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ATECIR GUIDI

Texto de Antonio Carlos Popinhaki

Atecir Guidi nasceu na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, em 19 de


julho de 1919. Seus pais se chamavam Amadeu Guidi e Albina Brandelli. Ambos
eram de origem italiana. Quando jovem, morou com o seu tio Benjamin Brandelli na
mesma cidade de Garibaldi, onde teve a oportunidade de estudar e formar-se num
“Guarda-livros”. Hoje, esse nome e profissão soam de forma estranha, mas, há
algumas décadas, os contadores eram chamados de “guarda-livros”. A origem desse
estranho nome era proveniente da sua principal função, que, até então, era a de
escriturar e manter em boa ordem os livros mercantis das empresas comerciais.
Era um trabalho altamente mecanicista, que exigia, principalmente, atenção e
zelo. Com o passar do tempo, o comércio e a economia cresceram
significativamente e, de igual forma, esse profissional passou a ser cada vez mais
importante para a sociedade. Hoje, o Guarda-livros é o Contabilista, ou o Contador
de uma empresa.
Depois de Garibaldi, Atecir mudou-se para Getúlio Vargas, cidade gaúcha,
localizada ao Sul de Erechim, lugar que lhe deu várias oportunidades, como a de
ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Vereadores. No dia 29 de junho de
1940, na cidade de Erechim, casou-se com Sabina Aurora Dal Zot, moça solteira,
nascida em 28 de outubro de 1922, na cidade de Flores da Cunha. Ele tinha 21 e ela
18 anos na ocasião. Do casamento, ao longo dos anos que se sucederam,
nasceram os seguintes filhos: Genessi, Daisi, Roseli, Sandra, Sonia, Silvia, Magda,
Atecir, José e Airton.
De Getúlio Vargas, Atecir e a família residiu em Sananduva, onde trabalhou
como Delegado de Polícia e Alfaiate, uma das profissões mais promissoras para
aquela época. Enquanto estava naquela cidade, à qual ele, tempos antes, como
Vereador em Getúlio Vargas, empenhou-se de modo favorável por sua
emancipação, surgiu uma oportunidade de mudança para a cidade de Curitibanos,
interior do estado de Santa Catarina. Atecir, antes da definitiva mudança, foi
testemunha do sonho dos moradores de Sananduva, de verem o seu município
emancipado. Isso ocorreu em 1954.
Acreditando que a sua missão já havia sido cumprida no Rio Grande do Sul,
ele, sua esposa e filhas, filhos, juntamente com a família do seu pai e demais
irmãos, atravessaram o grande Rio Uruguai, que faz a divisa entre os dois estados
sulistas, em direção a Santa Catarina. Se estabeleceram em Curitibanos, uma terra
de oportunidades intensificadas para o ramo madeireiro, a partir da década de 1950.
Sempre trabalhando como Guarda-livros, logo foi sócio de várias empresas do
setor de exportação de madeiras. Pelo menos, quatro dessas empresas ainda são
lembradas: A Pasa & Guidi, Guidi & Erpen, Fega e a Guidi & Michels, foram as
razões sociais dessas madeireiras localizadas onde está atualmente o território da
cidade de São Cristóvão do Sul. A família adaptou-se bem em terras curitibanenses.
Como já experimentara a sensação de ser um representante do povo,
atuando como Vereador no Rio Grande do Sul, não agiu diferente em Curitibanos.
Atecir Guidi foi um dos fundadores locais do Movimento Democrático Brasileiro —
MDB. Foi candidato ao cargo de prefeito e a uma cadeira na Assembleia Legislativa
de Santa Catarina. Sempre pelo MDB.
Ele trabalhou como Guarda-livros, madeireiro, agricultor e também exerceu
atividades no ramo farmacêutico. Atecir Guidi foi também o Presidente da Comissão
Municipal de Esportes de Curitibanos — CME, pois era um homem dedicado, grande
incentivador da prática esportiva. Sob a sua responsabilidade, foram construídas as
fundações e o aplainamento, que serviu para a base do gramado do Estádio
Municipal Wilmar Ortigari, o “Ortigão”. Ele vistoriou as obras pessoalmente. No final
da década de 1960 e início de 1970, Curitibanos necessitava de um novo estádio
para a prática do Futebol. Todas as disputas até esse tempo foram realizadas no
antigo “Alçapão da Baixada”, tradicional estádio curitibanense, palco de acirradas
disputas, inclusive da categoria principal do Campeonato Catarinense, onde o time
local, talvez, o maior e melhor time de futebol que Curitibanos já teve, o
“Independente Atlético Clube”, fez parte do seleto grupo da primeira divisão do
futebol catarinense.
Como grande incentivador do esporte amador de Curitibanos, certa vez, doou
para o “Esporte Clube Lagoinha”, um jogo de camisas para que os integrantes dessa
agremiação pudessem disputar os jogos de boliche, devidamente uniformizados. Em
Curitibanos, a modalidade era disputada numa cancha construída na Rua Dr. Lauro
Müller, onde posteriormente, funcionou por longos anos, uma filial dos
Supermercados Myatã.
No ramo farmacêutico, foi proprietário da Farmácia Santo Antônio, também
estabelecida na Rua Dr. Lauro Müller, em frente de onde está atualmente a agência
da Caixa Econômica Federal. Ele tinha como farmacêutico do estabelecimento, o Sr.
Bruno Jaime Seeman, que mais tarde foi proprietário da Farmácia Aurora na
Avenida Rotary. Ainda é lembrado no seio da família, um acontecimento de junho de
1970. A família de Atecir Guidi esteve reunida no estabelecimento comercial,
juntamente com o farmacêutico, atentos para os jogos da seleção brasileira na Copa
do Mundo disputada no México. Vibraram muito com a conquista da taça Jules
Rimet pela gloriosa seleção canarinho. O momento da comemoração foi registrado
em fotografia.
A farmácia se chamava Santo Antônio, mas muitos se referiam ao
estabelecimento, como “a farmácia do Atecir”. Foi uma das importantes farmácias da
década de 1970, na cidade de Curitibanos.
Atecir era um católico fervoroso, estava presente nas missas, nas festas da
Igreja e sempre que podia, ajudava nas necessidades da Paróquia. Foi também,
presidente do Pinheiro Tênis Clube e do Lions Clube Curitibanos. Foi um
empreendedor, como demonstrado pela sua participação em diversas empresas e
segmentos. Também foi um dos primeiros plantadores de alho na região de
Curitibanos. Além do alho, na agricultura, plantava também feijão.
No dia 28 de outubro de 1990, após lutar por algum tempo contra
complicações oriundas do diagnóstico do diabetes e problemas de circulação,
faleceu na cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Entretanto, deixou um
legado de trabalho, empreendedorismo e determinação aos seus descendentes.
Através da Lei Ordinária n.º 2785/1994, de 11 de abril de 1194, o então
prefeito Generino Fontana, denominou de “Atecir Guidi”, a Cancha de Bocha
Municipal, do município de Curitibanos, situada ao lado do Ginásio de Esportes, na
Avenida Frei Rogério.
Através da Lei Ordinária n.º 5984/2017, de 20 de dezembro de 2017, o então
prefeito José Antônio Guidi, denominou de “Atecir Guidi”, o Mercado Público
Municipal de Curitibanos, situado na Rua Coronel Vidal Ramos.

Referências para o texto:


A história de Sananduva. On-line: Disponível em:
https://www.sananduva.rs.gov.br/pg.php?area=HISTORIA

ALVES, Sebastião Luiz. Curitibanos memórias da nossa terra. On-line: Disponível


em:
https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1519402961685210/169
8749550417216/

Contribuição pessoal de José Antônio Guidi

Contribuição pessoal de Atecir Amadeu Guidi

Contribuição pessoal de Aírton Guidi

Curitibanos — Lei Ordinária n.º 423/1959, de 16 de novembro de 1959. Concede


auxílio financeiro ao independente Atlético Clube.

Curitibanos — Lei Ordinária n.º 2785/1994, denomina Cancha de Bocha.

Curitibanos — Lei Ordinária n.º 5984/2017, denomina Mercado Público Municipal.

LOPES, André Charone Tavares. O Guarda-livros e o contador gestor. On-line:


Disponível em:
https://www.contabeis.com.br/artigos/474/o-guarda-livros-e-o-contador-gestor/

POPINHAKI, Antonio Carlos. José Bruno Hartmann. ‘Blog’ curitibanenses. On-line.


Disponível em: http://curitibanenses.blogspot.com/2021/10/jose-bruno-hartmann.html

POPINHAKI, Antonio Carlos. Independente Atlético Clube. ‘Blog’ pessoal. On-line.


Disponível em:
http://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/02/independente-atletico-clube.html

POPINHAKI, Antonio Carlos. Finados. ‘Blog’ pessoal. On-line. Disponível em:


http://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2020/11/finados.html

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