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A Influência de “Maus” Espíritos

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Carta de Paulo aos Romanos 12:21)

Para analisarmos se há meios de neutralizar a influência de “maus” Espíritos, devemos


compreender a que se refere quando tachamos um Espírito de “mau”. De posse desse
entendimento, podemos estabelecer as medidas de modificação interna para evitar más
influências. Não busquemos fora de nós, em “culpados” externos, as causas e os remédios para
nossos desafios. O caminho está em efetuar nossa evolução moral, seja para resolver o que
podemos, seja para confiar em Deus e nos resignarmos ao que presentemente se encontre fora
de nosso alcance.

Através das respostas a diversas questões de “O Livro dos Espíritos” [1], concluímos que ninguém
inicia sua existência intrinsecamente bom ou mau (questão 115); que ninguém retrograda
(questão 118); que ninguém é fadado ao mal — pelo contrário, todos os seres são destinados a
evoluir, ao bem, mesmo que isso leve inúmeros séculos para se concretizar (questões 116 e 125),
e que são os próprios Espíritos que se melhoram (questão 114). Possuímos um guia de
procedimento no bem em nossa consciência (questão 621), a qual podemos, voluntária e
temporariamente, “entorpecer”, mas que torna a nos aconselhar quando nos dispusermos a
ouvi-la [2].

Lembramos que, em “O Livro dos Espíritos”, entre os itens 96 e 113, Allan Kardec apresenta uma
escala didática das ordens de Espíritos, parametrizada pelas conquistas morais e intelectuais dos
seres. Entendamos, porém, que se trata de uma referência didática, e não de um instrumento
para rotular pessoa alguma. Não cometamos o erro de “pendurar um cartaz no pescoço” de
qualquer ser, tachando-o de “Espírito leviano” (item 103 da obra citada) porque, em nosso
entender, apresentou uma atitude irrefletida; ou rotulando-o como “Espírito de sabedoria” (item
110 do mesmo livro) ao ver nele uma boa ação. Todos nós somos Espíritos em processo de
aperfeiçoamento; estamos sujeitos a alternar atitudes bondosas e elevadas com atitudes menos
felizes, e não gostaríamos de ser rotulados de “maus” Espíritos por momentos pontuais infelizes
de nossa história. Espíritos sábios não precisam de elogios; e os que nos pareçam ainda não
comprometidos com o bem (não dispomos de elementos suficientes para julgar ninguém), não
precisam de um rótulo, precisam de orientação, paciência e preces para ouvirem as boas
inspirações que sempre recebem, como todo filho de Deus que todos somos.

Portanto, há Espíritos que temporariamente escolheram abster-se de praticar o bem; não há


“senhores das trevas”, destinados ao mal desde sua criação e destinados ao mal eterno. O que
pode haver são oponentes, Espíritos com os quais, ao longo de nossas vidas, criaram-se
animosidades, as quais cumpre a nós fazer nossa parte para sanar, pelo exemplo na prática do
bem, não somente e diretamente a esses oponentes, mas a todos que estiverem ao nosso
alcance. É da palavra semítica šṭn, significando adversário ou acusador, que advêm os
termos shatán, do hebraico, traduzido como aquele que acusa, inclusive em termos jurídicos,
num tribunal; shaytán, do árabe, o qual tem os significados de adversário ou acusador, bem
como de serpente; e diábolos, do grego, procedente do verbo dia-ballö, possuindo um
significado semelhante de oposição ou confronto.

Esse entendimento é importante para não encararmos uma influência negativa como um
inimigo, mas como uma emanação de um Espírito necessitado de esclarecimento e de aceitar
oportunidades de evolução moral. Influenciamos e somos influenciados, o tempo todo, pelos
pensamentos, palavras e ações nossos e alheios. Neste sentido é que todos somos médiuns.
Allan Kardec propôs à questão 469 de “O Livro dos Espíritos”, por que meios podemos
neutralizar a influência dos maus Espíritos, respondida pelos Espíritos da Falange do Consolador
prometido por Jesus com as seguintes palavras: “Praticando o bem e pondo em Deus toda a
vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que
desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus
pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más.
Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado
fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: ‘Senhor! não nos
deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.’”

Jamais ficamos desamparados pelos Espíritos que trabalham pelo nosso bem. Pela manutenção
de um foco elevado em nossos pensamentos, especialmente pela prece, sempre recebemos seu
auxílio. A esse respeito, Kardec pondera [3]: “Se os Espíritos inspiram de maneira oculta, é para
deixar ao homem o livre-arbítrio e a responsabilidade de seus atos. Se receber inspiração de um
Espírito mau, pode estar certo de receber, ao mesmo tempo, a de um bom, pois Deus jamais
deixa o homem sem defesa contra as más sugestões. Cabe a ele pesar e decidir conforme a sua
consciência.”

Assim, o recurso que temos à nossa disposição para neutralizar essa influência é a prática da
caridade, em todas as suas facetas, seja material, seja moral; manter os pensamentos voltados
para o bem em qualquer situação; e por fim, confiando em Deus, que nos protege de tantas
outras influências e acontecimentos dos quais nem temos a menor noção.

Mais uma vez, o autoconhecimento, exposto à questão 919 de “O Livro dos Espíritos”, é
necessário. Expliquemos: os Espíritos inferiores, em nos influenciando, desejam estimular as
imperfeições que ainda possuímos. Se temos conhecimento de nossas imperfeições e estamos
empenhados em combatê-las, será mais difícil sucumbirmos a essas influenciações.

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