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04/09/2023 18:48 PM demitida por 'dança inadequada' denuncia assédio sexual na corporação - Gerais - Estado de Minas

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GRANDE BH

PM demitida por 'dança inadequada'


denuncia assédio sexual na corporação
Em entrevista ao EM, Shirley Manacês, de 33 anos, relatou alguns dos
episódios em que foi assediada sexualmente

BL Bruno Luis Barros(https://www.em.com.br/busca?autor=Bruno%2ALuis%2ABarros)

31/08/2023 22:46 - atualizado 31/08/2023 23:36

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04/09/2023 18:48 PM demitida por 'dança inadequada' denuncia assédio sexual na corporação - Gerais - Estado de Minas

Shirley Manacês integrava o quadro de militares da PMMG desde 6 de janeiro de


2014
(foto: Arquivo pessoal)

A ex-policial Shirley Manacês, de 33 anos, e o advogado dela, Berlinque


Cantelmo, denunciaram ao Estado de Minas episódios recorrentes de assédio
sexual na corporação e um processo administrativo — segundo eles, "irregular"
—, que resultou na demissão da agente. Lotada no 36º batalhão em Vespasiano,
na Grande BH, a então sargento foi desligada da corporação na quinta-feira
passada (24/8) depois de publicar vídeos dançando na plataforma Bigo Live em
2019. Ela integrava o quadro de militares da PMMG desde 6 de janeiro de 2014. 
 
“Trata-se de uma plataforma pública, gratuita e com diretrizes para os usuários
similares a outras redes, como Facebook e Instagram”, pontua o advogado,
acrescentando que sua cliente foi demitida — depois de três anos de processo —
por ter “adotado conduta ofensiva à honra pessoal e ao decoro da classe”,
conforme, segundo ele, justifica a PM ao recorrer ao código de ética da lei
estadual 14.310/2002 nos autos do processo. 
 
No entanto, os vídeos que ela gravou não têm conotação sexual, diz Cantelmo.
“Ela nunca dançou de roupa íntima, por exemplo, ou fez menção à PM. Acontece
que, ao longo de quase 10 anos, ela sofreu diversos tipos de assédio, como sexual,
moral e psicológico. Policiais tentaram sair com ela, forçando um
relacionamento, até que os vídeos foram descobertos pouco depois dela iniciar as
publicações. Alguém entrou nessa plataforma e a reconheceu como policial
militar. Desconfiamos que seja algum agente infiltrado da corregedoria da PM”,
afirma Cantelmo, que é especialista em direito militar. 
 

Demissão na frente de militares e perda


do bebê 
Cantelmo diz ainda que o desligamento de Shirley aconteceu na frente de outros
militares abaixo dela na hierarquia da polícia, como cabo e soldado. “Na ocasião,
ela estava
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“Foi uma situação vexatória e humilhante. Com o estresse, ela passou mal e
perdeu a criança, que ainda está no útero dela, sendo necessária a curetagem
[retirada de material placentário ou endometrial da cavidade uterina] para

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posterior retirada do feto. Porém, ela não tem mais o plano de saúde da
corporação e ainda está desempregada”, conta o advogado. 
 
Agora, após finalizado o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) da Polícia
Militar, que resultou na demissão, a defesa tenta reverter a decisão por meio de
recurso impetrado junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O
processo judicial, de acordo com estimativa do advogado, pode durar até dois
anos. 
 

Denúncias de assédio na corporação


Em entrevista ao Estado de Minas, Shirley Manacês, mãe de um menino de oito
meses, afirma que os episódios de assédio sexual sempre foram frequentes
dentro da corporação — uma situação que ela diz nunca ter denunciado por medo
de represálias. 
 
Um dos primeiros casos, segundo Shirley, aconteceu em 2014, em Belo Horizonte,
durante o curso na Escola de Formação de Soldados, logo após ela ser admitida
em janeiro daquele ano. “Hoje, sou casada, mas, na época, eu era noiva. Fui à
sala da coordenação para tratar de um assunto, e o oficial falou que meu noivo
deveria ter muito ciúmes de mim porque eu era muito linda de farda e mais linda
ainda à paisana”, denuncia. 
 
“Depois, ele viu que a parte vermelha da minha blusa, que representava a
companhia do curso, estava para fora e tocou no meu braço, colocando essa parte
para dentro. Eu ri sem graça e não falei nada. Apenas me retirei. Foi algo bem
rápido. Mas aí, vendo que eu não me rendi, ele começou uma marcação no curso
comigo”, afirma. 
 
Depois de se formar, Shirley conta que foi encaminhada para um pelotão em uma
pequena cidade perto de Belo Horizonte. Ela não quis revelar à reportagem o local
exato, pois alega temer pela sua segurança e de sua família. “Certo dia, alguns
militares estavam reunidos, sendo eu a única mulher no grupo. Eles começaram a
falar sobre a marcação de um encontro do pelotão e me chamaram para
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participar. Eu disse
Saiba mais em Política que não
de Privacidade ia, pois a outra militar do pelotão não iria. Não fazia
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sentido ir sozinha em um encontro onde só teria homens. Daí, um sargento disse:
‘Você vai, e vai de biquíni pra gente ficar te admirando’”, diz ela. 
 
Shirley diz que imediatamente chamou o sargento responsável pelo destacamento
do pelotão. “Ele pediu para eu não tomar providências, pois iria conversar com
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ele e que isso não iria mais se repetir. Fiquei constrangida e sem lugar. Antes
disso, eu já tinha tomado conhecimento que esse mesmo sargento já tinha tirado
foto minha de costas”, alega. 
 
Em 2018, em BH, Shirley conta que estava encarregada de um processo
envolvendo um cabo, quando um oficial da corporação, que ela precisava ouvir, a
fez ficar “o dia todo” no batalhão aguardando-o. “Após isso, ele fez contato via
WhatsApp comigo e, por pelo menos uns três dias, sob alegação de que estava
para ir embora para outra cidade, insistiu muito para sair comigo. Durante todo
esse tempo na polícia, sempre conseguiam o meu telefone por meios que
desconheço”, finaliza.
 

Irregularidades no Processo
Administrativo Disciplinar (PAD)
Antes da demissão, em 20 de julho, um médico da Polícia Militar emitiu um
relatório no qual Shirley é diagnosticada com depressão. No documento, que a
reportagem teve acesso, o profissional recomenda o afastamento da policial por
um período mínimo de 60 dias e seu acompanhamento psicológico. “A
continuação da tramitação do PAD desrespeitou ordens médicas. O processo
deveria ter sido suspenso até que ela estivesse em plenas condições de respondê-
lo”, avalia o advogado. 
 
“A segunda irregularidade é a ausência de critério na tomada de decisão por
parte do conselho de ética, da comissão processante e da própria coronel
corregedora. Outros militares submetidos a processos [semelhantes] não foram
tratados da mesma forma e sequer foram demitidos da corporação”, pontua
Cantelmo. 
 
Por fim, o advogado de Shirley diz que “determinados requerimentos da defesa”
não foram colocados nos autos do processo. “Não trouxeram a cadeia de custódia
das provas digitais e as origens efetivas dos vídeos, além de não demonstrarem
se ela ganhou ou não dinheiro com qualquer tipo de exposição em rede social. Não
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demiti-la”, diz ele. 
 

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O que diz a Polícia Militar


Procurada pela reportagem para comentar a demissão da profissional, a Polícia
Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece, por meio de nota, que Shirley
Manacês foi “submetida a Procedimento Administrativo Demissionário (PAD),
tendo sido garantido o direito ao contraditório e ampla defesa, com integral
acompanhamento do seu defensor”. 
 
“Após o trâmite do devido processo legal foi decidido por sua demissão da Polícia
Militar”, finaliza a instituição, que manteve a mesma nota ao ser questionada em
um segundo contato da reportagem sobre as denúncias de assédio sexual. 

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