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Frei Luís de Sousa

O Romantismo:

Garrett constrói um drama romântico definido pelos princípios da


estética romântica:
➢ O uso da prosa;
➢ O assunto nacional;
➢ A valorização dos sentimentos humanos das personagens;
➢ O ser humano como vítima das suas próprias atitudes / paixões,
deixando de ser um joguete do destino;
➢ O pendor social (espelha a verdade social e a realidade dos
acontecimentos quotidianos);
➢ A linguagem fluente e coloquial, próxima da realidade vivida
pelas personagens.

➢ A crença no sebastianismo;
➢ O amor à pátria: patriotismo e o nacionalismo;
➢ As crenças em agouros, superstições e visões;
➢ O fatalismo (as personagens tentam negar racionalmente o
destino, mas não conseguem);
➢ A religiosidade (cristianismo e religião);
➢ A apologia do individualismo (o confronto entre o indivíduo e a
sociedade; a felicidade individual é contrariada pelas normas
sociais);
➢ A exacerbação dos sentimentos;
➢ A aspiração da liberdade;
➢ A noite (a ação passa-se ao fim da tarde, noite e madrugada);
➢ O tema da morte – a morte como solução para os problemas;
➢ O mito do escritor romântico;
➢ A intenção pedagógica: a problemática dos filhos ilegítimos e a
denúncia da falta de patriotismo.
A Ação:

➢ Palácio de Manuel de Sousa Coutinho;


➢ Madalena, sozinha, revela os seus temores e pressentimentos;
➢ Madalena e Telmo dialogam e fornecem informações sobre os
acontecimentos do passado;
➢ Pressente-se um clima de fatalidade iminente;
➢ Os governadores espanhóis decidem ocupar o palácio de Manuel
de Sousa Coutinho;
➢ Manuel de Sousa decide incendiar o seu palácio;
➢ Fuga das personagens;
➢ Destruição do retrato de Manuel de Sousa;
➢ Mudança da família para o palácio de D. João de Portugal.

➢ Palácio de D. João de Portugal;


➢ Maria recorda a noite do incêndio;
➢ Maria revela a Telmo o interesse pelo retrato de D. João de
Portugal;
➢ Manuel de Sousa manifesta a intenção de ir a Lisboa e Maria
pretende acompanhá-lo;
➢ Madalena expressa a sua inquietação e o seu desassossego;
➢ Acentuam-se os pressentimentos de Madalena quanto ao facto
de ser sexta-feira;
➢ Madalena está com Frei Jorge, quando chega o Romeiro com
uma mensagem para ela;
➢ Reconhecimento do Romeiro como D. João de Portugal.

➢ Parte baixa do palácio de D. João;


➢ Manuel de Sousa Coutinho, assumindo a sua culpa, manifesta a
sua decisão de entrar na vida conventual;
➢ Telo reconhece o Romeiro como D. João de Portugal;
➢ O Romeiro, arrependido, mostra a intenção de remendar o mal
causado pela sua chegada;
➢ Madalena tenta, em vão, convencer Manuel a evitar a separação;
➢ Madalena resigna-se para o convento;
➢ Morte de Maria;
➢ Tomada do hábito por Manuel e Madalena;
➢ Aniquilamento da família.

Afunilamento:

A primeira característica da estruturação do espaço de Frei Luís de


Sousa é a concentração. Os espaços desta peça são em número
reduzido, sendo que a mudança de ato implica a alteração de
cenário.

Ato Primeiro:
➢ Decorre no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, numa sala
ampla e decorada de forma rica e luxuosa. Este espaço
caracteriza-se pela luminosidade, pela abertura ao exterior,
pelas sugestões cromáticas e pela liberdade de movimentos, o
que espelha a felicidade daquela família;
➢ O retrato de Manuel de Sousa Coutinho que está na sala é um
elemento simbólico: ao ser devorado pelas chamas que
consomem o palácio, funciona como indício de desgraça.

Ato Segundo
➢ Passa-se no palácio de D. João de Portugal, decorado um “gosto
melancólico e pesado”. Aqui o retrato de Manuel de Sousa
Coutinho é substituído pelos retratos de D. João de Portugal, de
D. Sebastião e de Camões. O retrato de D. João funciona como
anunciador de uma fatalidade iminente: Maria e Madalena fitam-
no como que fascinadas e no final deste ato torna-se o meio de
reconhecimento do Romeiro;
➢ No salão deste palácio, a vontade próprias das personagens
desvanece, a abertura dá lugar ao fechamento e as portas
“cobertas e reposteiros” fazem o mundo exterior desaparecer.
Ato Terceiro
➢ Desenrola-se na parte baixa do palácio de D. João de Portugal,
cuja porta comunica com a capela da Senhora da Piedade. O
espaço perde abertura e luz e ganha frieza e escuridão,
tornando-se mais restrito e austero;
➢ Podemos concluir que no afunilamento gradual do espaço em
Frei Luís de Sousa anda a par com o avolumar da tragédia.
Palácio de Manuel de Sousa
Coutinho (lumonisidade e
abertura ao exterior)
Palácio de D. João de
Portugal (sala dos
retratos)
Parte baixa do
palácio de D.
João

Capela

As coordenadas do espaço psicológico da obra são delimitadas


pelos sonhos proféticos e desvaneios de Maria, assim como por
diversos monólogos:
➢ O monólogo de Madalena, que reflete sobre uns versos d’Os
Lusíadas, dando conta das preocupações constantes em que
vive;
➢ O monólogo de Manuel de Sousa Coutinho, quando decide
incendiar o seu palácio;
➢ As reflexões ponderadas de Frei Jorge, que parece antever a
desgraça que se vai abater sobre a família de seu irmão;
➢ O monólogo de Telmo, que revela verdadeiramente o seu conflito
interior no final da peça.
Personagens:

Madalena de Vilhena:
➢ Presumível viúva de D. João de Portugal;
➢ Casada, em segundas núpcias, com Manuel de Sousa;
➢ Mãe de Maria, fruto do segundo casamento.
Manuel de Sousa Coutinho:
➢ Segundo marido de Madalena;
➢ Pai de Maria;
➢ Irmão de Frei Jorge.
Maria de Noronha:
➢ Filha de Madalena e Manuel de Sousa.
Telmo Pais:
➢ Escudeiro fiel de D. João, no passado;
➢ Leal servidor de Madalena e da sua família, no presente.
Frei Jorge:
➢ Irmão de Manuel de Sousa Coutinho;
➢ Frase domínico.
D. Joao de Portugal
➢ Primeiro marido de Madalena, desaparecido na Batalha de
Alcácer-Quibir.

Madalena de Vilhena:
➢ O possível regresso de D. João de Portugal;
➢ A separação do marido;
➢ A ilegitimidade da filha;
➢ O agravamento da saúde da filha.
Manuel de Sousa Coutinho:
➢ O possível regresso de D. João de Portugal (receio não
revelado);
➢ O agravamento da saúde de Maria.
Maria de Noronha:
➢ Um terrível acontecimento no seio da sua família;
➢ A sua possível separação dos pais.
Telmo Pais:
➢ Agravamento da saúde de Maria;
➢ A desonra de Maria.
Frei Jorge:
➢ O despontar de uma situação funesta na família.
D. Joao de Portugal:
➢ A destruição da família de Madalena;
➢ O sofrimento da mulher que ainda ama.

Madalena de Vilhena: Manuel de Sousa Coutinho:


➢ Emotividade; ➢ Racionalidade;
➢ Sensibilidade; ➢ Sensatez;
➢ Medo; ➢ Coragem;
➢ Angústia; ➢ Determinação;
➢ Insegurança; ➢ Integridade;
➢ Culpa; ➢ Patriotismo;
➢ Supersticiosa; ➢ Cultura.
➢ Apaixonada.
Maria de Noronha: Telmo Pais:
➢ Inteligência; ➢ Dedicação e fidelidade;
➢ Intuição; ➢ Amor a Maria;
➢ Perspicácia; ➢ Sebastianismo.
➢ Coragem;
➢ Fragilidade física;
➢ Nacionalismo;
➢ Sebastianismo.
Frei Jorge: D. Joao de Portugal:
➢ Sensatez; ➢ Nobreza de caráter;
➢ Firmeza; ➢ Austeridade;
➢ Racionalidade; ➢ Integridade;
➢ Equilíbrio. ➢ Humanidade.

Madalena de Vilhena:
➢ Forçada a separar-se de Manuel de Sousa;
➢ Ingressa na vida religiosa;
➢ Morre socialmente.
Manuel de Sousa Coutinho:
➢ Separa-se de Madalena, para ingressarem ambos na vida
religiosa;
➢ Morre socialmente.
Maria de Noronha:
➢ Sofre a vergonha da ilegitimidade;
➢ Morre fisicamente, na presença dos pais.
Telmo Pais:
➢ Vive o dilema de escolher entre a lealdade da D. João e o amor a
Maria;
➢ Assiste à destruição da família.
Frei Jorge:
➢ Assiste à destruição da família;
➢ Aconselha o casal a professar como meio de redenção e
consolo.
D. Joao de Portugal:
➢ Ao regressar, após 21 anos de cativeiro, encontra Madalena
casada com Manuel de Sousa;
➢ Vê a destruição da família de Madalena, que, em vão, tenta
evitar.

➢ Madalena de Vilhena::solidão e sofrimento;


➢ Manuel de Sousa Coutinho: impotência, solidão e sofrimento;
➢ Maria de Noronha: vergonha, desgosto, solidão, revolta e
sofrimento;
➢ Telmo Pais: sofrimento e abandono;
➢ Frei Jorge: sofrimento;
➢ D. Joao de Portugal: abandono, solidão e anonimato.

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