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RELATÓRIO DE ESTABILIDADE FINANCEIRA

ANUAL DE 2018
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Relatório de Estabilidade Financeira


Publicação semestral do Banco Nacional de Angola (BNA)

É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Estabilidade Financeira.
Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos.
Não são citadas as fontes das tabelas e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Nacional de Angola.

Banco Nacional de Angola


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Internet: <http://www.bna.ao

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 ii 


Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

OBJECTIVO DO RELATÓRIO DE ESTABILIDADE FINANCEIRA

No âmbito das atribuições conferidas ao Banco Nacional de Angola, por intermédio da sua Lei Orgânica
n.º 16/10, de 15 de Julho, para a prossecução da política económica do Executivo, compete-lhe, para além
da condução, execução, acompanhamento e controlo das políticas monetária e cambial, velar pela
estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de
última instância. Assim, em virtude desta prorrogativa, impende sobre o mesmo o dever de elaborar e
publicar, com periodicidade regular, Relatórios relativos às suas atribuições, entre os quais o Relatório de
Estabilidade Financeira.

O Presente relatório tem como objectivo principal identificar potenciais riscos para o sistema financeiro
angolano e dar a conhecê-los ao mercado. Tendo presente que não é a única instituição financeira com
influência na estabilidade do sistema financeiro angolano, o conteúdo deste documento reflecte apenas as
análises e opiniões do Banco Nacional de Angola.

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 iii 


Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

ÍNDICE

SUMÁRIO EXECUTIVO ........................................................................................................................ 1

1 ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO-FINANCEIRO .................................................. 1


1.1 Apreciação Global................................................................................................................................ 1
1.2 Contextualização Internacional ............................................................................................................ 1
1.2.1 Crescimento Mundial.................................................................................................................................. 1
1.2.2 Mercado Accionista .................................................................................................................................... 3
1.2.3 Mercado das Commodities......................................................................................................................... 3
1.3 Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro .............................................. 4
1.3.1 Sector Real ................................................................................................................................................. 4
1.3.2 Sector Externo............................................................................................................................................ 6
1.3.3 Sector Fiscal ............................................................................................................................................... 7
1.3.4 Sector Monetário ........................................................................................................................................ 9
1.4 Perspectivas ........................................................................................................................................ 11

2 SECTOR EXTERNO ...................................................................................................................... 14


2.1 Comércio Externo .............................................................................................................................. 14
2.2 Solvabilidade Externa ........................................................................................................................ 14
2.3 Endividamento Externo...................................................................................................................... 16

3 MERCADO MONETÁRIO ............................................................................................................ 17


3.1 Operações de Regulação Monetária ................................................................................................... 17
3.1.1 Operações de Mercado Aberto (OMA-Absorção) .................................................................................... 17
3.1.2 Facilidades Permanentes de Liquidez ..................................................................................................... 17
3.1.3 Operações de Redesconto ...................................................................................................................... 18
3.2 Evolução das Taxas de Juro ............................................................................................................... 18
3.2.1 Taxas de Juro da Política Monetária........................................................................................................ 18
3.2.2 Taxas Nominais de Juro de Títulos do Mercado Primário ....................................................................... 19
3.2.3 LUIBOR .................................................................................................................................................... 20
3.3 Operações Cambiais ........................................................................................................................... 20

4 SISTEMA DE PAGAMENTOS ..................................................................................................... 22


4.1 Enquadramento .................................................................................................................................. 22
4.2 Sistema de Pagamentos em Tempo Real ........................................................................................... 23
4.3 Subsistema de Compensação de Cheques .......................................................................................... 23

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 iv 


Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

4.4 Subsistema Multicaixa ....................................................................................................................... 24


4.4.1 Terminais de Pagamento Automático ...................................................................................................... 24
4.4.2 Caixas Automáticos.................................................................................................................................. 25
4.4.3 Host to Host .............................................................................................................................................. 25
4.4.4 Pagamentos e Levantamentos ................................................................................................................ 26
4.5 Subsistema de Transferências a Crédito ............................................................................................ 26

5 SECTOR BANCÁRIO .................................................................................................................... 27


5.1 Organização do Sistema Bancário ..................................................................................................... 27
5.1.1 Estrutura e Composição ........................................................................................................................... 27
5.1.2 Regulação do Sistema Financeiro ........................................................................................................... 28
5.2 Sistema Bancário – Visão Geral ........................................................................................................ 33
5.2.1 Estrutura Patrimonial ................................................................................................................................ 33
5.2.2 Adequação de Capital .............................................................................................................................. 36
5.2.3 Qualidade dos Activos.............................................................................................................................. 37
5.2.4 Rentabilidade ........................................................................................................................................... 41
5.2.5 Liquidez e Gestão de Fundos .................................................................................................................. 42
5.3 Governação Corporativa e Sistema de Controlo Interno ................................................................... 44
5.4 Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo ............................................................ 46
5.4.1 Actualização do quadro legal ................................................................................................................... 47
5.4.2 Relações de Correspondência Bancária (RCBs) ..................................................................................... 47
5.4.3 Acção de Supervisão Off-site ................................................................................................................... 49
5.4.4 Acção de Supervisão On-site ................................................................................................................... 51

6 SUPERVISÃO COMPORTAMENTAL........................................................................................ 53
6.1 Gestão das reclamações ..................................................................................................................... 53
6.2 Inspecções e Acompanhamento de mercado ..................................................................................... 54
6.3 Licenciamento .................................................................................................................................... 56
6.3.1 Licenciamento de produtos e serviços financeiros .................................................................................. 57
6.3.2 Licenciamento de Campanhas Publicitárias ............................................................................................ 58

7 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E INCLUSÃO FINANCEIRA................................................. 60


7.1 Estatísticas Das Contas Bankita Referentes Ao I Semestre De 2018 ................................................ 60
7.2 Índice de Inclusão Financeira ............................................................................................................ 65
7.3 Perspectivas ........................................................................................................................................ 68
 

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 v 


Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 vi 


Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

SUMÁRIO EXECUTIVO
O ano de 2018 ficou marcado pela maior contracção da actividade económica face ao ano anterior, como
reflexo do contínuo agravamento da actividade petrolífera, associada a redução dos níveis de produção de
petróleo e gás, bem como da desaceleração da actividade não petrolífera, causada pelo menor dinamismo
observado nos sectores de indústria transformadora, serviços mercantis e de construção.

O índice de preços no consumidor manteve a sua tendência de desaceleração iniciada em 2017, tendo a taxa
de variação homóloga reduzido em 8,05p.p. fixando-se nos 18,21% face aos 26,26% registados no período
homólogo.

De acordo com os dados preliminares estima-se um ligeiro superavit fiscal para o ano 2018, depois de quatro
anos sucessivos de défice, fruto da performance favorável do preço médio do petróleo, permitindo assim uma
melhoria nas receitas fiscais. Contudo, apesar deste desempenho, o Governo continuou a apresentar
dificuldades de tesouraria, recorrendo assim, à emissão de títulos públicos, desembolsos externos (linhas de
crédito e Eurobonds) e à desmobilização de recursos em moeda externa para cobertura dos défices de caixa.

Com efeito, os indicadores de solvabilidade e de endividamento externo do país degradaram-se, implicando


uma maior vulnerabilidade da economia aos choques externos. Deste modo, não obstante as perspectivas de
melhoria de determinados indicadores da economia, os riscos inerentes ao seu desempenho não devem ser
descurados pelo que, continua a ser necessário um melhor acompanhamento dos principais factores
determinantes da sustentabilidade das contas externas. Esse monitoramento deve ter em atenção as incertezas
sobre a evolução da economia internacional, com forte incidência das principais economias mundiais,
nomeadamente a americana e a chinesa, assim como a produção e preço do petróleo, apesar das tentativas de
redução da oferta implementadas pela OPEP para pressionar o preço do petróleo.

Será necessário um quadro de política que possa fomentar a produção nacional quer do ponto de vista
qualitativo como quantitativo, assegurando a diversificação das exportações para contrapor a rigidez de subida
do preço do petróleo e dos mercados internacionais garantia do financiamento das importações, por outro lado,
possibilitar a substituição de importação por produção nacional, melhorando as políticas de investimentos para
o fomento da produção nacional.

Relativamente a politica cambial, em 2018, verificou-se mudanças significativas. Após a implementação do


regime cambial flutuante por bandas, no início do ano, procedeu-se, no final do ano, ao término do mecanismo
de vendas directas de divisas e ao início da comunicação com maior frequência da programação das vendas
de divisas. Em consequência destas mudanças, a moeda nacional face ao dólar norte-americano depreciou-se
em 46,23% no mercado primário, fixando-se em Kz/USD 308,607, e em contrapartida, apreciou-se em 5,05%
no mercado informal.

1
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 1 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Com o objectivo de melhorar a eficácia dos instrumentos de política monetária, contribuindo para a
continuidade do processo de estabilização macroeconómica e solidez do sistema financeiro, o Comité de
Política Monetária (CPM) decidiu ao longo do ano de 2018 reduzir a taxa de juro de referência do Banco
Nacional de Angola (BNA) de 18,00% para 16,50% e manter a taxa das FAL em 0,00%. No entanto, o BNA
procedeu à redução da taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez por duas vezes, passando
de 20,00% para 18,00% e posteriormente para 16,50%.

O CPM decidiu, igualmente, unificar a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez à taxa
básica de juro, passando a designar-se apenas por Taxa BNA, refletindo o custo efectivo da cedência de
liquidez aos bancos comerciais pelo BNA, bem como reduzir o coeficiente das reservas obrigatórias de 21,00%
para 19,00% e posteriormente para 17,00%, conferindo, assim maior liquidez ao sistema para a concessão de
crédito à economia.

Todavia, face a recessão económica, observa-se uma contínua tendência de queda da contribuição da
actividade bancária no Produto Interno Bruto (PIB), sendo que a carteira de títulos e valores mobiliários, que
são activos de baixo risco, mantêm-se como a maior aplicação dos bancos angolanos e com tendência
crescente, influenciado fundamentalmente, pela depreciação da moeda nacional. Por sua vez, a carteira de
crédito bruto manteve-se como a segunda maior rubrica dos activos e contrariamente, com tendência
decrescente, devido, fundamentalmente ao risco de crédito que se manteve em níveis preocupantes.

Em 2018, a estabilidade do sector bancário melhorou comparativamente ao período homólogo, influenciado


principalmente por factores internos, aumento do capital social e dos resultados de operações cambiais,
redução do crédito não provisionado, bem como pela redução do risco de contágio. Porém, os riscos implícitos
ao sistema financeiro angolano associados ao seu enquadramento macroeconómico situaram-se em níveis
superiores face ao período homólogo, com excepção dos riscos provenientes da vulnerabilidade monetária e
externa. Pelo que, os desafios para a estabilidade financeira persistem, sendo necessário que o país se torne
resiliente aos choques externos, especificamente à volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional,
e de igual modo, deve manter um nível adequado de reservas cambiais. Adicionalmente, é imprescindível a
melhoria da intermediação financeira, bem como a implementação de reformas estruturais essenciais para
impulsionar a concessão de crédito dirigido para estimular a diversificação da economia e consequentemente,
o crescimento da actividade económica.

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Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 2 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

1 Enquadramento Macroeconómico‐Financeiro

1.1 Apreciação Global


Em 2018, a Cobweb da estabilidade macroeconómica demonstrou agravamento em quase todos os indicadores
de risco face ao período homólogo, com excepção aos da vulnerabilidade monetária e externa.

Relativamente aos riscos associados à vulnerabilidade monetária, estes apresentaram melhorias, em resultado
do aumento dos níveis de liquidez e relativa estabilidade dos agregados monetários face ao período homólogo.
Por sua vez, o aumento dos níveis de liquidez resultou, em parte, das medidas implementadas pelo Banco
Nacional de Angola, nomeadamente, (i) redução do coeficiente de reservas obrigatórias, no início do segundo
trimestre, para os depósitos do sector privado, do Governo Central e dos Governos Locais, em moeda nacional
para 17,00%; (ii) redução da maturidade mínima de cedência de liquidez por parte dos bancos de
desenvolvimento de 180 dias para 90 dias; e (iii) flexibilização das condições e requisitos de acesso das
instituições financeiras às operações de facilidade de cedência de liquidez Overnight.

No que diz respeito à melhoria dos indicadores de vulnerabilidade externa, diversos factores contribuíram para
a mesma, por um lado, realça-se a acentuada redução do diferencial entre a taxa de câmbio do mercado
primário e do informal, em resultado da implementação do novo regime cambial, das melhorias significativas
na alocação de divisas ao mercado e da apreciação da moeda nacional face ao dólar norte-americano no
mercado informal. Por outro lado, destaca-se o aumento do peso dos activos externos líquidos expressos em
moeda nacional sobre o activo total, devido, essencialmente, à depreciação cambial. Porém, assistiu-se a um
aumento das restantes vulnerabilidades.

A vulnerabilidade internacional registou um agravamento, impulsionado pela deterioração do indicador de


clima económico mundial o que  se reflectiu, particularmente, no consumo privado mais fraco e redução do
preço do petróleo e pela volatilidade do Índice VIX, em resultado da guerra comercial entre os EUA e a China.

A nível da vulnerabilidade fiscal, persiste a necessidade de financiamento do Estado, facto que foi influenciado
pelo aumento da dívida pública e pela redução do preço do petróleo no mercado internacional, apesar da
melhoria da dívida pública em percentagem do PIB.

Por fim, na vulnerabilidade real o agravamento significativo no IMAE petrolífero e um ligeiro agravamento
na concentração do PIB medido pelo IHH influenciaram negativamente a evolução desta vulnerabilidade,
apesar da melhoria do Indicador Mensal de Actividade Económica (IMAE) 1 não perolífero e da desaceleração
da inflação.

                                                            
1
 O Indicador Mensal de Actividade Económica é calculado e disponibilizado pelo Departamento de Estatística do Banco Nacional 
de Angola 
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Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 1 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 1: Cobweb Macroeconómica da Estabilidade Financeira em Angola

Fonte: Bloomberg, BNA, MINFIN, INE-Angola, Ministério do Planeamento, Ministério dos Petróleos, CESifo

Em termos gerais, apesar de algumas melhorias em relação ao período homólogo, os riscos implícitos ao
sistema financeiro angolano associados ao seu enquadramento macroeconómico situaram-se em níveis
superiores face ao período homólogo, com excepção dos riscos provenientes da vulnerabilidade monetária e
externa.

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Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 2 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Painel 1: Evolução Histórica dos Índices que Compõem a Cobweb


Índice de Vulnerabilidade face à Conjuntura Internacional Índ ece de Vu l nerab i lidade face à Co nj un tu ra E xt erna
4.5 4.5

4.0 4.0

3.5
3.5
3.0
3.0
2.5
2.5
2.0
2.0
1.5

1.5 1.0

1.0 0.5
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2013 2014 2015 2016 2017 2018

IVCI Média_IVCI IVCE Média_IVCE

Índice de Vulnerabilidade face à Conjuntura Fiscal Índice de Vulnerabilidade face à Conjuntura do Sector Real
3.5 4.4

3.0 4.0

3.6
2.5
3.2
2.0
2.8
1.5
2.4
1.0
2.0

0.5 1.6

0.0 1.2
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2013 2014 2015 2016 2017 2018

IVCFis Média_IVCFis IVSR Média_IVSR

Índice de Vulnerabilidade face à Conjuntura Monetária


5.0

4.5

4.0

3.5

3.0

2.5

2.0

1.5

1.0
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018

IVCM Média_IVCM

Fonte: Bloomberg, BNA, FMI, MINFIN, INE-Angola, Ministério do Planeamento, Ministério dos Petróleos, CESifo, FAO. Cálculos efectuados pelo BNA.

1.2 Contextualização Internacional


1.2.1 Crescimento Mundial

No World Economic Outlook (WEO) de Janeiro de 2019, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que
a taxa de crescimento económico mundial tenha diminuído em 2018 (tendo sido cerca de 3,7%) face a 2017
(que se estima ter sido de 3,8%). No que se refere, em particular, às economias emergentes e em
desenvolvimento, o FMI estima que tenham crescido, em 2018, 4,60%, face a um crescimento de 4,70% em
2017, enquanto o crescimento das economias desenvolvidas tenha sido de 2,30%, face aos 2,40% em 2017.

Tabela 1: Crescimento Económico Anual a Nível Mundial

1
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 1 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

2017 2018 2019 2020


CRESCIMENTO DO PIB (em %) Estimativas Estimativas Previsões
Economia Mundial 3,80 3,70 3,50 3,60
Economias Avançadas 2,.40 2,30 2,00 1,70
EUA 2,20 2,90 2,50 1,80
Zona Euro 2,40 1,80 1,60 1,70
Japão 1,90 0,90 1,10 0,50
Reino Unido 1,80 1,40 1,50 1,60
Economias Emergentes e em Desenvolvimento 4,70 4,60 4,50 4,90
Rússia 1,50 1,70 1,60 1,70
China 6,90 6,60 6,20 6,20
Índia 6,70 7,30 7,50 7,70
Brasil 1,10 1,30 2,50 2,20
África Subsaariana 2.90 2,90 3,50 3,60
Nigéria 0,80 1,90 2,00 2,20
África do Sul 1,30 0,80 2,00 1,70
Fonte: FMI, World Economic Outlook (Update), Janeiro de 2019.
1
 Correspondem a taxas de crescimento anualizadas.  

Nos Estados Unidos da América (EUA) a estimativa de taxa de crescimento económico para 2018 é de 2,90%
contra 2,20% em 2017, reflectindo um aumento do investimento, bem como um aumento do consumo privado.
Relativamente à Zona Euro, estima-se um crescimento de 1,80% em 2018 contra 2,40% em 2017, enquanto
no Japão, as estimativas da taxa de crescimento foram de 1,90% em 2017 e 0,90% em 2018, espelhando a
redução do consumo privado e do investimento.

No entanto, para as economias emergentes e em desenvolvimento, destaca-se a economia indiana com uma
estimativa da taxa de crescimento de 7,30% em 2018. Por sua vez, para a economia chinesa estima-se um
crescimento a um ritmo menor de 6,60% em 2018 contra 6,90% em 2017, devido à fraca procura mundial e
incertezas dos investidores, provocada principalmente pela guerra comercial com os EUA que caracterizou o
ano de 2018. Na Rússia e no Brasil, o FMI estima que em 2018 as economias tenham crescido mais que em
2017, o que reflecte a recuperação gradual dos preços das commodities, estimando um crescimento económico
dos mesmos de 1,70% e de 1,30% em 2018 contra 1,50% e 1,10% em 2017, respectivamente.

Por sua vez, a África Subsariana como bloco manteve, em 2018, o mesmo crescimento de 2017, de cerca de
2,90%.

Portanto, em 2018, a desaceleração da economia mundial teve como principais razões o impacto da guerra
comercial entre os Estados Unidos e a China, o abrandamento da economia europeia e algumas crises em
vários mercados emergentes.

2
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 2 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

1.2.2 Mercado Accionista

No final do ano de 2018, o índice VIX, que capta a volatilidade do S&P 500, rondou, em termos médios diário,
os 25,42, cerca de 9,33 pontos acima da média do primeiro semestre de 2018, reflexo da grande agitação que
os mercados financeiros sentiram na última metade do ano, principalmente devido à guerra comercial entre os
EUA e a China.

Gráfico 2: Indicadores de Volatilidade dos Mercados Financeiros (Índice VIX)


44

40

36

32

28

24

20

16

12

8
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018  
Fonte: Bloomberg

1.2.3 Mercado das Commodities

Os preços no mercado das commodities energéticas, eme 2018 apresentaram uma grande volatilidade, tendo
o preço do Brent atingido os 86,29 USD/barril no início do mês de Outubro o valor mais alto do ano, mas
diminuindo significativamente no mês de Dezembro, atingindo o nível mais baixo de 50,47 USD/barril. O
preço médio registado em Dezembro de 2018, foi de 69,00 USD/barril contra os 54,86 USD/barril registados
no ano anterior. Este aumento foi maioritariamente sentido no terceiro trimestre do ano, suportado pelo
crescimento da procura mundial, pelas sanções dos EUA ao Irão, pela quebra de produção na Venezuela, pelo
anúncio de corte de produção da OPEP e da Rússia, assim como algumas interrupções de produção
inesperadas. No entanto, a guerra comercial e a pressão do Presidente Donald Trump para que a Arábia Saudita
e toda a OPEP aumentassem a produção levou a uma queda considerável dos preços no final do ano.

Gráfico 3: Índice de Preços das Commdities Alimentares da FAO e Preço do Brent

3
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 3 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

 
240

200

160

120

80

40

0
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018

FAO BRENT

Fonte: FAO, Bloomberg

De acordo com os dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a procura mundial por
petróleo em 2018 está estimada em 98,78 Mb/d, tendo subido 1,49 Mb/d em relação ao ano de 2017. Por seu
turno, estima-se que a procura por petróleo nos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) aumente em 0,45 Mb/d para uma média de 47,87 Mb/d e nos países fora da OCDE um
aumento de 1,04 Mb/d, fixando-se nos 50,91 Mb/d.

Relativamente à oferta mundial, as previsões apontam para um aumento de 2,5 Mb/d em relação ao ano
anterior, atingindo uma média de 98,90 Mb/d no ano de 2018, sendo que os países fora da OPEP aumentaram
a sua oferta, face a 2017, em 2,61 Mb/d, enquanto os membros da OPEP reduziram a sua produção em 0,16
Mb/d.

No mercado das commodities alimentares, observou-se em Dezembro de 2018, uma queda generalizada nos
preços face ao período homólogo, tendo o índice dos preços das commodities da FAO, passado de 169,05 para
161,71. Em geral, segundo a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), a
guerra comercial entre China e EUA foi a principal razão da diminuição dos preços. destacando-se a introdução
da tarifa de 25% sobre as importações provenientes do EUA de soja por parte do Governo Chinês foi apontada
como um dos principais factores a abalar a procura mundial.

1.3 Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro


1.3.1 Sector Real

De acordo com as estimativas preliminares elaboradas pelo Ministério de Economia e Planeamento (MEP),
para 2018 a taxa de crescimento real da actividade económica, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB),
situou-se em -1,70%, reflectindo numa maior contracção da actividade económica face ao ano anterior (-
0,15%). Esta desaceleração resultou do agravamento da actividade petrolífera passando de cerca de -5,33 %
em 2017 para -9,20% em 2018, bem como da menor dinâmica da actividade não petrolífera (0,28%).
4
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 4 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 4: Crescimento Económico do Sector Petrolífero e Não Petrolífero

15,00

10,00

11,05
4,95 4,82
5,00

1,22
8,88

0,28
8,99 0,94
(%)

0,00

-2,53
-2,74
-1,70
-0,87

-2,50

-5,33
-0,15

-9,20
-2,96
-5,00 -2,58

-10,00

-15,00
2013 2014 2015 2016 2017 (Est.) 2018 (Est.)

PIB petrolífero PIB não petrolífero PIB pm


 
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2013-2017) e Ministério da Economia e Planeamento (2018)

A redução da actividade petrolífera na ordem de 3,87 p.p., foi justificada, principalmente, pela diminuição nos
níveis de produção do petróleo e gás em torno de 12,48%.

A desaceleração da actividade não petrolífera (-0,94 p.p.) foi reflexo do menor dinamismo observado nos
sectores da indústria transformadora (de 1,18% para 0,10%), serviços mercantis (de 1,48% para 0,65%) e da
construção (de 2,51% para 1,85%).

Neste sentido, o fraco crescimento registado no sector da indústria transformadora resultou, em particular, da
dificuldade de importação de matéria-prima e em alguns casos, da importação de peças de reposição e
manutenção para o funcionamento das fábricas instaladas, o que limitou a capacidade produtiva do sector.
Enquanto a fraca actividade no sector de serviços mercantis poderá estar associada à deterioração da
conjuntura económica, reflectindo-se na queda do volume de importações e na degradação da cadeia de
distribuição. Por fim, o baixo desempenho do sector de construção foi impulsionado, essencialmente, pela
deterioração da conjuntura macroeconómica com realce para o quadro fiscal, reflectindo-se na redução das
despesas de capital, em particular no menor dinamismo na execução dos programas de investimentos públicos
em infra-estruturas.

Relativamente a produção petrolífera total, em Dezembro de 2018, observou-se uma redução de 15,41% face
ao mesmo período do ano anterior, situando-se em 1,56 Mb/ d.

5
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 5 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 5: Evolução da Estrutura do PIB

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2013 2014 2015 2016 2017 (Est.) 2018 (Est.)

Agricultura Pescas e derivados Diamantes e outros


Petroleo Indústria transformadora Construção
Energia Serviços mercantis Outros

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2013-2017) e Ministério da Economia e Planeamento (2018)

1.3.2 Sector Externo

No ano de 2018, verificou-se um aumento do valor das exportações de bens em 16,69% e do valor das
importações de bens em 10,31%, reflectindo-se num saldo positivo da conta de bens, tendo expandido em
20,79%. No entanto, este aumento do valor das exportações de bens não se reflectiu na acumulação de reservas,
sendo que as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) contraíram em 21,65%, em relação ao ano de 2017.

Gráfico 6: Reservas Internacionais Líquidas e Variação Mensal da taxa de Câmbio Kz/USD


35,000
0%

30,000
-10%
USDMilhões

25,000 -20%

20,000 -30%

15,000 -40%

10,000 -50%
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018

RIL Variação da Taxa de Câmbio Nominal de Referência (Eixo a direita)

Por sua vez, a cobertura das importações2 aumentou em 1,10%, situando-se em 2,36% contra 3,46% no período
homólogo.

                                                            
X
2
 A cobertura das importações é dada pela expressão  c  , onde X  Exportação e M  Importação  
M
6
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 6 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

O stock de reservas internacionais brutas registadas no final de 2018 situou-se em USD 16,17 mil milhões,
correspondendo a uma cobertura de 7,393 meses de importações de bens e serviços, contra 7,74 meses
registados no período homólogo, cujas reservas situaram-se em USD 18, 23 mil milhões. A redução nos meses
de cobertura das importações é explicada, fundamentalmente, pela diminuição das reservas brutas em 11,29%
(USD 2,06 mil milhões).
O ano de 2018 foi marcado por mudanças significativas na política cambial, após a implementação do regime
cambial flutuante por bandas, no início do ano, procedeu-se, no final do ano, ao término do mecanismo de
vendas directas de divisas e ao início da comunicação com maior frequência da programação das vendas de
divisas. Em relação à evolução da moeda nacional face ao dólar norte-americano, em consequência destas
mudanças, a mesma depreciou-se em 46,23% no mercado primário, fixando-se em Kz/USD 308,607, e em
contrapartida, apreciou-se em 5,05% no mercado informal. Deste modo, o diferencial entre a taxa de câmbio
do mercado primário e do informal diminuiu em  122,35 p.p., tendo passado de 150,62% em Dezembro de
2017 para 28,26% em Dezembro 2018.
Painel 2: Diferencial da taxa de Câmbio USD/Kz

Tax a de Câmbio do Mercado de Referência e Informal Diferencial entre os Mercados de Referência e Informal
600 240%
Novo Regime Cambial Novo regime câmbial

500 200%

400 160%
AKZ/USD

300 120%

200 80%

100 40%

0 0%
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Taxa de Câmbio formal Taxa de Câmbio informal  

1.3.3 Sector Fiscal

O ano de 2018 ficou marcado pela ligeira melhoria das contas fiscais, devido à performance favorável do
preço médio da principal commodity de exportação, o petróleo, que passou de 53,9 USD/barril em 2017
para 71,9 USD/barril em 2018, permitindo assim uma melhoria nas receitas fiscais. De acordo com os dados
preliminares estima-se um ligeiro superavit fiscal para o ano em análise, depois de quatro anos sucessivos
de défice.

                                                            
3
 Resultado dos dados preliminares de acordo com a PME aprovada de 04.01.19 
7
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 7 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

A Receita Total registou um aumento de 58,77%, ao passar de Kz 3,54 biliões em 2017 para Kz 5,63 biliões
em 2018, um grau de execução de 127,01%. Este resultado foi influenciado pelo acréscimo da receita
petrolífera em 93,40% (69,96 p.p. acima do previsto). A receita não petrolífera aumentou apenas em 14,92%
(21,18 p.p. abaixo do programado), este aumento poderá ser um reflexo particular da maior actuação da
Administração Geral Tributária (AGT), através do reforço da conformidade processual de cobrança de
imposto.

Ao longo do período em análise, apesar do bom desempenho da receita de impostos, o Governo continuou
a apresentar dificuldades de tesouraria, recorrendo assim, à emissão de títulos públicos, desembolsos
externos (linhas de crédito e Eurobonds) e à desmobilização de recursos em moeda externa para cobertura
dos défices de caixa.

No que se refere à despesa total, registou-se um aumento de 13,02%, atingindo 106,26% do programado,
passando de Kz 4,82 biliões em 2017 para Kz 5,45 biliões em 2018, influenciado, maioritariamente, pelo
crescimento das despesas correntes (24,89% em relação a 2017), que representaram cerca de 80% das
despesas totais. Este comportamento da despesa corrente resultou, principalmente, do aumento no valor dos
encargos com os juros da dívida (74,56%) e das despesas de bens e serviços (15,62%). Entretanto, as
despesas de capital atingiram Kz 1,08 biliões, uma redução de 18,38% em relação ao ano anterior.

Relativamente aos encargos com juros, apesar da ligeira redução das taxas de juro dos títulos da dívida
interna em 2018, o valor dos juros internos aumentou em 64,46% em relação ao ano passado, (39,43 p.p.
acima do previsto), sendo influenciado particularmente pela depreciação cambial ocorrida ao longo do ano.
Quanto aos encargos com a dívida externa apresentaram-se em linha com a programação, tendo aumentado
consideravelmente 87,68%.

O comportamento das despesas e das receitas públicas resultou num ligeiro superavit fiscal na óptica de
compromisso de Kz 175,07 mil milhões (0,62% do PIB) em 2018 ao passo que em 2017 registou-se um
maior agravamento do défice público, desde o início da crise em 2014 (Kz 1,23 biliões, ou seja 6,14% do
PIB).

8
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 8 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 7: Crédito Líquido ao Governo Central


3,000,000

2,000,000
Milhões de KZ

1,000,000

-1,000,000

-2,000,000
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018  

1.3.4 Sector Monetário

Em 2018, manteve-se a tendência de desaceleração iniciada em 2017 da variação do índice de preços no


consumidor, tendo a taxa de variação homóloga reduzido em 8,05 p.p. fixando-se nos 18,21% face aos 26,26%
registados no período homólogo.

Gráfico 8: Inflação Homóloga e Variação do Agregado Monetário M2 em Moeda Nacional


50%

40%

30%

20%

10%

0%

-10%
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Inflação Homóloga Variação Homóloga M2

Fonte: BNA e INE Angola

No ano de 2018, o Comité de Política Monetária (CPM) tomou decisões, tendo como objectivos melhorar a
eficácia dos instrumentos de política monetária, contribuindo para a continuidade do processo de estabilização
macroeconómica e solidez do sistema financeiro. Deste modo, decidiu ao longo do ano reduzir a taxa de juro
de referência do Banco Nacional de Angola (BNA) de 18,00% para 16,50% e manteve a taxa das FAL em
0,00%. No entanto, o BNA procedeu à redução da taxa de juro da facilidade permanente de cedência de
9
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 9 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

liquidez por duas vezes, passando de 20,00% para 18,00% e posteriormente para 16,50%. Decidiu, igualmente,
unificar a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez à taxa básica de juro, passando a
designar-se apenas por Taxa BNA. Assim, a Taxa BNA irá reflectir o custo efectivo da cedência de liquidez
aos bancos comerciais pelo BNA.

O CPM decidiu, igualmente, ao longo do ano de 2018, reduzir o coeficiente das reservas obrigatórias de
21,00% para 19,00% e posteriormente para 17,00%, conferindo, assim maior liquidez ao sistema para a
concessão de crédito à economia.

A Base Monetária em moeda nacional, variável operacional para a condução da Política Monetária, em 2018,
contraiu em 10,71%. Para esta contracção contribuíram as operações cambiais, as operações monetárias e os
recebimentos e pagamentos do BNA.

No período em análise, o indicador relativo aos níveis de liquidez, definido como o rácio das reservas livres
dos bancos comerciais em moeda nacional sobre a base monetária em moeda nacional, aumentou em 5,86 p.p.,
em relação ao ano de 2017, fixando-se em 16,58%, o que indica um aumento de liquidez no mercado.

Gráfico 9: Índices de Herfindahl Hirschman: Índice de Concentração das Quotas de Mercado


40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018  

O rácio de transformação dos depósitos em crédito situou-se em 56,38%, um aumento de 1,11 p.p.
relativamente ao período homólogo, que pode ser justificado pelo aumento do stock do Crédito à Economia
em proporções maiores em relação ao aumento dos Depósitos no Sistema Financeiro. Outrossim, um dos
factores do aumento do stock do crédito está relacionado com a requalificação da carteira de crédito por parte
de alguns bancos.

10
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 10 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 2: Rácio de Transformação


8,000,000 .80

7,000,000 .75

6,000,000 .70
Milhões de KZ

5,000,000 .65

4,000,000 .60

3,000,000 .55

2,000,000 .50
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Crédito à Economia Depositos Totais  


Rácio de Transformação (Eixo à Direita)

1.4 Perspectivas

De acordo com as últimas projecções do FMI (Update, World Economic Outlook, Janeiro de 2019)
relativamente à economia mundial, as previsões para 2019 indicam que nas economias avançadas, o
crescimento deverá ser de 2,00%, ligeiramente abaixo dos 2,30% estimado para 2018. Essa previsão reflecte
o abrandamento da actividade económica na Zona Euro, mais propriamente na Espanha e Alemanha durante
o ano de 2018. Porém, relativamente ao Reino Unido, prevê-se um crescimento ligeiramente acima da
estimativa de 2018, apesar das incertezas políticas em torno do Brexit.

Nas economias de mercado emergentes, espera-se um abrandamento no crescimento da China, um crescimento


moderado na Índia e uma recuperação mais forte no Brasil, beneficiada pelos efeitos favoráveis dos preços de
commodities e pelas condições de financiamento mais favoráveis em alguns países exportadores de
commodities.

Na África subsaariana, espera-se um aumento da taxa de crescimento, após revisão em alta da previsão de
crescimento para a Nigéria e da África do Sul, numa altura, que se observa uma melhoria da confiança no
mercado, resultado da mudança política que se tem vindo a reflectir no investimento privado.

Para os preços das commodities energéticas, as previsões do FMI indicam que a média do preço do petróleo
situar-se-á em 68,99 USD/barril em 2019. Relativamente à produção petrolífera para 2019, no seu mais recente
relatório do mês de Janeiro, a OPEP projecta que os países que não fazem parte da organização aumentem a
sua oferta de petróleo em 2,1 Mb/d, fixando-a em 64,16 Mb/d.

O Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019, indica um crescimento do PIB real de 2,78%, sendo que o
sector petrolífero e gás poderá crescer em 3,10% e o sector não petrolífero em 2,64%. Dessas previsões,
11
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 11 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

antevê-se um ligeiro aumento da produção petrolífera, motivado pelo reinício da produção dos campos Raia,
Bagre e Albacore no bloco 2/05, restabelecimento e melhoria da injecção de água em várias concessões e a
entrada em produção do campo Vandumbu no bloco 15/06 e do Polo Kaombo Sul no bloco 32. No âmbito do
mesmo Quadro, espera-se um preço médio do petróleo de 68 USD/barril contra os 71,90 USD/barril registado
em 2018. Igualmente, prevê-se uma taxa de inflação anual de 15,00% e um superavit fiscal global
(Compromisso) na ordem de 1,45% do PIB.

No que toca às contas fiscais, prevê-se, comparativamente a 2018, uma redução das receitas fiscais de 8,51%,
situando-se em Kz 5,15 biliões (17,20% do PIB), influenciada, principalmente, pela diminuição dos impostos
petrolíferos (20,80%), não obstante a perspectiva de um crescimento significativo das receitas não petrolíferas
(22,32%). Similarmente às despesas deverão reduzir em 7,03%, atingindo cerca de Kz 5,07 biliões (16,93%
do PIB), reflexo da contracção das despesas correntes (3,33%) e da despesa de capital (22,00%).

No que concerne à Balança de Pagamentos, projecta-se uma Conta Corrente superavitária em torno de USD
998,46 milhões, inferior ao estimado para 2018 (USD 7,95 mil milhões). Esta redução de cerca de 87,00%
poderá resultar, essencialmente, da diminuição do saldo positivo da conta de bens em 39,53%, efeito da queda
do valor das exportações (30,81%). A conta de Capital e Financeira poderá registar um saldo deficitário na
ordem de USD 2,75 mil milhões, inferior ao défice de USD 8,84 mil milhões estimados para 2018, resultado
de uma menor deterioração do saldo Investimento Directo Líquido.

Assim, prevê-se um agravamento no défice da Balança de Pagamentos de USD 160,06 milhões, situando-se
em USD 1,75 mil milhões, resultando numa perda de Reservas Internacionais Brutas em 10,52%, que
corresponderá a uma cobertura de 8,16 meses de importação de bens e serviços no final de 2019.

Para o sector monetário, espera-se um crescimento de 4,16% da Base Monetária em MN, que se reflectirá na
expansão das Notas e Moedas em Circulação (3,84%) e dos depósitos dos bancos no BNA (14,06%), sendo
estes influenciados pelo ciclo expansionista da política fiscal. Quanto à evolução dos agregados monetários,
de acordo com a programação monetária estima-se para 2019, uma expansão anual dos agregados M3 e M2
na mesma proporção, de 18,64%, influenciada pela perspectiva de crescimento do PIB Não-Petrolífero e da
projecção expansionista da política fiscal.

Os desafios para a estabilidade financeira persistem, sendo necessário que o País se torne resiliente aos choques
externos, especificamente à volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional, e de igual modo, deve
manter um nível adequado de reservas cambiais. Adicionalmente, sugere-se uma melhoria na intermediação
financeira, bem como a implementação de reformas estruturais essenciais para impulsionar a concessão de
crédito dirigido para estimular o crescimento da actividade económica.

12
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 12 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

13
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 13 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

2 Sector Externo

Durante o ano de 2018, a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real em Angola revelou-se mais
moderada do que o esperado, como reflexo da redução acentuada da produção de petróleo e gás, com impacto
negativo nas contas fiscais e externas, apesar de se observar um crescimento do preço médio do petróleo bruto
nos mercados internacionais, bem como um crescimento comedido da economia angolana. De acordo com os
dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), estima-se para 2018 uma contracção da economia de 1,7%.

2.1 Comércio Externo

No final do ano 2018, a taxa de cobertura global das importações de bens e serviços cifrou-se em (159,90%)
contra (125,98%) no período homólogo, representando um aumento de 33,92 p.p., explicado sobretudo pela
magnitude do aumento das exportações de bens e serviços em USD 5,79 mil milhões (16,27%), enquanto as
importações de bens e serviços diminuíram em USD 2,37 mil milhões (8,40%). Este aumento representa um
ganho de competitividade para a economia angolana, em virtude da recuperação do preço do principal produto
de exportação do país, bem como da diminuição das importações.

A conta de bens apresentou uma tendência crescente e excedentária ao longo de 2018, explicada
maioritariamente pelo aumento das exportações, ao passo que a conta de serviços continuou a apresentar um
saldo deficitário, devido a contínua dependência do país aos serviços prestados por não residentes.

Gráfico 31: Taxa de Cobertura Global

70,0 180,0%
160,0%
60,0
140,0%
Mil Milhões de USD

50,0
RB/Stock Dívida

120,0%
40,0 100,0%

30,0 80,0%
60,0%
20,0
40,0%
10,0
20,0%
0,0 0,0%
2014 2015 2016 2017 2018

Importações de Bens e Serviços Exportações de Bens e Serviços

Taxa de Cobertura Global

2.2 Solvabilidade Externa

O stock de reservas internacionais brutas registadas no final de 2018 situou-se em USD 16,17 mil milhões,
correspondendo a uma cobertura de 7,50 meses de importações de bens e serviços, contra 7,74 meses
14
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 14 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

registados no período homólogo, cujas reservas cifraram-se em USD 18,23 mil milhões. A redução nos meses
de cobertura das importações é explicada fundamentalmente pela queda verificada nas reservas brutas em USD
205,75 mil milhões (11,35%) em termos homólogos, apesar de se ter verificado uma redução de USD 200,81
mil milhões (8,40%) das importações de bens e serviços.

Gráfico 42: Reservas Brutas/ Importações de Bens e Serviços

60,0 13,0

50,0 11,0

Meses de Importação
9,0
Mil Milhões de USD

40,0
7,0
30,0
5,0
20,0
3,0

10,0 1,0

0,0 ‐1,0
2014 2015 2016 2017 2018
Reservas Brutas (stock) Importações de Bens e Serviços
RB/ Importação (Meses)

Como resultado do aumento das necessidades de financiamento à economia, o stock da dívida externa
aumentou em USD 359,12 mil milhões (8,28%), ao passar de USD 43,39 mil milhões em 2017 para USD
46,98 mil milhões em 2018.

Por seu turno, o rácio das reservas brutas sobre a dívida externa no final do período em análise, reduziu de
42,01% no final de 2017 para 34,42%, representando uma diminuição da capacidade da economia angolana
em honrar os seus compromissos externos.

Gráfico 53: Reservas Brutas/ Stock da Dívida Externa

50,0 350,0%

300,0%
40,0
250,0%
RB/Stock Dívida
Mil Milhões de USD

30,0 200,0%

20,0 150,0%

100,0%
10,0
50,0%

0,0 0,0%
2014 2015 2016 2017 2018
Stock da dívida Externa
Reservas Brutas (stock)
Stock da dívida externa/ Reservas Brutas

15
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 15 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

De referir que o rácio das reservas brutas sobre os meios de pagamentos (M2) em moeda nacional passou de
(66,90%) em 2017 para (110,97%) em 2018, um aumento de 44,07 p.p. explicada maioritariamente pela forte
contracção dos meios de pagamentos (M2) em moeda nacional, resultante de várias intervenções de absorção
de liquidez e da depreciação da taxa de câmbio em relação ao período homólogo.

Gráfico 64: Reservas Brutas/ M2 em MN

35,0 120,0%

30,0 100,0%
Mil Milhõees de USD

25,0

RB/M2 em MN
80,0%
20,0
60,0%
15,0
40,0%
10,0

5,0 20,0%

0,0 0,0%
2014 2015 2016 2017 2018
Reservas Brutas (stock) M2 em MN (stock)
RB/ M2 em MN

2.3 Endividamento Externo


Face a diminuição das reservas internacionais e o ligeiro aumento da dívida externa, o rácio da dívida
externa sobre as reservas brutas aumentou de 238,05% em 2017 para 290,54% em 2018, mostrando assim,
que o nível actual da dívida externa total representa mais do que o dobro dos activos de reserva de que o país
dispõe.

Gráfico 15: Stock da Dívida Externa / Reservas Brutas

50,0 90,0%
45,0 80,0%
40,0 70,0%
35,0
RB/Stock Dívida

60,0%
Mil Milhões de USD

30,0
50,0%
25,0
40,0%
20,0
30,0%
15,0
10,0 20,0%

5,0 10,0%
0,0 0,0%
2014 2015 2016 2017 2018

Reservas Brutas (stock) Stock da dívida Externa
RB/ Stock Dívida

16
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 16 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

3 Mercado Monetário

3.1 Operações de Regulação Monetária


3.1.1 Operações de Mercado Aberto (OMA-Absorção)

As Operações de Mercado Aberto de liquidez ascenderam, em termos acumulados em Kz 1,62 biliões, inferior
ao volume realizado em 2017 em 10,33%. O efeito líquido dessas operações sobre a Base Monetária foi de
contracção da liquidez de Kz 49,42 mil milhões. O nível de execução sobre a projecção deste instrumento foi
de cerca de 138,40% no ano.

Tabela 2: Operações do Mercado Aberto


em milhões de KZ

OMA 2017 2018

Execução Grau Exec/ Projec Execução Grau Exec/ Projec

Total Geral 1, 804, 772. 08 150. 57% 1, 618, 344. 80 138. 40%

Janeiro 110, 110. 00 152. 9% 124,100. 00 97. 2%

Fev ereiro 157, 140. 43 87. 3% 87,700. 00 70. 7%

Março 115, 682. 90 115. 7% 184,890. 90 149. 0%

Abril 75, 100. 00 59. 7% 350,700. 00 101. 6%

Maio 40, 585. 00 323. 4% 176,030. 00 100. 0%

Junho 146, 145. 00 764. 4% 109,500. 00 100. 0%

Julho 305, 077. 80 219. 3% 101,299. 90 224. 6%

Agosto 286, 208. 00 135. 3% 14,580. 00 14. 6%

Setembro 394, 291. 95 100. 0% 106,999. 90 232. 2%

Outubro 105, 796. 00 46. 7% 176,937. 10 264. 1%

Nov em bro 2, 395. 00 12. 7% 127,151. 00 127. 2%

Dezem bro 66, 240. 00 70. 8% 58,456. 00 64. 7%

3.1.2 Facilidades Permanentes de Liquidez

No período em análise, foram realizadas Facilidades de cedências de liquidez (FCL), num total de Kz 3,45 mil
milhões para bancos com desequilíbrios de liquidez, tendo, no entanto, o seu efeito líquido sobre a Base
Monetária sido contraccionista em cerca de Kz 36,92mil milhões.

Tabela 3: Facilidades Permanentes de Liquidez


em milhões de KZ

FPL 2017 2018

FAL7 FCO/FCL FAL7 FCO

Total Geral 1, 977,873.88 2,506,043.90 - 3,449,335.01

Janeiro 291,720.00 341,975.20 579,531.72

Fevereiro 340,000.00 247,854.42 494,518.62

Março 272,600.00 476,759.04 291,616.64

Abril 203,750.00 89,284.81 424,136.72

Maio 309,490.00 442,139.22 277,953.66

Junho 206,335.00 343,799.10 141,764.42

Julho 45,300.00 80,000.00 249,401.42

Agosto 38,000.00 80,000.00 447,786.92

Setembro 31,000.00 80,000.00 467,807.32

Outubro 126,790.00 150,000.00 25,163.00

Novembro 112,888.88 100,019.03 34,354.56

Dezembro - 74,213.08 15,300.00

17
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 17 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

3.1.3 Operações de Redesconto

Não obstante os níveis de liquidez da economia permanecerem altos no período em análise, algumas
instituições bancárias apresentaram dificuldades para cobertura das suas necessidades temporárias de liquidez
no mercado monetário interbancário, devido às condições de debilidade estrutural que as mesmas
apresentaram. Por conseguinte, estas instituições tiveram que recorrer a operações de financiamento de última
instância do Banco Central, o redesconto, atingindo um valor acumulado no período de Kz 799,11 mil milhões,
à taxas de juro de 20,00% a.a, tendo sido dados colaterais os títulos em carteira.

Tabela 4: Operações de Redesconto


e m milhões de KZ

OP. DE REDESCONTO 2017 2018

Total Geral 3, 193, 934. 82 799, 109. 00

Janeiro 352, 724. 11 163, 602. 00

Fev ereiro 437, 724. 11 112, 596. 00

Março 434, 366. 00 163, 602. 00

Abril 444, 366. 00 163, 602. 00

Maio 201, 601. 78 184, 602. 00

Junho 341, 542. 09 10, 000. 00

Julho 163, 601. 78 105. 00

Agosto 163, 601. 78

Setembro 163, 601. 78

Outubro 163, 601. 78 1, 000. 00

Nov em bro 163, 601. 78

Dezem bro 163, 601. 78

De modo geral, o efeito líquido das operações do mercado monetário sobre a Base Monetária no final do
período, foi de contracção em cerca de Kz 40,3 mil milhões, inferior à contracção prevista no ano de KZ 146,6
mil milhões representando um desvio de cerca de 72,48%.

3.2 Evolução das Taxas de Juro


3.2.1 Taxas de Juro da Política Monetária

As taxas de juro da política monetária tiveram uma tendência decrescente, registando ligeiras variações ao
longo do período, em harmonia com as decisões do Comité de Política Monetária (CPM). Por decisão do CPM,
no segundo semestre de 2018, a taxa de juro básica do BNA passou de 18,00% para 16,50% a.a. com uma
variação de 3,5 p.p., comparativamente ao período homólogo em que a taxa era 20,00%.

Relativamente às taxas praticadas para operações de Facilidades Permanentes de Liquidez, de referir que a
taxa de juro da Facilidade de Cedência de Liquidez (FCO) passou de 18,00% a.a. para 16,50% a.a no final do
primeiro para o segundo semestre, representando uma variação de 1,5 p.p. e por outro lado as taxas de
Facilidade de Absorção de Liquidez (FAL7) e de overnight (FAO) mantiveram-se em 0,00% a.a.

18
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 18 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Tabela 5: Taxas de Juros da Política Monetária


TAXA BNA FCO FAO FAL 7 Decis ões s obre as Taxas de Juro da Política Monetária

Dez-14 9.00% 9.75% 1.75% Mantidas as Taxas

Dez-15 11.00% 13.00% 1.75% 1.75% Aumentada a taxa BNA e a taxa da FCO e s urgimento da FAL 7 com taxa 1.75%

Dez-16 16.00% 20.00% 0.00% 7.25% Mantidas as Taxas

Jan-17 16.00% 20.00% 0.00% 7.25% Mantidas as Taxas

Fev-17 16.00% 20.00% 0.00% 7.25% Mantidas as Taxas

Mar-17 16.00% 20.00% 0.00% 7.25% Mantidas as Taxas

Abr-17 16.00% 20.00% 0.00% 7.25% Mantidas as Taxas

Mai-17 16.00% 20.00% 0.00% 7.25% Mantidas as Taxas

Jun-17 16.00% 20.00% 0.00% 5.25% Diminuição da taxa da FAL7

Jul-17 16.00% 20.00% 0.00% 2.75% Diminuição da taxa da FAL7

Ag-17 16.00% 20.00% 0.00% 2.75% Mantidas as Taxas

Set-17 16.00% 20.00% 0.00% 2.75% Mantidas as Taxas

Out-17 16.00% 20.00% 0.00% 2.75% Mantidas as Taxas

Nov-17 18.00% 20.00% 0.00% 0.00% Reduzida a FAL 7 para 0%

Dez-17 18.00% 20.00% 0.00% 0.00% Reduzida a FAL 7 para 0%

Jan-18 18.00% 20.00% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Fev-18 18.00% 20.00% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Mar-18 18.00% 20.00% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Abr-18 18.00% 20.00% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Mai-18 18.00% 20.00% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Jun-18 18.00% 18.00% 0.00% 0.00% Dimunuição da FCO

Jul-18 16.50% 16.50% 0.00% 0.00% Dimunuição das Taxas BNA e FCO

Ago-18 16.50% 16.50% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Set-18 16.50% 16.50% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Out-18 16.50% 16.50% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Nev-18 16.50% 16.50% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

Dez-18 16.50% 16.50% 0.00% 0.00% Mantidas as Taxas

3.2.2 Taxas Nominais de Juro de Títulos do Mercado Primário

Em 2018, as taxas de juro médias dos títulos públicos de curto prazo para as maturidades de 91, 182 e 364
dias situaram-se em 13,60%aa, 17,05%aa e 19,05%aa, respectivamente, observando-se variações negativas de
2,55p.p., 3,19p.p. e 4,88p.p., em relação ao período homólogo.

Gráfico 16: Taxas de Juro do Mercado Primário

19
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 19 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

3.2.3 LUIBOR

As taxas de juro médias practicadas no mercado para a permuta de liquidez entre os bancos teve um
comportamento decrescente fundamentalmente a partir do segundo semestre do ano em análise,
fundamentalmente no final do ano, altura em que havia excesso de liquidez no sistema bancário, as taxas
situara-se em 16,75%a.a, 16,81%a.a, 17,09%a.a, 17,35%a.a, 17,82%a.a e 17,99%a.a respectivamente para as
maturidades de overnight à 12 meses.

Este comportamento esteve em linha com às medidas de política monetária adoptadas pelo BNA em reduzir
as taxas directoras.

Gráfico 17: Evolução da LUIBOR Overnight

25.00%

22.50%

20.00%

17.50%

15.00%

Título do Eixo

Overnight 1 Mês 3 Meses 6 Meses 9 Meses 12 Meses

3.3 Operações Cambiais

O ano de 2018 foi marcado no mercado cambial pela implementação do Novo Regime Cambial, que se define
na passagem do regime de taxa de câmbio fixa para flutuante com bandas. Assim, desde a implementação da
referida medida que o spread existente entre as taxas de câmbio do mercado secundário de notas (mercado
formal) e do mercado informal tem registado reduções significativas, passando de 110% em Janeiro de 2018
para 27% no fim do ano.

Gráfico 18: Evolução da taxa de câmbio

20
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 20 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Em 2018, o Banco Nacional de Angola efectuou venda de divisas ao mercado no montante de EUR 11.461,6
milhões, equivalente a USD 13.473, milhões, sendo que, o efeito líquido das operações do mercado cambial
sobre a Base Monetária no final do período, foi de contracção em cerca de Kz 2,5 mil milhões, inferior à
contracção prevista no ano de KZ 1,5 mil milhões representando um desvio de cerca de 170,45%.

Tabela 6: Balanço das Operações Cambiais

Dez‐17 Jan‐18 Fev‐18 Mar‐18 Abr‐18 Mai‐18 Jun‐18 Jul‐18 Ago‐18 Set‐18 Out‐18 Nov‐18 Dez‐18 Total          ∆   Homo 
2018

Vendas do BNA ao Mercado        690       998      833 


           907       734   1,804   1,619   1,157   1,424       703   1,108       834      1,351    13,473  16.85%
Balanço (Vendas) 1,483  ‐763  ‐379  350  ‐468  ‐752  1,619  ‐1,157  ‐1,424  ‐703  ‐1,108  ‐834  ‐1,351  ‐6,971 
Dez‐16 Jan‐17 Fev‐17 Mar‐17 Abr‐17 Mai‐17 Jun‐17 Jul‐17 Ago‐17 Set‐17 Out‐17 Nov‐17 Dez‐17 Total         
2017

Vendas do BNA ao Mercado     1,486   2,165       798       2,193      816 


       654   1,014       946   1,121       429       609       785         690    11,530 
Balanço (Vendas) ‐170  ‐95  ‐397  ‐1,478  6  ‐43  1,014  ‐470  ‐559  ‐165  ‐267  ‐345  1,483  ‐    2,798 

21
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 21 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

4 Sistema de Pagamentos

4.1 Enquadramento

Em conformidade com os Princípios de Infraestrutura de Mercado Financeiro (PIMF) definidos pelo Comité
de Pagamentos e Infraestruturas de Mercado (CPMI) e a Organização Internacional das Comissões de Valores
Mobiliários (IOSCO) , publicados pelo Banco de Pagamentos Internacional (BIS) em Abril de 2012, uma
Infraestrutura de Mercado Financeiro (IMF) é um sistema multilateral entre as instituições participantes,
incluindo o operador do sistema, usado para fins de compensação, liquidação ou registo de pagamentos, títulos,
derivados ou outras transacções financeiras.

As Infraestruturas de Mercado Financeiro que são objecto de superintendência por parte do BNA, constituem
sistemas ou canais pelos quais são processadas operações de pagamento, por meio de cheques, cartões ou
transferências, que possibilitam a transferência de fundos entre participantes e clientes, designadamente, o
Sistema de Pagamento em Tempo Real (SPTR), Subsistema de Transferências a Crédito (STC), Subsistema
de Compensação de Cheques (SCC) e Subsistema Multicaixa (MCX). Complementarmente, são alvo de
superintendência as infraestruturas do mercado de valores mobiliários, a Central de Valores Mobiliários
(CEVAMA) e o Sistema de Gestão de Mercado de Activos (SIGMA).

As IMF têm um papel importante na estabilidade financeira, na medida em que a segurança e a eficiência dos
sistemas impactam diretamente no funcionamento do sistema financeiro como um todo.

Figura 1: Infraestruturas de Mercado Financeiro em Angola

22
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 22 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

4.2 Sistema de Pagamentos em Tempo Real

O Sistema de Pagamentos em Tempo Real (SPTR) é um sistema onde são liquidadas todas as operações em
moeda nacional, inclusive as operações dos subsistemas de retalho e do mercado de valores mobiliários. Deste
modo, deve garantir uma disponibilidade igual ou superior a 99,50%, de acordo as boas práticas
internacionalmente adoptadas.

Assim, em 2018, a disponibilidade do SPTR esteve dentro dos parâmetros estabelecidos, verificando-se um
aumento de 0,34 p.p. comparativamente ao período homólogo, ao passar de 99,55% para 99,90%. Entretanto,
no decorrer do período registaram-se atrasos na liquidação de ficheiros de compensação por insuficiência de
fundos de dois participantes do Subsistema Multicaixa.

Gráfico 19: Disponibilidade do SPTR 

4.3 Subsistema de Compensação de Cheques

No período em análise, observou-se a redução do uso de cheques comparativamente ao período homólogo, de


28,23% e de 13,27% em volume e montante, respectivamente, justificada pela maior utilização das
transferências a crédito e de cartões, sendo este um factor positivo, pois indica a crescente desmaterialização
dos pagamentos.

Em relação as devoluções, estas apresentaram, igualmente, uma redução de 28,17% em termos de número e
18,80% em termos de montante, que reflecte de igual modo a redução da utilização desse instrumento.

23
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 23 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Painel 3: Volume e montante de cheques apresentados e devolvidos 


1 400 000 700 000 90 000 25 000
Apresentados
80 000 Devolvidos
1 200 000 600 000
20 000
70 000
1 000 000 500 000
60 000
Milhões de Kz

Milhões de Kz
800 000 400 000 15 000
50 000

600 000 300 000 40 000


10 000
400 000 200 000 30 000

20 000
200 000 100 000 5 000

10 000
0 0
2014 2015 2016 2017 2018 0 0
2014 2015 2016 2017 2018

Volume (eixo a direita) Montante
Volume (eixo a direita) Montante

4.4 Subsistema Multicaixa


4.4.1 Terminais de Pagamento Automático

Em 2018 o agregado de Terminais de Pagamento Automático (TPA) activos e matriculados registou um


aumento de 26,98% e 22,35% respectivavamente comparativamente a 2017. Entretanto, importa realçar o
crescimento da quota de terminais activos em relação aos terminais matriculados na rede, que passou de
64,19% em 2017 para 66,62% em 2018.

Nesta ordem, apesar do crescimento verificado, tendo em conta que 33,38% dos TPA encontram-se inactivos,
é imprescindível a implementação de medidas, no sentido de incentivar a maior utilização destes terminais,
dentre outras, mormente, a criação de incentivos fiscais aos comerciantes que tenham TPA activos, a promoção
da melhoria da relação comercial entre o banco de apoio ao terminal e o comerciante, que passa por prestar
assistência técnica qualificada, bem como a promoção de acções de divulgação das vantagens da utilização
dos TPA a nível dos comerciantes.

24
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 24 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 20: Número de TPA Matriculados versus Activos 

105 000 120%

90 000 100%

75 000
80%
60 000
60%
45 000
40%
30 000

15 000 20%

0 0%
dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 dez/18

TPA Matriculados Quota dos TPA Activos

4.4.2 Caixas Automáticos

Os caixas automáticos constituem o terminal mais utilizado a nível da rede Multicaixa, pois é o único
terminal que permite efectuar levantamentos, a operação mais realizada na rede. No final de 2018, o volume
de CA matriculados e activos era de 3.101 e 3.017, respectivamente, correspondendo a taxas de crescimento
de 2,48% para os matriculados e 3,18% para os activos, face ao período homólogo.

Gráfico 21: Taxa de Operacionalidade da Rede Multicaixa 

3 500

3 000

2 500

2 000

1 500

1 000

500

0
2014 2015 2016 2017 2018
CA MAtriculados CA Activos

4.4.3 Host to Host

O host to host é um canal que permite efetuar operações de pagamento, tais como telefone, televisão, água,
energia, internet e outros. Contudo, apesar de constituir um canal recentemente utilizado (cerca de cinco
anos), tem apresentado taxas de crescimento significativas, tendo em 2018 registado um crescimento de
70,03% face ao ano anterior.

25
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 25 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

4.4.4 Pagamentos e Levantamentos

A rede Multicaixa é ainda maioritariamente uma rede de dispensação de numerário, sendo a operação de
levantamento a mais realizada, representando em 2018 um peso de 31,92%. Todavia, as operações de
pagamentos têm apresentado um crescimento superior aos levantamentos, tendo registado um aumento de
37,15% em 2018 (30,76% em 2017) ao passo que os levantamentos cresceram 13,41% (10,60% em 2017).

Gráfico 22: Pagamentos e Levantamentos

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
2014 2015 2016 2017 2018

Levantamentos Pagamentos
 

4.5 Subsistema de Transferências a Crédito

O Subsistema de Transferência a Crédito (STC) tem apresentado um crescimento significativo a nível do SPA,
tendo sido processadas em 2018, 11 milhões de transacções no montante de cerca de Kz 4,00 biliões,
correspondendo a um aumento de 6,34% e 23,13% em volume e montante, respectivamente, em relação a
2017, influenciado, fundamentalmente, pelas operações do Ministério das Finanças.

Painel 4: Volume e Montante de transferência compensadas

2018 2018

2017 2017

2016 2016

2015 2 015

2014 2 014

0 5 000 000 10 000 000 15 000 000 0 2 4 6


Biliões de Kz

26
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 26 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

5 Sector Bancário
5.1 Organização do Sistema Bancário
5.1.1 Estrutura e Composição
No final do ano 2018, estavam autorizadas a funcionar no sistema financeiro angolano 30 (trinta) instituições
financeiras bancárias, das quais 29 (vinte e nove) encontravam-se em funcionamento, sendo, 3 (três) bancos
públicos, 20 (vinte) bancos privados nacionais, 5 (cinco) filiais de bancos estrangeiros e 1 (uma) sucursal.

Relativamente as instituições financeiras não bancárias encontravam-se autorizadas 114 (cento e catorze),
sendo 77 (setenta e sete) casas de câmbios, 19 (dezanove) sociedades de microcrédito, 12 (doze) sociedades
de remessas de valores, 2 (duas) sociedades cooperativa de crédito, 1 (uma) sociedade de locação financeira e
3 (três) escritórios de representação.

Tabela 7: Listagem de Bancos

Nº Sigla Nome Início de Controlo de


Actividade Capital
1 BCI BANCO DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA, S.A. 1991 Público
2 BPC BANCO DE POUPANÇA E CRÉDITO, S.A. 1991 Público
3 BCA BANCO COMERCIAL ANGOLANO, S.A. 1996 Privado Nacional
4 BAI BANCO ANGOLANO DE INVESTIMENTOS, S.A. 1996 Privado Nacional
5 SOL BANCO SOL 2000 Privado Nacional
6 BE BANCO ECONÓMICO, S.A. 2001 Privado Nacional
7 BFA BANCO DE FOMENTO ANGOLA, S.A. 2002 Privado Nacional
8 BCGA BANCO CAIXA GERAL ANGOLA, S.A. 2002 Privado Estrangeiro
9 KEVE BANCO KEVE, S.A.R.L. 2003 Privado Nacional
10 BMF BANCO BAI MICRO FINANÇAS, S.A. 2003 Privado Nacional
11 BIC BANCO BIC, S.A. 2005 Privado Nacional
12 BNI BANCO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAL, S.A. 2005 Privado Nacional
13 BDA BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE ANGOLA 2006 Público
14 ATL BANCO MILLENNIUM ATLÂNTICO, S.A. 2006 Privado Nacional
15 BANC BANCO ANGOLANO DE NEGÓCIOS E COMÉRCIO, 2006 Privado Nacional
S.A.
16 VTB BANCO VTB ÁFRICA, S.A. 2006 Privado Estrangeiro
17 FNB FINIBANCO ANGOLA 2007 Privado Estrangeiro
18 BKI BANCO KWANZA INVESTIMENTO, S.A. 2007 Privado Nacional
19 BCH BANCO COMERCIAL DO HUAMBO, S.A. 2009 Privado Nacional
20 SBA STANDARD BANK DE ANGOLA, S.A. 2009 Privado Estrangeiro
21 BVB BANCO VALOR, S.A. 2010 Privado Nacional
22 YETU BANCO YETU, S.A. 2013 Privado Nacional
23 BPG BANCO PRESTÍGIO, S.A. 2013 Privado Nacional
24 BPAN BANCO PUNGO ANDONGO 2013 Privado Nacional
25 SCBA STANDARD CHARTERED BANK DE ANGOLA 2013 Privado Estrangeiro
26 BIR BANCO DE INVESTIMENTO RURAL 2013 Privado Nacional
27 BCS BANCO DE CRÉDITO DO SUL, S.A. 2015 Privado Nacional
28 BPT BANCO POSTAL 2017 Privado Nacional
29 BOCLB BANCO DA CHINA LIMITADA – Sucursal em Luanda 2017 Privado Estrangeiro
30 ECOBANK ECOBANK DE ANGOLA* Privado Estrangeiro
*Bancos autorizados a funcionar mas que ainda não iniciaram a sua actividade

Ao nível de cobertura geográfica da rede de agências bancárias pelo território nacional, no período em análise,
o sistema bancário angolano estava composto por um total de 1.623 agências e dependências bancárias, 115
agências e dependências de casas de câmbio, 39 agências e dependências de sociedades de microcrédito, 30
agências e dependências de sociedades de remessas de valores e 2 agências de cooperativas de crédito.
27
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 27 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Contudo, ainda se observa uma maior concentração da rede de agências e dependências das instituições
financeiras nas províncias de Luanda, Benguela, Huambo e Huíla, com 50%, 8%, 7% e 5% do total de
instituições financeiras, respectivamente.

5.1.2 Regulação do Sistema Financeiro

No âmbito do cumprimento da missão de regulador e supervisor do Sistema Bancário Angolano, no decurso


do período em apreço foram publicados 29 novos normativos, dos quais 8 Avisos, 13 Instrutivos e 8 Directivas,
relativos a regras de política cambial, monetária e financeira, visando fortalecer o sistema bancário,
contribuindo, de modo particular, para a estabilidade dos preços e do desenvolvimento socioeconómico.
Assim, com maior destaque foram objecto de regulamentação, entre outras, as seguintes matérias nucleares:

 Regras e procedimentos aplicáveis às operações cambiais de importação e exportação de mercadoria

O Aviso n.º 05/2018 de 17 de Julho, enquadra-se no âmbito da necessidade de actualização da regulamentação


em vigor no Banco Nacional de Angola, tendo como referência a Lei n.º 5/97, de 27 de Junho – Lei Cambial,
no que se refere às normas sobre as operações cambiais de mercadoria, considerando que o Decreto
Presidencial n.º 75/17, de 07 de Abril, regula os procedimentos administrativos a observar no licenciamento
de importações e exportações de mercadoria, assim como atribui competência ao Banco Nacional de Angola
para definir em diploma próprio as modalidades de liquidação cambial.

Com efeito, o Regulamento confere maior segurança e previsibilidade no acesso à moeda estrangeira
disponível, ao estabelecer regras e procedimentos a observar na realização de operações cambiais, destinadas
à liquidação de importações e exportações de mercadoria na República de Angola.

Neste contexto, a liquidação das operações de importação e exportação de mercadoria, apenas pode ser
efectuada por intermédio de um banco, não sendo permitida a intermediação e liquidação por mais de um
banco, de uma mesma operação de importação ou exportação de mercadoria.

 Limite de posição cambial

O Aviso n.º 06/2018 de 15 de Agosto visa actualizar a norma existente sobre o limite da posição cambial com
base na actual situação económica e cambial, tendo em vista a promoção da disciplina no relacionamento do
Banco Nacional de Angola com os bancos comerciais autorizados a exercer o comércio de câmbio, no
exercício das suas funções de gestor das reservas externas.

Com efeito, os Bancos devem observar, diariamente, uma posição cambial global que não exceda 10% (dez
por cento) dos seus Fundos Próprios Regulamentares (FPR), independentemente da posição ser longa ou curta.

Todavia, os Bancos devem vender o excesso de posição cambial no mercado cambial interbancário ou ao
Banco Nacional de Angola, imediatamente após o envio do reporte, à taxa livremente negociada entre as
28
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 28 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

partes, sendo que para a base de cálculo são atendidos os elementos do activo e do passivo em moeda
estrangeira, considerados pelo seu valor contabilístico bruto.

 Capital social e fundos próprios regulamentares mínimos aplicáveis às instituições financeiras não
bancárias

O Aviso n.º 08/2018, de 29 de Novembro emerge da necessidade de se adequar o valor mínimo do capital
social e dos fundos próprios regulamentares das Instituições Financeiras Não Bancárias sujeitas à supervisão
do Banco Nacional de Angola ao actual contexto macroeconómico e financeiro.

Assim, o Aviso estabelece o Capital Social e Fundos Próprios Regulamentares Mínimos aplicáveis às
instituições financeiras não bancárias ligadas à moeda e crédito, como referidas no número 1 do artigo 7.º da
Lei n.º 12/15, de 17 de Junho – Lei de Bases das Instituições Financeiras, que devem ter o seu capital social
integralmente realizado e manter fundos próprios regulamentares.

Finalmente, importa salientar que as referidas instituições em funcionamento, cujo capital social integralmente
realizado ou fundos próprios regulamentares sejam inferiores aos mínimos estabelecidos no presente Aviso,
devem:

i. Proceder ao ajuste dos mesmos, até 30 de Junho de 2019; e,


ii. Apresentar ao Banco Nacional de Angola, até 120 (cento e vinte) dias após a publicação
do presente Aviso, um plano de acção detalhado descrevendo as medidas que pretendem
implementar para alcançarem a conformidade prevista no presente Aviso.

 Adequação das regras operacionais das casas de câmbio

O Aviso n.º 09/2018, de 29 de Novembro, Casas de câmbio – resulta da necessidade de se adequar as regras
operacionais das casas de câmbio, com vista a promover a transparência e segurança no mercado cambial, bem
como definir os termos e condições em que as casas de câmbio devem exercer a sua actividade, observando
para tal os requisitos gerais previstos no artigo 104.º da Lei n.º 12/15, de 17 de Junho – Lei de Bases das
Instituições Financeiras.

 Prestação de serviços de pagamento – regras operacionais do serviço de remessa de valores

O Aviso n.º 11/2018, de 29 de Novembro estabelece as regras operacionais de prestação de serviço de remessas
de valores, efectuado por prestadores de serviços de pagamento, sob a supervisão do Banco Nacional de
Angola, no âmbito do Sistema de Pagamentos de Angola.

Com efeito, na realização de operações de remessas internacionais os prestadores de serviços de pagamento


devem cumprir os limites estabelecidos em regulamentação específica, devendo assegurar as condições
operacionais para garantir o cumprimento destes limites.

29
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 29 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

 Limites de venda de moeda estrangeira aplicáveis às sociedades prestadoras do serviço de pagamentos


e casas de câmbio

Este Instrutivo surgiu no âmbito da necessidade de se estabelecer os limites previstos nos Aviso n.º 09/18 e
Aviso n.º 11/18, sobre Regras Operacionais para Casas de Câmbio e Sociedades Prestadoras do Serviço de
Pagamento.

Com efeito, o Banco Nacional de Angola estabeleceu limites aplicáveis as operações de remessa de valores,
sendo que:

i. As remessas de valores internacionais estão limitadas a USD 2.000,00 (Dois Mil Dólares
dos Estados Unidos da América) ou o equivalente noutra moeda estrangeira, por mês, por
ordenante e por beneficiário;
ii. A venda mensal de moeda estrangeira em notas, cheques de viagem ou através do
carregamento de cartões pré-pagos está limitada a USD 5.000,00 (cinco mil Dólares dos
Estados Unidos da América) ou o seu equivalente noutra moeda estrangeira, por viajante
residente cambial, maior de 18 anos; e,
iii. Independentemente de as compras serem efectuadas numa ou várias Casas de Câmbio, o
limite definido no ponto anterior aplica-se à totalidade das compras por viajante residente
cambial, por mês, e inclui todos os instrumentos de pagamentos referidos.
Entretanto, as utilizações de valores ao abrigo dos limites acima referidos deduzem-se dos limites globais
estabelecidos pelo Banco Nacional de Angola para operações de invisíveis correntes da mesma natureza.

 Limites de operações cambiais de mercadorias

O Instrutivo n.º 09/2018, de 19 de Julho define os limites para realização de operações cambiais de mercadoria,
conforme prevê o Aviso n.º 05/2018, com o objectivo de assegurar o controlo sobre o endividamento em
moeda estrangeira do País e dar maior previsibilidade sobre os fluxos futuros de fundos em moeda estrangeira.

Assim, nas operações cambiais de mercadoria os bancos devem assegurar o cumprimento dos limites abaixo
descriminados, por importador:

 Pagamentos antecipados – até EUR 25.000,00 (vinte e cinco mil Euros) por operação e
até EUR 300.000,00 (trezentos mil Euros) por ano, excluindo- se os adiantamentos
permitidos ao abrigo de créditos documentários.

 Remessas Documentárias e Cobrança Documentárias:


 Remessas Documentárias - até EUR 50.000,00 (cinquenta mil Euros) por operação.
 Cobranças Documentárias - até EUR 100.000,00 (cem mil Euros) por operação.
 O limite total por importador, independentemente dos instrumentos de pagamento
utilizados neste ponto é de EUR 1.000.000,00 (um milhão de Euros) por ano.
 Créditos Documentários
 Para valores até EUR 100.000,00 (cem mil Euros), os importadores podem utilizar
créditos documentários nas operações de importação de mercadoria.
 Para operações de importação de valor superior a EUR 100.000,00 (cem mil Euros)
os importadores apenas devem utilizar créditos documentários.
30
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 30 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

 Prevenção ao branqueamento capitais e financiamento ao terrorismo nas operações de comércio


internacional

O comércio internacional pode representar um risco elevado de branqueamento de capitais, financiamento do


terrorismo (BC/FT) e infracções subjacentes e facilitar a movimentação ilícita de fundos para o exterior do
País.

Neste sentido, o presente Instrutivo surge com o fito de orientar as Instituições Financeiras Bancárias a
estabelecer procedimentos respeitantes à identificação do perfil de risco dos clientes nas transacções de
importação e exportação de mercadorias e ao estabelecimento de medidas de prevenção de branqueamento de
capitais, financiamento do terrorismo e infracções subjacentes, em linha com os comandos legais previstos
Lei n.º 34/11, de 12 de Dezembro, regulamentada pelo Aviso n.º 22/2012 de 25 de Abril, que estabelece as
medidas de natureza preventiva e repressiva de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do
terrorismo, complementada pela Lei n.º 3/14 de 10 de Fevereiro, Lei Sobre a Criminalização das Infracções
Subjacentes ao Branqueamento de Capitais.

O Instrutivo n.º 13/2018, de 21 de Setembro - determina que as instituições financeiras bancarias deverão criar
um processo de atribuição do nível de risco aos clientes baseado no conhecimento aprofundado dos mesmos,
obtido no momento de abertura de conta e actualizado numa base regular.

Tabela 8: Normativos publicados em 2018

AVISOS PUBLICADOS EM 2018


N.º Normativo Assunto Publicação Tema
Regras e Procedimentos Aplicáveis às Operações
1 Aviso n.º 05/2018 Cambiais de Importação e Exportação de 17 de Julho de 2018 Política Cambial
Mercadoria
2 Aviso n.º 06/2018 Limite de Posição Cambial 15 de Agosto de 2018 Política Cambial

Requisitos e Procedimentos para a Autorização de


3 Aviso n.º 07/2018 Constituição de Instituições Financeiras Não 30 de Novembro de 2018 Sistema Financeiro
Bancárias de Instituições Financeiras Não Bancárias
Adequação do Capital Social Mínimo e dos Fundos
4 Aviso n.º 08/2018 Próprios Regulamentares das Instituições 30 de Novembro de 2018 Sistema Financeiro
Financeiras Não Bancárias
5 Aviso n.º 09/2018 Casas de Câmbio, Regras Operacionais. 30 de Novembro de 2018 Política Cambial
6 Aviso n.º 10/2018 Atraso no Envio de Informação Períodica 30 de Novembro de 2018 Sistema Financeiro
Prestação de Serviços de Pagamento.
7 Aviso n.º 11/2018 Regras Operacionais do Serviço de Remessa de 30 de Novembro de 2018 Política Cambial
Valores
8 Aviso n.º 12/2018 Limite de Posição Cambial 27 de Novembro de 2018 Política Cambial

31
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 31 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

INSTRUTIVOS PUBLICADOS EM 2018


N.º Normativo Assunto Publicação Tema
9 Instrutivo n.º 09/2018 Limites de Operações Cambiais de Mercadoria 19 de Julho de 2018 Política Cambial
10 Instrutivo n.º 10/2018 Reservas Obrigatórias 19 de Julho de 2018 Política Monetária
MMI Operações de Cedência de Liquidez dos Bancos Mercado Monetário
11 Instrutivo n.º 11/2018 14 de Setembro de 2018
de Desenvolvimento Interbancário
12 Instrutivo n.º 12/2018 Pagamentos de despesas Hospitalares e Escolares 14 de Setembro de 2018 Política Cambial
Prevenção de Branqueamento de Capitais e do
13 Instrutivo n.º 13/2018 Financiamento do Terrorismo nas Operações de 21 de Setembro de 2018 Política Cambial
Comércio Internacional
Remuneração de Depósitos Colaterais Associados à
14 Instrutivo n.º 14/2018 19 de Novembro de 2018 Política Cambial
Cartas de Crédito

Venda de Moeda Estrangeira às Casas de Câmbio e


15 Instrutivo n.º 15/2018 19 de Novembro de 2018 Política Cambial
Sociedades Prestadoras de Serviços de Pagamento
Limites de Venda de Moeda Estrangeira Aplicáveis
16 Instrutivo n.º 16/2018 às Sociedades Prestadoras do Serviço de 30 de Novembro de 2018 Política Cambial
Pagamentos e Casas de Câmbio
Repatriamento de Recursos Financeiros. Regras
17 Instrutivo n.º 17/2018 30 de Novembro de 2018 Sistema Financeiro
Operacionais.
Conversão de Crédito Concedido em Moeda
18 Instrutivo n.º 18/2018 30 de Novembro de 2018 Sistema Financeiro
Estrangeira a Particular

Leilões de Compra e Venda de Moeda Estrangeiro,


19 Instrutivo n.º 19/2018 03 de Novembro de 2018 Política Cambial
Procedimento de Organização e Funcionamento
Taxa de Câmbio de Referência, Metodologia de
20 Instrutivo n.º 20/2018 03 de Novembro de 2018 Política Cambial
cálculo das Instituições Financeiras Não Bancárias
Prorrogação da Supensão Temporária do
21 Instrutivo n.º 21/2018 Licenciamento de Operação de Importação de 11 de Novembro de 2018 Política Cambial
Mercadorias

DIRECTIVAS PUBLICADOS EM 2018


N.º Normativo Assunto Publicação Tema
Directiva n.º Requisitos de Acesso à Facilidade Permanente de
22 17 de Julho de 2018 Política Monetária
04/DMA/2018 Cedência de Liquidez Overnight - FCO
Directiva n.º Envio de Informação Relativo aos Mapas de
23 19 de Julho de 2018 Política Cambial
01/DCC/2018 Necessidaes
Directiva n.º Requisitos de Acesso à Facilidade Permanente de
24 17 de Julho de 2018 Política Monetária
4/DMA/2018 Cedência de Liquidez Overnight - FCO
Directiva n.º Requisitos para o Cálculo e Cumprimento das Sistema de
25 20 de Julho de 2018
04/DSP/DRO/2018 Reservas Obrigatórias Pagamentos
Directivo n.º Guia sobre a implementação de programa de testes Supervisão
26 31 de Julho de 2018
03/DRO/2018 de esforço Prudencial
Directiva n.º
27 Limite de Posição Cambial. Informação Diária 22 de Agosto de 2018 Política Cambial
05/DSB/DRO/DMA/2018
Directiva n.º Envio de Informação Relativo aos Mapas de
28 06 de Novembro de 2018 Política Cambial
03/DCC/2018 Necessidades
Directiva n.º Envio de informação do Mercado Cambial
29 04 de Novembro de 2018 Política Cambial
06/DEF/DRO/2018 Interbancário

32
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 32 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

5.2 Sistema Bancário – Visão Geral


5.2.1 Estrutura Patrimonial
5.2.1.1 Activo
No fim do exercício económico de 2018, o activo total do sistema bancário angolano estava avaliado em Kz
13,10biliões, um crescimento nominal de 28,14% face ao período homólogo, continuando a ser influenciado
fundamentalmente pelas aplicações em títulos e valores mobiliários indexados a moeda estrangeira. Em termos
reais, registou-se um aumento superior de 16,15%.

Face a recessão económica, observa-se uma contínua tendência de queda da contribuição da actividade
bancária no Produto Interno Bruto (PIB), tendo o peso do activo total sobre PIB nominal reduzido de 50,47%
em Dezembro de 2017 para 48,25% em Dezembro de 2018, todavia, relativamente ao PIB não petrolífero, o
seu peso aumentou de 63,83% para 68,03%, como efeito do menor aumento desta variável.

Painel 5: Activo e PIB

30,00 120,00%
 14,00

25,00  12,00
90,00%
20,00  10,00

 8,00
Biliões de Kz

15,00 60,00%
biliões de Kz 

 6,00
10,00
30,00%  4,00

5,00
 2,00

0,00 0,00%  ‐
2014 2015 2016 2017 2018 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Activo Total PIB pm
PIB petrolífero PIB não petrolífero Activo Real Activo Nominal
Activo/PIB pm Activo/PIB não petrolífero

A carteira de títulos e valores mobiliários mantém-se como a maior aplicação dos bancos angolanos, todavia,
ao contrário da tendência crescente registada nos últimos anos, o seu peso no activo reduziu ligeiramente de
34,01% para 33,93%, totalizando Kz 4,45biliões, um aumento de 27,84% relativamente ao período homólogo,
influenciado sobretudo pela depreciação da moeda nacional. Por sua vez, a carteira de crédito bruto manteve-
se como a segunda maior rubrica dos activos e com a tendência decrescente, representando 31,74%, uma
diminuição de 0,04 p.p..

Do total da exposição dos bancos à dívida pública 88,40% eram referentes às Obrigações do Tesouro, cujo
aumento foi de Kz 1,47biliões (59,66%) face ao período homólogo e 10,32% representavam as aplicações em
Bilhetes do Tesouro, que contrariamente, registaram uma diminuição de Kz 548,50 mil milhões (54,44%).

33
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 33 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 23: Estrutura do Activo Total

 14
Inventários comerciais e industriais e
adiantamentos a fornecedores
 12
Derivados de cobertura com justo valor positivo

 11
Operações cambiais

 9
Créditos no sistema de pagamentos
BILIÕES DE KZ

 8
Outros activos fixos

 6
Outros activos

 5 Aplicações em bancos centrais e em outras
instituições de crédito
 3 Caixa e disponibilidades

 2 Crédito Líquido

 ‐ Títulos e valores mobiliários
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Com a depreciação do Kwanza face a moeda estrangeira no mercado de referência ocorrida no início do ano
2018, resultante da implementação do novo regime cambial e a venda regular de divisas pelo BNA, os activos
denominados em ME valorizaram-se, com efeito, em Dezembro de 2018, os mesmos aumentaram 62,43%
face ao período homólogo, representando 48,00% do activo total, em detrimento dos activos em MN que
aumentaram 7,24% e apresentaram um peso de 52,00%.

Gráfico 24: Activo por Moeda


14,00

12,00

10,00

8,00
Biliões de Kz

6,00

4,00

2,00

0,00
2014 2015 2016 2017 2018

Activo ME Activo MN Activo Total


 

O nível de concentração do activo continua elevado, sendo que os seis bancos com maior importância
sistémica, considerando o seu volume de negócios, absorveram 76,45% do total do sistema, um aumento de
1,15 p.p. relativamente período homólogo.

Os dezoito bancos privados nacionais detinham cerca de 70,79% do total de activos da banca, os seis bancos
privados estrangeiros 8,12% e os três bancos públicos 21,09%.

34
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 34 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 25: Activo Total por Controlo Accionário


10,00

8,00

Biliões de Kz  6,00

4,00

2,00

0,00
2014 2015 2016 2017 2018

Bancos Privados Estrangeiros Bancos Privados Nacionais
Bancos Públicos

5.2.1.2 Passivo
O total de obrigações da banca estava avaliado em Kz 11,09biliões e registou um aumento de 24,14% em
relação ao período homólogo, motivado sobretudo pelo incremento dos depósitos a prazo, como efeito da
depreciação cambial.

Nesta ordem, os recursos de clientes mantiveram-se como a principal fonte de financiamento do sector
bancário angolano, representando 85,00% do passivo total, correspondente a Kz 9.419.000,44 milhões, um
aumento de 28,42% face ao período homólogo. Do total dos recursos de clientes, 49,07% representavam os
depósitos a prazo e 49,18% os depósitos à ordem.

Gráfico 26: Evolução e estrutura do Passivo

 14 Fornecedores comerciais e
industriais

 12 Adiantamentos de clientes

Derivados de cobertura com justo
 11 valor negativo
Responsabilidades representadas
 9 por títulos
BILIÕES DE KZ

Passivos financeiros ao justo valor
 8 através de resultados
Provisões
 6
Operações cambiais
 5
Outros passivos

 3
Obrigações no sistema de
pagamentos
 2 Passivos subordinados

 ‐ Recursos de bancos centrais e de
2013 2014 2015 2016 2017 2018 outras instituições de crédito
Recursos de clientes e outros
empréstimos
 

Os seis maiores bancos detinham 77,24% da carteira de depósitos do sector bancário. Adicionalmente, os
bancos privados nacionais absorveram 74,50% dos recursos totais de clientes do sistema, os bancos públicos
captaram 17,43% e os bancos privados estrangeiros apresentaram o menor peso com 8,07%.

35
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 35 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 27: Depósitos Totais por Controlo Accionário


8,00

7,00

6,00

Biliões de Kz  5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
2014 2015 2016 2017 2018
Bancos Privados Estrangeiros Bancos Privados Nacionais
Bancos Públicos

O sistema bancário continua a captar mais depósitos junto do sector privado empresarial não financeiro e dos
particulares com 53,72% e 28,28%, respectivamente, com aumentos de 19,31% e de 41,76%, seguindo-se o
sector público empresarial não financeiro (6,32%) e o fundo de segurança social (5,89%).

A captação de recursos em moeda estrangeira continua em declínio sobretudo pela menor disponibilidade de
divisas, contudo, como efeito da depreciação acentuada do Kwanza, os depósitos em moeda estrangeira
aumentaram em maior proporção face aos depósitos em moeda nacional, ou seja, 40,98% contra 3,02%,
respectivamente, o maior aumento registado nos últimos cinco anos, tendo o seu peso sobre o total de depósitos
aumentado de 31,21% em Junho de 2017 para 38,30% em Junho de 2018.

5.2.2 Adequação de Capital


A adequação de capital do sector bancário face a exposição aos riscos económicos e financeiros mostrou-se
sólida tendo melhorado por um lado, devido ao aumento do capital social, no âmbito do Aviso n.º 2/2018, de
2 de Março, que determina o novo limite mínimo do capital social e por outro lado, devido ao aumento dos
resultados dos bancos.

Com efeito, o rácio de solvabilidade aumentou consideravelmente de 18,79% em Dezembro de 2017 para
24,16% em Dezembro de 2018, mantendo-se muito acima do limite mínimo regulamentar (10%). Todavia,
com o segundo exercício da Avaliação da Qualidade de Activos (AQA) a realizar-se no II trimestre de 2019,
face o elevado risco de crédito de alguns bancos, é expectável a necessidade de reforço das imparidades, que
consequentemente pode afectará negativamente a solvabilidade regulamentar das instituições financeiras
bancárias.

Individualmente, apenas um banco de importância sistémica baixa, que detinha 0,26% da quota de mercado
de activo apresentou o rácio de solvabilidade abaixo do mínimo regulamentar.

36
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 36 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Painel 6: Rácio de Solvabilidade

8,00 30,00% 25 44,51%


50,00%

45,00%
7,00 38,06% 20
25,00% 20 19 40,00%
6,00
35,00%
20,00%
5,00 15 30,00%
Biliões de Kz

25,00%
4,00 15,00%
17,17%
10 20,00%
3,00
10,00% 15,00%
2,00 5 4 10,00%
3 3 4
5,00% 2
1,00 0,26% 5,00%
1
0 0,00%
0,00 0,00% RS < 10% 10%< = RS 12%< RS < RS >20%
2014 2015 2016 2017 2018 <=12% =20%

Activos Ponderados Pelo Risco
Fundos Próprios Regulamentares
2017 2018 Peso dos Bancos no Activo SFA em Jun/17
Exigencia de Capital para Risco Cambial
Racio de Solvabilidade (eixo a  direita)

5.2.3 Qualidade dos Activos


A qualidade dos activos do sector bancário mantém-se fragilizada, porquanto o crédito vencido malparado
permanece em níveis elevados, particularmente em instituições financeiras bancárias de importância sistémica
alta e média.

Das acções de supervisão realizadas constatou-se um elevado número de reestruturações de crédito de modo
a ocultar-se a real situação creditícia, concentração significativa de risco nos sectores de actividades
imobiliárias e construção em alguns bancos e insuficiência de cobertura do risco de crédito por garantias reais.

Neste sentido, com o objectivo de promover a transparência, através do reforço da qualidade da informação
disponível sobre a carteira de crédito dos bancos, fomentar a confiança no sistema financeiro nacional, bem
como, identificar áreas potencialmente problemáticas nos bancos e garantir que os rácios de capital das
instituições financeiras bancárias reflectem adequadamente o rico de crédito a que se encontram expostas, o
Banco Nacional de Angola tem programada para o segundo trimestre de 2019, o início da segunda Avaliação
da Qualidade dos Activos (“AQA”) à 12 instituições financeiras bancárias.

Todavia, sendo o risco de crédito o principal risco subjacente à actividade bancária, os bancos devem adoptar
políticas de gestão mais eficiente, com a implementação de estratégias de recuperação de créditos e de
maximização dos resultados face a exposição dos riscos assumidos nas operações de novos créditos
concedidos.

Adicionalmente, o cenário económico e político exerce influência determinante para os incentivos à concessão
de crédito à economia.

37
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 37 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

5.2.3.1 Crédito Total


Após a variação negativa de 0,07% registada em 2017, a única nos últimos cinco anos, em Dezembro de 2018,
a carteira de crédito bruto recuperou a sua tendência crescente registando um acréscimo de 14,97%
comparativamente ao período homólogo, ao somar Kz 4,16biliões. No entanto, em termos reias, registou-se
uma redução de 7,42%.

Relativamente às condições de financiamento no sector bancário, realça-se que as taxas de juro praticadas nas
operações activas de crédito ao sector empresarial e aos particulares em MN e em ME aumentaram em todas
as maturidades comparativamente ao período homólogo, destacando-se as operações acima de um ano, cujos
aumentos foram mais significativos.

O crédito total diminuiu a sua representatividade no PIB nominal de 17,85% em Dezembro de 2017 para
15,31% em Dezembro de 2018, enquanto relativamente ao PIB não petrolífero, diminuiu igualmente de
22,58% para 21,59%, respectivamente.

Gráfico 28: Crédito Total


 4,50
 4,00
 3,50
 3,00
Biliões de Kz

 2,50
 2,00
 1,50
 1,00
 0,50
 ‐
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Crédito Real Crédito Nominal

Como efeito da depreciação do Kwanza face a moeda estrangeira, os créditos denominados em ME


aumentaram 54,58% face ao período homólogo, representando 28,11% da carteira total. Entretanto, retirando
o efeito cambial observa-se uma redução de 16,89% na concessão de créditos em moeda estrangeira,
evidenciando um aumento inercial dos saldos das dívidas, que deriva sobretudo da desvalorização cambial e
não da tomada de novos empréstimos pelas empresas e famílias neste período. Por sua vez, os créditos em
moeda nacional abrandaram, registando um aumento inferior de 4,49% e um peso de 71,89%.

Os seis maiores bancos apresentaram uma quota de crédito bruto agregada de 80,28%, um aumento de 0,03
p.p. face ao período homólogo.

Em termos de controlo accionário, cerca de 63,37% dos créditos foram alocados pelos bancos privados
nacionais, 32,17% pelos bancos públicos e 4,46% pelos bancos privados estrangeiros.

As empresas continuam a absorver o maior volume de crédito do sistema, com 73,50% da carteira total,
38
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 38 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

seguido dos particulares com 13,97%, do Governo Central com 8,61% e do Sector Público Empresarial Não
Financeiro com 2,61%.

Gráfico 29: Crédito total por sector institucional

3,25
3,00
2,75
2,50
2,25
2,00
Biliões de Kz

1,75
1,50
1,25
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
2014 2015 2016 2017 2018
Sector Privado Empresarial Não Financeiro
Particulares
Governo Central
Sector Público Empresarial Não Financeiro

O crédito mantém-se concentrado em quatro sectores de actividade económica, com um acumulado de 62,11%,
designadamente: “comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis” (22,29%), “actividades
imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas” (16,21%), “construção” (12,11%) e “outras
actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais” (11,51%).

Gráfico 30: Crédito total por sector de actividade económica

5.2.3.2 Crédito Vencido


No fim do exercício económico de 2018, o crédito vencido mal parado do sistema situou-se em Kz 1,18biliões,
tendo aumentado 12,87% comparativamente ao período homólogo, um abrandamento considerável, quando
comparado ao aumento de 128,71% registado no período homólogo, explicado sobretudo pela transferência
39
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 39 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

realizada em Junho de 2018, de parte dos activos problemáticos de um banco para a empresa de recuperação
de créditos, no âmbito do processo de restruturação e recapitalização em curso naquele banco, bem como as
reestruturações de créditos registadas no período. Com efeito, o rácio do crédito vencido mal parado sobre o
crédito total reduziu de 28,79% para 28,26%, respectivamente.

Adicionalmente, o total de operações de crédito com atrasos abaixo de 90 dias representava 4,37% do crédito
total, uma redução de 0,06 p.p comparativamente ao período homólogo.

Gráfico 31: Rácio de Incumprimento

 5 35%

30%
 4
25%
 3 20%
Biliões de Kz

 2 15%

10%
 1
5%

 ‐ 0%
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Crédito total
Crédito  Vencido
Crédito  Vencido Malparado
Crédito Vencido / Crédito Total (eixo a direita)
Crédito Malparado / Crédito Total (eixo a direita)

Face às restruturações da carteira de crédito realizada por alguns bancos, as imparidades acumuladas para o
crédito e garantias prestadas aumentaram 63,50%, tendo o peso do crédito vencido não provisionado sobre os
fundos próprios regulamentares reduzido de 90,36% para 66,52%, face ao período homólogo.

Contudo, cerca de 92,80% do crédito vencido malparado do sistema financeiro bancário estava concentrado
em cinco bancos de importância sistémica alta e um de importância sistémica média.

As empresas privadas detêm o maior nível de crédito vencido malparado com 81,70% do total do crédito
vencido malparado do sector, um aumento ligeiro de Kz 13.697,82 milhões (1,69%), relativamente ao período
homólogo, enquanto, os particulares que representavam 11,92% do total do crédito vencido malparado,
apresentaram maiores dificuldades financeiras tendo registado um aumento de Kz 30.377,76 milhões
(33,89%).

Com efeito, cerca de 72,57% do crédito vencido malparado encontrava-se concentrado em quatro sectores de
actividade económica designadamente, o sector de “Comércio por grosso e a retalho” que representa 33,14%
do total vencido, seguido do sector de “Construção” com 18,38%, seguindo-se os sectores de “Outras
Actividades de Serviços Colectivos, sociais e Pessoais” com 14,64% e “Actividades imobiliárias” com 6,40%.

40
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 40 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 32: Crédito Vencido por Sector de Actividade Económica

5.2.4 Rentabilidade

Apesar do abrandamento da economia angolana e da deterioração da qualidade dos activos, o sector bancário
registou um aumento expressivo dos resultados líquidos em cerca de Kz 371,99 mil milhões (177,89%),
passando de Kz 209,11 mil milhões em Dezembro de 2017 para Kz 581,11 mil milhões Dezembro de 2018,
justificado essencialmente pelo aumento dos resultados de operações cambiais em Kz 556,66 mil milhões
(551,22%) e dos proveitos de títulos e valores mobiliários em Kz 146,59 mil milhões (44,05%). Com efeito,
os índices de rentabilidade do capital (ROE) e do activo (ROA) aumentaram de 14,17% e 2,07% para 26,57%
e 4,43%, respectivamente, comparativamente ao período homologo.

Em termos individuais, 3 (três) bancos, dos quais um com importância sistémica alta, apresentaram prejuízos
no período em análise, decorrente principalmente do incumprimento dos créditos concedidos e dos elevados
custos administrativos e de comercialização.

41
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 41 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Painel 7: Resultados

1,60 600%  700,00

1,40
500%  600,00
1,20
 500,00
400%

Mil milhões de Kz
1,00
 400,00
Biliões de Kz

0,80 300%

0,60  300,00
200%
0,40  200,00
100%
0,20
 100,00
0,00 0%
2013 2014 2015 2016 2017 2018  ‐
2014 2015 2016 2017 2018
Margem Financeira
Produto Bancário Proveitos de Aplicações de Liquidez
Resultado Liquido do Exercício Proveitos de Títulos e valores mobiliários
Proveitos de Créditos a clientes
Margem Financeira/ Produto Bancário
Resultados cambiais
Margem Financeira/ Resultado Liquido do Exercício
Resultados de prestação de serviços financeiros

No período em análise regista-se uma melhoria do nível de eficiência operacional dos bancos, como resultado
do aumento considerável do produto bancário, traduzindo-se na diminuição do cost-to-income de 51,71% em
2017 para 30,18% em 2018.

Gráfico 33: Cost to Income

1 600 70%
1 400 60%
1 200
50%
1 000
Mil milhões de Kz

40%
800
30%
600
20%
400
200 10%

0 0%
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Custos Administrativo e Comercialização
Produto Bancário
Custos Administrativo e Comercialização/Produto Bancário (Cost to Income)

5.2.5 Liquidez e Gestão de Fundos

A maior disponibilização de divisas pelo BNA contribuiu para a melhoria do rácio de liquidez imediata em
ME de nível 1 em 4,27 p.p. em relação ao ano anterior, situando-se em 24,90%, espelhando uma maior
capacidade de cobertura do passivo de curto prazo, em detrimento da liquidez imediata em MN que diminuiu
3,30 p.p. em relação ao período homólogo cifrando-se em 16,86%.

As empresas privadas e as famílias mantêm-se como as principais fontes de financiamento para o sistema
bancário, com participações de 53,72% e 28,28% nas captações totais, respectivamente.
42
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 42 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Para além dos recursos de clientes, os bancos também financiaram-se com as captações de liquidez no mercado
monetário interfinanceiro, representando 7,46% do total de obrigações, uma diminuição de 3,06%.

O rácio de transformação (crédito/depósitos) manteve uma tendência decrescente, tendo diminuído de 49,32%
em 2017, para 44,15% em 2018, devido ao menor apetite ao risco de crédito por parte dos bancos,
particularmente alguns bancos que iniciaram recentemente as suas actividades, mas que apresentam uma fraca
ou ausência de intermediação financeira.

Gráfico 34: Rácio de transformação

 10,00 70,00%
 9,00
60,00%
 8,00
 7,00 50,00%
 6,00 40,00%
 5,00
Biliões de Kz

 4,00 30,00%

 3,00 20,00%
 2,00
10,00%
 1,00
 ‐ 0,00%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Credito Bruto Depósitos Totais
Crédito Total/Depósitos Totais

5.2.5.1 Análise de sensibilidade

De modo geral, os resultados das análises de sensibilidade indicam que o sector bancário possui capacidade
adequada para absorção de perdas em todos os cenários simulados, sem ocorrência de desenquadramentos
significativos.

5.2.5.2 Choque na Liquidez

Num cenário de stress em que ocorresse uma retirada de 35% dos depósitos, o Sector Bancário conseguiria
cobrir as necessidades de liquidez de Kz 3,30 biliões com os activos líquidos de nível II.

Neste cenário, seis bancos que apresentavam uma quota de mercado de depósitos agregada de 49,03% não
teriam capacidade de honrar com as obrigações perante os seus depositantes com os activos líquidos de nível
II, tendo de recorrer aos activos de nível III.

Num cenário de maior stress em que ocorresse a retirada de 40% dos depósitos, o agregado do sector bancário
registaria uma necessidade de liquidez no valor de Kz 3,77biliões, conseguindo cobrir as necessidades de
liquidez com os activos líquidos de até nível III. Em termos individuais, 8 (oito) bancos teriam de recorrer ao
activos líquidos de nível II para poder cobrir as suas necessidades de liquidez.

43
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 43 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

5.2.5.3 Choque na Taxa de Câmbio

Considerando uma depreciação do Kwanza em 15% face ao Dólar dos Estados Unidos da América (USD), a
taxa de câmbio agravaria de Kz 308,983 para Kz 355,22 e causaria o aumento de 5,9% do requisito para o
risco de crédito e de 1,8% do requisito para risco de mercado. Consequentemente o rácio de solvabilidade do
sector bancário diminuiria em 1,13 p.p..

Particularmente, apenas um banco que apresentava uma quota de mercado de activos de 10,65%, registaria o
rácio de solvabilidade abaixo do mínimo regulamentar.

5.2.5.4 Choque na Carteira de Crédito

Num cenário de migração das categorias de crédito, o rácio do crédito vencido malparado do sector bancário
aumentaria de 28,29% para 32,66%, consequentemente o rácio de solvabilidade regulamentar diminuiria de
24,16% para 15,76%.

Ao nível individual, 2 (dois) bancos com uma quota de mercado de crédito conjunta de 30,33%, tornar-se-iam
insolventes e 1 (um) banco com uma quota de mercado de crédito de 5,05%, manter-se-ia abaixo do limite
mínimo regulamentar.

5.2.5.5 Índice de Estabilidade do Sector Bancário

Em 2018, a estabilidade do sector bancário melhorou comparativamente ao período homólogo, influenciado


principalmente pelos factores internos, aumento do capital social, dos resultados de operações cambiais,
redução do crédito não provisionado, bem como pela redução do risco de contágio.

Gráfico 35: Índice de Estabilidade Financeira

80,00%
70,00% 72,60%

60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00% 12,20%

0,00%
dez/13
mar/14

set/14
dez/14
mar/15

set/15
dez/15
mar/16

set/16
dez/16
mar/17

set/17
dez/17
mar/18

set/18
dez/18
jun/14

jun/15

jun/16

jun/17

jun/18

Índice de Estabilidade Financeira Valor Máximo Observado (Jun‐14)
Valor Mínimo Observado (Jan‐18)

5.3 Governação Corporativa e Sistema de Controlo Interno

O BNA no desempenho da sua missão de monitorizar o sistema bancário, procedeu a avaliação on site e off
site, da robustez das políticas e processos de governação corporativa dos bancos, bem como a sua adequação
44
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 44 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

as exigências regulamentares da matéria.

Em 2018, o sistema bancário registou um cumprimento de 71,00% dos requisitos de governação corporativa,
um aumento de 17 p.p. face ao período homólogo, evidenciando melhorias na formalização/implementação
de requisitos regulamentares, inerentes ao órgão de administração/comissão executiva, código de conduta e
estratégia global. Todavia, prevalecem insuficiências ao nível de formalização/implementação de exigências
regulamentares relacionadas com as políticas de formação, políticas e processos de transacções com partes
relacionadas, bem como as políticas de conflitos de interesses, potenciando um alto risco operacional.

Gráfico 36: Cumprimento Agregado de Governação Corporativa

Em termos individuais, apenas cerca de 45% do total de bancos apresentaram níveis altos de cumprimento
dos requisitos de governação corporativa com cumprimentos acima de 75%. .

Tabela 9: Classificação Por Nível De Cumprimento De Governação Corporativa

Governação Corporativa
Intervalo Classificação Total

>75% Elevado 13

65%-75% Moderado 8
50%-65% Baixo 5
<50% Deficitário 3

Relativamente ao Sistema de Controlo Internono período em análise, o sector bancário registou um


cumprimento agregado de 71,00%, um ligeiro incremento de 2,48 p.p. face ao período homólogo, motivado
pela operacionalização das atribuições regulamentares das funções chave do controlo interno, designadamente,
Gestão de Risco, Compliance e Auditoria Interna. Contudo, destaca-se nos bancos do sector, insuficiências na
dotação de recursos para a prossecução dos objetivos das referidas funções, situação que pode criar
constrangimentos na fiscalização das estratégias e impactar os resultados.

45
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 45 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 37: Cumprimento Agregado Do Sistema De Controlo Interno

Na análise individual, observou-se maior observância dos requisitos de sistema de controlo interno,
relativamente aos requisitos de governação corporativa com cerca de 62% do total de bancos do sistema com
cumprimento acima de 75,00%dos requisitos regulamentares.

Tabela 60: Classificação Por Nível De Cumprimento De Governação Corporativa

Sistema de Controlo Interno


Intervalo Classificação Total

>75% Elevado 18

65%-75% Moderado 5
50%-65% Suficiente 3
<50% Deficitário 3

Portanto, de modo geral, verifica-se melhorias progressivas por parte dos bancos angolanos ao nível de
cumprimento dos requisitos de governação corporativa e sistema de controlo interno. Entretanto, o
incumprimento desses requisitos, pode acarretar para os bancos riscos operacionais, com impactos
significativos nas suas actividades. Razão pelo qual, o BNA tem feito uma avaliação regular das estratégias
dos bancos, a cultura de risco, a eficácia do seu modelo de governação e os controlos existentes, de modo a
promover a gestão sã e prudente, bem como a estabilidade do sistema bancário. 

5.4 Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo


Em 2018, o BNA realizou um conjunto de actividades no âmbito da Prevenção do Branqueamento de Capitais
e do Financiamento ao Terrorismo (BC/FT), no qual assume particular destaque, a concretização da adequação
do quadro legal às recomendações do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) em matéria de BC/FT,
bem como das acções de supervisão off-site e on-site, que incluiu a (i) avaliação do estado das Relações de
Correspondência Bancária; (ii) análise do capítulo 5º sobre prevenção do BC/FT do Relatório de governação
46
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 46 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

corporativa e sistema de controlo interno das instituições financeiras bancárias; (iii) análise dos Questionários
de Autoavaliação das Instituições financeiras bancárias e não bancárias; e (iv) realização de inspecções.

5.4.1 Actualização do quadro legal

No âmbito das acções de supervisão do BNA foi identificada a necessidade de actualização do quadro legal
em matéria de Prevenção ao Branqueamento de Capitais e do Financiamento ao Terrorismo (BC/FT), visando,
em particular, a melhoria das relações da banca com os correspondentes bancários internacionais.

Neste domínio, foram realizados no durante o ano de 2018, diversos encontros com Fundo Monetário
Internacional (FMI) com o objectivo de efectuar um levantamento sobre o grau de adequação das leis e normas
em vigor no país às recomendações do GAFI em matéria de BC/FT, sobretudo quanto a Rec.1, Rec.3, Rec.4,
Rec.6, Rec.7, Rec.8, Rec.10, Rec.12, Rec.16, Rec.19, Rec.25, Rec.28, Rec.31, Rec.38 e Rec.40, cujos
comentários/recomendações emitidas foram devidamente acolhidas. Com efeito, o BNA prosseguiu ao
processo da revisão da Lei n.º 34/11 de 12 de Dezembro – Lei do Combate ao Branqueamento de Capitais e
do Financiamento ao Terrorismo, de forma assegurar adequada harmonização as referidas recomendações.

No conjunto de comentários/recomendações do FMI, destaca-se: (i) extensão de diligência reforçada às


Pessoas Politicamente Expostas (nacionais); (ii) reforço das disposições legais sobre a identificação dos
beneficiários efectivos; (iii) reforço da abordagem baseada no risco na Prevenção do BC/FT; (iv) reforço das
medidas aplicadas nas transferências eletrónicas internacionais; (v) reforço das medidas aplicadas aos Trusts
(entidades sem personalidade jurídica); (vi) reforço nas medidas aplicadas no transporte transfronteiriço de
numerários; (vii) reforço nas medidas sancionatórias aplicadas nas entidades sujeitas; e (viii) reforço nas
medidas de cooperação.

5.4.2 Relações de Correspondência Bancária (RCBs)

As RCBS constituem um importante meio para facilitar o movimento transfronteiriço de fundos, permitindo
às IFs o acesso a serviços financeiros em diversas moedas e jurisdições estrangeiras, apoiando as trocas
comerciais e os fluxos de remessas internacionais.

Deste modo, em 2018, foi efectuado um novo inquérito junto dos Bancos comerciais para analisar a extensão,
evolução, causas e impactos do de-risking nas Relações de Correspondência Bancária (RCB) em Angola e os
resultados evidenciaram alguma melhoria face aos anos anteriores. Não obstante, três bancos do sector
bancário informaram terem sido alvo de término ou restrição de RCB.

47
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 47 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 38: Número de RCBs que Sofreram Restrição

18
16
16
14 13

12
10
8
8
6
4
4 3
2
2
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Os principais motivos invocados pelas IFs no estudo de 2018 para o encerramento/restrição das RCB foram
(i) preocupações com os riscos de BC/FT na sua jurisdição; (ii) apetite de risco das instituições estrangeiras
(iii) imposição de sanções internacionais; (iv) mudança dos requisitos legais, regulatórios ou de supervisão
nas jurisdições das IF estrangeiras com implicações na manutenção das RCB; e (v) Incapacidade/custo para
instituições estrangeiras na realização de Customers Due Diligence (CDD) aos clientes das suas instituições.

Gráfico 39: Causas Subjacentes à Decisão de Encerramento ou Restrição Das RCBS


12

10 10
10
9

8
8
7

6 6
6
5 5

4 4
4
3 3 3 3

0
0
Imposição de sançõesPreocupações com os Incapacidade / Custo Preocupações ou Mudança dos Apetite de risco das Falta de rentabilidade Outros
internacionais na sua riscos de BC/FT na para Instituições insuficiente requisitos legais, Instituições de certos serviços ou
jurisdição sua jurisdição estrangeiras na informação sobre regulatórios ou de estrangeiras produtos de RCB
realização de CDD procedimentos de supervisão nas
nos clientes de sua CDD na sua jurisdições das
Instituição Instituição (para a Instituições
prevenção ao BC/FT estrangeiras com
ou propósitos de implicações na
sanção) manutenção das
RCBs

2017 2018

Relativamente aos principais produtos e serviços oferecidos pelos Bancos Correspondentes, em linha com o
período homólogo, apesar de verificar-se um aumento nas disponibilidades, em 2018, as transferências
bancárias e as cartas de crédito (trade finance) mantiveram-se como os principais produtos e serviços
oferecidos pelos Bancos Correspondentes. Entretanto, importa destacar o notável acréscimo dos
financiamentos estruturados e dos Investimentos estrangeiros, comparativamente ao período homólogo.

48
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 48 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 40: Principais produtos/serviços oferecidos pelos bancos correspondentes

35

29
30
25
25

19
20
17 17
15
15
11
10
9
10
7 7 7
6
5 5
5 3 3
2 2
0
0
Transferências Trade Finance/ Liquidação e Serviços de Serviços de Empréstimo Outro Cheque de Investimento Financiamentos
Bancárias Carta de Crédito Compensação gestão de Investimento Liquidação Estrangeiro Estruturados
Internacionais tesouraria

2017 2018

Quanto as moedas mais transacionadas pelos bancos angolanos nas Relações de Correspondência Bancária,
de acordo com a informação disponibilizada em Março de 2018, os bancos detinham um saldo de USD
2,38biliões, tendo diminuído 8,00% face a Dezembro de 2017. Relativamente ao Euro, observou-se um
aumento de EUR 221,77 milhões (21,68%) dos saldos dos Bancos do SFA junto do seus correspondentes face
a Dezembro de 2017, situando-se em EUR 1,25 biliões em Março de 2018, evidenciando que apesar da
prevalência do Dólar nas transacções, as operações em Euro têm registado maior aumento.

5.4.3 Acção de Supervisão Off-site

5.4.3.1 Analise do Relatórios de Governação Corporativa e Sistema de Controlo Interno

A nível dos requisitos de Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo (BC/FT), o BNA


procedeu-se a análise do Capítulo 5º sobre Prevenção do BC/FT, referente ao Relatório de Governação
Corporativa e Sistema de controlo Interno de 20174, tendo sido verificado que as IFs bancárias evidenciaram
um nível de cumprimento superior a 50%, motivada, em particular, pela implementação dos requisitos de (i)
identificação; (ii) conservação; (iii) modelo de gestão do risco e de (iv) formação, refletindo em particular o
esforço do BNA de exigir das IFs bancárias maior rigor na implementação dos requisitos de BC/FT.

                                                            
4Aviso n.º 1/13 sobre Governação Corporativa e Aviso n.º 2/13 sobre Sistema de controlo Interno, ambos de 19 de Abril, conjugado com o Instrutivo

n.º 1/13, de 22 de Março – Relatório de Governação Corporativa e Sistema de Controlo Interno.  


49
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 49 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 41: Nível Global de cumprimento dos Requisitos de Prevenção do BC/T, em Dez-2017

5.4.3.2 Questionários de Auto - Avaliação5

No que diz respeito a análise do Questionário de Auto – Avaliação, observou-se que as instituições financeiras
bancárias e não bancárias evidenciaram uma alta percepção de cumprimento dos requisitos de BC/FT, dos
quais 95% pelas IFs bancárias e 83,45%6 pelas IFs não bancárias.

Adicionalmente, no período em análise, o BNA gizou um programa de inspecções às IFs bancárias, devido
ao grau de risco que representam, com o objectivo de avaliar in loco o cumprimento efectivo da implementação
dos requisitos de prevenção ao BC/FT expressos nos Questionários de Auto – Avaliação, tendo sido observado
que os resultados da auto-percepção não reflectia na sua íntegra a realidade das referidas instituições, o que
resultou na redução do nível de cumprimento de 95,09 % para 80,26%, revertendo na instauração de processos
de contravenção de algumas IFs bancárias que culminou com a aplicação de multas.

Painel 8: Cumprimento global de prevenção ao BC/FT de IF bancárias no QAA

OFF‐ SITE ON-SITE


0,97% 1,44% 0,08%

3,94% Cumpre Cumpre

18,22%
Não cumpre, mas cumprirá Não cumpre, mas cumprirá
dentro de um ano dentro de um ano

Não cumpre e não tem Não cumpre e não tem
possibilidade de cumprir possibilidade de cumprir

Não Aplicável
Não Aplicável

95,09%
80,26% Desconhece o tema
Desconhece o tema

                                                            
5 Informação remetida a 30 de Junho de cada ano, ao abrigo da Directiva n.º 1/DRO/DSI/15, de 12 de Outubro, sobre Questionário de Auto ‐ 

Avaliação  
6 Inclui a média da auto percepção de cumprimento pela Sociedade de Câmbio (84,99%), Sociedades de Câmbio e Remessas (86,15%), Sociedades 

de remessas (89,47%) e Sociedades de Microcrédito (73,38%). 
50
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 50 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Como principais insuficiências identificadas no sector bancário, após inspecção, destacam-se (i) inexistência
de Compliance Officer; (ii) falta de independência do Compliance Officer; (iii) deficiente implementação dos
requisitos de identificação de clientes, (iv) insuficiência de recursos humanos suficientes na área de
compliance; (v) inexistência de uma matriz de avaliação e classificação de riscos de clientes; (vi) inexistência
de um programa de formação especifico em sede de BC/FT; e (vii) inexistência de aplicativo informático
dedicado a prevenção do BC/FT.

5.4.4 Acção de Supervisão On-site


Em 2018, as inspecções foram predominantemente marcadas pela avaliação da eficácia do programa de
compliance das instituições financeiras bancárias, quanto as Declarações de Transacções em Numerários
(DTN’s), Operações para o Estrangeiro (OP’s) recebidas e emitidas, a implementação efectiva dos
procedimentos de Know Your Customer (KYC)/Customer Due Diligence (CDD), assim como, a qualidade e
robustez das políticas, processos e procedimentos implementados pelas IFNBs.

Neste contexto, no primeiro semestre de 2018, o BNA realizou inspecçõesà 5 (cinco) instituições financeiras
bancárias, no âmbito das DTN´s, onde foi possível observar algumas insuficiências, das quais destacam-se (i)
falta de reporte de algumas transacções em numerário; (ii) procedimentos de identificação e verificação da
identidade dos clientes com implementação deficiente; e (iii) falta de independência de alguns Compliance
Officer, o que exige a continuação de um esforço por parte do BNA na monitorização da implementação dos
requisitos regulamentares de BC/FT, em alguns casos na aplicação de multas.
No concernente às Ops (Operações de Transferência sobre o estrangeiro recebidas e emitidas) foram realizadas
inspecções à 14 (catorze) instituições financeiras bancárias, na qual constatou-se, de um modo geral, a
conformidade dos procedimentos aplicados quanto aos requisitos definidos no artigo 27.º da Lei n.º 34/11 de
10 de Dezembro, Lei do combate ao branqueamento de capitais e do financiamento ao terrorismo.
Por seu turno, no segundo semestre de 2018, o BNA deu continuidade as acções de inspecção, realizando
essencialmente uma avaliação in-loco da implementação efectiva dos requisitos de Know Your Customer e
Customer Due Diligence (KYC/ CDD s actividades de inspecção por parte de 11 (onze) instituições financeiras
bancárias, sendo que, desta acção resultou na instauração de processos de contravenção de algumas IFs
bancárias que culminou com a aplicação de multas.

51
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 51 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 42: Insuficiências por número de IFBs na Avaliação dos Procedimentos de Know Your
Costumer e Costumer Due Diligence

Relativamente às instituições financeiras não bancárias, foram inspeccionadas 14 (catorze) instituições, com
o objectivo de avaliar o cumprimento efectivo da regulamentação de BC/FT, bem como para aferir a qualidade
e robustez das políticas, processos e procedimentos implementados pelas mesmas, sendo que, desta acção
observou-se igualmente a existência insuficiências.

Gráfico 43: Insuficiência por IFNBs na Avaliação das Políticas, Processos e Procedimentos das IFNBs

Em termos gerais, tendo em conta a actual dinâmica de actuação do BNA no combate e prevenção de BC/FT,
é expectável a realização de acções de sensibilização com vista a garantir maior envolvimento e esforço por
parte das instituições financeiras (bancárias e não bancárias) no cumprimento das normas de BC/FT.

52
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 52 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

6 Supervisão Comportamental

O Banco Nacional de Angola, no exercício da sua função de supervisão comportamental, fiscaliza o


cumprimento dos normativos legais e regulamentares aplicáveis à comercialização dos produtos e serviços
financeiros e a relação que, neste âmbito, as instituições estabelecem com os seus clientes.

Neste contexto, a fiscalização do Banco Nacional de Angola incidiu na análise do licenciamento de produtos
e serviços financeiros e de campanhas de publicidade, na realização de acções de inspecção e na apreciação
de reclamações apresentadas pelos consumidores de produtos e serviços financeiros.

6.1 Gestão das reclamações


A análise das reclamações remetidas ao Banco Nacional de Angola compreende aquelas apresentadas
directamente às instituições financeiras bancárias e reportadas ao BNA.

Assim, durante o ano de 2018, foram recebidas por reporte ao Banco Nacional de Angola, um total de 27.509
reclamações, com um aumento de 18,73%, face ao período homólogo, que poderá estar associado a uma maior
consciencialização dos consumidores de produtos e serviços financeiros relativamente aos seus direitos e
deveres, bem como dos constrangimentos registados no mercado cambial, sendo que os bancos privados
nacionais foram os mais reclamados seguidos pelos privados estrangeiros.

Gráfico 44: Reclamações por tipo de bancos

20000 18768

15000 13643

10000 8170 8270


6589
4863 5432
5000 3485 3309
2527
1006 1256
0
 Ano 2015  Ano de 2016 Ano de 2017 Ano de 2018

B. Priv. Nacionais B. Priv. Estangeiros Bancos Públicos

Fonte: BNA e Instituições financeiras bancária

No concernente ás matérias reclamadas, destacam-se as relacionadas com cartões de pagamento, Caixa


Automático, conta de depósito, transferências, internet e mobile banking e operações com estrangeiro, com
cerca de 90,52% do total de reclamações, sendo que, do total de reclamações reportadas, 77,84% foram
concluídas.

Importa destacar, que o elevado número de reclamações respeitantes aos serviços de execução de operações
de transferência interbancária e de venda de moeda estrangeira, resultam essencialmente da situação cambial
registada actualmente no sistema financeiro nacional, que provocou a redução dos limites de carregamento
53
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 53 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

dos cartões de pagamento da rede internacional, bem como dificuldades na realização de operações de
transferência para pagamento de mercadorias e invisíveis correntes e outras operações em moeda estrangeira.

Tabela 11: Reclamações por matérias

Peso
Matérias mais reclamadas Ano de 2017 Ano de 2018 Variação (%)
Ano de Ano de
2017 2018
Cartões de pagamento 8 417 9 741 15,73% 36,33% 35,41%
Caixa Automático 2 385 4 108 72,24% 10,29% 14,93%
Conta de depósito 2 611 3 416 30,83% 11,27% 12,42%
Internet e Mobile Banking 2 449 2 475 1,06% 10,57% 9,00%
Operações com o estrangeiro 1 800 2 377 32,06% 7,77% 8,64%
Transferências 3 411 2 785 -18,35% 14,72% 10,12%
Crédito 655 955 45,80% 2,83% 3,47%
Prestação de serviço 753 672 -10,76% 3,25% 2,44%
Operações cambiais 225 354 57,33% 0,97% 1,29%
Informações Complementares 1 12 1100,00% 0,00% 0,04%
Cheques 125 110 -12,00% 0,54% 0,40%
Disponibilização de Valores 118 113 -4,24% 0,51% 0,41%
Cobranças 92 42 -54,35% 0,40% 0,15%
Cessão, Consolidação e
Reestruturação 8 30 275,00% 0,03% 0,11%
de Crédito
Comissões e encargos 12 29 141,67% 0,05% 0,11%
Devolução 7 19 171,43% 0,03% 0,07%
Operações Fraudulentas 5 32 540,00% 0,02% 0,12%
Aceitação cobrada 15 8 -46,67% 0,06% 0,03%
Outras matérias* 80 231 188,75% 0,35% 0,84%
Total 23 169 27 509 18,73% 100% 100%

6.2 Inspecções e Acompanhamento de mercado

Em 2018, foram realizadas 232 acções de inspecção off site às 29 instituições financeiras bancárias em
funcionamento, cujo objectivo consistiu na avaliação do cumprimento das regras de conduta, deveres gerais
de informação, bem como dos normativos legais e regulamentares em vigor, tendo sido identificadas algumas
inconformidades.

Relativamente às inspecções on site credenciadas, no período em referência, realizou-se 58 acções de


inspecção, de forma a aferir o grau de cumprimento das margens de comercialização de divisas, comissões
praticadas no carregamento de cartões pré-pagos de bandeira internacional, reclamações apresentadas pelos
consumidores, valores das comissões cobradas nos levantamentos ao balção em ME e o cumprimento das
isenções de cobrança dos serviços mínimos bancários regulamentados.

54
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 54 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

A nível das comissões de carregamento de pré-pagos de bandeira internacional, constatou-se que os bancos
públicos praticavam as comissões mais elevadas, enquanto os privados nacionais as menos elevadas. Por sua
vez, com relação aos levantamentos ao balção em ME verificou-se que os bancos privados estrangeiros cobram
as comissões mais elevadas do mercado e os bancos públicos as comissões menos elevadas e no concernente
ao cumprimento das isenções de cobrança dos serviços mínimos bancários, os bancos privados nacionais
registaram um maior número de incumprimento.

Adicionalmente, foram realizadas 328 inspecções do tipo “cliente mistério”, tendo-se verificado
inconformidades relacionadas com as temáticas do preçário, aprovisionamento de CA, gestão de filas e passes
de identificação.

Relativamente ao acompanhamento do mercado, a análise incidiu sobre as taxas de Depósitos a prazo,


comissão de manutenção de contas de Depósito à ordem e a comissão de levantamento em moeda estrangeira
no balcão.

Nas aplicações de Depósitos a prazo, os bancos públicos e privados nacionais, apresentaram as taxas mais
atractivas do mercado em 2018 com 10,50% e 6,23% respectivamente, enquanto no concernente a comissão
de manutenção para contas que requeiram gestores dedicados, verificou-se que os bancos públicos apesar de
terem reduzido as suas comissões cobradas, mantiveram-se com as mais altas do mercado. Por seu turno,
quanto as comissões de levantamento de ME ao balcão, aferiu-se que os bancos privados estrangeiros
praticavam as taxas mais altas do mercado, tendo aumentado de 5,10% em 2017 para 6,10% em 2018.

Face as infracções constatadas no âmbito das inspecções realizadas, no período em referência foram emitidas
109 cartas de recomendação para a sanação de irregularidades e instaurados 53 processos sancionatórios.

Painel 9: Despesas cobradas

Aplicação de Depósitos a Prazo Cobrança de comissão de manutenção


12%
10,500% 2 800 2 600
11%
010% 2 600
10% 2 400
9% 2 200
8% 007% 2 000
6,231% 006% 1 800 1 723
7% 007% 1 600
6% 1 357
005% 1 400 1 211
5% 1 100
3,375% 1 200
4% 1 000 780
3% 800 819 576
2% 600
400
1% 200
0% 0
Bancos Públicos Bancos Privados Bancos Privados Bancos Públicos Bancos Privados Bancos Privados
Estrangeiros Nacionais Estrangeiros Nacionais

2018 2017 Média Média 2018 2017 Média Média

55
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 55 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Comissão Levantamento ao Balão  em ME
8%
7% 6,100%
6% 005%
005% 4,875% 005%
5% 005%
4% 004%

3% 2,000%
2%
1%
0%
Bancos Públicos Bancos Privados Bancos Privados Nacionais
Estrangeiros

2018 2017 Média Média

6.3 Licenciamento
Em 2018, o volume total de processos para licenciamento recebidos pelo BNA reduziu comparativamente a
2017, passando de 295 em 2017 para 218 processos, dos quais, 153 referentes ao licenciamento de produtos e
serviços e 65 ao licenciamento de campanhas publicitárias, com reduções de 25,73% e 26,97%,
respectivamente, face ao período homólogo.

Painel 10: Volumes total de processos para licenciamento

206
Produtos / Serviços
153

Ano 2018

218 Campanhas Publicitárias


89
65

Ano 2017 Ano 2018

Na análise particular por documento de suporte, a categoria de FTI representa o maior volume de processos
submetidos para autorização em 2018, totalizando 82 processos.

56
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 56 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Gráfico 45: Volumes de Processos de Produtos e Serviços

Contratos 69
55

FTIs 122
82

Manuais 3

Formulários de Conta 12
13

Outros 3

1.º Semestre de 2017: 117  Ano 2017 Ano 2018

6.3.1 Licenciamento de produtos e serviços financeiros


Do total de processos submetidos para licenciamento de produtos e serviços, os bancos privados nacionais
registaram mais de metade do volume com 102 processos, destacando-se 35 respeitantes às minutas de
contratos, 60 às FTI e 5 referentes aos Formulários de Conta, seguido pelos bancos privados estrangeiros com
30 processos, sendo 14 referentes a FTI, 11 relativos a minutas de contratos e 4 respeitantes a Formulários de
conta e por último, os bancos públicos com 21 processos, dos quais 9 processos de minutas de contrato, 8
referentes a FTI e 8 relacionados com formulários de conta.

Quanto ao estado de tratamento, foram analisados 118 processos, correspondente a cerca de 77,00% do total
de processos submetidos, sendo que 23,53% não estavam conformes, destes não conformes 19,49% são
processos de Depósitos, 9,32% de Créditos e 1,69% referente a outros produtos.

Painel 11: Volume total de processos por tipologia de IF

57
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 57 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

146
2
5

102

60

49
1
30 4
21 4
11 35 14
8
9 11

Público Privado Nacional Privado Estrangeiro Público Privado Nacional Privado Estrangeiro

Ano 2017 Ano 2018 Contratos FTIs Formulários de Conta Outros

120 100,00% 120 100,00%


90,00%
100 100
80,00% 80,00%

29 70,00% 80 22
80
60,00% 60,00%
73 74
60 50,00% 60
40,00% 40,00%
40 40 6
4 30,00%
2 22,03% 20,00% 19,49% 31 20,00%
20 20 5
26
19 10,00% 9,32% 2
6,78%
0 1,69% 0,00% 0 3 10 1,69%0,00%
Público Privado Nacional Privado Depósitos Créditos Internet, Outros
Estrangeiro Mobile e
SMS Banking
Não analisado Analisado Peso dos processos não conformes Não analisado Analisado Peso dos processos não conformes

6.3.2 Licenciamento de Campanhas Publicitárias


No ano 2018, o BNA contabilizou 65 processos de campanhas publicitárias submetidos para autorização,
representando uma redução de 24 processos (26,97%) face ao ano 2017. Entretanto, devido a ausência de
documentos de suporte, apenas foram analisados 55,38% do total de processos recepcionados.

Os bancos privados nacionais registaram o maior número de processos com 39, seguido dos bancos privados
estrangeiros com 17 e os bancos públicos com 9 processos, destacando-se os conteúdos sobre
Cartazes/Folhetos ao nível dos bancos privados nacionais e estrangeiros com 12 e 11 processos de
licenciamento, respectivamente.

58
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 58 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Painel 12: Volume de processos para licenciamento de campanhas publicitárias

52
TV 18
7
Rádio 16 39
9
Imprensa 7
14
Cartazes/Folhetos 43 22
24
17
Internet/Mailings 4 15
9
9
SMS 1
2

Ano 2017 Ano 2018 Público Privado Nacional Privado


Estrangeiro
Ano 2017 Ano 2018

2 45 100,00%
40 90,00%
3 80,00%
35
30 70,00%
12 15 60,00%
25
50,00%
20 24
40,00%
15 6 30,00%
9 10 22,22%
4 20,00%
11
5 8 10,00%
0 2,78% 0,00%
2 8 1 0,00%
1 11 Público Privado Privado
3 Nacional Estrangeiro
1 5
2 2
0
Público Privado Nacional Privado Estrangeiro
Analisado Não analisado Peso dos processos não conformes
TV Rádio Imprensa Cartazes/Folhetos Internet/Mailings SMS

45 100,00%
40 90,00%
35 80,00%
30 70,00%
60,00%
25 19
50,00%
20
21 40,00%
15 30,00%
10 25,00% 3
20,00%
5 8 7 10,00%
0 3 0,00%
2 2
Depósitos Créditos Cartões Internet, Outros
Mobile e
SMS
Banking

Analisado Não analisado Peso dos processos não conformes

59
Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 59 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

7 Programa de Educação e Inclusão Financeira


O Banco Nacional de Angola tem vindo a implementar um conjunto de medidas que visam o aumento do nível
de literacia financeira da população e consequentemente o incremento do acesso e o uso dos serviços e
produtos financeiros adequados às necessidades da população, de forma a contribuir para a estabilidade do
sistema financeiro.

As acções desenvolvidas em 2018 concorreram para alavancar o acesso da população ao sistema financeiro
ao abrigo do Planeamento Estratégico do Banco Nacional de Angola 2018-2022 e em alinhamento com o
Plano Nacional de Inclusão Financeira e o Plano de Estabilização Macroeconómica. Importa referir que este
último, estabelece como objectivo o aumento da penetração do sector financeiro na economia para apoiar o
desenvolvimento económico através de políticas viradas para a diversificação da actividade económica.
Adicionalmente, estão definidas no referido plano, medidas relacionadas com a implementação de programas
de educação financeira para a normalização e abertura de contas bancárias simplificadas, nomeadamente a
“Bankita” e a revisão dos mecanismos e tipos de incentivos à poupança.

A formação e educação financeira é utilizada como pilar fundamental da Estratégia de Inclusão Financeira da
população em geral, focada em segmentos específicos desta. No cumprimento deste desiderato, foram
realizadas no país 189 (cento e oitenta e nove) campanhas de sensibilização, ao longo do ano de 2018, contra
24 (vinte e quatro) realizadas em 2017, o que induziu a abertura de 13.779 contas Bankita, face às 5.440 contas
abertas em 2017.

Note-se que durante as referidas campanhas, foram realizadas 181 (cento e oitenta e uma) palestras, contra 94
(noventa e quatro) realizadas em 2017, tendo estas contado com 39.099 participantes, em Luanda e nas regiões
Norte, Nordeste, Centro, Oeste e Sul, resultante do aumento do número de campanhas de modo a atingir o
máximo de população possível, contra 9.173 em 2017.

No entanto, apesar da melhoria dos níveis de acesso e uso dos produtos e serviços financeiros no mercado,
torna-se necessário envidar esforços de coordenação entre o PNIF e os seus principais intervenientes, incluindo
os representantes da sociedade civil, no sentido de garantir maior abrangência e eficácia às acções de educação
financeira.

7.1 Estatísticas Das Contas Bankita Referentes Ao I Semestre De 2018

Desde o lançamento do produto Bankita, em 2011, ao abrigo do Programa de Educação Financeira até
Dezembro de 2018 foram abertas 643.737 contas Bankita contra 555.045 registadas no período homólogo,
representando um aumento de 15,98%, tendo-se contabilizado 109.293 contas Bankita que migraram para
contas convencionais.

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Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

De salientar que no ano de 2018 foram abertas 133.499 contas Bankita contra 135.063 registadas no período
homólogo, verificando-se um decréscimo de 1,16%. No mesmo período foram transacionados Kz 822,36
milhões, contra Kz 827,45 milhões em 2017, nas referidas contas.

Painel 13: Evolução Homóloga das Contas Bankita à Ordem

160.000 900
827,45 822,36
140.000 135.063 133.499 800

700 672,96
120.000
109.635
600
100.000
500 442,76
80.000 394,67
70.236
65.679 400
60.000
300
40.000
200

20.000 100

0 0
2.014 2015 2016 2017 2018 2.014 2015 2016 2017 2018

Nº de contas BO B. Ordem (Milhões de kz)

Fonte: Bancos aderentes

Até Dezembro de 2018, foram constituídas 7.284 contas de poupança, Bankita à Crescer, face à 7.520
registadas em 2017, representando um decréscimo de 3,14%. Porém, em 2018, foram constituidas 2.353 contas
de poupança, Bankita à Crescer, correspondendo a um volume de depósitos transacionados na ordem de Kz
63,45 milhões, em relação às 1.799 contas registadas em 2017, cujo volume transacionado alcançou os Kz
54,57 milhões, representando um aumento de 30,79% e de 16,28%, respectivamente.

Painel 14: Evolução Homóloga das Contas Bankita a Crescer

2.500 80,00
2.353 74,41

70,00
63,45
2.000
1.799 60,00
54,57
1.606
1.411 50,00
1.500

1.163 40,00 38,64

1.000 28,65
30,00

20,00
500
10,00

0 0,00
2014 2015 2016 2017 2018 2014 2015 2016 2017 2018

Nº de contas BC B. Crescer (Milhões de kz)

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Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

No âmbito do acesso e uso de produtos e serviços financeiros, em 2018, foram atribuídos 90.503 cartões
multicaixa de débito verificando-se um aumento de 4,85%, relativamente ao período homólogo (86.314). Em
termos acumulados foram emitidos 327.188 cartões face aos 304.266 cartões em 2017. Todavia, o número de
cartões totais emitidos é consideravelmente inferior ao número total de contas abertas, devido à factores de
natureza comportamental, relacionados, por um lado, a resistência à mudanças (adaptação a novas práticas)
por parte de alguns consumidores de produtos bancários, sobretudo os mais idosos e por outro lado, a
problemas operacionais observados em alguns bancos, o que representa um factor inibidor à dinamização dos
meios de pagamentos automáticos.

Gráfico 46: Evolução Homóloga de cartões emitidos

100.000
90.503
90.000 86.314

80.000

70.000
61.260
60.000

50.000 43.760
39.032
40.000

30.000

20.000

10.000

0
2014 2015 2016 2017 2018

Nº de Cartões emitidos

Fonte: Bancos aderentes

Em termos de captação de depósitos Bankita à Ordem, destaca-se os bancos privados com um total de Kz
822,00 milhões, com 122.892 contas abertas, em detrimento dos bancos públicos com depósitos captados na
ordem de Kz 15,00 milhões, com 10.607 contas abertas. De igual forma, em termos acumulados, os bancos
privados foram os que mais captaram depósitos nas contas Bankita à Ordem, alcançando um montante de Kz
2,04 mil milhões, com 554.637 contas abertas, tendo os bancos públicos captado Kz 157,75 milhões de 89.100
contas abertas.

Painel 15: Evolução Homóloga da captação de Contas Bankita à Ordem por tipo de bancos

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Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

1.000.000 1.000 827,45 822,36

127.611 122.892
100.000

10.607
7.452
10.000 100

1.000
14,51
12,11
100 10

10

1 1
Nº Acumulado de Contas BO 2017 Nº Acumulado de Contas BO 2018 B. Ordem (em kz) 2017 B. Ordem (em kz) 2018
Bancos Privados Bancos Públicos Bancos Privados Bancos Públicos

Numa perspectiva global, observa-se que a província de Luanda foi a que mais se destacou em termos de
abertura de contas Bankita com 34,58%, seguida das províncias de Benguela e Cuanza Sul, com 14,67% e
7,94%, respectivamente.

Painel 16: Contas abertas por Províncias I Sem. 2017/I Sem.2018

Fonte: Bancos aderentes

Em termos de abrangência territorial, constatou-se que 69,51% dos municípios foram abrangidos no que
concerne a abertura de contas Bankita, reflectindo progressos no campo da expansão geográfica dos serviços
financeiras. O maior número de contas abertas foi observado nos municípios de Luanda, Lobito e Viana, com
19.230 (14,19%), 9.468 (6,99%) e 8.826 (6,51%), respectivamente.

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Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Relativamente a movimentação à débito nas contas Bankita, os TPA7 destacaram-se com 39,21%, reflectindo
um aumento de 10,37p.p., seguido dos levantamentos no caixa automático, com 37,87%, representando uma
redução de 9,52p.p. comparativamente ao período homólogo. A maior utilização dos TPA pelos titulares de
contas Bankita, pode ser reflexo dos trabalhos de literacia financeira realizados pelo BNA, ao longo do ano
em exercício.

Painel 17: Movimentos em Contas Bankita 2017 e 2018

No que diz respeito a análise da abertura de conta Bankita por genéro, nota-se que o género masculino continua
a ser detentor do maior número de contas, com 66,47%, em relação ao género feminino, com 33,53%, o que
indica a necessidade de se intensificar as acções de educação financeira direcionadas para este género. De
igual forma, observa-se um maior pendor do género masculino na aplicação de Poupança Bankita a Crescer
com 62,55%, bem como maior número de cartões emitidos para o genero masculino, representando 68,45%
do total de cartões.

Quando analizado a titularidade de contas Bankita por faixa etária, observa-se maior aderência dos indivíduos
da faixa etária dos 18 aos 34 anos, representando 74,84% do total, seguindo-se os indivíduos da faixa etária
dos 35 aos 44 anos de idade, com 15,98%.

                                                            
7 Terminal de pagamento automático
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Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Painel 18: Estrutura Etária 2017 e 2018

Quanto a identidade social dos clientes de contas Bankita, em 2018, a categoria “Estudantes” manteve-se
predominante com 34,60% do total de contas abertas, apesar de ter reduzido em relação ao período homólogo
(46,92% ).

Painel 19: Estrutura por Identidade Social 2017 e 2018

7.2 Índice de Inclusão Financeira


O Índice de Inclusão Financeira (IIF), que representa um diagnóstico dos níveis de acesso e uso dos serviços
e produtos financeiros permitindo aferir o grau de inclusão financeira nas diferentes províncias, envolve três
dimensões, nomeadamente o acesso geográfico, o acesso demográfico e a utilização.

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Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Tabela 12: Dimensões de Inclusão Financeira e Indicadores Subjacentes

 TPA’s por 1.000 Km2


d1 - Acesso
 ATM’s por 1.000 Km2
Geográfico  N.º de Agências Bancárias por
1.000 Km2
 TPA’s por 100.000 pessoas
d2 - Acesso
 ATM’s por 100.000 pessoas
Demográfico  N.º de Agências Bancárias por
100.000 pessoas
 Crédito ao Sector Privado / PIB
d3 –  Crédito ao Sector Privado / 100.000
Utilização*(a) Pessoas
 Depósitos Totais / 100.000 Pessoas
 Depósitos Totais / PIB
Nota: *(a) – Rácios com PIB utlizados somente no IIF do País. No IIF do País, utilizou-se o Crédito ao Sector Privado e os Depósitos Totais das Contas Monetárias.

Fonte: BNA-EMIS

No período em referência, relativamente ao “Acesso Geográfico” considerando uma área geográfica de 1.000
km2, registou-se a existência de pelo menos 1 (uma) agência bancária, com 75 TPA e 2 (dois) CA em
funcionamento. No que diz respeito ao “Acesso Demográfico”, estão disponíveis cerca de 325 TPA, 5 (cinco)
agências bancárias e 10 CA para um universo de 100.000 pessoas, possibilitando a realização de operações
primárias, tais como levantamentos, pagamentos de bens e serviços e transferências bancárias.

Quanto a utilização do crédito total concedido aos clientes bancários em Dezembro de 2018, Luanda foi a
província que registou o maior volume de concessão de crédito, enquanto, Bié, Bengo, Moxico e Cuando
Cubango, foram as províncias com menor classificação.

No que se refere ao total dos depósitos do sistema, em Dezembro de 2018, Luanda e Benguela, foram as
províncias com maiores captações, com cerca de 60% da rede de agências e dependências dos bancos
comerciais, enquanto as províncias do Bengo, Cuanza Norte, Lunda-Sul, Cuando Cubango e Lunda-Norte,
foram as que apresentaram menores captações.

Tabela 13: Indicadores Subjacentes às Dimensões de acesso geográfico e demográfico

Acesso Geográfico (d1) Acesso Demográfico (d2)


70,40 TPA’s por 1.000 Km2 306,84 TPA’s por 100.000 pessoas
2,44 ATM’s por 1.000 Km2 10,65 ATM’s por 100.000 pessoas
1,25 N.º de Agências Bancárias por 1.000 Km2 5,44 N.º de Agências Bancárias por 100.000 pessoas

Os resultados do Índice de Inclusão Financeira, referente à Dezembro de 2018, demonstram uma acentuada
discrepância entre os resultados de Luanda em relação as restantes províncias. Deste modo, o nível de inclusão

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Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

financeira de Luanda é considerado alto, pois concentra grande parte dos depósitos captados e dos créditos
concedidos a nível do sistema financeiro, bem como o número de caixas automáticos instalados (CA) e
Terminais de Pagamentos (TPA) matriculados e em funcionamento. Ao passo que as províncias do Cuanza
Norte, Cabinda, Benguela e Namibe apresentaram um IIF de nível baixo e as restantes 13 províncias
apresentaram um IIF de nível muito baixo.

Tabela 14: Inclusão Financeira e suas Dimensões por Província em Dezembro de 2018
d1 d2 d3 IIF Classificação
Luanda 100,00 100,00 100,00 100,00 Alta
Cuanza Norte 0,38 57,96 1,21 15,44 Baixa
Cabinda 1,302 33,73 4,72 12,04 Baixa
Benguela 0,89 32,26 3,26 10,99 Baixa
Namibe 0,09 32,85 2,81 10,67 Baixa
Zaire 0,11 19,80 1,63 6,75 Muito Baixa
Cuando Cubango 0,00 16,79 0,91 5,59 Muito Baixa
Bengo 0,07 16,01 1,44 5,56 Muito Baixa
Lunda Sul 0,07 15,86 0,86 5,32 Muito Baixa
Malange 0,06 14,84 0,46 4,87 Muito Baixa
Cuanza Sul 0,22 14,02 0,08 4,55 Muito Baixa
Huíla 0,18 10,92 1,60 4,11 Muito Baixa
Huambo 0,31 9,36 0,82 3,41 Muito Baixa
Moxico 0,00 9,38 0,52 3,20 Muito Baixa
Cunene 0,04 7,49 0,44 2,60 Muito Baixa
Lunda Norte 0,02 5,11 0,32 1,79 Muito Baixa
Uíge 0,09 4,81 0,00 1,61 Muito Baixa
Bié 0,06 2,93 0,10 1,02 Muito Baixa

Apesar dos últimos anos terem sido considerados de grande progresso no que se refere o acesso ao sistema
financeiro, constata-se uma redução do índice de inclusão financeira de Angola fundamentalmente pelo actual
contexto económico do país com redução na concessão dos créditos, redução nos depósitos, bem como a
redução de agências bancárias, o que reduz o acesso da população aos serviços financeiros disponíveis.
Tabela 15: Comparação Homóloga do IIF

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Relatório de Estabilidade Financeira Anual de 2018 67 
Relatório de Estabilidade Financeira  Anual de 2018 

Comparação Homóloga do IIF


Províncias
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Luanda 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Cuanza Norte 9,23 12,12 15,17 9,95 10,14 10,10 15,44
Cabinda 16,34 21,79 16,68 14,95 15,08 14,35 12,04
Benguela 13,09 14,11 13,95 12,16 12,02 11,87 10,99
Namibe 15,77 20,84 17,54 13,27 13,93 12,38 10,67
Zaire 9,51 11,63 9,07 9,44 9,25 8,85 6,75
Cuando Cubango 5,80 7,10 6,03 12,84 13,93 6,37 5,59
Bengo 10,01 13,04 18,88 11,00 10,45 9,73 5,56
Lunda Sul 7,58 8,41 7,12 7,55 7,39 7,96 5,32
Malange 7,09 5,41 5,27 6,10 7,33 6,62 4,87
Cuanza Sul 3,63 3,40 3,23 3,30 2,86 2,88 4,55
Huíla 7,10 8,01 7,67 5,36 5,04 5,82 4,11
Huambo 5,67 6,10 6,59 4,52 4,44 7,47 3,41
Moxico 3,71 5,41 5,47 3,79 7,77 7,31 3,20
Cunene 5,21 6,43 4,65 3,70 3,73 4,30 2,60
Lunda Norte 2,89 3,91 5,07 2,65 2,25 3,14 1,79
Uíge 1,44 3,12 3,52 1,87 2,05 2,24 1,61
Bié 0,53 0,30 0,25 0,16 0,39 0,19 1,02
IIF Angola 12,48 13,95 13,67 12,37 12,67 12,31 11,08

7.3 Perspectivas
No âmbito do Plano Estratégico do BNA para 2018-2022, perspectiva-se o aprofundamento e abrangência do
processo de inclusão financeira, de modo a contribuir para a estabilidade do sistema financeiro, sobretudo
através da implementação de programas de educação financeira e de medidas de políticas que permitam um
maior acesso e uso de produtos e serviços financeiros por parte da população.

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