Você está na página 1de 116

COMANDO DA AERONÁUTICA

ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA

PRINCÍPIOS DE ARMAMENTO

PRINCÍPIOS DE ARMAMENO
VOLUME ÚNICO

BMB

CFS

2013
IMPRESSO NA SUBSEÇÃO GRÁFICA DA EEAR
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA

PRINCÍPIOS DE ARMAMENTO
Apostila da disciplina Princípios de Armamento, da
Especialidade BMB, do Curso de Formação de Sargentos.

Elaborador: Claudinei Marcio da Silva - 2S BMB

GUARATINGUETÁ, SP
2013
Documento de Propriedade da EEAR
Todos os Direitos Reservados

Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é


proibida a reprodução total ou parcial deste documento, utilizando-
se qualquer forma ou meio eletrônico ou mecânico, inclusive
processos xerográficos de fotocópias e de gravação sem a
permissão expressa e por escrito da Escola de Especialistas de
Aeronáutica - Guaratinguetá - SP.
SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................................01
1 TERMOS TÉCNICOS.................................................................................................03
2 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO..................................15
2.1 Definição........................................................................................................15
2.2 Classificação..................................................................................................15
3 ESTUDO DOS CANOS LISOS E RAIADOS.............................................................25
3.1 Definição........................................................................................................25
4 ARMAS DE FOGO: CONDIÇÕES GERAIS E PARTICULARES...........................29
4.1 Conceitos.......................................................................................................29
4.2 Condições gerais das armas de fogo..............................................................29
4.3 Condições particulares das armas de fogo.....................................................31
4.3 Condições particulares das armas de fogo.....................................................32
5 ARMAS AÉREAS.......................................................................................................37
5.1 Particularidades..............................................................................................35
5.2 Descrição geral de uma arma aérea...............................................................38
5.3 Segurança na utilização do armamento.........................................................40
6 ELEMENTOS QUE INFLUÊNCIAM NO TIRO........................................................41
6.1 Raiamento......................................................................................................41
7 PRINCÍPIOS QUE DETERMINAM A CONSTRUÇÃO DAS ARMAS DE FOGO.....45
7.1 Princípio das elasticidades variáveis..............................................................46
7.2 Princípio das tensões iniciais.........................................................................46
7.3 Temperatura dos canos..................................................................................46
8 BALÍSTICA..................................................................................................................47
8.1 Balística interna.............................................................................................47
8.2 Balística intermédia ou de transição..............................................................49
8.3 Balística externa.............................................................................................50
8.4 Balística terminal (efeito)..............................................................................52
9 TECNOLOGIA E METROLOGIA..............................................................................55
9.1 Conceito:........................................................................................................55
9.2 Histórico da metrologia.................................................................................57
9.3 Sistema de medição.......................................................................................61
9.4 Tensiômetro...................................................................................................77
9.5 Torquímetro...................................................................................................77
10 NORMAS DE SEGURANÇA....................................................................................91
11 FERRAMENTAS MANUAIS...................................................................................93
11.1 Chaves de fenda...........................................................................................93
11.2 Chave de boca..............................................................................................95
11.3 Jogo de soquetes..........................................................................................96
11.4 Chaves ajustáveis.......................................................................................100
11.5 Alicates......................................................................................................102
11.6 Punções......................................................................................................105
11.7 Martelos.....................................................................................................106
11.8 Macetes......................................................................................................109
11.9 Furadeiras ..................................................................................................109
11.10 Broca helicoidal.......................................................................................111
11.11 Machos.....................................................................................................112
11.12 Tarraxas...................................................................................................114
11.13 Serras ......................................................................................................115
11.14 Limas.......................................................................................................117
11.15 Equipamentos para fixação e apoio.........................................................119
12 NOÇÕES DE GIROSCÓPIO..................................................................................123
12.1 Conceito.....................................................................................................123
12.2 Emprego.....................................................................................................123
12.3 Características dos giroscópio...................................................................124
Referências....................................................................................................................125
EEAR 1

INTRODUÇÃO

Esta apostila que hora lhe é apresentada poderá ser considerada como uma verdadeira
cartilha, onde você terá lições iniciais e fundamentais sobre os sistemas básicos de uma aeronave
e toda a doutrina que abrange a segurança de voo.

Os assuntos que iremos ver constituem a razão de ser desta máquina (aeronave) e para
isto trataremos de maneira clara e precisa, levando-se em conta que procuraremos ser sempre
objetivo, evitando divagações ou mesmo outros tipos de desvios que possam prejudicar a
compreensão dos capítulos. Portanto, caro aluno, não passe para a página seguinte sem que tenha
entendido a anterior.

Você, aluno, em breve, além de militar, será um técnico especialista em suprimento


técnico aeronáutico, e para isto nós iremos juntos trilhar um caminho onde, em qualquer
momento, nós estaremos ao seu dispor.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 3

1 TERMOS TÉCNICOS

➢ Alcance útil
• Distância máxima a que uma arma pode atirar, com precisão bastante para produzir
danos ou baixas.

➢ Alça de mira
• Dispositivo ou saliência localizado na parte superior de uma arma, próximo ao cão
(armas porte) ou próximo a coronha (armas portáteis). Destina-se, quando
corretamente alinhada á massa de mira, a fornecer ao disparo a direção desejada.
( alça de mira + massa de mira = aparelho de pontaria).

➢ Dispositivo de pontaria
• Destinado a estabelecer precisão no tiro seja por meio ótico ou mecânico. No caso
de armas portáteis é composto de alça de mira e massa de mira.

Figura 01

➢ Agente químico de guerra


• É toda a substância que por sua atividade química, produza, quando empregada para
fins militares, um efeito tóxico, fumígeno ou incendiário.

➢ Agentes biológicos
• Elemento capaz de produzir morte ou danos ao homem, animal ou plantas, ou causar
deterioração em materiais.

➢ Bioterrorismo
• Técnica que espalha doenças ainda desconhecidas pela maioria dos médicos, ao
transformar geneticamente vírus e bactérias em agentes resistentes a qualquer
tratamento

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 4

➢ Alimentar
• Ação de colocar o carregador municiado no alojamento do carregador na arma, fita
na mesa de alimentação ou cartucho no tambor.

➢ Municiar
• Ato de colocar os cartuchos nos carregadores ou preparar a fita para ser colocada na
metralhadora ou canhão.

➢ Carregar
• Ato de introduzir um cartucho na câmara do cano de uma arma.

➢ Desarmar
• Desativar qualquer sistema de disparo, impedindo-o de cumprir sua finalidade.
Deixar a mola do aparelho de disparo distender-se lentamente, amortecida pelo dedo
do atirador.

➢ Descarregar
• É o ato de retirar o cartucho da câmara do cano.

➢ Disparar
• Fazer o percussor ou percutor ir para frente com força de mola, ferindo a cápsula do
cartucho.

➢ Extrair
• Retirar o estojo da câmara do cano.

➢ Ciclo
• Operações compreendidas entre duas realizações iguais da mesma fase de
funcionamento.

➢ Regular
• Estabelecer ou restabelecer a folga permitida entre as peças.

➢ Testar
• Ação de verificar o correto funcionamento da arma ou equipamento bélico.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 5

➢ Tiro
• Deflagração de um cartucho.

➢ Rajada
• Deflagração sucessiva de "N" cartuchos.

➢ Desmontar
• Separar as peças da arma de maneira correta.

➢ Alto explosivo
• É caracterizado por uma reação química quase instantânea, com velocidade de
detonação de 1000 m/s a 8.500 m/s.

➢ Baixo explosivo
• Explosivo de queima longa e progressivamente, produzindo na sua queima, uma
grande massa de gases, com velocidade de deflagração de 400 m/s a 900 m/s.

➢ Alojamento
• Abertura ou cavidade que só permite a desmontagem da peça por um só lado.

➢ Oríficio
• Abertura circular livre.

➢ Passagem
• Abertura com igual dimensão ou diâmetro, que permite a desmontagem de peças ou
conjuntos, por qualquer dos lados.

➢ Alvo
• Referência para o tiro ou para o lançamento de bombas, foguetes e mísseis.

➢ Armar
• Ação de comprimir a mola do mecanismo do aparelho de disparo, deixando o
percussor retraído.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 6

➢ Artilheiro
• Militar responsável pela operacionalidade do sistema de artilharia utilizados na
FAB, tanto terrestre quanto aéreo.

➢ Acidente de tiro
• É acontecimento indesejável, por manejo inadequado, falha de funcionamento do
armamento ou da munição, que causa vitima, dano material diverso ou dano ao
armamento.

➢ Paiol
• Estrutura projetada para o adequado armazenamento de explosivos, munições ou
componentes carregados.

➢ Barricada
• Barreira natural ou artificial, situada próxima à massa explosiva, de tal forma e
dimensões que possa proteger, de maneira efetiva, dos perigos de explosão
instalações adjacentes expostas.

➢ Cabeça de guerra
• Item que comporta uma carga de alto explosivo e uma espoleta a fim de produzir
um efeito desejado.

➢ Cabide
• Lugar onde ficam as armas prontas para serem usadas.

➢ Cano
• Tubo metálico, de aço, destinado a receber o cartucho, resistir à deflagração da
carga propulsora e dirigir o projétil convenientemente ao alvo.

➢ Câmara
• Divisão interna do cano de uma arma (parte não-raiada).

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 7

Compatibilidade
• Os explosivos são classificados para efeitos de armazenagem, segundo os riscos de
virem a iniciar-se, em “Grupos de Compatibilidade”, baseados-se na sua
sensibilidade de iniciação. Os grupos de compatibilidade são especificados por letras
de A até Q.

➢ Área de perigo
• Área que oferece perigo de vida ás pessoas que transitam ou operam em seu interior.

➢ Casulo
• É utilizado em aeronaves com o objetivo de abrigar e proteger uma arma
automática, visando um tiro de alta densidade contra o alvo.

➢ Cartucho
• Item de munição completa que é dividido em estojo, carga propulsora, espoleta,
projétil. Lembrando que existe cartucho de festim que não possui projétil. O
cartucho é a unidade básica de contagem de munição.

➢ Estojo
• Recipiente metálico das munições de armas de fogo, onde os demais componentes
de um cartucho se reúnem.

➢ Projétil
• Parte do cartucho que é arremessado contra o alvo.

➢ Munição
• Tudo que se usa para municiar uma arma de guerra, incluindo cartuchos, bombas,
foguetes, etc.

➢ Número de lote
• Número dado pelo fabricante como orientação para registro, controle de estoque,
armazenagem, utilização, restrições de emprego ou funcionamento de item bélico.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 8

➢ Contrapinar
• É o ato de colocar um contrapino em um parafuso, porca ou pino.
• Ação de colocar, nas passagens respectivas, os contrapinos indicados rebatendo
convenientemente as pernas.

➢ Corrosão
• É a deterioração de um metal por ação química ou eletroquímica do meio ambiente.

➢ Cunhete
• Caixa metálica ou não destinada a embalagem de munições.

➢ Deflagração
• Ação que envolve a queima rápida de uma massa explosiva numa ação mais lenta
que a detonação. Transforma a energia química em mecânica. Os propelentes agem
desta forma. O confinamento dos explosivos pode resultar em uma detonação.

➢ Detonação
• Rápida decomposição da massa explosiva, normalmente em velocidade superior a
450 metros por segundo.

➢ Desmilitarização
• Compreende a operação necessária para desmontar ou desmembrar a munição ou
componentes fora de uso, a fim de recuperar material ou componentes aproveitáveis,
que possam vir a ser usado ou que possam ter valor monetário como sucata
alienável ou aproveitável.

➢ Ejetar
• Acionar o dispositivo de ejeção da aeronave, lançando para fora assento e piloto.
Libertar o estojo das garras extratoras e lançá-lo para fora da caixa da culatra.

➢ Estocar
• Ação de guardar as peças ou armas protegidas com antióxido. Ação de guardar
material em condições ambientais adequadas, para evitar modificações em suas
características.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 9

➢ Estilhaço
• Fragmento proveniente de uma explosão ou detonação.

➢ Espoleta
• É um dispositivo elétrico ou mecânico, destinado a provocar funcionamento da
bomba no momento conveniente.

➢ Explosivo
• Toda munição carregada com elementos biológicos, químicos e de demolição,
propelentes sólidos para foguetes, líquido, cartuchos, pirotécnicos, minas bombas,
torpedos, granadas, cartuchos de ejeção, componentes de mísseis e outros
dispositivos contendo explosivos.

➢ Explosivos iniciadores
• Aqueles que são empregados em mistos, para a iniciação ou excitação das cargas
explosivas. São muito sensíveis ao atrito, calor e choque. Quando sob os efeitos do
fogo, explodem sem incendiar-se. Ex: Azida de chumbo e Estifinato de chumbo.

➢ Explosivos reforçadores
• Servem como intermediário entre o iniciador e a carga explosiva principal. Podem
ser iniciadas pelo calor, atrito ou choque. Podem detonar quando queimados em
grandes quantidades. Ex: Nitropenta(PETN) e Tetril.

➢ Explosivos de ruptura
• Constituem os altos-explosivos, propriamente ditos. São quase todos tóxicos.
Ex:Amatol e trotil.

➢ Fogo no pavio
• Frase pronunciada pelo manipulador de explosivo (CMMAD, CNDAEX ou EOD)
enfatizando que o pavio (estopim) será acesso ou no caso do explosor a detonação
será executada.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 10

➢ Foguete
• É um veículo propulsado, balístico, capaz de levar uma carga bélica ao alvo, desde
que o sistema de controle de tiro, situado na plataforma lançadora, tenha sido
corretamente ajustada.

➢ Míssil
• É um veículo propulsado, guiado e pilotado capaz de levar uma carga bélica ao alvo.

➢ Frenar
• Imobilizar parafusos ou peças, por meio de arame de freno.

➢ Grupo
• Reunião de peças ou conjuntos com funções diferentes.

➢ Instalar
• Colocar no avião o armamento já preparado.

➢ Harmonizar
• Ajustar um sistema das armas para proporcionar-lhe precisão no tiro.

➢ Hud (head up display)


• Display eletrônico interligado a aviônica de missão das aeronaves. Disponibilizam
ao piloto toda a simbologia de navegação e de armamento, sem que o mesmo perca
o contato visual com o horizonte.

➢ Linha de tiro
• Linha demarcada no solo que limita a posição mais avançada do atirador durante a
execução do tiro. Esta linha, nos boxes, é pintada no piso com a cor vermelha

➢ Pista quente
• É pronunciado pelo instrutor de torre para avisar a pessoas presente que irá começar
a seção de tiro.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 11

➢ Pista fria
• É pronunciado pelo instrutor de torre para avisar as pessoas presentes no estande,
que o tiro foi encerrado.

➢ Lubrificar
• Passar leve camada de óleo sobre as peças.

➢ Montar
• Colocar as peças em seu devido lugar segundo sua função.

➢ Peças
• Partes contínuas da arma.

➢ Pirotécnico
• Artefatos destinados a produzir efeitos luminosos, fulmígenos, incendiários, ou
provocar inflamação ou detonação de explosivos.

➢ Percursor
• Pino metálico das armas de fogo, espoletas, minas, etc., o qual avança de encontro a
uma cápsula iniciadora, movida por pressão de uma mola, pela inércia ou pela
pancada de um martelo.

➢ Percutor
• Pino das armas de fogo, espoletas e minas que avança de encontro a uma cápsula
iniciadora, em conjunto e fixo a uma culatra ou bloco de disparo.

➢ Tóxicos
• É qualquer substância que agindo diretamente por suas propriedades químicas por
sua ação ordinária torna-se capaz de destruir vidas a vida ou comprometer
seriamente a saúde.

➢ Persistência
• É a duração de um agente químico no terreno até se extinguir. A persistência varia
com o tempo, vegetação, etc.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 12

➢ Percussão
• É o ato de atingir a cápsula ou espoleta do cartucho com o percussor ou percutor.

➢ Pólvora
• Designação tradicional para as substâncias explosivas (pólvora negra e propelentes
sólidos), onde o regime normal de funcionamento é o regime da deflagração estável.

➢ Porta bomba
• É um dispositivo que se destina a transportar bomba, lançadores de foguetes,
lançadores múltiplos (SU-20), tangue de combustíveis ou qualquer equipamentos
aeronáuticos compatível com o porta bomba.

➢ Pilone
• Equipamento bélico que compõe a estrutura das aeronaves, com a finalidade de
sustentar itens bélicos ou não através de um porta bomba.

➢ Preparar
• Tomar as providências para que o armamento fique pronto para instalação.

➢ Pressão
• Pressão gerada pela queima da pólvora na câmara de uma arma de fogo.

➢ Propelente
• Combustível sólido ou líquido destinado a propulsar determinado veículo em uma
trajetória pré determinado.

➢ Quantidade/distancia
• Os explosivos são classificados para efeitos de cálculo da quantidade e distancia de
segurança, baseando-se em suas características e nos perigos causados (danos e
perdas produzidos), no caso de explodirem, incendiarem ou auto-inflamarem, em
(oito) classes (de 1 a 8) chamadas “Classes de Quantidade/Distância.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 13

➢ Ordens técnicas (ot)


• Ordem técnica é a publicação de caráter técnico que tem por finalidade orientar,
informar, metodizar e fixar os procedimentos específicos com respeito à operação,
manutenção, inspeção, armazenagem e às modificações de aeronaves e de
equipamentos utilizados pela FAB.

➢ Segurança
• Conjunto de providências destinadas a prevenir a ocorrência de acidente ou pelo
menos reduzir sensivelmente sua gravidade ou frequência.

➢ Assentos ejetáveis
• A finalidade dos assentos ejetáveis é proporcionar abandono rápido e seguro aos
tripulantes da aeronave, o que seria impossível de se realizar, caso não se contasse
com este meio, por causa das velocidades de que são dotados os aviões atuais.

➢ Espoletas
• São pequenos recipientes metálicos, em geral cilíndricos, contendo uma carga
explosiva extremamente sensível, de elevado poder detonante, e que detona sob a
ação de um estopim eu de uma centelha elétrica proveniente de um explosor.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 15

2 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO


2.1 Definição

2.1.1 Arma ou armamento

Tudo que constitui meio de defesa ou ataque, em qualquer circunstância de luta entre dois
ou mais contendores (opositores, inimigos).

2.1.2 Arma de Fogo

Arma que utiliza a pressão dos gases, resultantes da combustão da pólvora, para
arremessar um projétil à distância.

2.2 Classificação

As armas de fogo classificam-se quanto:

➢ funcionamento,
➢ tipo,
➢ emprego
➢ alimentação.

2.2.1 Classificação quanto ao funcionamento


Quanto ao funcionamento, as armas de fogo classificam-se em:

➢ armas de tiro simples;


➢ armas de repetição;
➢ armas automáticas;
➢ armas semi-automáticas.

2.2.1.1 Armas de Tiro Simples

São as que, após a deflagração da carga propulsora, utilizam a pressão dos gases,
exclusivamente, para lançar o projétil. Não possuem dispositivos automáticos de alimentação e
de carregamento.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 16

As armas de tiro simples podem ser:

➢ antecarga
➢ retrocarga.

2.2.1.1.1 Antecarga
São as armas carregadas pela boca do cano.

Exemplo: Bacamarte, morteiro e alguns tipos de espingardas antigas.

Figura 02

2.2.1.1.2 Retrocarga

São as armas carregadas pela câmara, que se localiza na parte posterior do cano.

Exemplo: Garruchas e espingardas.

Figura 03

2.2.1.2 Armas de Repetição

São as que, após a deflagração da carga propulsora, utilizam a pressão dos gases
resultantes, exclusivamente, para lançar o projétil, possuindo, entretanto, dispositivo automático
de ejeção. Não possuem dispositivo automático de carregamento. Nessas armas, somente uma
fase do funcionamento não é manual, a ejeção.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 17

Exemplo: Mosquetão, cartucheira e rifle.

Figura 04

2.2.1.3 Armas automáticas

São as que, após a deflagração da carga propulsora, utilizam a pressão dos gases
resultantes para lançar o projétil e fazer recuar o mecanismo da culatra, executando as fases
gerais do funcionamento, continuamente, até que ocorra um novo disparo. O automatismo
principia no primeiro tiro e é sempre precedido pelas operações iniciais de municiar, alimentar,
carregar e pressionar a tecla do gatilho.

Observação: Atualmente encontramos modelos de pistolas que executam este processo de


automatismo.

Exemplo: Metralhadora MAG 7,62 mm, Metralhadora Browning .50" M3, Canhão M39A3 (20
mm), Canhão DEFA (30 mm), Pistola Glock G18.

Figura 05 - CANHÃO M39A3 (20 MM).

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 18

Figura06 - METRALHADORA MAG 7,62 MM.

Normalmente as armas automáticas possuem cadência constante. Existem, porém, armas


automáticas que possuem reguladores de cadência, como a metralhadora Browning .50” M2 e a
MAG 7,62 mm.

2.2.1.4 Armas Semi-Automáticas

São as automáticas que só disparam mediante sucessivas pressões sobre a tecla do


gatilho. Também recebem o nome de Armas Automáticas de Tiro Intermitente. Nelas, a
cadência de tiro é regulada pelo atirador.

Exemplo: Pistola Taurus 9 mm, Pistola IMBEL 9 mm.

Figura 07 - PISTOLA TAURUS IMBEL 9 MM

2.2.2 Classificação quanto ao tipo

Quanto ao tipo, as armas de fogo classificam-se em:

➢ armas de porte;
➢ armas portáteis;
➢ armas não-portáteis.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 19

2.2.2.1 Armas de Porte

São armas de pouco peso e dimensões reduzidas, que podem ser conduzidas por um só
homem, através de coldre.

Exemplo: revólver e pistola.

2.2.2.2 Armas Portáteis

São armas de peso e dimensões relativamente pequenos, que podem ser conduzidas por
um só homem, normalmente através de bandoleira.

Exemplo: Espingarda, mosquetão, Fuzil HK 33 e Submetralhadora Taurus MT-12AD.

2.2.2.3 Armas Não-Portáteis

São armas de grande peso e volume, que são conduzidas por vários homens ou por
viatura.

Exemplo: Metralhadora Browning .50"M2 HB e morteiro.

2.2.3 Classificação quanto ao emprego

Quanto ao emprego, as armas de fogo classificam-se em:

➢ armas de emprego individual;


➢ armas de emprego coletivo.

2.2.3.1 Armas de Emprego Individual

São armas que podem ser preparadas e/ou operadas por um só homem.
Exemplo: Fuzil, mosquetão, carabina, pistola e revólver.

2.2.3.2 Armas de Emprego Coletivo

São armas que, para serem preparadas e/ou operadas, necessitam de mais de um homem.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 20

Exemplo: Metralhadora Browning.50" M2HB e morteiro.

Figura 07 - Metralhadora Browning .50”m 2HB.

2.2.4 Classificação quanto à alimentação

Quanto à alimentação, as armas de fogo classificam-se em :

➢ armas alimentadas por cartucheiras ou discóides;


➢ armas alimentadas por carregadores;
➢ armas alimentadas por fita;
➢ armas alimentadas por pente;
➢ armas alimentadas por tambor.

2.2.4.1 Armas alimentadas por cartucheiras ou discóides

São as que recebem, no bloco de alimentação, um cofre especial, em forma de um disco,


no qual os cartuchos ficam dispostos segundo um caracol ou parafuso.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 21

Exemplo: Metralhadora Thompson Cal .45" .

Figura 08 Metralhadora Thompson CAL .45".

2.2.4.2 Armas Alimentadas por Carregador

São as que recebem, no bloco de alimentação, um pequeno cofre (carregador), no qual os


cartuchos ficam superpostos e são impulsionados por meio de uma mola.

Exemplo: Submetralhadora Taurus MT12, Fuzil automático HK33, Pistola Taurus 9mm e Pistola
IMBEL 9mm.

Figura 09

2.2.4.3 Armas alimentadas por fita

São as que recebem, no bloco de alimentação, os cartuchos interligados por elos


metálicos. Os tamanhos das fitas variam com a capacidade de cada cofre de munição.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 22

Exemplo: Metralhadora Browning .30"M2, Metralhadora Browning .50"M2 / M3, Metralhadora


MAG 7,62 mm.

Figura 10 - FITA DE MUNIÇÃO.

2.2.4.4 Armas alimentadas por pente

São as que recebem, no bloco de alimentação, um carregador em forma de lâmina, no


qual os cartuchos se sobrepõem, presos pela gola do culote.

Exemplo: Mosquetão.

Figura11 - PENTE DE MUNIÇÃO.

2.2.4.5 Armas alimentadas por tambor

São as que recebem, no bloco de alimentação, um carregador tipo tambor, no qual os


cartuchos se alinham com o cano.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 23

Exemplo: Revólver.

Figura 12

2.2.5 Classificações das armas de fogo – resumo.

antecarga
Tiro simples retrocarga
funcionamento
repetição
Automáticas *
semi-automáticas
de porte
tipo portáteis
classificação não portáteis
individual
emprego coletivo
Por cartucheira ou discóide
Por carregador
alimentação Por fita
Por pente
Por tambor
Tabela 01

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 24

Sincronizada
fixa Independente
A instalação
móvel Livres
De torre
automáticas
Cano fixo com tomada de gases
Ao princípio Cano fixo sem tomada de gases
de
funcionamento Cano móvel curto recuo do cano com reforçador
Cano móvel curto recuo do cano sem reforçador
Cano móvel longo recuo do cano

Tabela 02

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 25

3 ESTUDO DOS CANOS LISOS E RAIADOS

3.1 Definição:
Cano é um tubo metálico, de aço, destinado a receber o cartucho, resistir à deflagração da
carga propulsora e dirigir o projétil convenientemente ao alvo.

3.1.1 Canos lisos e raiados

3.1.1.1 Canos lisos

Os canos lisos não têm raiamento e são empregados geralmente em armas de caça, nestas
armas são conhecidos como GÁUGIO OU ADARME.

3.1.1.1.1 Gáugio

Definição: Converteu-se uma libra (453,6 g) de chumbo puro em 12 esferas de iguais


peso e diâmetro. Se uma dessas esferas se encaixava perfeitamente num determinado cano, o
calibre deste era "12". Estas esferas tinha 0,730 polegada de diâmetro, ou seja, 18,5 mm. De
igual peso de chumbo (1 libra), foram feitas 16 esferas e chegou-se ao calibre 16, assim
procedendo-se com os demais calibres, com exceção do 36, pois, segundo esse critério, seria o
calibre 67. O calibre 36 corresponde, na realidade, a 0,410 polegada, ou seja, 10,414 mm.

Assim, para a arma gáugio 16, dezesseis esferas pesarão uma libra; para a arma gáugio
22, vinte e duas esferas pesarão uma libra, e assim por diante.

Os gáugios variam de 8 a 44, sendo a variação de 4 em 4.

Observação: não confundir a esfera de chumbo, que serve para determinação do gáugio da arma,
com as esferas de chumbo da carga do cartucho.

Calibre Diâmetro em mm
10 19,3 - 19,7
12 18,2 - 18,6
16 16,8 - 17,2
20 15,6 - 16,0
24 14,7 - 15,1
28 14,0 - 14,4
32 12,75 - 13,15
36 (410) 10,414
Tabela 03

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 26

Com a finalidade de produzir um melhor agrupamento dos projeteis múltiplos, visando


maior alcance e precisão, pode-se obter um estrangulamento na boca do cano denominado
choque “choke”

Figura 13

3.1.1.2 Canos raiados

Canos raiados são aqueles que possuem em seu interior um conjunto de ranhuras, no qual
os projéteis se encaixam e deslizam. A esse conjunto de ranhuras dá-se o nome de raiamento.

A finalidade do raiamento é dar ao projétil um movimento de rotação em torno do seu


eixo longitudinal, dando garantia e estabilidade no trajeto, pela conservação do seu eixo
geométrico.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 27

3.1.1.2.1 Divisão externa dos canos raiados

Externamente, os canos raiados são divididos em partes anterior, média-anterior, média-


posterior e posterior (também chamada culatra).

Figura - 14 DIVISÃO EXTERNA DOS CANOS

3.1.1.2.2 Divisão Interna dos Canos Raiados

Internamente, os canos raiados são divididos em duas partes; parte raiada e câmara, cujo
conjunto se deu o nome de alma. Ao conjunto de raias e cheios chamamos raiamento.

a)Parte Raiada

- Raias
São sulcos helicoidais que se desenvolvem, no interior do cano, para a direita ou para a
esquerda, guardando inclinação constante com a sua geratriz. Quando as raias se desenvolvem da
esquerda para a direita, dizemos que são dextrógiras; e, quando as raias se desenvolvem da
direita para a esquerda, dizemos que são sinistrogiras ou levogiras.

- Cheios

São os espaços compreendidos entre duas raias consecutivas.

- Calibre

É o diâmetro do cano tomado entre dois cheios opostos. É interessante saber que, nos
canhões e morteiros, o comprimento do cano é um múltiplo nominal do calibre. Assim, por
exemplo, o canhão automático antiaéreo de calibre 40 mm tem um tubo de 2400 mm de
comprimento, isto é, 60 vezes o calibre. Simbolicamente, diz-se que é um canhão C.60.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 28

- Forçamento

É a diferença entre o diâmetro do projétil e o diâmetro do cano (tomado entre dois cheios
opostos).

Figura 15 DIVISÃO INTERNA DOS CANOS.

Figura 16 RAIAS, CHEIOS E CALIBRE.

b) Câmara

Na câmara notamos:

➢ câmara propriamente dita;


➢ alojamento do projétil;
➢ cone de centragem.

Figura 17 CÂMARA.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 29

4 ARMAS DE FOGO: CONDIÇÕES GERAIS E PARTICULARES

4.1-Conceitos

4.1.1 Cadência

É o número de disparos feitos em um minuto (nas armas automáticas), com exclusão das
demoras em colocar e retirar o carregador e resolver incidentes de tiro.

4.1.2 Consumo de tiro

É o número de disparos efetivamente feitos por uma arma, em determinadas


circunstâncias de combate, em um minuto, com inclusão do tempo necessário para carregar,
colocar e retirar carregadores, além do empregado para resolver qualquer incidente de tiro,
imputável à arma, ao atirador ou à munição.

4.1.3 Regime de tiro

É a relação entre o tempo realmente empregado para executar as rajadas (tempo de tiro) e
o tempo de repouso do pessoal e material, tudo dentro de um minuto. É expresso por uma fração,
cujo numerador é o tempo de tiro, e o denominador é o tempo de repouso, em segundos.

4.1.4 Rendimento

É a relação entre o número de tiros acertados e o número de tiros efetuados, durante a


execução completa de uma missão. É expresso em porcentagem.

4.2 Condições gerais das armas de fogo

Condições gerais das armas de fogo são aquelas, a que todas as armas indiferentemente,
devem satisfazer. As condições de ordem geral a que as armas devem satisfazer são três:
➢ tiro,
➢ serviço
➢ fabricação.

4.2.1 Condições de tiro

Quanto às condições de tiro, as armas devem ter: precisão, velocidade de tiro e


capacidade de tiro.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 30

4.2.1.1 Precisão

Uma arma é mais precisa que outra quando sua dispersão de tiro (ângulo de salto e
derivação) é menor que a da outra.

A precisão depende :

➢ do comportamento do mecanismo de pontaria em face das trepidações;


➢ da constituição dos órgãos sustentadores da arma em manter-se a pontaria;
➢ do comprimento do cano.

4.2.1.2 Velocidade de Tiro

É o número de disparos susceptíveis ou possíveis de serem efetuados por uma arma em


um minuto, com inclusão do tempo gasto em colocar e retirar os carregadores.

A velocidade de tiro depende:

➢ da segurança e regularidade do funcionamento;


➢ da maior ou menor dificuldade em retirar e colocar os carregadores ou fitas;
➢ da qualidade do material do carregador;
➢ da regulagem da arma.

4.2.1.3 Capacidade de Tiro

É a aptidão que tem uma arma de manter o fogo, sem que se reduza a velocidade de tiro
ou resulte dessa continuidade de ação um desgaste apreciável do material.

A capacidade de tiro depende:

➢ de refrigeração da arma;
➢ da estabilidade do cano;
➢ de fatores de limpeza do cano.

4.2.2 condições de serviço

Quanto às condições de serviço, as armas devem ter: robustez, simplicidade, facilidade de


serviço, mobilidade.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 31

4.2.2.1 Robustez

É a condição pela qual a arma suporta pancadas ou choques, durante os transportes e nas
operações do mecanismo, sobretudo nas ocasiões de tiro.

4.2.2.2 Simplicidade

É a condição pela qual a fabricação oferece aprendizagem rápida ao atirador.

4.2.2.3 Facilidade de Serviço

Função da simplicidade é a condição a que as armas devem satisfazer, a fim de que não
exijam esforços ou ferramentas especiais nas fases de sua preparação e operação.

4.2.2.4 Mobilidade

É a condição pela qual a arma pode ser transportada para qualquer lugar, sem fatigar o
operador pelo seu peso e volume.

4.2.3 Condições de fabricação

Quanto às condições de fabricação, é necessário:

➢ que o material de fabricação da arma não seja difícil de se obter, principalmente em


época de guerra;
➢ possibilidade de montagem em série.

4.3 Condições particulares das armas de fogo

As condições de ordem particular são aquelas que atendem aos requisitos exigidos por
cada grupo de armamento em particular.

No caso do armamento aéreo, por exemplo, as condições particulares a que devem


satisfazer as armas são, entre outras:
➢ peso reduzido,
➢ sistema de refrigeração mais simples,
➢ aparelhos de pontaria especiais
➢ cadência mais elevada.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 32

4.3.1 Armas automáticas

4.3.1.1 Classificação das armas automáticas

Como foi visto anteriormente, as armas automáticas são as que, após a deflagração da
carga propulsora, utilizam a pressão dos gases resultantes para lançar o projétil e fazer recuar o
mecanismo da culatra, executando as fases gerais do funcionamento, continuamente.

Podemos classificar as armas automáticas quanto:

➢ a instalação e
➢ ao princípio de funcionamento.

4.3.1.1.1 Classificação quanto à instalação

Quanto à instalação, as armas automáticas classificam-se em:

➢ fixas
➢ móveis.

a) Fixas

São as que, ficando instaladas e imobilizadas diretamente numa plataforma estacionária


ou não, têm os movimentos dependentes do movimento da plataforma. As armas fixas
classificam-se em sincronizadas e independentes.

-.Armas Sincronizadas

São as que têm o regime de fogo controlado pelo regime de um motor que as comanda
assim que se comprime a tecla do gatilho. São armas que atiram entre os espaços das pás das
hélices dos aviões e o motor que as comanda trabalha sincronizado com o motor do avião.

-.Armas Independentes

São as que disparam por ação do dedo do atirador sobre a tecla do gatilho e têm o seu
regime de fogo ou tiro controlado pelo atirador.

Exemplo: Canhão M39A3 (instalado nas aeronaves F-5); Metralhadora Browning .50" M3
(instalada nas aeronaves AT-26 Xavante).

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 33

b)Móveis

São as que, ficando instaladas direta ou indiretamente numa plataforma estacionária ou


não, têm os movimentos independentes dos movimentos da plataforma. As armas móveis
classificam-se em livres e de torre.

- Armas Livres

São as que ficam instaladas em reparos especiais, desprovidos de blindagens e fixos à


plataforma. Estas armas recebem um dispositivo especial chamado adaptador, que gira sobre o
reparo (reparo é o suporte da arma que lhe permite a instalação).

Figura 18 MIN GUM INSTALADA EM UM HELICÓPTERO

Figura 19 METRALHADORA MAG 7,62 MM (INSTALADA EM HELICÓPTERO UH-1H).

- Armas de torre

São as que instaladas em adaptadores especiais desprovidos de blindagens,que giram em


torno de um eixo preso à plataforma. Esses dispositivos são chamados torres. Nas torres o
movimento é controlado geralmente por sistemas elétricos ou hidráulicos.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 34

4.3.1.1.2 Classificação quanto ao princípio de funcionamento

Quanto ao princípio de funcionamento ou agente motor, as armas automáticas


classificam-se em:

➢ Cano fixo com tomada de gases;


➢ Cano fixo sem tomada de gases;
➢ Cano móvel ,curto recuo do cano, com reforçador;
➢ Cano móvel, curto recuo do cano, sem reforçador;
➢ Cano móvel longo recuo do cano.

- Armas de cano fixo com tomada de gases

Nestas armas, como indica o seu nome, o cano não recua, permanecendo fixo. Só o
mecanismo da culatra faz o recuo e o avanço. Em geral, o seu funcionamento inicia-se com o
mecanismo da culatra recuado. Nestas armas, ao se libertar a culatra móvel, esta avança por força
da mola recuperadora; como o percutor faz corpo com a culatra móvel, vai ferir a cápsula do
cartucho, que se encontra na câmara.

Os gases provenientes da deflagração da carga propulsora impulsionam o projétil e são


captados por eventos existentes, geralmente, na parte média, ou média posterior do cano. Sendo
captados pelos eventos, os gases penetram em um cilindro que contém no seu interior um
êmbolo. A pressão dos gases empurra o êmbolo para trás, movimento este que é comunicado ao
mecanismo da culatra, dando-se então o recuo desse mecanismo. O desvio dos gases, geralmente
feito na seção média, ou média posterior do cano, pouco influi na velocidade inicial do projétil,
que aí já adquiriu o necessário impulso para descrever a sua trajetória.

Exemplo: Canhão M39A3 e Metralhadora MAG 7,62 mm.

Algumas dessas armas podem ter sua cadência modificada através da regulagem da
abertura do evento, como, por exemplo, a metralhadora MAG 7,62 mm, que possui um regulador
de cadência de três posições.

➢ Posição 1 - admissão mínima de gases - cadência mais baixa.


➢ Posição 2 - admissão média de gases - cadência mediana.
➢ Posição 3 - admissão máxima de gases - cadência mais alta

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 35

O regulador é do tipo "por admissão", portanto aumentando-se o diâmetro do evento,


aumenta-se a admissão dos gases, conseqüentemente, elevará a pressão exercida sobre o êmbolo
e a cadência tornar-se-á maior.

Figura 20 REGULADOR DE CADÊNCIA DA METRALHADORA MAG 7,62 MM.

- Armas de cano fixo sem tomada de gases

Nestas armas o cano também não recua, permanecendo fixo. O mecanismo da culatra faz
o recuo somente pela pressão dos gases exercida sobre o culote do estojo. Tais armas,
geralmente, não possuem tranca, e uma das inconveniências desse tipo de arma é exigir munição
com estojos de paredes bem espessas, a fim de suportarem a pressão dos gases, sem apoio da
câmara.

Exemplo: Metralhadora Thompson Cal..45" e Submetralhadora Taurus MT-12AD.

Figura 21 SUBMETRALHADORA TAURUS MT-12AD.

- Armas de cano móvel, de curto recuo do cano, com reforçador

São as que recuam, simultaneamente, o mecanismo da culatra e o cano, este num curto
espaço. Para ocorrer o recuo, essas armas aproveitam os gases resultantes da deflagração da
carga propulsora em dispositivos especiais, chamado reforçador de recuo, que são montados na
boca do cano; esses gases, ao chocarem contra a boca do cano, efetuam o recuo do cano e do
mecanismo. Isto se torna importante, sobretudo nas metralhadoras aéreas que, achando-se em

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 36

altitudes diversas de combate, sofrem mudanças de pressão e temperatura, encontrando no


reforçador de recuo as compensações para essas variações.

Exemplo: Metralhadora Browning .30"M2 e Metralhadora Browning .50" M3.

Figura 22 METRALHADORA BROWNING .30"

- Armas de cano móvel, de curto recuo do cano, sem reforçador

Diferem das armas com reforçador apenas por não o possuírem. São armas em que a
potência da deflagração da carga propulsora é suficiente para proporcionar uma pressão normal
para o exato funcionamento da arma.

Exemplo: Metralhadora Browning .50" M2 e .50" M2HB.

Figura23 METRALHADORA BROWNING.50

Armas de cano móvel, de longo recuo do cano

Nestas armas, o mecanismo recua somente pela pressão dos gases exercida sobre o culote
do estojo, que é extremamente grande, dando longo recuo do cano.
Exemplo: Canhões de artilharia pesada.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 37

5 ARMAS AÉREAS

5.1 Particularidades

As armas empregadas no tiro aéreo são metralhadoras e canhões, cujos calibres variam de
7 a 75 mm.

Metralhadora é uma arma automática de grande velocidade de funcionamento e calibre


inferior a 20 mm.

Canhão é uma arma automática de grande velocidade de funcionamento e calibre igual ou


superior a 20 mm.

Em relação ao equipamento terrestre ou naval do mesmo gênero, o armamento aéreo


apresenta certas particularidades:

➢ aparelho de pontaria especial;


➢ sistema de refrigeração;
➢ peso reduzido e cadência elevada.

5.1.1 Aparelho de pontaria

Sua função é determinar o ponto, através da linha de visada (linha imaginária que vai do
olho do atirador até o alvo), em que se deve atirar, para que o projétil vá colidir com o alvo. A
linha de visada pode ser estabelecida por meio mecânico ou ótico. Daí os aparelhos de pontaria
mecânicos (arma) ou óticos (visor ou viseira).

5.1.2 Sistema de refrigeração

Torna-se muito mais simples e fácil com o deslocamento da aeronave e permite que, pela
diminuição da superfície de arrefecimento, possa reduzir o peso da arma. Isso não se dá na arma
terrestre, em que esse problema é em parte resolvido pelo aumento da massa do cano ou por
líquidos de refrigeração.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 38

5.1.3 Cadência

A cadência deve ser elevada porque, nas circunstâncias de combate aéreo, as


oportunidades de tiro são tão escassas, que o atirador, para acertar o maior número de vezes, não
pode empregar armas de cadência reduzida.

5.2 Descrição geral de uma arma aérea

O automatismo de uma arma inicia-se após o primeiro disparo. A partir de então,


podemos considerar o funcionamento durante a fase de recuo e durante a fase de avanço do
mecanismo, até se dar um novo disparo, iniciando então um novo ciclo.

Descreveremos a seguir, de maneira superficial, os grupos principais de uma arma aérea,


tomando, como exemplo, a metralhadora Browning .50", objetivando uma visão geral dos grupos
principais e do funcionamento de uma arma aérea típica.

Figura 24 - METRALHADORA BROWNING .50"M3.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 39

➢ Placa de fechamento

• A placa de fechamento é montada na parte posterior da caixa de mecanismo. É ela


que recebe o choque da culatra móvel, quando esta recua durante o funcionamento.
A placa de fechamento da metralhadora móvel (.50" M2) se distingue de sua
congênere fixa (.50" M3) pelos punhos e guarnições (tecla do gatilho e registro de
segurança).

➢ Culatra móvel

• É o principal grupo da metralhadora, porque todas as operações de funcionamento


são completadas por ela, direta ou indiretamente.

➢ Tampa

• É a responsável pelo ciclo de alimentação da arma, e fecha a parte superior anterior


da caixa de mecanismo.

➢ Cano

• Confeccionado de aço especial, permite dar direção e rotação ao projétil. Na seção


posterior é mais espesso, e é atarraxado ao prolongamento do cano sob regulagem
especial, sendo imobilizado nesta posição por meio de um retém.

➢ Prolongamento do cano

• É o conjunto de peças que se estende para trás da cano, até cerca da metade da caixa
de mecanismo. Nele se encontram montados o cano, a tranca e o mecanismo de
amortecimento e aceleração.

➢ Mecanismo de amortecimento e aceleração

• O mecanismo de amortecimento e aceleração, na fase de recuo, amortece o recuo do


cano e seu prolongamento e auxilia o recuo da culatra. Na fase de avanço, auxilia o
avanço de todo o conjunto (cano, prolongamento do cano e culatra.).

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 40

➢ Caixa do mecanismo

• Serve para abrigar e servir os demais grupos da arma. É na caixa do mecanismo, que
se encontram montados os demais grupos e peças. Na sua parte anterior,
encontramos montada a camisa do cano.

➢ Camisa do cano.

• Camisa do cano apresenta orifícios para refrigeração do cano, refrigeração pelo


próprio ar do deslocamento do avião.

➢ Braço ou punho de manejo

• É o conjunto que permite fazer o recuo da culatra móvel, quer para descarregar, quer
para carregar, armar ou restabelecer o funcionamento interrompido por incidentes de
tiro.

5.3 Segurança na utilização do armamento

Considere carregada toda arma de fogo, até que a mesma seja examinada, a fim de se
verificar se há cartucho na câmara, pois todos os acidentes são efeitos da demasiada confiança.

Nunca apontar uma arma para qualquer coisa em que não se pretenda atirar ou numa
direção em que possa causar danos, se a arma disparar.

Não desmonte uma arma de fogo, a menos que ela tenha de ser inspecionada ou limpa.
Ao inspecionar ou examinar uma arma, aponte a boca do cano para uma área segura,
normalmente para o chão ou para cima, a fim de que uma descarga acidental não ponha em
perigo vidas ou propriedades.

Jamais tente usar uma arma, a menos que compreenda todas as suas características de
segurança. Jamais abandone uma arma carregada num lugar onde alguém possa apanhá-la.

Usar, em cada arma, somente a munição designada para a mesma.

Sempre examinar os dispositivos de segurança da arma. Um dispositivo de segurança


defeituoso é um dispositivo de perigo.

Nunca usar munição real para comprovar o funcionamento mecânico de uma arma,
exceto num campo de tiro aprovado ( estande de tiro).

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 41

6 ELEMENTOS QUE INFLUÊNCIAM NO TIRO

6.1 Raiamento

É o mais importante elemento que influi no tiro. Uma raia é considerada quanto à:

➢ Forma;
➢ Profundidade e largura;
➢ Inclinação;
➢ Número de raias;
➢ Comprimento do cano.

6.1.1 Forma

Devem-se evitar ângulos reentrantes, para não dificultar o enchimento, pelo chumbo ou
camisa de forçamento do projétil, o que daria evasão de gases. A melhor forma é a arredondada.

6.1.2 Profundidade e largura

Em uma raia muito profunda ou larga, não haveria o enchimento perfeito da raia pelo
chumbo ou material da camisa de forçamento do projétil, dando-se evasão de gases.

Também não se deve ter uma raia pouco profunda ou pouco larga, o que iria dificultar o
movimento do projétil dentro do cano.

O termo médio é o melhor raiamento, e é calculado em função da velocidade inicial, da


pressão, do tipo de raiamento e do calibre da arma.

6.1.3 Inclinação

O estudo da inclinação deve ser feito conjuntamente com o da Carga de Propulsão,


porque a menor variação em uma delas exerce imediata influência na outra. A maior carga traz
maior justeza (precisão) de tiro, mas, além de um certo limite, o projétil rompe-se, passa sobre as
raias, sem as seguir, e sai deformado, sem o movimento de rotação que se lhe desejava imprimir;
o recuo é considerável, e o cano expõe-se à ruptura.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 42

A inclinação é também chamada passo (distância entre o início e o fim de cada volta de
uma helicoidal). Quanto maior for a inclinação da raia, menor será o passo da hélice geométrica.
Quanto menor for a inclinação da raia, maior será o passo da hélice geométrica.

A velocidade de rotação do projétil será maior quanto menor for o passo da hélice
geométrica, dentro de certos limites, porque, à medida que o passo diminui demasiadamente para
uma mesma carga, a pressão do projétil na raia aumenta, e ele pode até romper-se. Vemos,
assim, que, para empregar hélices curtas (maior pressão), deve-se diminuir a carga, para evitar a
excessiva pressão no projétil. Há, portanto, duas soluções para o problema das raias:

➢ passo das hélices curtas e carga fraca;


➢ passo das hélices longas e carga forte.

No primeiro caso, há diminuição da velocidade inicial e, consequentemente, dos efeitos


eficazes do projétil para maior distância. Como o que se deseja é obter efeitos mortíferos a
grandes distâncias, renuncia-se a ele e segue-se a outra solução (passo das hélices longas e carga
forte).

Como a velocidade de rotação do projétil será maior quanto menor for o passo da hélice,
aumentando-se o passo (diminuindo-se a inclinação), essa velocidade de rotação tenderá a
diminuir. Porém, com a carga forte, a velocidade inicial aumentará, o que compensará a
tendência de diminuição da velocidade de rotação, uma vez que a rotação do projétil depende da
velocidade inicial.

6.1.3.1 Tipo de inclinação

A inclinação do raiamento pode ser:

➢ Crescente:
Quando as raias possuem pequena ou nenhuma inclinação na origem, aumentando
gradualmente, à medida que se aproxima da boca do cano. Essa inclinação chama-se também
inclinação parabólica.

➢ Uniforme:
Quando a inclinação das raias é a mesma, desde a origem até a boca do cano.
DIVISÃO DE ENSINO SSDM
EEAR 43

6.1.4 Número de raias

Abaixo de quatro raias, haverá diminuição na justeza de tiro, porque o projétil não terá
segurança em seu movimento dentro do cano.

6.1.5 Comprimento do cano

Um cano de comprimento excessivo é prejudicial pelo atrito demasiado do projétil nas


raias, devido ao longo percurso. O projétil perde grande quantidade de movimento, além do que,
o cano raiado, precisando de grande espessura, aumentaria em muito o seu peso.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 45

7 PRINCÍPIOS QUE DETERMINAM A CONSTRUÇÃO DAS ARMAS DE FOGO

As exigências de construção requerem velocidades iniciais de 2.500 a 3.150 pés por


segundo. Velocidades inferiores proporcionam menos energia de impacto, e um projétil
disparado à baixa velocidade descreveria uma parábola muita acentuada, em tiros de longo
alcance; assim, a pontaria poderia não ser precisa.

As armas necessitam, então, de alta potência e alta velocidade inicial. O cano pode ser
considerado como um tubo construído para resistir à pressão interna e dar a direção desejada ao
projétil. Ao se construir um tubo desses, devem-se considerar quais as tensões que ele terá de
suportar nos seus diversos pontos, e torná-lo suficientemente forte para proporcionar segurança
perfeita.

As principais tensões a que está sujeito o cano, durante a explosão da carga propulsora,
são:

➢ Tensão ou esforço circunferencial ou tangencial (tende a torcer o cano), acompanhado


de uma - tensão ou esforço radial (tende a explodir o cano);
➢ Tensão ou esforço longitudinal (tende a deslocar o cano no sentido do seu
comprimento).

Segundo a LEI DE LAMÉ: "Em um ponto qualquer de um cilindro oco sobre pressão interna, a
soma da tensão tangencial com a tensão radial varia inversamente com o quadrado do raio".

Figura 25

Isso quer dizer que:

Em um cilindro oco, sobre pressão interna, os pontos mais próximos ao diâmetro interno
sofrem maior tensão, em relação aos situados mais próximos ao diâmetro externo;

Em um cilindro oco, sobre pressão interna, os pontos mais próximos ao diâmetro interno
realizam um esforço menor, em relação aos situados mais próximos ao diâmetro externo.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 46

Daí, dois princípios de construção de canos se apresentam:


➢ princípio das elasticidades variáveis,
➢ princípio das tensões iniciais.

7.1 Princípio das elasticidades variáveis

Consiste em construir o cano por camadas, sendo os metais de maior elasticidade


colocados mais próximos ao diâmetro interno; e os de menor elasticidade, mais distantes do
mesmo diâmetro.

7.2 Princípio das tensões iniciais

Consiste em construir o cano, dando às partes exteriores uma tensão inicial (por
intermédio de têmperas variáveis), que diminui gradativamente na direção do interior. Vale
ressaltar que quanto mais temperas mais rígido o material vai ficar.

7.3 Temperatura dos canos

A temperatura dos canos, quando há falta de boa refrigeração, sobe rapidamente durante
o tiro, especialmente quando as rajadas são descontroladas. Quanto maior for a rajada, mais alta
a temperatura do cano. Todo cano tem seu limite de rajada. Assim, nas metralhadoras Browning .
50", a rajada máxima permitida é de 75 tiros. Depois de passado um minuto a partir da rajada
inicial, estas metralhadoras podem continuar atirando com rajadas de 25 tiros consecutivos,
espaçadas de um minuto, uma da outra.

O super-aquecimento do cano causa diversos defeitos:

➢ Desgaste prematuro do cano, causado pela força de erosão dos gases;


➢ Fogo descontrolado, causado pela auto-ignição da carga propulsora (auto-explosão);
➢ Perda da velocidade inicial e da estabilidade na trajetória, causado pela dilatação do
cano;
➢ Dilatação demasiada do cano e, consequentemente, impossibilidade de recuar.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 47

8 BALÍSTICA

Balística: é a ciência que estuda o movimento dos projéteis, especialmente das armas de
fogo, seu comportamento no interior destas e também no seu exterior, como a trajetória, impacto,
marcas, explosão, etc, utilizando-se de técnicas próprias e conhecimento de física e química,
além de servir a outras ciências.

Pode-se analisar o movimento de balística como uma composição de movimentos.


Desconsiderando forças de caráter dissipativos, na vertical, o projétil está exposto a um
movimento retilíneo uniformemente variado em decorrência da aceleração da gravidade. Na
horizontal, o projétil está exposto a um movimento uniforme uma vez que não há aceleração na
horizontal. Apesar de tudo a balística é uma ciência tudo menos linear, com inúmeras variáveis.

A balística subdivide-se em quatro seções principais:

➢ Interna;
➢ Intermédia ou de transição
➢ Externa;
➢ Terminal ( efeito).

8.1 Balística interna

Entende-se por Balística Interna a secção da Balística que estuda os fenômenos que
ocorrem dentro do cano de uma arma de fogo durante, o seu disparo. Mais especificamente
estuda as variações de pressão dentro do cano, as acelerações sofridas pelos projéteis, a vibração
do cano, entre outras coisas.

8.1.1 Iniciação

Uma arma ao disparar começa por iniciar a carga de pólvora da munição. A queima da
pólvora origina gases que por estarem confinados vão originar pressão que por sua vez atua na
base do projétil, fazendo força neste. É graças à obturação que os gases não escapam para mais
lado nenhum a não ser a boca do cano. A rapidez de queima é proporcional à pressão, logo, as
altas pressões geradas vão acelerar a própria queima. No principio das armas de fogo só existia a
pólvora negra. Atualmente existem inúmeras pólvoras diferentes, onde entre cada uma pode
variar a sua vivacidade, característica, tamanho e forma (desde simples grãos a cilindros ocos,
DIVISÃO DE ENSINO SSDM
EEAR 48

por ex.). Uma pólvora muito viva, queima rapidamente que origina altas pressões rapidamente
que por sua vez aceleram a queima.

Figura 28

8.1.2 Seguimento do projétil

O projétil só inicia o movimento depois de ter ocorrido o seu forçamento para fora do
estojo e nas raias do cano (a não ser que seja um cano sem raia) que lhe conferem um movimento
rotacional. O projétil vai então adquirir uma enorme velocidade em pouco espaço (ex: na
espingarda de assalto HK G3 o projétil sai do cano com uma velocidade de cerca de 800 m/s que
adquiriu em apenas 45cm).

8.1.3 Gráfico de pressão

Os gráficos de pressão são o tema central da Balística Interna. Para que uma arma tenha
um bom rendimento dos gases da queima e ao mesmo tempo tentar ter canos leves e menos
resistentes há que olhar para os gráficos de pressão. Se usarmos uma grande carga de pólvora na
munição, as pressões máximas são proporcionalmente maiores. Deve-se então jogar com a forma
da pólvora de maneira a que queime lentamente ao principio, quando o projétil avança com
pouca velocidade e com maior velocidade quando o projétil já começa a deixar espaço livre atrás
de si devido à sua velocidade. Existem inúmeras maneiras de obter isto, ora com cargas de
pólvora menos vivas, ora com a sua quantidade, ora com a forma dos grãos de carga, ora com o
peso do projétil, etc. Estes conceitos não se aplicam tanto a armas portáteis, tanto porque a
variedade de pólvoras para estas armas não é muita, e uma boa resistência dos canos não é difícil
de atingir. Em resumo, balística interna e a parte que estuda o movimento do projétil desde o
momento da percussão até a origem da trajetória (boca do cano). Nessa subdivisão da balística

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 49

faz-se o estudo do cálculo do cano e também, naturalmente, o cálculo das câmaras. Estuda-se,
também, a reação química de composição da carga explosiva propulsora.

8.2 Balística intermédia ou de transição

Entende-se por Balística Intermédia o estudo dos fenômenos sobre os projéteis desde o
momento em que saem do cano da arma até o momento em que deixam de estar influenciados
pelos gases remanescentes à boca da arma.

Fenômenos sobre os projéteis

Nesta seção da Balística o mais importante é o efeito dos gases imediatamente à saída do
cano. Os gases da queima saem do cano a uma velocidade maior que a do projétil, envolvendo-o.
Basta haver uma pequena falha na boca do cano, para que uma grande quantidade de gases saiam
por essa falha provocando um efeito muito grave na precisão do tiro. O projétil é desviado
significativamente.

Manipulação dos gases

Na balística intermédia outro fator de estudo e aplicação são os aparelhos que atuam na
boca do cano, tais como tapa-chamas, quebra chamas, silenciadores e afins.

➢ Silenciadores são de uma maneira básica, um tubo com várias câmaras separadas de
maneira que os gases, por viajarem mais rápido que o projétil, percam a sua
velocidade nessas câmaras antes de chegarem ao fim com uma velocidade que se quer
menor quanto possível. Isto, para evitar a explosão sônica (produzida quando a
velocidade dos gases ultrapassa a velocidade do som). Apesar dos gases, uma arma
para ser silenciosa precisa que a munição não possua velocidade supersônica pela
mesma razão, e os mecanismos da arma sejam também "silenciosos" na sua operação.

➢ Tapa-chamas (quebra chamas) são dispositivos com o objetivo de reduzir o tamanho e


intensidade da chama à boca. Existem também uma espécie de "travões" (muzzle-
brake) e compensadores que projetam os gases de maneira a que contrariem o recuo,
ou salto vertical da arma respectivamente.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 50

8.3 Balística externa

A balística externa é o estudo das forças que atuam nos projéteis e correspondentes
movimentos destes durante a sua travessia da atmosfera, desde que ficaram livres das influências
dos gases do propulsante, até aos presumíveis choques com os seus alvos.

8.3.1 Forças atuantes nos projéteis

As duas principais forças que atuam sobre os projéteis durante as suas viagens na
atmosfera e valor relativo dessas forças, no caso dos projéteis modernos são:

➢ A força da gravidade ou atração terrestre;


➢ A resistência do ar aos seus movimentos, sendo que esta, para os projéteis e granadas
de artilharia modernas pode ser considerada como tendo, grosso modo, um valor igual
a 100 vezes o valor da atração terrestre.

Analisando matematicamente a trajetória balística no vácuo, ela caracteriza-se por: ter a


forma de uma parábola; o ângulo de queda é igual ao de projeção; velocidade de queda é igual à
de projeção; tem alcance máximo para um ângulo de 45º. A realidade porém é bem diferente.

Apesar de a atração terrestre ser bastante similar à do vácuo, a força a ter em conta é a
resistência do ar, que tem três componentes: a força de sucção provocada pelo vácuo na base do
projétil; uma componente de compressão sobre a ponta do projétil, devida a uma compressão do
ar naquela zona; uma componente de fricção do ar sobre as superfícies e protuberâncias laterais
do projétil. Para velocidades subsônicas do projétil a componente de resistência mais importante
é a de sucção, enquanto que para velocidades supersônicas a resistência por compressão é a mais
importante.

No ar, as principais características da trajetória são: tem a forma assimétrica em relação


ao plano vertical e transversal que passa pelo vértice dessa trajetória; tem uma velocidade de
queda menor que a velocidade de projeção; tem um ângulo de queda maior que o ângulo de
projeção; tem o alcance máximo sempre bastante menor do que seria a sua trajetória no vácuo
com aquela velocidade inicial e ângulo de projeção; tem o alcance máximo para um ângulo de
projeção sempre menor que 45º. Apesar disto, para projéteis com velocidades baixas (menor que
250 m/s) e suficientemente pesados a trajetória assemelha-se em muito à do vácuo.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 51

8.3.2 Resistência do ar

As leis da aerodinâmica impõem que a resistência do ar ao movimento de um projétil seja


igual à massa da coluna de ar deslocada por esse projétil na unidade de tempo. Esse mesmo
resultado é o indicado pela lei de Prandtl que diz que Ra = Cr x ρ x V2 x d² / 8

Em que Cr é o coeficiente de resistência, ρ é a densidade do ar, V é a velocidade do


projétil e d é o seu calibre verdadeiro. Qualquer que seja a forma do projétil, o seu coeficiente de
resistência tem um valor que variará com a velocidade, sendo porém que em todos os casos o
valor de Cr será máximo para o valor da velocidade do som.

8.3.3 Deriva

Designa-se por deriva o desvio, para fora do plano vertical que contém a linha de
projeção, sofrido pelos projéteis que são estabilizados giroscopicamente ou por rotação. Esse
movimento, que resulta da "queda" constante dos projéteis e do fato de essa queda fazer com que
o ar sob os projéteis fique a uma pressão superior à do ar sobre eles, será para a direita se o
sentido do movimento de rotação do projétil for, visto do lado da base, o dos ponteiros do relógio
e vice-versa.

De modo semelhante, no caso dos projéteis estabilizados por rotação com uma rotação no
sentido dos ponteiros do relógio quando vista do lado da base, um vento que sopre da direita para
a esquerda deverá (para além de o deslocar para a esquerda) fazer o projétil subir. E vice-versa
para um vento que sopre da esquerda para a direita.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 52

8.3.4 Efeitos dos ventos

Os efeitos dos ventos longitudinais são tais que:

➢ Um vento longitudinal que sopre de frente, ao fazer com que a velocidade relativa dos
projéteis seja menor e com que eles levem mais tempo a chegar ao alvo e estejam
portanto mais tempo sujeitos à ação da gravidade, fará com que eles venham a bater
mais baixo;

➢ Por outro lado, um vento longitudinal que sopre de trás para a frente, ao fazer com que
a velocidade relativa dos projéteis seja maior e com que eles levem menos tempo a
chegar ao alvo e estejam portanto menos tempo sujeitos à ação da gravidade, fará com
que eles venham a bater mais alto;

➢ Um vento lateral da esquerda ara a direita fará o projétil deslocar-se para a direita;

➢ Um vento lateral da direita para a esquerda fará o projétil deslocar-se para a esquerda.

Em resumo, balística externa é a parte da balística que estuda o movimento do projétil,


desde a origem da trajetória (boca do cano), até o final da trajetória do projétil, a inclinação e as
coordenadas do projétil. O cálculo dos citados elementos é feito em função de dois dados
conhecidos:

➢ velocidade inicial do projétil ( que varia conforme cada arma);


➢ ângulo de lançamento do projétil.

8.4 Balística terminal (efeito)

A Balística Terminal é o estudo da interação entre os vários gêneros de projéteis e os seus


alvos.

8.4.1 Classificação de Alvos

Estes classificam-se em alvos duros e alvos moles, conforme são ou não difíceis de
penetrar, ou seja, conforme dispõem ou não de uma armadura ou couraça qualquer. A balística

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 53

terminal divide-se na que estuda a interação com os alvos duros e a que interage com alvos
moles, também conhecida por balística das feridas.

8.4.1.1 Alvos duros

Podem-se considerar como alvos duros desde armaduras de tanques até coletes à prova de
bala. Para a sua neutralização existem vários tipos de munição, desde projéteis cinéticos
chamados APDS ou APFSDS que devido à sua alta densidade aliada com uma área transversal
baixa conseguem uma boa perfuração, até cargas focais, como p.ex. os RPG’s, que usam uma
carga explosiva em forma de cone que quando atinge o alvo, projeta a explosão para um único
ponto, conseguindo temperaturas elevadas a uma alta velocidade de impacto.

As armaduras “falham” de diversas maneiras, sendo essas:

➢ Falha dúctil (material macio);


➢ Falha por fratura (material muito duro);
➢ Falha por vazamento (quando o material é de dureza intermédia e é “arrastado” para
dentro por um projétil de ponta romba);
➢ Falha por destacamento de uma face interior (causado por munições HESH, que
consiste numa “crosta” da parte interior da armadura ser destacada a alta velocidade
devido à onda de choque causada pelo projétil).

Alvos Moles

Consideram-se como alvos moles animais assim como seres humanos. Aqui já não se
considera o emprego de explosivos porque não é preciso tanto para a incapacitação do alvo, mas
mais porque é proibido o uso de munições explosivas contra seres humanos e animais. No
contexto da Balística das feridas, as energias denominam-se:

➢ A Energia de Impacto como sendo a energia restante do projétil no instante em que


entra em contacto com o alvo
➢ A Energia Emergente como sendo, no caso de o projétil atravessar completamente o
alvo, a energia cinética com que o projétil emerge do alvo

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 54

➢ A Energia Transferida como sendo no caso anterior a diferença entre a energia de


impacto e a energia emergente e no caso em que o projétil fica dentro do alvo é igual à
energia de impacto.

Pretende-se sempre que a energia transferida seja a maior possível pelo que se pretende
sempre que ou os projéteis nunca venham a emergir ou que, vindo a emergir, o façam
transportando o mínimo de energia cinética.

Fala-se do termo “Potência do impacto” para referir o espaço / profundidade da ferida


produzida após um dado impacto. Neste contexto, fala-se de uma grande potência do impacto
quando, apesar duma grande energia de impacto, a ferida vem a ter apenas uma pequena
profundidade. E diz-se que os valores altos de potência de impacto provocam estados de choque,
sendo que este termo designa um conjunto complexo de efeitos fisiológicos e psicológicos que
tendem a incapacitar muito rapidamente o indivíduo (ou o animal) atingido.

Para a incapacitação de uma alvo os fatores determinantes são: a localização e direção do


ferimento; a velocidade de impacto; a energia de impacto; A densidade energética (em J / mm2,
é praticamente sinônimo de capacidade de perfuração); o desenho da ponta; a estabilidade do
projétil após o impacto; a estabilidade da forma do projétil ao longo da perfuração. Ainda sobre
este tema há que referir as cavidades temporárias que são uma espécie de espaço vazio que se
forma à volta da passagem (cavidade permanente) por onde passa um projétil a alta velocidade,
que entretanto desaparece. Ou seja, pode haver lesões em órgãos não perfurados pelo projétil,
mas que tenham sido comprimidos por uma cavidade temporária. O tamanho da cavidade é
proporcional à velocidade do projétil.

Em resumo, balística terminal é a parte da balística que estuda os efeitos causados pelo
projétil, tais como poder destruidor, poder de penetração em blindagens, etc...

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 55

9 TECNOLOGIA E METROLOGIA

9.1 Conceito:

Ciência da medição. A metrologia abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos


a medição, qualquer que seja a incerteza, em qualquer campo da ciência e ou tecnologia.

➢ Grandeza:
Atributo de um fenômeno que pode ser qualitativamente distinguido e quantitativamente
determinado. Pode ser classificado em grandeza de base ou derivada.

➢ Grandeza de Base:
É uma grandeza independente de outra grandeza. Ex: massa, comprimento, tempo, etc.

➢ Grandeza Derivada:
É uma grandeza definida a partir da correlação entre grandezas de base.

Exemplo: a grandeza força é uma grandeza derivada, pois é formada pelas grandezas
massa, comprimento e tempo.

➢ Unidade de Medida:
É utilizada para expressar magnitude com relação a grandeza em diversos sistemas, e
ainda diferenciar grandezas de natureza diferentes. Seu nome e símbolo são definidos e
adotados por convenção.

➢ Sistema de Unidade de Medida:


É o conjunto das unidades de base e unidades derivadas, definido de acordo com regras
especificas. Ex: Sistema Internacional (SI), CGS, MKS, etc.

➢ Sistema de Unidades Coerente:


É um sistema cujas unidades de base e derivadas são oriundas de um único sistema de
unidades.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 56

➢ Medição:
Conjunto de operações que tem por objetivo determinar o valor de um grandeza
utilizando-se de métodos e procedimentos adotados e padronizados. Durante uma
medição podemos encontrar diversos fatores que contribuem para um grau de
confiabilidade da mesma, tais como: incerteza de medição(nível de precisão), desvio
padrão(devido a várias medições). Erro de método. Erro de medição, etc.

➢ Padrão Metrológico:
Conceito: Dispositivo capaz de reproduzir(primário) ou conservar(secundário, referência
e trabalho) uma unidade para servir de referência na calibração. Ex: massa padrão de
1KG, padrão de referência de césio, etc.

➢ Padrão Primário:
Padrão que é reconhecido como tendo a mais alta qualidade metrológica e cujo valor é
aceito sem referência a outros padrões de mesma grandeza.

➢ Padrão Secundário:
Padrão cujo valor é estabelecido através de comparação com um valor primário de
mesma grandeza.

➢ Padrão de Referência:
Padrão geralmente tendo a mais alta qualidade metrológica disponível em um dado local
ou em uma dada organização, a partir do qual as medições lá executadas são derivadas.

➢ Padrão de Trabalho:
Padrão utilizado rotineiramente para calibrar instrumentos de medição geralmente é
calibrado por comparação a um padrão de referência.

➢ Calibração:
conceito: Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação
entre os valores indicados por instrumento de medição e os valores correspondentes das
grandezas estabelecidas por padrões. A calibração deve ser efetuada periodicamente,
devendo possuir controle e identificação adequadas previstas na Norma Técnica do
SISMETRA( sistema de Metrologia Aeroespacial) NTS 9-11 de 1996.
DIVISÃO DE ENSINO SSDM
EEAR 57

Figura 29

➢ Laboratório Central de Calibração ( LCC):


É um laboratório que detêm os padrões de mais alto nível dentro do COMAER,
pertencente a estrutura do CTA. Os padrões do CTA devem ser rastreados a padrões
nacionais (IMETRO) ou internacionais (Bureau Paris).

➢ Laboratório Regional de Calibração (LRC):


É o laboratório integrante do SISMETRA autorizado pelo LCC a calibrar e certificar
padrões LSC. Devem ser rastreados aos padrões LCC.

➢ Laboratório Setorial de Calibração (LSC ):


É o laboratório localizado em unidades do COMAER e rastreado aos padrões do LCR.

9.2 Histórico da metrologia

Cerca de 40000 anos atrás para medir comprimento, as unidades de medição eram
baseadas em partes do corpo humano, como referências universais, pois ficava fácil chegar-se a
uma medida que podia ser verificada por qualquer pessoa. Foi assim que surgiram medidas
padrão como a polegada, o palmo, o pé, a jarda, a braça e o passo.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 58

Figura 30

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 59

Figura 31

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 60

Metro padrão ( Barra de Platina e Irídio)

Padrão de metro em vigor, depositado no B.I.P.M ( Bureau Internacional de Poids Et


Mésures ), França.

Figura 32

Metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o intervalo de


tempo de 1/299.792.458 do segundo.

Quilo padrão: Padrão em platina e irídio que determina a massa exata do quilograma,
conservado no Bureau Internacional de pesos e medidas, em Sévres na França.

Figura 33

Sistema Internacional de Medidas (SI) unidade SI

Unidade nome símbolo


Comprimento metro M
Massa quilograma KG
Tempo segundo S
Corrente elétrica ampére A
Temperatura termodinâmica kelvin K
Quantidade de matéria mol Mol
Intensidade luminosa candela CD

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 61

9.3 Sistema de medição

Sistema Inglês ( Britânico)

O sistema Inglês de medição usa dois processos de leitura, um pelo sistema de polegada
fracionária e o outro pelo sistema de polegada decimal.

Figura 33

Equivalência entre os Sistema métricos e o Inglês.

Sendo 1” ( uma polegada ) igual a 25,4 mm , partindo dessa afirmativa podemos


converter qualquer medida em polegada para milímetro ou mesmo de mm para pol.

Para converter polegada em milímetro basta multiplicar o valor em polegada por 25,4.

Exemplo: 0,001”x25,4 = 0,0254mm

Para converter milímetro em polegada basta dividir o valor em milímetro por 25,5.

Exemplo: 0,0254 : 25,4 = 0,001”

9.3.1 Escala

Usada para tomar medidas lineares, quando não há exigência de grande rigor ou precisão.

A escala ou régua graduada é um instrumento de medição, fabricado em aço, que


apresenta em geral , graduação do sistema métrico ( centímetro e milímetro ) e graduações no
sistema inglês (polegada e subdivisões).

Figura 34

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 62

9.3.2 Paquímetro

É utilizado para medição de peças cujo o grau de incerteza não justifique o uso do
micrômetro e quando a tolerância requerida não for menor que 0,01mm , 1/128” ou 0,001”.

Figura 35

9.3.2.1 Tipos de paquímetros:

➢ paquímetro tipo universal


➢ paquímetro eletrônico digital
➢ paquímetro com relógio
➢ paquímetro de profundidade
➢ paquímetro vertical
➢ paquímetro com bicos longos para medidas em posição profunda

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 63

Figura 36

9.3.2.2 Conservação dos paquímetros

➢ deve ser manejado com todo cuidado, evitando-se quedas;


➢ evite quaisquer choque, o paquímetro não deve entrar em contato com as ferramentas
usuais de trabalho mecânico;
➢ evite arranhaduras ou entalhes, pois podem prejudicar a graduação;
➢ o paquímetro deve ser guardado em estojo próprio;
➢ dê completa limpeza após o uso;
➢ não pressione excessivamente o cursor, ao fazer uma medição; e
➢ faça a calibração periodicamente.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 64

9.3.2.3 Utilização correta do paquímetro

➢ faça a limpeza do paquímetro e da peça;


➢ posicione a peça, de preferência, apoiada sobre uma mesa;
➢ segure o paquímetro com a mão direita, de outra forma ficará difícil fazer a leitura;
➢ faça a primeira medida:
➢ desloque o cursor, até que as garras apresentem uma abertura maior que a medida por
fazer na peça.
➢ Encoste o centro da garra fixa em uma das extremidades do diâmetro ou comprimento
por medir.
➢ Feche o paquímetro suavemente até que a garra móvel toque a outra extremidade do
diâmetro.
➢ Exerça um pressão suficiente para manter a peça ligeiramente presa entre as garras .
➢ Posicione as garras do paquímetro na peça, de maneira que estejam no plano de
medição.
➢ Use a mão esquerda, para melhor sentir o plano de medição.

Figura 37

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 65

9.3.2.4 Leitura do vernier

Figura 38

9.3.2.5 Medição no sistema métrico

Figura 39

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 66

9.3.2.6 Uso do nônio ( vernier)

Figura 40

9.3.2.6 Medições Realizadas no Sistema Inglês Fracionário

Graduação da escala ( polegada fracionário)

Para se efetuar leitura de medidas em um paquímetro, no Sistema Inglês Fracionário, faz-


se necessário conhecer todos os valores das divisões da escala.

Figura 41

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 67

9.3.2.7 Uso do Nônio (Vernier)

Através do Vernier pode-se registrar no paquímetro várias outras frações da polegada, e o


primeiro passo será conhecer a resolução do instrumento.

➢ A=E/N
➢ E=1/16”
➢ N=8 divisões
➢ A=1/128”
➢ A=1/16” / 8 = 1/16”.1/8 = 1/128”

Figura 42

Observando a diferença entre uma divisão da escala fixa e uma divisão do vernier,
conclui-se que cada divisão do vernier é 1/128” menor que cada divisão da escala fixa.

Figura 43

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 68

9.3.2.8 Erros de medição

Erros de influências objetivas são aqueles motivados pelo instrumento.


Podem ser:

➢ Erro de planeza
➢ Erro de paralelismo
➢ Erro de divisão da escala
➢ Erro da divisão do vernier
➢ Erro da colocação do zero

Erros de influências subjetivas são aqueles causados pelo operador.


Podem ser:

➢ Paralaxe
➢ Pressão de medição

No erro por paralaxe o cursor onde é gravado o vernier, por razões tecnológicas, tem uma
espessura mínima “A”. Assim, os traços do vernier TN são mais elevados que os traços da régua
TM.

Figura 44

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 69

9.3.3 Micrômetro

Características

➢ Indicação do espaço de medição permitida;


➢ Arco ( varia conforme a medição indicada );
➢ Ponta de contato ( pode ser fixa ou intercambiável);
➢ Ponta de contato móvel ( no parafuso micrométrico);
➢ Parafuso de fixação do tambor;
➢ Cilindro ou luva ( contem as linhas de referências );
➢ Tambor ( gira solidário ao parafuso micrométrico );
➢ Catraca ( controla a pressão de medição sobre a peça).

Segue abaixo os principais micrômetros.

➢ Micrômetro Externo Universal.

Comumente utilizado para medições externas, como comprimento, espessuras,


diâmetros,etc.

Figura 45

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 70

➢ Micrômetro Externo de Profundidade.

Conforme a profundidade a medir, faz-se necessário a substituição da haste por outra,


variando a capacidade de medição do instrumento, adequando-o para a realização da medição
desejada.

Figura 46

➢ Micrômetro Interno é um instrumento de alta exatidão, destinado exclusivamente à


medição e ao controle dos diâmetros internos. O valor encontrado é o diâmetro médio
da peça.

➢ Micrômetro Externo de Arco profundo é usado para medição de espessura de bordas


de chapas ou partes salientes de peças.

➢ Micrômetro Externo com Discos é usado para medição de papel, cartolina, couro,
borracha, etc, Também usado para medição de espessura de dentes de engrenagens
(sobre roletes ) e ainda outros materiais moles, onde se faz necessário maior superfície
de contato.
Figura 47

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 71

➢ Micrômetro Externo para Espessura de Paredes de Tubos é empregado para medição


de espessura de paredes de tubos ou distâncias entre partes côncavas e planas. Este
tipo de instrumento é empregado de arco especial.

9.3.3.1 Uso correto dos micrômetros

➢ Limpe os contatos do micrômetro;


➢ Observe a concordância do zero da escala da luva (cilindro ) com o zero do tambor;
➢ Faça a verificação do micrômetro no “O” ou usando padrões de referência para
micrômetro;
➢ Feche o micrômetro, girando a catraca até que se faça ouvir o funcionamento da
mesma.

Observação: Caso o micrômetro apresente diferença de concordância deve ser feita a calibração
do instrumento. Após a verificação, do perfeito funcionamento do instrumento, faça a medição.

➢ Posicione a peça,

➢ Gire o tambor até que os contatos apresentem uma abertura maior que a dimensão por
medir;

➢ Encoste o contato fixo em uma das extremidades da peça. Feche o micrômetro,


girando a catraca até que o contato móvel toque na extremidade oposta da peça; e;

➢ Faça a leitura, abra o micrômetro e retire-o da peça evitando o atrito dos contatos com
a mesma.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 72

9.3.3.2 Cuidado com os micrômetros

➢ Evitar batidas ou atritos bruscos,


➢ Evitar contatos indevidos com as ferramentas usuais de trabalho;
➢ Manter o instrumento no seu respectivo estojo eu em lugar apropriado; e
➢ Manter o instrumento sempre limpo, ou seja, limpar o instrumento todas as vezes que
for usado.

Observação: A peça a ser medida deverá estar limpa e isenta de rebarbas, pó abrasivo,
lubrificantes, etc.

9.3.3.3 Leitura do micrômetro

Para se efetuar leitura, cm o micrômetro, no Sistema Inglês Decimal, é necessário


conhecer inicialmente as divisões da escala da luva.

Figura 48

A escala da luva é formada por uma reta longitudinal, na qual o comprimento de 1” é


dividida em 40 partes iguais. As divisões da escala da luva é igual a 0,025”, que corresponde ao
passo do parafuso micrométrico.

Figura 49

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 73

➢ Uma volta do tambor - 0,025”


➢ Número de divisões do tambor - 25
➢ Cada divisão do tambor - 0,025/25 - 0,001”

Figura 50

Para se efetuar leitura com o micrômetro, no Sistema Métrico Decimal, é necessário


conhecer inicialmente as divisões da escala da luva e do tambor, que são bem diferentes do
Sistema Inglês.

Figura 51

➢ Uma volta do tambor – 0,5mm;


➢ Número de divisões do tambor – 50;
➢ Cada divisão do tambor - 0,5mm/50 – 0,01mm.

Figura 52

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 74

9.3.3.4 Erros de medição - princípio de abbe

Figura 53

9.3.3.5 Leitura do micrômetro

Para se efetuar a leitura com o micrômetro no sistema inglês decimal, é necessário


conhecer inicialmente as divisões da escala da luva ou bainha.

A escala da luva é formada por uma reta longitudinal (linha de referência), na qual o
comprimento de 1" é dividido em 40 partes iguais. Daí conclui-se que a distância entre a divisões
da escala da luva é igual a 0.025", que corresponde ao passo do parafuso micrométrico. Lêem-se,
na graduação da bainha, os grupos de 0,1" e as divisões de 0.025".

De acordo com os diversos fabricantes de instrumentos de medição, a posição dos traços


das divisões da escala da luva dos micrômetros se apresenta de formas diferentes, não alterando,
porém a distância entre si.
DIVISÃO DE ENSINO SSDM
EEAR 75

Estando o micrômetro fechado, ao se dar uma volta completa no tambor rotativo, tem-se
um deslocamento do parafuso micrométrico igual ao seu passo (0,025"). Aparecendo o primeiro
traço na escala da luva, a leitura da medida será de 0.025". Dando-se duas voltas completas,
aparecerá o segundo traço; a leitura da medida será 0,050", e assim sucessivamente

9.3.3.6 Leitura do tambor

Sabendo-se que uma volta do tambor equivale a 0,025", tendo o tambor 25 divisões,
conclui-se que cada divisão do tambor equivale a 0,001".

➢ Uma volta do tambor = 0,025";


➢ Número de divisões do tambor = 25;
➢ Cada divisão do tambor = 0,025"/25 = 0,001".

Assim sendo, se fizermos coincidir o primeiro traço do tambor com a linha de referência
da luva, a leitura será 0.001", o segundo traço 0,002", o vigésimo traço 0,020".

Sabendo-se a leitura da escala do tambor e da luva, pode-se ler qualquer medida


registrada no micrômetro.

➢ Leitura da escala da luva = 0,225";


➢ Leitura do tambor = 0,012".

Para se efetuar a leitura da medida, soma-se a leitura da escala da luva com a do tambor:
0,225" + 0,012" - 0,237".

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 76

9.3.3.7 Uso do nônio

Na utilização de micrômetros possuidores de nônio, precisa-se conhecer a aproximação


do instrumento.

➢ a = aproximação.
➢ e = menor valor da escala do tambor = 0,001".
➢ n = número de divisões do nônio = 10 divisões.
➢ A = 0,001"/10 = 0,0001".

Cada divisão do nônio é 0,0001" menor que a divisão do tambor.

Se girarmos o tambor até que o primeiro traço coincida com o primeiro traço do nônio, a
leitura da medida será 0,0001", o segundo 0,0002", o quinto 0,0005".

9.3.3.8 Leitura por estimativa

Grandes quantidades de micrômetros, utilizados nas indústrias não possuem nônio,


obrigando a todos que os utilizam a fazer leitura por estimativa.

Sendo 0,001" = 0,0010", se girarmos o tambor até que a linha de referência da escala da
luva fique na metade do intervalo entre o zero do tambor e o primeiro traço, faz-se, por
estimativa, 0.0005".

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 77

9.4 Tensiômetro

Figura 54

9.5 Torquímetro

O torquímetro é uma ferramenta de precisão que mede o torque aplicado numa porca ou
parafuso. Indiretamente o que queremos medir é a tração submetida pelo pino roscado.

Torque é sinônimo de momento de uma força em relação a um ponto. É portanto,


definido como sendo o produto da intensidade de força pela distância de aplicação desta força ao
ponto.

Torque é uma força que produz ou tende a produzir um movimento de rotação ou tração.
Multiplicando-se o valor da força aplicada pela distância do ponto de aplicação desta força ao
eixo de rotação.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 78

Figura 55

➢ Torque = força x distância.

Exemplo: Uma libra de força aplicada a uma distância de um pé do centro de um parafuso resulta
no torque de :

Figura 56

➢ torque: força x distância;


➢ torque: 1libra x 1 ft;
➢ torque: 1lb.ft.

No caso anterior se a distância fosse medida em polegadas o valor seria:

➢ torque: 1libra x 12pol;


➢ torque: 12 lb.pol.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 79

9.5.1 Requisitos de torque

➢ Verifique se o torquímetro é adequado ao tipo de trabalho.

Escala correta;
Kg.cm, Kg.m , lb.in, lb.ft ou N.m;
Se necessário, faça a conversão para a escala correta..

➢ Faixa de trabalho.

Evite usar o aparelho com valores próximos aos limites da escala, pois as leituras obtidas
poderão não ser muito exatas.

➢ Ajuste adequado.

calibre corretamente o torquímetro (se ele for pré-ajustável) no valor correto, se


necessário, faça a conversão para a escala correta.

➢ Aperto

Sempre que possível aperte a porca e não o parafuso.

Aperte lentamente e de modo uniforme para obter maior consistência e melhor


precisão possível.

Não aperte além do especificado quer para alinhamento ou para frenar a porca.
Para evitar estes inconvenientes, aperte até o limite inferior especificado e então, se
necessário, aperte novamente até que o alinhamento desejável seja obtido, caso isto
não seja possível, selecione outra porca. Ao calçar com arruelas, siga sempre o
recomendado pelo desenho ou Norma Aplicável.

➢ Valores de Torques

Todas as porcas, parafusos e tubos flangeados são torqueados segundo norma rígida
em ordens técnicas de manutenção, as tabelas de torque prevêem torques mínimos e
máximos em roscas limpas e secas ( desengraxadas) a menos que de outro modo
especificado. Para fixações auto frenadas devemos adicionar ao torque de resistência
ao atrito.
DIVISÃO DE ENSINO SSDM
EEAR 80

➢ Posicionamento do torquímetro

Nunca usar o torquímetro sobre uma porca já apertada e nunca “cheque” o torque
desapertando com o torquímetro ( a medida não é válida e a ferramenta não pode ser
submetida a esforços contrários);

➢ Validade da leitura.

Mantenha o torquímetro sempre calibrado, manipule-o com cuidado e recolha-o a


ferramentaria após utilizá-lo;

➢ Lubrificação

Nunca use lubrificantes nas partes do torquímetro. Se for pedida a lubrificação use o
lubrificante especificado.

9.5.2 Tipos de torquímetro

➢ Torquímetro de haste flexível;


➢ Torquímetro com mostrador tipo dial;
➢ Torquímetro de estalo;
➢ Torquímetro de estalo com catraca .

Figura 57

Figura 58

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 81

Torquímetro – barra de flexão

Figura 59

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 91

10 NORMAS DE SEGURANÇA

➢ Não permitir, lutas, brincadeiras e gritos dentro da oficina.


➢ Conservar as ferramentas nos seus devidos lugares.
➢ Limpar muito bem ao redor das máquinas, pois há o perigo de se escorregar e cair por
cima delas.
➢ Conservar o chão livre de óleo, e a oficina sempre limpa. ("A limpeza e a segurança
andam sempre juntas")
➢ Não deixar ferramentas nas bordas da mesa, porque estas podem cair, danificar-se e
causar ferimentos nos pés.
➢ Nunca ajustar máquinas em movimento.
➢ Não colocar pedaços de madeira ou metal nas latas destinadas à estopa.
➢ Não colocar chaves de fenda, riscadores e formões nos bolsos.
➢ Nunca usar punção ou talhadeira com cogumelo na cabeça.
➢ Usar esmeril somente munido de óculos de proteção.
➢ Nunca usar limas sem cabo.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 93

11 FERRAMENTAS MANUAIS

11.1 Chaves de fenda

11.1.1 Chave de fenda comum

É aquela que possui a largura da ponta maior que o diâmetro da haste.

Figura 60

11.1.2 Chave de fenda fina

É aquela que possui a largura da ponta igual ao diâmetro da haste. É usada para trabalhos
mais delicados, que necessitam de menor força de torção.

Figura 61

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 94

11.1.3 Chave de fenda em cruz

São as chaves Philips e Reed Prince

Figura 62

11.1.3.1 Philips

É aquela que possui a ponta rombuda, com ângulos internos côncavos.

11.1.3.2 Reed Prince

É aquela que possui a ponta rombuda com ângulos internos retos.

11.1.4 Chave de fenda em z

É aquela que tem dois ângulos retos em relação ao cabo.

Figura 63

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 95

11.2 Chave de boca

As chaves de boca possuem quatro mordentes paralelos dois a dois. A distância entre o
mordente inferior e superior determina o tamanho da chave. Seus mordentes formam ângulos de
150 em relação à linha imaginária que passa pelo centro do cabo da chave. O crescimento da
chave é de 1/16"; uma chave de boca que se adapta a uma porca de 1/4", do outro adaptar-se-á a
uma porca de 5/16", sendo esta de um lado 3/8" X 7/16".

Figura 64

Observação: o crescimento da chave de boca se dá de boca para boca.

11.2.1 Chave mista ou combinada

Constitui-se de boca de um lado, e de estrelada ou estriado do outro. Ambos os lados


possuem mesma medida. O crescimento será de chave para chave de 1/16" em 1/16".

Figura 65

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 96

11.2.2 Chave estriada

É a chave ideal para o mecânico de armamento, pois sua fina espessura, entre o diâmetro
interno e externo, permite que seja usada num espaço estreito.

É fabricada com 6 ou 12 pontos ou estrias de agarramento. Isto faz com que a chave de 6
estrias trabalhe em um ângulo mínimo de 60 0; e a de 12 estrias, em um ângulo mínimo de 30 0. O
crescimento dessas chaves é de 1/16" de um lado para outro. Uma chave que se adapte de um
lado a uma porca ou parafuso de 1/4" do outro se adaptará a uma porca ou parafuso de 5/16".

Figura 66

11.3 Jogo de soquetes

É um conjunto de chaves universalmente usado por causa dos seus diversos recursos. É
fabricado em aço temperado, não-quebradiço. Um jogo de soquete compõe-se das seguintes
partes:

➢ soquetes (simples, de paredes finas, de profundidade, flexível universal);


➢ cabos (catraca, arco de velocidade, em “T”, dobradiça ou articulado);
➢ acessórios (barra de extensão, adaptador, junta flexível universal ).

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 97

Figura 67

11.3.1 Soquete

É um cilindro de aço, com encaixe fêmea quadrada em uma das extremidades, para
receber o macho do cabo, e estrias do outro, para encaixar-se a uma porca ou parafuso
hexagonal. A parte estriada possui de 6 a 12 estrias ou pontos de agarramento.

O tamanho das soquetes é dado respectivamente em função da parte fêmea, que cresce de
1/16" .

Exemplo: 1/4" X 5/16"; 3/8" X 7/16";.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 98

11.3.2 Cabos

11.3.2.1 Catraca

Possui uma pequena alavanca que, quando colocada na posição ON, permite que o cabo
gire somente no sentido horário, ou seja, no sentido de aperto; quando colocada na posição OFF,
o cabo estará preparado para soltar a porca ou o parafuso.

Figura 68

11.3.1.2 Cabo em "t":

Acessório que permite maior torque na remoção e aperto de porcas e parafusos podendo
ser acoplado a outros acessórios. A parte macho do cabo "T" desliza para ambas as extremidades
da barra redonda, aumentando ou diminuindo a sua alavanca.

Figura 69

11.3.1.3 Cabo dobradiça ou articulado

É a ferramenta que possui uma dobradiça entre o cabo e o macho. Isso faz com que o
cabo gire num círculo, em qualquer ângulo, entre 00 e 900, em relação à linha central do parafuso.

Figura 70

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 99

11.3.1.4 Arco de velocidade

O arco de velocidade tem forma igual ao arco de pua de carpinteiro, e é usado quando se
deseja rapidez.

Figura 71

11.3.3 Acessórios

11.3.3.1 Barra de extensão

Ela é usada para alcançar porcas e parafusos em lugares de difícil acesso.

O tamanho da barra de extensão é dado pelo comprimento total em polegadas e pelos


encaixes macho ou fêmea.

Figura 72

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 100

11.3.3.2 Adaptador

O adaptador serve para quando se tem um soquete, barra de extensão, catraca ou cabo em
“T” com encaixe de tamanhos diferentes.

Figura 73

11.3.3.3 Junta flexível universal

É usada na aplicação de força em uma direção angular. Seu tamanho é dado pela parte
macho ou fêmea. A junta flexível é uma barra de pequena extensão, com uma junta universal
entre as partes macho e fêmea. Elas fazem com que a barra gire em qualquer ângulo, de 0 0 a 900,
com o eixo do parafuso.

Figura 73

11.4 Chaves ajustáveis

➢ Crescente
➢ Inglesa
➢ Grifo

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 101

11.4.1 Chave crescente

É a chave de emergência mais popular para o mecânico. Seus mordentes brandos estão
dispostos num ângulo de 250, partindo da linha central do cabo. Seu comprimento é dado pelo
comprimento total.

Essa ferramenta foi designada para ser usada como uma chave de boca. Deve sempre ser
girada em direção do mordente móvel, porque coloca a maior parte da tensão no mordente fixo, o
qual é o mais resistente dos dois.

Figura 74

11.4.2 Chave inglesa

A chave inglesa é igual à chave crescente, porém seus mordentes estão em ângulos retos
em relação ao cabo, isto é, formam ângulos de 900 com a linha central do cabo. O mecânico
deve usá-la em aberturas grandes, como tampas de filtros e respiradores. Seu tamanho é dado
pelo comprimento total.

Figura 75

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 102

11.4.3 Chave de grifo

É também uma chave de boca regulável, designada para girar tubos redondos. Os
mordentes são serrilhados e estão em ângulo reto em relação ao cabo. Seu tamanho é dado pelo
comprimento total, estando totalmente aberta.

Figura 76

11.5 Alicates

Os alicates são usados para segurar, cortar, modelar ou dobrar metais leves. O tamanho
dos alicates é dado pelo comprimento total.

11.5.1 Alicate de bico

São alicates com mordentes longos, os quais são, comumente, cerca de 1/3 do
comprimento total do alicate.

Esses alicates são usados para segurar fios, pequenos objetos nos lugares inacessíveis.
Nunca devemos usar alicates para agarrar objetos grandes, para segurar porcas ou parafusos,
visto que tais operações resultam na quebra de mordentes.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 103

Figura 77

11.5.2 Alicate de corte diagonal

É o alicate mais importante para o mecânico de armamento. É empregado para cortar


arame de segurança (freno), rebites macios e colocar ou retirar contra-pinos.

Possui mordentes curtos e lâminas pequenas, num ângulo pequeno em relação ao cabo.

Figura 78

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 104

11.5.3 Alicate francês, combinado ou duas posições

Esse tipo de alicate é usado para segurar objetos chatos e circulares, assim como para
cortar fios. São fabricados em duas posições diferentes ampliando sua utilização.

Figura 79

11.5.4 Alicate bomba d'água, bico de papagaio ou gazistas

Esse tipo de alicate é especialmente empregado pelo especialista, em sistema elétrico de


avião, para apertar ou desapertar porcas circulares ou serrilhadas do sistema elétrico das
aeronaves.

São fabricados com cinco, seis ou sete posições diferentes, facilitando assim o uso
em diversos tamanhos de porcas.

Figura 80

11.5.5 Alicate de freno

Devido a aeronave gerar muita vibração, há uma tendência de parafusos e porcas se


afrouxarem . Para evitar que se soltem é feito amarração com arame de segurança (freno).

Figura 81

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 105

11.6 Punções

Os punções são classificados de acordo com as formas de suas pontas, tais como:

➢ punção de bico;
➢ punção de centro;
➢ punção toca-pino;
➢ punção sólido;
➢ Estampador.

O punção de centro e o punção de bico têm ponta aguda; o diâmetro da haste é que vai
determinar o tamanho do punção. O punção de bico será usado para marcar pontos em chapas
metálicas nos quais será empregado um compasso de pontas. O punção de centro será utilizado
para marcar centros em peças que irão ser brocadas.

O punção toca-pino é usado para introduzir e retirar pinos.

O punção sólido é usado para desandar peças que estiverem agarradas ou emperradas.

Os punções toca-pino e sólido têm a ponta cega; e o diâmetro da ponta cega determina o
seu tamanho.

Figura 82

Punções Punção de centro

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 106

11.6.1 Punções estampadores

São de dois tipos:

➢ numérico - de zero (0) a nove (9);


➢ alfabético - de "A" a "Z".

São empregados para identificação de peças ou ferramentas, numerando-se ou


escrevendo-se nas mesmas.

O tamanho desses punções é determinado pela medida do número ou da letra.

11.6.1 Ângulo de afiamento dos punções

➢ Punção de bico: 600


➢ Punção de centro: 900
➢ Punção toca-pino: 1800
➢ Punção sólido: 1800

11.7 Martelos

Entre as ferramentas de uso mais generalizado encontramos os martelos.

Classificam-se em:

➢ martelos comuns;
➢ martelos macios.

11.7.1 Martelos comuns

São feitos de aço forjado não quebradiço.


São eles:
➢ martelo de bola;
➢ martelo de pena.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 107

O tamanho de todos os martelos é dado pelo peso, em onças (28 gramas), excluindo-se o
cabo, que varia de 12" a 15" de comprimento.

1 onça = 28 gramas

11.7.2 Martelo de bola

O martelo de bola é feito, entre outras coisas, para rebitar e cravar peças, através de sua
face reta.

Figura 83

11.7.3 Martelo de pena cruzada

A pena desse martelo é empregada para trabalhos em ângulo reto com o cabo. A outra
face é utilizada como o martelo de bola comum.

Figura 83

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 108

11.7.4 Martelo de pena longitudinal

É utilizado para trabalhos no sentido do comprimento do cabo, isto é, em linha com o


cabo.

Os martelos de pena são usados, para trabalhar em peças que possuam cantos vivos.

Figura 84

11.7.5 Martelo de plástico

O martelo de plástico é geralmente leve, tem duas faces feitas de plástico e serve para
bater em peças que se deformariam, se usássemos um martelo comum.

Precauções:a maioria dos acidentes com martelos é causada por cabos soltos.

A palma da mão, suada ou suja de óleo ou graxa, poderá também fazer o cabo do martelo
escorregar da mão. Óleo ou graxa, na face do martelo, pode fazê-lo resvalar do serviço, batendo
na outra mão, ferindo-a, assim como também poderá estragar ou destruir o serviço.

Figura 85

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 109

11.8 Macetes

São feitos de material macio, tais como couro, borracha, plástico, etc., e são geralmente
de tamanho maior que os martelos comuns, sendo empregados para trabalhos que se
deformariam, se usássemos um martelo de cabeça metálica.

A face desses martelos é que determina o seu tamanho

Figura 86

11.9 Furadeiras

Máquinas de furar elétrica. Máquinas de furar manual.

Figura 87

A máquina de furar é a segunda das mais velhas máquinas-ferramenta, tendo sido


inventada pouco depois do torno mecânico, e é provavelmente a mais empregada de todas as
máquinas. É feita de vários tamanhos, desde modelos muito pequenos, para trabalhos de
joalheiro, até as máquinas de furar que se apoiam no chão, que têm capacidade para broquear
vários orifícios ao mesmo tempo.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 110

11.9.1 Furadeira de coluna

➢ Os níveis de óleo devem ser verificados antes do trabalho.

➢ Fazer uma boa fixação do mandril ou broca no eixo.

➢ Evitar que a broca ultrapasse o trabalho e ofenda a mesa ou morsa.

➢ Não mudar a velocidade com eixo ou mandril, girando. No caso da mudança, tornar-se
difícil, deve-se girar manualmente um pouco o eixo do mandril até as engrenagens
casarem uma com a outra.

➢ Em se tratando de furação em série cujos furos sejam de profundidade limitada, deve-


se fazer constantemente a verificação dos mesmos, para evitar possíveis diferenças do
sistema automático.

➢ Deve-se tomar o cuidado de usar sempre a velocidade adequada para cada broca.7-
No caso de trabalhos com uma peça de grande porte, deve-se tomar o cuidado de fixá-
la devidamente, isto é, diretamente na mesa usando grampos de fixação ou parafusos
próprios no rasgo da mesa, podendo ainda fixar na própria base.

➢ No caso de trabalhos com uma peça de grande porte, deve-se tomar o cuidado de fixá-
la devidamente, isto é, diretamente na mesa usando grampos de fixação ou parafusos
próprios no rasgo da mesa, podendo ainda fixar na própria base.

Figura 88

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 111

11.10 Broca helicoidal

A broca helicoidal é a ferramenta que, adaptada à máquina, produz na peça um furo


cilíndrico em conseqüência de dois movimentos que se realizam ao mesmo tempo: rotação e
avanço.

O nome "helicoidal" é por causa do aspecto da broca cujo corpo se apresenta com arestas
e canais em forma de curva denominada hélice.

A broca helicoidal é também chamada Broca Americana.

Exemplo: broca helicoidal de haste cilíndrica

Figura 89

11.10.1 Característica da broca helicoidal

É fabricada, geralmente, de aço carbono. Para trabalhos que exijam, porém, alta rotação,
usam-se brocas de aço rápido. Estas oferecem maior resistência ao corte e ao calor do atrito.

11.10.2 Funções e características das partes da broca

A Ponta da broca é constituída por duas superfícies que, no seu encontro, formam as
aresta da ponta ou arestas cortantes( fios ou gumes da broca). O ângulo destas duas superfícies
cônicas é denominado ângulo da ponta ou ângulo da broca.

As guias são estreitas superfícies helicoidais que mantêm a broca em posição correta
para realizar o furo, sem produzir corte o tamanho da broca é medido entre as duas guias.

Canais são ranhuras helicoidais, que lançam, para fora do furo, o material cortado pelas
arestas de corte.
Figura 90

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 112

11.10.3 Condições para que uma broca faça bom corte

O ângulo da ponta da broca deve ser de 1180, para os trabalhos mais comuns.

Valores especiais que a prática já consagrou:

➢ 1500 para aços duros;


➢ 1250 para aços forjados ou tratados;
➢ 1000 para o cobre ou alumínio;
➢ 900 para ferro fundido macio ou ligas leves;
➢ 600 para baquelites, fibra e madeira.

Observação: As arestas cortantes devem ter, rigorosamente, comprimentos iguais, isto é, A=A'.

11.11 Machos

São feitos de aço rápido ou aço carbono,o aço rápido é mais resistente ao corte do que o
carbono.

Figura 91

O crescimento dos machos é de 1/16" em 1/16".


DIVISÃO DE ENSINO SSDM
EEAR 113

Ao iniciar uma rosca, o mecânico deve saber o diâmetro da rosca e o n o de fios de rosca
por polegada.

11.11.1 Classificação

➢ Nº 1 cônico (macho de entrada).


➢ No 2 semicônico.
➢ No 3 paralelo (macho para furo cego).

O macho no 1 cônico é o que inicia todas as roscas fêmeas.

O macho no 2 semicônico é o macho que passa após o no 1.

O macho no 3 paralelo é o que serve para fazer rosca até o fundo de um orifício cego
(não-vazado); e também serve para dar um melhor acabamento aos filetes de roscas, após terem
passado os machos no 1 e 2.

11.11.2 Cuidados na aplicações dos machos

Utilize o macho indicado para a rosca que se quer abrir.

Alinhe o macho perpendicularmente ao furo.

11.11.3 Rosqueamento

O manuseio de um macho requer o uso de um desandador para que se possa gira-lo.

Ao se rosquear em aço, ou em qualquer outro metal duro, o processo mais seguro é


lubrificar bem o macho com óleo e fazer meia volta para a direita, em seguida 1/4 para a
esquerda, e assim até completar o tamanho da rosca.

Se o metal for mole, por exemplo: latão, não será necessário lubrificá-lo, nem as voltas
para a esquerda.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 114

O ferro fundido é brocado e alargado a seco, isto é, sem lubrificação. Ao se abrir a rosca
no ferro fundido, as voltas para a esquerda são dispensadas.

11.12 Tarraxas

São ferramentas utilizadas para fazer roscas externas ou roscas-machos, em peças


cilíndricas de aço, ferro, latão, etc.

11.12.1 Desandador

Figura 92

11.12.2 Cossinete

O cossinete é uma ferramenta que, juntamente com o desandador, forma a tarraxa. Seus
filetes internos, cortados por rasgos longitudinais, fazem com que produza um corte, lançando o
material cortado pelos espaços entre eles.

Figura 93

Esses cossinetes são encontrados em diversos tamanhos, porque os desandadores são de


várias medidas.

Rosqueamento

O processo para usar a tarraxa é idêntico ao dos machos. O trabalho deve ser firmemente
preso à morsa, e qualquer rebarba, na extremidade da peça, na qual será aberta a rosca, deverá
ser removida.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 115

Para iniciar, deve-se alinhar a tarraxa perpendicularmente à peça.

Quando a tarraxa pegar no metal, a operação se faz idêntica à dos machos, até que se
chegue ao comprimento desejado.

11.13 Serras

➢ A serra de arco é empregada para cortar metais ou qualquer outro material;


➢ O arco de serra pode ser sólido ou ajustável;
➢ Os sólidos são mais resistentes e recebem um único tamanho de serra;
➢ Os ajustáveis são mais frágeis e recebem vários tamanhos de serra.

As serras podem ser fabricadas de vários materiais, entre eles poderíamos citar:

➢ aço carbono;
➢ aço rápido.

Aço carbono é aquele que contém, além de ferro, pequenas porcentagens de carbono,
manganês, silício, fósforo e enxofre. É menos resistente ao corte e mais tenaz.

Já o aço rápido é aquele que possui os elementos acima e mais combinações de metais,
como cobalto, tungstênio, silício, molibdênio, etc.

Importante: evitar ao máximo torcer ou dobrar a lâmina de serra, pois fatalmente ela se romperá,
e um dos pedaços poderá atingi-lo.

Figura 94

Na ação de serrar, somente os braços devem ir para frente e para trás.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 116

Você deverá ter uma boa base, não permitindo que o corpo movimente-se, como se fosse
um pêndulo.

11.13.1 Disposições dos dentes nas lâminas de serra

Figura 95

São três:
➢ alternada;
➢ em trava;
➢ ondulada

Figura 96

Essas três posições dos dentes das lâminas de serra têm a mesma finalidade, qual seja,
fazer um corte mais largo do que a própria lâmina, para que esta não venha a agarrar-se no corte.

11.13.1.1 Disposição alternada

Significa que os dentes são dobrados alternadamente e ligeiramente para o lado, em


direções opostas.

11.13.1.2 Disposição em trava

Numa lâmina em disposição em trava, cada terceiro dente permanece reto, e os outros
dois são ajustados alternadamente.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 117

11.13.1.3 Disposição ondulada

Na lâmina da disposição ondulada, seções curtas de dentes são viradas em direções


opostas, formando uma onda em todo comprimento da lâmina.

Os dentes, em todas as lâminas de serra, são dispostos de maneira a proverem uma folga
para a lâmina e devem ser suficientemente ajustados, para dar ao entalhe um corte livre, liso e
rápido do que a própria lâmina, para, desse modo, não remover mais material do que o
necessário. O número de dentes, numa lâmina de serra, varia de 14 a 32 dentes por polegada.

É necessário selecionar uma lâmina com o número adequado de dentes para o trabalho
em questão. Por exemplo: uma lâmina de serra com 14 dentes deve ser empregada em aço de
máquina e aço estrutural. Uma lâmina de 18 dentes deve ser usada em material sólido, alumínio,
metal branco, aço para ferramenta, aço rápido e ferro fundido. Uma lâmina de 32 dentes por
polegada é usada em tubo de parede fina, conduíte e chapas de metal mais fina do que a medida
18. A serra de arco deve ser segurada perpendicularmente ao metal, e deve-se levá-la à frente
com leve golpe, ao final deve-se aliviar a pressão e puxar a serra para trás.

Depois de a serra ter entrado no material, fazer cada golpe tão comprido quanto possível,
sem bater o arco contra o trabalho. Não fazer pressão para baixo no golpe de retorno. A
velocidade mais eficiente é cerca de um golpe por segundo, ou cerca de 50 a 60 golpes por
minuto. Para material muito duro: 35 a 50 golpes por minuto.

A serra mais indicada para cortar conduíte é a serra de dentes pequenos.


Observação: para materiais macios: 50 a 60 golpes/min.

11.14 Limas

As limas são ferramentas que aparentemente não nos causariam acidentes, mas isto é um
tremendo engano.

Jamais use em seus serviços uma lima sem cabo.

Figura 97

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 118

11.14.1 Generalidades

O tamanho das limas é dado em polegadas e corresponde ao tamanho do talão, não


incluindo o espigão.

São fabricadas a partir de 2" até 24".

Os dentes das limas são inclinados para frente, e nunca se deve pressionar uma lima ao
retorno quando se trabalha com material duro. Os materiais macios, como o chumbo e o
alumínio, podem sofrer uma ligeira pressão no retorno.

A lima de dentes curvos é usada para desbaste em materiais macios, como alumínio,
latão, cobre, estanho, etc.

Figura 98

11.14.2 Ações de limagem

São dois processos comuns de limagem:

➢ limagem reta ou em diagonal: consiste em passar a lima ao comprido para frente ou


ligeiramente em diagonal através do trabalho;
➢ limagem de arrasto: consiste em segurar a lima em cada ponta e arrastá-la para frente e
para trás sobre o seu trabalho. A cadência correta de limagem é de 30 a 40 golpes por
minutos.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 119

Figura 99

11.14.3 Classificação das limas quanto ao:

Figura 100

11.15 Equipamentos para fixação e apoio

Morsas, grampos "C" e paralelos são ferramentas usadas para segurar ou prender os
serviços de várias espécies, sendo que as morsas são mais usadas.

11.15.1 Morsa

A morsa possui mordentes achatados e uma base giratória ou fixa. Os mordentes da


morsa são geralmente ásperos, para segurar o trabalho mais firmemente.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 120

Figura 101

11.15.1.1 Cuidados

Não bater no cabo da morsa com o martelo. Quando a morsa não estiver sendo usada, os
mordentes deverão ser conservados juntos; e o cabo, em posição vertical.

Ao se dobrar um metal qualquer, preso a uma morsa, deve-se bater sempre contra o
mordente fixo, e nunca contra o mordente móvel.

Ao se instalar uma morsa na bancada, esta deve ficar na altura do cotovelo do operador.

11.15.2 Grampos "C"

São usados para segurar o trabalho, quando o emprego da morsa não for possível.

Figura 102

11.15.3 Grampo paralelo

É usado na impossibilidade do emprego da morsa ou do grampo "C".

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 121

Figura 103

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 122

12 NOÇÕES DE GIROSCÓPIO

12.1 Conceito

Giroscópio é um aparelho cujas massas estão simetricamente distribuídas em torno do


eixo de rotação. Estas massas giram em torno do eixo que passa pelo centro de gravidade e é
livre para inclinar em qualquer direção.

Seu funcionamento baseia-se no princípio da inércia, que se opõe a qualquer tentativa de


mudar a direção original. Isto é facilmente observável em uma roda de bicicleta girando no ar, se
aplicarmos uma força para tentar mudar sua direção bruscamente, percebe-se uma reação.

Figura 104

12.2 Emprego

O giroscópio tem inúmeras aplicações, como por exemplo:

➢ o globo terrestre tem a características de um rotor de giroscópio, girando com altíssima


velocidade em torno de um eixo passando pelos pólos;
➢ ciclista se equilibrando em cima de sua bicicleta;
➢ o rolleron no mísseis;
➢ sistema de navegação.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 123

12.3 Características dos giroscópio

12.3.1 Rigidez

É a capacidade de resistir a qualquer tentativa de modificar seu plano de rotação. Um


giroscópio para ter uma boa rigidez deverá satisfazer três características: peso do rotor,
velocidade de rotação e distribuição corretas das massas em torno do eixo de rotação.

12.3.2 Precessão

É a característica que um giroscópio possui de reagir ou precessar, não no ponto onde a


força aplicada, mais a 90 graus distante e na direção de rotação do rotor giroscópio. A precessão
esta dividida em aparente e induzida.

Figura 105

12.3.3 Precessão aparente

É aquela em que o observador prostado no mesmo solo do giroscópio, nota o


deslocamento do eixo do giro sem que o mesmo tenha sido tocado, contrariando portanto sua
primeira características a RIGIDEZ. Este movimento aparente, ilusório, se deve ao movimento
não do giro, mas, sim, do globo terrestre.

12.3.4 Precessão induzida

É aquela em que o giro é tocado mecanicamente direta ou indiretamente por


deslocamento do giroscópio, sujeira ou mossas no rolamento.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM


EEAR 124

REFERÊNCIAS

CASILLAS, Afonso Luís. Mecânica industrial ilustrada. São Paulo: Mestre Jou, [19--].

CUNHA, Mauro Salles. Manual prático do mecânico. 7. ed. São Paulo: Livraria, [19--].

HILDEBRANDO, Armando. Conceitos básicos para elaboração de séries metódicas da


oficina. [S.l.]: [S.n.], [19--].

INSTITUTO DE LOGÍSTICA DA AERONÁUTICA. Métodos e sistemas de medição:


A-256. Guarulhos, 1981.

CENTRO TÉCNICO AEROESPACIAL. Instituto de Atividades Espaciais. Glossário de


armamento e itens correlatos. São José dos Campos, 1989.

ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA. Princípios de armamento.


Guaratinguetá, [19--].

WIKIPÉDIA , a enciclopédia livre.

DIVISÃO DE ENSINO SSDM

Você também pode gostar