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~ GENERAL DE DIVISÃO ABILIO DE NORONHA • • •
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O RESTO DA VERDADE
,~:
EMPRESA EDITORA
19 2 5
DO MESMO AUTOR
PROLOGO
*
:1::1:
legàl, ~\~ó
Ih'o entrego á vista da força, por não ter meios· de
resistir. Considere-me seu prisioneiro".
~ " Q sr. general é livre e será acatado; sei que jogo a
_ cabeça, dias saber__ei _cqmprir o meu -dever. O sr. general cum-
p-ra o seu\' ---; disse o_general Travassos.
-~enhor da Escola -Militar, e ao tempo em -que d'elia se
retirava, pela violencia dos acontecimentos, o generai Costal-
la·t, tratou logo _o general Travassos de organizar a columna
expedicio~aria com direção, ao . palado do Cattete._
Formada a Escola, o general Travassos deu vóz de com-
mando e os ' alumnos desfilaram em columna de pelotão até
a rua da Passagem, canto da rua general Polydoro, onde fi-
zeram àlto. Eram 10 e meia horas da noite de 14 de Novembro
de 1904.
Seguiu c!}m a tropa rebelde, cujo effectivo era de cerca
de 300 homens, o sepador Laur-o Sodré e o deputado Al•
fredo Varella, ambos armados. _
O Governo, ,a cujo conhecimento havia chegado o facto
da sublevação -dá Escola Militar, deu-se pressa em agir como
o caso imperiosamente reclamava. Pelo MinistrÓ do Interior e
Justiça, foi ·determinag.o que a Brigada Policial e o Corp·o de
Bombeiros, partissem sem demora para o · Cattete. Moveu-se
tambem com o mesmo destino forças do Exercito e da Marinha.
Organizada a brigada de ataque aos . sediciosos composta
do 1.0 batalhão de infantaria do Exercito e de dois batalhões
da Brigada Policial, sob o commando do general Carlos Pi-
ragibe, marcharam estas forças ao encontro dos alumnos re-
voltados, aos quáes já se havia incorporado, formando a sua
retaguarda, o piquete· do 1.º regimento de cavallaria comman-
dado pelo tenente _V irgílio de Carvalho, que foi avisar o ge-
neral Travassos da approximação das forças legaes, pondo-se
acto. continuo ás ordens deste general. -
Defroiitand-o os alumnos, _ ordenou o general Piragibe . que
fosse feito fogo, fogo este immediatamente respondido pelos
sediciosos. Como era natural, devido a curta distancia entre
os .adversarios, essa primeira descargâ de parte a- parte oc-
casionou mortes e ferimentos. Diante disso, o combate foi
suspens~. A noite estava escura e concorria pa.ra auimentar
50 Gen e r a l A b i ·1 i o de
a limpeza nos mesmos, visto que d·e sejavam entregar essas uni-
dades completamente em ordem, o que em realidade fi zeram.
\ ...
Descrevo aqui em synthese esse episodio, apenas _em obe-
diencia a ordem cronologica dos acontecimentos qu e se des-
enrolaram n~ Republi~a, pois· ' a revolta chefiada por João-
Candido, foi a unica _q ue desde 1889 . até hoje, não teve çunho
vo1itico.
*
:!oi<
E ainda: ·
"As forças federaes têm ordem de n~o .intervir
nessa .questão, e nada faz presumir que desobe-
deçam a essa ordem."
Antes dessa data, no dia i 9 deste mez, o sr.
Presidente da Republica f_a zia- telegra1)har áo co-
ronel Jayme Pessôa:
"0 sr. Presidente reitér.a a · recommendação de
que as forças fed·eraes só tenham acção em defesa
propria, ou repartições_ federaes, e nã9 se envol-
vam em questões propriamente da politica local."
Resulta do exposto:
1.º) - Que as forças federaes têm ordens, re-
petidas e insistentes, de ·n ão intervir . em assumptos
d·e natureza local, sejam · poJiticos ou não;
2.º) ·_ Que -ellas estão impedidas nos •quarteis,
.desde o dia 29 de Maio;
3.º) --'- Que o Governador de Pernambuco tem
perfeito conhecimento de unia e_de outra cousa.
Entretanto, os ·ataques a pessôas e bens parti-
-- culares continuam a alarmar a capital daquelle Es-
tado, de onde as familias se estão retirando apavo-
radas. Entre as victim·as, não ha uma praça de po-
licia, nenhum dos bandoleiros attrahido·s á cidade;
mas, ha varias praças do Ex·e rcito.
No dia 22 o •commandante dá Região telegra-
phava ao Governo nestes termos:
"Communico a V. Excia. que hontem, pel?s 21
horas, uma patrulha de 4 praças do 22.º batalhão
de caçadores, armada a sabre, foi á rua buscar um
soldado que fazia desordens num botequim da rua
das Trincheiras, sendo atacada a tiros por can-
gaceiros e agentes policiaes, ficando feridos duas
praças, uma gravemente.
"Recebi um telegramma urgente do presidente
da Junta de Alistamento de Pesqueira, communi-
cando a partida pelo trem de hoje, para esta Capi-
tal, de 180 cangaceiros e 20 praças de policia. Es-
General Abilio de Nqtonha
E' preciso frizar que o campo de' acção dos politicos in-
. sufladores de revoltas, -não tem se limitado unica e exclusiva-
mente ao da Capj,tal Federal. Tambern n.os Estados, exercem
esses maus elementos a sua nefasta influencia para o descredi-
to do conceito que no extrangeiro devemos gozar de nação cul-
ta e ordeira. _Não comporta o programma deste livro, narrar as
mashorcas que nos- Estados, principalmente nos do Norte, têm
provocad-o depois de 1889 os políticos poucos escrupulosos. A
70 General Abilio de Nor0nha
O Resto da Verdade 71
dor, para isso depondo por meios mais violentos o Dr. Enéas
Martins. '
Segundo um livro publicado no Pará; em 1917, por Agnello
Neves, livro esse que constitue uma homenagem ao senador
Lauro Sodré, portanto fonte insuspeita, os factos vergonhosos
occorridos em Belém,. na noite de 27 de Dezembro de 1916,
são assim descriptos :
"Teve inicio a revolta no quartel do .1 .º corpo· da brigada
policial. Após a revista das 20 horas, as praças tiveram ordem
de dispersar e o não .fizeram, prorompendo, em vivas a Lau-
ro Sodré. O commandante, tenente-co,ronel Orvacio Marreca,
julgou dispôr de elementos para a reaççâo e saccou de um
revolver, disparando-o contra um cabo. Foi preciso que, para
salval-o, o tenente Mergulhão fizesse-o recolher a arma e lhe
garantisse a vida, colloca.ndo-se deante delle, conduzindo-o
para um gabinete 1
e pedindo aos seus camaradas .
que o pou-
.?Jassem.
O movimento foi annunciado, entãó, com tiros de carabi-
nas e metralhadoras.
O commandante geral da brigada policial, ordenára, á
tardé, que o 2º corpo aquartelasse.
O batalhão ficou, pois, de promptidão, estando no quartel
toda a officialidade.
As 20 e / meia horas chegou ao quartel a noticia de que o
1.0 batalhão se havia revoltado. •
- Os soldaqos foram logo presos de ·e nthusiasmo. O 2º tenente
Mario Magalhães ergueu um viva a Lauro Sodré, sendo por todos
correspondido.
Todos estav'am promptos a defender a causa que era a aspi-
ração do povo, de ver o Estado salvo por ·Lauro Sodré.
O 2.º tenente Magalhães, prompto a assumir o commando do
batalhão cumpl'indo a disciplina, dirigiu-se ao tenente-coronel
Raymundo de Oliveira Coutinho, commandante do corpo, · e
explicando-lhe a attitude deste, perguntou-lhe se estava de ac-
cordo com o movimento e se queria assumir o c-ommando.
O tenente-coronel Coutinho fez ver que estava d~ accordo
com as idéas de seus camáradas, assumini;lo, então, o com-
72 G.entral Abilio de Noronha
trucção, •e ssa luz que illumina todas as estradas que vão ter ao
amôr á ordem e ao trabalho fecundo que ennobrece.
Por outro lado, precisamos quebrar com 'urgencia e sem
peias as retortas onde os chimicos politicos realizam ás escan-
'caras suas combinações vergonhosas, as fraudes· eleitoraes que
se resumem no ludibrio do povo. E' preciso a organização de
partidos com programmas definidos, sem que sejam elles olha-
dos como rancor pelos detentores do poder, porém como uma
necessidade imperiosa para estimular a pureza do regimen de-
mpcratico . que aspiramos e mesmo par.a estabelecer esse choque
benefico de idéas e em terreno elevado~ que assistimos nas
nações cultas. ·
Mas, parn que os partidos politicos não tenham vida ephe-
mera entre nós, forçoso se torna modificar radicalmente o nosso ·
regimen eleitor.a! de censo baixo por um outro que traga a se-
lecção do eleitorado, de modo que o voto possa ser ·a expressão
consciente de quem tem de facto capacidade moral e intellectual
e não essa farsa que assistimos continuamente, onde qualquer .
individuo que apenas sabe pintar o nome, deita mechanicamen.,_
te na urna a cedula fechada que lhe dã o seu_tutor mental.
.No dia em que o numero de analphabetos -tiver diminuido
no nosso paiz e estiver em vigor um regimen eleitoral que es-
tabeleça o expurgo daquelles que não têm capacidade de voto,
é minha despretenciosa opinião, as revolta~ estarão extinctas
sem que para isso tenhamos necessidade de lançar mão de l,uàl-
quer recurso por mais acertado que elle seja.
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PAGINAS AVULSAS
*
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O Resto 85
'· .. ..... 1
1
Dev1do á minha pnsao pelos rebeldes na manhã do dia
5 de Julho, assumiu ,o commando em chefe das forças legaes
em S. Paulo o sr. general Estanislau Pamplona, que, como já
declarei no "Narrando a Verdade", preferiu as macias poltro-
nas dos Campos Elyseos ao contacto directo com a sua tropa.
Este general .,nã-0 devia, em hypothes'e alguma acompanhar
o Exmo. Sr. Dr. Carlos de Campos na sua retirada para Guayaú-
na na farde do dia 8, · mas, dando-se de barato que circumstan-
cías especiaes a isso o obrigassem; para que não ficasse paten-
temente provado o abandono do commando, falta grave punida
pelas leis militares, estava elle na estricta obrigação de passar
o mesmo a alguem. ·
Tal porém não se deu, pois o sr. general Estanislau Pam-
plona, CO!ll o disparo de artilharia que attingira a Secretaria i
da Justiça na tarde de 8, apressou~se em abandonar a cidade
sem a-0 menos deixar um simples recado verbal sobre ~uern
o devia substituir durante a sua definitiva ausencia.
"
.92 Ge n e r al A ú iIi o de N o r -o n h a
.,
O, Resj o da Verda ·de 93
Dos 114· homens, eram civis 78 e militares 36. Esta grande dis-
paridade que se observa entre o ·e lemento civil e o militar vi-
ctima dp bombardeiq, em se tratando do movimento da Santa
Casa de Misericordia, é patente nos demais hospitaes de san-
gue improvisados pela humanitaria Cruz Vermelha.
Assim, pois, o Snr. Burlamaqui revela-se um archaico co-
nhecedor do emprego ' da artilharia, mistura alhos eom b-qga-
lhos, não sabe diliferenciar o emprego da artilharia em campo
aberto e em cidade; confunde tiro sobr,e zona, que é uma elas
modalidades dos tiros de efficacia," com disparos sem · a me-
nor observação, sem r.e gulação, portanto a esmo; dá _ mostras
de não ter acompanhado, como devia, a evolução pela qual
tem passado nestes ultimos annos o emprego da arma qire, no
dizer feliz de um géneral illustre, ,é a ossatura das batalhas.
Para o Snr. Burlama:qui, tiros sobre zona, não exigein obser-
vação alguma nem a menor regulação. Tiros sobre zona, · para
esse official de marinha, são aquelles que cahem dentro de
uma zona onde se suppõe ser perigosa, o,n de -se presume que
o in~migo se movimente.
Com ess·a logica, o nosso nec plzzs z.zltra da balística, Snr.
Burlamaqui, si algum dia estiver á bqrdo de -qm encouraçado
e tomar parte numa batalha naval, em vez de procurar con7
centra-r os fogos de sua posante ünidade contra uma das do
adversaria, contentar-se-ha "com que os tiros dados estejam
dentro da zona perigosa," isto é, dentro do espaço onde ma-
nobre a _esquadr2 inimiga.
Isso não é de sargento, mas .. ·. de cabo de esquadra.
O emprego da artilharia do abàlisado· official, de marinha,
Snr. Burlamaqui, é comparavel aquelle de um caçador cuja
aventura passo a narrar: ,
Certo caçador, que se gabava de ' ser bom atirador, resol-
veu uma bella manhã ir caçar veados. Mal tinha entrado no
campo, deparou com um lindo veado que pastava tranquilla-
ménte. Carr egou a espingarda, apontou-a, deu o primeiro tiro
que errou o alvo. Novo carregamento da arma, nova pontaria,
novo disparo, o ruminante no mesmo logar. Assim fez pela
terceira e pela quarta vez, sem que o veado ao menos ficasse
espantado. Isso feito, todo radiante de alegria, regressou o
/
O Resto da Verdade 99
*
:1::1:
r:
100 General Abilio de Noronlia
retirada do general Isidoro, náo ' estava patente que aos Sfcldi-
ciosos só restava uma unica solução: a retirada'?
Não houve, pois, victoria no sentido militar da exp_ressão,
porque os revoltosos não foram aniquilados, .como era de se
esperar. Sahindo de S. Paulo na mais perfeita ordem, como
sahiram, puderam offerecer prolongada resistencia 1ío Estado
d·à Paraná e d'ahi, violando o -territorio _do Paraguay, con-
seguiram penetrar no Estado de Matto Grosso e deste passar
para o de · Goyaz.
o sr. mãrechal Fontoura não podia ser mais meu amigo, por-
que não me tinha prestado ao triste papel de servir de
seu instrumento para guerrear o Exmo. Sr. marechal Setembri-
no, mas o que eu ia s-olicitar-lhe envolvia a segurança do go-
verno; pelo qual elle tinha toda a obrigação de zelar e defen-
de~: Lembrei-lhe então o alvitre de fornecer-mé S. S. alguns
agentes dé policia para o citado serviço de vigilancia eIJl S.
Pauío e chE;guei afé a indicar-lhe o nome de um official re-
formado de minha confiança para ser o chefe dos agentes. O
Sr. marechal Fontoura prometteu attender ao meu pedido,
ach.ou muito acertadas as minhas ponderações1 mas protelou
tudo e,,. afinal, poucos dias_ antes de explodir a revolta em S.
Paulo, telegraphou-me ·dizendo que não podia· attender ao meu
pedido ... por falta de verba.
Apontados como elemento suspeito de conspir-ar c-ontra a
ordem publica, vigiados pelos secretas do sr. marechal . Fon-
toura, ·eram - no Rio o general Isidoro Dias Lopes e -o coronel
'Paulo de Oliveira. No entanto, estes dois chefés da revolta que
explodiu em S. Paulo conseguiram illudir a vigilancia da po-
licia da Capital Federal, tomaram o comboio e desembarcaram
ás 20 horas do dia 4 de Julho de 1924 em S. Paulo. Apezar desse
grande desleixo da' policia do sr. marechal Fontoura, permit-
tiu S~ S. que um d?s seus delegados auxiliares tivesse a pe-
tulancia de, no r:ecinto da sua Repartição, para exi_mir-se da
responsabilidade do descaso que tivera perdendo a pista do
general Isidoro e ·flo coronel Paulo de Oliveira, emprestar a
um general .de divisão, a um seu camarada, a minha pessôa, o
labeu de trahidor.
Surgirão os protestos, os desmentidos formaes a esta
minha narração, mas eu em absoluto não retiro uma só virgula
do que aqui está escripto, porque este livro encerra o resto da
verdade.
'
"Dahi vem esta situação dos espiritos que , mais particular-
mente chamam a indisciplina das classes militares, hoje , com
um pessoal de educação philosophiç:a superior .ao de algumas
outi;as clas,ses civis." '
"Não se l,eva tambem em cont::i que atravessamos um pe-
riodo revolucion.ario que ainda ha de prolongar esse estado dé
cousas que motivou o desapr>arecimento da monarchia· e a
fundação dá Republica; e, para terminal-o em hêas condições,
precisamos desse pessoal com a mesma educação quê elle re-
cebeu."
"Dizemos isto com animo sereno, sem ambições, com ver-
dadeira despreoccupação de iHteresses politicos no momento,
mas medindo bem a responsabilidade, dos republicanos n}'>
concurso das forças armadas para a proclamação da Repu-
blica."
"Ao fechar estas tristes considerações, vem-nos á lembran-
ça estes versos de Corneille :
"Que sert e.e grande courage ou l'on est sans pou-,,oir'?·
"Forcez l'avéuglement dont vous êtes séduite,
"Pour voir en quel état le sort vous a réduite.
"Nqtre pays vous hait, votre epoux est sans foi;
"Dans un si grande revers que vous rest-t-il?
ja era insustentavel.
.-
místicio, tanto · mais quanto. sua intervenção se d eu quando a situação d elles
-
Como quer 'que seja, o's . actos• do general Abílio ,de Noronha, antes
e durante a rebellião, são, por omissão, uns, por comn1iissão outr9s, ·de
franco auxilio á , causa subver~iva, e, portanto, , de conscient e co-autoria no
delicto". ,
CERTIFICO que revendo os autos do processo crim,c ~: n,o.v ldo pelá, Justiça
Federal contra o general Isidoro Dias Lopes e outros delles, do volu-
me cento e quatorze de folhas sessenta ·e uma a folhas s·etenta e quatro o
depoimento da testemunha primeiro tenente Agninaldo Caiado d<e Castro,
excluidas as assfgnaturas das· pessoas presentes, o qual é do têo1- seguiii-
te: "Priineira testem:u nha.' Prim,eiro t enente Aguinaldo Caiado de Castro,
natw·al do Districto Federal, com vinte e cinco annos de idade, militar,
residente no quartel do quarto batalhão de caçadores, sabendo ler e es-
crever. Aos costumes disse nada e prestou o c01npromisso l egal. E sendo
inquerido sobre os factos narrados na denw1cia, disse: Que , pertencia à u
quarto batalhão de caçadores e sêrvia
~ ,
ás ordens do general AbÍ!io
'
de No-1
ronha, no sen Estado-Maior; que tem conhecimento dos factos qne se deram
no quartel do 'p rimeir?~-batalhão da Força Publica e no Corpo Jj:scola . de
onde foi conduzido preso para o pr~ne.i ro batalhão; que seiil saber estava
a pequena distancia do Corpo Escola onde estavam forças do Exercito e
da policia; que ahi chegando v.erificou qu,e as forças do exer~ito estavam
commandadas pelo tenente Gwyer; que ao chegar ao portão, . o capitão
Juarez Tavora perguntou-lhe se era ·solidaria com elle, ao que respqndeu
que ignorava aquella r evolta, exercia um cargo de confiança do ·general
, Abilio de Noronha com quem era inteiramente sotidario; que á vista disso
o capitão Juarez Tavora declarou que coin muito pesar era obrigado a
prendel-o, o que effectivaménte fez, tendo o depoente reagido e travado
lucta corporal com o capitão Tavora, rendendo-se afinal pela força; que
no Corpo Escola encontrou já pr.esos, o g·eneral Ahilio de Noronha, cor,o-
nel Martim Francisco Cr uz e o capitãÕ Euclydea do Na•cilnento, " catando
uma fila de soldado• de armas . apontadas p ara. eees officlaes"; que foi
transportado para o p1•imeiJ.•o batalhão de 1,olicia, tendo o.• capitão Jm,rez
0 Rés to da V\: rd a d e
Tavora · lhe offerecido a liberdade , sob palavra o que· recusou; que foi -
apresentado .. ao general Isidoro Dias Lopes, no quartel da Luz, onde che-
garam presos mais tarde o doutor Antonio Lobo e doutor Pelagio Lobo, .
além de varios offlciaes da ,F orça ·Publica; que o genieral Isidoro Dias Lo- :
pes poz em liberdade o doutor Antonio Lobo e offereceu tamlbem a liber-
dade ao depoente que lhe declarou entretanto que solto iria combater por-
ser contrario a révolta; que apesar disso · foi posto em liberdade; ·que a
pedido do doutor Antonio Lobo, o general Isidoro deu dois soldados, para
os escoltarem até ·sahil,em da linha dos revoltosos, ficando o depoente
na Rua Brigadeiro. Tobias esquina Mauá; onde foi, novamente preso pefo
càpitão Estillac Leal; que r ·e cebendo confirmação que o general Isidoro o
tinha posto em liberdade mandou acompanhar o depoente até ao Hotel
Terminus, ultima linha dos rev9ltosos, indo o depoente apresentar-se ao
Quartel-General da Região; que do Quartel-General, por ordem superior
foi aos · Campos Elyseos em companhia do capitão Guedes de Abreu onde
ficou á disposição do general · Pam:plona até () dia oito de Julho; que
iiesse dia pela manhã sahiu no coµimando de uma tropa para atacar a
artiÍhai·ia :t'.evoltosa que se · achava na altura do cemitério Araçá, tendo
regressado por ordem · do doutor Bento Bueno á polici-a central; que ahi
estava · quando rompeu rim forte bombardeio, . retirando-se então em com-
panhia do Presidente do ·Estado, doutor Bento Bueno, general Carlos Ar-
lindo e ·Estanislau Pamplona com destino a . Guayaúna, via São Bernai-do,
onde permaneceu ao lado das forças legaes; que de sei a consignar que foi
multo bem tratado pelos officiaes do exercito• e da Força Publica em.-
quanto esteve preso, _c om excepção por parte do coronel ,João Francisco e
Miguel Costa ; @e ten'do estado no Rio, em Dezembro de mil novecentos
e vinte e tres, ouviu fallar em preparativos de unta revolta em São Paulo,
1nas aqui chegando informou-se de diverso~ éollegas e todos lhe assegura-
ram que nada 1!avia, ignorando por isso os factos que procederam a re-
volta bem como ·os meios de propaganda empregados nos diversos Corpos
do Exercito; qtie depois de iniciado o movi-mento, verificou que o ·chefe
era o . general Isidoro Dias Lopes; que ao seu lado , como pessoa influente
na revolta, estava o coronel Paulo Oliv.eira que determinou o bombardeio
dos Campos Elyseos, o qual nãó se effectuou n'aquella occasião por 'não
ter consentido o general Isidoro , qu,e ponderou que o Palacio dos Cam-
pos . Elyseos era residencia do Presidente onde devia estar · a· sua familia e
por isso não consentia no , bombardeio; que na policia quem tudo orde-
nava era 'o major Miguel Costa; que o coronel João Francisco tambem
lá estava e mandoii que o depoente · fosse ao quarto batalhão propor uma·
troca de prisioneiros o que o depoente recusou; "que o coronel Paulo de
Oliveira conhecendo o prestigio de que gosava o general Abilio de Noronha,
e quanto · era elle estimado pelos ·officiaes e praças dessa Região, propa•
lava systhematicamente que o ge11eral Abilio era o chefe da revolta; que
essa declaração foi feita ao depoente pelo coronel Paulo de Oliveira como
meio de convenc-e r a elle depoente, dando isso lugar 11. um attricto que ti-
veram; qüe o depoente tem: absoluta certesa como official do' seu estado-
122 General A,bilfo de Noronha
para com os ditos officiaes insubordinados, ante o desejo que elle mani-
. l'estaram . de le;al-o igualmente para aquelle b,üalhão e isso porque per-
cebeu que esse desejo se prendia · ao1 plano de apresental-o como connivente
no movimento, o que se darià com a sua presença naquelle Corpo da Força.
Publica e accre;centando que vivo não· sahiria do Corpo Escola; que final-
mente o .general Abilio demonstrando a sua não connivencia no 1novimento,
interveio em, defeza do depoente quando este luctava com o capitão Juarez
para, libertar-se da prisão; que o general Abílio era impossivel resistir a
prisão, dadas as circnmstancias em que esta foi feita". A' perguntas do
denúnciado primeiro tenente Roberto Drnmmond, disse: que se recorda
ter visto no Palacio dos Campos Ely,seos, no dia sete, se bem se lembra, os
tenentes Roberto Druminond , e Newton Franklin do Nascimento vindos de ·
Hú; que os referidos tenentes estavrun apenas acompanhados . pelo· capitão
Brasílio Carneiro d.e Castro e que se recorda que 'o general Estanislau l'am-
plona se recusou a ordenar a prisão desses dois tenentes, a qual fora pedida
não se leinbra por quem; que os referii:los te1~entes se achavam armados
e em uniforme de campanha, tendo\ ambos sabido acom,panhados apenas do
· capitão Brasilio; que assistiu o gelleral Pamplona, na occasião en1 que re-
cusou ordenar a prisão desses officiaes, d eclarar que assim procecli.a porque
, confiava nos mesmos e que por uma simples suspeita não os queria pren-
der. A' perguntas do denunciado Octavio Garcia Feijó: disse: que tendo
estado no quartel general apenas por momentos, na manhã, lá não se achava
o · denunciado e que ao anoitecer não viu o m ;e smo, não contestando entre-
tanto que lá elle estivesse. A' pergunta do denuncjado Carlos Ferreira,
disse: que quando chegou ao Palacio dos C~nljPOS Elyseos, lá. encontrou o
denunciado não se recordando até em que data lá permaneceu; que não se
recorda se viu o doutor- Carlos Ferreira no quartel general do . exercito, ou
se no primeiro batalhão de policia onde esteve preso o depoente no dia
cinco de Julho; que não se" achava no quartel general da região quando se
deu o incidente entre os capitães Othelo Rodrigues Franco e Brasílio Car-
neiro de Castro. A' perguntas do denunciado capitão Raul da Veiga Machado,
disse: que não yiu esse official ' durante o movlmento 11evolucionarh> de
Julho e pelo que tem ouvido dizer, esse official ficou em Rio Claro onde
se achava aquartellado o seu batalhão. A' ·p ~rguntas do denunciado tenente
Irineu Rangel de -carvalho, disse: que não :;;iu esse denunciado em São
Paulo. E nada _mais havendo :qiandou o doutor Juiz encerrar este depoimento
qUe assignam. Eu, Edmo Freire, escrivão ad-hoc, o escrevi. Washington Osorio
de Oliveira - Aguinaldo Caiado de Castro - Carlos da Silva Costa. "Nada
mais se continha nem se d,eclaravam em o dito depoimento aqui liem e
. fie'lmente extrahido por certidão e aos proprios autos, me reporto e dou fé,
nesta cidade de São Paulo aos desoito dias do mez de Abril de rriil nove-
centos e vinte e ~inca. Eu, Edmo Freire, escrivão ad-hoc, o escrevi.
126 Genera'l Abílio de Noronha
momento incorporar-se ás forças legaes; "que sabe que o general Abilio até
ser p·reso deu ·providencias para debellar a revolta e que a resistencia do
'í)uarto Batalhão foi devido as suas providencias"; que notou tambem no
Corpo Escola que havia des.e jo de se levar o general Abilio pará' o Primeiro
Batalhão, o que elle recusou terminantemente; "que o major Costa era um
dos officiaes mais distinctos da Força Publica como official de conducta
exe1nplar": A' perguntas do doutor Paulo Duarte, disse: que não viu no dia
cinco de Julho o tenente João Baptista N~trini, que commandava a guarda
que mantinha vigilancia ao general Abilio e outros officiacs, tomar parte em
em nenhum acto violento inherente á revolução e depois do dia cinco ignora
qual foi a actuação do mesmo militar; qué viu o tenente Arlindo de OÜvelrn,
n~ Quartel da Luz, unicamente pela manhã do dia cinco de Julho; que
conhece o sargento Benedicto de Olival Monteiro, bem como seu irmão
tambem sargento, não· tendo porém, trocado nenhuma palavra com o, mes-
mos quanto ao commando de metralhadoras ; que é casado com uma so-
brinha do coronel Pedro Dias de Canwos, actuãl Commancfanle <lá Força
Publica. A• pergunta,s do denunciado José de Oliveira Franç4, disse: que o
depoente · como já disse esteve 'preso e foi escoltado por duas praças "e qufl
effectivamente disse ao major Miguel Costa que prestaria serviços á revolta",
mas o fez fingirido-s'e revoltoso como já disse e não na presença do den"un-
ciado José de Oliveira França; que tendo ido á sua residencia em Guaplra
r_e gressou á cidade onde foi preso como já declarou, com o proposito de -
realisar o seu intento de incorporar-se ás forças legaes; que não com mandou
tropas e não viu o inquerente ao seu lado tendo-o apenas visto duas vezes,
uma no pateo do quartel e outra fallando ao coronel Paulo de Oliveira
no mesmo pateo; que o depoente estava afastado do commando do Corpo •
Escola, confiado ao capitão Faria e .Souza e nenhuma providencia tomou
porque o quartel já tinhà, sido tolillldo por praças do Exercito e cavallaria
da Policia; que , Domingos e José d'Olivàl Monteiro fora~ effectivamente
promovidos ppr não ficar provado -que" elles tivessem tomado parte na
revolta, isto é, não terem prestado serviço efficiente á revoltá , tendo sido
apenas envoh,ido. A' pergunt_a s do denunciado Romulo Antonelli, · disse:
que depois de conferenciar com o major Miguel Costa não recebeu nem en•
tregou metralhad_oras do 'Corpo Escola. P elo denunciado José de Oliveira
França foi dito que contestava o depoimento da testemunha por ser par~nte
do coronel Pedro Dias, "po~ ter C$tado ao lado da revolta no dia cinco e
por conhecimento da mesma, negando no seu depoim,e nto esta circumstan-
c!a"; igualmente contestou o depoimento da testemunha o dennnclaclo Romulo
Antonelli por não considerar verdadeiro o que relatou. Pela testemunha foi ·
dito que confirma: e mantem o seu depoimento por ser a expressão da ver-
dade e nada mais havendo mandou o doutor Juiz encerrar este depoimento,
que assignam, depois de lido e achado conforme. Eu, Edmo Freire, escrivão
o escrevi. Washington Ozorio de Oliveira. Antonio Gonçalves Barbosa e
Silva.
130 Gen e r aI A bi l i o ·d e N 0 ro 11 h a •.
revolver ao peito do. general Abilio, deu-lhe ordem de prisão o que não
acceitou o general Abílio exprobando este gesto", além de que não se dera
a conhecer, pois que não tinha indicio de autoridade; qqe protestando o
general contra essa attitud,c, surgiram o general Isidoro e João Francisco,
o primeiro dos quaes deu ordem. d·e prisão ao general Api!io; que durante
esse momento o general Abílio "protestava com vehemencia, advertia o
general Isidoro daquena' sua attitude, enquanto que exhota.va ás praças,
valendo-se dos seus bordados de general e serviços prestados á Patria, com
o fim de talvez modificar a situação, mas que na realidade nenhuma alte-
ração apresentava; que er·a assim de todo impossivel luctarem tres offi-
ciaes com cerca de trinta praças e mais officiaes sublevados;· que o de-
. poente não julga que de uma lucta de todo incom,prehensivel re.s ultassc -
qualqu.er gloria para qualquer dos officiaes ou para a Nação, bem ao con-
trar.io talvez uma mancha ficaria a mais na nossa historia, resultante de
um assassinato"; que · como se vê, o doutor Procurador da Republica, em
sua denuncia entendeu possível a resistencia, não o era entretanto; que
obrigado pelo general Isidoro ficaram os tres officiaes presos no n1esmo
lugar, pois que o senhor general Abílio declarara que preso sob palavra
não ficaria, · conservaram.-se na 1nesma situação até o d.ia e111 que os revol-
tosos deixaram São l'aulo; que nesse ·m.esmo dia cinco diversas foram as
vezes que se apresentou ora o capitão Joaquim Tavora ora o tenen'te .Afilhado,
acompanhados de - escoltas para que os presos fossem transferidos do quar- ·
tel onde se achavam para o primeiro batalhão onde se encontrava o chefe
revolucionaria; que repellida essa idéa sempre pelo · general Abílio, por
filn já. se tornara iinpertinente a insistencia do chefe revolucionario trans-
mittida por interm-e dio do capitão Tavora e foi assim a altas horas da
noite, quando descançavarn. das attribulações de espírito o general Abílio,
o coronel Cruz, o depoente, "que surgiu um capitão da Força Publicá
acompanhado pelo tenente Nitrini commandante da guarda dos pr.esos e
entrou no quarto onde estavam os tres officiaes e ainda as _escuras, por-
g:ue tinha sido córtada a illuminação electrica, perguntou pelo general Abilio;
que o tenente Nitrini accendendo um phosphoro, o depoente indicou onde se
e~contrava o general, aliás junto ao depoente; que esse capitão do mesmo
lugar onde se achava disse em voz alta dirigindo-se ao senhor general; que se
achava com cincoenta homens a sua disposição e po_r m _e do ou. ig_norancia
nada mais esclareceu; que o general Abílio como tambem o depoente, jul-
gando que se tratava da transferencla ainda e , tão insistente durante o
dia, respondeu-lhe que dalli não sabia, a mesma resposta que dera as
outras tentativas"; que em relação as confabulações em casa do · doutor
José Carlos Macedo So'olres · com o seu irmão José Eduardo Macedo Soares
tem a declarar que o general Abilio contara ao depoente que numa con-
versa amistosa com seu amigo José Carlos de Mac'edo Soares, em casa deste,
ouvira de José Eduardo de Macedo Soares, por acaso lá encontrado, "uma
exposição de visionaria, a que o general Abílio não dera importancia d&
monta e julgou mesmo mais opportuno dar-lhes conselhos paternae-$ de
permeio duma conversa de ~,migas, com plena approvação de José
O Res t o da ·verdade 133
dou que seguisse com o seu piquete para o Quartel General da Região;
mandou o cabo Sebastião de Lima avisar o ajudante de ordens · do general
Carlos Arlindo, tenente Pargas para que telegraphasse a este general af.i m
de regressar de Ribeirão Preto; fez. retirar cerca de cincoenta contos que , se
achavam no cofre do batalhãÕ e entregou ao tenente Cornelio Queirnz para
guardar em sua residencia; Pelo empregado civil do quartel, Oliveira, màn-
dou chamar o capitão Sampaio, capitão Abílio de Rezende e tenente Arco-
verde, que residiam na cidade, e por soldados mandou chamar os tenentes
Cornelio de Queiroz, Amílcar Salgado <\ Fernando Cesar que moravam rias
immediações do quartel para que viessem com urgencia, e em.quanto isso,
mandou eis sargentos Faria e .Rocha municiar e pôr em; forma as praças,
que estavam no quartel e as..- que alli fossem chegando, conseguindo na-
quella occa~ião reunir cerca de cem homens; que fez seguir disfarçado
para o· quartel da Luz o tenente Fernando Cesar para observar o que ·
occorria, estando já então no quartel cinco officiaes com Ó depoente e ás
cinco e meia horas, mais ou menos, chegaram o general Abílio e os capi-
tães Espindola e Favllla; que commnnicou ao general Abilio todo o occor-
rido e as providencias adoptadas, fazendo-lhe ver a' ·conveniencia , de uma
rea cção immediata; que determinou então o general Abilio que o depoente
seguisse em sua compaiJ.hia, ficando o capitão F;:tvilla com as forças de
promptidão aguardando ordens; que em companhia do general Abilio foi
ao quarto batalhão da Força Publica, onde encontrou urna sentinella do
Exercito que declarou estar alli por ordem do tenente Gwyer; que penetrou
no quartel e mandou ao sargento Xavier que reunisse as vinte e cinco
praças do quarto B. C. que alli se achavam e. com ellas se recolhesse ao
quartel de Sant' Anua, ordem que foi immediatamente _c umprida; "que o
general Abílio mandou então fechar o portão do quartel e recommendou ao
capitão Pedro de Moraes Pinto, da Força Publica, e com'mandante do quar-
tel, que prendesse todo e qu'alquer official do , Exercito que fbsse lá e
preparasse a reação"; que sabendo que havia tambcm forças do Exercito
no Corpo Escola na rua Ribeiro de Lima, para ahi sê dirigiram ponderando
o depoente ao general que era tem',erario irem os tres officiaes sós ao quar-
tel onde estavam forças revoltosas; "que o general insistiu dizendo que
,d alli ainda iria ao quartel do primeiro batalhão da policia"; que no C'1rpo
Escola tambe:rµ encontrou um:a sentinella que declarou ter sido alli collo-
cada pelo tenente Gwyer com mais dez ou doze praças do Exercito e duas
rr,:etralhadoras pesadas assestadas em direcção ao portão, as quaes o de-
poente em companhia dos capitães Genesio e Espindola desmontou para
conduzir o que entretanto não o fez, "porque chegou neste momento o te-
nente Gwyer a quem o general deu ordem. de prisão secundada pelo de-
poente, sendo filTilbos desobedecidos: o tenente Gwyer puxou de um revolver
com que os ameaçou" e chamou com a mão dos lados da estação da
Luz, pedindo soccorro ao capitão ,Joaquim Tavora que logo chegou "com-
mandando cincoenta praças de policia de armas embaladas, as · quaes cir-
cundaram o depoente e· seus companheiros que receberam ord~m. de prisão,
a qual resistiram declarando o general Abílio que elle capitão Tavora é
O Resto d ·a Verdade 137
que estava preso por ser um çlesertor do Exercito~ seguindo-se uma forte
altera~.ão, sendo o depoente e seus compa.nheiros insultados pelas praças
embi'iagadas"; que o general Abílio disse aos que o prendiam que elle e
seus companheiros dalH não sabiriam senãp arrastados ou mortos; que ,
appareceram neste interim o general Isidoro Dias Lopes e o coronel João
Francisco os quaes dissera,n que a revolta estava declarada e que conta-
vam com di,v'ersas guarnições do Norte e do Sul do paiz, que o general
Abílio se considerasse preso e que fosse para a sua residencia; que o gene-
ral Abilio recusou dizendo que tinha tres generaes seus amigos nessa Re-
gião e que o Goven10 contava com elementos para a reacção ·inunediata;
que a vista disso o general Isidoro tornou effectiva a prisão dos tres e os
recolheu a uma sala do Corpo Escola indicada pelo capitão Genesio, man-
dando logo depois o marechal reformado Qdilio Bacellar para fazer com-
panhia; que esse nl)arechal esteve effectivamente no Corpo -Escola cerca de
um quarto de hora e retirou-se não o tendo tornado a ver o depoente; que
pelo telephone do Corpo Escola ponde o depoente avisar o seu batalhão
qual era a sua situação e determinou ao sargento ajudante Gomes de Faria
( que transmittisse ao capitão Favilla) que fizesse seguir uma companhia
para os Crunpos Elyseos, via Casa Verde, afiln de evitar a passagem em
frente ao quartel da Luz que estava revoltado e outra para o Quartel Ge-
neral, ordem que 'suppõe ter sido cumprida; que pennaneceram no Cól'po
Escola até o dia vinte e quatro de Julho e dessa data em diante foram
transferidos para o Quartel General da Regiã~ em poder dos revoltosos,
transferencia devida ao general Abilio que reclamou pór intermedio do
capitão revoitoso Carlos de Oliveira · contra o facto de ·estarem a,neaçados
de morte pelas 'granadas que cahiam; frequentemente naquella zona; que
ficaram no quartel general até o dia vinte e · oito quande se retirararn os
revoltosos e penetrarrun na cidade as forças legaes; que do Co:cpo Escola
onde 'se achava ponde observar o movilnento revolucionario e reconhecer rnui-
tás das pessoas que o dirigiam ou que nelle t01naram parte, considerando
como' pl'incipaes dirigentes ou cabeças o general Isidoi-o Dias Lopes que
era o chefe do movimento, o · marechal Odilio · Baccellar; João Francisco,
tenente-coronel Olyntho de Mesquita, coronel Padilha, major Miguel Costa,
major Mendes Teixeira, capitão Douguet Leitão, major Cabral Velho, capi-
tão ' Faustino Candido Gomes, capitão Luzo Alves de Garrido, Fe!into lvluller,
Orlando Leite Ribeiro, tenente Castro Afilha_do, tenente Gwyer, capitão Ar-
thur Guedes de Abreu e outros já mencionados no seu depoimento corno os
capitães Waldomiro da Cunha e Estillac_ Leal; que além desses muitos
outros to1naram parte no movimento cooperando para a sua efficiencia; que
entre os dirigentes pode ainda mencionar o capitão Juare.z Tavora e os te-
nentes Octavio Muniz Guimarães e Granville Bellorophante; que diversos
officiaes da Força Publica tambem tomarmn parte ria revolta 1nas o de-
poente ignora o~ seus nomes a não ser o tenente Nitriui que guardava a
prisão em que se achava; que o general Isidoro Dias Lopes teve occasião
de declarar que o· objectivo da revolução não era São Paulo, onde forrun, obri 0
gados a pern1anecer por circumstancias extraordinarias, ,cndc!) a ama. jn-
G tt R e r al A b i Ii o ,d e N • r o n lt a
tenção seguir immediatamente :Para o Rio,; que nunca ouviu declarar qual
era o fim da revolução pelo,s revoltosos com quem esteve em éontacto, . não
sabendo porisso senão pelo manifesto que teve occasião de ler, publicado
pelos revoltosos que estes pretendiam depor o Presidente da Republica, insti-
tuir uma junta governativa e reformar pontos da Constituição. A' perguntas
do doutor Procurador Criminai, disse: que além dos nomes já mencionados
recorda-se ainda de terem tomado parte acliva .no movimento revolucio-
nario o capitão João Rodrigues de Jesus, tenente A1·y Pires, tenente Henrique
Ricardo Hall, tenente Calimerio Nestor dos Santos, e tenente Albuquerque
Fr'ança; que no dia -cinco de Julho, digo, que na madrugada de seis -de
Julho · estando o depoente, o general Abílio, capitão Espindola da Nasêi-
mento, foi o , general Abílio de~pertado por um . capitão de policia que . pene-
trou no comrnodo em que estavam "acompanhado por João Nitrini" comman-
dante da guarda; que esse capitão riscava phosphoros para poder caminhar
na escuridão, pois tinha sido interrompida ,a luz electrica, de sorte que na
occasião não o poude reconhecer,. sabendo mais tarde tratar-sê de um capi-
tão Barbosa; que disse 'o capitão ao general Abílio estarem a sua dispo-
sição cincoenta praças sob seu commando para acompanhal-o aos Campos
Elyseos; "que o general Abílio recusou dizendo que estava bem alli por en-
tender que se tratava de uma cilada para retiral-o para outro ponto que
suppõe ser o quartel da Luz pois havia insistencia dos revoltosos para le-
val-o para esse quartel" o ~ue já tinha sido recusado anteriorinenté pelo
mesmo; que o ~apitão Othelo Franco quando chegou ao 'Corp_o Es~ola pre-
sos pelos revoltosos e conduzido pelo capitão Faustino Gomes, vindo do
quartel' da Luz, declarou muito excitado e indignado, atirando ·o bonet
para 1cima de uma cadeira, que "se ifosse Intrigante teria contado ao .gene-
ral Abílio que José Paulo de Macedo Soares lhe disséra em um café ou bar
. que para o general Abílio tomar parte na revolução era apenas questão da
duzentos contos de réis"; que assistiram a essa declaração o capitão Espin-
dola do Nascimento e o tenente Nitrini; que · o general Abílio declarou
nessa occasião que tal declaração era falsa e perguntaria a José Paulo de
Macedo Soares. A' perguntas do doutor José Adriano Marrey Junior, disse:
que · conhece o denunciado Francisco Gonçalves do Nascimento, carcereiJo
da. Cadeia Publica desta Capital em cujo, exercicio se encontrava quando
se iniciou o movimento e se manteve durante o tempo em que o depoente
esteve p:reso no Corpo Escola; que no dia vinte · e quatro de Julho dito
denunciado foi em companhia dos officiaes presos para o Q . .· G. da Região
que se· achava em poder dos revoltosos e alli permaneceu até a entrada
das forças !egaes e isso pela mesma razão, isto é, por causa do bombardeio
do Corpo Escola e da Cadeia Publica; que nesse dia vinte e quatro, com
o bombardeio, houve uma gritaria enorme na ,Cadeia, da parte das mulheres
que estavam pre~as e co~ o intuito de as salvar esse denunciado mandou
que ellas fossem postas em liberdade; que estava dirigindo a Cadeia não
porque fosse investido dessà funcção pelos chefes do movimento, mas por-
que, o director havia abandonado o estabelecimento e elle era o funccio-
1111rio de mais elevada cathegoria dos qur ficaram; qu,; ant es de vinte e
O lf e sfo dn V e r d a d ·e
qu11tro os presos homens validos, tinham sido requisitados pelo mnjor Men-
des Teixeira, contra cuja requisição parece a elle depoente que elle n!'io
poderia reaglr por. não ter força, ,Ignorando em absoluto que elle exponta~
neamente tenha posto em liberdade qualquer dos presos validos· pois isto ·
não constou ao depoente; que elle estava armado e sabia diariamente de
automovel, duas vezes por dia, mas com Intuito de providenciar sobre os
allinenios para os presos da Cadeia e do Corpo Escola, sendo de nofar que
aquelles eram em grande ' quantidade; que foi elle quem providenciou para
ads presos, officiaes, do Corpo Escola fosse .f ornecido melhor alimenfação,
feita que passou a ser na Cadeia Publica; que não viu nem soube qne elle
tivesse tomado parte no movimento revolucionaria, quer directamente, quer
por meio de apoio moral; que elle depoente recebeu um serviço desse de-
nunciado qual fosse a comrounica~ão de que a chacara de resiclencia do
depoente no Chona Menino havia sido Invadida • por dois revolucionarias,
capitão D'ouguct Leitão e sargento Joaquim Dias o que motivou um pedido
de providencias do depoente ao general Isidoro, que attendeu. mandando o
sargento , Julie do Prado Neves fazer o desi:ie.io dos invasores; que não ·pode
precisar a data em que viu o capitão Wahiomiro da Cunha tr!)nsltar por
frente do Corpo Escola em direcção ao quartel da Luz, uma' vez em comp:'i-
nhla do capitão Joaquim Tavora e desse offlcial só pode affirmar. o · que
!\Caba de dizer e mais pela leitura dos ,iornaes que e]le fora nomearia rll-
rector da Sorocahana em substituição ao doutor Góes Artigas: que viu che-
, gar o quinto B. C. _de Rio Claro, não se lembrando da ' dafa, e com esse
batalhão o capitão Luiz Garrido que elle depoente ,tambem viu circular por
alli ignorando se elle tinha entrado em acção e sabendo pelos jornae~ que
elle tinha sido nomeado auxillar do chefe de policia, ma.lar Cabral Velho:
-que não sabe qual foi a acção do capitão Faustino Gomes durante a revolta
,de mil novecentos e vinte e dois, pois nessa época era o depoente commar.
1!ante dd dedmo sexto B. C. em Culabá e· dessa revolta só tem conhecimento
pela leitura dos jornaes; que viu o capiti'ío Faustino Gomes, do a lluclldo
quinto B. C. circular pela frente do Corpo Escola durante tres ou quatro
dias, · ignorando para onde elle se retirou depois e qual tenha sido a sua
acção; que só vlu uma vez o tenente Granville Bellero~)honte de Lima, no
c:omeço do movimento e elle até o cum1Primentou e ouviu dizer, que elle se
retirava -desse movimento em c~mmentario~ feitos por officiacs revoÍ.ucio-
narios no Corpo Éscola; que não conhecia o officfal da Força Publica que
pela madrugada convidara o general Abilio a retirar-se para os Campos
E!yseos ·e por isso não póde dizer se esse officíal tinha, sido revoltoso e
lambem circulara pela frente do quartel; ~e acresce ter esse officinl en-
trado no Corpo Escola as escuras e riscava phosphoros para poder aproxl-
mar'-se do general, podendo ser qÚe esse m;is ligado a Força Publica conhe-
cesse dito officlal. "que el!e depoente aff!rma ter feito o convite em com-
panhia e na presença do tenente Nítrini, guarda dos officlaes presos; que
elle deooente não · interpretou o convite do official que no dia seguinte soube
ser O ;apltão Barbosa, corno interpretou o gener'a1, Isto é, como uma cllnda;
que elle depoente entretanto não acompanhou o referido offlclal nem se of-
1'40 6 en e r ar A bili o · d e' Noronha
fereceu para acceitar essa pos's ibilidade de reunir-se as forças !egaes sim-
plesmente porque o convite foi feito exclusivamente ao general Abil!o tendo
o depoente attendido se o convite fosse feito a elle depoente",'; que dito
official aproximou-se do general que estava dormindo, ao contrario elo que
se passava com o depoente que estava acordado e disse rapidament~ essas
palavras: "General, tenho cíncoenta homens a sua dispoBição para acom-
panhai-o aos Campos Elyseos", que o general respondeu immediatamente
que alli estava bem e não iria "e o capitão · sem mais palavra retirou-se;
que elle depoente não conhecia o alludido capitão ~ ignorava que elle tivesse
o proposito de reunir-se as forças legaes e que para isso tivesse organisado
a força de cincoenta homens por elle referida" e disse que acreditou na
serieqade do con,,ite porque entende que com esse ·c onvite elle 'depoente se
livraria da prisão e por conta dclle depoente assim' livre se reuniria as ·
tropas legaes; q~e nunca soube que o quartel do quarto B. C. tivesse .ser.:'.
vida de ponto de acantonamento de officiaes extranhos a unidade, jamais
disso soube por qualquer official do seu commando; que sabe que o gene-
ral Abilio respondeu a algumas cartas recebi das do general !sidero,
"mas não se lembra se leu essas cartas" antes de serem entre-
gues ao general Isidoro nem collab·orou na redação das mesmas, que foram
escriptas pelo capitão Espindola; que affirm'a que não viu essas carta~
cujo contendo ficou entretanto sciente pelos comm.entarios que a respe.ito
dellas fazia o general, o capitão Espindola e o •·capitão Othelo, •sem que
elle depoente tomasse parte nesses commentarios. A' perguntas do , doutor
Antonio de Mendonça, disse: que viu o capitão Arthur Guedes de Abreu
entrar cinco ou seis vezes no quartel general das forças revolucionarias,
vindo sempre de ·automovel, de todas -as vezes, mais ou meno~, _as !\ove ou
dez horas da manhã; que essas visitas do capitão Abreu ao quartel ·revo-
Iuc!onario se, deram no dia dez o_u doze de ;Julho, mais ou menos, em diante,
não podendo o depoente precisar se ellas foram d.iarias nem: os dias que se
realisaram; que disse ao capitão Espindola e ao capitão Othelo, por dive1·-
sas vezes que tinha visto o capitão Abreu passar de automovel para o
quartel revoltoso; "que não foi no quarto batalhão de caçadores, do . qual
· o depoente era commandante que teve inicio o movimento revolucionario",
pois quando o tenente Gwyer juntamente com o tenente Afilhado e mais
dois officiaes que o depoente não sabe quem eram, mas que sabe que eram
extranhos a unidade desceram daquelle batalhão á frente de· sessenta h~-
mens, ,iá os quarteis d.a policia estavam revoltados e tin.h am sido effectua-
das diversas prisões; que logo que chegou ao quartel do quarto B. C. teve
a informação immediata de que os tenentes Gwyer e Castro · Afilhado e
mais dois officiaes desconhecidos tinham sabido do quartel a ,frente de
sessenta homens; que não salliu no encalço 'aessa for,.a por n5.o saber a
direcção que a mesma tinha tomado e porque estava - preparando as forças
que lhe ficaram fiei~, pois não queria ir atraz daquella gente com mão
abandonado, e não deixaria de seguil-os, com a força que tivesse, se o gene-
ral Ahilio não o tivesse requisitado para acompanhai-o. Perguntado se
respondeu ou responde n um, processo ou inquerito, no Rio de Jalleiro por
O Resto da Verdade 141
cnlu~nias 'levantadas, pelo ,general Abilio, pelo doutor Julz foi dito que
in1eferia essa pergunta por não se relacionar com, os factos da denuncia;
po~endo o advogado fazer a prova por outros meios legaes· se a julgar con-
ve11iente á defesa dos seus constit'uintes. A' perguntas do doutor Vicente.
Ráo, disse: que o teneúte Nitrini outra acção não_teve desde o dia cinco de
Ju!Iio até vinte e sete a noite do mesmo mez, senão o commando da guarda
dos l·officiaes 'p resos; que o tenente tratava os presos com muita attenção,
procurando dar-lhes o maior conforto e até fornecendo praças para buscarem
objectos de uso nas respectivas residencias; que ajudou os presos a abrir
4ª passagem no muro do Corpo Escola com a Cadeia Publica, para garan-
til,os e acom.p anhal-os até com o sacrifí cio da propria vida, em caso de
uma invasiío ou derrota da,s forças revolucionarfos: que n iio teve scien-
ci ~ de qunlquer acto · ou pafavra do tenente Nitrini em, onposição . a
o{ferta feita ao general Abllio afim de seguir parai os Campos Elyseos como
já depoz; que cnnhece José Paulo de Macedo Soares apenas' de apresentacão,
tenrlo-o visto, quando esteve preso no Corpo Escola, em visita ao general
,Abilio: que ignora porém, quaes sejam os p ensa.mentas delle a res,p eito do
movimento rcvoluc!onarlo, visto que com elle nui:ica teve intimi<lade; que
ouviu dizer que o general Isidoro Lopes não obri gou n em coagiu officiaes
ou Inferiores a pegar em armf\S ao seu lado, de sorte que os serviços pres-
tados por elles a _revolução foi acto expontaneo. A' perguntas dQ doutor
1 Góes Nobre, disse: que não conhecendo o doutor Ascanlo Accloly Garcia,
nem o tenente-coronel reformado, isto é, conhecen<lo esse coronel reform ad o
Carvalho .Sobrinho e não conhecendo taml1rm o ten~nte Iríne~r fl9ngel de
Carvalho nem o segunilo sargento Arclllmedes de Cnrvalho B 0 ••n•. ignora
por completo que os mesmos tenham praticado os delictos m,~. Jl, e ~fio at-
trU:n.'!dos pelo senµor doutor Procurador Criminal da Republica nn denun-
cla que apresentou a esse juizo, A' perguntas do denunciado tenente E1uardo
Gomes, disse: que sabe que o regimento de .cavallaria de policia se revol-
tou antes· da i'orça do quarto batalhão de caçadores porque as quatro hnras
da madrugada um piquete desse regimento estava guardando a bateria de
obuseiros do tenente Custodio, vinda de Quitaúna, no carnno de Marte, PTn
Sant' Anna. A' perguntas do denunciado José de Oliveira França, disse: que,
digo, pelo denunciado José de Oliveira França foi feita a seguinte pergunta:
"Porque motivo sendo a testemunha prisioneira de guerra no Corpo Escola
dirigiu-se varias vezes ao primeiro batalhão onde teve varias e reiteradas
conferencias com o general Isidoro"? Respondeu a testemunha que tendo
sclencla por Francisco, carcereiro da Cadeia que a sua propriedade em
Sant' Anna tlnho sido invadida pelo capitão Douguet Leitão e sargento Joa-
quim Dias foi reclamar do general Isidoro a retirada d essas pes~oas da
sua referida propriedade no que foi immediatamente attendido, sendo esta
a unica vez que foi a presença do general Isidoro, escoltado pelo capitão
Carlos de Oliveira e praças. A' perguntas do denunciado Capitão Raul da
Veiga Machado, disse: qÚe esse denunciado serviu em mll novecentos e
vinte e dois sob o seu commando no deseseis batalhão de caçadores em
1
142 Gen.eral Abilio de N0ronh«
mond até a presença do senhor general Pamplona; que esses officiaes dese-
javam esclarecer o motivo da sua presença nesta Capital pois 'que pir-
tenciam ao quarto regimento, em Itú; cumprindo , esta determinação, c~n-
duzio-os até o palacio dos Campos Elysêos em presP.nça do senhor gencl-al
Pamplona que depois de certa hesitação, resolveu emfim ordenar a retjm-
dq.cção dos officiaes até a séde da região e que pelo telephone se dm-
municaria com o senhor majClr Horta Barbosa a respeito· da situação ~os
mesmos tenentes; que ' perpetuou no espírito do major Horta Barbosa ~sa.
desconfiança porisso que, seria natural que esses officiaes ausentes il.a
sua guarnição e ' em missão especial deveriam se fazer acompanhar de h-
gum officio ou cousa equivalente; que quinze ou vinte dias antes da revol!a,
viajando ein um bond de Villa Marianna quando teve opportunidade de ikr
saudado por seu co!lega tenente Granville que descia em direcção a Po1ie
Granel~; que por conhecer de vista o senhor José Eduardo Macedo Soar~.s
via-o constantemente nas ruas desta Capital; que no 'd ia sete, mais o\i.
menos achando-se na trincheira do Quartel , General a ':lle depoente apre~,.
sentou-se o tenente França, que desilludido por haver sido trahido ·pelo
senhor major Co~ta, se não lhe falha a m .e nrnria, abandonando as armas
alli se apresentou; acto continuo o depoente conduziu-o até a presença do
comnrnndante que tomou providencias a respeito; que viu o denunciado
Carlos Ferreira no quarter' general e no palacio dos Campcis Elyseos, tendo
este denunciado referido a testemunha que levara a presença do coronel
João -Francisco, no automovel do palacio, o aviador Edú Chaves, 'd izendo-
lhe: " Coronel. trago-lhe o prim;eiro aviador brasileiro"; que ao coronel
João 1•·rancisco, seu grande amigo, o mesmo denunciado explicou que havia
forçado o chauffeu1· do palacio a levai-o ao quartel general das forças 1·evo-
lucionarias, retirando-se em seguida para Sant' Anna, sempre no mesmo au-
tomovel. A' perguntas do doutor Theophilo Benedícto de Souza Carvalho,
disse: que conhece desde a sua infancia como alumno do Collegio São Luj.z,
de ltú, onde o depoente era instructor militar, o ora denunciado Pagé de
Souza Carvall10; que pelo conhecimento que teve desse denunciado não o
julga capaz de commetter actos menos digno e muito menos de roubo de
alfafa e assassinatos; que no dia seis de Julho viu sempre, ora nas trin-
cheiras, ora em um "restaurant" nas visinhanças do Quartel General da
Região, em palestras amistosas com os officiaes que compunham a resís-
tencia dessa força, o referido indiciado Pagé de Souza Carvalho e isso
desde a madrugada até a tarde deste dia seis de Julho do anuo passado.
A' perguntas dci doutor Antonio de :Mendonça, disse: que os tenentes Fran-
klin e Drumm.ond conduzidos até a presença do general Pamplona pelo
depoente, seguiram e i-egressaram sem que tenham, sido presos; que essa
viagem tanto de ida como de volta, se fez estando o depoente e os dois
officiaes referidos arm.ados de revolvers; que o senhor Horta Barbosa ex-
tranhou a presença dos tenentes Franklin e Drummond nesta Capital, sem
wn documento do seu com.mandante a autoridad_e legal; que não conhece
nenhum facto que autorísasse qualquer desconfiança contra aquelles offi-
ciaes quando os mesmos se apresentaram nesta Capital para terom noticiaa
O .R e s t-o da Ver d a d e 145
do que se passava; que no dià cinco de Julho viu · o eapitão Arthur Guedes
de Abreu elll franca actividade do desempenho de funcções para bem ser-
vir a legalidade, quer nos Campos Elyseos, quer no commando da região,
actividade essa extensiva até o dia nove p·ela madrugada; que conhece o
referido capitão Arthur Guedes de' Abreu desde os tempos de Escola Mili~
tar de quem tem. impressão ser um distinctol official incapaz portanto de
praticar actos menos digno, como sejam por-se ao lad~ do governo para
servir a causa dos revoltosos. A ' perguntas do doutor José Adriano Marrey
Junior, disse: qu~ sabe que o doutor José Eduardo Macedo Soares tem
_irn1ãos residentes nesta cidade; que tendo-o visto diversas vezes nesta
Capital não sabe a que fim elle aqui vinha; que o depoente; apenas . viu
uma só vez em São Paulo o tenente Granvi!le Bellerophonte e ignora se o
general Abilio tinha conhecimento deste facto; que absolutamente nunca
ouviu no quartel general da região falla,r-se n'uma possível sublevação da
ordem por parte .das forças armadas; "que viu sempre · no senhor general
Abílio um dos maiores esteios da legalidade, por actos e lllesmo por escri-
pto; as suas ordens do dia que transmittia aos seus c01nmandados deixava
transparecer a sua lealdade de soldado, um general consciente no seu cuin-
primento do dever, acata,ndo sempre com dignidade as ordens que rec~-
bia do governo federal; que elle depoente é testemunha presencial no
passado governo estadoal solicitar a cada passo em n01ne de sua Excel-
_lencia audiencia ao Excellentissimo Senhor Presidente do Estado para tra~
tar de assumpto attinentes a · força de seu commando e não raro ouvia do
chefe do exe.c utivo estadoal palavras anim,a doras com relação a segurança
publica; que a sua policia estava vigilante portanto tranquil!isasse o velho
soldado sobre esse assun1pto"; que sabe por ter ouvido pessoallnente do
senhor general que elle pretendia levar a eHeito uma festa em homena-
gem ao doutor Carlos de Ca1npos n 1 un1 dos quarteis da região '·e a quem
constantemente com1nunicava n.oticias recebidas das autoridades do Rio
de Janeiro com relação a ordem publica" .. A' perguntas do denunciado,
Carlos Ferreira, çl.isse: que conheceu por occasião dos successos de Julho,
nos Crunpos Elyseos, e lambem no Quartel General da Regüio o senhor
Carlos F erreira, que sabe que no dia oito a noite viu o senhor Carlos Ferreira
em companhia do capitão Olhelo sahir do interior do Quartel General da
Hegião com destino a Telephonica afim. de se entender. o denunciado com o
senhor Presidente da Republica d e que1n se dizia amigo; que ouviu do
senhor Cárlos Ferreira palavras de animação ás praças que compunham .a
trincheira da rua Chrispiniano no sentido de se 111anterem, em verdadeira
resistensia aos ataques inimigos; que presenciou a chegada no Quartel
General em aufomovel do palacio do senhor Carlos Feneii:a trazendo mu-
nições de. guena e carne para a alimentação da força do Q'uartel General;
que os factos narrados com rela ção ao senhor Carlos Ferreira elle teste-
mimha ouviu primeiramente do capitão Othelo H.odrigues Franco e depois
confirmados pelo proprio denunciado; que indagou esses fact os por não
poder attribuir a Edú Chaves a pratica de actos de pusillanimidade. A'
pe~guntas do denunciado Hoberto Drm=ond, disse: que sabe por ouvir
146 General A.bilia de Noronha
A DEFESA (* )
Meritissimo Juiz.
pôr-se as acções e omrni ssões contrarias á lei penal para serem: passiveis
de pena. - ,.
O delicto, em regra, é um acto, é um movimento. A maior parte das
lnfracções, são delictos de acção. Contudo, ás vezes, acontece que o delicto
seja de inacção. A culpabilidade então consiste, não no abster-se simples-
mente de agir, mas em abster-se de fa::rnr a acção precisa, que em virtud~
da lei $C tem o dever de fazer. Non facere qnod debet fn;cere. (íA.,. Prins,
citado á fl~ . 264 elo 1. 0 vol. elas Lições de Direito Criminal, de Fernando
Nery). Por exemplo: - morre uma criança á mingua d eJ cuida,clos ma ter- ·
naes. Está ahi o crime omissivo, pelo não cumprimento de um. dever juri-
tão General AbiUt> de Nf!lronhn
evidenciado fica que o chefe dt1 movimento era, ·eomo de facto . foi, o ri:ene-
ral Isidoro.
20. 0 ) - Ainda no Corpo Escola, a altitude do denunciado fôra bem
outra do que a que lhe attribue a denuncia. Intransigentemente contrario
no movimento, com frequencia assim se 'manifestava. Disso dão testemunho
o capitão Euclydes Espindola do Nascimento e a propria corres'pondencia
· trocada com o general Isidorp. Após a evacuação da, cidade e a sua ·.Jiber-
tação, promoveu a intervenção do Pro~otor da Justiça Militar para o de-
vido processo aos offiçiaes que effectuaram a sua prisão. (Vide o depoi-
mento do dr. Ademaro de Iiaria Lobato na Justificação).
21. 0 ) - Finalme,;,_te todos os actos do , denunciado foram contrarias
a insurreição. A sua acção, na manhã del 5 de Julho, evidencia a inexisten-
cia de qualquer conhecimento prev'io do movimento e, portanto, de ~ccordo
ou méra tolerancia.
Não. foi, por conseguinte, o denunciado co-autor no crime. Nenhum
auxilio prestou aos cabeças nem aos demais implicados. Ao contrario, pro-
curou impedir a propagação do movimento, e tel-o-ia con's eguido se não
occorrresse a sua prisão,
O tenente Caiado de Castro declarou-se_ plenamente convencido da
victoria da legalidade, em 2 ou 3 dias, se o denunciado estivesse íi frente
das tropas legalistas.
E' a opinião de uni denodado militar, que levou á temeridade . a reac-
ção opposta ao cr.i me. E' opinião respeitavel portanto. E ser1a sufficicnte
para, de uma vel!i por todas, estancar essa fonte de onde surgem as imputa-
ções ao denunciado, servindo uma grande inveja do seu renome de militar
e de cavalhe'iro. Felizmente tem elle sabido reagir a semelhantes · embates
e ha de encontrar espiritos suffici.entemente pr'o bos, que reconheçam os seus
relevantes serviços á Republica e garantam os seus direitos, um ·aos quaea
é incontestavel o de proclamar altiv/lmente ,a sua innocenc!a, não sünples-
mente presumida, mas convenientemente provada; para satisfação de •cu
justo oruulho e opportunidade de se lhe fazer justiça".
dera!, que se não mostraria á altura que sua funcção social se vaclllasse
ante os mais fortes, reservando redobrados rigores para os fracos e des-
protegidos.
- FIM -
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