tecido
mamário não cresce adequadamente se além
de estrógenos, glicocorticóides e GH também
existir níveis adequados de prolactina. A
lactogênese depende da indução de síntese, na
célula da glândula mamária, da caseína
(proteína do leite) e da alfa-lactoalbumina (uma
substância envolvida na síntese do açúcar
específico do leite, a lactose).
3. Antigonadotrópico: em condições de
hiperprolactinemia; como a que ocorre durante
a lactação pós-parto, é freqüente a ocorrência
de amenorréia; a prolactina atua inibindo a
esteroidogênese induzida pela gonadotropina Mecanismo de ação da Prolactina
sobre os ovários, além de reduzir a
sensibilidade hipotalâmica aos sinais É curioso salientar que a prolactina
habitualmente envolvidos na produção do exerce sobre seus receptores na
GnRH (liberador de gonadotropina). célula-alvo uma ação absoluta oposta
àquela exercida normalmente pelos
demais hormônios: a prolactina eleva
a quantidade de receptores na célula-
alvo.
Isto é conhecido como "up-
4. ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) regulation": quanto mais hormônio,
maior o número de receptores na
Sua ação principal consiste em elevar a célula-alvo e, portanto, maior a
velocidade de conversão de colesterol em sensibilidade tecidual á sua ação.
pregnenolona reação limitante da síntese de
esteróides, razão porque seu efeito é aumento É desconhecido o mecanismo pelo
da síntese e secreção de esteróides supra- qual a prolactina induz seus efeitos
renais. após a interação com seu receptor.
5. Gonadotrofinas: FSH, LH:
Serão abordados quando do estudo do Ciclo
Menstrual
Hormônios Neurohipofisários
6. Vasopressina (ADH)
ACTH é, além de trópico, um
hormônio trófico: o uso crônico de
A vasopressina acelera a reabsorção de água glicocorticóides como
ao nível dos túbulos distais renais, resultando antiinflamatório é comum, e leva à
na eliminação de urina mais concentrada. A supressão da produção de ACTH
este efeito deu-se o nome de Hormônio Anti- hipofisário.
diurético.
Após corticoterapia de longa duração
a córtex adrenal pode estar atrofiada
No homem, 0,1 mg produz efeito anti-diurético
por falta do estímulo trófico do ACTH,
máximo. podendo o paciente morrer de crise
addisoniana (insuficiência supra-
Devido ao rápido metabolismo hepático, a meia renal aguda) se ocorre suspensão
vida do ADH é de apenas 12 minutos. abrupta da corticoterapia.
Em elevadas concentrações, o ADH induz
constricção de arteríolas.
Nas células hipotalâmicas que sintetizam ADH
existem osmorreceptores altamente sensíveis,
capazes de detectar alterações de apenas 2%
na osmolalidade.
7. Oxitocina
Palavra derivada do grego (oxytos,
"nascimento rápido"), este hormônio
determina a contração da musculatura lisa do
útero, além da contração de células
mioepiteliais da mama, determinando desse
modo e expulsão de leite previamente formado
por atuação da prolactina (este efeito é
chamado "ejeção de leite").
O principal estímulo para a liberação da
oxitocina é a sucção da mama.
O controle da secreção de ADH e oxitocina são
independentes, de modo que a sucção do
Biossíntese e secreção
mamilo não resulta em secreção aumentada de
Os hormônios neuro-hipofisários são
arginina-vasopressina, ou vice-versa.
formados nos núcleos supra-óptico e
paraventricular do hipotálamo, por
células distintas.
Uma vez formados, são transportados
como complexos ligados às
neurofisinas (neurofisina I: liga-se à
oxitocina; neurofisina II: liga-se ao
ADH), sendo armazenados para
posterior liberação no lado posterior
(neuro-hipófise).
Fig 2: Oxitocina e ADH
Aspectos filogênicos
Aspectos Embriológicos
Aspectos Anatômicos
Inervação
Biossíntese dos Hormônios Tireoidianos
Metabolismo do iodo
1. Captação do iodeto
2. Síntese da tiroglobulina
3. Digestão da tiroglobulina
4. Liberação do hormônio.
Concentrações elevadas de
iodo podem inibir esta reação,
A iodoperoxidase da tireóide é um complexo compondo parte do efeito
enzimático presente na membrana celular voltada Wolf-Chairkoff.
para o colóide (superfície apical), nas membranas do
retículo endoplasmático e nas cisternas do complexo
de Golgi das células foliculares.
A iodinação orgânica ocorre mais intensamente na
interface célula folicular-colóide (borda apical), onde
está grande quantidade de tiroglobulina recém-
sintetizada sendo exocitada para dentro do colóide.
No processo de acoplamento,
uma molécula de DIT liga-se
ao grupo fenólico de outra
molécula de DIT, formando
uma molécula de tiroxina (T4)
e deixando a cadeia lateral da
alanina ainda presa à cadeia
A reação de acoplamento polipeptídica.
Após a formação de MIT e DIT, ocorre condensação Quando uma molécula de MIT
também oxidativa destas iodotirosinas, mediada outra se acopla a uma de DIT,
vez pela peroxidase ocorre dentro da molécula de forma-se triiodotironina (T3).
tireoglobulina, gerando T3 e T4.
Na superfície da molécula de tireoglobulina, a enzima
de conjugação (a mesma peroxidase) é capaz de unir
duas moléculas de DIT, formando uma molécula de T4.
Pode, eventualmente, unir uma molécula de DIT com
uma MIT, gerando T3.
Como são formadas mais moléculas de DIT que de
MIT, é mais provável a formação de T4 que de T3, e por Este processo de
isso é maior a liberação de tiroxina que de acoplamento parece criar
triiodotironina. condições de estabilidade à
estrutura da tireoglobulina.
Quando totalmente iodinada, uma molécula de
tireoglobulina contém cerca de 6 a 7 resíduos de MIT
(monoiodotirosina), 4 a 5 DIT (diiodotirosina), 3 a 4 T4
(tiroxiina) e 0,2 a 0,3 de T3 (triiodotironina).
Esses percentuais indicam que nem toda molécula de Fig. 3 Hormônios da Tireóide
tireoglobulina contém T3.
O efeito Wolf-Chairkoff