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Dissertação apresentada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação do

Instituto Tecnológico de Aeronáutica, como parte dos requisitos para


obtenção do título de Mestre em Engenharia Aeronáutica, do Programa de
Mestrado Profissionalizante do Curso de Engenharia Aeronáutica e
Mecânica, Área de Mecânica dos Sólidos e Estruturas.

Nadim Jabur Filho

Estudo dos efeitos do campo de tração diagonal no


dimensionamento preliminar de um revestimento integral de uma
asa, em compressão e cisalhamento

Dissertação aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados:

Prof. Paulo Rizzi

Orientador

Prof. Homero Santiago Maciel

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Campo Montenegro

São José dos Campos, SP – Brasil

ANO 2004
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Divisão Biblioteca Central do ITA/CTA

Jabur Filho, Nadim


Estudo dos efeitos do campo de tração diagonal no dimensionamento preliminar de um
revestimento integral de uma asa, em compressão e cisalhamento/ Nadim Jabur Filho.
São José dos Campos, 2004.
146f.

Dissertação de Mestrado Profissionalizante – Curso de Engenharia Aeronáutica e Mecânica –


Área de Mecânica dos Sólidos e Estruturas – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2004.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Rizzi.

1. Tração diagonal. 2. Asa. 3. Caixão Central. 4. Revestimento Integral. I. Centro Técnico


Aeroespacial. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Mecânica-
Aeronáutica. II. Estudo dos efeitos do campo de tração diagonal no dimensionamento preliminar
de um revestimento integral de uma asa, em compressão e cisalhamento.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

JABUR FILHO, Nadim. Estudo dos efeitos do campo de tração diagonal no


dimensionamento preliminar de um revestimento integral de uma asa, em
compressão e cisalhamento. 2004. 146f. Dissertação de Mestrado Profissionalizante –
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Nadim Jabur Filho


TÍTULO DO TRABALHO: Estudo dos efeitos do campo de tração diagonal no
dimensionamento preliminar de um revestimento integral de uma asa, em compressão e
cisalhamento.
TIPO DO TRABALHO/ANO: Dissertação de Mestrado Profissionalizante / 2004

É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias


desta dissertação e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos
acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte
desta deve ser reproduzida sem a autorização do autor.

___________________________
Nadim Jabur Filho
R. Jorge Barbosa Moreira, 215, Apto.21
CEP 12.243-070 – São José dos Campos – SP
Estudo dos efeitos do campo de tração diagonal no
dimensionamento preliminar de um revestimento integral de
uma asa, em compressão e cisalhamento

NADIM JABUR FILHO

Composição da Banca Examinadora:

Paulo Rizzi..................................................... Orientador e Presidente – ITA


Eder A.de Ávila Martins................................Membro Externo – EMBRAER
Flávio Luiz da Silva Bussamra....................................Membro Interno – ITA

ITA
iii

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS .............................................................. VI

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... XIV

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ XVI

RESUMO .......................................................................................................... XIX

ABSTRACT ........................................................................................................XX

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1 ASPECTOS GERAIS........................................................................................ 4

1.1 A ASA – DESCRIÇÃO ................................................................................... 4

1.2 CONFIGURAÇÃO ESTRUTURAL ................................................................. 5

1.2.1 Revestimento................................................................................................ 6

1.2.2 Longarinas ................................................................................................... 7

1.2.3 Reforçadores Longitudinais .......................................................................... 8

1.2.4 Nervuras....................................................................................................... 9

1.3 CRITÉRIO DE PROJETO ............................................................................. 10

1.4 MATERIAIS ................................................................................................. 11

1.5 CARGAS E FATOR DE SEGURANÇA ......................................................... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 14

2.1 MATERIAIS – IDEALIZAÇÃO MATEMÁTICA .......................................... 14

2.2 TENSÕES PRIMÁRIAS ................................................................................ 18


iv

2.2.1 Tensões Normais: ....................................................................................... 19

2.2.2 Tensões de Cisalhamento ............................................................................ 20

2.3 FLAMBAGEM DE PLACAS ......................................................................... 26

2.3.1 Placa em Compressão ................................................................................. 27

2.3.2 Placas em Flexão ........................................................................................ 32

2.3.3 Placas em Cisalhamento ............................................................................. 34

2.3.4 Placas sob efeito combinado: Tensão Longitudinal + Cisalhamento ............. 36

2.3.5 Placa sob efeito combinado: Flexão + Cisalhamento ................................... 38

2.4 EFETIVIDADE DOS PAINÉIS PÓS-FLAMBAGEM ..................................... 39

2.4.1 Largura efetiva ........................................................................................... 40

2.4.2 Espessura efetiva ........................................................................................ 41

2.5 ANÁLISE DE TRAÇÃO DIAGONAL ........................................................... 42

2.5.1 Ângulo de Tração Diagonal ........................................................................ 52

2.5.2 Momentos Secundários ............................................................................... 53

2.6 VERIFICAÇÃO DE FALHA ESTRUTURAL ................................................ 56

2.6.1 Alma/Revestimento .................................................................................... 56

2.6.2 Reforçadores .............................................................................................. 57

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 67

3.1 DEFINIÇÃO GEOMÉTRICA ........................................................................ 68

3.2 CARGAS ...................................................................................................... 72

3.3 CÁLCULO DAS TENSÕES PRIMÁRIAS ..................................................... 73

3.4 ANÁLISE DE FLAMBAGEM DOS PAINÉIS................................................ 76

3.5 CÁLCULO DA EFETIVIDADE .................................................................... 78

3.6 ANÁLISE DE TRAÇÃO DIAGONAL ........................................................... 80

3.7 VERIFICAÇÃO DE FALHA ESTRUTURAL ................................................ 87


v

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 90

4.1 CASO 1......................................................................................................... 96

4.2 CASO 2....................................................................................................... 106

4.2.1 Análise pré-flambagem ............................................................................. 108

4.2.2 Análise pós-flambagem ............................................................................ 115

4.2.3 Comparação ............................................................................................. 119

5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 123

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 125

ANEXOS ............................................................................................................ 126


vi

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

A área, razão entre as tensões críticas de flambagem

a comprimento do painel

A cel área celular interna à linha média das almas/revestimentos

Al alumínio

Alma Long. alma da longarina

A ref área total dos reforçadores do revestimento superior

A rev área total das almas do revestimento superior

A rg área da secção do reforçador transversal, área total do

elemento de ligação (aba) nervura/revestimento

a rib espaçamento entre nervuras

A st área da secção transversal do reforçador longitudinal

A total área total da secção transversal do caixão central

A tsup área total da secção transversal do revestimento superior

b largura do painel; largura da aba do reforçador

B razão entre as tensões atuantes

b ef largura efetiva do painel

Br área do “boom”

C parâmetro do material

c distância entre o bordo em compressão e o eixo neutro do

painel em flexão; coeficiente de engastamento

C3 fator de concentração de tensões

Cu cobre

d comprimento do painel, operador matemático que denota

diferencial
vii

E, E c módulo de elasticidade do material

EMBRAER Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.

E rg módulo secante do material do reforçador transversal e das

abas das nervuras

Es módulo secante do material

E sk módulo secante do material da alma/revestimento

E st módulo secante do material do reforçador longitudinal

Et módulo tangente do material

f tensão

F0 tensão crítica de falha local forçada

FAR-25 Federal Aviation Regulation PART 25

fb tensão atuante de flexão

F bcr tensão crítica de flambagem em flexão

F bcre tensão crítica de flambagem em flexão no regime elástico

fc tensão atuante de compressão

FC tensão crítica de falha como coluna

F cc tensão crítica de flambagem local – coluna

F ccr tensão crítica de flambagem em compressão

f ccr tensão crítica de flambagem em compressão, na presença

do cisalhamento

F ccre tensão crítica de flambagem em compressão no regime

elástico

F cu tensão última do material em compressão

F cy tensão de escoamento do material em compressão

f DT tensão normal devido ao campo de tração diagonal


viii

fp tensão normal primária

F pr limite de proporcionalidade

F ref tensão de referência

f rg tensão normal à aba das nervuras, tensão normal ao

reforçador transversal

f rgp tensão primaria – normal às abas das nervuras e aos

reforçadores transversal

fs tensão atuante de cisalhamento

F S , f sall tensão admissível de cisalhamento para almas submetidas

à tração diagonal

F scr tensão crítica de flambagem em cisalhamento

f scr tensão crítica de flambagem em cisalhamento, sob efeito

combinado de tensões

F scre tensão crítica de flambagem em cisalhamento no regime

elástico

f sDT tensão de cisalhamento devida ao campo de tração

diagonal

f st tensão normal ao reforçador longitudinal

f stb tensão normal ao reforçador longitudinal devida ao

momento secundário

f stp tensão primária – normal ao reforçador longitudinal

F su tensão última ao cisalhamento puro

ft tensão atuante de tração

F tu tensão última do material em tração

F ty tensão de escoamento do material em tração


ix

G módulo de cisalhamento

h largura do painel, altura da viga

ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica

Ixx , I yy , Ixy momento de inércia

J rigidez torsional

k fator de tração diagonal

kb coeficiente de flambagem em flexão

kc coeficiente de flambagem em compressão

ks coeficiente de flambagem em cisalhamento

ksi quilo libra por polegada quadrada

l comprimento

L´ comprimento equivalente de coluna

lbf libra força

Lp comprimento do painel superior

Mesa Long. mesa da longarina

Mg magnésio

mm milímetro

M max momento fletor máximo

MPa Megapascal

MS cis margem de segurança para a falha em cisalhamento da

alma do painel, submetido à tração diagonal

MS D1 margem de segurança para resistência local, critério

Douglas

MS D2 margem de segurança para falha como coluna no centro do

vão entre as nervuras, critério Douglas


x

MS D3 margem de segurança para falha como coluna junto às

nervuras, critério Douglas

M sec momento fletor secundário

MS fC margem de segurança para falha como coluna composta

pelo reforçador longitudinal e revestimento totalmente

efetivo

MS fl margem de segurança para flambagem do painel

MS VM margem de segurança para resistência mecânica do

material

Mx, M y momento fletor

N esforço uniforme de compressão

n parâmetro do material

P carga aplicada; esforço normal ao revestimento superior

p mínima distância entre o painel e o CG da secção

Pa Pascal

P painel carregamento de compressão aplicado sobre a alma do

painel

psi libra por polegada quadrada

Pu carregamento total transversal ao reforçador

q fluxo de cisalhamento

R raio de curvatura do painel

Rb razão de carregamento – tensões de flexão

RB fator de correção da tensão crítica de flambagem em

cisalhamento, na presença de flexão


xi

RC fator de correção da tensão crítica de flambagem em

cisalhamento, na presença de compressão

R C’ fator de correção da tensão crítica de flambagem em

compressão, na presença de cisalhamento

Ref. Inf. reforçador longitudinal localizado no revestimento

integral inferior

Ref. Sup. reforçador longitudinal localizado no revestimento

integral superior

Rev. Inf. revestimento inferior

Rev. Sup. revestimento superior

RL razão de carregamento – tensões normais

RS razão de carregamento – tensões de cisalhamento

RT fator de correção da tensão crítica de flambagem em

cisalhamento, na presença de tração

s largura do painel

Sx, S y esforços cortantes

t espessura da alma/revestimento; espessura do reforçador

T momento torsor

t ef espessura efetiva do painel

tu espessura do reforçador

u deslocamento

U energia de deformação

V trabalho realizado pelos esforços externos

VM tensão equivalente de Von Mises

V-n diagrama velocidade x fator de carga


xii

w carregamento uniformemente distribuído

Wp largura total do revestimento superior

x coordenada, eixo de coordenadas

x pCG coordenada do centro de gravidade da secção

y coordenada, eixo de coordenadas

ypCG coordenada do centro de gravidade da secção

z coordenada, eixo de coordenadas

Zn zinco

α ângulo de tração diagonal

β parâmetro de flambagem – flexão, fator de relaxação

δ variação

∂ operador diferencial

deformação em cisalhamento

deformação

e deformação elástica

p deformação plástica

n deformação da alma

st deformação do reforçador longitudinal

rg deformação do reforçador transversal; deformação da aba

da nervura

η fator de correção de plasticidade

módulo de Poisson

e módulo de Poisson – regime elástico

Π energia potencial total

raio de giração
xiii

somatório

z tensão normal

tensão de cisalhamento

m tensão média de cisalhamento

ωd parâmetro de flexibilidade dos flanges


xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros para o cálculo da tensão de falha local [1].................................................. 62

Tabela 2 - Coordenadas dos "Booms" .......................................................................................... 93

Tabela 3 - Esforços atuantes – condição limite ............................................................................. 94

Tabela 4 - Propriedades geométricas da secção ............................................................................ 96

Tabela 5 - Geometria dos "Booms" .............................................................................................. 96

Tabela 6 - Geometria dos "Skins" ................................................................................................ 97

Tabela 7 - Geometria do revestimento superior ............................................................................ 97

Tabela 8 - Tensões normais aos "Booms" - condição limite e última ............................................. 98

Tabela 9 - Tensões e esforços normais ao revestimento superior – condição limite e última ........... 99

Tabela 10 - Tensões atuantes nos "skins" - condição limite......................................................... 100

Tabela 11 - Tensões atuantes nos "skins" - condição última ........................................................ 101

Tabela 12 - Tensões críticas de flambagem dos "skins" .............................................................. 103

Tabela 13 - Verificação de flambagem ("skins") ........................................................................ 104

Tabela 14 - Tensões críticas das colunas (reforçador + revestimento) – painel superior ............... 105

Tabela 15 - Margens de segurança para falha como coluna – condição limite e última ................ 105

Tabela 16 - Geometria dos "Booms" .......................................................................................... 106

Tabela 17 - Geometria dos "Skins" ............................................................................................ 107

Tabela 18 - Geometria do revestimeto superior .......................................................................... 107

Tabela 19 - Geometria da secção ............................................................................................... 108

Tabela 20 - Tensões normais aos "booms" - condição limite e última .......................................... 108

Tabela 21 - Tensões e esforços normais ao revestimento superior – condição limite e última ..... 109

Tabela 22 - Tensões atuantes nos "skins" - condição limite......................................................... 110


xv

Tabela 23 - Tensões atuantes nos "skins" - condição última ........................................................ 111

Tabela 24 - Tensões críticas de flambagem dos "skins" .............................................................. 113

Tabela 25 - Verificação de flambagem ("skins") ........................................................................ 114

Tabela 26 - Geometria recalculada da secção ............................................................................. 115

Tabela 27 - Tensões atuantes nos "skins" – recalculadas............................................................. 115

Tabela 28 - Parâmetros pós-flambagem (“skins”) ....................................................................... 116

Tabela 29 - Parâmetros de tração diagonal ("skins") ................................................................... 116

Tabela 30 - Tensões e momentos secundários ("booms") ............................................................ 117

Tabela 31 - Verificação de falha estrutural - Método Douglas..................................................... 118


xvi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diferentes tipos de asa .................................................................................................. 4

Figura 2 - Secção genérica da asa .................................................................................................. 5

Figura 3 - Revestimento superior ................................................................................................... 6

Figura 4 - Revestimento inferior - janelas de acesso ....................................................................... 7

Figura 5 – Longarina..................................................................................................................... 8

Figura 6 - Reforçadores + Revestimento ........................................................................................ 8

Figura 7 – Nervura ........................................................................................................................ 9

Figura 8 - Curva tensão x deformação.......................................................................................... 15

Figura 9 - Idealização de Ramberg e Osgood ............................................................................... 17

Figura 10 - Secção genérica para o cálculo de tensões normais ..................................................... 19

Figura 11 - Elemento infinitesimal [7] ......................................................................................... 20

Figura 12 - Secção genérica para o cálculo do fluxo de cisalhamento [7] ...................................... 23

Figura 13 - Equilíbrio do “boom”[7] ............................................................................................ 24

Figura 14 - Placa sob compressão uniaxial ................................................................................... 27

Figura 15 - Coeficiente de flambagem de painéis em compressão [3] ............................................ 28

Figura 16 - Coeficientes de flambagem de placas planas – restringidas na expansão lateral [3] ...... 30

Figura 17 - Gráfico adimensional para tensão de flambagem em compressão ou flexão para flanges
longos engastados ou placas apoiadas com restrições elásticas nas bordas [3] ............................... 31

Figura 18 - Coeficiente de flambagem para placa plana simplesmente apoiada sujeita à flexão [3] . 32

Figura 19 - Coeficientes de flambagem para placas longas (a/b>4) simplesmente apoiadas nos quatro
bordos [3] ................................................................................................................................... 33

Figura 20 - Coeficiente de flambagem para placas carregadas em cisalhamento [3] ....................... 35

Figura 21 - Gráfico adimensional para tensão de flambagem em cisalhamento de placas com


restrições elásticas nas bordas [3] ................................................................................................ 35
xvii

Figura 22 - Placas planas sob carregamento combinado: tensão longitudinal + cisalhamento (a/b>1)
[3] .............................................................................................................................................. 38

Figura 23 - Placa plana sob carregamento combinado: flexão pura + cisalhamento [3] ................... 39

Figura 24 - Distribuição de tensões em painéis reforçados sob carregamento de compressão [2] .... 40

Figura 25 - Viga em campo de tração diagonal ............................................................................. 42

Figura 26 - Elemento de uma alma em tração diagonal ................................................................. 44

Figura 27 - Painel reforçado ........................................................................................................ 46

Figura 28 - Momentos secundários .............................................................................................. 53

Figura 29 - Fatores de concentração de tensões [3]....................................................................... 55

Figura 30 - Tensão admissível de cisalhamento da alma [3] .......................................................... 56

Figura 31 - Curva típica para coluna de paredes finas em compressão ........................................... 57

Figura 32 - Distribuição de tensões em uma coluna de paredes finas ............................................. 60

Figura 33 - Secção genérica de paredes finas ............................................................................... 61

Figura 34 - Tensão admissível de falha local forçada [2] .............................................................. 65

Figura 35 - Estação da asa ........................................................................................................... 68

Figura 36 - Secção genérica de referência .................................................................................... 69

Figura 37 - Reforçador - "Blade" ................................................................................................. 70

Figura 38 - Secção transversal idealizada das longarinas .............................................................. 70

Figura 39 - Reforçador - "L" ....................................................................................................... 71

Figura 40 - Convenção de sinais (cargas) – vista obtida em direção à raiz da asa (“inboard”) ........ 72

Figura 41 - Geometria efetiva do painel em compressão – pós-flambagem .................................... 79

Figura 42 - Secção transversal da coluna idealizada ..................................................................... 88

Figura 43 - Vista em planta da asa analisada ................................................................................ 91

Figura 44 - Secção de referência.................................................................................................. 92


xviii

Figura 45 - Distribuição das tensões normais aos "booms" ........................................................... 99

Figura 46 - Distribuição das tensões médias de cisalhamento nos "skins" .................................... 102

Figura 47 - Distribuição das tensões normais aos "booms" ......................................................... 109

Figura 48 - Distribuição das tensões médias de cisalhamento nos "skins" .................................... 112

Figura 49 - Curvas de projeto - painéis reforçados integrais (A st /A sk =0.5) ................................... 121

Figura 50 - Curvas de projeto - painéis reforçados integrais (A st /A sk =1) ...................................... 121


xix

RESUMO

O objetivo do presente trabalho é o de analisar os efeitos do campo de tração

diagonal no dimensionamento de um revestimento integral de uma asa. Para isso foi

desenvolvida uma ferramenta de análise preliminar do caixão central. Os cálculos

foram realizados através de uma planilha eletrônica, com o auxílio de uma linguagem

de programação, para a automatização dos mesmos. Basicamente essa ferramenta

fornece as tensões atuantes, os parâmetros para a análise de flambagem dos painéis,

análise de tração diagonal e de falha dos componentes estruturais. Foram analisados

dois casos, o primeiro sem a ocorrência de flambagem e o segundo com a flambagem

do revestimento superior na condição última de carregamento, que forneceram os

parâmetros necessários para a comparação.


xx

ABSTRACT

The objective of this present application is to analyze the effects of the

diagonal tension field in a wing integrally panel sizing. For this, it was developed a

tool that realizes a preliminary structural analysis of a wing main box. The

calculations were realized using an electronic worksheet. Basically, this tool

provides the acting stresses, parameters for the panel buckling analysis, diagonal

tension analysis and components failure. Two cases were analyzed: first without

panel buckling at any condition and second with skin buckling at the ultimate load

condition. These cases provided the needed parameters for the comparison.
1

INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho foi analisar os efeitos do campo de tração

diagonal em um revestimento de uma asa.

O revestimento analisado foi do tipo painel reforçado integral produzido em

liga de Alumínio, que é amplamente utilizado pela indústria aeronáutica.

Foram realizados dois projetos: o primeiro foi de um revestimento que não

apresenta flambagem dos painéis em qualquer condição de carregamento atuante,

enquanto o segundo foi do mesmo componente em tração diagonal, ou seja,

apresentando flambagem dos painéis na presença do cisalhamento, no caso sob a

condição última de carregamento.

Os dois projetos envolveram a análise do caixão central da asa, que foi

definido por uma geometria externa comum, assim como os materiais utilizados e os

carregamentos atuantes. A definição destes parâmetros foi baseada em uma asa

pertencente a uma aeronave existente, cujos carregamentos já estavam definidos.

A geometria do revestimento superior foi alterada sucessivamente, a fim de

se obter as duas configurações com os comportamentos acima descritos. Os

resultados forneceram parâmetros que permitiram a comparação, e a verificação dos

efeitos do campo de tração diagonal.

A análise estrutural do caixão central foi realizada através de uma ferramenta

computacional, desenvolvida no formato de uma planilha eletrônica. Com o objetivo

de tornar mais rápida a obtenção dos resultados, os cálculos foram automatizados

através de uma linguagem de programação (Visual Basic). Os algoritmos e os

parâmetros utilizados podem ser visualizados nos arquivos eletrônicos em anexo.


2

Os dados de entrada desta ferramenta são: as definições geométricas, os

materiais utilizados e os carregamentos atuantes.

A análise é realizada em uma série de etapas, que permitem ao usuário um

maior controle sobre o desenvolvimento do projeto.

A primeira etapa é realizada com a obtenção das propriedades geométricas da

secção e as tensões normais atuantes, desconsiderando-se a contribuição das almas

dos revestimentos.

Na segunda etapa são obtidas as propriedades geométricas da secção

completa, as tensões normais e de cisalhamento, assim como as tensões de Von

Mises atuantes em pontos estratégicos da secção. Finalmente, é realizada a análise de

flambagem dos painéis baseada na teoria de instabilidade de placas.

A etapa seguinte fornece parâmetros para a análise específica do

revestimento superior e a verificação de falha estrutural deste componente, na

ausência de flambagem.

Ocorrendo a flambagem dos painéis, a análise prossegue com o cálculo da

efetividade dos mesmos, a redefinição geométrica e redistribuição das tensões

primárias.

O próximo passo é a análise de tração diagonal, onde são obtidos os valores

das tensões adicionais geradas nos reforçadores, assim como os momentos

secundários. É importante salientar que o método de cálculo do ângulo de tração

diagonal apresenta algumas modificações em relação ao método tradicional,

encontrado na Ref. [6], na tentativa de se adequar às condições específicas aqui

analisadas.

Finalmente, é realizada a verificação quanto à falha estrutural do

revestimento superior, sob os efeitos do campo de tração diagonal. As almas foram


3

verificadas quanto à tensão admissível de cisalhamento, enquanto que para o

revestimento, a verificação foi baseada no método sugerido pela Douglas (Ref. [5]).

Na configuração estudada, observou-se que os efeitos do campo de tração

diagonal não foram tão pronunciados, sendo que o projeto que utilizou esta filosofia

não apresentou vantagens relevantes.

As teorias utilizadas, as simplificações e métodos utilizados, assim como os

resultados obtidos serão apresentados com mais detalhes no decorrer do texto.


4

1 ASPECTOS GERAIS

1.1 A ASA – DESCRIÇÃO

A asa de uma aeronave só existe por uma razão totalmente aerodinâmica,

pois primordialmente deve gerar a sustentação necessária para manter a aeronave em

vôo. Este é um raciocínio óbvio, mas é o princípio que governa a sua geometria e que

tem drásticas conseqüências estruturais.

A missão da aeronave e o desempenho requerido para o cumprimento desta

determinam os contornos externos da asa, e dentro dessa geometria devem se alojar

os componentes estruturais que atendam a todos os requisitos de projeto.

Nessa linha de raciocínio, é possível perceber como a estrutura de uma asa

pode variar de acordo com a missão da aeronave. Basta observar a asa típica de uma

aeronave civil de transporte (Figura 1-a) e de uma aeronave militar de combate

(Figura 1-b), por exemplo.

Figura 1 - Diferentes tipos de asa


5

Nesse contexto, é necessário definir a aplicação da asa em estudo.

A configuração da asa, analisada no presente trabalho, é extensamente

utilizada pelos fabricantes de aeronaves comerciais para transporte de passageiros ou

de carga.

Além de gerar sustentação, uma asa, com essa configuração, deve armazenar

combustível, suportar as superfícies de hipersustentação (“flaps”, “slats”), as

superfícies de controle (“ailerons”, “spoilers”), o trem de pouso principal e os

motores (dependendo da configuração da aeronave).

No decorrer do texto, serão descritos com mais detalhes a configuração

estrutural e os requisitos de projeto, que serviram como premissas para o estudo.

1.2 CONFIGURAÇÃO ESTRUTURAL

A estrutura da asa considerada pode ser dividida em três partes principais:

bordo de ataque, bordo de fuga e caixão central.

Basicamente, os bordos de ataque e de fuga são anexados ao caixão central,

que por sua vez é ligado à fuselagem através do “stub” (continuação do caixão

central fixado nas cavernas da fuselagem).

O caixão central (“wing box”) pode ser idealizado como uma viga

engastada, cuja secção transversal pode ser visualizada na Figura 2.

Figura 2 - Secção genérica da asa


6

O caixão central será o objeto principal da análise aqui desenvolvida, uma

vez que suporta a maior parte das cargas atuantes, sendo desprezadas as

contribuições dos bordos, que são relativamente pequenas.

A viga é composta por duas longarinas (“front spar” e “rear spar”) e dois

revestimentos reforçados (“upper cover” e “lower cover”), de acordo com a Figura 2.

Transversalmente às longarinas, ficam as nervuras que completam o conjunto.

A seguir, serão descritas as funções de cada um dos componentes do caixão

central.

1.2.1 Revestimento

O revestimento é a porção mais externa do caixão central - em contato com o

escoamento de ar - portanto deve prover uma forma aerodinâmica.

Estruturalmente, é o componente que transmite as forças aerodinâmicas aos

membros longitudinais (reforçadores e longarinas) e transversais (nervuras).

Desenvolve tensões de cisalhamento que reagem às forças cortantes e ao momento

torsor aplicado, além de atuar como membro longitudinal, resistindo às cargas de

flexão, sendo as mais significativas de compressão no revestimento superior (Figura

3) e de tração no inferior, no qual normalmente se localizam as janelas de acesso ao

interior da asa, como pode ser visualizado na Figura 4.

Figura 3 - Revestimento superior


7

Figura 4 - Revestimento inferior - janelas de acesso

1.2.2 Longarinas

As longarinas são vigas compostas por duas mesas e uma alma.

As mesas funcionam como membros longitudinais, resistindo às cargas de

flexão, atuando como massas concentradas, que contribuem para aumentar a inércia

da secção em relação ao seu eixo neutro.

A alma trabalha essencialmente em cisalhamento, resistindo à cortante e ao

torsor aplicados.

Reforçadores transversais são acrescentados à alma para aumentar a sua

resistência à flambagem, e – dependendo da filosofia de projeto empregada – para

garantir a integridade estrutural da longarina pós-flambagem, suportando as cargas

axiais geradas pelo campo de tração diagonal.

Normalmente, os reforçadores transversais fazem a ligação entre longarinas e

nervuras. Porém, também podem ser utilizados na alma, entre as nervuras, para

aumentar a estabilidade da mesma.

A configuração de uma longarina integral usinada, com reforçadores

transversais, pode ser observada na Figura 5.


8

Figura 5 – Longarina

1.2.3 Reforçadores Longitudinais

Os reforçadores longitudinais são membros estruturais que primordialmente,

suportam as cargas de flexão atuantes.

Esses reforçadores trabalham junto ao revestimento, delimitando uma série

de pequenos painéis. O objetivo desta configuração é aumentar as tensões críticas de

flambagem e de falha do revestimento.

Uma configuração de reforçadores próxima à raiz da asa pode ser observada

na Figura 6.

Figura 6 - Reforçadores + Revestimento


9

1.2.4 Nervuras

As nervuras são componentes posicionados transversalmente às longarinas e

aos reforçadores longitudinais, que garantem o formato da secção da asa e

redistribuem as tensões ao longo de descontinuidades estruturais. A Figura 7

exemplifica uma nervura típica.

Figura 7 – Nervura

Junto com os reforçadores longitudinais, as nervuras delimitam o

revestimento em painéis, provendo restrições que aumentam a estabilidade dos

mesmos. Ao mesmo tempo estabelecem um comprimento de coluna a estes

reforçadores, fornecendo restrições nas suas extremidades, que incrementam a

resistência dos mesmos à flambagem.


10

1.3 CRITÉRIO DE PROJETO

De acordo com o “FAR PART 25 – Subpart C”, os critérios de resistência

para uma estrutura aeronáutica são:

• A estrutura deve ser capaz de suportar as cargas limites, sem

apresentar deformação detrimental permanente; normalmente,

esta condição é satisfeita se as tensões atuantes não atingem a

tensão de escoamento do material;

• A estrutura não pode falhar, quando estiver sob a ação da carga

última.

As cargas limites são as máximas cargas atuantes na aeronave em serviço, e

as cargas últimas são o produto do valor das cargas limite por um fator de segurança

igual a 1,5.

Especificamente para a asa, além dos critérios já citados, o revestimento não

pode flambar até a condição limite, pois a sua forma aerodinâmica deve ser mantida

nas condições normais de vôo.

A flambagem dos componentes estruturais é uma condição que depende da

confiabilidade dos métodos utilizados para a análise de tração diagonal e da filosofia

de projeto do fabricante.

Uma vez que as almas das longarinas, as nervuras e o revestimento não

falham imediatamente após a flambagem, o dimensionamento destes componentes

pode ser feito permitindo essa condição acima da carga limite.


11

1.4 MATERIAIS

As ligas de alumínio são os materiais tradicionalmente utilizados para a

fabricação das estruturas aeronáuticas, e compõem cerca de 80% do total da

aeronave. São encontradas em diversas formas, com propriedades que atendem às

mais diversas aplicações.

Essa versatilidade é obtida através da adição de diversos materiais ao

alumínio, que melhoram as suas propriedades, além dos tratamentos térmicos e

trabalho a frio que podem ser aplicados.

As vantagens comuns às ligas de Alumínio, que tornam vantajosa a sua

utilização em estruturas aeronáutica são: a baixa massa específica, elevada razão

resistência-peso, boa resistência à corrosão, facilidade na fabricação e a já citada

versatilidade.

Com a evolução da resistência mecânica das ligas de alumínio, e o

desenvolvimento de estruturas cada vez mais solicitadas, a resistência à fadiga

tornou-se um fator decisivo na escolha do material, uma vez que os efeitos da fadiga

são menos controláveis e mais catastróficos.

Com o advento de estruturas tolerantes ao dano, a tenacidade à fratura, ou

seja, a capacidade do material com uma trinca ou defeito suportar carga sem uma

falha catastrófica, também passou a ser uma propriedade decisiva no processo de

escolha.

Para componentes que trabalham com carregamentos cíclicos de tração

(painel inferior da asa) e flexão (longarinas), a liga utilizada deve possuir um bom

comportamento em fadiga. Enquanto que os componentes cujo carregamento cíclico

predominante é o de compressão (painel superior), a resistência mecânica é a

propriedade principal, pois a compressão não é um carregamento crítico à fadiga.


12

Dentre as ligas de Alumínio, as mais utilizadas são as da série 7000 (Al-Zn-

Mg-Cu) e da série 2000 (Al-Cu). As ligas da série 7000 se destacam pela elevada

resistência mecânica, mas inicialmente apresentaram problemas com fadiga e

tenacidade à fratura. Enquanto as ligas da série 2000 apresentam uma menor

resistência mecânica, porém com um bom comportamento em fadiga (destaque para a

liga 2024-T6), com excelente resistência em temperaturas elevadas e criogênicas,

além da resistência à fluência em altas temperaturas.

A evolução das ligas, associada a tratamentos térmicos e trabalhos a frio,

resultaram em ligas da série 7000 com um melhor comportamento em fadiga, com

destaque para a liga 7475, que apresenta uma tenacidade à fratura comparável a da

liga 2024-T6, à temperatura ambiente, mantendo a elevada resistência mecânica.

1.5 CARGAS E FATOR DE SEGURANÇA

A asa de uma aeronave é submetida a três carregamentos principais: força

cortante, momento fletor e momento torsor.

Estes carregamentos são originados por uma combinação de cargas inerciais,

aerodinâmicas e concentradas, que por sua vez são produzidas em condições de vôo e

em solo.

Para o dimensionamento da asa, são necessárias as cargas limite, ou seja, os

valores máximos absolutos previstos para os carregamentos atuantes na aeronave em

serviço.

Com o objetivo de se obter esses valores, uma série de casos deve ser

analisada, representando todas as condições relevantes de operação, em vôo e em

solo. Esses casos são a combinação dos seguintes fatores:


13

• Configurações aerodinâmicas – posicionamento das superfícies

de hipersustentação (“flaps”, “slats”), trem de pouso, “spoilers”;

• Configurações de massa – variações no peso da aeronave,

posição do centro de gravidade, quantidade e densidade do

combustível, assimetria no seu armazenamento;

• Velocidades;

• Altitudes de operação;

• Pontos críticos do diagrama V-n, considerando rajadas e

manobras;

• Configurações de empuxo do motor, entre outros.

O fator de segurança especificado pelo requisito “FAR PART 25 - Subpart

C”, para obtenção da carga última, é igual a 1,5, e deve ser multiplicado ao valor da

carga limite.

A utilização desta reserva de resistência à falha em estruturas aeronáuticas é

necessária devido a uma série de fatores, dentre eles: as aproximações envolvendo a

teoria aerodinâmica e de análise de tensões estruturais, a variação nas propriedades

físicas dos materiais, a variação nos padrões de fabricação e inspeção.

Além disso, uma das razões mais importantes para a utilização do fator de

segurança é o fato de praticamente toda a aeronave ser limitada a uma máxima

velocidade que pode atingir, e a uma máxima aceleração, a qual é submetida em vôo

ou durante o pouso. Em uma condição de emergência esses limites podem ser

excedidos, e as cargas podem ser maiores que as cargas limite previstas. Porém com

uma reserva de resistência, essa condição não seria prejudicial à operação da

aeronave com segurança, embora deformações permanentes na estrutura possam

ocorrer, requerendo reparo ou substituição das partes prejudicadas.


14

Outro aspecto a ser considerado, é o fato das velocidades de rajada,

utilizadas na estimativa das cargas, serem baseadas em dados estatísticos,

fundamentados na experiência de anos em medições das forças de rajada em vôo, em

diversas regiões do planeta. O que não descarta a possibilidade de, em condições

esporádicas na vida útil da aeronave, velocidades superiores às previstas ocorrerem,

devido a condições turbulentas de tempestade ou em regiões montanhosas, por

exemplo.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo, serão apresentadas as teorias encontradas na literatura, que

foram utilizadas como base para o desenvolvimento dos métodos de cálculo,

aplicados em uma ferramenta de análise estrutural da asa, no formato de uma

planilha eletrônica.

2.1 MATERIAIS – IDEALIZAÇÃO MATEMÁTICA

A idealização matemática da curva tensão-deformação uniaxial do material

faz-se necessária, para viabilizar o desenvolvimento de modelos matemáticos de

análise estrutural.
15

f εe εp

F pr

ε
Figura 8 - Curva tensão x deformação

As ligas de Alumínio, utilizadas na maioria dos componentes estruturais

aeronáuticos, apresentam o comportamento que pode ser observado na Figura 8, onde

f é a tensão uniaxial e ε é a deformação correspondente.

A curva é típica de um material Elástico Linear – Plástico com Encruamento.

Neste tipo de material, observam-se dois comportamentos distintos.

O primeiro ocorre para valores de tensão abaixo do limite de

proporcionalidade (F pr ), que na idealização é assumido igual ao limite elástico do

material. Nesse caso, o comportamento do material é elástico linear, onde a razão

entre a tensão e a deformação correspondente (f/ε) é representada pelo módulo de

elasticidade do material (E), e não se observa deformação permanente.

Acima do limite de proporcionalidade, a deformação do material é composta

por duas partes, a parcela elástica (ε e ) e a plástica (ε P ). Sendo que a deformação

elástica é recuperada quando a tensão é removida, enquanto a plástica é permanente.


16

A representação matemática utilizada na análise desenvolvida neste trabalho

é a de Ramberg e Osgood - Ref. [10]. Nessa representação, a deformação total é

escrita


n
f  f
(1) ε = +C  ,
E E

onde o primeiro termo é a parcela de deformação elástica, e o segundo termo

representa a deformação plástica. Os parâmetros C e n são característicos do

comportamento do material na região plástica.

A Equação (1) é modificada, multiplicando-se ambos os lados pela razão

E/F ref , onde F ref é uma tensão de referência, assim


 
n −1
εE
n 
f CE 
f f f

(2) = + = 1+ C 
 .
FRef FRef FRef E FRef E

Para a obtenção dos parâmetros C e n, faz-se com que a curva representada

pela equação (1) coincida com a curva real do material (obtida em laboratório) em

dois pontos.

Na representação de Ramberg e Osgood, os pontos escolhidos são as

intersecções entre a curva real e os módulos secantes correspondentes a 70%

(E S =0,7E) e 85% (E S =0,85E) do valor do módulo de elasticidade do material, como

pode ser observado na Figura 9, onde são definidas as tensões correspondentes aos

pontos escolhidos (F 0,7 e F 0,85 ).


17

f
F 0,7
F 0,85

0,85E
0,7E

Figura 9 - Idealização de Ramberg e Osgood

A tensão de referência utilizada no método é F 0,7 , cujo valor é próximo ao da

tensão de escoamento com “offset” de 0,2% de deformação.

A partir daí, são obtidos os parâmetros C e n:

n −1
 
(3) C=3 E  ,
7 F0.7

ln 17 7
(4) n = 1+ .
ln (F0.7 F0.85 )

A equação (2) pode ser reescrita

 
n −1
εE f 
3  f   

(5) =  1+

 


 .
F0.7 F0.7 7 F0.7
18

O módulo tangente (E t ) e secante (E s ) do material, para as tensões

correspondentes, são definidos pelas expressões:

E
(6) Et = e
1 + (3n 7 )( f F0.7 )
n −1

E
(7) Es = .
1 + (3 7 )( f F0.7 )
n −1

É importante notar que, a precisão da idealização será maior nas

proximidades dos pontos escolhidos. A representação da região elástica será melhor

para maiores valores de n. Finalmente, os resultados obtidos, para tensões acima de

F 0,7 , não serão muito satisfatórios.

2.2 TENSÕES PRIMÁRIAS

As tensões primárias são devidas à ação das cargas atuantes (força cortante,

momento fletor e momento torsor) nos componentes estruturais, desconsiderando-se

os efeitos pós-flambagem.

Foi utilizada a teoria de flexão, cisalhamento e torção de secções fechadas de

vigas de paredes finas, encontrada na Ref. [7], para a obtenção dos valores das

tensões primárias.
19

2.2.1 Tensões Normais:

My
Y

x P

Mx
X

Figura 10 - Secção genérica para o cálculo de tensões normais

Considerando-se uma viga de secção genérica representada na Figura 10, sob

a ação somente dos momentos fletores (Mx e My), a tensão normal ao plano da

secção (σ z ), atuante em um ponto genérico P, é obtida através da equação

# #
!
M y I xx − M x I xy !
M x I yy − M y I xy
(8) σz = ! 
x + !" 
y,
I xx I yy − I I xx I yy − I
" 2   2  

xy xy

onde Ixx , Iyy e Ixy são os momentos de inércia da secção.


20

2.2.2 Tensões de Cisalhamento

Supondo um elemento infinitesimal da parede de uma viga fletida (Figura

11).

Figura 11 - Elemento infinitesimal [7]

Assumindo:

• Tensões σ z são geradas por momentos fletores;

• Tensões τ sz = τ zs são produzidas por forças de cisalhamento/torção;

• A tensão σ s é em geral nula, mas não pode ser causada por pressão

interna;

• A viga apresenta secção constante ao longo do seu comprimento.

Como a secção é de paredes finas, pode-se desconsiderar a variação de τ sz =

τ zs ao longo da espessura (t). Definindo-se então o fluxo de cisalhamento (q) como:

(9) q = τ ⋅t ,
21

onde τ = τ sz = τ zs .

A equação de equilíbrio na direção z fica

& &
'()
∂σ $ '()
∂q $

(10) σ z + z dz % t ds − σ z t ds + q + ds % dz − q dz = 0 ,ou
∂z ∂s

∂q ∂σ z
+t =0
(11) ∂s ∂z .

Analogamente na direção s:

∂q ∂σ s
(12) +t = 0.
∂z ∂s

∂M x ∂M y
Como = Sx e = S y , onde S x e S y são forças cortantes nas direções
∂z ∂z

x e y respectivamente, a partir da Eq. (8), pode-se escrever

& &

∂σ z )'(' S x I xx − S y I xy $$ )'
S y I yy − S x I xy $$
= +
('
(13) x y .
∂z I xx I yy − I xy2 I xx I yy − I xy2
% %

Substituindo na equação (11) e integrando em relação a s, a partir de uma

origem arbitrária na secção transversal:


22

& &

s ∂q )'
S x I xx − S y I xy $ s )'
S y I yy − S x I xy $ s
ds = −' t x ds −
( $ (' $
(14) t y ds .
∂s I xx I yy − I xy2 I xx I yy − I xy2
% %
0
0 0

Supondo que a origem para s foi escolhida em um ponto onde o fluxo de

cisalhamento tem o valor desconhecido (q s,0 ), e definindo q s como o fluxo de

cisalhamento devido à ação da força cortante atuante, a integral anterior fica

& &
)'
S x I xx − S y I xy $ s )'
S y I yy − S x I xy $ s
q s − qs , 0 = −' t x ds − '
( $ ( $
(15) t y ds .
I xx I yy − I xy2 I xx I yy − I xy2
% %

0 0

Definindo

& &
)'
S x I xx − S y I xy $ s )'
S y I yy − S x I xy $ s
qb = − t x ds −
(' $ (' $
(16) t y ds ,
I xx I yy − I xy2 I xx I yy − I xy2
% %

0 0

a equação (15) pode ser reescrita como

(17) q s = qb + q s , 0 .

Para a obtenção do valor de q s,0 , equilibram-se os momentos aplicados e os

momentos internos, em relação a um ponto de coordenadas arbitrárias, assim


23

(18) S xη 0 − S yξ 0 = pqb ds + q s ,0 p ds ,

onde η 0 , ξ0 e p, são distâncias definidas na Figura 12.

Figura 12 - Secção genérica para o cálculo do fluxo de cisalhamento [7]

Sendo: p ds = 2 A , onde A cel é a área interna à linha média das paredes da


cel

secção. A equação (18) pode ser reescrita:

(19) S xη 0 − S yξ 0 = pqb ds + 2 A cel.q s ,0 .

Com os valores de q b e q s,0 , obtém-se o fluxo de cisalhamento devido à ação

das forças cortantes (q s ).

A análise realizada até então, não considera o efeito da presença de “booms”

(áreas concentradas que representam os reforçadores num painel reforçado) que


24

geram descontinuidades no revestimento e interrompem o fluxo de cisalhamento.

Esta análise será discutida a seguir.

Considerando uma porção da secção transversal de uma viga sob a ação

apenas de forças cortantes, onde se localiza um “boom” de área B r e as porções

adjacentes do revestimento com fluxos de cisalhamento q 1 e q 2 , de acordo com a

Figura 13.

Figura 13 - Equilíbrio do “boom”[7]

O equilíbrio de forças no “boom” fica

,
-./
∂σ *

σ z + z δz Br − σ z Br + q2δz − q1δz = 0 .
- *
(20) +
∂z

Simplificando a equação anterior, temos

∂σ z
(21) q2 − q1 = − Br .
∂z
25

Substituindo a Eq. (13) na Eq. (21), temos

& &
)'
S x I xx − S y I xy $ )'
S y I yy − S x I xy $

q2 − q1 = −' Br xr + '
( $ ( $
(22) Br y r .
I xx I yy − I I xx I yy − I
2 % 2 %

xy xy

O que representa a alteração no fluxo de cisalhamento devido à presença de

um “boom” na secção. O fluxo total gerado pela ação das forças cortantes fica,

portanto

& & & &


)'
S x I xx − S y I xy $ )'
(
s n $ )'
S y I yy − S x I xy $ )'
(
s n $

qs − qs , 0 = − t x ds + Br xr % − t y ds +
(' $' $ (' $'
(23) Br yr % $
I xx I yy − I xy2 I xx I yy − I xy2
% %

0 r =1 0 r =1

Necessita-se obter a contribuição do momento torsor sobre o cisalhamento

total.

Considerando-se que tubos de secções fechadas, submetidos a um momento

torsor, desenvolvem apenas tensões de cisalhamento. As tensões normais serão nulas,

a menos que haja restrição ao livre deslocamento das secções na direção axial.

Supondo ausência de tais restrições – situação não encontrada em secções de uma

viga engastada, próximas ao engastamento – as equações (11) e (12), com σ z = 0

ficam

∂q ∂q
(24) =0 e = 0.
∂z ∂s
26

A solução leva a um valor constante de q, devido à ação do momento torsor.

Do equilíbrio de momentos

(25) T = pqt ds ou

T
(26) qt = ,
2 Acel

onde T é o momento torsor aplicado na secção e q t é o fluxo de cisalhamento devido

a sua ação.

O fluxo total de cisalhamento q atuante na secção fica, portanto

(27) q = q s + qt .

2.3 FLAMBAGEM DE PLACAS

A análise de flambagem dos revestimentos e almas das longarinas, que

compõem a estação da asa compreendida entre duas nervuras, foi baseada na teoria

de resistência a flambagem de placas planas em compressão, cisalhamento, flexão e

sob efeitos de tensões combinadas, desenvolvida na Ref. [3].


27

2.3.1 Placa em Compressão

Figura 14 - Placa sob compressão uniaxial

A tensão de instabilidade elástica (F ccre ) de uma placa plana, sob compressão

uniaxial e dimensões a e b (Figura 14), pode ser obtida através da equação

&

π 2 kc E
2
t
'() $

(28) Fccre = % ,
12 (1 − υ e ) b
2

onde:

• k c é o coeficiente de flambagem;

• E é o módulo de elasticidade do material do painel;

• ν e é o coeficiente de Poisson em regime elástico;

• t é a espessura do painel.

O coeficiente k c, que é função da razão a/b da placa e das restrições

rotacionais existentes em seus bordos, é obtido através do gráfico representado na

Figura 15.
28

Figura 15 - Coeficiente de flambagem de painéis em compressão [3]

O gráfico anterior é utilizado para placas cujos bordos descarregados são

livres para se deslocar transversalmente. Se existirem restrições a este deslocamento,

tensões no sentido transversal serão desenvolvidas, devido ao efeito Poisson.

Conseqüentemente, a resistência à flambagem do painel é reduzida.

Considerando uma placa quadrada, simplesmente apoiada, submetida a um

esforço de compressão uniforme (N x ), e cujos bordos ao longo de y são totalmente

restringidos de se deslocar transversalmente, o esforço de compressão transversal

(N y ) desenvolvido devido ao efeito de Poisson fica


29

(29) N y = υ.N x .

Definindo k x e k y como sendo os coeficientes de flambagem para os esforços

de compressão nas direções x e y (Figura 14) respectivamente, e assumindo o valor

do coeficiente de Poisson (ν) igual a 0.3, no limite da estabilidade pode-se escrever

(30) kx + ky = 4 .

Como

(31) N y = 0.3N x 0 k y = 0.3k x ,

temos

(32) 1.3k x = 4 0 k x = 3.077 .

Note que, para a mesma placa, porém sem restrições de deslocamento

transversal, o valor de k x seria 4.

A estimativa do coeficiente de flambagem em compressão, considerando a

restrição de deslocamento transversal, pode ser feita através da Figura 16,


30

Figura 16 - Coeficientes de flambagem de placas planas – restringidas na

expansão lateral [3]

onde A r é a área resistente ao longo dos bordos carregados, que restringe o

deslocamento lateral e t é a espessura da placa.

Se a tensão crítica de flambagem estiver acima do limite de

proporcionalidade do material, esta deve ser corrigida, pois os valores do módulo de

elasticidade (E) e do coeficiente de Poisson (ν) no regime plástico e elástico são

diferentes. A correção de plasticidade é feita através do fator de correção de

plasticidade η, assim a Equação (28) fica

&

ηπ 2 kc E t
2
'() $

(33) Fccr = , %

12 (1 − υe ) b
2
31

onde η = F ccre /F ccr .

O método utilizado para a obtenção de F ccr (representada por σ cr na Figura

17) , baseia-se no modelo de Ramberg-Osgood para o comportamento inelástico do

material, e está representado na Figura 17.

Figura 17 - Gráfico adimensional para tensão de flambagem em compressão ou flexão

para flanges longos engastados ou placas apoiadas com restrições elásticas nas bordas

[3]

Para a obtenção das curvas, o fator de correção de plasticidade (η) utilizado

foi

(1 − υ ) .
A ;
A 1 1/ 2 13
C ? ? 2
BCD
E 687
BD <=>
B 3Et
? 9
η = S @ 15 1 + 0.5 1 +
(1 − υ )
e
(34) @ :
2
1 2
2E ES
32

2.3.2 Placas em Flexão

Assim como em compressão, a equação para a tensão crítica de flambagem

elástica de uma placa plana sob flexão, é

π 2 kb E C ? 2
t
DB

(35) Fbcre = @ ,
12 (1 − υe ) b
2

sendo que o coeficiente k b é obtido através do gráfico representado na Figura 18.

Neste caso, k b também é função da distância entre o bordo em compressão e o eixo

neutro (c), uma vez que o efeito da parcela da placa em tração deve ser considerado.

Figura 18 - Coeficiente de flambagem para placa plana simplesmente apoiada

sujeita à flexão [3]


33

No gráfico β = b/c.

Para placas longas (a/b>4), utiliza-se o gráfico da Figura 19 para a

determinação de k b .

Figura 19 - Coeficientes de flambagem para placas longas (a/b>4) simplesmente

apoiadas nos quatro bordos [3]

Se for necessária, a correção de plasticidade pode ser feita da mesma maneira

que o caso em compressão, utilizando as curvas da Figura 17. A equação para a

tensão crítica fica


34

ηπ 2 k b E t
C ? 2
DB

(36) Fbcr = @ .
12 (1 − υ e ) b
2

2.3.3 Placas em Cisalhamento

A equação para tensão crítica de flambagem em cisalhamento, no regime

elástico é

π 2ks E C ? 2
t DB

(37) Fscre = @ ,
12 (1 − υ e ) b
2

onde b é a menor dimensão dos bordos da placa.

Para se obter o valor do coeficiente k s , utiliza-se o gráfico da Figura 20, onde

o parâmetro está em função da razão a/b e das restrições rotacionais dos bordos da

placa (engastados ou simplesmente apoiados).


35

Figura 20 - Coeficiente de flambagem para placas carregadas em cisalhamento [3]

Para a correção de plasticidade, utilizam-se as curvas da Figura 21.

Figura 21 - Gráfico adimensional para tensão de flambagem em cisalhamento de

placas com restrições elásticas nas bordas [3]


36

O valor do fator de correção de plasticidade usado para a obtenção das

curvas anteriores foi

(1 − υ ) ,
G
2
EHIJ E

η= S
(1 − υ )
e
(38) F
2
E

assim, a tensão de cisalhamento crítica de flambagem fica

ηπ 2 k S E t C ? 2
DB

(39) Fscr = . @

12 (1 − υe ) b
2

É importante notar que o valor da tensão, utilizado para o cálculo do módulo

secante do material, deve ser o de uma tensão normal equivalente ao cisalhamento

atuante. Uma aproximação, que pode ser utilizada para a obtenção desse valor, seria

usar a razão entre a tensão última de tração (F tu ) e a de cisalhamento do material

(F su ).

2.3.4 Placas sob efeito combinado: Tensão Longitudinal + Cisalhamento

A análise de flambagem de placas sob efeitos combinados é realizada através

de equações de interação, que envolvem os carregamentos agindo isoladamente. Para

o caso de tensão longitudinal (compressão ou tração) atuando juntamente com

cisalhamento, a equação de interação utilizada é:


37

(40) RL + RS2 = 1 ,

fc,t f
sendo RL = e RS = s , as razões de carregamento, onde:
Fccr Fscr

• f c,t é a tensão atuante de compressão ou tração;

• F ccr é a tensão crítica de flambagem em compressão;

• f s é a tensão atuante de cisalhamento;

• F scr é a tensão crítica de flambagem em cisalhamento.

Os valores das tensões atuantes são sempre absolutos. No caso de tensão

longitudinal de tração, o valor obtido para R L é adotado negativo.

Neste caso, a expressão para a margem de segurança para flambagem (MS f ) é

2
(41) MS f = −1 .
RL + RL2 + 4 Rs2

A Figura 22 mostra curvas para diversas margens de segurança, utilizando a

equação de interação citada.


38

Figura 22 - Placas planas sob carregamento combinado: tensão longitudinal +

cisalhamento (a/b>1) [3]

2.3.5 Placa sob efeito combinado: Flexão + Cisalhamento

Neste caso, a equação de interação utilizada é

(42) Rb2 + RS2 = 1 ,

fb
sendo Rb = , onde:
Fbcr

• f b é a tensão atuante de flexão, ou seja, a máxima tensão de

compressão atuante na placa, em valor absoluto;

• F bcr é a tensão crítica de flambagem em flexão.

A expressão para a margem de segurança fica


39

1
(43) MS f = .
R + RS2
2
b

As curvas de interação para diversas margens de segurança são mostradas na

Figura 23.

Figura 23 - Placa plana sob carregamento combinado: flexão pura + cisalhamento [3]

2.4 EFETIVIDADE DOS PAINÉIS PÓS-FLAMBAGEM

Painéis reforçados sob compressão, após flambarem, têm as tensões nos

bordos carregados redistribuídas, uma vez que a sua porção central resiste apenas até

a tensão crítica de flambagem da placa isolada, enquanto as regiões próximas aos

reforçadores longitudinais suportam uma tensão maior. As distribuições de tensão pré

e pós-flambagem estão representadas na Figura 24 (b) e (c), respectivamente.


40

Figura 24 - Distribuição de tensões em painéis reforçados sob carregamento de

compressão [2]

2.4.1 Largura efetiva

Uma aproximação utilizada para se estimar a efetividade do painel reforçado

após a flambagem é a substituição da tensão não-uniforme, em todo o bordo

carregado, por uma tensão uniforme, igual à tensão agindo no reforçador, ao longo de

uma largura efetiva reduzida (b e ) adjacente ao reforçador, como pode ser visualizado

na Figura 24 (c).
41

Para reforçadores leves, a Boeing (Ref. [2]) utiliza a seguinte expressão para

estimar a largura b ef :

E sk Ec
(44) bef = 1.7t ,
E st Fst

onde:

• t é a espessura do revestimento;

• E c é o módulo de elasticidade do material do revestimento;

• E sk é módulo secante do revestimento na deformação (F st /E st );

• E st é o módulo secante do material do reforçador na tensão F st ;

• F st é a tensão de compressão atuante no reforçador.

Para reforçadores com uma maior rigidez torsional, junto com um

revestimento relativamente fino (b/t≥110), o valor 1,7 da expressão pode ser

substituído por 1,9. Note que o método da Boeing considera o efeito da utilização de

reforçadores e revestimento com diferentes materiais, através da razão: E sk /E st .

2.4.2 Espessura efetiva

Um método para se estimar a efetividade da região central do painel, que

resiste até a tensão crítica de flambagem em compressão, através de uma “espessura

efetiva” da alma, será apresentado no próximo capítulo. (Vide Cap.2 Seção 2.5 –

Análise de tração diagonal).


42

2.5 ANÁLISE DE TRAÇÃO DIAGONAL

O desenvolvimento de sistemas de almas em tração diagonal baseia-se no

fato de que as almas em cisalhamento não perdem a capacidade de absorver carga

após flambarem.

Segundo os estudos de Wagner (Ref. [11]), a integridade de uma viga (alma

fina + reforçadores transversais) em cisalhamento, após a flambagem da alma, é

garantida pelo surgimento de ondulações diagonais na alma. Essas ondulações

passam a trabalhar em tração, enquanto que os reforçadores trabalham como vigas

em compressão. Assim, o sistema alma+reforçadores é capaz de carregar, em

determinadas condições, cargas muito superiores àquela que provocou a flambagem

inicial.

(a) (b)

Figura 25 - Viga em campo de tração diagonal

Na Figura 25, está representado um elemento de uma viga em campo de

tração diagonal. Após a flambagem da alma, à medida que se aumenta o valor da

carga P, a tensão de tração f t (desenvolvida ao longo das ondulações diagonais)

aumenta, em detrimento da tensão de compressão f c .

Quando a tensão de tração for grande o suficiente, para que o valor da

tensão de compressão possa ser considerado desprezível, a viga é considerada sob um


43

campo de tração diagonal completamente desenvolvido ou tração diagonal “pura”.

Essa abordagem não é muito representativa do fenômeno real, pois a carga necessária

para que ocorra a tração diagonal “pura”, normalmente, supera a carga de falha da

alma.

A Teoria de Viga em Campo de Tração Diagonal Parcial é mais adequada,

nela a viga encontra-se entre a condição de viga resistente ao cisalhamento (sem

flambagem da alma) e a de tração diagonal “pura”.

Wagner (Ref. [11]) realizou a primeira proposta de estudo neste sentido,

considerando que apenas a parcela do cisalhamento acima da tensão crítica de

flambagem deveria ser considerada para a determinação dos efeitos de tração

diagonal. Porém essa abordagem só é significativa para um espectro restrito de

proporções geométricas.

No sentido de criar uma teoria mais abrangente, Kuhn e colaboradores (Ref.

[6]) consideraram a tensão de cisalhamento atuante na alma (f s ) dividida em duas

partes: uma tensão f S , carregada por ação de cisalhamento “puro” na alma, e a porção

carregada pela ação da tração diagonal (f sDT ).

Assim,

(45) f s = f S + f sDT .

Definindo-se o fator de tração diagonal (k) como

f sDT
(46) k= ,
fs
44

a equação (45) fica

(47) f S = (1 − k ) f s .

O valor de k, determinado a partir de uma série de ensaios, pode ser obtido

através das expressões empíricas:

G
HJ E
I fs
k = tanh 0.5 log10
H E
(48) F (painéis planos) e
f scr

;
A
C
=>< DB td ? f 9
(49) k = tanh 0.5 + 300 @ log10 s : (painéis curvos),
Rh f s cr

onde R é raio de curvatura do painel.

O valor 2 deve ser utilizado no lugar da razão d/h, se esta última superar este

valor. No caso do sistema de “longerons” (h>d), a razão d/h deve ser substituída por

h/d.

Figura 26 - Elemento de uma alma em tração diagonal


45

A Figura 26 representa um elemento da alma de uma viga em cisalhamento,

em três condições:

• k = 0, para cisalhamento “puro”, onde as tensões principais

encontram-se em uma direção a 45 o ;

• k = 1, para tração diagonal “pura”, onde a tensão devido à tração

diagonal encontra-se em uma direção paralela a um ângulo α ;

• 0 < k < 1, para tração diagonal parcial;

Definindo-se f 1 para tensões na direção paralela a α e f 2 , na direção

perpendicular, a superposição dos efeitos, em um caso genérico, leva às seguintes

expressões para as tensões na alma:

+ f s (1 − k )sen 2α e
2kf s
(50) f1 =
sen 2α

(51) f 2 = − f s (1 − k )sen 2α .

O conceito da tração diagonal parcial pode ser estendido para sistemas

“alma+reforçadores” encontrados em diversas estruturas da aeronave. O método de

análise é o mesmo, só mudando os componentes estruturais.


46

Ref. Longitudinal

Ref. Transversal

Figura 27 - Painel reforçado

Define-se um painel reforçado genérico (Figura 27) como um sistema

composto por: uma alma ou revestimento, dois reforçadores transversais (ao longo

dos bordos de dimensão h) e dois reforçadores longitudinais (ao longo dos bordos de

dimensão d), sendo submetido a tensões primárias de cisalhamento e a tensões

normais aos reforçadores longitudinais, juntamente com os efeitos de um campo de

tração diagonal parcial.

As tensões atuantes na alma (f 1 e f 2 ) já foram obtidas através das equações

(50) e (51).

As tensões médias nos reforçadores longitudinais (f st ), considerando que

possuem a mesma geometria, podem ser obtidas através da expressão

kf s cot α
(52) f st = f stp − ,
+ 0,5(1 − k )RC ,T
Ast
ht
47

onde f stp é a tensão primária atuante no reforçador longitudinal, e o segundo termo é

a tensão gerada pelo efeito da tração diagonal. A st é a área da secção transversal do

reforçador, h é a distância entre reforçadores transversais e t a espessura da alma.

O termo 0,5(1-k)R C,T representa a contribuição da parcela da alma que

resiste à compressão, junto ao reforçador, mesmo após a flambagem. Note que esta

contribuição é reduzida, quanto maior for o efeito da tração diagonal (maior k). O

termo R C,T será discutido posteriormente.

Analogamente, as tensões médias nos reforçadores transversais (f rg ) são

obtidas através da expressão

kf s tan α
(53) f rg = f rgp − ,
Arg
+ 0,5(1 − k )
dt

onde:

• f rgp é a tensão primária no reforçador transversal;

• A rg é a área do reforçador transversal;

• d é a distância entre reforçadores transversais.

O fator de tração diagonal (k) é função da tensão crítica de flambagem da

alma (f scr ). Para a obtenção dessa tensão crítica devem-se considerar os efeitos das

tensões atuantes além do cisalhamento. Uma vez que a ação da compressão e/ou da

flexão juntamente com o cisalhamento tende a reduzir a resistência à flambagem da

alma, enquanto uma tensão de tração gera o efeito contrário.

Considerando a alma sob o efeito combinado de cisalhamento e flexão,

utiliza-se a seguinte equação de interação, já citada anteriormente:


48

A A
? 2 ? 2
BCD BCD
fb ? f ?
(54) B
@ +B s @ = 1,
Fb cr Fs cr

onde F bcr e F scr , são as tensões críticas de flambagem do painel, sob a ação isolada de

flexão e cisalhamento, respectivamente. As tensões f b e f s são as atuantes,

precedentes à flambagem.

Define-se:

Fb cr
=A Fb cr = AFs cr e
K
(55)
Fs cr

fb
=B f b = Bf s ,
L
(56)
fs

substituindo F bcr e f b em (54), e resolvendo a equação para f s , obtém-se a tensão

crítica de cisalhamento da alma, na presença do carregamento de flexão (f scr )

1
(57) f s cr = Fs cr O
2
,
BPQR M

1+ N

assim
49

1
(58) RB = O
2
.
B PQR M

1+ N

Se o painel estiver submetido à tensão de cisalhamento, juntamente com um

carregamento de tração, a equação de interação (que foi obtida experimentalmente) é

fs 1 ft
(59) − = 1,
Fs cr 2 Fc cr

onde f t é a tensão de tração aplicada antes da flambagem.

Isolando o termo f s na Eq. (59), obtém-se a tensão crítica de flambagem da

alma em cisalhamento na presença da tração

A
?
DBC
1 ft ?
(60) f s cr = 1+
B
@ Fs cr = RT Fs cr .
2 Fc cr

A influência do carregamento de tração sobre a tensão crítica de flambagem

(F scr ) é representada pelo termo R T , que sempre possui um valor maior do que 1.

Para o caso do efeito combinado “cisalhamento+compressão”, o raciocínio é

o mesmo, mas neste caso a equação de interação utilizada é

A
? 2
f c BCDB f s ?
(61) + @ = 1,
Fc cr Fs cr
50

onde F ccr é a tensão crítica de flambagem da alma apenas em compressão, e f c é a

tensão de compressão anterior à flambagem.

Definindo-se as razões A e B, para este caso:

Fc cr
(62) = AK Fc cr = AFs cr e
Fs cr

fc
(63) =B S
f c = Bf s .
fs

Substituindo em (61) e solucionando a equação para (f s /F scr ) temos

V
2
B WXY
B T

− + U +4
f s cr A A
(64) = = RC ,
Fs cr 2

onde R C tem sempre um valor menor do que 1.

A influência da tensão de cisalhamento sobre o valor da tensão crítica de

flambagem em compressão (F ccr ), pode ser estimada através do cálculo da razão

R c ´ =f ccr /F ccr , onde f ccr é a tensão crítica de flambagem em compressão na presença do

cisalhamento.

O valor de R c ´ pode ser obtido através da expressão deduzida a seguir:


51

\ \

B
]^_
B ]^_

(65) f c cr = Bf s cr = BRC Fs cr = [ Z R F ′
C c cr = RC Fc cr
`
RC′ = [ Z R .
C
A A

O carregamento de compressão aplicado sobre a alma do painel após a

flambagem (P painel ) é distribuído de maneira desigual na região central do bordo

carregado e nas proximidades dos reforçadores longitudinais. Esta distribuição pode

ser estimada da seguinte maneira:

(66) Ppainel = f p bef t + f c cr (b − bef )t ,

onde o primeiro termo representa a parcela do carregamento resistida pela alma nas

adjacências dos reforçadores, enquanto o segundo termo, na região central, sendo f p a

tensão primária no reforçador e b ef a largura efetiva do painel, discutida no Cap.2

Seção 2.4.1.

Reescrevendo a Eq (66), utilizando as devidas relações temos

RC′ Fc cr t
(67) Ppainel = f p d bef t + (b − bef
def
)
fp
b a
a

=f p
[b ef t + (b − bef )t ef . ]

Define-se então, a largura efetiva da alma (t ef ) – na região onde a alma atua

sem a influência da presença dos reforçadores – em termos de f p :

RC' Fccr t
(68) tef = .
fp
52

2.5.1 Ângulo de Tração Diagonal

O método fornecido pela Ref [6] para a obtenção do ângulo de tração

diagonal ( α) baseia-se no princípio do valor estacionário da energia potencial do

painel em campo de tração diagonal, através da minimização da energia armazenada

no sistema.

Este método foi desenvolvido a partir das tensões devidas ao campo de

tração diagonal, portanto é mais adequado em um sistema sujeito a um campo bem

desenvolvido, ou seja, quando o efeito da tensão de cisalhamento na flambagem da

alma é preponderante em relação ao de outras tensões atuantes (Compressão,

Flexão).

A expressão fornecida

ε n − ε st
(69) tan 2 α = i g
2
1 jkl h
ε n − ε rg + h

24 R

é resolvida através de um método iterativo, uma vez que as tensões, e

conseqüentemente as deformações, são funções do valor do próprio ângulo α.

A deformação da alma (ε n ) é obtida através da equação

f pqr 2k
(70) εn = s + sen 2α (1 − k )(1 + υ )n m .
E sen 2α
53

As deformações axiais nos reforçadores longitudinais (ε st ) e transversais (ε rg )

vêm da razão entre as tensões atuantes e os respectivos módulos de elasticidade (ε =

f/E).

A equação (69) é válida para painéis cuja razão entre as dimensões d/h for

maior que 1.
u
2
1 vwx h s
O termo t representa a parcela da deformação dos reforçadores
24 R

transversais devido ao fato do painel curvo tender a ficar plano após a flambagem,

segundo Kuhn, onde R é o raio de curvatura do painel.

2.5.2 Momentos Secundários

Figura 28 - Momentos secundários

Considere-se a viga da Figura 28, sob os efeitos do campo de tração

diagonal, onde as tensões normais aos flanges, no plano da alma, são devidas à tração

diagonal e geram um carregamento uniformemente distribuído representado por w.

O flange então, pode ser idealizado como uma viga de comprimento d,

apoiada pelos reforçadores transversais. A ação da carga w gera momentos na viga,

cujo valor máximo (M max ), que ocorre junto aos reforçadores transversais, é igual a
54

wd 2 /12. Esse momento provoca compressão nas fibras internas e tração nas fibras

externas do flange. No meio do vão d, surge um momento de valor igual à metade de

M max , com orientação contrária, ou seja, tração nas fibras internas e compressão nas

externas.

O valor de w é estimado distribuindo-se o valor da carga suportada pelo

reforçador transversal (P u ), ao longo do comprimento d. Assim, para o caso de tração

diagonal “pura”,

Pu P Pd 2
(71) w= = tan α 0 M max = tan α .
d h 12h

P
Considerando que a tensão de cisalhamento atuante (f s ) é igual a , que no
ht

caso de tração diagonal parcial, apenas a parcela do cisalhamento suportada pela

ação da tração diagonal ( f sDT = kf s ) é responsável pelo momento secundário e

inserindo o fator de concentração de tensões C 3 , a equação (71) pode ser reescrita

1
(72) M max = kf s d 2t tan α C3 .
12

O fator C 3 é função da flexibilidade dos flanges, representada pelo parâmetro

ωd, que é obtido através da expressão


55

{
|}~ y
1 1 t
(73) ω d = d sen α 4 |
+ z
y
,
I T I C 4h

onde IT e IC , são os momentos de inércia dos flanges em tração e compressão,

respectivamente. O gráfico para a obtenção de C 3 , encontra-se na Figura 29.

Figura 29 - Fatores de concentração de tensões [3]

Para o caso de painéis reforçados curvos e adjacentes, o campo de tração

diagonal gera um carregamento nos reforçadores transversais, que tende a fletí-los na

direção do centro de curvatura do painel. Esse carregamento não é uniformemente

distribuído ao longo dos reforçadores, e gera momentos secundários nos mesmos.

O momento máximo nos reforçadores longitudinais (M max ) provoca tração

nas fibras internas, no centro do vão, e compressão das mesmas fibras, nas

extremidades junto aos reforçadores transversais. O seu valor pode ser obtido,

através da expressão de natureza semi-empírica

f s htd 2 k tan α
(74) M max = .
24 R
56

2.6 VERIFICAÇÃO DE FALHA ESTRUTURAL

2.6.1 Alma/Revestimento

A tensão de cisalhamento aplicada no componente estrutural analisado não

pode ser superior à respectiva tensão admissível de falha.

De acordo com a Ref. [3], a tensão admissível de falha por flambagem em

cisalhamento, da alma ou revestimento, é obtida através do gráfico da Figura 30. Este

gráfico foi levantado através de uma série de ensaios experimentais.

Figura 30 - Tensão admissível de cisalhamento da alma [3]


57

O valor da tensão admissível de cisalhamento (F S ) pode ser obtido para

diferentes materiais, baseando-se na tensão última de tração (F tu ) dos mesmos.

2.6.2 Reforçadores

As tensões desenvolvidas nos membros estruturais, que devem ser

comparadas às admissíveis de cada membro, são devidas aos efeitos diretos das

cargas atuantes e aos efeitos posteriores à flambagem dos painéis (se ocorrer): perda

da efetividade da secção, ação do campo de tração diagonal e momentos secundários.

A verificação das margens de segurança, com relação à falha estrutural de

reforçadores, envolve diferentes modos de falha que devem ser analisados.

Considerando o reforçador como uma coluna carregada em compressão.

A tensão crítica de falha de uma coluna de secção de paredes finas varia com

a sua geometria, como se pode observar na curva da Figura 31.

Figura 31 - Curva típica para coluna de paredes finas em compressão


58

A instabilidade primária da coluna ocorre para altos valores da razão de

esbeltez (L’/ρ), onde L’ é o comprimento equivalente cujo valor é função das

restrições existentes nas extremidades e ρ é o raio de giração da sua secção

transversal. Nessa condição, o comprimento de onda de flambagem é da ordem do

comprimento da coluna, e não há distorção da secção transversal. A tensão crítica

(F c ) é obtida através da equação de Euler

π 2 Et
(75) Fc = u
2
.
xv
wv L' s
s
t
ρ

O módulo tangente (E t ) do material é utilizado para o caso da tensão crítica

ocorrer acima do limite de proporcionalidade do material.

Para baixos valores de L’/ρ, a instabilidade ocorre em um nível de tensão

mais alto, porém a flambagem ocorre localmente (instabilidade secundária). Os

elementos de flange e alma que compõem a coluna flambam como placa e a secção

transversal é distorcida. O comprimento de onda de flambagem é menor, da ordem da

largura da secção. Nesse caso a tensão crítica é denominada F cc .

Entre a instabilidade primária e a secundária há uma região intermediária,

onde a falha ocorre por uma combinação desses dois modos. O que torna o fenômeno

muito complexo, o que dificulta o desenvolvimento de uma teoria analítica.

A parábola de Johnson


‡
2
‚ƒ„
F L′ ˆ‰Š

Fc = Fco 1 − co2
ˆ
(76) ‚ †
4π E ρ € 
59

é usualmente utilizada para a obtenção da tensão crítica (F c ), no intervalo entre

L’/ρ=0 até a intersecção com a curva de Euler, onde é definida a razão de esbeltez de

transição (L’/ρ) tr :

‡
ˆ‰Š
L' 2E

ˆ
(77) † ,
ρ tr
Fco

onde F co é o valor da tensão para L’/ρ = 0.

O método utilizado pela Boeing considera a parábola de Johnson levemente

modificada, com um intervalo de utilização um pouco reduzido, assumindo:

L′
(78) Fc = Fcc , para 0 ≤ ≤ 12.5 e
ρ


‡
2
F L′
‚ƒ„ ˆ‰Š
 L′ 2E
Fc = Fco 1 − co2 , para 12.5 < <π
ˆ
(79) ‚ † ,
4π E ρ € 
ρ Fco

u
u

π
xv 2
2 Fcc s vwx

onde Fco = φ 1 − 1 − e φ = 2E
wv s
s t .
φ
t
12.5

Quando uma coluna em compressão apresenta um valor baixo para a razão de

esbeltez, predomina a instabilidade secundária. Nesta, os elementos de placa que

compõem a secção, não falham logo que flambam elasticamente.


60

Os bordos desses elementos, quando conectados a outros elementos, ficam

com o deslocamento restrito, e suportam aumentos de carga mesmo após a

flambagem da porção central.

Figura 32 - Distribuição de tensões em uma coluna de paredes finas

A Figura 32(a) ilustra a distribuição de tensões ao longo da secção, após a

flambagem. Note que a tensão desenvolvida na região central dos elementos de placa

fica restrita ao valor da tensão crítica de flambagem (F crit ).

O comportamento dos bordos com restrições de deslocamentos e a

flambagem das porções centrais podem ser observados na Figura 32(a).

A falha ocorre com o desenvolvimento das ondulações geradas pela

flambagem local e conseqüente perda de rigidez, até a ocorrência de deformação

permanente de um dos elementos da secção.

A interação entre os elementos de placa e a instabilidade torsional são

fenômenos que influenciam na falha local da coluna, e dificultam o desenvolvimento

de uma teoria analítica completa.


61

A solução utilizada baseia-se em uma série de experimentos realizados com

secções e materiais específicos, que fornecem uma tensão crítica média de falha local

(F cc ).

Diferentes métodos para a obtenção de F cc foram desenvolvidos, e o método

utilizado no presente estudo é o da Boeing (Ref. [1]), que se apresentou adequado

para o projeto preliminar, pois fornece parâmetros com valores médios aplicáveis a

diversos materiais.

Esses parâmetros foram obtidos da fronteira inferior das bandas de dispersão

de resultados experimentais, o que torna um método um tanto quanto conservativo,

mas eficiente para uma estimativa inicial.

Figura 33 - Secção genérica de paredes finas

A análise é realizada com o cálculo da tensão de falha local (F cci ) para cada

um dos segmentos de largura b i (de acordo com a Figura 33), através da Equação

(80),

Fcci B10
=
Fcy E (b 10 g f t )
(80) m
,
62

onde:

• F cy é a tensão de escoamento em compressão;

• (
m representa a inclinação da reta log Fcc )
Fcy E vs log(b g f t ) ;

• B 10 é o valor de Fcc Fcy E em b g f t = 10.0 ;

• t é a espessura do segmento;

• g f é o termo que distingue as diferenças na estabilidade de

segmentos com uma borda livre (gf =1) e segmentos com nenhuma

borda livre (g f >1);

• E é o módulo de elasticidade do material.

Os parâmetros m, B 10 e gf são obtidos da Tabela 1.

T ABELA 1 - P ARÂMETROS PARA O CÁLCULO DA TENSÃO DE FALHA LOCAL [1]


63

Finalmente, a tensão de falha local da coluna (F cc ) é obtida, considerando uma

média entre as tensões críticas de cada segmento, assim

Fcci bi t i
(81) Fcc = i
.
bi t i
i

A ação do campo de tração diagonal é responsável pela formação de

ondulações na alma (ou revestimento). O reforçador é conectado à alma através de

uma aba, cujo bordo livre (não conectado a outro elemento do reforçador) também

adquire uma forma ondulada.

Esses deslocamentos intensificam os efeitos da compressão atuante no

reforçador, e refletem sobre a sua aba livre induzindo a sua flambagem local e

conseqüente falha. Esse fenômeno é denominado por falha local forçada, e devido a

sua natureza, é mais influenciado pela tensão de pico do que pela tensão média de

compressão.

De acordo com a Ref. [3], a tensão admissível para falha local forçada (F 0 ) é

calculada através das equações empíricas:

• Liga Al 2024-T3

 1
F0 Ž
tu 3
(82) = 21000k 23
Œ ‹ ( reforçadores duplos);
η t

 1
F0 Ž
tu 3
(83) = 26000k 2 3 Œ ‹ ( reforçadores simples);
η t
64

• Liga Al 7075-T6

 1
F0 Ž
tu 3
(84) = 26000k 23
Œ ‹ (reforçadores duplos);
η t

 1
F0 Ž
tu 3
(85) = 32500k 2 3 Œ ‹ (reforçadores simples);
η t

onde η é o fator de correção, para o caso da tensão de colapso superar o limite de

proporcionalidade do material, sendo η = E s /E.

A tensão crítica é relativamente maior para um reforçador simples, pois as

tensões de compressão decrescem à medida que se aumenta a distância da linha

neutra da alma, o que alivia a sua aba livre.

As equações apresentadas são restritas a duas ligas apenas. Uma alternativa,

para estender a análise a outras ligas, é a utilização das curvas e equações da Figura

34.
65

Figura 34 - Tensão admissível de falha local forçada [2]

Apresentados os modos de falha dos reforçadores, torna-se necessário um

método de verificação que os leve em consideração e forneça as margens de

segurança.

O método sugerido pela Douglas Ref. [5], para a verificação de falha dos

reforçadores, considera o modo de falha como coluna e a verificação da resistência

local.

O modo de falha como coluna é verificado em duas regiões distintas.

A primeira região analisada corresponde ao centro do vão entre as nervuras.

Neste caso a coluna é considerada bi-engastada, sendo composta pela secção do

reforçador adicionado à parcela do revestimento efetivo. A largura efetiva do


66

revestimento é admitida como 30t (t é espessura do revestimento), para simplificar os

cálculos.

Com estas características, é obtida a tensão crítica de flambagem (F c ), baseada

nas curvas de Euler-Johnson.

A tensão atuante considerada é divida em duas partes, uma devida à ação das

cargas primárias e dos efeitos da tração diagonal (f st ), obtida através da Equação (53)

e outra devida ao momento secundário (Equação (74) para os reforçadores dos

revestimentos) atuante na cota do revestimento (f stb1 ).

A margem de segurança para este caso fica

1
(86) MS D 2 = −1.
f st + f st b1
Fc

Na região do reforçador, junto à nervura, a tensão devido ao momento

secundário é calculada na cota da aba livre (f stb2 ), não conectada ao revestimento. A

tensão admissível de falha passa a ser a tensão de falha local dessa aba (F cc1 ) e a

margem de segurança fica

1
(87) MS D 3 = − 1.
f st + f st b 2
Fcc1
67

A verificação da resistência local considera dois aspectos, a falha local da

coluna de paredes finas e a falha local forçada do reforçador, devida à ação das

ondulações da alma em tração diagonal.

A equação para a margem de segurança que engloba esses dois efeitos é

1
(88) MS D1 = −1 ,
f p + f st b1 f
+ ST max
Fcc F0

onde f p é a tensão primária atuante no reforçador, f stb1 é a tensão devido ao momento

secundário, atuante na cota do revestimento, e F cc é a tensão crítica de falha local do

reforçador isolado. A tensão máxima devido aos efeitos do campo de tração diagonal

é f stmax e F 0 é a tensão crítica de falha local forçada.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O desenvolvimento da ferramenta de análise estrutural da asa foi realizado

no formato de uma planilha eletrônica, com o auxílio de uma linguagem de

programação para a automatização dos cálculos.

Os dados de entrada para a análise são basicamente: as características

geométricas, as propriedades dos materiais empregados e as cargas atuantes em uma

estação da asa delimitada por duas nervuras consecutivas.

Utilizando as teorias apresentadas, a planilha fornece a distribuição das

tensões atuantes nos componentes estruturais, e uma série de parâmetros que permite
68

a verificação de flambagem das almas, a análise de tração diagonal e de falha destes

componentes.

É importante salientar que esse é um estudo preliminar que não considera

certos aspectos, como cravações e detalhes mais específicos da geometria.

Os métodos de cálculo e as simplificações, baseados na teoria apresentada

serão apresentados a seguir. Maiores detalhes com relação à programação utilizada e

aos algoritmos de cálculo podem ser encontrados no arquivo eletrônico em anexo.

3.1 DEFINIÇÃO GEOMÉTRICA

O objeto da análise é uma estação do caixão central da asa, delimitada pelas

longarinas e por duas nervuras consecutivas, que pertencem a dois planos paralelos.

O plano médio entre eles define a secção de referência para os cálculos.

Longarina 1

Nervura 1

Nervura 2

Longarina 2 Secção de
(a) Referência (b)

Figura 35 - Estação da asa


69

A Figura 35 (a) mostra a representação da estação de uma asa em planta, com

uma geometria real, ou seja, as longarinas e os reforçadores longitudinais (em rosa)

possuem enflechamento. A representação da geometria simplificada, que foi

considerada para os cálculos, pode ser observada na Figura 35 (b), onde os painéis

retangulares são delimitados por nervuras e reforçadores paralelos.

É importante salientar, que a estação analisada foi idealizada como uma parte

de uma viga de secção transversal constante, ou seja, o afilamento e o

enflechamento, existentes na geometria real, foram desconsiderados.

A secção de referência, localizada no plano médio da estação, pode ser

visualizada na Figura 36. Os reforçadores e mesas das longarinas são representados

por áreas concentradas (“booms”).

Os painéis entre os “booms” foram assumidos planos para a obtenção das

propriedades geométricas da secção, uma vez que os seus raios de curvatura são

relativamente grandes.

Boom

Figura 36 - Secção genérica de referência


70

O revestimento da asa utilizado é do tipo integral, com os reforçadores

longitudinais usinados. A geometria dos reforçadores é do tipo “blade” (lâmina), cuja

secção transversal está representada na Figura 37.

Figura 37 - Reforçador - "Blade"

A mesma geometria foi utilizada para representar as mesas das longarinas,

que também são integrais, porém rotacionada em 90º no plano xy, uma vez que as

longarinas utilizadas são integrais usinadas. A sua secção transversal idealizada está

representada na Figura 38.

Figura 38 - Secção transversal idealizada das longarinas


71

A secção transversal do tipo “L” (Figura 39) foi utilizada para a idealização

dos reforçadores transversais (localizados nas almas das longarinas, no meio do vão

entre as nervuras) e das abas das nervuras (elementos de ligação com os

revestimentos).

Figura 39 - Reforçador - "L"

Localmente, são calculados os momentos de inércia e a área da secção

transversal do reforçador, assim como o seu raio de giração.

A geometria localizada do reforçador é utilizada para a sua análise

específica. Para uma análise global da secção da asa, a sua influência pode ser

desprezada, e os reforçadores são considerados como áreas concentradas, uma vez

que as dimensões da secção dos reforçadores são pequenas em relação à secção

completa.

A definição geométrica é realizada com a localização das longarinas em um

sistema de coordenadas planas qualquer, o mesmo utilizado para a localização dos

“booms”. A partir dessas coordenadas, são definidos os painéis planos que

representam os revestimentos e as almas das longarinas, com suas respectivas

espessuras.
72

A origem do sistema de coordenadas é então transferida para o centro de

gravidade da secção do caixão, que se torna referência para os cálculos posteriores.

Outros parâmetros geométricos calculados são: a área total da secção, os

momentos de inércia e a área celular compreendida entre as linhas médias dos

elementos de placa.

3.2 CARGAS

As cargas atuantes são um dado de entrada para a análise estrutural do caixão

central da asa. Os três carregamentos considerados são: força cortante (S y ), momento

fletor (M x ) e momento torsor (T).

A convenção de sinais utilizada está representada na Figura 40.

x
Mx
Sy

Figura 40 - Convenção de sinais (cargas) – vista obtida em direção à raiz da asa

(“inboard”)
73

Cabe ao analista identificar as condições críticas de carregamentos na

estação da asa, para a verificação dos componentes estruturais quanto às margens de

segurança.

Possuindo os diagramas de carregamento ao longo da semi-envergadura da

asa, é realizada uma interpolação linear entre os valores dos carregamentos na

estação imediatamente anterior e na imediatamente posterior à estação de estudo.

Os valores das cargas últimas são obtidos através da aplicação de um fator de

segurança igual a 1,5 sobre as cargas atuantes.

3.3 CÁLCULO DAS TENSÕES PRIMÁRIAS

As tensões primárias são desenvolvidas nos membros estruturais do caixão

central da asa, devido à ação dos carregamentos atuantes, desconsiderando os efeitos

da flambagem dos painéis (se houver).

Os valores das tensões normais (σz) são obtidos através da Eq. (8). A tensão

em cada um dos “booms” é calculada com a utilização das suas coordenadas, em

relação ao centro de gravidade da secção. O momento de inércia da secção resistente

aos esforços longitudinais considera a contribuição dos revestimentos, reforçadores

longitudinais e longarinas (almas e mesas).

O momento fletor atuante é o responsável pelo desenvolvimento destas

tensões. Note que o valor do momento fletor em torno do eixo y (M y ) é desprezado,

pois é relativamente pequeno, quando comparado a M x .

As tensões de cisalhamento, por sua vez, são geradas pela ação da força

cortante e do momento torsor atuantes no caixão.


74

O caixão central é idealizado como uma secção fechada unicelular de paredes

finas. O “corte” utilizado, para o cálculo do fluxo de cisalhamento de uma secção

aberta equivalente (fluxo reduzido), é feito na posição do primeiro “boom” definido.

O fluxo de cisalhamento reduzido (q b ) vem da Eq. (16), considerando a

contribuição dos “booms”, revestimentos e almas.

O centro de gravidade da secção é o ponto de referência, em torno do qual é

feita a equivalência entre os momentos externos (devido às forças cortantes) e os

internos (devido ao fluxo de cisalhamento desenvolvido na secção). Assim é obtido o

fluxo total devido à ação dos esforços cortantes.

A contribuição do momento torsor (q t ) no fluxo de cisalhamento total é

função da área celular da secção, interna à linha média das suas paredes. O valor de

q t é assumido constante em todos os painéis, sendo obtido através da Eq. (26).

O fluxo de cisalhamento total é a soma das contribuições dos esforços

cortantes e do momento torsor atuantes.

É importante notar que a distribuição do fluxo de cisalhamento não é

contínua em painéis consecutivos, devido à contribuição do “boom” existente entre

eles. Assim como o seu valor varia ao longo da largura dos painéis.

Os valores das tensões de cisalhamento obtidos não são satisfatórios para

secções próximas à raiz, uma vez que foi assumida a hipótese de que as secções

transversais podem distorcer longitudinalmente. Assim, a secção escolhida para o

estudo está a uma certa distância da raiz, com o objetivo de se reduzir o erro

decorrente dessa hipótese.


75

As tensões primárias foram obtidas nas posições definidas pelas coordenadas

de cada um dos “booms”, que correspondem às extremidades dos “skins”. Assim,

para cada um dos painéis foram calculadas as seguintes tensões:

• τ i – tensão de cisalhamento na extremidade inicial;

• τ f – tensão de cisalhamento na extremidade final;

• σz i – tensão normal na extremidade inicial;

• σz f – tensão normal na extremidade final.

A partir dos valores das tensões normais e de cisalhamento, foram calculadas

as tensões equivalentes de Von Mises, para o estado plano de tensões, na

extremidade inicial (VM i ) e final (VM f ) de cada um dos painéis.

Para uma análise específica do revestimento superior, foram calculados

quatro parâmetros:

• σ zmed – tensão normal média, ou seja, a tensão normal atuante em um

ponto correspondente ao centro de gravidade do revestimento

superior;

• P – esforço normal correspondente ao produto da tensão normal média

(σ zmed ) pela área total do revestimento (A tsup );

• N – carregamento normal uniformemente distribuído que é igual à

razão P/W p , onde W p é a largura total do revestimento superior;

• N/Lp – onde Lp é o comprimento do revestimento superior.


76

As tensões primárias foram calculadas através de um método simplificado,

com o objetivo principal de se obter a sua ordem de grandeza, mantendo uma

coerência com o comportamento real da estrutura da asa. Sendo utilizadas como

parâmetros para um estudo comparativo entre as duas filosofias de projeto do

revestimento superior da asa.

3.4 ANÁLISE DE FLAMBAGEM DOS PAINÉIS

Os painéis que compõem a estação da asa, sob a ação dos carregamentos

atuantes, podem apresentar tensões que provocam a sua instabilidade. Assim devem

ser obtidas as tensões críticas de flambagem de cada painel.

De acordo com a idealização geométrica apresentada, os painéis foram

assumidos retangulares. O que permite a utilização da teoria apresentada no Cap.2

Seção 2.3. Os bordos das placas foram considerados simplesmente apoiados, o que

torna a análise conservativa neste aspecto, pois os painéis reais apresentam restrições

rotacionais nos bordos.

O estado de tensões predominante é distinto em três regiões da secção. No

painel superior da asa, os carregamentos considerados levam a um estado combinado

de compressão e cisalhamento. As longarinas são submetidas à flexão e

cisalhamento, enquanto o painel inferior à tração e cisalhamento.

As curvas que fornecem os coeficientes de flambagem, para cada um dos

casos de tensão atuante isolada (compressão, flexão e cisalhamento), foram

transformadas em funções matemáticas do tipo k=f(a/b). Para cada um dos

coeficientes, foi utilizado o número necessário de funções para representar as curvas,


77

em intervalos da razão a/b onde a variação do valor de k foi mais acentuada. Para

intervalos com menor variação, o valor do coeficiente de flambagem foi assumido

constante igual ao patamar inferior atingido em altos valores de a/b.

Esse procedimento foi utilizado com o objetivo de se automatizar a obtenção

dos coeficientes de flambagem e conseqüentemente as tensões críticas, para os casos

isolados de carregamento.

Para o caso dos painéis em compressão, as nervuras foram consideradas

capazes de restringir o deslocamento transversal dos painéis. Assim, devido o efeito

Poisson, são desenvolvidas tensões no sentido transversal, que tendem a reduzir a

resistência à flambagem do painel. O valor 3 foi utilizado para o coeficiente de

flambagem em compressão.

A correção de plasticidade é aplicada quando a tensão crítica de flambagem

supera o limite de proporcionalidade do material. A obtenção do fator de correção de

plasticidade (η) foi realizada iterativamente.

Nesse processo, a tensão inicial de referência adotada no cálculo de η foi a

própria tensão crítica elástica (onde η=1). Esta é multiplicada pelo fator de correção

obtido, e o valor corrigido é comparado ao inicial. O valor da tensão de referência é

sucessivamente modificado até convergir com o valor corrigido.

O passo seguinte é o cálculo das razões de carregamento (R L , R b e R S ), que

foram definidas no Cap.2 Seção 2.3.4 e 2.3.5, entre as tensões atuantes e as críticas,

para cada um dos casos.

As tensões normais e de cisalhamento atuantes consideradas correspondem

aos valores médios (σz m e τm ) entre as tensões iniciais (σz i e τ i ) e finais (σz f e τ f ) em

cada um dos painéis, ou seja, entre as tensões atuantes nas suas extremidades, exceto
78

para o caso da flexão, onde o valor assumido foi o da tensão atuante na extremidade

comprimida do painel.

As margens de segurança para a flambagem (MS f ) de cada painel foram

calculadas, utilizando as razões de carregamento e as respectivas equações de

interação para cada caso de tensões combinadas.

3.5 CÁLCULO DA EFETIVIDADE

Os painéis carregados em compressão, após flambarem, perdem a capacidade

de resistir integralmente aos carregamentos aplicados. Como citado anteriormente, a

porção central desenvolve tensões de compressão apenas até o valor da tensão crítica

de flambagem, enquanto as regiões próximas aos reforçadores desenvolvem tensões

maiores, da ordem da atuante no próprio reforçador.

O cálculo da largura efetiva dos painéis foi feito através do método

apresentado no Cap.2 Seção 2.4.1, com algumas considerações, uma vez que o

método considera um painel reforçado com espessura constante e tensões uniformes

nos reforçadores.

Em uma asa real, o revestimento pode apresentar diferentes espessuras entre

os reforçadores, além das tensões atuantes de compressão apresentarem diferentes

intensidades em cada reforçador.

Assim, para cada reforçador, foram calculadas duas larguras efetivas: uma

referente à porção de revestimento imediatamente anterior ao reforçador, e outra à

anterior, utilizando as suas respectivas propriedades geométricas.


79

A espessura efetiva foi calculada através do método apresentado no Cap.2

Seção 2.4.2, a única simplificação realizada foi a utilização da tensão média de

compressão, entre as tensões atuantes nos dois bordos do painel.

A geometria idealizada para o painel em compressão, após a flambagem, está

representada na Figura 41,

t t ef t

b eff b efi
b

Figura 41 - Geometria efetiva do painel em compressão – pós-flambagem

onde:

• b é a largura do painel;

• t é a espessura do painel;

• b efi é a largura efetiva calculada com os parâmetros relativos ao

reforçador inicial do painel;

• b eff é a largura efetiva calculada com os parâmetros relativos ao

reforçador final do painel;

• t ef é a espessura efetiva do painel

Ocorrendo a flambagem dos painéis em compressão, a geometria da secção é

redefinida, e as suas propriedades (centro de gravidade, área total e momentos de

inércia) são recalculadas. As tensões são redistribuídas, sendo obtidas para a nova
80

configuração geométrica. A flambagem dos painéis é analisada para as novas tensões

atuantes, assim como a efetividade dos painéis em compressão é recalculada.

O processo é repetido até a convergência dos parâmetros variáveis. No caso,

a área total da secção foi o parâmetro de referência para a verificação da

convergência.

3.6 ANÁLISE DE TRAÇÃO DIAGONAL

Painéis em cisalhamento, após flambarem, desenvolvem um campo de tração

diagonal, cujo efeito gera tensões adicionais nos elementos estruturais localizados

em seus bordos (reforçadores longitudinais e transversais, mesas das longarinas e

elementos de ligação das nervuras).

A metodologia de análise é baseada na teoria apresentada no Cap.2 Seção

2.5, contendo algumas alterações no cálculo do ângulo de tração diagonal.

A análise de tração diagonal realizada ficou restrita ao revestimento superior

e será apresentada a seguir.

O passo inicial é a obtenção da tensão crítica de cisalhamento (f scr ) para a

flambagem do painel, na presença do carregamento de compressão.

O cálculo do fator de tração diagonal (k) é realizado através da equação

(48).

A metodologia utilizada no cálculo do ângulo de tração diagonal (α) baseia-

se no princípio do valor estacionário da energia potencial total do sistema, através da

minimização da energia armazenada.


81

Cada painel foi estudado isoladamente, considerando as tensões primárias e

as tensões geradas pelo campo de tração diagonal, para a obtenção da energia de

deformação de cada um dos componentes.

Para a obtenção do ângulo de tração diagonal, a influência dos momentos

secundários e a interação com os painéis adjacentes não foram consideradas, pois a

formulação seria muito complexa e a convergência dos valores de α ficaria

dificultada.

Da mesma maneira que a utilizada na teoria, um painel genérico foi

idealizado, composto por uma alma, dois reforçadores longitudinais e dois

reforçadores transversais, correspondentes aos elementos de ligação (abas) das

nervuras ao revestimento.

A energia de deformação da alma (U sk ) é obtida através da Eq. (89),

considerando os efeitos da tensão primária de cisalhamento média atuante (f s ) e do

campo de tração diagonal, tem-se

(89) U sk =
2E
[ 2
]
f 1 + f 2 − 2νf 1 f 2 + 2(1 + ν ) f 12 ,
hdt 2 2

onde:

+ f s (1 − k ) sen 2α ,
2kf s
(90) f1 =
sen 2α

(91) f 2 = − f s (1 − k )sen 2α e
82

(92) f 12 = f s (1 − k ) cos 2α .

A energia de deformação do reforçador longitudinal considera a tensão

primária normal (compressão) e a tensão normal adicional devida ao campo de tração

diagonal desenvolvido na alma.

Como os reforçadores longitudinais podem apresentar diferentes geometrias

e diferentes tensões primárias atuantes, a energia de deformação (U st ) calculada

representa uma média entre os valores encontrados para cada reforçador, e a

formulação para este caso fica

U st1 + U st 2
(93) U st = .
2

A energia de deformação de cada reforçador longitudinal (U sti ) é obtida

através da equação

1
U sti =
2
(94) Asti df sti 0 i = 1,2,
2 E sti

onde o valor da tensão em cada reforçador (f sti ) é obtida através da expressão:


83

kf s cot α
(95) f sti = f stpi − .
+ 0,5(1 − k )RC ,T
Asti
ht

No caso das abas das nervuras, foi considerada a mesma geometria para os

dois membros e as tensões primárias foram desconsideradas. A sua função estrutural

considerada foi a de garantir a integridade dos painéis pós-flambagem, suportando as

cargas oriundas do campo de tração diagonal.

Assim o valor da tensão (f rg ) é o mesmo para os duas abas, e considerando as

simplificações, é obtido através da expressão

kf s tan α
(96) f rg = − .
Arg
+ 0,5(1 − k )
dt

Neste caso, a energia de deformação (U rg ) também é uma média das energias

de cada uma das abas, porém como os seus parâmetros são iguais, essa pode ser

obtida diretamente através da expressão

1
U rg =
2
(97) Arg hf rg .
2 Erg

A expressão para a energia potencial total do sistema (Π) pode ser escrita
84

(98) Π = U +V ,

onde:

• U é a energia de deformação do sistema e

• V é trabalho realizado pelas forças externas.

Como o potencial realizado pelas forças externas (V) não é função do valor

do ângulo α, então

dV
(99) =0

Assim, para a condição de mínimo de energia, deve-se encontrar o valor de α

que satisfaça a condição:

dU dU sk dU st dU rg
(100) = + + =0.
dα dα dα dα

A formulação apresentada a seguir foi utilizada com objetivo de se obter um

método iterativo de solução, variando-se o valor de tan(α).

Define-se
85

dU st
= A1 e A1 = dhtf S k ( N1 + N 2 ) csc 2 (α ) ,
1
(101)
dα 2

onde

Ast1 ( f stp1 ( Ast1 + 0.5ht (1 − k )Rc ) − htf s k cot (α ))


(102) N1 = e
E st1 ( Ast1 + 0.5ht (1 − k )Rc )

Ast 2 ( f stp 2 ( Ast 2 + 0.5ht (1 − k )Rc ) − htf s k cot (α ))


(103) N2 = .
E st 2 ( Ast 2 + 0.5ht (1 − k )Rc )

O termo referente às abas das nervuras fica

dU rg
(104) = A2 tan (α ) ,

onde

Arg d 2 ht 2 f S2 k 2 sec 2 (α )
A2 =
E rg (Arg + 0.5dt (1 − k ))
(105) 2
.

Para a alma temos


86

dU sk − 8dhtf S2 k 2 cot (2α )csc 2 (2α )


(106) = A3 = .
dα E sk

Assim, a formulação final do problema fica

(107) A1 + A2 tan (α ) + A3 = 0 0 tan (α ) = −


( A1 + A3 ) .
A2

Aplicando o fator de relaxação (β), obtém-se a equação que será resolvida

iterativamente:

(108) tan (α ) = β tan (α ) −


( A1 + A3 ) (1 − β ) .
A2

As tensões finais atuantes em cada reforçador são então calculadas através da

sobreposição das tensões primárias e das tensões devidas aos campos de tração

diagonal, desenvolvidos em cada um dos painéis adjacentes.

O momento secundário atuante em cada reforçador longitudinal é estimado

através da equação (74), neste caso o raio de curvatura do painel foi utilizado, pois a

equação empírica fornecida é função desse parâmetro.


87

3.7 VERIFICAÇÃO DE FALHA ESTRUTURAL

Os componentes do caixão central da asa, quando submetidos à condição

última de carga, devem ser verificados quanto à falha estrutural.

A verificação inicial realizada foi a de resistência mecânica dos componentes

do caixão central. Para cada “skin” analisado comparou-se a tensão de Von Mises

crítica (VM crit ) – o valor máximo entre as tensões inicial (VM i ) e final (VM f ) obtidas

– com a tensão admissível correspondente à condição de carregamento analisada,

assim a expressão da margem de segurança fica

VM crit
(109) MSVM = ,
Fty

na condição limite e

VM crit
(110) MSVM = ,
Ftu

na condição última.

Na análise do painel superior, este foi considerado como uma série de

colunas em compressão, cada uma delas composta por um reforçador longitudinal

juntamente com o revestimento efetivo (Figura 42).


88

bef2/2 bef1/2

t2 t1

bw

tw

Figura 42 - Secção transversal da coluna idealizada

Na figura 8:

• b ef1 é a largura efetiva do revestimento anterior ao reforçador;

• b ef2 é a largura efetiva do revestimento posterior ao reforçador;

• b w é a altura do reforçador;

• t 1 é a espessura do revestimento anterior ao reforçador;

• t 2 é a espessura do revestimento posterior ao reforçador;

• t w é a espessura do reforçador.

O comprimento da coluna foi definido pela distância entre duas nervuras

consecutivas.

A condição de contorno assumida para as suas extremidades foi a de apoio

simples (c=1).

Assim, há colapso do painel quando ocorre falha da coluna idealizada.


89

A tensão crítica de flambagem local da coluna (F cc ) foi obtida para o

reforçador isolado, composto por apenas uma aba com uma das extremidades livres

(gf =1).

A contribuição do revestimento efetivo é considerada na obtenção das

propriedades geométricas da secção da coluna, e da sua tensão crítica de falha (F C ).

A verificação do painel projetado para não flambar na condição última foi

realizada, considerando o painel totalmente efetivo. Assim, a parcela do revestimento

ficou definida pelas metades das larguras das placas, anterior e posterior ao

reforçador.

No caso do painel projetado para flambar na condição última de carga, o

critério utilizado foi baseado no método sugerido pela Douglas (Ref [5]), com

algumas modificações.

A primeira delas diz respeito ao coeficiente de engastamento das

extremidades da coluna, cujo valor sugerido – 4 – não é o mais representativo para

nervuras que fornecem uma baixa restrição rotacional. Assim, embora conservativo,

o valor 1 é mais adequado para a condição idealizada.

O valor da largura efetiva do revestimento, sugerido igual a 30t, foi

substituído pelo valor obtido no nível de tensão de falha da coluna (F C ). Como a

largura efetiva e a tensão de falha (F C ) são interdependentes, os seus valores foram

obtidos iterativamente.

Esse método engloba os efeitos de tração diagonal (acréscimo de tensão

normal, momento secundário e falha local forçada), verificando-se a resistência local

e a falha como coluna em duas regiões críticas: junto às nervuras e no centro do vão

entre elas.
90

A verificação da falha dos revestimentos e almas – isoladamente – foi

realizada comparando-se a tensão de cisalhamento atuante com o valor da tensão de

cisalhamento admissível fornecido pelo gráfico da Figura 30.

A expressão da margem de segurança (MS cis ) para este caso fica

f sall
(111) MS cis = − 1,
τm

onde f sall é tensão de cisalhamento admissível para alma submetida à tração diagonal

e τ m é a tensão de cisalhamento média atuante.

Os esforços primários nas ligações entre as nervuras e revestimentos foram

desprezados. Os carregamentos atuantes nestes elementos foram considerados apenas

devido ao campo de tração diagonal. Assim a verificação de falha destes

componentes foi omitida, uma vez que a sua geometria é mais robusta que a dos

reforçadores longitudinais e o nível de carregamento a que estão submetidos é bem

inferior.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A primeira etapa para o estudo comparativo aqui apresentado foi a escolha de

uma asa pertencente a uma aeronave, cujo envelope de cargas já estivesse

determinado, assim como a sua geometria externa.


91

A configuração geométrica da asa, assim como a localização da estação

analisada, pode ser observada na Figura 43.

Estação Analisada

Longarina 1

Nervuras

Longarina 3 Longarina 2

Figura 43 - Vista em planta da asa analisada

A secção transversal de referência do caixão central, escolhida para a análise

está representada na Figura 44. É importante notar que a contribuição do caixão do

trem-de-pouso (região compreendida entre as longarinas 2 e 3) não foi considerada

nos cálculos.
92

x
14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2
3 1
13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 2 1

14
27

15
16 17 18
15 19 20 21 22 23 24 25 26
16 17 18 19 20 27
21 22 23 24 25 26

Figura 44 - Secção de referência

Os elementos estruturais estão identificados e separados em duas categorias:

• “booms” - áreas concentradas correspondentes aos reforçadores

longitudinais e às mesas das longarinas (numerados na cor azul) e

• “skins” - almas delimitadas por dois “booms” consecutivos

(numeradas na cor vermelha).

A seguir, estão as coordenadas dos “booms” que definem a secção, em um

sistema global (x p , yp ):
93

T ABELA 2 - C OORDENADAS DOS "B OOMS "


i xp yp
- mm mm
1 17498 -574
2 17318 -557
3 17197 -548
4 17077 -539
5 16957 -532
6 16836 -526
7 16716 -520
8 16596 -516
9 16476 -513
10 16355 -511
11 16235 -510
12 16115 -510
13 15994 -514
14 15814 -519
15 15814 -947
16 15990 -977
17 16107 -993
18 16223 -1007
19 16340 -1017
20 16456 -1026
21 16656 -1036
22 16856 -1041
23 16972 -1042
24 17089 -1041
25 17205 -1038
26 17322 -1034
27 17498 -1023

Os espaçamentos utilizados, entre os reforçadores e entre as nervuras,

representam valores típicos empregados em aeronaves similares à utilizada neste

estudo.

As nervuras da estação estudada têm a orientação paralela ao eixo longitudinal

da aeronave, e a distância entre elas (a rib ) foi de 369mm.

Os reforçadores longitudinais foram considerados paralelos à longarina 2 do

caixão central, que por sua vez apresenta um enflechamento de 18º. Assim, o

comprimento dos reforçadores longitudinais (d) e dos painéis ficou definido por:
94

a rib
(112) d= = 388mm
cos( 18°)

Os valores dos esforços considerados foram os fornecidos pelo envelope de

cargas limites atuantes na asa, ou seja, os valores máximos esperados para o esforço

cortante (S y ), momento fletor (M x ) e momento torsor (T), nas condições normais de

utilização da aeronave. Essa é uma hipótese conservativa, pois os valores máximos

dos três carregamentos não ocorrem simultaneamente, porém a coerência da análise

não ficou prejudicada.

A intensidade dos carregamentos atuantes na posição da nervura anterior

(Nervura 1) e posterior (Nervura 2), assim como na secção de referência estão

apresentados na tabela abaixo.

T ABELA 3 - E SFORÇOS ATUANTES – CONDIÇÃO LIMITE

y Sy Mx T
Posição
mm N N.m N.m
Nervura 1 4035 285695 -1515672 515959
Nervura 2 4398 250932 -1410614 497935
Secção de Referência 4200 269894 -1467786 507766

A coordenada y refere-se à posição da secção ao longo da semi-envergadura

da asa.

Os materiais escolhidos para cada um dos componentes estruturais, assim

como as suas respectivas propriedades, encontram-se no Anexo 1.

A análise foi separada em dois casos: o primeiro (Caso 1) considera um

revestimento superior dimensionado para não flambar na condição última de

carregamento, conseqüentemente com uma margem de segurança elevada na


95

condição limite; o segundo (Caso 2) utiliza um revestimento superior com uma

pequena margem de segurança para a flambagem dos painéis superiores na condição

limite, conseqüentemente apresentando flambagem dos mesmos na condição última.

Neste estudo, a flambagem dos painéis foi a condição que governou o

dimensionamento do revestimento superior, uma vez que se teve como objetivo

observar os efeitos pós-flambagem sobre este componente. Em uma condição real,

além da flambagem, os aspectos relativos a descargas elétricas naturais (“lightning”)

e análise de fadiga deveriam ser considerados.

O revestimento inferior teve as dimensões baseadas em aeronaves existentes,

sendo verificado apenas quanto ao critério de resistência mecânica, sob o efeito

combinado de tração e cisalhamento.

Em uma condição real, o painel inferior deveria ser verificado em

compressão, em uma condição crítica de pouso, que normalmente leva a esforços

mais severos que os gerados em manobras reversas. Porém o dimensionamento do

painel inferior não foi o objetivo principal da análise.

As dimensões do revestimento inferior foram mantidas constantes para os

dois casos, com um espaçamento padrão entre os reforçadores.

As almas das longarinas foram dimensionadas para não apresentarem

flambagem em qualquer condição. As margens de segurança para a flambagem

(condição última) foram mantidas em valores próximos nos dois casos.

A seguir serão apresentados os resultados obtidos.

Nas tabelas, o termo i corresponde ao número identificador dos “booms” e

dos “skins”, de acordo com a Figura 44.


96

4.1 CASO 1

T ABELA 4 - P ROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DA SECÇÃO

Atotal 34585,9 mm^2


Acel 828709,0 mm^2

xpCG 16663,6 mm
ypCG -790,2 mm

Ixx 1,83E+09 mm^4


Iyy 1,14E+10 mm^4
Ixy -4,17E+08 mm^4

T ABELA 5 - G EOMETRIA DOS "B OOMS "

i h t Descrição
- mm mm -
1 60.0 7.5 Mesa Long. 2
2 49.5 5.5 Ref. Sup.
3 50.0 5.7 Ref. Sup.
4 51.0 5.9 Ref. Sup.
5 51.0 6.0 Ref. Sup.
6 51.0 6.0 Ref. Sup.
7 51.0 6.0 Ref. Sup.
8 51.0 6.0 Ref. Sup.
9 51.0 6.0 Ref. Sup.
10 51.0 5.9 Ref. Sup.
11 50.0 5.7 Ref. Sup.
12 50.0 5.6 Ref. Sup.
13 49.5 5.3 Ref. Sup.
14 60.0 7.5 Mesa Long. 1
15 60.0 7.5 Mesa Long. 1
16 38.0 7.0 Ref. Inf.
17 38.0 7.0 Ref. Inf.
18 38.0 7.0 Ref. Inf.
19 38.0 7.0 Ref. Inf.
20 38.0 7.0 Ref. Inf.
21 38.0 7.0 Ref. Inf.
22 38.0 7.0 Ref. Inf.
23 38.0 7.0 Ref. Inf.
24 38.0 7.0 Ref. Inf.
25 38.0 7.0 Ref. Inf.
26 38.0 7.0 Ref. Inf.
27 60.0 7.5 Mesa Long. 2
97

T ABELA 6 - G EOMETRIA DOS "S KINS "

i s t R Descrição
- mm mm mm -
1 180,8 5,1 13761,0 Rev. Sup.
2 121,3 5,2 13887,0 Rev. Sup.
3 120,3 5,2 14239,0 Rev. Sup.
4 120,2 5,2 14235,0 Rev. Sup.
5 121,1 5,2 13642,0 Rev. Sup.
6 120,1 5,2 13070,0 Rev. Sup.
7 120,1 5,2 12956,0 Rev. Sup.
8 120,0 5,2 12835,0 Rev. Sup.
9 121,0 5,2 12726,0 Rev. Sup.
10 120,0 5,1 12467,0 Rev. Sup.
11 120,0 5,1 10707,0 Rev. Sup.
12 121,1 5,1 8516,0 Rev. Sup.
13 180,1 5,0 6927,0 Rev. Sup.
14 428,0 6,5 - Alma Long. 1
15 178,5 7,0 4335,0 Rev. Inf.
16 118,1 7,0 4627,0 Rev. Inf.
17 116,8 7,0 5144,0 Rev. Inf.
18 117,4 7,0 5732,0 Rev. Inf.
19 116,3 7,0 6430,0 Rev. Inf.
20 200,2 7,0 7112,0 Rev. Inf.
21 200,1 7,0 7853,0 Rev. Inf.
22 116,0 7,0 8022,0 Rev. Inf.
23 117,0 7,0 7687,0 Rev. Inf.
24 116,0 7,0 7410,0 Rev. Inf.
25 117,1 7,0 7384,0 Rev. Inf.
26 176,3 7,0 7302,0 Rev. Inf.
27 449,0 6,8 - Alma Long. 2

T ABELA 7 - G EOMETRIA DO REVESTIMENTO SUPERIOR

Aref 3516,4 mm^2


Arev 8678,2 mm^2
Atsup 12194,6 mm^2

Lp 388,0 mm
Wp 1686,2 mm
98

T ABELA 8 - T ENSÕES NORMAIS AOS "B OOMS " - CONDIÇÃO LIMITE E ÚLTIMA

Limite Última
i σz σz
- MPa MPa
1 -199.3 -298.9
2 -207.7 -311.5
3 -211.4 -317.1
4 -215.1 -322.6
5 -217.2 -325.8
6 -218.5 -327.7
7 -219.8 -329.7
8 -219.5 -329.2
9 -218.3 -327.5
10 -216.4 -324.6
11 -213.6 -320.5
12 -210.1 -315.2
13 -203.3 -304.9
14 -193.9 -290.9
15 151.7 227.6
16 170.8 256.1
17 180.2 270.3
18 188.1 282.2
19 192.7 289.1
20 196.6 294.9
21 198.7 298.1
22 196.9 295.3
23 194.3 291.4
24 190.0 285.0
25 184.1 276.2
26 177.5 266.2
27 163.4 245.1
99

400

300

200

100
σ z (MPa)

-100

-200

-300
FS=1.0
FS=1.5
-400
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
i

Figura 45 - Distribuição das tensões normais aos "booms"

T ABELA 9 - T ENSÕES E ESFORÇOS NORMAIS AO REVESTIMENTO SUPERIOR – CONDIÇÃO


LIMITE E ÚLTIMA

σ zmed P N N/Lp
M Pa N lbf/in psi
Limite -210,7 -2,57E+06 8701,4 569,6
Última -316,7 -3,85E+06 13052,1 854,5
100

T ABELA 10 - T ENSÕES ATUANTES NOS " SKINS " - CONDIÇÃO LIMITE

i σ zi σ zf σ zm τi τf τm VMi VMf MS VM
- MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa -
1 -199.3 -207.7 -203.5 45.3 38.5 41.9 214.1 218.1 0.99
2 -207.7 -211.4 -209.5 35.8 31.1 33.4 216.7 218.1 0.99
3 -211.4 -215.1 -213.2 29.0 24.2 26.6 217.2 219.2 0.98
4 -215.1 -217.2 -216.1 21.9 17.2 19.6 218.4 219.2 0.98
5 -217.2 -218.5 -217.8 14.8 10.0 12.4 218.7 219.2 0.98
6 -218.5 -219.8 -219.1 7.6 2.8 5.2 218.9 219.8 0.98
7 -219.8 -219.5 -219.6 0.4 -4.5 -2.0 219.8 219.6 0.98
8 -219.5 -218.3 -218.9 -6.8 -11.7 -9.3 219.8 219.3 0.98
9 -218.3 -216.4 -217.4 -14.0 -18.9 -16.5 219.7 218.8 0.98
10 -216.4 -213.6 -215.0 -21.6 -26.3 -24.0 219.6 218.5 0.98
11 -213.6 -210.1 -211.9 -28.5 -33.2 -30.9 219.3 217.8 0.98
12 -210.1 -203.3 -206.7 -35.3 -39.9 -37.6 218.8 214.7 0.98
13 -203.3 -193.9 -198.6 -42.7 -49.3 -46.0 216.3 211.9 1.01
14 -193.9 151.7 -21.1 -40.4 -42.0 -41.2 206.2 168.3 0.74
15 151.7 170.8 161.2 -37.2 -31.9 -34.6 164.9 179.5 1.15
16 170.8 180.2 175.5 -30.7 -26.9 -28.8 178.9 186.2 1.07
17 180.2 188.1 184.2 -25.7 -21.7 -23.7 185.6 191.8 1.01
18 188.1 192.7 190.4 -20.4 -16.3 -18.3 191.4 194.8 0.98
19 192.7 196.6 194.7 -14.9 -10.8 -12.9 194.5 197.5 0.96
20 196.6 198.7 197.7 -9.4 -2.1 -5.8 197.2 198.8 0.94
21 198.7 196.9 197.8 -0.7 6.5 2.9 198.7 197.2 0.94
22 196.9 194.3 195.6 7.9 12.1 10.0 197.4 195.4 0.96
23 194.3 190.0 192.1 13.4 17.6 15.5 195.6 192.4 0.97
24 190.0 184.1 187.1 18.9 22.9 20.9 192.8 188.4 1.00
25 184.1 177.5 180.8 24.2 28.1 26.1 188.8 184.0 1.04
26 177.5 163.4 170.4 29.3 34.8 32.1 184.6 174.2 1.09
27 163.4 -199.3 -17.9 37.9 36.4 37.1 176.0 209.0 0.72
101

T ABELA 11 - T ENSÕES ATUANTES NOS " SKINS " - CONDIÇÃO ÚLTIMA

i σ zi σ zf σ zm τi τf τm VMi VMf MS VM
- MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa -
1 -298.9 -311.5 -305.2 67.9 57.7 62.8 321.2 327.2 0.54
2 -311.5 -317.1 -314.3 53.6 46.6 50.1 325.1 327.2 0.54
3 -317.1 -322.6 -319.8 43.4 36.4 39.9 325.9 328.7 0.53
4 -322.6 -325.8 -324.2 32.9 25.8 29.3 327.6 328.8 0.53
5 -325.8 -327.7 -326.8 22.2 14.9 18.6 328.1 328.7 0.53
6 -327.7 -329.7 -328.7 11.4 4.1 7.8 328.3 329.7 0.53
7 -329.7 -329.2 -329.4 0.6 -6.7 -3.1 329.7 329.4 0.53
8 -329.2 -327.5 -328.4 -10.3 -17.5 -13.9 329.7 328.9 0.53
9 -327.5 -324.6 -326.0 -21.1 -28.3 -24.7 329.5 328.3 0.53
10 -324.6 -320.5 -322.5 -32.4 -39.5 -35.9 329.4 327.7 0.53
11 -320.5 -315.2 -317.8 -42.8 -49.8 -46.3 328.9 326.7 0.53
12 -315.2 -304.9 -310.0 -53.0 -59.9 -56.4 328.2 322.1 0.53
13 -304.9 -290.9 -297.9 -64.0 -73.9 -69.0 324.5 317.8 0.55
14 -290.9 227.6 -31.7 -60.5 -63.0 -61.8 309.2 252.4 0.43
15 227.6 256.1 241.9 -55.8 -47.9 -51.9 247.3 269.2 0.74
16 256.1 270.3 263.2 -46.1 -40.4 -43.3 268.3 279.3 0.68
17 270.3 282.2 276.3 -38.5 -32.6 -35.5 278.4 287.7 0.63
18 282.2 289.1 285.6 -30.6 -24.4 -27.5 287.1 292.2 0.60
19 289.1 294.9 292.0 -22.4 -16.2 -19.3 291.7 296.2 0.58
20 294.9 298.1 296.5 -14.1 -3.2 -8.6 295.9 298.2 0.57
21 298.1 295.3 296.7 -1.1 9.8 4.4 298.1 295.8 0.57
22 295.3 291.4 293.3 11.9 18.1 15.0 296.0 293.1 0.58
23 291.4 285.0 288.2 20.2 26.4 23.3 293.5 288.6 0.60
24 285.0 276.2 280.6 28.4 34.3 31.4 289.2 282.5 0.62
25 276.2 266.2 271.2 36.3 42.1 39.2 283.3 276.0 0.66
26 266.2 245.1 255.6 44.0 52.3 48.1 276.9 261.2 0.69
27 245.1 -298.9 -26.9 56.8 54.6 55.7 264.1 313.5 0.41
102

80

60

40

20
τ (MPa)

-20

-40

-60
FS=1.0
FS=1.5
-80
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
i

Figura 46 - Distribuição das tensões médias de cisalhamento nos "skins"

Os valores das tensões obtidos mostram a predominância das tensões normais

(tração e compressão), devidas ao momento fletor atuante, em relação às tensões de

cisalhamento, devidas à cortante e ao momento torsor. Situação que fica mais

evidente, quanto mais próxima da raiz da asa for a secção analisada.

A contribuição do cisalhamento é relativamente pequena, no efeito

combinado de tensões. A sua intensidade é maior nas longarinas, sendo reduzida

gradativamente das extremidades ao centro dos revestimentos superior e inferior.

Observa-se que as margens de segurança, em relação às tensões de Von

Mises, foram elevadas, tanto na condição limite quanto na última.


103

T ABELA 12 - T ENSÕES CRÍTICAS DE FLAMBAGEM DOS " SKINS "

i Fccr Fscr Fbcr


- MPa MPa MPa
1 355,4 293,2 -
2 363,6 294,2 -
3 367,4 294,1 -
4 367,8 295,1 -
5 364,4 293,8 -
6 368,6 295,0 -
7 369,0 294,5 -
8 369,1 294,2 -
9 365,0 294,1 -
10 359,1 294,1 -
11 359,1 293,6 -
12 354,1 293,5 -
13 347,4 292,6 -
14 - 266,3 334,9
15 415,2 294,5 -
16 415,7 294,1 -
17 417,5 295,6 -
18 416,6 295,3 -
19 418,0 294,9 -
20 247,0 268,1 -
21 247,5 268,1 -
22 418,4 295,5 -
23 417,4 295,3 -
24 418,3 295,5 -
25 417,3 294,8 -
26 418,2 295,8 -
27 - 269,0 338,2

As tensões críticas de cisalhamento apresentaram-se elevadas devido à

espessura e à geometria retangular dos painéis utilizada. No caso das almas das

longarinas, essa geometria só foi possível com a utilização de reforçadores

transversais, o que reduziu uma das dimensões do painel pela metade.


104

T ABELA 13 - V ERIFICAÇÃO DE FLAMBAGEM (" SKINS ")

Limite Última
i RL Rs Rb MS fl RL Rs Rb MS fl
- - - - - - - - -
1 0.57 0.14 - 0.65 0.86 0.21 - 0.10
2 0.58 0.11 - 0.67 0.86 0.17 - 0.12
3 0.58 0.09 - 0.68 0.87 0.14 - 0.12
4 0.59 0.07 - 0.68 0.88 0.10 - 0.12
5 0.60 0.04 - 0.66 0.90 0.06 - 0.11
6 0.59 0.02 - 0.68 0.89 0.03 - 0.12
7 0.60 0.01 - 0.68 0.89 0.01 - 0.12
8 0.59 0.03 - 0.68 0.89 0.05 - 0.12
9 0.60 0.06 - 0.66 0.89 0.08 - 0.11
10 0.60 0.08 - 0.64 0.90 0.12 - 0.09
11 0.59 0.11 - 0.64 0.89 0.16 - 0.10
12 0.58 0.13 - 0.64 0.88 0.19 - 0.09
13 0.57 0.16 - 0.63 0.86 0.24 - 0.09
14 - 0.15 0.58 0.67 - 0.23 0.87 0.11
15 0.39 0.12 - 29.54 0.58 0.18 - 19.36
16 0.42 0.10 - 45.16 0.63 0.15 - 29.78
17 0.44 0.08 - 69.83 0.66 0.12 - 46.22
18 0.46 0.06 - 119.55 0.69 0.09 - 79.37
19 0.47 0.04 - 246.01 0.70 0.07 - 163.67
20 0.80 0.02 - 1729.86 1.20 0.03 - 1152.91
21 0.80 0.01 - 6831.19 1.20 0.02 - 4553.79
22 0.47 0.03 - 409.39 0.70 0.05 - 272.59
23 0.46 0.05 - 168.04 0.69 0.08 - 111.69
24 0.45 0.07 - 90.60 0.67 0.11 - 60.06
25 0.43 0.09 - 56.35 0.65 0.13 - 37.23
26 0.41 0.11 - 35.95 0.61 0.16 - 23.63
27 - 0.14 0.59 0.65 - 0.21 0.88 0.10

As razões de carregamento (R L , R s e R b ), demonstram que a condição de

compressão é crítica para a flambagem dos painéis.

A influência do cisalhamento é um pouco mais acentuada nas proximidades

das longarinas e nas suas próprias almas.

Em nenhum caso, a tensão atuante de cisalhamento atingiu 25% da tensão

crítica de flambagem do painel (R s < 0,25), enquanto a compressão chegou a 90%

(R L≅0,90, para os painéis superiores).


105

T ABELA 14 - T ENSÕES CRÍTICAS DAS COLUNAS ( REFORÇADOR + REVESTIMENTO ) – PAINEL SUPERIOR

i Fcc Fc
- MPa MPa
2 366,0 340,5
3 373,1 347,8
4 377,2 353,5
5 382,0 357,9
6 382,0 357,9
7 382,0 357,9
8 382,0 357,9
9 382,0 357,9
10 377,2 353,6
11 373,1 348,2
12 368,2 343,6
13 356,0 331,6

Observa-se, através dos valores das tensões críticas F C e F cc , que o modo de

falha da coluna está próximo ao de falha local.

T ABELA 15 - M ARGENS DE SEGURANÇA PARA FALHA COMO COLUNA – CONDIÇÃO LIMITE E ÚLTIMA

Limite Última
i MS fC MS fC
- - -
2 0.64 0.09
3 0.65 0.10
4 0.64 0.10
5 0.65 0.10
6 0.64 0.09
7 0.63 0.09
8 0.63 0.09
9 0.64 0.09
10 0.63 0.09
11 0.63 0.09
12 0.64 0.09
13 0.63 0.09

De maneira geral, a estrutura apresentaria os modos de falha críticos quase

que simultaneamente, no caso a flambagem dos painéis (MS≅11%) e a falha como

coluna idealizada (MS≅9%).


106

4.2 CASO 2

Neste caso, a análise da secção foi realizada em duas etapas.

Na primeira etapa (análise pré-flambagem), as tensões foram obtidas,

assumindo que a secção resistisse integralmente aos esforços solicitantes. Nessa

condição foi verificada a flambagem dos painéis. Na segunda etapa (análise pós-

flambagem), as tensões foram redistribuídas, considerando-se a perda de efetividade

dos painéis que flambaram. O revestimento superior foi analisado especificamente

para se obter os efeitos do campo de tração diagonal, verificando-se a falha estrutural

dos seus componentes.

T ABELA 16 - G EOMETRIA DOS "B OOMS "

i h t Descrição
- mm mm -
1 60,0 7,5 Mesa Long. 2
2 51,5 7,2 Ref. Sup.
3 52,5 7,7 Ref. Sup.
4 53,5 8,2 Ref. Sup.
5 54,0 8,2 Ref. Sup.
6 55,0 8,2 Ref. Sup.
7 55,0 8,2 Ref. Sup.
8 55,0 8,2 Ref. Sup.
9 54,0 8,2 Ref. Sup.
10 53,5 8,2 Ref. Sup.
11 53,0 7,7 Ref. Sup.
12 52,0 7,5 Ref. Sup.
13 51,0 7,2 Ref. Sup.
14 60,0 7,5 Mesa Long. 1
15 60,0 7,5 Mesa Long. 1
16 38,0 7,0 Ref. Inf.
17 38,0 7,0 Ref. Inf.
18 38,0 7,0 Ref. Inf.
19 38,0 7,0 Ref. Inf.
20 38,0 7,0 Ref. Inf.
21 38,0 7,0 Ref. Inf.
22 38,0 7,0 Ref. Inf.
23 38,0 7,0 Ref. Inf.
24 38,0 7,0 Ref. Inf.
25 38,0 7,0 Ref. Inf.
26 38,0 7,0 Ref. Inf.
27 60,0 7,5 Mesa Long. 2
107

T ABELA 17 - G EOMETRIA DOS "S KINS "

i s t R Descrição
- mm mm mm -
1 180,8 4,1 13761,0 Rev. Sup.
2 121,3 4,2 13887,0 Rev. Sup.
3 120,3 4,2 14239,0 Rev. Sup.
4 120,2 4,2 14235,0 Rev. Sup.
5 121,1 4,2 13642,0 Rev. Sup.
6 120,1 4,2 13070,0 Rev. Sup.
7 120,1 4,2 12956,0 Rev. Sup.
8 120,0 4,2 12835,0 Rev. Sup.
9 121,0 4,2 12726,0 Rev. Sup.
10 120,0 4,2 12467,0 Rev. Sup.
11 120,0 4,2 10707,0 Rev. Sup.
12 121,1 4,2 8516,0 Rev. Sup.
13 180,1 4,1 6927,0 Rev. Sup.
14 428,0 6,5 - Alma Long. 1
15 178,5 7,0 4335,0 Rev. Inf.
16 118,1 7,0 4627,0 Rev. Inf.
17 116,8 7,0 5144,0 Rev. Inf.
18 117,4 7,0 5732,0 Rev. Inf.
19 116,3 7,0 6430,0 Rev. Inf.
20 200,2 7,0 7112,0 Rev. Inf.
21 200,1 7,0 7853,0 Rev. Inf.
22 116,0 7,0 8022,0 Rev. Inf.
23 117,0 7,0 7687,0 Rev. Inf.
24 116,0 7,0 7410,0 Rev. Inf.
25 117,1 7,0 7384,0 Rev. Inf.
26 176,3 7,0 7302,0 Rev. Inf.
27 449,0 6,8 - Alma Long. 2

T ABELA 18 - G EOMETRIA DO REVESTIMETO SUPERIOR

Aref 5056,4 mm^2


Arev 7046,1 mm^2
Atot 12102,5 mm^2

Lp 388,0 mm
Wp 1686,2 mm
108

4.2.1 Análise pré-flambagem

T ABELA 19 - G EOMETRIA DA SECÇÃO

Atotal 34493,8 mm^2


Acel 828709,0 mm^2

xpCG 16662,9 mm
ypCG -790,7 mm

Ixx 1,83E+09 mm^4


Iyy 1,13E+10 mm^4
Ixy -4,18E+08 mm^4

T ABELA 20 - T ENSÕES NORMAIS AOS " BOOMS " - CONDIÇÃO LIMITE E ÚLTIMA

Limite Última
i σz σz
- MPa MPa
1 -200.5 -300.8
2 -208.9 -313.3
3 -212.5 -318.8
4 -216.2 -324.3
5 -218.2 -327.4
6 -219.5 -329.2
7 -220.7 -331.1
8 -220.3 -330.5
9 -219.2 -328.7
10 -217.1 -325.7
11 -214.3 -321.5
12 -210.7 -316.1
13 -203.9 -305.8
14 -194.4 -291.6
15 152.0 228.0
16 171.0 256.5
17 180.4 270.6
18 188.3 282.4
19 192.8 289.2
20 196.6 294.9
21 198.7 298.1
22 196.7 295.1
23 194.1 291.1
24 189.7 284.6
25 183.8 275.7
26 177.1 265.6
27 162.9 244.3
109

400

300

200

100
σ z (MPa)

-100

-200

-300 FS=1.0
FS=1.5
-400
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
i
Figura 47 - Distribuição das tensões normais aos "booms"

T ABELA 21 - T ENSÕES E ESFORÇOS NORMAIS AO REVESTIMENTO SUPERIOR –


CONDIÇÃO LIMITE E ÚLTIMA

σ zmed P N N/Lp
MPa N lbf/in psi
Limite -209.6 -2.54E+06 8589.4 562.3
Última -314.4 -3.80E+06 12884.2 843.5
110

T ABELA 22 - T ENSÕES ATUANTES NOS " SKINS " - CONDIÇÃO LIMITE

i szi szf szm τi τf τm VMi VMf MS VM


- MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa -
1 -200.5 -208.9 -204.7 56.5 49.7 53.1 223.1 225.9 0.92
2 -208.9 -212.5 -210.7 45.1 40.4 42.8 223.0 223.7 0.94
3 -212.5 -216.2 -214.3 36.7 31.9 34.3 221.8 223.1 0.95
4 -216.2 -218.2 -217.2 27.8 23.0 25.4 221.5 221.8 0.96
5 -218.2 -219.5 -218.9 18.7 13.8 16.3 220.6 220.8 0.97
6 -219.5 -220.7 -220.1 9.5 4.7 7.1 220.1 220.9 0.97
7 -220.7 -220.3 -220.5 0.3 -4.6 -2.1 220.7 220.5 0.97
8 -220.3 -219.2 -219.8 -8.9 -13.8 -11.3 220.9 220.5 0.97
9 -219.2 -217.1 -218.2 -18.0 -22.9 -20.5 221.4 220.7 0.96
10 -217.1 -214.3 -215.7 -27.0 -31.8 -29.4 222.1 221.3 0.96
11 -214.3 -210.7 -212.5 -35.6 -40.3 -38.0 223.1 222.0 0.95
12 -210.7 -203.9 -207.3 -43.9 -48.5 -46.2 224.1 220.5 0.94
13 -203.9 -194.4 -199.1 -53.1 -59.7 -56.4 223.6 220.2 0.94
14 -194.4 152.0 -21.2 -40.1 -41.8 -41.0 206.5 168.3 0.74
15 152.0 171.0 161.5 -37.0 -31.7 -34.4 165.0 179.6 1.15
16 171.0 180.4 175.7 -30.5 -26.7 -28.6 179.0 186.2 1.07
17 180.4 188.3 184.3 -25.4 -21.5 -23.5 185.7 191.9 1.01
18 188.3 192.8 190.5 -20.2 -16.0 -18.1 191.5 194.8 0.98
19 192.8 196.6 194.7 -14.7 -10.5 -12.6 194.5 197.5 0.96
20 196.6 198.7 197.7 -9.2 -1.9 -5.5 197.3 198.7 0.94
21 198.7 196.7 197.7 -0.5 6.8 3.1 198.7 197.1 0.94
22 196.7 194.1 195.4 8.2 12.3 10.2 197.3 195.2 0.96
23 194.1 189.7 191.9 13.7 17.8 15.7 195.5 192.2 0.97
24 189.7 183.8 186.8 19.1 23.1 21.1 192.6 188.1 1.00
25 183.8 177.1 180.5 24.4 28.3 26.4 188.6 183.7 1.05
26 177.1 162.9 170.0 29.5 35.0 32.3 184.3 173.8 1.09
27 162.9 -200.5 -18.8 38.1 36.5 37.3 175.7 210.2 0.71
111

T ABELA 23 - T ENSÕES ATUANTES NOS " SKINS " - CONDIÇÃO ÚLTIMA

i szi szf szm τi τf τm VMi VMf MS VM


- MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa -
1 -300.8 -313.3 -307.0 84.7 74.5 79.6 334.7 338.8 0.49
2 -313.3 -318.8 -316.0 67.7 60.6 64.1 334.5 335.6 0.50
3 -318.8 -324.3 -321.5 55.0 47.9 51.4 332.7 334.7 0.50
4 -324.3 -327.4 -325.8 41.6 34.4 38.0 332.2 332.8 0.51
5 -327.4 -329.2 -328.3 28.1 20.8 24.4 331.0 331.2 0.52
6 -329.2 -331.1 -330.1 14.3 7.0 10.6 330.1 331.3 0.52
7 -331.1 -330.5 -330.8 0.4 -6.9 -3.2 331.1 330.7 0.52
8 -330.5 -328.7 -329.6 -13.4 -20.7 -17.0 331.3 330.7 0.52
9 -328.7 -325.7 -327.2 -27.0 -34.3 -30.7 332.1 331.1 0.52
10 -325.7 -321.5 -323.6 -40.6 -47.7 -44.1 333.2 332.0 0.51
11 -321.5 -316.1 -318.8 -53.5 -60.5 -57.0 334.6 333.0 0.50
12 -316.1 -305.8 -311.0 -65.9 -72.8 -69.4 336.1 330.8 0.50
13 -305.8 -291.6 -298.7 -79.6 -89.5 -84.6 335.5 330.3 0.50
14 -291.6 228.0 -31.8 -60.2 -62.7 -61.4 309.7 252.5 0.42
15 228.0 256.5 242.2 -55.5 -47.6 -51.5 247.4 269.4 0.74
16 256.5 270.6 263.5 -45.8 -40.0 -42.9 268.4 279.4 0.68
17 270.6 282.4 276.5 -38.1 -32.2 -35.2 278.6 287.8 0.63
18 282.4 289.2 285.8 -30.2 -24.1 -27.1 287.2 292.2 0.60
19 289.2 294.9 292.1 -22.0 -15.8 -18.9 291.8 296.2 0.58
20 294.9 298.1 296.5 -13.7 -2.8 -8.3 295.9 298.1 0.57
21 298.1 295.1 296.6 -0.7 10.2 4.7 298.1 295.6 0.57
22 295.1 291.1 293.1 12.2 18.5 15.4 295.9 292.9 0.58
23 291.1 284.6 287.9 20.5 26.7 23.6 293.3 288.4 0.60
24 284.6 275.7 280.2 28.7 34.7 31.7 288.9 282.2 0.62
25 275.7 265.6 270.7 36.6 42.4 39.5 282.9 275.6 0.66
26 265.6 244.3 255.0 44.3 52.6 48.4 276.5 260.7 0.70
27 244.3 -300.8 -28.2 57.1 54.8 55.9 263.6 315.4 0.40
112

100

80

60

40

20
τ (MPa)

-20

-40

-60

-80 FS=1.0
FS=1.5
-100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
i

Figura 48 - Distribuição das tensões médias de cisalhamento nos "skins"

Os valores das tensões normais atuantes no Caso 2 foram semelhantes aos

obtidos no Caso 1, pois os momentos de inércia da secção praticamente não foram

alterados, uma vez que a redução da espessura do revestimento superior foi

compensada pelo aumento das dimensões dos reforçadores.

As tensões de cisalhamento, por sua vez apresentaram valores um pouco

superiores, devido à redução da espessura do revestimento.

De uma maneira geral, a distribuição das tensões não se alterou, mantendo-se

a predominância das tensões devidas à flexão.


113

T ABELA 24 - T ENSÕES CRÍTICAS DE FLAMBAGEM DOS " SKINS "

i Fccr Fscr Fbcr


- MPa MPa MPa
1 233,1 280,5 -
2 242,5 281,9 -
3 246,5 282,5 -
4 247,1 282,2 -
5 243,2 282,1 -
6 247,3 282,4 -
7 247,6 282,5 -
8 247,7 282,4 -
9 243,7 282,0 -
10 247,9 282,9 -
11 247,9 282,7 -
12 243,5 282,3 -
13 236,0 281,0 -
14 - 266,3 334,9
15 415,2 294,5 -
16 415,7 294,1 -
17 417,5 295,6 -
18 416,6 295,3 -
19 418,0 294,9 -
20 247,0 268,1 -
21 247,5 268,1 -
22 418,4 295,5 -
23 417,4 295,3 -
24 418,3 295,5 -
25 417,3 294,8 -
26 418,2 295,8 -
27 - 269,0 338,2
114

T ABELA 25 - V ERIFICAÇÃO DE FLAMBAGEM (" SKINS ")

Limite Última
i RL Rs Rb MS fl RL Rs Rb MS fl
- - - - - - - - -
1 0.88 0.19 - 0.09 1.32 0.28 - -0.27
2 0.87 0.15 - 0.12 1.30 0.23 - -0.25
3 0.87 0.12 - 0.13 1.30 0.18 - -0.25
4 0.88 0.09 - 0.13 1.32 0.13 - -0.25
5 0.90 0.06 - 0.11 1.35 0.09 - -0.26
6 0.89 0.03 - 0.12 1.34 0.04 - -0.25
7 0.89 0.01 - 0.12 1.34 0.01 - -0.25
8 0.89 0.04 - 0.13 1.33 0.06 - -0.25
9 0.90 0.07 - 0.11 1.34 0.11 - -0.26
10 0.87 0.10 - 0.13 1.31 0.16 - -0.24
11 0.86 0.13 - 0.14 1.29 0.20 - -0.24
12 0.85 0.16 - 0.13 1.28 0.25 - -0.24
13 0.84 0.20 - 0.12 1.27 0.30 - -0.25
14 - 0.15 0.58 0.67 - 0.23 0.87 0.11
15 0.39 0.12 - 29.96 0.58 0.17 - 19.64
16 0.42 0.10 - 45.94 0.63 0.15 - 30.29
17 0.44 0.08 - 71.31 0.66 0.12 - 47.21
18 0.46 0.06 - 122.86 0.69 0.09 - 81.57
19 0.47 0.04 - 255.83 0.70 0.06 - 170.22
20 0.80 0.02 - 1889.96 1.20 0.03 - 1259.64
21 0.80 0.01 - 5795.07 1.20 0.02 - 3863.05
22 0.47 0.03 - 389.86 0.70 0.05 - 259.57
23 0.46 0.05 - 162.84 0.69 0.08 - 108.23
24 0.45 0.07 - 88.52 0.67 0.11 - 58.68
25 0.43 0.09 - 55.32 0.65 0.13 - 36.55
26 0.41 0.11 - 35.42 0.61 0.16 - 23.28
27 - 0.14 0.59 0.64 - 0.21 0.89 0.09

Com as alterações geométricas, os painéis do revestimento superior

apresentaram margens de segurança para a flambagem na condição limite, próximas

às obtidas no Caso 1, sob a ação das cargas últimas.

Os valores das razões de carregamento (R L , R s e R b ), na condição última,

mostram que a flambagem dos painéis ocorre basicamente devido à ação dos

carregamentos de compressão.
115

4.2.2 Análise pós-flambagem

T ABELA 26 - G EOMETRIA RECALCULADA DA SECÇÃO

Atotal 34298,2 mm^2


Acel 828709,0 mm^2

xpCG 16662,8 mm
ypCG -792,2 mm

Ixx 1,82E+09 mm^4


Iyy 1,12E+10 mm^4
Ixy -4,18E+08 mm^4

T ABELA 27 - T ENSÕES ATUANTES NOS " SKINS " – RECALCULADAS

i szi szf szm τi τf τm VMi VMf MS VM


- MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa MPa -
1 -305.0 -317.6 -311.3 84.9 74.5 79.7 338.6 342.8 0.47
2 -317.6 -323.1 -320.4 67.6 60.5 64.0 338.5 339.7 0.48
3 -323.1 -328.7 -325.9 54.7 47.5 51.1 336.7 338.8 0.49
4 -328.7 -331.8 -330.2 41.2 33.9 37.6 336.3 336.9 0.49
5 -331.8 -333.6 -332.7 27.5 20.1 23.8 335.2 335.4 0.50
6 -333.6 -335.5 -334.5 13.5 6.1 9.8 334.4 335.6 0.50
7 -335.5 -334.9 -335.2 -0.5 -7.9 -4.2 335.5 335.2 0.50
8 -334.9 -333.1 -334.0 -14.5 -21.9 -18.2 335.8 335.2 0.50
9 -333.1 -330.0 -331.6 -28.4 -35.7 -32.1 336.7 335.8 0.49
10 -330.0 -325.8 -327.9 -42.1 -49.3 -45.7 338.0 336.8 0.49
11 -325.8 -320.3 -323.1 -55.1 -62.3 -58.7 339.5 338.0 0.48
12 -320.3 -309.9 -315.1 -67.7 -74.8 -71.2 341.1 335.9 0.48
13 -309.9 -295.6 -302.8 -81.7 -91.7 -86.7 340.7 335.6 0.48
14 -295.6 228.0 -33.8 -61.6 -64.3 -62.9 314.3 253.7 0.40
15 228.0 256.7 242.3 -57.0 -49.0 -53.0 248.4 270.3 0.73
16 256.7 270.9 263.8 -47.2 -41.5 -44.4 269.4 280.3 0.67
17 270.9 282.8 276.8 -39.6 -33.7 -36.6 279.5 288.7 0.62
18 282.8 289.7 286.2 -31.7 -25.5 -28.6 288.0 293.0 0.60
19 289.7 295.4 292.5 -23.5 -17.2 -20.4 292.5 296.9 0.58
20 295.4 298.5 296.9 -15.2 -4.2 -9.7 296.5 298.6 0.57
21 298.5 295.5 297.0 -2.1 8.8 3.3 298.5 295.9 0.57
22 295.5 291.5 293.5 10.8 17.1 14.0 296.1 293.0 0.58
23 291.5 284.9 288.2 19.1 25.3 22.2 293.3 288.3 0.60
24 284.9 275.9 280.4 27.3 33.3 30.3 288.8 281.9 0.62
25 275.9 265.7 270.8 35.2 41.1 38.2 282.6 275.1 0.66
26 265.7 244.3 255.0 42.9 51.2 47.1 275.9 259.9 0.70
27 244.3 -305.0 -30.4 55.7 53.2 54.4 262.6 318.6 0.38
116

T ABELA 28 - P ARÂMETROS PÓS - FLAMBAGEM (“ SKINS ”)

i bef tef A B Rc Rc'


- mm mm - - - -
1 167,1 2,9 0,83 3,86 0,206 0,957
2 107,9 3,1 0,86 4,93 0,170 0,971
3 107,0 3,1 0,87 6,25 0,137 0,981
4 106,3 3,1 0,88 8,57 0,101 0,990
5 105,9 3,1 0,86 13,44 0,064 0,996
6 105,6 3,1 0,88 31,06 0,028 0,999
7 105,5 3,1 0,88 103,11 0,009 1,000
8 105,7 3,1 0,88 19,36 0,045 0,998
9 106,0 3,1 0,86 10,67 0,080 0,994
10 106,6 3,1 0,88 7,33 0,118 0,986
11 107,4 3,1 0,88 5,60 0,153 0,977
12 108,8 3,1 0,86 4,48 0,186 0,965
13 168,5 3,0 0,84 3,53 0,226 0,949

T ABELA 29 - P ARÂMETROS DE TRAÇÃO DIAGONAL (" SKINS ")

i k α frg (DT) fs all MS cis


- - º MPa MPa -
1 0.09 71.4 -20.6 186.0 1.3
2 0.09 73.2 -17.2 185.4 1.9
3 0.08 74.8 -14.4 186.9 2.7
4 0.08 76.4 -11.7 187.4 4.0
5 0.08 78.3 -8.8 187.3 6.9
6 0.06 82.1 -4.1 190.0 18.4
7 0.17 81.7 -4.8 178.1 41.1
8 0.11 78.4 -9.0 184.4 9.1
9 0.10 76.1 -12.8 184.5 4.8
10 0.10 74.7 -15.1 185.2 3.1
11 0.10 73.2 -17.8 184.5 2.1
12 0.11 71.4 -21.2 183.0 1.6
13 0.12 69.5 -25.1 183.5 1.1

Os valores dos parâmetros R C e R C ’ comprovam a influência predominante

das tensões de compressão na flambagem dos painéis, assim como os elevados

ângulos de tração diagonal.

Os baixos valores do fator de tração diagonal (k) dos painéis representam um

campo de tração diagonal pouco desenvolvido. Nessa condição, problemas de fadiga,


117

decorrentes do enrugamento excessivo do revestimento devido à tração diagonal, são

minimizados.

As tensões desenvolvidas nas abas das nervuras (f rg ), devidas à tração

diagonal, foram as únicas consideradas nestes componentes estruturais, e

apresentaram valores distantes das suas prováveis tensões de falha.

A verificação dos revestimentos quanto à falha em cisalhamento, mostrou

que essa condição não é crítica para essa configuração estrutural.

T ABELA 30 - T ENSÕES E MOMENTOS SECUNDÁRIOS (" BOOMS ")

i fp fDT Msec
- MPa MPa N.mm
2 -317,6 -3,2 7509,36
3 -323,1 -1,6 4218,42
4 -328,7 -1,0 3430,78
5 -331,8 -0,6 2790,50
6 -333,6 -0,3 2210,18
7 -335,5 -0,1 1203,23
8 -334,9 -0,3 2345,21
9 -333,1 -0,7 3383,22
10 -330,0 -1,1 4059,50
11 -325,8 -1,7 5574,51
12 -320,3 -2,5 8391,45
13 -309,9 -4,8 17925,82

As tensões normais desenvolvidas nos reforçadores longitudinais (f DT ),

devido ao campo de tração diagonal, apresentaram valores inferiores a 2% das

tensões primárias atuantes (f p ).

Igualmente, os momentos secundários não foram muito significativos,

resultado do campo de tração diagonal pouco desenvolvido e dos grandes raios de

curvatura dos painéis superiores.


118

T ABELA 31 - V ERIFICAÇÃO DE FALHA ESTRUTURAL - M ÉTODO D OUGLAS

i fstb1 fstb2 Fcc1 Fcc Fc F0 MS D1 MS D2 MS D3


- MPa MPa MPa MPa MPa MPa - - -
2 -0,63 -1,51 420,6 420,6 348,5 56,9 0,19 0,08 0,30
3 -0,33 -0,77 420,6 420,6 355,1 56,2 0,23 0,09 0,29
4 -0,26 -0,57 420,6 420,6 360,2 56,8 0,24 0,09 0,27
5 -0,21 -0,46 420,6 420,6 360,3 56,8 0,24 0,08 0,26
6 -0,16 -0,35 420,6 420,6 361,6 47,9 0,25 0,08 0,26
7 -0,09 -0,19 420,6 420,6 362,5 47,9 0,25 0,08 0,25
8 -0,17 -0,37 420,6 420,6 362,6 68,7 0,25 0,08 0,25
9 -0,25 -0,55 420,6 420,6 360,5 67,5 0,24 0,08 0,26
10 -0,30 -0,67 420,6 420,6 359,8 63,8 0,23 0,09 0,27
11 -0,43 -1,00 420,6 420,6 357,3 62,5 0,23 0,09 0,28
12 -0,67 -1,59 420,6 420,6 353,5 62,5 0,21 0,09 0,30
13 -1,52 -3,66 420,6 420,6 348,3 65,1 0,18 0,10 0,32

O método sugerido pela Douglas (Ref [5]), para a verificação de falha

estrutural do conjunto reforçador e revestimento efetivo, engloba os efeitos das

tensões primárias e do campo de tração diagonal.

A margem de segurança crítica obtida foi a de falha como coluna no centro

do vão entre as nervuras (MS D2 ) e na cota do reforçador junto ao revestimento.

Observa-se que as tensões primárias atuantes (f p ) são as maiores responsáveis por

essa condição, com uma contribuição quase que desprezível das tensões devidas à

tração diagonal e devidas aos momentos secundários. A baixa restrição rotacional

fornecida à coluna pelas nervuras (c=1) reduziu a tensão crítica de falha (F C ).

Os valores coincidentes para F cc (tensão crítica de falha local da secção

completa da coluna) e F cc1 (tensão crítica de falha local da aba livre) são justificados

pela hipótese da flambagem local da coluna ocorrer primeiro na aba livre da coluna

(o próprio reforçador), pois as abas do “T” representadas pelo revestimento efetivo

estão conectadas ao revestimento das colunas adjacentes, apresentando uma maior

resistência à flambagem.
119

Observa-se que falha local dos reforçadores ocorreria plasticamente, portanto

o seu valor ficou limitado à tensão crítica de escoamento do material.

A verificação de falha local na cota da aba livre do reforçador (MS D3 ) ficou

um pouco descaracterizada, pois se comparou uma tensão atuante na extremidade da

aba, com uma tensão crítica de falha válida para a aba como um todo. Essa

verificação é mais adequada para reforçadores cuja aba livre é paralela ao

revestimento.

4.2.3 Comparação

O dimensionamento, realizado no Caso 2, resultou em um revestimento

integral, cuja área da secção transversal é cerca de 90mm 2 menor que a do

revestimento do Caso 1.

Esse valor representa um ganho de apenas 0,76% em área -

conseqüentemente em massa - em relação ao valor total obtido para o Caso 1, e não é

suficiente para que se possa considerar a solução do Caso 2 como vantajosa, ou mais

eficiente.

Os próprios cálculos, realizados neste estudo preliminar, não apresentam uma

precisão que possa justificar essa diferença como significativa, uma vez que diversas

simplificações foram assumidas.

No Caso 1, os painéis possuem espessuras maiores (em torno de 5mm) do que

no Caso 2 (em torno de 4mm). Resultado justificado pela premissa de projeto que

não admite flambagem dos painéis, em qualquer condição de carregamento. Assim,

os reforçadores necessários para garantir a integridade estrutural do painel foram

menos robustos.
120

A razão entre a área do reforçador e do respectivo revestimento efetivo

(A st /A sk ), para cada coluna idealizada, ficou em torno de 0,5.

No Caso 2, as dimensões obtidas para os reforçadores foram maiores, uma vez

que as espessuras dos painéis utilizados foram reduzidas, e estes últimos não são

totalmente efetivos quando flambam. Conseqüentemente, a razão entre a área do

reforçador e a área do respectivo revestimento (A st /A sk ), para cada coluna, ficou em

torno de 0,8.

Os resultados apresentados mostraram que a influência da compressão, no

dimensionamento do painel, foi predominante, em relação ao cisalhamento. Assim,

algumas diretrizes de projeto de painéis em compressão, encontradas na Ref [8],

podem ser utilizadas para complementar a comparação.

De acordo com essa referência a razão de rigidez (A st /A sk ) usual, que atende

aos requisitos de “flutter” e tolerância ao dano, está em torno de 0,5. Neste aspecto, o

projeto obtido do Caso 1 está mais próximo ao utilizado em aeronaves existentes.

As tabelas 9 e 21 fornecem os valores da tensão média de compressão atuante

(σz med ), do carregamento de compressão (P), assim como o carregamento distribuído

pela largura do painel (N) e a razão N/Lp , onde Lp é o comprimento do painel.

A partir desses valores, observa-se que os dois casos estão sob uma condição

similar de carregamento em compressão.


121

Figura 49 - Curvas de projeto - painéis reforçados integrais (A st /A sk =0.5)

Figura 50 - Curvas de projeto - painéis reforçados integrais (A st /A sk =1)


122

De acordo com as curvas das Figuras 44 e 45, melhores eficiências estruturais,

ou seja, maiores tensões admissíveis de compressão são obtidas quando o painel não

flamba (b e /b =1), para elevados valores do fator N/Lp . Onde b e é a largura efetiva do

painel e b é a sua largura geométrica.

As curvas foram obtidas para uma liga de Alumínio diferente da utilizada

nesse estudo comparativo, porém elas fornecem uma idéia do comportamento do

painel em compressão.

Sabendo que o fator N/Lp obtido nos dois casos analisados ficou em torno de

850psi, conclui-se que há uma tendência dos painéis mais eficientes, para essa

configuração, serem aqueles que não flambam.

Sob o ponto de vista do processo de fabricação utilizado, o painel do Caso 2,

necessitaria de um maior tempo de usinagem e levaria a um desperdício maior de

matéria-prima, que o painel do Caso 1, uma vez que os seus reforçadores são mais

altos e as espessuras do revestimento são menores.

Baseado nos argumentos apresentados, conclui-se que, para a configuração

geométrica e de carregamentos analisada, o painel reforçado integral que não flamba

em qualquer condição (Caso 1) é o mais adequado.


123

5 CONCLUSÃO

Os resultados dos dois casos analisados mostraram que os efeitos do campo

de tração diagonal resultaram em uma parcela muito pequena dos esforços totais

atuantes nos reforçadores dos painéis.

Os valores dos fatores de tração diagonal (k), abaixo de 0,17, e dos ângulos

de tração diagonal (α), acima de 69º, demonstram o fato. Ou seja, as almas do

revestimento superior estão em uma condição de esforços onde a compressão é

predominante sobre o cisalhamento.

A configuração geométrica dos painéis contribuiu para esses resultados, que

resultou em elevadas tensões críticas de flambagem em cisalhamento, associada a

baixos valores das tensões de cisalhamento atuante.

Assim, a flambagem dos painéis ocorreu primordialmente devido à

compressão.

Podem-se comparar os valores obtidos com algumas diretrizes de projeto de

painéis em compressão, citadas na Ref. [8]. De acordo com essas diretrizes,

observou-se uma tendência do painel projetado para não flambar ser mais eficiente.

Os resultados obtidos mostraram que os dois projetos apresentaram áreas da

secção transversal muito parecidas, sem vantagem significativa para nenhum dos

lados. Porém o painel do Caso 2 apresenta clara desvantagem, no que diz respeito ao

processo de fabricação.

A análise de falha do revestimento mostrou que o seu modo de falha, uma

vez que este foi idealizado como coluna (reforçador + revestimento) em compressão

aproxima-se do modo de falha local.

No Caso 2, a geometria robusta dos reforçadores resultou em elevadas

margens de segurança, quando se analisou a falha local da sua aba livre.


124

O método de análise sugerido pela Douglas mostrou-se interessante para o

dimensionamento preliminar, por ser um método rápido e completo, que engloba os

efeitos primários e secundários dos esforços, e diferentes modos de falha em regiões

consideradas críticas. Porém é conservativo quando assume uma largura efetiva de

revestimento igual a 30t.

O desenvolvimento da planilha de cálculo foi realizado com o objetivo de se

obter uma ferramenta automática de pré-dimensionamento. Para isso esta deveria ser

flexível, no que diz respeito às variações dos dados de entrada. A utilização de uma

linguagem de programação propiciou estas características à planilha.


125

REFERÊNCIAS

[1] BOEING DESIGN MANUAL, BDM6220, Compression Crippling , The

Boeing Co., Seattle, Sep 1988.

[2] BOEING DESIGN MANUAL, BDM6530, Effective Skin Width , The Boeing

Co., Seattle, Julho 1993.

[3] BRUHN, E. F. Analysis and Design of Flight Vehicle Structures. Estados

Unidos. Tri-State Offset Company, 1965.

[4] DEPARTMENT OF DEFENSE – United States. MIL-HDBK-5H : Metallic

Materials and Elements for Aerospace Vehicle Structures. Estados Unidos,

1998.

[5] DOUGLAS STRUCTURAL DESIGN MANUAL, Vol. I, B-5, McDonell

Douglas Co., Aug 1982.

[6] KUHN, P., PETERSEN, J.P. & LEVIN, L.R. A Summary of Diagonal

Tension – Part 1 – Methods of Analysis. NACA TN 2661, Maio 1952.

[7] MEGSON, T. H. G. Aircraft Structures for engineering students. Terceira

Edição. Inglaterra. Ed. Butterworth-Heinemann, 1999.

[8] NIU, M.C-Y. Airframe Stress Analysis and Sizing. Segunda Edição. Hong

Kong Conmlit Press LTD., Janeiro 1999.

[9] NIU, M.C-Y. Airframe Structural Design. Hong Kong Conmlit Press LTD.,

Maio 1997.

[10] RAMBERG, W. and OSGOOD, W. R. Description of Stress-Strain Curves

by Three Parameters. NACA Tech. Note 902, Julho, 1943.

[11] WAGNER, H. Flat Sheet Metal Girders with very Thin Metal Web. Part I

to III. NACA TM 604 to 606, 1931.


ANEXOS

ANEXO 1 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS UTILIZADOS

Ec G ν F07 n Fty Fcy Ftu Fcu Fsu


Elemento Material
MPa MPa - MPa - MPa MPa MPa MPa MPa
Longarina I Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 3.5" 73084 26890 0,33 414 15 359 338 441 441 269
Longarina II Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 3.5" 73084 26890 0,33 414 15 359 338 441 441 269
Revestimento Inferior Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 2.6" 73084 26890 0,33 414 15 386 365 469 469 283
Revestimento Superior Al 7050 - T7451 - 2.75" 73084 26890 0,33 462 19 434 421 503 503 296
Reforçadores Trans. Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 3.5" 73084 26890 0,33 414 15 359 338 441 441 269
Nervuras Al 7050 - T7351 - 1.5" 73084 26890 0,33 462 19 441 434 510 510 290

Ec G ν F07 n Fty Fcy Ftu Fcu Fsu


Elemento Material
ksi ksi - ksi - ksi ksi ksi ksi ksi
Longarina I Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 3.5" 10600 3900 0,33 60 15 52 49 64 64 39
Longarina II Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 3.5" 10600 3900 0,33 60 15 52 49 64 64 39
Revestimento Inferior Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 2.6" 10600 3900 0,33 60 15 56 53 68 68 41
Revestimento Superior Al 7050 - T7451 - 2.75" 10600 3900 0,33 67 19 63 61 73 73 43
Reforçadores Trans. Al 7475 - T7351 ASTM B549 - 3.5" 10600 3900 0,33 60 15 52 49 64 64 39
Nervuras Al 7050 - T7451 - 1.5" 10600 3900 0,33 67 19 64 63 74 74 42
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA DOCUMENTO N° N° DE PÁGINAS

TM 03 de junho de 2008 CTA/ITA-IEA/TM-035/2004 146


5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:
Estudo dos efeitos do campo de tração diagonal no dimensionamento preliminar de um revestimento
integral de uma asa, em compressão e cisalhamento
6.
AUTOR(ES):

Nadim Jabur Filho

7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Aeronáutgica – ITA/IEA
8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

1. Tração diagonal. 2. Asa. 3. Caixão Central. 4. Revestimento Integral.


9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Análise estrutural; Análise de tensão; Asas; Vigas tipo caixão; Placas reforçadas; Tensão de
cisalhamento; Flambagem; Engenharia estrutural; Engenharia aeronáutica
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos, 2004, 146 páginas.
11.
RESUMO:

O objetivo do presente trabalho é o de analisar os efeitos do campo de tração diagonal no


dimensionamento de um revestimento integral de uma asa. Para isso foi desenvolvida uma ferramenta de
análise preliminar do caixão central. Os cálculos foram realizados através de uma planilha eletrônica,
com o auxílio de uma linguagem de programação, para a automatização dos mesmos. Basicamente essa
ferramenta fornece as tensões atuantes, os parâmetros para a análise de flambagem dos painéis, análise de
tração diagonal e de falha dos componentes estruturais. Foram analisados dois casos, o primeiro sem a
ocorrência de flambagem e o segundo com a flambagem do revestimento superior na condição última de
carregamento, que forneceram os parâmetros necessários para a comparação.

12.
GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO

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