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SBO
CFS
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE
AERONAVES
360 CDD-363.37
GUARATINGUETÁ, SP
DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DA EEAR
Todos os Direitos Reservados
Introdução........................................................................................................................01
1 HISTÓRIA DA AVIAÇÃO.........................................................................................03
1.1 Os Pioneiros da Aviação................................................................................03
1.2 Fatos Marcantes da Aviação no Brasil..........................................................23
2 GENERALIDADES SOBRE AERONAVES..............................................................49
2.1 Aeronave........................................................................................................49
2.2 Aeróstato........................................................................................................49
2.3 Aeródino........................................................................................................50
2.4 Aerodinâmica.................................................................................................51
2.5 Classificação geral das aeronaves..................................................................55
3 ESTUDO DAS PARTES E SISTEMAS DAS AERONAVES....................................63
3.1 Fuselagem......................................................................................................63
3.2 Conjunto de Aterragem..................................................................................88
3.3 Asas................................................................................................................92
3.4 Empenagem.................................................................................................100
3.5 Superfícies de comando de vôo...................................................................103
3.6 Tanques de Combustível..............................................................................107
3.7 Motores........................................................................................................111
3.8 Sistema de Redução de Velocidade dos Aviões em Solo............................122
3.9 Sistema Hidráulico.......................................................................................125
3.10 Sistema Elétrico.........................................................................................127
3.11 Tubo de Pitot..............................................................................................127
3.12 Radar..........................................................................................................129
3.13 Sistema de pressurização da fuselagem.....................................................130
3.14 Porão Eletrônico........................................................................................131
3.15 Sistema de Degelo.....................................................................................132
3.16 Aeronaves que Operam em Porta-Aviões..................................................133
4 DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA..........................................................................135
4.1 Dispositivos de Proteção Contra o Fogo......................................................135
4.2 Cintos de Segurança.....................................................................................137
4.3 Flutuadores Salva-Vidas..............................................................................138
4.4 Sinalização e Iluminação de Emergência....................................................139
4.5 Máscaras de Oxigênio..................................................................................139
4.6 Assento Ejetável..........................................................................................140
4.7 Escorregadeiras............................................................................................142
4.8 Caixa preta...................................................................................................143
4.9 Airbag e paraquedas balístico......................................................................145
4.10 Dispositivos de segurança dos helicópteros...............................................145
4.11 Perigos oferecidos por algumas aeronaves................................................147
5 NOÇÕES DE ATMOSFERA.....................................................................................157
5.1 A atmosfera terrestre....................................................................................157
5.2 Composição da atmosfera............................................................................157
5.3 Pressão atmosférica......................................................................................157
5.4 Temperatura.................................................................................................157
5.5 As nuvens.....................................................................................................158
5.6 O vento.........................................................................................................158
GLOSSÁRIO.................................................................................................................160
REFERÊNCIAS............................................................................................................163
ANEXO A - DESIGNAÇÃO DE AERONAVES NA FORÇA AÉREA.....................164
ANEXO B - MIRAGE 2000.........................................................................................166
ANEXO C - F-5 E/F TIGER.........................................................................................167
ANEXO D - EMB AMX – A1A...................................................................................168
ANEXO E - EMB AMX – A1B....................................................................................169
ANEXO F - EMB 312 Tucano......................................................................................170
ANEXO G - EMB 314 Super Tucano...........................................................................171
ANEXO H - T-25 Universal..........................................................................................172
ANEXO I - A-319.........................................................................................................173
ANEXO J - EMB-190...................................................................................................174
ANEXO K - B-707 320C Stratoliner............................................................................175
ANEXO L - B-737 200.................................................................................................176
ANEXO M - BAe 125-400 (HS-125)............................................................................177
ANEXO N - CASA C-295 Amazônia...........................................................................178
ANEXO O - EMB-110 Bandeirante Modelos “B” e “C”.............................................179
ANEXO P - EMB-110 Bandeirante Modelos “P” e “K”..............................................180
ANEXO Q - EMB-111 Bandeirante Patrulha (Bandeirulha)........................................181
ANEXO R - EMB-120 Brasília.....................................................................................182
ANEXO S - EMB-121 Xingu........................................................................................183
ANEXO T - ERJ-135....................................................................................................184
ANEXO U - ERJ-145....................................................................................................185
ANEXO V - ERJ-145 R-99...........................................................................................186
ANEXO X - ERJ-145 E-99...........................................................................................187
ANEXO Z - Learjet 35..................................................................................................188
ANEXO AA - Learjet 55...............................................................................................189
ANEXO BB - L-100 Hércules.......................................................................................190
ANEXO CC - L-100 Hércules KC-130.........................................................................191
ANEXO DD - EMB-810 Seneca...................................................................................192
ANEXO EE - EMB 201 - Ipanema...............................................................................193
ANEXO FF - Cessna 208 Caravan I e II.......................................................................194
ANEXO GG - Neiva 592 Regente................................................................................195
ANEXO HH - P-3 Orion...............................................................................................196
ANEXO II - Bell 205 Iroquois......................................................................................197
ANEXO JJ - Bell 206 Jet Ranger..................................................................................198
ANEXO KK - S-70 Black Hawk...................................................................................199
ANEXO LL - AS-332 Super Puma...............................................................................200
ANEXO MM – EC-135.................................................................................................201
ANEXO NN - HB-350 Esquilo – Monomotor..............................................................202
ANEXO OO - HB-355 Esquilo – Bimotor....................................................................203
ANEXO PP - EC-725 Caracal.......................................................................................204
ANEXO QQ - Mil Mi-35 Sabre....................................................................................205
EEAR 1
INTRODUÇÃO
O homem conseguiu realizar o antigo sonho de voar. Para isto ele construiu engenhos que
permitiram realizar tal sonho. Mas até conseguir seu êxito, várias tentativas frustradas se
sucederam e algumas vidas foram ceifadas.
Atualmente as aeronaves se transformaram num meio de transporte seguro e eficaz. Mas
mesmo com toda tecnologia à disposição da segurança, tragédias continuam a acontecer.
Assim, para que os homens encarregados do salvamento e combate a incêndio em
acidentes aeronáuticos possam planejar suas ações de emergência e atuar com sucesso, é
necessário conhecer algumas características das aeronaves.
Este material didático tem o objetivo de proporcionar os conhecimentos básicos para que
os bombeiros possam atuar com segurança nas diversas situações de emergência com aeronaves.
1 HISTÓRIA DA AVIAÇÃO
As lendas e as histórias de homens e Deuses que voavam mostram o quão remoto é esse
grande sonho humano de voar como as aves. Prova disso são as figuras místicas da Antigüidade,
como Mercúrio na mitologia romana e Thor para os povos nórdicos. Gravuras provenientes da
Mesopotâmia, China, Índia, e Egito, além de vários monumentos e diversos textos mostravam
homens voando com asas.
A história de Ícaro, filho de Dédalo, na antiga Grécia, é uma das narrativas lendárias que
descreve uma experiência de vôo que o homem teria realizado com auxílio de asas artificiais.
Ambos fugiram voando do labirinto da Ilha de Creta, onde estavam presos. Eles construíram asas
utilizando penas de gaivotas coladas com cera de abelha. Porém, ao se aproximar
demasiadamente do Sol, a cera das asas de Ícaro derreteu. Suas asas caíram e o imprudente foi
precipitado ao mar (figura 1).
Figura 01
A aviação é vista como uma das conquistas mais recentes da humanidade. A atual
realidade da aviação, que produz aeronaves com excelentes características de vôo, alto
desempenho e com enorme capacidade de transporte de passageiros e carga, não é produto de um
único espírito, mas de muitos homens que dedicaram a melhor parte de suas vidas projetando
engenhos e realizando inúmeras tentativas para descobrir os segredos do vôo e aperfeiçoá-los.
Leonardo da Vinci nasceu em 15 de abril de 1452, na Itália, e faleceu em 02 de maio de
1519. Em 1500, a partir da observação cientifica da maneira pela qual os pássaros conseguem
voar, teceu as primeiras considerações sérias sobre o vôo. Ele analisou, de maneira avançada
para a época, os fenômenos relacionados com a aerodinâmica, mostrando que as aves se apóiam
no ar para voar.
Assim, ele idealizou uma série de “projetos” na tentativa de inventar um aparelho que
pudesse voar. Um desses “projetos” continha uma hélice colocada no plano horizontal e fixada
em cima de um curioso aparelho. Seria este o protótipo de um helicóptero? (figura 2).
1.1.1 Os Balões
Figura 03 - PASSAROLA
Na realidade, o engenho projetado pelo religioso, era um balão de papel, semelhantes aos
balões das festividades juninas brasileiras. Após algumas tentativas frustradas, Gusmão obteve
êxito na demonstração oficial realizada no pátio da casa de Índia, em Lisboa, a 08 de agosto de
1709, diante do Rei de Portugal D. João V, da rainha D. Maria Anad e de vários integrantes da
nobreza. Seu balão ergueu-se lentamente, flutuou por algum tempo não medido e, quando
esgotou sua chama, caiu no Terreiro do Paço. Havia sido construído o primeiro engenho mais
leve que o ar (figura 4).
➢ Os Irmãos Montgolfier
Em 19 de setembro de 1783, os irmãos franceses Joseph e Jacques Montgolfier,
conhecidos como irmãos Montgolfier, lançaram um grande balão de ar quente levando na nacele
um carneiro, uma galinha e um pato, para saber se a altura não prejudicava os seres terrestres e
se o ar era respirável. O engenho percorreu cerca de 3 quilômetros e aterrissou sem problemas
com todos seus tripulantes vivos (figura 5).
Em 21 de novembro do mesmo ano, os irmãos Montgolfier repetiram sua experiência
perante o Rei Luis XVI e a Rainha Maria Antonieta, desta vez com dois ocupantes (Pilatre de
Rozier e François Laurent). O primeiro balão com ocupação humana voou por 25 minutos e
percorreu aproximadamente 9 quilômetros.
Figura 05
➢ Edouard Heilt
Na segunda metade do século XIX, o balão era muito usado na Europa para vários fins. A
11 de novembro de 1855, o francês Edouard Heilt realiza a primeira ascensão de balão no Brasil.
Ele subiu com um balão do Campo de Santana, no Rio de Janeiro, e pousou na Baía de
Guanabara. No dia imediato, o “Jornal do Comércio” e o “Correio Comercial” noticiaram com
destaque esse evento.
➢ Duque de Caxias
Duque de Caxias é considerado como o pioneiro da aplicação do balonismo militar no
Brasil. O primeiro militar brasileiro que subiu oficialmente num balão foi o Major do Exército
Francisco César de Silva Amaral. Em 25 de julho de 1857, o Exército Brasileiro, na Guerra do
Paraguai, fez doze ascensões em balões, com a finalidade de localizar e de observar as tropas
inimigas. Esses balões eram cativos, ou seja, presos ao solo por cabos (figura 6).
Figura 06
Figura 07
1.1.2 Os Dirigíveis
deveria suportar o motor elétrico com as baterias e os tripulantes e, além disso, apresentar
resistência suficiente para aguentar os esforços durante o voo.
Somente em 1894 Severo realizou as primeiras ascensões ainda com o balão cativo. O
aparelho mostrou-se estável e equilibrado, demonstrando que sua concepção era adequada para o
voo. Mas no único voo do dirigível livre das amarras, a estrutura em bambu não aguentou os
esforços e se partiu.
Depois do projeto mal sucedido em 1894, o norte-rio-grandense Augusto Severo de
Albuquerque Maranhão, utilizando apenas os seus recursos, confeccionou um novo projeto de
dirigível semirrígido em 1901, denominado PAX (figura 8), introduzindo uma série de
novidades. Os ensaios foram realizados nos dias 4 e 7 de maio de 1902 com sucesso.
No dia 12 de maio de 1902, Augusto Severo e seu mecânico francês, Georges Sachet,
iniciaram um voo saindo da estação de Vaugirard, em Paris. O dirigível elevou-se rapidamente
atingindo cerca de 400 metros e realizou diversas evoluções que mostraram aos inúmeros
espectadores que suas idéias estavam corretas.
Porém, cerca de dez minutos após o início do voo, o Pax explodiu violentamente,
projetando os dois tripulantes para o solo. Severo e Sachet morreram na queda. Os restos do
dirigível caíram na Avenida du Maine, diante de uma grande multidão que seguia com interesse
a demonstração. A catástrofe do Pax teve um impacto enorme. Augusto Severo foi primeira
vítima brasileira da conquista do ar.
Figura 09
A cauda do dirigível desceu muito e se rasgou numa chaminé, provocando uma explosão
no ar. Por instantes Dumont permaneceu desacordado e, quando voltou a si, estava pendurado no
alto do Hotel Trocadero. Ele escalou rapidamente o cordame do dirigível e, auxiliado pelos
bombeiros, ainda conseguiu recuperar o motor do aparelho (figura 10).
Em 19 de outubro de 1901, menos de dois meses após seu quase fatal acidente com o
dirigível n° 5, às 14 horas e 42 minutos, Santos Dumont partiu com seu dirigível nº 6 e circundou
a torre Eiffel (figura 11). Após 29 minutos e 30 segundos, o nº 6 encontrava-se sobre o ponto de
partida, vencendo desta forma, o prêmio Deutsch. Com esse feito Santos Dumont provou que o
Homem podia controlar o seu deslocamento pelo ar.
Figura 11
Cabe ainda ressaltar que o aeronauta, após quitar suas dívidas com as casas de penhores,
doou o restante de seu prêmio; metade aos pobres de Paris e a outra metade aos seus mecânicos e
colaboradores.
➢ Conde Zeppelin
Em 1895, o alemão Ferdinand Graf Von Zeppelin (figura 12), conhecido como Conde
Zeppelin, concluiu os projetos e patenteou o primeiro balão com estrutura rígida, feita em
alumínio, recoberta com tecido, numa época em que os balões carregados de gás hidrogênio
tinham estrutura flexível. Com o apoio da Sociedade de Engenharia, construiu o primeiro
dirigível, montado pelo jovem engenheiro Ludwig Dürr. O LZ-1 foi testado em Friedrichshafen,
no Lago de Constança, em 2 de julho de 1900.
Após vários contratempos, a partir de 1908 começou a construir enormes dirigíveis e com
eles cruzou todos os continentes. Os dois mais famosos foram: GRAFF ZEPPELIN e o
HINDENBURG. O primeiro, em 1929, realizou uma volta ao mundo em 21 dias e esteve no
Brasil em 1931, entre outras missões. O segundo, em uma viagem de Frankfurt à Nova York,
incendiou-se após tentar amarração em uma torre em New Jersey, em 06 de maio de 1937. A
tragédia acabou matando 35 passageiros dos 97 que transportava (figura 13).
➢ Otto Lilienthal
Entre 1891 e 1896, o alemão Otto Lilienthal projetou e construiu vários planadores com
os quais realizou diversos voos na Alemanha, lançando-se do alto de uma colina. Ele é
considerado o pai do voo planado, pois foi o primeiro homem que conseguiu manter-se
efetivamente no ar em um planador, e realizar estudos científicos sobre esta forma de voo.
Otto projetava equipar um de seus planadores com motor, porém não concretizou seu
projeto por ter sofrido um acidente, em 09 de agosto de 1896, quando seu planador biplano
precipitou-se ao solo, por causa de uma rajada de vento. O aeronauta faleceu no dia seguinte
numa clínica em Berlim. Antes de morrer pronunciou uma frase que se tornou um legado de seus
seguidores "É preciso que haja vítimas". O pioneiro do voo planado realizou minuciosos e
importantes relatos, que contribuíram para concretizar o aeroplano. (figura 14).
➢ Irmãos Wright
Em 1903, os nortes americanos Irmãos Wright realizaram ensaios com um planador
dotado de boas condições de equilíbrio, que era lançado contra o vento a partir de uma colina ou
por meio de uma catapulta. Mais tarde, instalaram um motor, porém seu aparelho continuava
sem potência para decolar por meios próprios. Era apenas um planador motorizado. (figura 15).
Figura 16
Em julho de 1906, com o objetivo de conquistar o espaço com um aparelho mais pesado
que o ar, Santos Dumont faz as primeiras experiências com uma aeronave biplano, formada por
células semelhantes a “pipas caixa”.
Ele montou um aparelho composto por um sistema de roldanas e cabos de aço estirados
entre dois postes, para verificar a estabilidade e equilíbrio da aeronave, ele construiu assim,
aquilo que pode ser chamado de “o primeiro simulador de voo” da história. (figura 17).
Santos Dumont pendurou o biplano nos cabos e empreendeu vários testes.
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Dias mais tarde, em 31 de dezembro de 1910, Ruggerone, decolou com seu aeroplano
tipo "Farman" (figura 22) de um local mais bem apropriado, o antigo Hipódromo da Mooca, e
conquistou o prêmio, passando a ser oficialmente considerado o primeiro piloto a voar em São
Paulo.
Mesmo com os altos preços pago pelo público para ver as demonstrações aéreas,
Ruggerone cobrava trezentos mil réis para levar um passageiro para um passeio aéreo. E dentre
eles, estava Renata Crespi, que se tornou assim a primeira mulher a voar num avião no Brasil.
Essas demonstrações aéreas cada vez mais incentivaram os jovens brasileiros. As Forças
Armadas (Marinha e Exército) acompanhavam o desenvolvimento deste novo meio de transporte
que, ainda no início, já muito prometia como arma de guerra.
Figura 23
➢ Edu Chaves
Ainda na França, a exemplo de Alberto Santos Dumont, Edu Chaves também deslumbrou
os franceses com as suas proezas aéreas. Ele tornou-se o primeiro piloto a realizar voos noturnos.
Foi a 31 de outubro de 1911, que o aviador paulista consagrou-se definitivamente ao conquistar
o "Prix des Escales", após concretizar uma travessia noturna entre Paris e Orleans, numa prova
em que o piloto tinha que realizar o maior número de voos entre as duas cidades. Dessa forma,
conseguiu fazer vinte e sete escalas, cobrindo um percurso de 1.000 quilômetros, causando a
admiração geral, uma vez que, durante a prova, procurava orientar-se para não perder o rumo,
servindo-se dos sinais luminosos de uma ferrovia.
Quando voltou para o Brasil, Edu Chaves trouxe vários aviões encaixotados. Ao
desembarcar em Santos, no dia 08 de março de 1912, Edu transportou um avião Blériot de 50 HP
(figuras 24 e 25) até a praia do José Menino, onde, sob o olhar curioso dos banhistas, começou a
montar o aparelho. Quando terminou a montagem, entrou no Bleriot, acionou o motor, deslizou
pela praia e alçou voo debaixo dos aplausos de centenas de pessoas que se encontravam no local.
Depois de algumas evoluções sobre a baía de Santos, aterrissou tranquilamente na areia da praia,
onde foi cercado pelos curiosos que desejavam ver de perto o seu aparelho voador.
A prova foi realizada no dia 9 de março de 1912, e o monoplano Blériot (figura 26),
pilotado pelo francês Garros, saiu do hipódromo de São Paulo e aterrissou na praia, onde foi
grande a afluência do público.
Antes da partida para regresso, a aeronave de Roland Garros apresentou defeito. Mesmo
sendo seu competidor, Eduardo Chaves ajudou-o a repará-la. Retornaram juntos, transportando a
primeira carta aérea, enviada pela firma de café Antunes dos Santos & Cia, endereçada ao Sr.
Gabriel Corbsier, de São Paulo, com o seguinte texto:
“Temos a satisfação de cumprimentar V. Sa. por intermédio do nosso amigo Eduardo
Chaves, arrojado aviador, que causou assombro à população de Santos, nas suas ascensões,
assim como o notável aviador Sr. Garros. Certos da feliz travessia Santos - São Paulo, nos
regozijamos por tão ousada iniciativa.”
Apesar da espessa neblina que cobria todo o trajeto, Garros e Edu Chaves chegaram em
São Paulo, tendo aterrissado no Parque Antártica.
Após realizar o voo de ida e volta de São Paulo à Santos, Edu Chaves planejou outra
façanha: voar de São Paulo ao Rio de Janeiro. Pilotando um avião Bleriot, Edu Chaves decolou
de São Paulo, no dia 27 de abril de 1912, munido apenas de um mapa e uma bússola. Como
Guaratinguetá ficava no meio do percurso, ele aterrissou na cidade para reabastecer sua
aeronave. Foi o primeiro pouso de um avião na cidade paulista que, anos mais tarde, se tornaria o
berço do sargento especialista da aeronáutica (figura 27).
Figura 28
Em 05 de julho de 1914, após vários estudos da rota São Paulo-Rio, Edu Chaves, desta
vez com um avião mais potente e com autonomia maior, realizou uma nova tentativa de voar até
o Rio de Janeiro, por ocasião da festa aviatória no Campo dos Afonsos.
O céu estava claro, ajudando na orientação pelos trilhos, onde estavam os pontos de
navegação anotados no mapa do aviador. Após aproximadamente 4 horas de voo, ele chegou ao
Campo dos Afonsos, onde se encontrava o então Presidente da República Marechal Hermes da
Fonseca.
O súbito aparecimento do aviador transformou a festa numa grande homenagem ao
piloto, que inaugurava assim, a rota mais importante da aviação comercial brasileira (figura 29).
Figura 29
Figura 30
Exército iria precisar das instalações do Campo dos Afonsos para instalar sua própria Escola de
Aviação Militar.
Sem Campo de aviação no Rio de Janeiro, o Aeroclube, sob a Presidência do Deputado
Maurício de Lacerda, dedicou-se a promover, estimular e a colaborar na criação de Escolas de
Aviação em todo o Brasil, credenciando Delegados em vários estados.
Somente após a 1ª Guerra, em 29 de janeiro de 1919, o Exército Brasileiro cria sua escola
de Aviação Militar, que começa a funcionar em 10 de julho do mesmo ano, nas instalações da
Escola Brasileira de Aviação e do Aeroclube (figura 34). A Escola destinava-se a formar pilotos,
observadores aéreos, mecânicos e operários especialistas. As instruções técnicas ficaram a cargo
de militares franceses que vieram para o Brasil em missão específica para este fim.
Figura 35
A aviação comercial brasileira nasce em 1927, com início das operações de 3 empresas
aéreas: Condor Syndikat, Compagnie Générale Aéropostale e Viação Aérea Rio Grandense
(VARIG).
➢ Condor Syndikat
O governo brasileiro autorizou, em 26 de janeiro de 1927, a companhia aérea alemã a
iniciar suas atividades no país, realizando sua primeira viagem aérea entre Buenos Aires e Rio de
Janeiro.
Figura 37
Naquela época, os vôos eram feitos a altitudes muito baixas ao longo do litoral. Como o
Campo dos Afonsos freqüentemente estava fechado pela nebulosidade, fato que dificultava ou
impedia a transposição da serra existente em Jacarepaguá, surgiu a idéia da construção de um
campo Auxiliar, o atual Aeroporto de Jacarepaguá (figura 39).
O ano de 1929 foi marcado pelo surgimento de mais duas empresas aéreas:
Em 1933 foram fundadas o Aerolóide Iguaçu (figura 45) e a Viação Aérea São Paulo -
VASP (figura 46).
Após uma crise financeira, em 16 de março de 1932, foi aprovada a mudança do nome
Aeroclube Brasileiro para Aeroclube do Brasil, e o uso dos terrenos de Manguinhos, cedidos
pelo Instituto Oswaldo Cruz, para o preparo do novo campo de aviação do Aeroclube.
Em 1936 o novo campo foi terminado e os primeiros aviões pousaram. Manguinhos era
uma realidade. Renascia o Campo de Aviação dos sonhos dos fundadores do Aeroclube
Brasileiro (figura 48).
Na década de 30, muitas linhas aéreas passaram a operar em lagos e rios calmos, usando
hidroplanos. Eles eram usados principalmente para vôos transoceânicos. Um dos maiores
hidroplanos da época era o Dornier Do-X, (figura 49) tão grande e pesado que necessitava de 12
propulsores, seis em cada asa. Voou pela primeira vez em 1929, mas não se tornou popular.
Um dos últimos, e também um dos mais populares hidroplanos, foi o Boeing 314 Clipper,
(figura 50) capaz de carregar 74 passageiros. Em 1938, Clippers fizeram seus primeiros vôos
comerciais sobre o Oceano Atlântico.
Guerra Mundial. O primeiro titular do novo Ministério foi o político gaúcho Joaquim Pedro
Salgado Filho que exerceu o cargo de 1941 até 1945.
Com a criação do Ministério da Aeronáutica, o Correio Aéreo Militar e o Correio Aéreo
Naval foram fundidos num só serviço: O Correio Aéreo Nacional, que ficou conhecido em todo
o Território Nacional pela sigla CAN.
A direção do CAN ficou afeta à Diretoria de Rotas Aéreas, cujo primeiro Diretor foi o
Brigadeiro Eduardo Gomes que continuou impulsionando, ampliando e desenvolvendo o serviço
criado por ele dez anos antes, incorporando aeronaves de maiores capacidades e protagonizando
notáveis realizações, ajudando a integrar o País em todos os seus quadrantes, participando
intensamente do desenvolvimento nacional (figura 51).
Figura 51
Em agosto de 1942 o Brasil entra na 2ª Guerra. Com auxílio dos americanos, foram
reformadas duas bases aéreas no litoral Norte e Nordeste brasileiro, e construídas três, com o
objetivo de dar apoio às forças aliadas em operação na África.
1.2.24 Décadas de 40 e 50
O país chegou a 1960 com a maior rede comercial do mundo em volume de tráfego aéreo
depois dos Estados Unidos.
Em 1953, a Força Aérea Brasileira adquire sua primeira aeronave a jato. Era o Gloster F-
8 Meteor (figura 53).
Em 1959, a VARIG adquire aeronaves SE 210 Caravelle (figura 54), sendo assim a
primeira empresa aérea a operar aeronaves comerciais a jato no Brasil.
1.2.28 Década de 60
Na década dos 60, a aviação comercial brasileira enfrentou uma crise econômica de
graves proporções, causada por diversos fatores.
O mercado da época, de dimensões reduzidas, não foi suficiente para viabilizar o
funcionamento de um número tão grande de empresas e todas elas se enfraqueceram, sendo que
muitas faliram, ou se fundiram. Em 1962, restaram apenas seis empresas: VARIG, VASP,
Cruzeiro do Sul, PanAir do Brasil, Sadia (se tornou em TransBrasil em 1972) e Paraense.
A empresa americana Boeing fabricou em 1969 o B-747 (figura 55). Possui 70,60 metros
de comprimento e pode transportar mais de 500 passageiros em configuração econômica. Desde
sua entrada em operação esta aeronave é uma assídua frequentadora dos aeroportos brasileiros.
Em 1971, a EMBRAER foi contratada pelo Governo Brasileiro para fabricar o jato de
treinamento avançado e ataque ao solo EMB 326 Xavante (figura 56), sob licença da empresa
italiana Aermacchi. Foi o primeiro avião a reação construído em série no Brasil.
Em 1972, ela inicia a produção do EMB 110 Bandeirante (figura 57), que teve uma boa
aceitação no mercado nacional, internacional e na FAB.
1.2.32 Décadas de 70 e 80
Figura 58 - CONCORDE
Figura 60 - AMX
Em 2005 o governo brasileiro criou a ANAC é uma agência reguladora federal que
absorveu todas as atividades do extinto Departamento de Aviação Civil (DAC). Sua
responsabilidade é supervisionar a atividade de aviação civil no Brasil, tanto no que toca seus
aspectos econômicos quanto no que diz respeito à segurança técnica do setor.
Em 2007, a empresa Airbus coloca em operação o A-380 (figura 61) com 72,75 metros
de comprimento e 7,14 metros de largura de fuselagem.
2.1 Aeronave
É uma designação genérica dos aparelhos que fazem navegação aérea e têm necessidade
ou, pelo menos, possibilidade de ocupação humana.
As aeronaves quanto à sustentação dividem-se em duas classes: aeróstatos e aeródinos.
2.2 Aeróstato
Denominação dada às aeronaves mais leves que o ar, que se elevam e se mantém no ar
por flutuação. Elevam-se pelo "Princípio de Arquimedes", que diz basicamente que todo corpo
mergulhado em um fluído sofre um empuxo vertical para cima, igual ao peso de fluido
deslocado. São exemplos de aeróstatos os balões de ar quente e os dirigíveis (fig. 62). Os balões
e dirigíveis são inflados com ar quente ou gás mais leve que o ar. Inicialmente utilizava-se o gás
hidrogênio para inflar os aeróstatos, mas a partir de 1921 passou-se a utilizar o gás Hélio, que
apesar de mais pesado, oferece uma maior segurança, pois não e inflamável.
2.3 Aeródino
Denominação dada às aeronaves mais pesadas que o ar. Seu vôo baseia-se na 3ª Lei de
Newton (principio da ação e reação) e no teorema de Bernouilli sobre a reação aerodinâmica
com o ar, denominada sustentação. (em um fluído em movimento, quando a velocidade
aumenta, a pressão diminui e vice-versa).
São exemplos de aerodinos: aviões, helicópteros, planadores, etc. (fig. 63).
Figura 63
Figura 64 - GIROPLANO
2.4 Aerodinâmica
Figura 65
Figura 66
➢ Corda da Asa: A corda de um aerofólio ou seção da asa é uma linha imaginária entre
o bordo de ataque e o bordo de fuga; e
➢ Ângulo de Ataque: É o ângulo entre a corda da asa e a direção do vento relativo.
Figura 67
2.4.1 Sustentação
Figura 68
Assim, conforme o princípio de Bernoulli, o fluxo de ar sobre a asa tem uma velocidade
maior do que sob a mesma, fato que origina na parte superior uma pressão mais baixa. Essa
diferença de pressão exercida sobre a face inferior da asa resulta numa força aerodinâmica de
baixo para cima, agindo no chamado centro de pressão, tendo como sua componente vertical, a
força de sustentação, possibilitando o vôo das aeronaves (figura 69).
Para que a força de sustentação seja suficientemente intensa para vencer o peso do avião,
a velocidade dele em relação ao ar deve ser relativamente grande, o que se consegue através do
impulso dado pelas hélices ou pelas turbinas a jato. Quando a força de sustentação alcançar um
valor maior que a força peso, ele decola e se mantém no ar.
Figura 69
Nos helicópteros, os motores fornecem a tração necessária para girar as asas rotativas
(rotor principal), gerando o vento relativo e conseqüente sustentação. O rotor principal empurra
grandes massas de ar para baixo, fazendo com que o helicóptero suba (figura 70).
Figura 70
Figura 71
2.5.2 Classificação das aeronaves quanto tipo de pouso e decolagem (figura 72)
Figura 72
OBS: Os convertiplanos (figura 73) são aeronaves híbridas que contém características tanto de
aviões quanto de helicópteros, com motores e rotores na ponta das asas que podem ser ajustados
para atuar como hélices durante o vôo.
Figura 73
2.5.3 Classificação das aeronaves quanto à mobilidade das asas (figura 74)
Figura 74
decolagem)
➢ Hidroplano
Avião que só aterrissa e decola em Superfície liquida (figura 75).
Figura 76
➢ Aeronave Anfíbia
Aeronave que aterrissa e decola em Superfície liquida e sólida (figura 77).
Figura 77
OBS: Devido a sua característica de pouso e decolagem vertical, os flutuadores dos helicópteros
possuem um reforço na sua parte inferior que permite o pouso em superfícies firmes.
Tanto os aviões como os helicópteros podem ser classificados pela quantidade de motores
(figura 78).
➢ Monomotor - um motor;
➢ Bimotor - dois motores;
Figura 78
Apesar de não existir literatura que especifique tal classificação, para efeito de
salvamento, tomando-se como base as aeronaves com o conjunto de aterragem em situação
normal e no solo, classificaremos as aeronaves da seguinte forma:
➢ Aeronaves de Baixa Altura – Aquelas em que a distância entre o piso da fuselagem
(ou cockpit) e o solo é muito pequena, abaixo da linha de cintura dos bombeiros, fato
que permite a utilização das mesmas técnicas de regate usadas em carros (figura 79).
Figura 79
Figura 80
Figura 81
Apesar de não existir literatura que especifique tal classificação, existe um grande uso
popular. Extraoficialmente, podemos fazer uma equivalência com a categoria de contraincêndio
das aeronaves. Assim teremos (tabelas 01 e 02):
3.1 Fuselagem
CAP 4 Paulistinha
Figura 83
Cessna 150
Figura 84
B-737
Lear Jet
Figura 87
Figura 88
Uma mesma aeronave pode ter usos distintos (cargueiro, passageiro, militar, etc.) ou
carregar quantidades de pessoas diferentes, pois a configuração da fuselagem fica a critério de
cada empresa ou órgão que a utilizará (figura 89).
Figura 89
A fuselagem dos aviões de grande porte possui dois andares. O primeiro andar
corresponde ao porão de cargas, localizado na barriga do avião (figura 90). O segundo andar é
destinado:
➢ A passageiros, no caso de uma aeronave de passageiros;
➢ A carga, no caso de aeronaves cargueiras;
➢ A passageiros e carga, no caso de aeronaves combies.
Figura 90
Alguns aviões de grande porte possuem três andares (figura 91). O primeiro andar
corresponde ao porão de cargas, localizado na barriga. O segundo e o terceiro são destinados aos
passageiros.
Figura 91
Figura 92
Figura 93
Figura 94
Algumas aeronaves podem possuir portas dividas em 2 partes. Uma que se abre para cima
e outra para baixo, formando um ou dois degraus para facilitar o acesso (figura 95).
Figura 95
Podem ter portas com escadas ou somente a porta, necessitando ou não de pequena
escada externa. As aeronaves de guerra possuem dispositivos embutidos que servem de degraus
para acesso, ou permitem a instalação de escadas removíveis (figura 96).
EMB-120 Brasília
Caravan
Figura 96
Podem possuir portas com escada e/ou com escorregadeiras, e ainda escadas embutidas
na fuselagem, normalmente embaixo da porta dianteira Esquerda. Em muitos aviões, não há
como inibir o acionamento da escorregadeira pelo lado externo (figuras 97 e 98).
Figura 97
Figura 98
Possuem portas com diferentes sistemas e sentido de abertura. Podem abrir para frente,
para trás, para baixo ou deslizar para trás (figura 99).
Figura 99
Muitos helicópteros possuem portas removíveis, bastando para isso, desencaixar a haste
que limita sua abertura e acionar o dispositivo de remoção. Isso permite um maior acesso à
cabina e total liberdade de trabalho para as equipes de resgate (figura 100).
Figura 100
Alguns modelos de helicópteros utilizados para remoção hospitalar possuem portas com
ampla abertura localizada na parte de trás da cabina (figura 101).
EC 145
Figura 101
Helicópteros de grande porte podem ser providos de portas com escada (figura 102).
CH-47 CHINOOK
Figura 102
Lear Jet
Figura 103
Figura 104
As janelas dos aviões mais antigos não possuem escorregadeiras. Já os aviões mais
modernos (todos os modelos de B-767 possuem janela de emergência, A-320, A-319, A-318 etc)
possuem escorregadeira instalada na fuselagem, acima da asa, num compartimento próximo à
janela de emergência (figura 105).
Figura 105
As janelas de emergência dos aviões mais antigos abrem caindo para o interior da
fuselagem (figura 106).
Figura 106
As janelas de alguns aviões mais modernos, como os Boeing 737 700 e 800, abrem para
fora (figura 107), se projetando para cima. Devido a este fato, existe o risco de não se conseguir
tirar a mão do mecanismo de abertura da janela em tempo hábil, podendo prender os dedos
ocasionando acidentes.
Figura 107
A maioria das rotas de fuga das janelas de emergência sobre as asas é em direção ao
bordo de fuga (figura 108). Porém existem alguns aviões em que as rotas são em direção à parte
da frente (bordo de ataque), devido à proximidade do motor com o bordo de fuga (figura 109).
Figura 108
Figura 109
3.1.4.3 Helicópteros
Figura 110
Helicópteros de grande porte, além das portas, possuem janelas de emergência como
opção de abandono. Elas podem ser abertas por fora e por dentro da fuselagem (fig. 111).
Figura 111
Alguns aviões possuem escotilhas de emergência na sua parte superior destinada a fuga
dos pilotos, como é o caso do ATR 42 e do B-747 (figura 112). Essas aeronaves possuem
dispositivos para auxiliar no abandono e podem ser abertas por fora do avião.
Figura 112
Muitos aviões possuem janelas de emergência na cabina de comando destinada à fuga dos
pilotos (figuras 113 e 114). Internamente, próximo a elas, existe um compartimento com uma
corda para auxiliar no abandono. Os aviões de grande altura são providos dessas janelas.
Normalmente elas possuem dispositivos de abertura pelo lado externo.
B 737
Figura 113
Figura 114
3.1.6.1 Bagageiros
Figura 115
Figura 116
Nos aviões combie e cargueiros de médio e grande porte as portas da área de carga ficam
no lado esquerdo da fuselagem (figura 117).
Figura 117
Nos aviões de grande porte as portas do porão de carga ficam no lado direito da
fuselagem (figura 118).
Figura 118
Alguns aviões cargueiros, para poder transportar cargas de tamanho muito grande,
possuem rampas na sua cauda, ou possuem um sistema que permite o deslocamento de seu nariz,
permitindo uma maior abertura para acesso ao interior da sua fuselagem (Figura 119).
Figura 119
Figura 120
Figura 121
Figura 122
Apesar de existirem essas áreas de corte, dificilmente são utilizadas, pois os aviões de
médio e grande porte possuem várias portas e janelas de emergência, além do fato da fuselagem
se romper por ocasião de acidentes, permitindo acesso direto (figura 123).
MD-82
Figura 123
3.1.8 Canopy
Extra EA 300
Figura 124
F5
Figura 125
➢ Trem de Pouso: Conjunto composto por rodas utilizado pelas aeronaves que operam
em superfícies firmes (figura 126).
Figura 126
➢ Esquis: Conjunto composto por esquis utilizado pelas aeronaves que operam em
superfícies firmes (figura 127).
AS 350 Esquilo
Figura 127
Figura 128
➢ Trem de Pouso Fixo: Trem de pouso que não recolhe durante o vôo (fig.129).
Figura 129
Figura 130
Figura 131
➢ Trem de Pouso Convencional: Trem de pouso que consiste de três pernas, sendo
duas principais localizadas à frente do centro de gravidade (CG), e uma terceira perna
localizada atrás do CG, posicionada na cauda da aeronave, sendo chamada de
bequilha nos aviões e de trem de cauda nos helicópteros. A roda de trás dá direção à
aeronave quando esta está no solo (fig.132).
Figura 132
➢ Trem de Pouso Triciclo: Trem de pouso que consiste de três pernas, sendo duas
principais localizadas nas asas ou fuselagem, atrás do centro de gravidade (CG), e
uma terceira perna localizada à frente do CG, posicionada em baixo do nariz da
aeronave (trem de pouso do nariz), que serve para dar-lhe direção quando estiver no
solo (fig.133).
Figura 133
➢ Trem de Pouso Conjugado: Trem de pouso que consiste num trem de pouso triciclo
acrescido de um ou dois conjuntos centrais, denominado trem de pouso central.
(figuras 134 e 135).
Figura 134
Figura 135
➢ Trem de Pouso Quadriciclo: Consiste de quatro pernas, duas das quais se localizam
atrás do centro de gravidade e as outras duas à frente (figura 136).
Figura 136
3.3 Asas
Figura 137
Figura 138
Lear Jet 60
A 320
MD 11
B 747 400
Figura 139
Figura 140
Figura 141
Figura 142
3.3.7 Classificação das asas quanto ao tipo de fixação na fuselagem (fig. 143)
Figura 143
OBS: Alguns aviões possuem asas que podem ser ajustadas em pleno vôo, de acordo com o tipo
de vôo a ser realizado (fig. 144).
Figura 144
3.3.8 Rotores
Localizado acima da fuselagem, fixado pelo mastro. Gira no plano horizontal a baixa
rotação. É responsável pela sustentação vertical (subida e descida), deslocamentos horizontais
(para frente e para trás, para esquerda e direita) e pelo giro em torno do eixo horizontal (inclinar
para baixo e para cima).
Apesar de instalado na parte mais alta do helicóptero, as pontas de suas pás podem atingir
1,60 m do solo.
Localizado na parte traseira do cone de cauda, é o responsável pelo giro em torno do eixo
vertical (girar para esquerda e para direita). Pode estar localizado no lado esquerdo ou direito do
cone de cauda; na parte superior do estabilizador vertical ou no próprio cone.
Suas pás são pequenas mas podem chegar a 1 m do solo. Elas giram no plano vertical em
alta rotação, tornando-se imperceptível aos desatentos que, por desconhecimento do perigo,
poderão ser atingidos pelo rotor, provocando um acidente fatal (fig. 145).
Figura 145
Alguns helicópteros civis herdaram a tecnologia “Stealth” dos modelos militares, como
podemos observar em alguns modelos que utilizam rotores de cauda carenados (Fenestron) que,
além de conferir aos modelos militares a característica anti-radar, melhora a performance e
diminui o número de acidentes provocados pelo impacto com o rotor de cauda (fig. 146).
Figura 146
Alguns helicópteros não possuem o rotor de cauda, porém possuem 2 rotores principais,
podendo ser do tipo Tandem (um em cada extremidade da fuselagem); Sincronizados ou
Engrenantes (um ao lado do outro) ou Coaxiais (um em cima do outro) (fig. 147).
Figura 147
O conceito tecnológico NOTAR (No Tail Rotor), que significa “sem rotor de cauda” (fig.
148), surgiu quando alguns fabricantes inventaram um sistema anti-torque por fluxo de ar
(Fantail) para substituir o rotor de cauda.
Figura 148
3.4 Empenagem
Figura 149
Figura 150
Da mesma forma que nos aviões, os helicópteros possuem estabilizadores que promovem
a estabilidade do seu vôo.
Figura 151
Figura 152
Figura 153
Figura 154
Figura 155
As superfícies de comando de vôo são partes móveis fixadas nos bordos das asas e
estabilizadores, destinadas a controlar o vôo do avião. Subdividem-se em:
➢ Superfícies Primárias ou Principais;
➢ Superfícies Secundárias;
➢ Superfícies Auxiliares.
Figura 156
Figura 157
Figura 158
A tabela abaixo nos mostra um resumo dos movimentos das Superfícies de Comando
Primarias (tabela 3)
Tabela 03
São os compensadores (trim tab). Essas superfícies ficam localizadas nos bordos de fuga
das superfícies primárias. Os compensadores se movem no sentido inverso ao da superfície onde
está instalado, reduzindo desta forma, a quantidade de força aplicada pelo piloto aos comandos
do avião. Possui também a função de restituir a estabilidade perdida devido a fatores internos
(corrigir tendências criadas nos aviões por defeitos de regulagens, da má distribuição de peso,
etc.).
➢ Compensador de Aileron.
➢ Compensador de Profundor;
➢ Compensador de Leme de Direção.
b
c
Figura 159
3.5.3.1 Flaps
3.5.3.2 Slats
Estão localizados no bordo de ataque das asas e possuem a mesma função dos flaps.
3.5.3.3 Spoilers
São superfícies (placas) localizadas na parte superior das asas (extradorso) e atuam de 3
maneiras:
➢ Freios Aerodinâmicos (Speed Brakes): Todos os spoilers atuam ajudando a reduzir a
velocidade em vôo e permite descidas com ângulos mais acentuados;
➢ Auxílio aos Freios de Solo (Ground Spoilers): No solo, todos os spoilers atuam para
destruir a sustentação das asas e possibilitar maior aderência das rodas com a pista a
fim de aumentar a eficiência dos freios;
➢ Auxílio aos Ailerons: Podem ser usados individualmente em vôo, em conjunto com
os Ailerons, para aumentar a razão de rolagem para inclinar o avião.
Figura 161
Figura 162
Figura 163
Figura 164
A FAB usa aviões para abastecer outras aeronaves em vôo (fig. 165). O KC-137 (Boeing
707) utiliza seu próprio combustível. Porém o KC-130 possui tanques extras instalados em sua
fuselagem. Esta carga extra de combustível representa um risco adicional em caso de acidentes.
Figura 165
Nos helicópteros, os tanques podem estar localizados sob o assoalho, atrás ou acima da
cabina (podendo se apresentar sob a carenagem ou externamente a ela). (fig.166).
Figura 166
Tanques externos podem ser instalados como nos aviões (fig. 167).
Figura 167
3.7 Motores
Os motores são responsáveis por produzir a impulsão (ou tração) necessária para vencer a
resistência do ar e permitir o vôo dos aeródinos. No caso dos aviões, os motores impulsionam
massas de ar para trás, fazendo com que o avião inteiro se mova para frente (princípio da ação e
reação), gerando assim o vento relativo. Os motores também são utilizados para realizar
deslocamentos do avião no solo.
Os motores dos aviões podem estar localizados nas asas, na parte dianteira da fuselagem,
ou ainda na empenagem.
Possuem motor que produz a tração através da rotação de uma hélice. Ela impulsiona
grandes massas de ar a velocidades relativamente pequenas. Os motores usados para girar a
hélice podem ser a pistão ou turbo-hélice.
Possui as mesmas peças básicas dos motores usados em automóveis, porém são
construídos de modo a terem as qualidades exigidas para o uso aeronáutico. Por ser econômico e
eficiente a baixas altitudes e em velocidades reduzidas, o motor a pistão é o tipo mais usado em
aviões de pequeno porte. A força produzida pelo motor é transmitida a um eixo que faz girar a
hélice (fig. 168).
Figura 168
Figura 169
É um motor turbo-jato modificado que utiliza toda a energia do jato para girar uma
turbina, que tem o mesmo princípio do cata-vento. A turbina, por sua vez, aciona uma hélice.
Resulta então, um conjunto ideal para velocidades intermediárias entre as dos motores a pistão e
as dos motores a reação. Utilizam querosene como combustível.
Figura 170
OBS: As hélices em movimento apresentam 2 grandes riscos: Elas ficam praticamente invisíveis
podendo atingir quem entrar em seu raio de ação e seu deslocamento de ar arremessa detritos a
altas velocidades, podendo causar acidentes.
Um motor a reação, também conhecido como motor a jato, é um motor que expele gases
em alta velocidade para gerar uma força de impulso, de acordo com Terceira Lei de Newton
(Princípio da Ação e Reação). Esta ampla definição de motor a jato inclui os motores turbo-jatos,
turbo-fans, foguetes e estatorreatores. Porém, neste estudo, serão abordados apenas os motores
turbo-jatos e os turbo-fans.
A comparação entre motores a jato e motores a hélice é instrutiva. Um motor a jato
acelera intensivamente uma pequena quantidade de ar, enquanto um motor a hélice move uma
quantidade relativamente grande de ar a uma velocidade significativamente menor.
Os primeiros motores turbo-fan possuíam uma baixa taxa de contorno, ou seja, apenas
uma pouca quantidade de ar contornava a câmara de combustão (low-bypass ratio). Em
comparação com os motores turbo-fan com alta taxa de retorno, eles são mais barulhentos e
consomem mais combustível. Como exemplo podemos citar os motores instalados nas aeronaves
Boeing 707, 727-100, 727-200 e 737-200, Douglas DC-8 e DC-9 e Mcdonnell Douglas MD 81,
82, 83, 87, 88 e 90.
Figura 172
São motores modernos que evoluíram dos motores turbo-fan de baixa taxa de retorno. A
maioria dos aviões comerciais atuais possui motores turbofans de alta taxa de contorno ou
derivação (high-bypass ratio). Eles são significativamente mais silenciosos, econômicos e não
produzem aquela famosa fumaça preta de seus antecessores.
Nos turbofans modernos, o tamanho relativo do compressor de baixa pressão foi
aumentado até o ponto no qual uma parte (se não a maior parte) do ar admitido contorna o motor
passando ao redor da câmara de combustão.
Figura 173
Figura 174
Tanto os motores dos aviões como dos helicópteros são numerados da esquerda para
direita, tendo-se como referencial o piloto sentado na cabina de comando.
Figura 175
A localização dos motores nos aviões é variada e não tem denominação específica.
Figura 176
Quando instalados nas asas, os motores podem estar em baixo ou em cima delas
(fig.177).
Figura 177
Existem algumas aeronaves onde a hélice fica localizada atrás do motor, no bordo de fuga
da asa ou da empenagem (fig.178).
Figura 178
Motores que utilizam a energia dos gases da turbina para os eixos (transmissão mecânica)
que transmitem a rotação necessária para girar o rotor principal e o de cauda. Utilizam
querosene de aviação como combustível.
Figura 179
Motores que transferem a energia do motor para os eixos (transmissão mecânica) que
transmitem a rotação necessária para girar o rotor principal e o de cauda. Utilizam gasolina de
aviação como combustível.
Robinson 44
Figura 180
Os motores podem estar localizados na parte de cima da cabina ou atrás dela (fig. 181).
Figura 181
Muitas aeronaves possuem uma unidade de força auxiliar (APU). Ela é em sua essência,
um motor a reação utilizado para alimentar o sistema elétrico da aeronave quando ela se encontra
no solo com os motores desligados, para dar partida nos motores da aeronave e para fornecer
pressão pneumática para o sistema de ar condicionado em vôo e no solo.
A APU está geralmente localizada na extremidade posterior da cauda das aeronaves
(fig.182).
Figura 182
Como os aviões possuem altas velocidades de pouso, eles necessitam ter um sistema de
redução de velocidade em solo. Este sistema é composto basicamente de:
➢ Reverso dos motores; e
➢ Sistema de freios.
Após o pouso, a redução da velocidade dos aviões de médio e grande porte é realizada
através do reverso dos motores.
Nos aviões a hélice, ocorre a inversão da angulação (passo) de suas pás passando a soprar
o ar para frente do avião.
Nos aviões a reação, existe um dispositivo que inverte o fluxo de saída dos gases,
passando a jogá-los para frente do avião. Conseqüentemente o avião reduz sua velocidade.
Figura 183
Somente os conjuntos de trens de pouso principais dos aviões possuem freios, que são
acionados para reduzir a velocidade quando o avião está se deslocando em baixa velocidade
(taxiamento) e efetuar sua parada.
De fato, como a roda do trem de nariz (no caso do trem de pouso triciclo) ou da bequilha
(no caso do trem de pouso convencional) sustenta apenas uma pequena parte do peso do avião, o
freio nessa roda não seria eficiente.
Nos aviões de pequeno porte, quando em velocidade de táxi, os freios podem ser
utilizados para efetuar curvas fechadas em manobras no solo. Para isto, o piloto efetua a
frenagem diferencial, que consiste em aplicar o freio somente no lado para o qual ele quer
executar a curva.
Os modernos aviões de médio e grande porte possuem Sistema Autobreak ou Anti-Skid
(semelhante aos freios ABS dos automóveis), que é um sistema que regula a atuação dos freios,
evitando o seu travamento e possível derrapagem.
Nos casos em que os freios dos aviões de médio e grande porte são atuados
excessivamente em altas velocidades (para auxiliar o reverso dos motores a reduzir a velocidade,
ou nos casos de emergência), poderá ocorrer o seu superaquecimento e ocasionar um princípio
de incêndio nos freios.
Caso ocorra o travamento dos freios, ocorrerá o desgaste irregular dos pneus, podendo até
provocar seu estouro. Neste caso ocorrerá também um aquecimento excessivo que pode causar
princípio de incêndio.
Figura 184
Existem dois tipos principais de freios: Freio a Tambor e Freio a Disco, ambos de
acionamento hidráulico:
➢ Freio a Tambor: composto de um tambor que gira junto com a roda, quando o freio é
acionado, duas sapatas ou lonas atritam-se contra o lado interno do tambor, realizando
a frenagem da roda.
➢ Freio a Disco: composto de um disco que gira junto com a roda, quando o freio é
acionado, as pastilhas pressionam o disco, freando a roda (fig.185).
Figura 185
Figura 186
Para tornar a aviação mais segura, fluidos hidráulicos não derivados de petróleo,
denominados skydrol, começaram a ser desenvolvidos a partir da década de 50. A resistência ao
fogo desses fluidos foi testada pela vaporização sobre uma chama de maçarico de solda (6.000º).
Não houve combustão, apenas alguns lampejos de fogo. Estes e outros testes provaram que o
skydrol não sustenta a combustão. Ainda que ele possa queimar em temperaturas
excessivamente altas, os fluidos skydrol não poderiam propagar o fogo porque a combustão
estaria localizada na fonte de calor. Uma vez que a fonte de calor tenha sido removida ou o
fluido afastado da fonte, não ocorreria mais a queima ou combustão.
O skydrol é um óleo sintético, a base ester-fosfato, de cor púrpura, que é atualmente
usado nos sistemas hidráulicos de todos os aviões comerciais. Ele é extremamente irritante para
pele e para as mucosas dos seres humanos. Quando entra em contato com a pele, causa irritação
e coceira, mas é só lavar com muita água e sabão que passa. Quando ele cai no olho causa uma
dor muito grande, podendo provocar perda da visão caso não seja tratado à tempo.
Um outro problema que o skydrol causa é quando ocorre um vazamento, pois ele ataca e
destrói a pintura da aeronave e, ao pisar em uma poça de skydrol, ocorre o derretimento da sola
dos calçados.
A eletricidade, nas modernas aeronaves, é utilizada para muitos fins, tais como a ignição
e partida dos motores, acionamento de bombas elétricas, dos trens de pouso, do ar condicionado,
dos computadores, dos projetores de vídeos, aquecedores das cozinhas, iluminação, etc. Mesmo
com toda sofisticação, a eletricidade ainda é uma das principais causas de incêndio a bordo de
aeronaves. O sistema é composto por bateria, fiações e equipamentos (fig.187).
Figura 187
O tubo de pitot (fig. 188) faz parte do sistema pitot-estático, que é constituído pelo tubo
de pitot, tomadas de pressão estática, tubulações e três instrumentos: velocímetro, indicador de
velocidade vertical (climb) e altímetro. A finalidade do tubo de pitot é obter pressão dinâmica
para o funcionamento desses três instrumentos.
Figura 188
Figura 189
Figura 190
Nas aeronaves que possuem motor no nariz, o radar meteorológico é instalado geralmente
numa das asas (fig. 191).
Figura 191
Figura 192
OBS: Os gases gerados de um incêndio no interior de uma aeronave estacionada e fechada, caso
o fogo não abra buracos na fuselagem, poderá fazer com que a pressão interna se eleve,
provocando a pressurização da fuselagem. Não existindo dispositivo de alívio de pressão nas
portas (fig. 193), os bombeiros deverão providenciar o alívio através da abertura de orifícios na
fuselagem, para depois abrir a porta e realizar o combate ao fogo.
Figura 193
Alguns aviões de grande porte, como o B-747, B-767, DC-10, MD-11, A-300 e outros,
possuem um porão eletrônico provido de duas escotilhas, uma inferior, que comunica o porão
com o exterior, e outra superior, que comunica o porão com a parte interna da fuselagem.
Através da escotilha inferior localizada na barriga da fuselagem, próxima ao nariz do
avião (fig.194), tem-se acesso ao porão eletrônico. Através da escotilha superior, tem-se acesso à
parte ocupada da fuselagem (cabina de comando ou de passageiros).
DIVISÃO DE ENSINO SSDMD
EEAR 132
Figura 194
Figura 195
4 DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA
É formado por detectores de fumaça ou calor instalados nos pontos mais prováveis de
ocorrência de fogo (motores e compartimentos de cargas). Eles provocam o acionamento de um
alarme sonoro e visual na cabina de comando.
Figura 196
Figura 197
Muitos aviões e helicópteros possuem esse sistema nos motores e no porão de carga, que
é acionado pelo piloto no painel na cabine (fig.198). Normalmente é formado por detectores,
uma ou mais garrafas com o agente extintor gasoso, tubulação, válvulas de controle e aplicadores
(fig.199).
Figura 198 - ALARMES DE INCÊNDIO NOS MOTORES E ACIONADORES DO SISTEMA FIXO DE EXTINÇÃO.
A atuação do Sistema Fixo de Extinção numa turbina de avião ocorre como no esquema
abaixo (Fig. 200):
Figura 200
Figura 201
Aeronaves que fazem vôo sobre grandes extensões de água possuem dispositivos
flutuantes.
➢ Colete Salva-Vidas (fig. 202)
Figura 202
Figura 203
Figura 204
Figura 205
Figura 206
São assentos (fig. 207) existentes nos aviões de guerra que, em caso de perigo, sob
comando do piloto, é projetado para o exterior do avião por uma carga propulsora (explosivo).
Isso permite que o piloto abandone a aeronave com relativa segurança.
Figura 207
Antes de realizar atividades no cockpit de um avião de guerra que esteja com o assento
ejetável, é necessário colocar os pinos que travam os sistemas de ejeção (fig. 208), de disparo do
armamento e do sistema de autodefesa (Chaff e Flare).
Figura 208
4.7 Escorregadeiras
Figura 209
Nos aviões narow bodie, as escorregadeiras permitem que apenas uma pessoa escorregue
por vez. Já nos aviões wide bodie, escorregam duas por vez (fig.210).
Figura 210
As escorregadeiras dos aviões que fazem longos percursos sobrevoando oceanos podem
ser utilizadas como botes salva-vidas (fig.212).
Figura 212
Figura 211
Todas as aeronaves de grande porte e algumas de pequeno porte possuem a famosa caixa
preta que são usadas na investigação de acidentes e incidentes aeronáuticos com a finalidade de
prevenção. Na realidade a caixa preta são duas e são de cor laranja.
As caixas pretas constituem-se de dois gravadores, um chamado de Cockpit Voice
Recorder (CVR), destinado a gravar o diálogo entre os pilotos e sua comunicação com as
estações de terra e outras aeronaves, além de ruídos e vibrações por 30 a 120 minutos, e o outro é
o Fligth Data Recorder (FDR), destinado a registrar os dados da aeronave (parâmetros de vôo,
como altitude, aceleração vertical, posição do trem de pouso etc.). Os gravadores de dados
(FDR) atuais possuem capacidade informações por um período de até 25 horas. No lugar das
antigas fitas magnéticas, atualmente são utilizados circuitos digitais com chips de memória.
Figura 213
É uma espécie de sapata localizada no cone de cauda dos helicópteros, que impede que o
rotor de cauda e o próprio cone colidam com solo por ocasião do pouso ou decolagem (figura
215).
Lâminas colocadas à frente da cabina dos helicópteros (uma acima e outra abaixo)
destinadas a cortar fios elétricos nos casos de colisão com eles.
Figura 215
São flutuadores infláveis que ficam acondicionados vazios no conjunto de aterragem dos
helicópteros que operam sobre a água. Por ocasião da necessidade de um pouso de emergência
sobre a água, o piloto aciona o enchimento dos flutuadores.
Figura 216
Dispositivo existente dentro da cabina que, quando acionado, faz com que o rotor
principal pare rapidamente (cerca de 1 minuto e 30 segundos) após um pouso de emergência. Ele
reduz de maneira significativa o tempo de parada, minimizando assim os riscos no solo.
Como você já deve ter percebido, são muitos são os riscos oferecidos pelas aeronaves,
sejam de asas fixas ou rotativas. Recordando rapidamente podemos citar:
➢ Área de rotação das hélices e rotores;
➢ Área de sucção das turbinas;
➢ Área de escapamento dos motores;
➢ Risco do estouro de tubulações hidráulicas pressurizadas;
➢ Aquecimento dos tubos de pitot;
➢ Explosivos dos assentos ejetáveis;
➢ Explosivos dos sistemas de paraquedas;
➢ Armamento incorporado nas aeronaves; etc.
Porém, existem algumas aeronaves que possuem riscos próprios que merecem especial
destaque. Vejamos a seguir.
Os armamentos e assentos ejetáveis são perigosos óbvios, porém existem outros riscos
que não são. Neste item serão destacados produtos perigosos existentes em determinadas
aeronaves que podem causar sérios acidentes com os tripulantes e com os bombeiros.
Algumas aeronaves tais como o Cirrus SR20 e SR22, Rans, Quicksilver, RV-6, KR-2S,
Ultraleves dos mais variados modelos e até mesmo Cessna 150, Skylane e Skyhawk, já estão
utilizando paraquedas balístico. O sistema é constituído de um foguete com combustível sólido
que atira para fora da parte traseira do avião um paraquedas.
Os bombeiros devem tomar muito cuidado durante a abordagem de uma aeronave
provida de paraquedas balístico (Figura 217).
Figura 218
O Flare (Figura 220) é geralmente produzido com magnésio ou outro metal pirofórico de
fácil incandescência, cuja finalidade é para enganar mísseis guiados por calor. Ele é o mais
perigoso item do sistema, pois atinge temperaturas altíssimas (ultrapassando os 1000 °C) para
que possa enganar o sistema de guia do míssil. Queima entre 5 e 10 segundos depois de lançado
e emite mais calor que a turbina da aeronave.
Figura 220
Figura 221 - MAGAZINES COM TAMPAS DE PLÁSTICO VERMELHAS PARA FLARE E BRANCAS PARA CHAFF.
Os Chaffs e Flares são lançados de seus alojamentos nos “Magazines” por cartuchos
impulsores. Portanto, existe o risco muito grande deles serem lançados apenas com o calor do
fogo (em caso de incêndio), ou com uma corrente elétrica passando pela carcaça da aeronave
(mesmo que estática). Por esse motivo as aeronaves armadas com Chaff e Flare, quando em solo,
deverão estar sempre aterradas.
Em caso de problemas com aeronaves militares providas de Chaffs e Flares, o pessoal de
terra nunca deve se posicionar em frente aos Dispensers. E antes de iniciar os procedimentos
para remoção do piloto, é necessário travar o dispositivo de acionamento deste sistema.
O AMX, por exemplo, possui 04 Dispensers (estações de lançamento) que podem
carregar Magazines providos de 15 Flares ou 30 Chaffs cada um. São 03 Dispensers (2, 1 e 4) do
lado esquerdo da aeronave e 01 do Aldo direito (3), todas na parte traseira, mais recuadas que o
local do pino de segurança (Figura 222).
Figura 222
O local para inserir o pino de segurança no AMX fica no orifício da porta de acesso da
CMP (Control Maintenace Panel – Painel de Controle de Manutenção) situada atrás do trem de
pouso esquerdo da aeronave (figura 223). Ao inserir o pino, ocorre o corte da corrente elétrica
para todo o sistema.
As aeronaves E-99 (fig. 224) utilizam Óxido de Berílio (BeO) como dissipador térmico
em alguns equipamentos (fig. 225).
Figura 224
Figura 225
O Óxido de Berílio é uma substância sólida, branca, sem odor, mais densa que a água,
extremamente tóxica e cancerígena. Apesar de não ser inflamável, quando exposto ao calor de
fogo, pode formar gases tóxicos. O contato com o Óxido de Berílio deve ser evitado.
O Óxido de Berílio está localizado nos equipamentos instalados no centro da aeronave
(10 cápsulas) e na antena instalada no dorso da aeronave (196 cápsulas) (figura 226).
Figura 226
Ocorrendo acidente com fogo, caso as cápsulas de Óxido de Berílio sejam expostas ao
calor, o gás tóxico será produzido.
Mesmo que não haja fogo, a força do impacto poderá romper os equipamentos e liberar o
Óxido de Berílio no local do acidente.
A EPU tem a finalidade de suprir o sistema elétrico e hidráulico da aeronave durante uma
eventual falha do motor ou dos geradores elétrico e hidráulico, garantindo assim, a
manobrabilidade necessária para um pouso ou procedimento de emergência.
A hidrazina utilizada na EPU é uma solução chamada de H-70 (70% de hidrazina e 30%
de água). As aeronaves da figura 228 utilizam hidrazina.
Figura 228
O F-16 (figura 229), que é uma aeronave frequentadora dos aeródromos brasileiros por
ocasião das operações aéreas denominadas CRUZEX, possui um reservatório com capacidade
para 25,74 litros de hidrazina H-70.
Figura 229
5 NOÇÕES DE ATMOSFERA
A atmosfera é o invólucro gasoso que envolve totalmente a Terra. É composta por cinco
camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera, dependendo do gradiente de
temperatura da região. A atmosfera é retida junto a terra pela ação da gravidade. A força
gravitacional da terra é que mantém a atmosfera retida ao nosso planeta.
É o peso que a massa gasosa exerce sobre a superfície terrestre. Assim, quanto mais alto
penetramos na atmosfera, notaremos que a sua pressão vai diminuindo.
5.4 Temperatura
5.5 As nuvens
5.6 O vento
Figura 230
GLOSSÁRIO
ÁREA QUENTE
Denominação dada à área de tamanho variável, demarcada ao redor do local onde ocorreu
um acidente ou emergência química. Nesta área todos os trabalhadores deverão atuar trajando
roupa de proteção química e utilizando equipamento de proteção respiratória adequado ao risco
existente.
AEROFÓLIO
BERÇODO MOTOR
Local onde o motor fica alojado numa aeronave (nacele ou compartimento do motor).
BORDO DE ATAQUE
BORDO DE FUGA
COCKPIT
DERIVADOS DA HIDRAZINA
GIROCÓPTERO
O girocóptero é um ultraleve de asas rotativas. Isso causa algum espanto no inicio, mas
com um pouco mais de conhecimento, observa-se que ao contrario do que indica, essa é a
maneira mais segura de se manter no ar.
O rotor é a “grande hélice de cima”, como de um helicóptero. A diferença é que no
helicóptero, esse rotor é acionado por um motor, que gera sustentação suficiente para a máquina
decolar. Já o rotor do girocoptero funciona sem acionamento mecânico algum, girando apenas
pelo principio de auto-rotação, daí vem o nome ‘Giro’cóptero, ou Auto-Giro.
A auto-rotação é o efeito do atrito do ar, com a superfície do rotor, que é móvel e em
formato de hélice, criando assim, a sustentação para o aparelho voar.
Mas como o rotor gira sem acionamento mecânico?
O Girocoptero conta com um motor e uma hélice de tração. Há um cabo que leva força
do motor para o rotor, criando uma espécie de “pré-acelerador” para que o rotor atinja algo em
torno de 70RPM, mas ainda assim, é preciso correr alguns metros na pista para que crie um
vento relativo suficiente no rotor para chegar aos 200RPM necessários para a sustentação do
girocóptero.
E se o motor parar?
Essa é a questão que mais amedronta quem não conhece o principio da auto-rotação.
O rotor do girocóptero uma vez que decolou, não para. Isso porque o vento relativo não
funciona apenas na relação horizontal, mas também na vertical. Uma vez que o motor tenha
pane, a relação vento relativo vertical/horizontal se mantêm suficiente para manter a aeronave no
ar, descendo de maneira segura, mesmo que em um vôo totalmente vertical. Isso faz que a
aeronave não tenha o perigo do chamado ‘STOL’, que ocorre em todas as aeronaves de asa fixa,
que é quando a maquina perde sustentação e cai. O único perigo correspondente ao ‘STOL’ no
girocóptero, é que o piloto deixe a rotação do rotor cair de maneira exagerada (durante
realizações indevidas de manobras excêntricas que o aparelho não suporta, ou operação além dos
limites técnicos estabelecidos para a aeronave, por exemplo) causando assim o chamado
“charutamento” das pás do rotor, que é quando elas se fecham, criando uma queda fatal.
Mas, voando com consciência e dentro dos limites, no girocoptero, caso o motor pare,
você sempre chegará de maneira segura ao chão. Essa característica do aparelho faz com que ele
seja capaz de realizar duas manobras exclusivas de aeronaves de asas rotativas: o vôo pairado
(parado no ar) e o vôo de eixo variável (voar para trás ou para o lado).
Outra observação interessante, é que sendo o rotor auto-rotativo, o aparelho não apresenta
o chamado ‘efeito de torque’, que é o efeito resultante da força aplicada do motor ao rotor,
criando uma tendência da aeronave girar em torno de seu próprio eixo. Para compensar as
curvas, o girocóptero possui um pequeno leme de direção, dispensando o rotor de cauda presente
no helicóptero.
REFERÊNCIAS
BRASILEIRA
A Força Aérea Brasileira utiliza, com pequenas diferenças, o mesmo código da Força
Aérea dos Estados Unidos (USAF) para classificar suas aeronaves. Vale lembrar que em alguns
casos, uma mesma aeronave pode ser chamada pela designação dada pelo fabricante, pelo força
área do país de origem ou pela Força Aérea Brasileira.
As siglas da FAB para indicar os diferentes tipos de aeronaves são:
➢ A - avião de ataque.
➢ C - avião de transporte.
➢ E - especial (quando não se enquadra nos demais casos).
➢ F - avião de caça (combate, interceptação, superioridade aérea).
➢ H - helicóptero.
➢ K - avião de reabastecimento aéreo.
➢ L - avião de ligação e observação.
➢ P - avião de patrulha.
➢ R - avião de reconhecimento, alerta antecipado, sensoriamento remoto, levantamento
aerofotogramétrico.
➢ S - avião de busca-e-salvamento.
➢ T - avião de treinamento.
➢ U - avião de emprego geral (utilitário).
➢ Z - planador.
➢ TZ - planador de treinamento.
➢ UH - helicóptero de emprego geral.
➢ UP - versão utilitária de avião de patrulha.
➢ VC - avião de transporte executivo.
➢ VH - helicóptero de transporte executivo.
➢ XC - versão laboratório de avião de transporte.
A designação individual das aeronaves segue um código numérico. Cada aeronave possui
um número de matrícula, na casa de milhar, de acordo com o critério abaixo:
➢ 0 e 1 - aviões de treinamento (AT, RT, T)
➢ 2 - aviões de transporte, reconhecimento ou emprego geral (C, EC, KC, R, RC, U, VC,
XC)
➢ 3 - aviões de ligação e observação (L)
➢ 4 - aviões de caça (F)
➢ 5 - aviões de ataque (A)
➢ 6 - aviões de busca-e-salvamento (S, SC)
➢ 7 - aviões de patrulha (P)
➢ 8 - seguido de algarismos diferentes de 0 e 1, helicópteros (H, CH, TH, UH, VH)
OBS: o milhar 5, anteriormente reservado aos aviões bombardeiros, passou, desde a entrada em
serviço dos jatos A-1 (EMBRAER AMX) em AMX em 1989, para os aviões de ataque.
Figura 231
Figura 232
Figura 233
Figura 234
Figura 235
Figura 236
Figura 237
ANEXO I - A-319
Figura 238
ANEXO J - EMB-190
Figura 239
Figura 240
Figura 241
Figura 242
Figura 243
Figura 244
Figura 245
Figura 246
Figura 247
Figura 248
ANEXO T - ERJ-135
Figura 249
ANEXO U - ERJ-145
Figura 250
Figura 251
Figura 252
ANEXO Z - Learjet 35
Figura 253
ANEXO AA - Learjet 55
Figura 254
Figura 255
Figura 256
Figura 257
Figura 258
Figura 259
Figura 260
Figura 261
Figura 262
Figura 263
Figura 264
Figura 265
ANEXO MM - EC-135
Figura 266
Figura 267
Figura 268
Figura 269
Figura 270