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FORTALEZA – CEARÁ
2010
EGNALDO PINHEIRO VIDAL JUNIOR
FORTALEZA – CEARÁ
2010
V648e Junior, Egnaldo Pinheiro Vidal.
O Ensino de Astronomia no Ensino Médio: uma Proposta de
Oficina de Apoio ao Professor / Egnaldo Pinheiro Vidal Junior. –
Fortaleza, 2010.
59p; il.
Orientador: Prof. Dr. Emerson Mariano da Silva.
Monografia (Graduação em Física) – Universidade Estadual
do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia.
1. Astronomia – ensino. 2. Fenômenos. I. Universidade
Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia.
CDD: 521
EGNALDO PINHEIRO VIDAL JUNIOR
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
À meus pais, Erinaldo Pinheiro de Araújo e Rita Maria Vidal de Araújo, por sempre
acreditarem em mim.
Ao meu querido e estimado irmão Cristiano Vidal de Araújo por sempre ter me prestado todo
o apoio que necessitei.
Ao Prof. Dr. Emerson Mariano da Silva pela importante orientação acadêmica, credibilidade e
amizade durante o curso de graduação e realização deste trabalho monográfico.
Aos meus valorosos amigos Marcelo Henrique Justino Costa, Marina Cavalcante Aguiar e
Luís Cássio de Melo Castro.
Leonardo da Vinci
RESUMO
Este trabalho relata as dificuldades dos alunos em Astronomia básica, tendo como suporte
uma pesquisa em diversos artigos onde se constatou a mesma deficiência por parte de alunos e
professores. Neste sentido, é proposta uma oficina de curta duração de apoio ao professor no
ensino de Astronomia básica, onde a aplicação de questionários avaliativos (pré e pós-
oficina), construção de maquetes, de uma luneta astronômica e a posterior formulação de um
glossário astronômico foram utilizados para que a eficiência do projeto fosse avaliada. No
final da oficina, por intermédio de um questionário final, verificou-se uma satisfatória
assimilação de conceitos e fenômenos ligados à Astronomia.
Tabela 02 – Quadro expositor dos temas tratados nos artigos analisados no Caderno Brasileiro
de Ensino de Física...............................................................................................32
Tabela 03 – Relação dos conteúdos nos Artigos do Caderno Brasileiro de Ensino de Física..32
Gráfico 01 – Graduação dos docentes nas cidades de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires e
Mauá.....................................................................................................................25
LISTA DE SÍMBOLOS......................................................................................................08
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................................09
LISTA DE TABELAS........................................................................................................10
LISTA DE GRÁFICOS......................................................................................................11
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................15
2.3. Sobre como a Astronomia está sendo abordada nos currículos das universidades e no
ensino médio.....................................................................................................................18
2.4. Avaliação dos livros didáticos relacionados com a Astronomia...................................20
3 METODOLOGIA............................................................................................................33
3.2. O questionário...................................................................................................................33
5 CONCLUSÕES................................................................................................................54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................56
13
1 INTRODUÇÃO
citado tema. Fizeram parte das práticas utilizadas na oficina a explicação de fenômenos como
as fases da Lua, eclipses, trajetória da Terra em torno do Sol, construção de uma luneta
astronômica e construção de um glossário astronômico. Utilizou-se a ferramenta da
experimentação para despertar o interesse e participação dos alunos.
Desta forma, o objetivo deste trabalho é mostrar a relevância do ensino de
Astronomia no ensino médio, pela conexão que a mesma faz com as demais partes da Física e
pelo interesse que a Astronomia desperta nos alunos. Para a realização desta tarefa uma
oficina foi desenvolvida com duas turmas do 2° ano do ensino médio, utilizou-se
experimentação para construir com os alunos conceitos relacionados à Astronomia básica.
15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.3 Sobre como a Astronomia está sendo abordada nos currículos das
universidades e no ensino médio.
Para iniciarmos uma explanação sobre como a Astronomia está sendo abordada
em sala de aula, primeiro deve-se esclarecer como está a formação inicial dos professores que
irão ministrar esse conteúdo no referido local.
AMARAL (2008) analisou dois cursos que apresentam em seus currículos
conteúdos de Astronomia para formação de professores, Geografia e Ciências Naturais
(Ciências Exatas, Ciências da Natureza ou Ciências Naturais e Matemática).
Os resultados encontrados foram que, nos cursos de licenciaturas e bacharelados
em Geografia da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), Astronomia é ministrada como disciplina optativa.
As universidades que possuem em suas grades curriculares a disciplina
Astronomia no curso de Geografia são: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com
a disciplina Fundamentos de Astronomia e Geodésia, Universidade Federal de Goiás (UFG),
com a disciplina Fundamentos de Astronomia e a Universidade Estadual do Ceará (UECE),
com a disciplina Geografia Astronômica e Cosmografia (SOBREIRA, 2002).
Nos cursos de licenciatura em Ciências Naturais, quando a disciplina existe, em
sua maioria possui poucos créditos, não exige pré-requisitos, e comumente é realizada em
apenas um semestre.
19
Ainda sobre esse tema, vale ressaltar o trabalho de PINTO et al (2007) no qual
cita-se QUEIROS (1987), relatando que em uma de suas pesquisas alguns professores ficaram
chocados ao se darem conta que vivem na superfície da Terra.
Os resultados de suas pesquisas geraram uma preocupação em relação ao ensino
de Astronomia, mostrando que os professores tem um conhecimento deficitário. Aponta a
falta de políticas governamentais visando uma alfabetização científica, ausência de um
material didático apropriado e com qualidade, e a má formação inicial nas universidades dos
profissionais como fatores que colaboram para essa situação preocupante.
Um importante estudo feito por FARIA e VOELZKE (2008) vai ao encontro do
que está sendo discutido aqui. Em seu trabalho, foi caracterizado como a Astronomia está
sendo abordada em sala de aula, sua aprendizagem e como estava sendo ministrada. Seu
universo de pesquisa foi o ensino médio nos municípios de Rio Grande da Serra, Ribeirão
Pires e Mauá, em São Paulo.
Os resultados encontrados estão descritos adiante. Foi optado pela aplicação de
um questionário aos professores de Física que ministram aulas na rede municipal dos
municípios.
Dos 66,2% dos professores que responderam ao questionário nos três municípios
pesquisados, 57,4% não abordam nenhum tópico de astronomia, 89,4% não utilizam qualquer
tipo de programa computacional, 70,2% não utilizam laboratório, 83,0% nunca levaram os
alunos a museus e ou planetários e 38,3% não indicam qualquer tipo de revista ou livro sobre
Astronomia aos seus alunos. Os professores reconhecem a importância do ensino de
Astronomia, porém não incluem tal tema nos seus planejamentos escolares.
Para caracterização da situação dos livros didáticos, e para avaliação dos referidos
conteúdos ligados à Astronomia será feito inicialmente um apanhado de como o Ministério da
Educação (MEC) preconiza, não somente o estudo de Astronomia, mas o das Ciências como
um todo. Para tal feito, o citado órgão utiliza-se da Lei de Diretrizes e Bases (1996), dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (1999) e das Orientações Educacionais
Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+) (2002), dentre outros.
De acordo com FARIA e VOELZKE (2008) a lei n. 9.394 de Diretrizes e Bases
(LDB), a partir de sua promulgação em 20 de dezembro de 1996, passa a considerar o ensino
21
médio (EM) como etapa final da educação básica, tendo como finalidade fornecer meios para
o educando progredir no trabalho, na continuação dos estudos e garantir ao mesmo uma
formação comum para o exercício da cidadania. Em 1999 os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) propõem que o aprendizado deva ser entendido através de competências e
habilidades a serem desenvolvidas pelos professores junto aos alunos por área de
conhecimento.
A Física neste contexto deixa de ser encarada de forma deslocada do cotidiano, ou
como simplesmente um emaranhado de leis e fórmulas. De acordo com PCN+ a Física “passa
a ser reconhecida como um processo cuja construção ocorreu ao longo da história da
humanidade, impregnada de contribuições culturais, econômicas e sociais, que vem
resultando no desenvolvimento de diferentes tecnologias e, por sua vez, por elas
impulsionado". (PCN+, 2002).
De acordo com AMARAL (2008), nos PCN os conteúdos de Ciências Naturais
foram divididos em quatro pontos temáticos, Vida e Ambiente, o Ser Humano e Saúde,
Tecnologia e Sociedade e Terra e Universo. A Astronomia é mais encontrada no quarto ponto.
A citada autora alerta que o PCN se preocupa em agrupar os conhecimentos de forma prática
e para isso, além de conceitos, o documento contém procedimentos e atividades para compor
o ensino de Astronomia. O documento expõe, entre outros, que o objetivo básico do PCN é o
de explorar e compreender assuntos, por exemplo, movimentos celestes.
Afirma a autora que na educação básica a Astronomia, segundo o PCN, deve ser
abordada a partir do 3° e 4° ciclos (O ensino fundamental encontra-se dividido em quatro
ciclos: 1º ciclo (1ª e 2ª séries), 2º ciclo (3ª e 4ª séries), 3º ciclo (5ª e 6ª séries) e 4º ciclo (7ª e 8ª
séries).
DIAS e RITA (2008) descrevem em seu trabalho que os alunos estão concluindo
nível médio sem conhecimento de vários temas na área de Astronomia, que são obrigatórios
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Em seu trabalho os autores descrevem o que preconiza o PCN e o PCN+,
transcreve-se a seguir suas conclusões.
Como já foi relatado o ensino de astronomia deve ter início, segundo o PCN, nos
3° e 4° ciclos, os temas a serem enfatizados são:
i) Revisão histórica da Astronomia dos povos antigos;
ii) Revisão histórica mais recentes dos gregos até a Astronomia newtoniana;
iii) Sistema Sol-Terra;
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Para contribuir para que esse erro não seja perpetuado, será descrito mais adiante três formas
de desenhar de forma correta a trajetória dos planetas em torno do Sol.
Outro problema nos livros didáticos é apontado por CANALLE (1994) quando
relata que nas figuras que representam o sistema solar, geralmente, os planetas são
desenhados sem escala, o que induz o aluno muitas vezes a imaginar que o Sol e os planetas
têm dimensões proporcionais a aqueles discos desenhados. Ele afirma que em alguns livros o
Sol é comparado, em tamanho, com o planeta Júpiter.
Gráfico 1: Graduação dos docentes nas cidades de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires e Mauá.
algumas evidências que comprovem que a Terra é redonda, tentar explicar com desenhos por
que existem as estações do ano, dentre outras.
O resultado encontrado mostra que apesar da avaliação do MEC através do PNLD
e, posteriormente, a reformulação dos livros didáticos, não houve uma mudança conceitual
significativa por parte dos professores.
Os dados obtidos pelos pesquisadores demonstram que muitos professores não
têm a graduação na respectiva área necessária para um melhor desenvolvimento de suas
atividades de docência.
Isso reflete na qualidade do ensino de Física e, conseqüentemente no ensino de
Astronomia.
Vários autores discutem alternativas para melhoria dos livros didáticos,
organização do currículo do ensino médio com um maior enfoque no tema Astronomia,
sugestão de tópicos de astronomia para serem abordados nos diversos níveis educacionais.
A respeito da importância do livro didático como ferramenta de mudança desse
quadro, AMARAL (2008) acredita que um material de apoio aos professores de Ciências das
séries finais do ensino fundamental que apresente os conteúdos de Astronomia sem erros
conceituais, com sugestões de atividades experimentais, incluindo observações diurnas e
noturnas, poderá melhorar a qualidade das aulas ministradas.
Com esse intuito, a autora construiu um material de apoio ao professor intitulado
UTOPIA – Tudo o que você queria saber sobre Astronomia mas não tinha a quem perguntar.
SCARINCI e PACCA (2006) propõem que o ensino da Astronomia parta das
concepções espontâneas dos estudantes. As autoras defendem que as pré-concepções dos
alunos sejam exploradas para assim desenvolver-se, com base em múltiplas estratégias, o
incentivo a participação interativa do grupo. Discussões, por exemplo, de por que a Terra é
redonda? Seriam levadas para sala de aula e baseados nas respostas, nos questionamentos e
debates o conhecimento seria construído.
O trabalho das autoras ainda faz referência a uma adoção da concepção
vigotskiana, onde a formação dos conceitos exige a participação efetiva do sujeito na sua
construção de conhecimento. As duas defendem que essa abordagem na Astronomia solidifica
os conceitos a serem explorados.
Em seu trabalho, DIAS e RITA (2008) defendem a inserção da Astronomia como
disciplina curricular no ensino médio, tendo em vista que vários temas relacionados a já citada
área da Física são obrigatórios nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
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Ciências (Abrapec), para descrever como estão as publicações sobre esse tema, ensino de
Astronomia.
As revistas pesquisadas pelos autores foram a Revista Abrapec, Ciência &
Educação, Investigações em Ensino de Ciências, Caderno Brasileiro de Ensino de Física,
Revista Brasileira de Ensino de Física, Revista Latino-Americana de Educação em
Astronomia, Revista Ensaio, A Física na Escola e Ciência & Ensino.
Os autores em uma pré-analise utilizaram parâmetros para a escolha de seu
universo de estudo, parâmetros estes, que foram a exaustividade, representatividade,
pertinência, exclusividades de temas relacionados à Astronomia. O Caderno Brasileiro de
Ensino de Física foi o periódico que mais se encaixou nesse perfil, segundo os autores, no
qual foram encontrados 38 artigos relacionados à Astronomia, o que convenceu os mesmos
que é um bom universo a ser analisado.
O resultado encontrado, sobre a freqüência de aparecimento de alguma palavra no
título ou palavra-chave relacionada à Astronomia nos artigos do Caderno Brasileiro de Ensino
de Física, pode ser visualizado adiante, na figura 3:
Tabela 1: Freqüência de aparecimento de algumas palavras nos títulos ou palavras-chaves nos artigos do
Caderno Brasileiro de Ensino de Física.
Cometa(s) 2 Atmosfera 1
Supernova 1 Estações do Ano 2
Lunetas/telescópios 1 Luz 3
Galileu 3 Radioastronomia 2
O quadro abaixo descreve o resultado sobre a análise dos autores do que tratava os
artigos relacionados à Astronomia encontrados no Caderno Brasileiro de Ensino de Física.
Tais resultados podem ser visualizados na figura 4:
Tabela 2 : Quadro expositor dos temas tratados nos artigos analisados no Caderno Brasileiro de Ensino de
Física.
Período Oficina Informativo Reflexivo Divulgação Sub-total
1985 a 89 07 04 01 00 12
1990 a 94 07 02 00 01 10
1995 a 99 04 01 00 03 08
2000 a 05 01 02 02 03 08
Total 19 09 03 07 38
Visualiza-se que 50% dos artigos analisados possuem fundo informativo, o que
caracteriza que os autores dos textos buscam a atenção da comunidade acadêmica e dos
professores JUNIOR E TREVISAN (2009)
Utilizando como parâmetro de sua análise, Física aplicada à Astronomia, História
e Filosofia aplicada à Astronomia e Materiais didáticos e técnicas pedagógicas, os autores
mais uma vez elegeram o Caderno Brasileiro de Ensino de Física como universo de pesquisa.
A seguir, na figura 5, os resultados encontrados pelos pesquisadores sobre a
presença dos temas no citado periódico:
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Tabela 3: Relação dos conteúdos nos Artigos do Caderno Brasileiro de Ensino de Física.
Conteúdo Quantidade Percentual (%)
História da Astronomia 12 32
Explicação de fenômenos 11 29
Oficina 05 12
Formação de professores 03 8
Produção e análise de 03 8
material
Ensino de Astronomia 02 5
Concepções Prévias 01 3
Demonstrações algébricas 01 3
Total 38 100
3 METODOLOGIA
Foi elaborada uma oficina direcionada aos alunos do 2° ano do ensino médio com
duração de uma hora e quarenta minutos (curta duração, consideramos assim, por não exceder
24 horas).
Organizamos a oficina para suprir as deficiências apontadas na revisão
bibliográfica. Nela os alunos tiveram grande participação expondo suas dúvidas. A estratégia
utilizada privilegiou temas, conteúdos e fenômenos que constituem a astronomia básica.
A abordagem utilizada foi confrontar as pré-concepções dos alunos com a teoria
demonstrada, através da construção de experimentos e da construção de modelos que
explicassem movimentos celestes.
Ao iniciarmos a oficina, convidamos os alunos a uma reflexão sobre a história da
Astronomia e evolução das idéias a respeito da explicação da criação e formação do universo.
Após essa breve discussão, foi entregue a cada aluno um questionário, usado
inicialmente como motivação e introdução dos conteúdos a serem abordados posteriormente.
Os alunos foram instruídos a respondê-los individualmente, pois dessa forma se buscou
identificar seus conhecimentos, suas noções e as possíveis concepções a respeito do assunto.
3.2 O questionário.
Embora a grande maioria dos alunos conheça a teoria do Big Bang, quando
indagados sobre o desenvolvimento da teoria e como ela descreve a evolução do universo,
todos transcreveram respostas confusas e muitas vezes errôneas a respeito de como a teoria
explica o surgimento do universo.
Questão 2: Desenhe a Terra em sua trajetória em torno do Sol.
Nessa questão verificou-se que havia dificuldade em elaborar os desenhos. Quatro
alunos não responderam a referida questão. Os desenhos apresentaram algumas variações.
Tais como a falta de nomeação dos corpos Terra e Sol, e/ou a falta de delineação de toda a
trajetória.
As variações das respostas comprovaram que o conhecimento sobre a órbita da
Terra em torno do Sol não está solidificado entre os alunos. Evidenciou-se esse fato com base
na maioria das respostas, que acentuavam a órbita elíptica da Terra em torno do Sol, com uma
excentricidade exacerbada.
Nenhuma das respostas se aproximou da órbita real da Terra, a maioria eram
reproduções de livros que acentuam a excentricidade da trajetória da Terra em torno do Sol,
mostrando o desconhecimento dos alunos a respeito da excentricidade terrestre.
Questão 3: Quais movimentos da Terra você conhece e como fica evidenciado que eles
existem?
Todos os alunos responderam conhecer apenas dois movimentos e alguns
comentaram sobre os fenômenos que eles causam. Contudo as explicações sobre os
fenômenos limitaram-se ao fato de existir o dia e a noite tendo como responsável o
movimento de rotação, e as estações do ano que evidencia o movimento de translação.
Questão 4: Quais instrumentos de observação astronômica você conhece? Quais são as partes
integrantes desse instrumento?
A respeito sobre esta pergunta apenas dois alunos não souberam respondê-la. Os
demais responderam que conhecem o telescópio como instrumento de observação
astronômica.
No entanto, nenhum dos 43 alunos que responderam esse questionário inicial
descreveu, de forma correta e completa, alguma parte integrante do citado instrumento.
Alguns relataram em suas respostas que uma parte integrante do telescópio são lentes, porém
não citaram que tipo de lente é utilizada.
Classificação Exemplo Nº de
Respostas
Conhecimento de quais são as Apenas citaram as quatro fases da 28
fases da Lua. Lua.
Conhecem as fases da Lua e Citaram as quatro fases da Lua, 9
tentaram explicar o fenômeno. porém não souberam de forma
completa e correta explicar por que
o fenômeno ocorre.
Sem categorias. Não responderam ou colocaram 6
respostas não relacionadas ao fato.
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No caso do eclipse solar, a Lua passa exatamente entre a Terra e o Sol, e no caso
do eclipse lunar, a Terra passa exatamente entre o Sol e a Lua. Os desenhos e as fotos a seguir
são encontrados em seu trabalho e não se encontram em escala.
Após uma breve explicação sobre os tipos de eclipses e como eles ocorrem,
utilizou-se uma pequena maquete para representar os eclipses. Duas bolas de papel amassado
representaram a Terra e a Lua, com diâmetros diferentes. Uma lanterna representou o Sol.
salientar que o diâmetro dos três corpos, bem como as distâncias entre seus centros, não estão
representados em escala.
Figura 5: Lua em órbita circular em torno da Terra. Figura 6: Posição relativa Sol-Lua- Terra
para as quatro fases principais da Lua.
Figura 8: Elipse da órbita da terra. O ponto central é o centro da elipse e o ponto da direita é a posição de um dos
focos, o qual é ocupado pelo Sol.
Se a órbita da Terra fosse tão excêntrica teríamos que ver o tamanho aparente do
Sol mudar ao longo do ano. E se a órbita da Terra tivesse a excentricidade muito alta, quando
próximos do Sol, morreríamos com o calor e quando distante morreríamos com o frio.
Três métodos foram mostrados para o desenho correto da trajetória de um planeta
em torno do Sol.
a) Método do jardineiro:
O método do jardineiro consiste em escolher o tamanho do eixo maior (A) da
elipse, posteriormente determinar a distância entre os focos, ou seja, à distância F. A
excentricidade deve ser conhecida.
F = eA
Em seguida, descobrir qual o comprimento L do barbante a ser usado.
L=F+A
Para finalizar o método e desenhar a trajetória elíptica de um planeta em torno do
Sol, é necessário findar dois pregos, em uma superfície, separados pela distância F, envolver
as pontas dos pregos com um barbante e com um lápis sempre na vertical desenhar a elipse.
43
Figura 11: Elipse desenhada pelo método usando o editor de texto “Word”.
Avançando nas atividades da oficina, foi construída uma luneta astronômica onde
se buscou discutir seus elementos constituintes, sua fundamentação teórica relacionada ao
estudo da Óptica Geométrica, e seu manuseio.
I) Introdução teórica:
Chamamos genericamente de lunetas, os instrumentos ópticos utilizados para a
observação de objetos afastados. Quando utilizados para observar astros, são denominadas
lunetas astronômicas (CALÇADA e SAMPAIO, 1985).
Podemos considerar que a luneta astronômica é basicamente uma associação
coaxial de duas lentes convergentes colocadas dentro de um tubo, cujo interior é pintado de
negro. A lente que fica voltada para o objeto (astro) é a objetiva da luneta, enquanto a que fica
junto ao olho do observador é a ocular.
O esquema da figura mostra que a objetiva forma, do objeto infinitamente
afastado, uma imagem real invertida i1, no seu plano focal (com base no foco imagem 1). A
ocular funciona como simples lupa, fornecendo uma imagem final i2 virtual em relação ao
objeto observado.
45
Figura 12: Esquema da marcha dos raios que formam a imagem na luneta astronômica.
0=
0 =
O aumento visual ou angular da luneta é dado pela relação entre as tangentes dos
G=
Substituindo 0, vem:
G=
46
GN =
Figura 13: Telescópio do século XIX. Figura 14: Telescópio do Observatório Kitt Peak, no
Havaí.
Inicialmente precisamos encaixar um tubo de PVC no outro, para que isso seja
realizado sem folga, devemos colar uma tira de borracha no entorno do final do tubo de 4 cm
de diâmetro, e na parte interna do final do tubo de 5 cm de diâmetro, como o mostrado na
figura 1 a seguir:
A lente ocular será uma lente utilizada em monóculos (lambe-lambe), ela deve ser
acoplada na outra extremidade do telescópio, no tubo de 4 cm de diâmetro. Para essa fixação
se utiliza o próprio corpo do monóculo. Pode ser substituída pela lente ocular de câmeras
fotográficas analógicas.
Para se eliminar a aberração cromática na lente objetiva, confecciona-se um
pequeno diafragma que tem a função de deixar passar pelo seu centro somente alguns raios de
luz, evitando-se assim a aberração cromática. Ele deve ser feito com papel escuro, e com
diâmetro de 5 cm, o furo no seu centro deve ter o diâmetro de 2,5 cm (diâmetro de uma
moeda de 50 centavos). Como o mostrado na figura 3 abaixo:
GLOSSÁRIO ASTRONÔMICO:
4.1 Os dados.
As respostas apresentadas no questionário final foram categorizadas de acordo
com a semelhança em desenhos e conceitos apresentados pelos alunos nas questões.
Questão 1: Discorra sobre o porquê as fases da Lua ocorrem.
Quanto a esta primeira questão, quase todos os 43 alunos responderam de forma
satisfatória e concisa. Abaixo um quadro expositivo demonstra a quantidade de alunos que
responderam de forma correta a questão proposta.
Tabela 10: Representação das categorias, exemplos e dados numéricos relativos à questão 2.
Tabela 11: Representação das categorias, exemplos e dados numéricos relativos à questão 3.
Classificação Exemplo Nº de Respostas
Apresentaram conhecimento Identificaram a trajetória elíptica 5
da trajetória correta da Terra demonstrando seu desenho com a
em torno do Sol. excentricidade correta.
correta.
5 CONCLUSÕES
Nesse estudo, teve-se como objetivo investigar como o ensino de Astronomia está
sendo feito no Brasil, bem como a utilização de uma oficina que propõe, através de
experimentação, o ensino de conceitos ligados à Astronomia básica. Relacionou-se os
conceitos que os alunos tinham a respeito de assuntos relevantes em Astronomia básica,
revelados através de um questionário inicial, com a assimilação dos conhecimentos passados
através da oficina, que foi medida através de um posterior questionário.
Com a análise dos cursos de graduação com ênfase no ensino de Física e sobre
como a Astronomia está sendo abordada nos currículos das universidades e no ensino médio,
verificou-se uma deficiência em carga horária e ausência em muitas instituições de ensino de
disciplinas que tenham como foco a Astronomia. Esse déficit reflete-se na qualidade de
formação docente e resulta em aulas de baixa qualidade em diversos níveis educacionais.
Através desse trabalho verificou-se um número significativo de alunos que
desconhecem o esclarecimento a respeito de alguns fenômenos astronômicos que os rodeiam.
Porém, o estudo demonstrou interesse por parte dos mesmos no citado tema, a
experimentação aproximou os alunos de conceitos ligados a Astronomia como a forma de
observação dos astros e explicação de fenômenos astronômicos.
Em relação à aplicação da oficina, os resultados foram satisfatórios como
demonstrado através do questionário aplicado posteriormente. Muitos dos erros conceituais
foram retificados pelos alunos comprovando a eficiência da proposta de lecionar Astronomia
básica através de experimentação, na qual fenômenos astronômicos do cotidiano possam ser
discutidos com os alunos.
Através da oficina, pode-se discutir diversos temas da Física, como Óptica,
Mecânica Celeste, Física Térmica na explicação da teoria do Big Bang, ressaltando que o
ensino de Astronomia está em conexão com os demais temas da Física, demonstrando sua
relevância no programa curricular das instituições de ensino em geral.
O estudo da Astronomia se faz necessário, pois além de proporcionar um grande
espaço para interdisciplinaridade, principalmente com a Física, Química, Matemática,
Geologia, Meteorologia e Biologia, ela pode ser utilizada como eixo norteador para que o
professor chame a atenção dos alunos, pois é um dos temas que mais os atraem.
Ficou evidenciado neste trabalho, que a inexistência de uma disciplina específica
de Astronomia causa uma forte distorção no que deve ser ensinado e o que realmente se
55
ensina, no ensino médio. Os alunos desconhecem conteúdos básicos que deveriam ser
trabalhados desde o ensino fundamental, porém, devido principalmente à precariedade de
professores aptos para ministrar esses conteúdos, os alunos trazem esta deficiência até as
séries do ensino médio.
Em resumo, foi revelada uma deficiência encontrada nos alunos do 2° ano do
ensino médio em relação a conceitos básicos em Astronomia, porém pode ser superada
através de uma oficina de curta duração, na qual conceitos ligados a Astronomia foram
debatidos através de experimentação trazendo resultados satisfatórios.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS