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INTRODUÇÃO
Os estudiosos concordam que a carta de Paulo aos Romanos é muito mais que
simplesmente uma carta, é um tratado teológico. Alguns dizem que é o evangelho
segundo Paulo. A Epístola aos Romanos é a mais rica e abrangente declaração de Paulo
sobre o evangelho. Esta carta é também a chave para o entendimento das Escrituras, já
que aqui Paulo une todos os grandes temas da Bíblia – pecado, lei, julgamento, destino
humano, fé, obras, graça, justificação, santificação, eleição, a obra de Cristo e do
Espírito Santo, a esperança cristã, a natureza da igreja, o lugar do judeu e do gentio
(não-judeu) nos propósitos de Deus, o significado da mensagem do Antigo Testamento,
os deveres do cristão frente ao estado e os princípios de retidão moral. A Epístola aos
Romanos abre uma perspectiva para o entendimento de como todas as partes da Bíblia
se ajustam de modo claro.
Contexto Histórico
A cidade de Roma:
Rômulo e Remo fundaram a cidade de Roma, às margens do rio Tigre por volta de 754
a.C. Roma começou como um reino, depois se converteu em república e finalmente em
império. No século primeiro era uma das maiores cidades do Mundo, com uma
população de aproximadamente 1 milhão de pessoas. Por ser a capital do Império, ela
atraia naturalmente, pessoas das mais diversas cidades e vilarejos. Roma era o centro
do mundo ocidental. Para ela convergiam todos os caminhos. A cidade acolhia diversos
grupos étnicos e religiosos, dos quais o judaísmo e os judeus eram um dos mais
numerosos e importantes. A preocupação do império com a cultura, proselitismo e o
fervor da religião judaica desencadeou, em 49 d.C., por meio de um decreto de Cláudio,
a expulsão dos judeus de Roma (At 18.2). Levar o cristianismo a Roma significava levá-
lo ao coração de um mundo ocupado e famoso. Conquistar Roma para Cristo era o
sonho e a visão de Paulo.
Estilo da carta:
O estilo usado é a “diatribe”, que era uma forma retórica em que o escritor (ou orador)
entrava num debate imaginário com um interlocutor, levantando pontos ou fazendo
objeções que então eram respondidas no texto, como pode ser visto em Rm 2.1, 3, 17;
3.1-4, 9. Em nenhuma outra de suas epístolas ele recorre tanto a processos oratórios, tais
como, por exemplo, as fórmulas “Que diremos, pois?”, “Ignorais então?”, “Ó homem,
quem quer que sejas”. Joachim Jeremias sugere que o vívido estilo de Paulo em
Romanos foi fruto das experiências missionárias do apóstolo – certamente o apóstolo foi
interrompido muitas vezes por um ouvinte judeu que levantava uma objeção à sua
mensagem, o que o obrigava a dar uma resposta imediata.
Santo Agostinho, em 386: “Não li mais nada, e não precisei de coisa alguma.
Instantaneamente, ao terminar a sentença [Rm 13.13-14], uma clara luz inundou meu
coração e todas as trevas da dúvida se desvaneceram
Martinho Lutero, em 1515: “Ansiava muito por compreender a Epístola de Paulo aos
Romanos, e nada me impedia o caminho, senão a expressão: ‘a justiça de Deus’, por que
a entendia como se referindo àquela justiça pela qual Deus é justo e age com justiça
quando pune os injustos... Noite e dia refleti até que... captei a verdade de que a justiça
de Deus é aquela justiça pela qual, mediante a graça e a pura misericórdia, Ele nos
justifica pela fé. Daí por diante, senti-me renascer e atravessar os portais abertos do
paraíso. Toda a Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes ‘a justiça de
Deus’ me enchia de ódio, agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior
amor. Esta passagem veio a ser para mim uma porta para o céu “Esta Epístola é o mais
importante documento do Novo Testamento, o evangelho na sua expressão mais pura”.
Aos olhos de numerosos historiadores, o comentário à Epístola aos Romanos por
Lutero, em 1516, foi o verdadeiro ponto de partida da Reforma.
William Tyndale, em 1534: “Visto que esta epístola é a principal e a mais excelente
parte do Novo Testamento, e o mais puro Evangélio, quer dizer, boas novas e aquilo que
chamamos de Evangelho, como também luz e caminho, que penetra o conjunto da
Escritura, creio que convém que todo cristão não somente a conheça de cor, mas
também se exercite nela sempre e sem cessar, como se fosse o pão cotidiano da alma.
Na verdade, ninguém pode lê-la demasiadas vezes nem estudá-la suficientemente bem.
Sim, pois, quanto mais é estudada, mais fácil fica; quanto mais é meditada, mais
agradável se torna, e quanto mais profundamente é pesquisada, mais coisas preciosas se
encontram nela, tão grande é o tesouro de bens espirituais que nela jaz oculto”.
Karl Barth, agosto de 1918: “O leitor perceberá por si mesmo que foi escrito com um
jubiloso sentimento de descoberta. A poderosa voz de Paulo era nova para mim. E se o
era para mim, certamente o seria para muitos outros também. Entretanto, agora que
terminei minha obra, vejo que resta muita coisa que ainda não ouvi...”
Até o capítulo 11 Paulo tratou da doutrina. Suas principais ênfases estavam em mostrar
a unidade da igreja, evidenciar a universalidade do pecado, manifestar a justiça de Deus
no Evangelho, anunciar a doutrina da justificação pela fé, proclamar a nova vida na
pessoa de Cristo, revelar a soberania de Deus na salvação.
No capítulo 12 Paulo muda sua ênfase para ética. Ele passa da teologia para a vida, do
ensino para o dever. F F Bruce afirma que a Bíblia nunca ensina uma doutrina para
torná-la simplesmente conhecida. Ela é ensinada para que seja transferida para a prática.
Paulo desafia os crentes a serem compromissados com os termos da nova aliança. Ao
distanciarem dessa era e terem a mente transformada para que possam cumprir a
vontade de Deus. Desta maneira apresenta o tema nesses 2 primeiros versículos do
capítulo 12 de Romanos, exortando os cristãos assumirem o compromisso de ser
testemunha da Nova Aliança. E esse compromisso é baseado nas misericórdias de Deus,
ou seja as bênçãos da nova aliança delineadas nos capítulos 3.21-11.36, o ato do
compromisso como oferta de gratidão oferecendo todo nosso ser em adoração a Deus
como sacrifício vivo, o meio do compromisso consiste em não se conformar com essa
era mas, ter a mente transformada pela renovação da mente e o resultado do
compromisso é que experimentaremos qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus.
“Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não encontrar
repouso em ti” Agostinho de Hipona.”
O ato de compromisso com Cristo envolve a totalidade de nosso ser. Deus já lhes havia
demonstrado sua copiosa misericórdia. A palavra usada por Paulo é parastísai
“apresentar”, neste versículo, significa “apresentar de uma vez por todas”. Esse
sacrifício é descrito como “vivo” em contraste com os sacrifícios antigos cuja vida era
tirada antes de ser apresentada sobre o altar; como “santo”, isto é, consagrado, separado
e reservado para o serviço de Deus, e “agradável a Deus” como aroma suave diante de
Deus. Paulo ordena uma entrega definitiva do corpo ao Senhor, como os noivos se
entregam um ao outro Paulo diz que a oferta do nosso corpo a Deus como sacrifício
vivo, santo e agradável é nosso culto racional. A palavra grega logikos, “racional”,
carrega a ideia de razoável, lógico e sensato. Trata-se, portanto, de um culto oferecido
de mente e coração, culto espiritual em oposição a culto cerimonial. Em Gálatas
2:19,20 o apóstolo é bem enfático: “Pois, por meio da lei eu morri para a lei, a fim de
viver para Deus. Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus,
que me amou e se entregou por mim”. Nenhum culto é agradável a Deus quando é
puramente interior, abstrato e místico; nossa adoração deve expressar-se em atos
concretos de serviço manifestados em nosso corpo. Hernandes dias Lopes citando
Crisóstomo em seu comentário de Romanos pergunta: “Como pode o corpo tornar-se
um sacrifício? Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se tornará um sacrifício;
permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se tornará uma oferta; deixe que a
mão não faça nada ilegal, e ela se tornará uma oferta em holocausto. Não, isso não será
suficiente, mas precisamos ter a prática ativa do bem - a mão precisa dar esmola; a boca
precisa abençoar em lugar de amaldiçoar; o ouvido precisa dar atenção sem cessar aos
ensinamentos divinos. Pois um sacrifício não tem nada impuro; um sacrifício é a
primícia de outras coisas. Portanto, que nós possamos produzir frutos para Deus com as
nossas mãos, com os nossos pés, com a. nossa boca e com todos os nossos outros
membros”.
Jesus nos ensina que esse é o primeiro mandamento: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus
de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as
tuas forças; Marcos 12:30.
Gordon MacDonald diz que devemos amar a deus com todo nosso ser e isso envolve
todas áreas da nossa vida.
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração - A natureza emocional.