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APCAC

ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE CAÇADORES, ATIRADORES E COLECIONADORES

EBOOK
ARMAMENTO, MUNIÇÃO E TIRO

MATERIAL DISPONIBILIZADO AOS ASSOCIADOS DA APCAC

APOIO - GRUPO CWB ARMAS E MUNIÇÕES LTDA®


APCAC
ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE CAÇADORES, ATIRADORES E COLECIONADORES

ARMAMENTO
MUNICAO E TIRO
MATERIAL DISPONIBILIZADO AOS ASSOCIADOS APCAC

Associação com Registro número 8243 - 3º Serviço de Registro de Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas
© by APCAC - Resp. Cristiano Maia Castelli - Presidente
Direitos reservados - Associação Paranaense de Caçadores, Atiradores e Colecionadores
Proibido divulgação da obra.
Contato com o autor: contato@apcac.com.br
www.apcac.org.br
Introdução 2023

CONTEÚDO ORIGINAL PROTEGIDO E REGISTRADO POR:


DCR ETC
Stamp:08/08/2022 18:00:00 (GMT-03:00) Stamp:08/08/2022 17:49:04 (GMT-03:00)
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I

s u m á r i o

PREFÁCIO 3
CONCEITOS BÁSICOS INTRODUÇÃO 4
DEFINIÇÕES 5
- O que são armas de fogo 5
- Armas Próprias 5
- Armas Impróprias 6
- Projétil 6
- Arma de Fogo 7

1000 ANOS DE HISTÓRIA INTRODUÇÃO 8


- Registros Históricos 9

CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO 13


- Quanto ao tamanho 14
- Quanto a portabilidade 14
- Fuzil, Rifle e Carabina: Qual a Diferença 16
- Quanto ao Carregamento 17
- Quanto ao Funcionamento 18
RESUMO DAS ARMAS CURTAS 19
RESUMO DAS ARMAS LONGAS 20
- Quanto ao sistema de acionamento 20
- Quanto ao sistema de ignição 22
- Quanto a alma do cano 24
- Calibre 25

MUNIÇÃO 30
- Espoleta 32
- Pólvora ou Propelente 33
- Estojo 34
- Projétil 36

PARTES DAS ARMAS DE FOGO 43


- Armas curtas 44
- Armas longas alma lisa 45
- Armas longas alma raiada 46

PISTOLAS SEMIAUTOMATICAS 47
- História das pistolas 48
- Armamento e suas partes essenciais 49
- Classificação das pistolas semiautomáticas 50
- Manejo e Funcionamento 51
- Mecanismos de Segurança 52
- Alavanca decocking 53

CONCLUSÃO 54

Todos os direitos reservados - APCAC - Associação Paranaense de Caçadores, Atiradores e Colecionadores ®


Introdução - 2023
I

p r e f a c i o
Este e-book traz um vasto conhecimento com relação as armas de
fogo, conteúdos históricos, conhecimento técnico, balística interna,
entendimento e funcionamento de armas de fogo, com finalidade
exclusivamente didática.
Traremos a você uma série sequencial com início nesta obra (1ª
edição) com objetivo de levar até você o mais completo e-book do
mundo das armas de fogo. A APCAC selecionou cuidadosamente
cada tópico e junto com eles menciona sua importância e relevância.
Você terá um conteúdo de introdução, porém de forma muito
aprofundada sobre cada assunto que se refere a conhecimento
técnico, tático, defesa pessoal, balística e treinamentos relacionados
a este mundo.
Rico em ilustrações, conteúdos comentados, muitos destaques e de
maneira descomplicada, buscou-se oferecer um melhor
entendimento para você leitor e praticante apaixonado por pólvora.
Afim de entregarmos aos nossos associados um conteúdo completo
com intuito de agregar em conhecimento relacionado a arma de
fogo, deixamos a sua disposição este e-book para aprender,
aperfeiçoar e tirar dúvidas sobre este mundo tão complexo que é o
das armas de fogo.
Nossa equipe de Diretores, com formação na área, instrutores de
armamento e tiro reuniram neste ebook um vasto conhecimento
para que pudessemos oferecer e alcançar o maxímo de CAC's,
associados e para todos que possuem, gostam ou tem apreço por
esta paixão.
Por fim, esperamos atingir um único objeto com a disponibilização
deste material, que você possa de alguma forma melhorar seu
contato com armas, manusear com segurança, tendo tranquilidade e
conhecimento ao atuar com seu equipamento.

3
I

CONCEITOS BASICOS

INTRODUCAO

Desde os primórdios, ainda na pré-história, o homem utilizou-se de


instrumentos que marcaram a evolução das civilizações e das culturas.
As armas, desde a sua aparição, têm sido um desses instrumentos que exerceu e
continua exercendo um papel de destaque na história da evolução humana.

4
DEFINICOES

O QUE SÃO ARMAS


De forma geral, é possível entender armas como:

instrumentos, mecanismos, aparelhos ou substâncias especialmente preparados


ou adaptados, para proporcionar vantagem no ataque e na defesa em uma luta,
batalha ou guerra”

“todo objeto concebido e executado com a finalidade específica ou predominante de ser utilizado
pelo homem para o ataque ou para a defesa”
Eraldo Rabello

“todo objeto que pode aumentar a capacidade de ataque ou defesa do homem”


Domingos Tocchetto

“artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas”.

Antigo e revogado Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) art. 3º, IX

PIS T O L A REV M AR ELO TESO URA


ÓLVER T

ARMAS PRÓPRIAS
Destarte, a arma própria é aquela criada para a lesão. O potencial ofensivo é de
sua própria natureza. São tipos de arma própria:
Arma de fogo (revolver e afins); Arma branca (faca de ataque, espada); e
Explosivos (bombas, granadas e afins).

ESPA D A GRA
RIFLE NADA

5
ARMAS IMPRÓPRIAS
São objetos que embora tenham sido criados com finalidades diversas, acabam
dentro das circunstâncias sendo eficazes à práticas delitivas. Temos como
exemplo a faca de cozinha, o estilete, a barra de ferro, os fogos de artifício.

FA A
CA H
DE COZ IN
E S TIL E T E ROJÃ O

PROJÉTIL
Do francês projectile, projétil é qualquer sólido lançado ao espaço pela ação de
uma força, com velocidade e direção determinada, como uma flecha por
exemplo. Outro exemplo prático é se você lançar uma pedra usando um
estilingue, a pedra passa a ser um projétil.

pro·jé·til |èt|
(francês projectile)
1. Corpo esférico ou cônico arremessado pelo impulso de um explosivo.
2. Todo o objeto que se arremessa de qualquer modo para matar ou
ferir.
3. Que pode ser projetado ou arremessado.
4. Que obedece a uma força de projeção.

PROJÉTIL

6
ARMA DE FOGO
Uma arma de fogo é um tipo de arma capaz de disparar um ou mais
projéteis em alta velocidade através de uma ação pneumática
provocada pela expansão de gases resultantes da queima de um
propelente de alta velocidade.

Armas de fogo são exclusivamente aquelas armas de arremesso


complexas que utilizam, para expelir seus projetis, a força expansiva dos
gases resultantes da combustão da pólvora.
Seu funcionamento, em princípio, não depende do vigor, da força física
do homem. As armas de fogo são, na realidade, máquinas térmicas,
fundadas nos princípios da termoquímica e da termodinâmica. É por
este motivo que a maioria delas são projetadas e construídas por
engenheiros mecânicos e metalúrgicos.
São considerados elementos essenciais de uma arma de fogo o aparelho
arremessador ou a arma propriamente dita, a carga de projeção (pólvora)
e o projétil, sendo que estes dois últimos integram, na maioria dos casos,
o cartucho.
A inflamação da carga de projeção dará origem aos gases que,
expandindo-se, produzirão pressão contra a base do projetil, expelindo-o
através do cano e projetando-o no espaço, para ir produzir seus efeitos a
distância.
Para que uma arma de fogo possa ser considerada como tal, deve conter
estes três elementos. Quando existir somente a arma, sem a carga de
projeção e o projetil, estaremos diante de um engenho mecânico, de um
objeto, talvez contundente, mas não de uma arma de fogo, em sentido
estrito.
A legislação brasileira considera arma de fogo a arma propriamente dita.

MOMENTO REFLEXÃO

Quando todas as armas forem de propriedade do governo, este decidirá de quem


são as outras propriedades.
Benjamin Franklin

7
1000 ANOS DE HISTORIA

INSTRODUCAO

A história das armas de fogo é apresentada desde os primórdios nos anos


900s, do lançamento de projéteis imperfeitos pela expansão da queima de
gases oriundos da explosão de propelente, até o início do período
contemporâneo, em 1900. De forma objetiva, listamos o ano/período e seu
respectivo registro histórico.

8
REGISTROS HISTORICOS

ANOS 900S
A lança de fogo é criada na China, por vezes, estilhaços eram
colocados nos barris para que voassem junto com as chamas.

ANO 1132
O De'an Shoucheng Lu, um relato do cerco de De'an, registra que as
forças Song usaram lanças de fogo contraos Jurchens.

ANO 1288
Data da arma de fogo mais antiga existentena atualidade.

ANO 1364
Primeiro registro de uso de arma de fogo "verdadeira", o canhão de
mão.

ANO 1380
As armas de mão são conhecidas em toda a Europa.

ANOS 1400S
Invenção da arma com ignição de mecha ou fecho de mecha.
Primeiro mecanismo desenvolvido para disparo de armas de fogo
por meio de um sistema de gatilho, pois até então eram disparadas
manualmente com a introdução de uma brasa ou pavio em um
orifício na culatra da arma.

ANO 1498
O princípio do raiamento do cano (rifling) é descoberto.
Estriamento é o processo pelo qual
ranhuras helicoidais no cano de uma
arma conferem uma rotação a um
projétil em torno do seu eixo mais
longo. Esse giro serve para estabilizar
o projétil giroscopicamente,
melhorando sua aerodinâmica,
estabilidade e precisão.
9
Trava de roda é um mecanismo
ANO 1509 de roda de fricção que cria uma
Invenção daignição poratrito (wheel-lock) faísca que faz com que uma
arma de fogo dispare.

ANO 1540
Raiamento de canos é efetivamente aplicado em armas de fogo.

ANO 1630
O primeiro real sistema de ignição de atrito-pederneira (flint-lock).

Pistola de pederneira no layout "Queen Anne", feita em


Lausanne por Galliard, por volta de 1760. Em exibição
no museu militar de Morges.

ANO 1637
Primeiro uso de marcação em armas de fogo.
(Símbolo aposto às armas de fogo que permite a identificação e a
individualização das armas de fogo.)

ANOS 1750-1850
Pistolas de duelo entram na moda.
Pistola de duelo foi um tipo de pistola fabricada em pares
iguais para que fossem usadas em um duelo, quando os
duelos eram o costume. As pistolas de duelo geralmente são
de pólvora negra, de tiro único acionadas por pederneira ou
percussão que disparando uma única bala esférica de
chumbo. Elas foram feitas em pares idênticos para colocar os
dois duelistas em pé de igualdade. Nem todos os pares de
pistolas são verdadeiras pistolas de duelo, embora possam ser
chamadas assim.

ANO 1807
Patente do princípio detonação com percussão.

ANO 1825
Pistolas de percussão são de uso comum.

10
Ano 1835
Criado o primeiro revólver Colt
O Colt Paterson foi a primeira arma de fogo comercial, de
repetição, a empregar um cilindro giratório de múltiplas
câmaras que se alinhavam a um único cano fixo.
Colt Paterson "Number 5"

Ano 1840
As armas começam a usar cartuchos de tiro.
Um cartucho é a unidade de
munição das armas de percussão e
de retrocarga.

Ano 1850
Espingardas reais são de uso comum.

Anos 1854-1856
A Guerra da Crimeia, a última guerra a usar apenas armas com
carregamento por antecarga.

Ano 1859
O primeiro cartucho completo de fogo circular.
É chamado de fogo circular,
porque o percussor atinge e
esmaga a borda da base do
cartucho para inflamar a
espoleta.

Ano 1860
Carabina de repetição Spencer é patenteada.
O Rifle Spencer foi o primeiro rifle de repetição
militar de cartucho metálico do mundo. Mais de
200.000 exemplares foram fabricados nos Estados
Unidos pela Spencer Repeating Rifle Co. e pela Burnside Rifle Co. entre 1860 e 1869.

Ano 1861
Armas de fogo com carregamento por retrocarga são de uso
comum.

11
Anos 1861-1865
Guerra Civil Americana. Usaram-se armas com carregamento por
antecarga e retrocarga.

Ano 1862
A metralhadora Gatling é inventada.
A Gatling ou Gatling Gun, é um tipo de metralhadora criado no
século XIX por Richard Jordan Gatling, nos Estados Unidos, durante
sua Guerra Civil. Foi projectada em 1861 e patenteada em 1862.

Ano 1869
Lançamento do cartucho de fogo central.
É chamado de fogo central, porque
a espoleta está localizada no centro
da base do estojo, geralmente
inserida numa cavidade apropriada
(estojo de percussão)

Anos 1870-1871
Guerra Franco-Alemã. As armas com retrocarga são dominantes.

Ano 1873
Lançado o rifle Winchester.
O Model 1873 foi um dos rifles de maior sucesso da Winchester nos
seus dias. Ele foi comercializado usando a frase: "A arma que
conquistou o Oeste". Fabricado entre 1873 e 1923, ele continua sendo
um ícone nos dias atuais.

Ano 1877
Primeiro revólver de ação dupla.

Ano 1879
Carregador Lee Box é patenteado.

Ano 1892
Advento das pistolas automáticas.

Ano 1900
O período histórico das armas de fogo termina. O período
contemporâneo começa.
12
CLASSIFICACAO DAS

ARMAS DE FOGO

As armas são classificadas de acordo com sua forma, emprego e


características técnicas. Dentre inúmeras possíveis formas de classificação,
as armas de fogo podem ser classificadas: quanto ao tamanho;
portabilidade; carregamento; funcionamento; sistema de acionamento;
sistema de ignição; alma do cano; e nomenclatura.

13
CLASSIFICACAO
QUANTO AO TAMANHO

CURTA
Armas curtas são aquelas que podemos operar com uma ou duas mãos,
não necessitando do apoio no ombro.

EX:

PIS T O L A REV
ÓLVER
LONGA
Armas longas são aquelas com dimensões e pesos maiores que as
curtas, subdivididas em portáteis ou não portáteis.
Armas longas, de forma geral, possuem canos longos. Para armas
equivalentes que apresentem diferença exclusivamente no
comprimento dos canos, ambas carregadas com munições standard,
EX:
é usual a percepção de maior precisão, velocidade inicial do projétil e
energia mais elevada nas que possuem canos mais longos.
RIFLE
QUANTO A PORTABILIDADE
PORTE
Arma de fogo de dimensões e peso reduzido, que pode ser portada por
um indivíduo em um coldre e disparado, comodamente, com somente
uma das mãos pelo atirador. O porte de arma pode ser classificado em
porte velado (armamento oculto/dissimulado) ou porte ostensivo
(armamento exposto, como empregado pelas forças de segurança).

Ao escolher uma arma para porte pessoal, atente-se às suas necessidades e características do
equipamento, como: carregador bifilar/unifilar (pistolas), pois pode influenciar em sua
empunhadura com o cabo da arma e a capacidade total de munições; tambor (revólveres) e sua
limitada capacidade de munições; gatilho, pois seu peso (força necessário para acionamento)
influenciará na precisão e cadência de disparos, situação agravada para revólveres frente às usuais
pistolas semiautomáticas; armação (frame) em polímero/aço, pois afetará o peso total do
equipamento e poderá (ou não) ser considerado desconfortável para o porte velado; calibre, que
seja este capaz de cumprir a função; tamanho, pois poderá dificultar ou facilitar o saque rápido do
equipamento; e peso total, quanto menor o peso, maior será o conforto para porte velado,
entretanto, quanto maior o peso (em conjunto com o calibre), menor será o recuo e,
consequentemente, aumentará a precisão e a capacidade de cadenciar seus disparos.

14
PORTÁTIL
são aquelas que não se prestam ao porte, mas podem ser conduzidas
por uma única pessoa. Os fuzis, rifles, carabinas e espingardas se
classificam neste grupo.
“arma cujo peso e cujas dimensões
permitem que seja transportada
por um único homem, mas não
conduzida em um coldre, exigindo,
EX:
em situações normais, ambas as
mãos para a realização eficiente
do disparo”. (art. 3º, inciso XXII,
anexo)

Essas armas permeiam o universo policial, com empregos cada dia mais corriqueiros na prática de
crimes, especificamente os mais violentos, como assaltos a carros-fortes, roubos a bancos, entre
outros exemplos. Por outro lado, o seu emprego nas diversas unidades policiais vem aumentando a
cada dia, sendo extremamente comum a sua presença nas viaturas policiais. Em quase todas as
operações verifica-se a sua utilização pela eficiência e confiança que esse armamento apresenta.
Em função desse crescente uso, você deve mais do que nunca conhecer sobre essas armas de fogo
para melhor estabelecer a dinâmica do fato delituoso e conhecer, entre os vestígios por elas
deixados, os que podem ser encontrados na cena de crime. Além de Policiais, Atiradores Esportivos
e caçadores utilizam desses armamentos, portanto, a importância desse conhecimento.

NÃO PORTÁTIL
São aquelas que não podem ser transportadas por uma única pessoa.
Arma que, devido às suas dimensões e/ou seu peso, não pode ser
transportada por apenas um homem.
"As armas de fogo que, devido às suas
dimensões ou ao seu peso: Precisam ser
transportadas por mais de uma pessoa, EX:
com a utilização de veículos, automotores
ou não; ou sejam fixadas em estruturas
permanentes"; (art. 3º, inciso IX, a,b)
METRALHADORA .50 DE USO EXCLUSIVO
DAS FORÇAS ARMADAS

MOMENTO REFLEXÃO
Bandidos sempre terão armas, porque não respeitam a Lei do Desarmamento. Bandido é bandido
porque não respeita leis assim. Uma lei como a do Desarmamento pune o cidadão de bem, que vai
obedecê-la, com insegurança, enquanto facilita a vida dos criminosos, que vão ignorá-la. Então é
melhor e justo permitir que cidadãos com condições e preparo também possam se armar para garantir
sua própria defesa. É tão lógico que nem sei como a gente ainda tem que ficar explicando isso.

15
FUZIL, RIFLE E CARABINA: QUAL A DIFERENÇA
s
O emprego dos nomes fuzil, rifle e carabina se confundem um pouco.
Por exemplo, uma arma portátil calibre .223Rem pode ser chamada por
fuzil, rifle ou carabina dependendo da versão.
e

O nome “rifle” deriva da palavra da língua inglesa que significa


“espingarda”. Tecnicamente qualquer arma longa raiada pode ser
designada como “rifle”. ri·fle
d

(inglês rifle, espingarda)


[Armamento] Arma de fogo, portátil, composta de um tubo
ou cano metálico longo montado numa coronha, geralmente
de madeira, para apoiar no ombro.
= ESPINGARDA, FUZIL
a

Armas longas raiadas de menor dimensão e de baixa potência são normalmente


chamadas de carabinas.
d

CARABINA .30M1 CARABINA .38


i

As armas longas com maiores calibres e de maiores dimensões costumam ser


chamadas de fuzil.
s

FUZIL MAUSER 7X57MM FUZIL 7,62 M964 A1 - PARAFAL


o

Alguns fuzis podem ser desmontados e montados conservando a regulagem da pontaria para facilitar
o transporte, são chamados de “Take down”. Outros, além de desmontáveis, permitem a utilização de
outros calibres, bastando mudar o cano e, às vezes, a cabeça do ferrolho, são chamados de “combo”.
i

FUZIL DE ASSALTO
O termo "fuzil de assalto" é geralmente atribuído a Adolf Hitler, que, por motivos de propaganda,
utilizou a palavra alemã "Sturmgewehr" (que se traduz como "fuzil de assalto", ou mais literalmente
r

"fuzil de tempestade"), como o nome para a nova arma alemã MP43, subsequentemente conhecida
como Sturmgewehr 44 ou StG 44

Um fuzil de assalto como é conhecido no Brasil, ou espingarda


u

de assalto como conhecido em Portugal, é qualquer rifle de


fogo seletivo que utilize um calibre médio e um carregador
descartável. O primeiro uso destas armas se deu na Segunda
CALIBER 5,56 MM, M16 Guerra Mundial.
c

16
QUANTO AO CARREGAMENTO
RETROCARGA MANUAL
Aquela em que o carregamento é feito pela parte posterior do cano,
com emprego da força muscular do atirador.

EX:

IF O

R
LE L H
DE FERRO

RETROCARGA AUTOMÁTICA
Aquela em que o carregamento é feito pela parte posterior do cano, em
regra por meio do aproveitamento da energia do disparo, dispensando
a intervenção humana. Usualmente retrocarga automática ocorre por
blowback.
O Blowback nada mais é que uma técnica de
EX:
ação operacional em armas de fogo que
dispensa o travamento da culatra. Devido à
expansão dos gases da explosão do cartucho
que se encontra no cano da arma, o ferrolho é
impulsionado para trás e a mola recuperadora
absorve a energia. Estes mecanismos provocam
AK-47 TYPE-3A
o retorno do ferrolho para frente, colocando
assim um novo cartucho na câmara.

RETROCARGA MANUAL X RETROCARGA AUTOMÁTICA


Rifles com retrocarga manual de ação por ferrolho (bolt action), ação por alavanca de
armar (under lever action) ou ação deslizante (pump action), possuem maior precisão
e energia que seus equivalentes com retrocarga automática. Rifles com retrocarga
automática, após cada disparo, utilizam parte da energia da queima e expansão dos
gases para efetuar a ciclagem automática (extração, ejeção e carregamento). Esta
energia empregada na ciclagem deixa de ser utilizada para o lançamento do projétil.
Isto ocorre com maior intensidade em armas com retrocarga automática por
blowback. Armas com retrocarga manual onde câmaras de carregamento estão
integradas ao tambor de municiamento, como ocorre em revólveres, alguns rifles e
espingardas, parte da energia do disparo é perdida na lacuna (gap) localizado entre o
tambor e o cano da arma.

GA
P REV ÓLVER 17
ANTECARGA
Toda arma em que o carregamento é feito pela boca do cano.
O morteiro é uma boca de fogo de carregar pela parte anterior
EX:
do tubo (antecarga), destinada a lançar granadas em tiro curvo
de curto alcance.
Os morteiros são classificados, de acordo com as suas
características, em "ligeiros", "médios" e "pesados".
Morteiros ligeiros: peso inferior a 1 kg, calibre até 60 mm e
alcance máximo de 1900 metros;
Morteiros médios: peso entre 18 kg e 70 kg, calibre entre
60 mm e 100 mm e alcance máximo de 6000 metros;
Morteiros pesados: peso superior a 70 kg, calibre superior a
100 mm e alcance máximo superior a 12000 metros. MORTEIRO

QUANTO AO FUNCIONAMENTO

REPETIÇÃO
Arma em que a cada disparo necessitado emprego de força física do
atirador sobre um componente do mecanismo para concretizar as
operações necessárias para que a arma esteja pronta para o próximo
disparo.

EX:

CARABINA PUMA

SEMIAUTOMÁTICA
Arma que realiza automaticamente todas as operações de
funcionamento, com exceção do disparo, e requer um novo
acionamento do gatilho.
A execução do tiro se dá pela ação do atirador, as operações de
extração, ejeção e realimentação se darão pelo reaproveitamento dos
gases oriundos de cada tiro.

CARABINA CTT .40

18
AUTOMÁTICA
Arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de
funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver
sendo acionado. Armas automáticas funcionam em um ou ambos
modos:
● Modo burst-fire ou burst mode, modo rajada, usualmente de 3
disparos contínuos;
● Modo auto ou full auto, modo automático.
EX:

11
M
TR

M
AL Z I
HADORA U
C U R T A S

Revólveres:
São armas pequenas (algumas nem tanto), de ação manual (o cão, ou martelo, vai para trás e depois
volta, disparando quando se puxa todo o gatilho), municiado através de um tambor.

Pistolas:
Qualquer tipo de arma de disparo simples (ou semi-automática) que pode ser disparada com
A R M A S

precisão apenas com uma das mãos. São semelhantes aos revólveres, mas a ejeção automática de
cápsulas e o armamento automático do cão após cada disparo melhoram o seu desempenho; e a
utilização de pentes melhora sua capacidade.

Submetralhadoras:
Qualquer tipo de arma que pode ser disparada automaticamente ou semi-automaticamente,
D E

utilizando apenas uma das mãos. São bem menores do que as metralhadoras e utilizam a mesma
munição das pistolas, permitindo até mesmo a troca de munição.
R E S U M O

Escopetas:
Espingardas sem coronha (apoio para o ombro), com cabo de pistola e cano curto ou serrado, de
alma lisa (cano não raiado), que dispara balotes e cartuchos. Estas armas são devastadoras em
combate a curta distância, mas perdem consideravelmente sua eficácia à medida que a os alvos se
distanciam.

São armas de cano curto, que podem ser disparadas com apenas uma mão, tem
precisão e alcance limitados. Podem ser ocultadas num bolso ou jaqueta.

19
Fuzis:
L O N G A S

O fuzil é uma arma de cano longo que se tornou o armamento de adotação individual dos
combatentes de infantaria dos exércitos modernos. Pode ser de repetição, automático ou semi-
automático. Dispara balas de fuzil.

Carabinas:
São versões curtas dos fuzis de assalto, pouco maiores do que as submetralhadoras. São mais
portáteis, com o cano reduzido ou formato bullpup e coronhas rebatíveis ou deslizantes. Dispara
balas de fuzil.
A R M A S

Rifles:
Armas com grande precisão e longo alcance que utilizam munição de fuzil. Geralmente são semi-
automáticos ou de ferrolho. Disparam balas de fuzil.

Metralhadoras:
D E

Armas pesadas com altíssima cadência de disparo e recuo, geralmente fixas ou utilizadas com um
tripé. Apesar de utilizar munição pesada como os rifles, fuzis e carabinas, sua munição não é
compatível com aquelas armas, pois é disposta em cintas no alimentador ou carregadores especiais.
R E S U M O

Espingardas:
Armas de cano longo, não raiado, que dispara balotes ou cartuchos. As principais limitações dessa
arma são o curto alcance de seus disparos e a pouca penetração de seus projéteis. É bom lembrar
que esses projéteis, devido ao seu grande tamanho e peso e ao fato de serem disparados em um
cano de alma lisa (sem raias), não possuem muito alcance.

QUANTO AO SISTEMA DE ACIONAMENTO

Ação nas armas de fogo é o tipo de ação mecânica responsável pela ativação do sistema de disparo
e/ou ciclo de municiamento.

AÇÃO SIMPLES
Um gatilho de ação simples, em inglês "single-action" (SA), é o mecanismo
mais antigo e simples de acionamento de uma arma de fogo. É chamado de
"ação simples", porque ele executa apenas a ação de liberar o cão para
disparar o tiro, enquanto a ação de armar o "cão", é executada por um outro
movimento manual anterior.

EX:
PIS

ER
IC
TO

LA EV
FF

A
TA
URUS 191 1O ÓL
VER C OLT
S

A ação simples consiste na metade do movimento. O cão já está na parte mais distante e
somente fará o movimento de aproximação até acionar a espoleta e efetuar a combustão.

20
AÇÃO DUPLA
Um gatilho de ação dupla, em inglês "double-action" (DA), quando é
acionado, também é responsável por fazer o movimento de levantar o
cão e com a continuidade do acionamento o cão é liberado e baterá na
espoleta provocando o disparo do projétil. Assim, na ação dupla o
gatilho exerce duas ações: a primeira de armar o cão e a segunda de
liberação dele.
Na ação dupla é necessário que ocorra o
seguinte movimento: levantar o cão e, na
continuidade do acionamento, fazer o
movimento contrário, pois assim acionará a
EX: espoleta por intermédio do percussor, o
que provocará o disparo do projétil. Dessa
PIS

2
RE

forma, na ação dupla, o cão faz dois


IU

44
TO

LA Ó
V
N

EN LV E movimentos, um de recuo e outro de


L

TA ILL ER O D
URUS M S& W M aproximação da espoleta.

DUPLA AÇÃO
É o sistema mecânico de determinadas armas de fogo que permite que
sejam acionadas em ação simples ou ação dupla. Na primeira opção o
mecanismo de disparo foi engatilhado e no acionamento do gatilho
ocorre apenas o disparo. Na segunda opção, no acionamento do
gatilho ocorre o engatilhamento e a liberação do cão ou sistema de
percussão.

EX:
4
RE

ST
04

Ó
PI

8C

T
V

OL
A TAURUS 83 LV
ER TAURU S R

STRIKER FIRE – AÇÃO HÍBRIDA


Pistolas com ação Striker Fire (ação híbrida) são conhecidas pela
segurança. Em regra, uma pistola Striker Fire municiada, alimentada e
carregada, pronta para o disparo, o seu percutor (ou percussor) não
retém a energia necessária para percutir e deflagar a munição que está
na câmara, mitigando disparos em quedas acidentais.

21
Ação Striker Fire em armas de fogo é um sistema de acionamento para pistolas em que não há um cão – ou
martelo – aparente. Nele, o ato de apertar o gatilho libera o percussor, dispara o projétil, ejeta o estojo
deflagrado e prepara a arma para um novo disparo. Ou seja, só é preciso puxar o ferrolho da arma antes
de dar o primeiro tiro. Esse tipo de arma possui duas travas de segurança: uma no gatilho e outra no
percussor, impedindo que ocorra um tiro acidental.

EX:

IS IS
G3 9

X
P

C
TO TO 1
LA T URUS LA G K G
A LOC

QUANTO AO SISTEMA DE IGNIÇÃO


No passado o grande desafio dos inventores era criar a combustão da pólvora, ou seja,
H I S T Ó R I A

eles precisavam criar um sistema de ignição. Além de disparar o projétil, esse sistema tinha
que garantir a segurança de quem a portava. Os inventores tinham que levar em
consideração os seguintes pontos: Proteção contra água, sujeira e o mais importante a
segurança de manuseio.
O sistema de percussão foi o sucessor da pederneira no desenvolvimento de armas de
fogo, usando uma espoleta de percussão para detonar a carga do propelente em vez do
pedaço de sílex que atingia uma sapata de aço produzindo as fagulhas. Seu uso
predominou em meados do século XIX, como um sistema de disparo de transição entre o
antigo pederneira e os posteriores sistemas de retrocarga por ação de ferrolho ou de
alavanca, que rapidamente o tornaram obsoleto na década de 1870.

Percussor (por vezes chamado de percutor), é o elemento atuador


que efetivamente se choca contra a espoleta no mecanismo de
disparo de uma arma de fogo ou dispositivo de explosão (mina ou
granada). Geralmente tem o formato de um pequeno pino.

PERCUSSÃO DIRETA
Arma cujo sistema de ignição (ou inflamação) ocorre por
percussor/percutor integrado ou montado no próprio cão.
REVO

CÃO
O
LV

R R
E

CO T O
M PERCU

22
PERCUSSÃO INDIRETA
Arma em que o sistema de ignição contém CÃO e percussor em
peças distintas. A ignição da munição é precedida pelo movimento
do cão que se choca com o percussor, projetando-o contra a
espoleta do cartucho. Alguns equipamentos são dotados de barra
de percussão, peça esta que intermedeia o contato do cão e
percussor, promovendo maior segurança contra disparos em
quedas acidentais.

Cão é a designação da peça de uma arma de fogo responsável por


propiciar energia para o impacto contra a espoleta do cartucho, para
acender o propelente e disparar o projétil. Cão também conhecido como
"martelo"


O DA ARMA

PERCUSSÃO LATERAL
Armas antigas e obsoletas que empregavam munições do tipo
Lefaucheux, onde o pino percussor era localizado na lateral do
próprio cartucho.

O cartucho Lefaucheux (também chamado de


cartucho de pino ou cartucho de espiga), é um
tipo de cartucho metálico, já obsoleto, no qual a
espoleta é acionada, batendo num pequeno pino
que sai pela lateral do estojo, logo acima da base.
EF 5
L

AU 1 8
CHEUX M
PERCUSSÃO INTRÍNSECA
São armas preparadas para munições onde a espoleta é parte do
cartucho. Subdividimos estas em: Percussão Intrínseca Central,
para armas que utilizam munições de fogo central; Percussão
Intrínseca Circular ou Radial, para armas que utilizam munições de
fogo circular.

EX:

RE
VO 7 H
LVER R T 3 5

23
As primeiras armas de percussão intrínseca utilizavam os cartuchos idealizados por Lefaucheux (1836), e
eram denominadas de armas de percussão por “pino lateral” (Espoleta) e se tornaram obsoletas. Então
surgiram os cartuchos cuja espoleta era integrada ao corpo do estojo em um anel na sua base. Armas que
utilizam este tipo de cartucho são chamadas de armas de percussão “radial/lateral” (Fogo circular – 1845).
Outro tipo de cartucho desenvolvido e atualmente o mais utilizado é aquele cartucho com a espoleta
localizada externamente ao centro do estojo. O sistema de percussão para esse tipo de cartucho é
chamado “percussão central”(Fogo central).

PERCUSSÃO EXTRÍNSECA
São as armas que possuem a espoleta separada da carga de pólvora
(propelente) e do projétil, pouco utilizadas nos dias atuais.

PISTOLA ASTON MODEL 1842

São exclusivamente as armas portáteis de percussão onde a espoleta era colocada externamente à câmara
em uma pequena saliência, chamada ouvido, sendo a chama transferida à carga de propulsão por
intermédio de um orifício ligado ao ouvido. Muitas armas antigas que utilizavam o sistema de iniciação por
mecha foram na época convertidas por armeiros experientes para utilizarem o sistema de iniciação por
percussão extrínseca. O uso de armas de percussão extrínseca está, atualmente, bastante restrito sendo
utilizadas por saudosistas e adeptos do tiro esportivo.

IGNIÇÃO ELÉTRICA
São armas onde a ignição (elétrica ou eletrônica) opera por um
sistema dotado de interruptor ou gatilho piezo-elétrico

RPG-16 ROCKET-PROPELLED GRENADE

QUANTO A ALMA DO CANO

O cano das armas de fogo é um cilindro de aço perfurado


longitudinalmente. A alma é a parte oca do interior do cano, que vai
desde a culatra (retaguarda da arma) até a boca do cano, destinada
a resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora
e outros explosivos e a orientar o projétil. Se esta parte oca, ao ser
confeccionada, for calibrada e sofrer um polimento, será um cano
de alma lisa.

24
As armas que forem montadas com este tipo de cano serão
classificadas de armas de alma lisa; como, por exemplo, a
espingarda.
Porém, se na referida parte oca forem produzidos sulcos paralelos
e helicoidais, chamados de raias, este cano será chamado de alma
raiada. As armas de fogo que forem desenvolvidas com este tipo de
cano são classificadas como armas de fogo de alma raiada. Como
exemplo, temos os revólveres, as pistolas, as submetralhadoras, as
carabinas, os fuzis e os rifles. Entretanto, existem armas com os
dois tipos de canos.
Elas são chamadas de armas mistas, como, por exemplo, o modelo
Apache da marca Rossi, com dois canos sobrepostos: o superior
raiado e o inferior liso. O número de raias pode variar, dependendo
das características de cada arma; os mais usados são de cinco ou
seis, mas existe cano de quatro a doze raias.
A orientação das raias poderá ser dextrogiras,
isto é, no sentido horário, ou sinistrogiras,
sentido anti-horário. Geralmente a orientação
CA

A
N

D
O A
predominante são as dextrogiras. DE
ALMA RA
I

Para uma maior compreensão, destaca-se que as raias são sulcos


paralelos e helicoidais cuja finalidade é de imprimir aos projéteis um
movimento giratório em torno do eixo de sua trajetória, e sua função é
manter a estabilidade do projétil ao longo do seu percurso.

CALIBRE
Por calibre entende-se o diâmetro interno do cano de uma arma de
fogo, embora possamos empregar esse nome quando nos referimos
a uma determinada “família” de munições. Ao se fabricar o cano de
uma arma raiada, ele é furado, alargado, polido e lapidado até um
diâmetro pré-determinado e específico para cada calibre. Esse
diâmetro, antes que o raiamento seja executado, é chamado de
calibre real ou diâmetro entre os cheios, sendo, portanto, uma
grandeza concreta, pois é sempre uma medida exata e que pode ser
aferida com precisão.

25
CALIBRE REAL
O calibre real é expresso em milímetros ou fração destes nos países
que adotam o sistema métrico, e em fração de polegadas nos que
ainda usam o sistema inglês de pesos e medidas. Durante a
fabricação do cano, também lhe é impresso o raiamento sobre forma
de ranhuras helicoidais de pequena profundidade e que varia com o
calibre, o tipo e o peso do projétil.
A distância entre os fundos opostos do raiamento é chamada de
diâmetro entre os fundos, que corresponde ao diâmetro ou ao
calibre do projétil.
CALIBRE NOMINAL
Equivalendo-se ao diâmetro do projétil, é sempre designativo de um
tipo particular de munição e também do tipo de arma que essa
munição deve ser usada. O calibre nominal de uma munição
corresponde a uma identidade e tem por objetivo sua
individualização em um universo de muitas outras constituídas por
projéteis do mesmo “calibre”, porém com características balísticas e
estojos de características distintas. A distância entre os fundos
opostos do raiamento é chamada de diâmetro entre os fundos, que
corresponde ao diâmetro ou ao calibre do projétil.

CALIBRE REAL E DIÂMETRO DO PROJÉTIL

26
Nas armas de retrocarga de cano liso (espingardas), o calibre nominal é
sempre um número inteiro. Por exemplo, usa-se a nomenclatura calibre
12, e não .12 –, indicativo do diâmetro interno do cano, e equivale ao
número de esferas de chumbo do diâmetro necessárias para completar a
massa de uma libra. Por esse motivo, o calibre diminui à medida que o
número indicativo aumenta. Dessa forma, partiu-se para a seguinte
solução: tomando-se uma perfeita esfera de chumbo, com massa de uma
libra (0,453 Kg.), seu diâmetro seria então o gauge (Ga.) 1, ou seja, o
calibre 1.
Seguindo o mesmo raciocínio, fracionamos aquela esfera de chumbo
(com uma libra de peso) em 12 partes iguais e dessas partes fazemos
esferas idênticas; o diâmetro de cada uma dessas 12 esferas resultantes
será o calibre 12. Assim também fracionando-se a mesma esfera (com
massa de uma libra) em 28 partes, e fazendo com essas partes tornem-se
28 esferas iguais, o diâmetro de cada uma delas nos daria o calibre 28.
O calibre de uma munição de uma arma de cano de alma raiada pode ser
expresso em dois sistemas de medidas: o sistema imperial ou inglês, em
polegadas, e o sistema europeu.

SISTEMA IMPERIAL
Nesse sistema, o calibre nominal é sempre indicado por números
(indicativos de uma dimensão em fração da polegada e, portanto,
sempre precedidos por um ponto), seguido de palavras ou letras
destinadas a sua individualização e é muito utilizado no Brasil, nos
Estados Unidos, na Grã-Bretanha e nos países por esta colonizados.
A nomenclatura utiliza a fração da polegada (1 polegada = 1” =
25,4mm) e é designada por um ponto seguido de números e letras
ou palavras. Por exemplo, .38 Special, .357 Magnum, .45 Auto, .40
S&W, .380 ACP, .32 S&WL etc. Vemos então que, se quisermos
estabelecer uma conversão desses calibres para o sistema métrico,
basta multiplicá-los por 25,4 (uma polegada = 25,4 mm). Exemplos:
calibre .45” (0,45) x 25,4 = 11,43mm; calibre .22” (0,22) x 25,4 =
5,58mm. Portanto a fração da polegada nem sempre indica o exato
diâmetro do projétil que a arma dispara (exemplo: o projétil
disparado pelo revólver .38 SPL tem diâmetro de .357”).

27
Cabe ressaltar que nos EUA o ponto substitui a vírgula e vice-versa,
e eles escrevem, por exemplo, U$ 1,347.32 – um mil, trezentos e
quarenta e sete dólares e trinta e dois centavos –, entretanto, como
exemplo, o calibre 38 tem a sua notação correta como 0.38” (zero
ponto trinta e oito), ou simplesmente .38” (38 centésimos de
polegada). Outro famoso calibre, o 45, conhecido como 0.45”, ou só
.45” (centésimos de polegada). Durante muitas décadas, tornou-se
uma convenção, tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos, não
se pronunciar o “ponto” que antecede o calibre.
SISTEMA EUROPEU - (MÉTRICO DECIMAL)
Os calibres são usualmente designados por dois números, em
milímetros, seguidos ou não por letras ou palavras. Na nomenclatura
europeia, o primeiro número está vinculado ao diâmetro (do projétil
ou entre as raias do cano) e o segundo é indicativo do comprimento
do estojo da munição que dispara. Exemplos: 9 x 19mm (9mm
Luger), 7,62 x 51mm, 5,56 x 45mm etc. Nesse sistema, o segundo
número é frequentemente dispensado (substituído por letras ou
palavras) no caso de calibres muito conhecidos como o 9mm Luger
ou 9mm Parabellum (9x19mm), o 9mm Curto (9 x 17mm ou .380
Auto) ou o 7,65mm Browning. Isso não quer dizer que na Europa
não se utiliza também a nomenclatura em polegadas, pois o que
acaba acontecendo é que, nos casos dos calibres mais populares,
tanto lá como nas Américas, utilizam duas ou mais nomenclaturas.
Isso pode ser percebido no calibre 7,65mm Browning, popular em
pistolas semiautomáticas, também chamado de .32 AUTO. O irmão
menor, o 6,35mm Browning, é chamado de .25 AUTO. O calibre
.380, por exemplo, acabou se popularizando aqui na sua
nomenclatura em polegadas, mas na Europa é mais conhecido como
9mm (Kurz, Curto, Corto ou Short) para não ser confundido com o
9mm Parabellum.5,58mm. Portanto a fração da polegada nem
sempre indica o exato diâmetro do projétil que a arma dispara
(exemplo: o projétil disparado pelo revólver .38 SPL tem diâmetro
de .357”).

28
Percebe-se que ocorre uma relativa dificuldade no emprego de
medidas em unidades inglesas, já que foram norte-americanos os
inventores do revólver (Samuel Colt, por volta de 1850) e da pistola
semiautomática (John Moses Browning, em 1900).

É importante fixar alguns conceitos:


1” = uma polegada (unidade de comprimento) = 2,54 cm = 25,4 mm
1’ = um pé (comprimento) = 12” = 12 polegadas = 12 x 2,54 = 30,48 cm
1 Lb = uma libra (unidade de massa) = 453,6 g = 7.000 grains
1 g = 15,43 grains

Machado (2010, p. 42) aborda sobre a Similitude entre os calibres


explicando que os calibres .380 ACP, 9 mmP (9 x 19mm, 9mm Luger
ou 9mm Parabellum), .38Auto, .380 super, .357 SIG, .38 S&W, .38
SPL, .38 SPL +P, são todos semelhantes quanto ao diâmetro do
projétil, que gira entre .355 e .357 (centésimos de polegada),
diferindo quanto ao volume de propelente, peso e tipo de projétil,
forma e dimensão do estojo e numérica e nominalmente pela arma.
Nos Estados Unidos, Grã Bretanha e ex-colônias ou colônias, não é
comum a utilização decimal, por isso a dicotomia nominal. Cabe
ressaltar que existem várias denominações para um mesmo calibre,
como, por exemplo, 9 mm curto, ou 9 x 17 mm, que são outros
nomes para o .380 ACP.

Outra informação importante em relação ao assunto diz respeito ao


diâmetro do projétil, ele é sempre maior que o calibre real. E é essa
diferença que permite que o projétil seja forçado contra os cheios do
raiamento nele se fixando e, ao ser obrigado a acompanhar a hélice do
raiamento, adquire a rotação necessária para sua estabilização na
trajetória.

29
municao

definicão

O cartucho de munição é um conjunto de componentes. Estes


componentes são responsáveis por lançar o projétil, que faz parte do
cartucho de munição, até o alvo. Foi patenteado em 1836, por Leafaucheux,
e foi criado por ocasião do desenvolvimento das armas de retrocarga.
O aparecimento e a evolução da munição com estojo metálico trouxeram
maior dinamismo e potencialidade às armas de fogo. Após 1895, as
munições passaram a ser montadas com as modernas pólvoras sem
fumaça, evoluindo constantemente até os moderníssimos cartuchos atuais.

30
municao

Hoje podemos dividir os cartuchos em dois grupos: cartuchos das


armas raiadas, de percussão central (fogo central) e de percussão
radial (fogo circular), e cartuchos para armas de alma lisa, de
percussão central.
O cartucho metálico de munição reúne, em si só, todos os
elementos necessários ao tiro e é composto basicamente por quatro
componentes: estojo, espoleta, pólvora e projétil (ou conjunto de
bucha e bagos de chumbo, nos cartuchos de caça).

(1) ESPOLETA (2) PÓLVORA (3) ESTOJO (4) PROJÉTIL

Espoleta com mistura iniciadora

Pólvora de base nitrocelulósica simples, dupla ou tripla

Estojo constituído de latão (liga de cobre e zinco)

Projétil, podendo ser em liga de chumbo ou encamisado

A munição funciona da seguinte maneira:


Ao acionar o gatilho da arma o percussor esmaga violentamente a mistura
iniciadora que a espoleta (1) contém. Esta, ao ser deflagrada, produz chamas de
alto poder calorífico que passam por orifícios existentes no fundo do alojamento
da espoleta e dão início à combustão dos grãos de pólvora (2). A pólvora em
combustão produz, em curtíssimo espaço de tempo (milésimos de segundo), um
volume de gases muito superior àquele ocupado anteriormente, quando ainda em
estado sólido. Como o cartucho está confinado na câmara da arma através do seu
estojo (3), a única saída livre é o cano da arma, então a pressão desenvolvida pelos
gases acaba empurrando violentamente o projétil (4) através do cano da arma.

31
ESPOLETA
É um pequeno recipiente metálico, em forma de cápsula, que contém a mistura
iniciadora (carga de inflamação) montada no alojamento localizado no culote do
estojo. A mistura iniciadora é um composto que queima com facilidade, bastando
que se amasse a espoleta contra a bigorna, causado pelo impacto do percussor. A
queima dessa mistura gera calor, propelindo a pólvora.
As espoletas podem ser do tipo Boxer, Berdan (em desuso) e Bateria. O modelo
Boxer é o mais usado atualmente e tais espoletas são compostas por uma cápsula
metálica de espoletamento, que contém a mistura iniciadora, e pela bigorna,
constituída por um disco em forma de cone, que se apoia no fundo do seu
alojamento, no culote do estojo, onde há uma perfuração (evento central) para
permitir a passagem da chama da mistura iniciadora. A espoleta modelo Bateria é
totalmente independente do estojo e é usada exclusivamente em cartuchos para
caça de papelão ou plástico, destinados a espingardas. As espoletas fabricadas
pela CBC são na cor dourada e possuem um “V” estampado que permite a
identificação da munição original da fábrica.

MISTURA INICIADORA
Essa mistura (carga de inflamação) constitui o mais importante e sensível componente do cartucho e ainda
é o que demanda uma tecnologia mais sofisticada. A mistura iniciadora constitui um alto explosivo, muito
sensível ao choque, fricção, calor, faísca, chama e eletricidade estática. As primeiras espoletas empregavam
uma base de fulminato de mercúrio e, logo depois, clorato de potássio. Entretanto ambos produziam
resíduos altamente corrosivos e foram substituídos. A CBC usa, atualmente, misturas iniciadoras explosivas
à base de estifinato de chumbo, nitrato de bário, trissulfeto de antimônio, tetrazeno e alumínio atomizado.
A proporção da mistura varia de acordo com o tipo específico de munição. A queima total desta mistura se
dá em uma fração de tempo muito pequena e, durante esse tempo, são gerados gases de alta temperatura
e pressão, cuja energia térmica desenvolvida é suficiente para iniciar uniformemente a queima da pólvora.

TIPOS COMUNS DE ESPOLETAS


BATERIA BERDAN B O X E R

muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se


utiliza apenas um evento central, facilitando o
desespoletamento do estojo, na recarga;

utilizada principalmente em armas de uso militar, a bigorna é


um pequeno ressalto no centro da base do estojo estando a
sua volta dois ou mais eventos

utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na


espoleta de forma a ser impossível cair, facilitando o processo
de recarga do estojo.

32
TAMANHO E DESTINAÇÃO DE USO (ESPOLETA BOXER)

Small Pistol: para calibres convencionais de armas curtas. Em pistolas, estende-


se dos calibres .25 Auto ao .40 S&W.

Small Pistol Magnum: para calibre .357 Magnum com cargas máximas.

Large Pistol: para calibres convencionais de arma curtas, tais como .45 Auto,
.45 AR, .44 Magnum e outros.
Large Pistol Magnum: é produzida por poucas fábricas, os fabricantes
recomendam para calibres Magnum de revólver .41 e .44 Magnum.

PÓLVORA OU PROPELENTE
Os atuais cartuchos de munição utilizam apenas as pólvoras
químicas (sem fumaça) ou nitrocelulósicas, criadas em 1885, para
substituir as pólvoras negras até então empregadas nos primeiros
cartuchos e que geravam muita fumaça em sua reação.
A pólvora (carga de projeção) é um combustível sólido granular, com
diversos formatos de grãos, podendo inflamar-se rapidamente,
gerando grande volume de gases sem precisar de oxigênio do
exterior. Podem se dividir em: Pólvora de base simples, Pólvora de
base dupla e Pólvora de base tripla. A primeira é fabricada apenas à
base de nitrocelulose e gera menos calor na queima, aumentando a
durabilidade da arma; já a pólvora de base dupla é fabricada à base
de nitrocelulose e nitroglicerina, tendo, assim, maior conteúdo
energético. A terceira e mais moderna recebe, além dos dois
componentes, a nitroguanina.

Segundo a história, a pólvora foi inventada pelos chineses no século IX


H I S T Ó R I A

quando buscavam o elixir da imortalidade. Irônico, não? Ela é composta, em


volume, de três partes de carvão vegetal, 15 partes de salitre e 2 partes de
enxofre, triturados e misturados. Esta fórmula básica é a chamada pólvora
negra, que queima de média para baixa velocidade, produzindo um enorme
volume de gases quentes na forma de fumaça branca. Sabendo como
funciona a mente humana, não demorou muito para alguém depositar um
pouco de pólvora em um recipiente fechado, colocando depois fogo e
obtendo uma bela explosão.

33
ESTOJO
O estojo é o componente externo de maior dimensão nos cartuchos
e trata-se de um componente indispensável nas armas modernas,
pois assegura que todos os elementos essenciais para o disparo
permaneçam juntos, protege a carga de projeção e dilata-se por
ocasião do disparo, evitando que os gases escapem pela culatra.
Atualmente a maioria dos estojos é construída com metais não
ferrosos (como o latão – liga de cobre e zinco); entretanto também
existem os que são fabricados em cobre e em alumínio ou de
plástico e papelão (para espingardas). Os de alumínio não são
reaproveitáveis e muitas vezes os estojos de latão recebem, quando
prontos, um banho de níquel. Quanto à forma do corpo, podem ser:
cilíndrico, cônico e garrafa. Quanto aos tipos de base: com aro, com
semiaro, sem aro, rebatido e cinturado. Quanto ao tipo de iniciação,
são divididos em fogo circular e fogo central.

PARA FINS DIDÁTICOS, O ESTOJO SERÁ CLASSIFICADO NOS SEGUINTES TIPOS:

QUANTO À FORMA DO CORPO:

Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por


toda sua extensão;
Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é
pouco comum; e
Garrafa: o estojo tem um estrangulamento
(gargalo).

Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá
uma pequena conicidade para facilitar o processo de extração. Os estojos tipo garrafa
foram criados com o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem ser
excessivamente longo ou ter um diâmetro grande. Esta forma é comumente
encontrada em cartuchos de fuzis, que geram grande quantidade de energia e, muitas
vezes, têm projéteis de pequeno calibre.

34
QUANTO AOS TIPOS DE BASE:
Com aro: com ressalto na
base (aro ou gola);
Com semi - aro: com ressalto
de pequenas proporções e
uma ranhura(virola);
Sem aro: tem apenas a virola; Rebatido: A base tem diâmetro menor que o
corpo do estojo.
A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua forma
determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além de
possibilitar a ação do extrator sobre o estojo.

QUANTO AO TIPO DE INICIAÇÃO:


CENTRAL CURCULAR

A mistura detonante é colocada no interior do estojo,


dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo
percursor;

A mistura detonante está disposta em uma espoleta,


fixada no centro da base do estojo.

FOGO CIRCULAR FOGO CENTRAL

A maioria absoluta dos fabricantes no mundo adota como referência a norma SAAMI. Entretanto,
ainda existe uma segunda normatização específica para apenas quatro calibres, com alguns
parâmetros diferentes daqueles adotados pela norma SAAMI. Trata-se da norma NATO (North
Atlantic Treaty Organization), que estabelece parâmetros específicos para as munições de emprego
militar dos países componentes da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte, no nome em
português). As munições mostram os calibres para os quais essa norma estabelece parâmetros
específicos: 5.56×45mm NATO; 7.62×51mm NATO; 9×19mm NATO; 12.7×99mm NATO. Esses
são os calibres oficiais de dotação dos países componentes da OTAN. Tal padronização destina-se a
facilitar a logística de combate e intercâmbio de armas e munições entre os países membros. Outros
países, mesmo não sendo membros da OTAN, como é o caso do Brasil, adotam padronizações
semelhantes, pela disponibilidade de fabricantes e maior facilidade de formar coalizões com esses
países em caso de guerra.

35
PROJÉTIL
O projétil é o principal componente da munição, pois é a parte de cartucho
que será lançada através do cano e o resultado final a ser obtido dependerá
de seu desenho e desempenho. O projétil pode ser dividido em três partes:
Ponta, Base e Corpo. Ponta é a parte superior do projétil, fica quase sempre
exposta e fora do estojo. Base é a parte inferior do projétil que fica presa no
estojo e está sujeita à ação dos gases resultantes da queima da pólvora;
Corpo é a parte cilíndrica, que geralmente contém canaletas destinadas a
aumentar a fixação do projétil ao estojo. Os projéteis geralmente são
divididos em três grandes grupos: os de liga de chumbo, os encamisados e
os de cobre (99,95% de Cu).

O PROJÉTIL PODE SER DIVIDIDO EM TRÊS PARTES:


PARTE DO PROJÉTIL

Ponta: parte superior do projétil fica quase sempre exposta, fora do


estojo;
Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber
graxa ou para aumentar a fixação do projétil ao estojo.
Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo
e está sujeita à ação dos gases resultantes da queima da pólvora.

PROJÉTEIS DE LIGA DE CHUMBO:


São projéteis construídos exclusivamente com ligas de chumbo e podem ser
encontrados em diversos tipos e destinados aos mais diversos usos, são classificados
de acordo com o tipo de ponta e o tipo de base. Esses projéteis necessitam,
obrigatoriamente, de algum
tipo de lubrificação para que deslizem pelo cano da arma sem causar o chumbamento
(aderência de chumbo do projétil às paredes do cano). A base desses projéteis pode
ser côncava ou plana e existem aqueles que têm sua base protegida por um pequeno
copo de cobre chamado de “gas check”, cuja função é proteger a base do chumbo
contra a alta
temperatura da queima do propelente e, assim, permitir algum aumento de
velocidade. No corpo cilíndrico do projétil, existe uma ou mais ranhuras, que são
sulcos ou anéis serrilhados, nos quais é colocado um lubrificante sólido, em geral cera
de abelha ou cera de carnaúba, que atuará como lubrificante do cano, evitando o
chumbamento. Os projéteis encamisados não necessitam do lubrificante, pois a
camisa de cobre ou latão exerce a função de lubrificar. As partes laterais do sulco
serrilhado são denominadas anéis de forçamento, pois são salientes e de diâmetro
levemente superior ao calibre real da arma.
Entre o corpo cilíndrico e a ogiva, encontra-se o anel de vedação que tem por
finalidade assegurar a posição correta do projétil no estojo.
A ponta do projétil pode ser intitulada de ogiva, pois é a porção que não fica
engastada no estojo, e a forma mais comum é a ogival, motivo pelo qual se costuma
denominar essa parte de ogiva.
36
Geralmente um projétil de liga de chumbo pode ser classificado quanto à forma da
ponta em: Ogival (OG) – é de uso geral e a mais tradicional dos desenhos existentes
para armas curtas. Sua eficiência para emprego defensivo é baixa devido a sua pouca
capacidade de transferência de energia; Ogival Ponta Plana (OGPP) – também é de
uso geral, tanto defensivo como esportivo. É muito comum no tiro prático (IPSC) por
provocar menor número de “engasgos” com a pistola; Ponta Oca (PO) – é capaz de
aumentar seu diâmetro ao atingir um alvo humano, produzindo maior destruição nos
tecidos, por isso é considerada, junto com a OGPP, uma das melhores opções para
munição defensiva; Cone Truncado (CT) – é muito comum no tiro prático (IPSC) por
provocar menor número de “engasgos” com a pistola; Canto Vivo (CV) – é de uso
exclusivo para tiro ao alvo, pois tem carga reduzida, perfura o papel de forma mais
nítida e torna-se bastante preciso em razão de sua grande área de contato lateral com
o cano; Semicantovivo (SCV) possui multiplicidade de uso e boa precisão com relativa
transferência de energia.

TIPOS DE PONTAS DE CHUMBO


À esquerda temos, em produção atual da CBC, os
mais comuns formatos de pontas de chumbo
para uso em revólveres. O projétil “wad-cutter“,
chamado aqui no Brasil de “canto-vivo” é
utilizado principalmente em tiro de precisão, pois
esse projétil executa uma perfuração do alvo
mais eficiente, como fosse um vazador,
permitindo a melhor visualização dos impactos.
O cartucho que usa esse tipo de ponta utiliza uma carga de pólvora reduzida. O
formato do projétil lhe confere uma trajetória mais precisa, principalmente porque
o engazamento dele com as raias do cano se dá em toda a sua extensão.

PROJÉTEIS ENCAMISADOS:
São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa
chamada camisa ou jaqueta, por isso são chamados também de jaquetados. A
camisa pode ser constituída de ligas metálicas, tais como: cobre e zinco (latão);
cobre e níquel; cobre, níquel e zinco; cobre, zinco e estanho e aço (liga ferro-
carbono). O núcleo é constituído geralmente de chumbo, podendo ser de liga de
chumbo ou de outros metais mais duros, inclusive o aço, conferindo o peso
necessário e um bom desempenho balístico. Os projéteis sólidos (encamisados)
podem ter a sua capa externa fechada na ponta (ogiva), recobrindo todo o corpo
do projétil, e aberta na base; se a camisa for aberta na ponta e fechada na base,
são denominados projéteis expansivos (semiencamisados). Portanto serão
totalmente encamisados se a camisa recobrir todo o corpo do projétil, e
semiencamisados se a camisa recobrir parcialmente o corpo do projétil, deixando
sua parte posterior exposta.

37
Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal e competições
esportivas, pois se destacam pela maior capacidade de penetração e alcance. Os
projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal e à caça, pois ao atingir o alvo é
capaz de aumentar o seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. O corpo
humano é constituído de 80% líquido – e líquido não é compressível – por isso,
esses projéteis expansivos (semiencamisados) causam grande traumatismo em
seres humanos. Mesmo não atingindo um órgão vital, o choque hidráulico pode
causar a morte do indivíduo por parada cardíaca, colapso total do pulmão ou de
outro órgão vital. Esses projéteis podem ainda ter a ogiva com a forma ogival,
ponta plana (jacketed soft point) ou ponta oca (jacket hollow point).

Os encamizados são como cápsulas ocas feitas de latão e preenchidas com


chumbo para lhes dar peso; são os projéteis com maior capacidade de perfuração
e de transfixação, pois provocam menor dano interno no corpo humano.

À esquerda vemos alguns projéteis de produção da


CBC, para uso em revólveres, notadamente em
calibres .38 Special, .357 Magnum e .44 Magnum. As
pontas, por sua vez, podem ser planas e maciças, ou
podem ser ocas, o que facilita ainda mais a sua
deformação.

Os semi-encamizados possuem a sua ponta em chumbo e o restante do corpo


cobertos com latão, de forma que o chumbo, em sua deformação natural, acaba
por rasgar a camisa de latão do corpo do projétil, causando assim maiores
lascerações; são projéteis destinados à atividade da caça.
Para pistolas semi-automáticas, apesar de que as pontas de chumbo podem ser
utilizadas nelas com algumas restrições, o padrão é o uso de pontas jaquetadas,
ou encamizadas em sua totalidade.

38
Como nessas armas a munição necessita de movimentação dentro da arma, pois
durante a alimentação são extraídas do carregador e impulsionadas para dentro
do cano com muita velocidade, as pontas jaquetadas oferecem menos riscos de
engasgues bem como na formação de crostas de chumbo internamente, na região
da entrada da câmara.
Há ainda as opção de pontas encamizadas expansivas, com maior poder de
deformação, como as dotadas de rebaixos sem deixar o chumbo aparente, como
mostra a figura ao lado.
Normalmente esses tipos de projéteis, que vemos aqui tanto para cartuchos de
pistolas como também para revólver, são empregadas nos cartuchos da série +P
ou +P+, uma categoria de munição com carga mais poderosa, com maior
velocidade do que os cartuchos equivalentes comuns. Além dessas opções para
uso em pistolas, a CBC fornece os tipos de pontas que vemos abaixo, para várias
finalidades específicas:

Os dois primeiros, em chumbo maciço, são utilizados para fins de treinamento


policial, com o intuito de baixar custos e de preservar o mais possível o raiamento
das armas da corporação. O terceiro é um projétil destinado aos praticantes do
IPSC (Tiro Pratico), modalidade que atiradores chegam a disparar centenas de
tiros em uma só prova; este projétil alia a maciez do chumbo, para preservar
raiamento, com a ponta semi canto vivo, que recorta o alvo de forma mais precisa.
Os projéteis denominados de frangíveis são utilizados por forças policiais e
militares, sendo que sua principal característica é reduzir os efeitos dos
ricochetes. Cada vez mais, a segurança pública exige produtos
desenvolvidos com fins específicos e que atendam às
necessidades e características próprias; para aumentar e
melhorar o desempenho das munições destinadas ao uso
policial, a munição tipo Copper Bullet, da CBC, utiliza
projéteis especiais que são fabricados em cobre puro e com
ponta oca, com dimensões e formato especialmente
projetados.

39
Essas pontas possibilitam o melhor mesmo em disparos indiretos; peso do projétil,
velocidade e energia resultante foram determinadas para garantir o melhor
resultado. Essas munições atendem as rígidas especificações do F.B.I.

Para finalizar, temos os projéteis destinados às armas longas raiadas, que


podemos separá-los em duas categorias distintas:

a) baixa e média potência: armas longas que utilizam munição de fogo circular
(.22LR) e as carabinas e rifles que utilizam munição originalmente desenvolvida
para os revólveres, como as carabinas Puma em calibre .38SPL e em .44-40W,
bem como as de uso restrito, que utilizam os cartuchos .357 Magnum e .44
Magnum.

b) alta potência: aqui se encaixam carabinas e rifles, bem como os fuzis militares
que utilizam munição de alta velocidade. No Brasil, a CBC fornece cartuchos nos
calibres .22-250 Remington, .30M1, 5,56mm (.223 Remington) e .308 Winchester
(7,62mm X 51).

Acima um quadro de projéteis do calibre 5,56mm X45, com diversas utilizações:


(1) ponta para alvos não blindados, (2 e 3) munição traçante, (4) pontas para alvos
blindados, (5) ponta de chumbo encamizada para caça e (6) projétil frangível.
(Fonte: CBC)

Neste quadro temos as pontas destinadas aos cartuchos .308 Winchester e


7,62mm X 51 com suas respectivas características de utilização, sendo as 5
primeiras para uso militar e as 6 e 7 para caça e tiro esportivo, respectivamente. O
projétil ETPT Match é o utilizado para tiros de precisão em competições oficiais.
(Fonte: CBC).

40
CARTUCHOS PARA ARMAS COM CANO DE ALMA LISA
A mistura iniciadora está contida na espoleta. A espoleta está localizada na
base do estojo da munição. O cartucho possui, no interior do estojo, o tipo e
carga exata de propelente (pólvora) necessário para atender as especificações
técnicas de seu modelo e calibre nominal; este ainda possui uma bucha que
separa o propelente dos balins ou balote (slug). Embora exista diversos
materiais adequados adotados pela indústria, é comum encontrarmos
munições com estojos, de diversos fabricantes e para diversas finalidades,
produzidos em polímero com base em latão. O agrupamento e alcance efetivo
máximo destas munições está atrelado às especificações do cartucho,
comprimento do cano e ao modelo de choque (choke), um estrangulamento
próximo a boca do cano, disponível para algumas espingardas.

COMPARATIVO ENTRE CARTUCHOS PARA ARMAS COM CANO DE ALMA LISA


Abaixo, segue comparativo visual entre diversos cartuchos, todas imagens
estão em mesma escala e proporção. Vale destacar que o calibre nominal .410
(calibre real de 0.410”) é também conhecido como 36_GA. A designação deste
como 36_GA não respeita a nomenclatura padrão para calibres padrão gauge;
foi um erro adotado e propagado por diversos fabricantes de armas e
munições. Aplicando o padrão gauge para o calibre real 0.410”, obtemos o
equivalente a aproximados 68_GA.

.410 ou 36 GA 28 GA 20 GA 16 GA 12 GA 10 GA

41
VIDA ÚTIL DO CARTUCHO
É imprescindível que, ao portar uma arma, o indivíduo tenha a certeza de que seus
cartuchos estão em perfeitas condições de uso. Há quem coloque em risco a própria
vida e a vida de outrem por desconhecer o tempo que um cartucho permanece
apropriado para uso. A pólvora e a mistura iniciadora são os dois elementos passíveis
de decomposição, podendo desagregar, independente um do outro. Entretanto, se
um dos elementos não estiver em perfeitas condições, o cartucho como um todo já
apresentará significativa falha de funcionamento. Segundo o especialista, os
estabilizadores da pólvora vão sendo consumidos com o passar do tempo.
Estabilizadores são produtos com a função de retardar a decomposição da
nitrocelulose ou nitroglicerina existente na constituição da pólvora. Quando os
estabilizadores estiverem totalmente consumidos, a pólvora entra rapidamente em
processo de
decomposição.
A vida útil de qualquer cartucho de munição dependerá de fatores internos do
próprio cartucho – tipo de pólvora, tipo de mistura iniciadora, sistema de fechamento
e vedação do cartucho – e dos fatores externos, que são os ambientais, tais como
calor e umidade. Por isso, deve-se levar em conta o local de armazenamento, a marca
do cartucho e o processo de fabricação para podermos avaliar a sua resistência e
durabilidade através do tempo. Instituições policiais norte-americanas recomendam a
substituição dos cartuchos a cada seis meses, no entanto há países que o fazem
trimestralmente ou, ainda, países que fazem mensalmente.
Cabe salientar que os produtos usados no tratamento do couro são bastante
corrosivos e atacam o latão do estojo de cartuchos, se estes forem guardados em
cartucheiras e cinturões de couro. Sendo assim, deverão ser inspecionados
visualmente, pelo menos uma vez por semana, para verificação geral do seu estado.
A Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) informa que a vida útil dos seus
cartuchos armazenados em embalagem original é em torno de dez anos, mas somente
se forem estocados em condições adequadas, ou seja, em local ventilado, protegidos
dos raios solares e com a temperatura ambiente entre 20º e 25ºC, pois após os dez
anos inicia-se um processo lento de decomposição da pólvora.
Recomenda-se tentar aumentar a vida útil dos cartuchos. Inicialmente, um dos
cuidados necessários pode ser o local em que os cartuchos serão guardados, ou seja,
um local apropriado, sem a incidência de raios solares e com umidade não muito alta.
A prateleira de um guarda-roupa com boa ventilação, por exemplo, pode ser um bom
local. Os cartuchos devem ser retirados e colocados soltos na prateleira. Convém
evitar guardar a munição em ambientes com atmosfera corrosiva.

Os Produtos para Absorver Umidade previnem e solucionam os problemas provocados pelo


excesso de umidade, como mau cheiro, mofo, manchas nas paredes e corrosão. O produto
absorve o excesso de umidade do ambiente até o percentual recomendado (entre 50 e 60%). É
ideal para gavetas e também para o maleiro do armário. Como a umidade fica depositada na
parte inferior do recipiente, é importante ficar de olho para trocar o produto de tempos em
tempos e garantir a sua eficácia.

42
PARTES DAS ARMAS
DE FOGO

O estudo das especificações dos mecanismos de funcionamento e


operação das armas de fogo é compreendido na ciência da balística interna.
Destacamos neste estudo as partes que constituem as armas de fogo,
como: revólver; pistola; espingarda simples (tiro unitário); espingarda ação
deslizante (pump action); espingarda 2 canos (tiro unitário duplo); carabina
de repetição por alavanca (under lever action); carabina semiautomática; e
rifle de repetição por ferrolho (bolt action).

43
PISTOLA REVÓLVER armas curtas

44
armas longas alma lisa

ESPINGARDA SIMPLES (TIRO UNITÁRIO)

ESPINGARDA AÇÃO DESLIZANTE (PUMP ACTION)

ESPINGARDA AÇÃO DESLIZANTE (PUMP ACTION)

45
armas longas alma raiada

CARABINA DE REPETIÇÃO POR ALAVANCA (UNDER LEVER ACTION)

CARABINA (RIFLE) SEMIAUTOMÁTICA

RIFLE DE REPETIÇÃO POR FERROLHO (BOLT ACTION)

46
pistolas
semiautomaticas

Quando houver necessidade de usar uma arma, que o uso se faça com base
nas técnicas e na doutrina. Doutrina em que não há espaço para erros,
falhas ou imperfeições. Contudo para que na doutrina haja eficiência,
primeiramente precisamos conhecer e manusear muito bem nosso
material.

47
pistolas

Desde que o homem desenvolveu as primeiras armas de fogo, ele


deu início a uma busca: a busca da arma ideal, uma arma que
pudesse ser facilmente portada e que desse muitos disparos (tiros)
sem a necessidade de ser recarregada repetidamente. Desta busca
nasceram os dois tipos principais, hoje ainda existentes, de armas
curtas: o revólver e a pistola semiautomática. Os revólveres
sobrevivem até hoje devido à excelente qualidade e robustez, ou
seja, aptas para o uso diário e extremamente confiáveis.
A pistola semiautomática integra a classe de arma curta e portátil,
que será tratada com maiores detalhes nesta 1ª edição e
aprofundado na próxima. Caracteriza-se como uma arma curta e
portátil, pois pode ser portada e utilizada por um só homem, e ainda
teve sua origem nas armas longas e coletivas. Apesar de, até certo
ponto na história das armas de fogo, as armas curtas serem apenas
uma “miniaturização” das armas longas, ou seja, possuírem ambas os
mesmos elementos como cano, fechos e outros semelhantes, houve
um momento em que as armas longas e curtas seguiram caminhos
diferentes, cada qual com sua evolução própria, em virtude de suas
finalidades distintas.
A primeira pistola que surgiu no universo das armas foi criada no século XIX, por volta de 1883,
pelas mãos de Harim Maxim. Essa arma, na verdade, era uma metralhadora com recursos ainda
amadores: usava a ação dos gases no momento do disparo para recomeçar a ação e colocar
H I S T Ó R I A

outro cartucho na câmara. No final do século, em 1893, o americano Hugo Borchardt desenhou
uma pistola automática que alcançaria fama mundial, apesar de não ser comercializada em
grande escala. Nesse mesmo período, foi proposta por Andrés Schwarzlose uma pistola
automática, mas seu sistema se adaptou às metralhadoras que seriam usadas na 1ª Guerra
Mundial. A arma de Borchardt era estranha, imprópria, pesada e tinha um carregador separado,
com capacidade para oito cartuchos 7,65 mm. Também em 1893, o alemão Teodoro Bergman
patenteou seu primeiro modelo de pistola semiautomática.
A pistola alemã Mauser surgiria mais tarde como a evolução da pistola 7,65 de Borchardt, e sua
mecânica serviria como modelo de funcionamento até para os padrões das armas atuais. Com o
passar dos anos, esse tipo de arma não parou de evoluir, tanto que John Browing desenhou
uma excelente pistola, em 1889, que seria amplamente usada nos conflitos da 1ª Guerra
Mundial, juntamente com a P-08 (Parabelllum 1908), arma criada pelo alemão George Luger, e
considerada uma grande descoberta para os padrões das pistolas, pois tinha um desenho
agressivo e mecanismo único.

48
O surgimento das armas semiautomáticas só foi possível com a
criação dos cartuchos metálicos de fogo central e com o avanço de
novas pólvoras e munições, conforme vimos anteriormente. Com
esse portfólio de descobertas, foi possível criar uma arma de
repetição que, utilizando as forças dos gases produzidos na
detonação do cartucho, realizaria automaticamente as operações de
extração do estojo deflagrado, ejeção deste para fora da arma,
alimentação da câmara com o novo cartucho de munição e o
engatilhamento do mecanismo de disparo. Tudo isso apenas ao
apertar o gatilho, mas antes a arma deveria ser carregada pela força
muscular do homem, fazendo com que todo o dispositivo estivesse
pronto para que ocorresse a ação citada.
MODELOS DE PISTOLA:
PIS

C A L.9 M M
T
OLA CE

PIST

TE
0C

PIS
SK

M
YO
O

A
-1

ZB
M
P
TO

O LA 9
A

RO CZ GL C
JOVKA O CK G19 X TAU 3C
RUS G

ARMAMENTO E SUAS PARTES ESSENCIAIS


Uma pistola semiautomática é um tipo de pistola que utiliza a energia
produzida de um cartucho disparado para o ciclo de ação da arma de
fogo, que consiste em ejetar o cartucho recém-disparado e avançar um
novo cartucho em posição de disparo. Um ciclo é acionado a cada vez
que o gatilho da pistola é pressionado.
Neste tópico, as partes da pistola são designadas de forma simples para
que qualquer pessoa tenha condições de operar o referido tipo de arma.
Ressalta-se que, para alguns, a leitura deste item não será necessária,
pois as informações são de conhecimento geral, mas serão importantes
para a padronização de procedimentos futuros abordados ao longo da
obra. São estas as partes básicas de uma pistola:
ARMAÇÃO:
É a maior peça da arma e serve de base para a montagem das outras peças. Geralmente são de
alumínio, aço, polímero ou liga de alumínio. A parte da armação por onde empunhamos a pistola
chama-se punho ou coronha e serve também para receber o carregador municiado, acoplando-o à
arma.

49
CARREGADOR:
É a peça da pistola que vai acondicionar toda a munição necessária para o funcionamento da arma.
O carregador, popularmente conhecido como “pente”, é uma peça normalmente feita de aço e
separada da pistola – podendo ser também de outro material, como polímero –, que será
introduzida na parte oca da armação (punho), a fim de “alimentar” a arma e deixá-la em condições
de ser carregada e disparada. O carregador poderá ser do tipo monofilar, com os cartuchos
alinhados um em cima do outro, ou bifilar, quando os cartuchos ficam em ziguezague (o que facilita
o armazenamento de um maior número de cartuchos).

CANO:
É a peça da pistola que vai acondicionar toda a munição necessária para o funcionamento da arma.
O carregador, popularmente conhecido como “pente”, é uma peça normalmente feita de aço e
separada da pistola – podendo ser também de outro material, como polímero –, que será
introduzida na parte oca da armação (punho), a fim de “alimentar” a arma e deixá-la em condições
de ser carregada e disparada. O carregador poderá ser do tipo monofilar, com os cartuchos
alinhados um em cima do outro, ou bifilar, quando os cartuchos ficam em ziguezague (o que facilita
o armazenamento de um maior número de cartuchos).

MECANISMO DE DISPARO:
As armas de percussão indireta têm o mecanismo de disparo constituído pelo gatilho, cão (martelo)
e percussor com as suas molas. Já as armas de percussão direta possuem percussor acoplado ao
cão, travas (manuais, de punho, de armadilha) e calços de segurança. As travas manuais geralmente
comandadas externamente são as mais utilizadas nas armas atuais.

FERROLHO:
É uma peça inteiriça e usinada de aço, onde estão instalados o conjunto de miras, a mola
recuperadora, o extrator e o pino percussor, podendo também ter a trava bloqueadora do cão. O
ferrolho é uma peça móvel que desliza nas fases de recuo e recuperação após cada tiro, contendo
o bloco da culatra. Neste bloco encontram-se também, em alguns modelos, o extrator e indicador
de cartucho na câmara.

CLASSIFICAÇÃO DAS PISTOLAS SEMIAUTOMÁTICAS

Quanto à montagem do cano – fixado à armação, fixado ao suporte


do ferrolho, basculante ou flutuante.
Quanto à percussão – percussão direta (cão-percussor ou percussor
montado no bloco da culatra) ou percussão indireta (central ou radial).
Quanto ao mecanismo de disparo – movimento simples (ação
simples ou ação dupla) ou movimento duplo (ação simples e dupla).
Quanto ao funcionamento – de culatra desaferrolhada (recuo livre e
recuo retardado) e de culatra aferrolhada (tomada de gases e recuo do
cano).

50
MANEJO E FUNCIONAMENTO
Antes de um esclarecimento sobre manejo e funcionamento das pistolas, deve-se
entender o significado, em relação a armas de repetição, de uma arma alimentada
ou uma arma carregada e, ainda, entender o que significa uma ação simples, uma
ação dupla e a dupla ação.
MUNICIAR
Em regra, não municiamos as armas, mas sim os seus carregadores, tambores ou tubos. Municiar
significa introduzir os cartuchos no carregador de pistolas ou rifles, ou no tambor, portanto, dos
revólveres ou carabinas de tambor.

ALIMENTAR
uma arma é provê-la de munição. Alimenta-se uma arma quando nela se colocam os cartuchos de
munição que ela comporta. Isso ocorre ao introduzirmos o carregador municiado com cartuchos de
munição no alojamento da coronha (punho).

CARREGAR
uma arma significa introduzir um cartucho de munição na câmara existente nesta arma. É
necessário que o cartucho esteja em condições de ser percutido, detonado e deflagrado de forma
imediata para a produção do tiro, com apenas uma simples pressão no gatilho.

As pistolas semiautomáticas, chamadas inadequadamente de automáticas, fazem


uso do recuo do disparo e da expansão dos gases da queima da pólvora para
operar a extração e a alimentação de sua munição, pois após o primeiro disparo,
parte dos gases provenientes da queima da carga de projeção do cartucho
impulsiona o projétil à frente, enquanto outra parte age na parte anterior do
ferrolho, no sentido de deslocá-lo à retaguarda.
O funcionamento ocorre da seguinte maneira:
o cartucho de munição é inicialmente colocado para dentro da câmara com a força física do homem, que puxa o
ferrolho para trás e o solta, deixando a arma em condições de disparo, ou seja, a arma, quando está somente com
o carregador municiado, acoplado na parte oca da armação, denomina-se “alimentada”.

Após a ação mecânica muscular do homem, a arma então estará carregada. A pistola também poderá ser
carregada utilizando-se o retém do ferrolho. Nesse caso, o carregador será introduzido quando a arma estiver
aberta e, ao se apertar o retém, o ferrolho se deslocará para frente fechando a arma, fazendo com que o
armamento seja assim carregado.

Após o carregamento, a arma está pronta para ser disparada, assim, quando é acionado o gatilho, se dá a ignição
da munição devido ao contato do percussor na espoleta do cartucho. Dessa forma, ocorre então a expansão dos
gases que se dissipam e geram um recuo, fazendo com que o ferrolho da pistola se movimente para trás,
extraindo o estojo deflagrado por intermédio do extrator, que é solidário ao ferrolho.

A ejeção se dá quando o estojo preso no extrator encontra o ejetor fixo na armação, retirando esse estojo do
extrator e jogando-o para fora da arma. Como o ferrolho é pressionado por uma mola recuperadora comprimida
pela pressão dos gases, ele retorna a sua posição inicial do pré-disparo, levando, neste movimento, um novo
cartucho (que se apresenta no caminho do ferrolho em razão da pressão exercida pela mola do carregador) para
dentro da câmara da arma, ou seja, em seu curso para frente, devido à ação da mola recuperadora,

Esse processo se repetirá sempre que o atirador acionar o gatilho da pistola, até esgotar a munição
armazenada no carregador, situação em que a arma normalmente vai parar aberta.

51
MECANISMOS DE SEGURANÇA
Os modelos tradicionais de pistolas (com cão) possuem o mecanismo de
segurança composto das seguintes partes: gatilho (1), tirante de gatilho (2),
impulsor da trava do percussor (3), trava do percussor (4), percussor (5), cão (6).

Fase estática e fase dinâmica dos mecanismos de uma pistola

A trava do percussor (4) bloqueia permanentemente o percussor (5) em seu avanço


à frente, impedindo disparos acidentais por queda da arma. Esta trava somente é
liberada no estágio final do acionamento da tecla do gatilho (1), liberando seu
avanço à frente tão logo receba o impacto do cão (6). A liberação acontece por
meio da cadeia de movimentos formada pelo gatilho (1), tirante do gatilho (2),
impulsor da trava do percussor (3) e trava do percussor (4).

A seguir veremos os quatro mecanismos de segurança nas pistolas mais tradicionais.

Mecanismo de segurança manual − O mecanismo de segurança manual baseia-se em um


conjunto de peças que fazem parte do conjunto da armação. Estas peças são a tecla (trava)
de segurança direita e a tecla (trava) de segurança esquerda. Quando as teclas de segurança
são deslocadas, por iniciativa do atirador, para a posição travada (para cima), o eixo existente
na tecla bloqueia o acionamento do mecanismo de disparo, tanto em ação simples como em
dupla ação, além de bloquear o ferrolho impedindo seu movimento à retaguarda.

Mecanismo de trava do percussor − O mecanismo de trava do percussor baseia-se em um


conjunto de peças que fazem parte dos conjuntos do ferrolho e da armação. No ferrolho,
estas peças são a trava do percussor e sua mola. E na armação, o impulsor da trava do
percussor. Quando o gatilho é acionado por iniciativa do atirador, o tirante do gatilho aciona
o impulsor da trava do percussor que, por sua vez, imprime movimento a esta trava que
instantaneamente libera o percussor.

Mecanismo de segurança do cão − O cão é dotado de três montas: segurança,


engatilhamento e monta do desarmador. Quando na monta de segurança ou na monta do
desarmador, o cão fica impedido de entrar em contato com o percussor em caso de queda.
Para haver a percussão no caso do cão estar na monta de segurança, há a necessidade de
atuação do atirador apertando completamente o gatilho, ou deslocando o cão à retaguarda.
No caso de o cão estar na monta do desarmador, há a necessidade de o atirador levar as
teclas de segurança para a posição horizontal e apertar o gatilho.

52
Mecanismo do desarmador do cão – Quando a arma engatilhada, travada ou não, e o
atirador não desejar mais dispará-la, basta acionar o “desarmador do cão”, o que requer o
acionamento de qualquer uma das teclas de segurança para baixo.

Mecanismo de desarme do cão

ALAVANCA DECOCKING
É um sistema de segurança existente em pistolas semi-automáticas quando as mesmas
encontram-se com o cão acionado, com máxima energia acumulada para disparo da
pistola em estado de ação simples. Estando nessa posição de “alerta vermelho” no uso da
arma de fogo, o atirador pode desistir de efetuar o disparo e retornar para posição de
descanso do cão. Ao utilizar a alavanca de decocking, a pistola fica na posição para
disparo em ação dupla.
No decocking o atirador não toca o gatilho, mas somente numa alavanca lateral que
também serve para travar o ferrolho da pistola. Ao efetuar o decock, o cão desce de
sopetão para a posição de descanso, contudo não alcança a agulha de percussão. A
maioria das pistolas modernas da Beretta, Taurus ou Smith & Wesson possuem a
alavanca para decock. Nas pistolas Sig Sauer não há uma alavanca, mas um botão de
pressão que faz o cão descer para posição de descanso.
As pistolas de cão embutido não possuem alavanca decocking, visto que geralmente
disparam somente ação dupla, ou somente em ação simples; sem a possibilidade de variar
entre uma escolha ou outra.
Os usuários mais ousados que fazem uso da pistola de cão embutido com o cão embutido
acionado, ou seja, com a arma em alerta vermelho, defendem o pensamento que há outra
trava de segurança disponível, é a trava interna. Nessa trava, o percussor só deflagra a
cápsula se o dedo do atirador estiver totalmente acionado o gatilho. Essa trava interna de
segurança tem sido também o motivo de evidenciar testemunho enganoso em processos
penais sob a falsa alegativa de que a arma teria disparado acidentalmente. Isso é quase
impossível, no uso de pistolas modernas, visto que só há disparo se o dedo do atirador
estiver todo pressionado o gatilho.

Antes da existência da alavanca decocking, o atirador deveria segurar o cão da arma com um dedo e com o
outro acionava o gatilho como se estivesse disparando a arma. O cão era liberado e atirador iria
retornando gradualmente e com muito cuidado o cão para a posição de descanso. Havia o risco de o cão
escorregar do dedo do atirador e haver o disparo da pistola, por isso foi criado o decocking.

53
conclusão

Levando-se em consideração todos os aspectos mencionados nesta 1ª


edição, pudemos observar que a introdução ao mundo das armas de fogo
por mais simples que aparente ser devido ao nome, é de certa forma
complexa e muito abrangente.
Vemos a cada passo que estudamos, a importância da busca pelo
conhecimento técnico daquilo que manuseamos.
Por isso neste trabalho trouxemos um apanhado de teoria para
entendimento da origem, a parte histórica, as curiosidades e então assim
podermos avançar para a compreensão do funcionamento de uma arma,
seus componentes e complementos.
Por fim, abordamos o funcionamento de uma arma semiautomática
e enfatizamos a parte prática como prioridade ao final dessa edição, para
que você conheça na nossa próxima edição o conhecimento prático, sendo
ele técnico ou mental para utilizar uma arma de fogo em situações mais
extremas possíveis.
Para você que iniciou a busca por este conhecimento, meus parabéns por
iniciar nesta jornada, pois está certamente mais preparado para possuir uma
arma ou até mesmo melhorar o seu contato com armas de fogo, caso já
possua. Na nossa próxima edição falaremos sobre o trabalho da mente no
confronto armado (Mindset Combat) e a utilização da arma de fogo em
situações reais de combate e ambientes de total estresse.
Te concito a continuar se aprimorando e buscando o conhecimento nesta
área, pois só através dele você vai estar preparado para voltar vivo para
casa.

REVERSUS VIVIT
VOLTE VIVO

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