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Um aplicativo que salva vidas: o desafio de criar uma solução

tecnológica para combater a violência contra a mulher


Luís Henrique Machado dos Santos1, Laura Camila Leite da Silva2, Matheus Messias
Wanderley3

Escola de Engenharia e Tecnologia – Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG-PE)


CEP 50070-110 – Recife – PE – Brazil

Ciência da Computação
lauragpse@hotmail.com, kakahimita@gmail.com, thheuswanderley@gmail.com
Abstract. This article presents the planning and development of a mobile
application aimed at combating violence against women. The aim is to fill
technology gaps and provide efficient support to protect and care for women at risk.
The application offers features such as triggering a simple and intuitive distress
signal, automatically sending alerts to emergency contacts and ensuring the privacy
and security of shared information. Based on market research, we identified a latent
need for technological solutions to tackle gender violence. By overcoming the
limitation of existing devices, the proposed application seeks to improve the
prevention and fight against violence against women, providing a safe environment
for complaints and promoting a support network. It is hoped that this solution will
contribute to building a safer and more egalitarian society, where women can live
free of violence.
Resumo. Este artigo apresenta o planejamento e desenvolvimento de um aplicativo
móvel voltado para o enfrentamento da violência contra mulheres. O objetivo é
preencher lacunas tecnológicas e fornecer suporte eficiente para proteger e cuidar
das mulheres em situação de risco. O aplicativo oferece funcionalidades como o
acionamento de um sinal de socorro simples e intuitivo, o envio automático de
alertas para contatos de emergência e a garantia de privacidade e segurança das
informações compartilhadas. Com base em uma pesquisa de mercado, identificamos
a necessidade latente por soluções tecnológicas para enfrentar a violência de
gênero. Ao superar as limitações dos dispositivos existentes, o aplicativo proposto
busca melhorar a prevenção e o combate à violência contra mulheres,
proporcionando um ambiente seguro para denúncias e promovendo uma rede de
apoio. Espera-se que essa solução contribua para a construção de uma sociedade
mais segura e igualitária, onde as mulheres possam viver livres de violência.

1. Introdução
A violência contra a mulher é um grave problema que afeta nossa sociedade de
forma preocupante. Em Pernambuco, os dados revelam que houve uma redução de
40% nos crimes violentos letais intencionais (CVLIs) envolvendo vítimas do sexo
feminino em comparação a 2019. No entanto, os casos de feminicídio
permaneceram no mesmo nível. Esses números ressaltam a necessidade contínua de
adotar medidas efetivas para prevenir e combater a violência de gênero. Diante
dessa realidade, é fundamental buscar soluções práticas e eficientes para ajudar as
mulheres em situação de risco e promover um ambiente mais seguro e igualitário.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é desenvolver um software que permita o
acionamento discreto de SOS em casos de perigo iminente. A ideia desse aplicativo
é fornecer uma ferramenta eficaz que ofereça proteção, suporte e auxílio imediato
contra a violência de gênero.
2. Justificativa
O desenvolvimento de um aplicativo móvel capaz de oferecer supervisão e
assistência segura e precisa em casos de violação dos direitos das mulheres é uma
medida crucial para combater a violência de gênero. Compreendendo a necessidade
de preencher lacunas tecnológicas e fornecer um suporte eficiente para proteger e
cuidar das mulheres em situação de risco, propomos neste estudo o
desenvolvimento de um aplicativo voltado para o enfrentamento a violência. O
objetivo central desse aplicativo é proporcionar uma comunicação eficiente e rápida,
visando prevenir e combater situações de violência. Com o uso da tecnologia como
aliada, é possível monitorar de forma contínua e discreta a segurança das mulheres,
proporcionando um mecanismo de apoio em momentos de perigo. O aplicativo será
responsável por acompanhar indicadores relevantes, como a localização em tempo
real da vítima e a possibilidade de acionar um sinal de socorro imediato. Dentre as
funcionalidades principais, destaca-se a facilidade de uso, permitindo que a vítima,
mesmo em situações de estresse ou pânico, possa acionar o sinal de socorro de
forma simples e intuitiva. Com apenas alguns toques na tela do celular, o aplicativo
é ativado e envia automaticamente alerta para contatos de emergência previamente
cadastrados, incluindo familiares, amigos ou autoridades competentes. Essa resposta
rápida e eficaz diante de uma situação de violação é crucial para garantir a
segurança da vítima. Um aspecto fundamental no desenvolvimento do aplicativo é a
garantia de privacidade e segurança das informações compartilhadas pela vítima.
Medidas de proteção de dados pessoais serão adotadas, assegurando que as
informações sensíveis sejam mantidas em sigilo e acessíveis apenas para os contatos
de confiança designados. A confidencialidade é essencial para garantir a segurança
da vítima e evitar possíveis retaliações por parte do agressor.

3. Dados Analisados
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada pelo IBGE,
a violência sexual foi sofrida por 8,9% das mulheres brasileiras alguma vez na vida,
o que corresponde a cerca de 7,5 milhões de mulheres,. A maioria dos agressores
das mulheres que sofreram violência física (52,4%), psicológica (32,0%) e sexual
(53,3%) eram companheiros, ex-companheiros ou parentes. O domicílio foi o
principal local da agressão das mulheres.
O IBGE também aponta que a maior parte dos feminicídios acontecem dentro de
casa. Em 2019, 30,4% dos homicídios contra mulheres acontecem dentro de casa.
No entanto, nem todas as mulheres que sofrem violência conseguem ou querem
denunciar seus agressores. Segundo a pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de
Mulheres no Brasil, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de
18,6 milhões de mulheres brasileiras foram vitimadas em 2022, mas apenas 11%
delas procuraram uma delegacia e apenas 13% delas ligaram para o Ligue 180.
De acordo com os dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (OSDH),
o Brasil teve mais de 31 mil denúncias de violência doméstica ou familiar contra as
mulheres até julho de 20221. Essas denúncias abrangem atos de violência física,
sexual, psicológica, moral e patrimonial.
4. Desenvolvimento
O protótipo do software proposto foi desenvolvido utilizando linguagem de
programação Java, uma escolha amplamente adotada pela indústria de desenvolvimento de
software devido à sua confiabilidade e capacidade de construir aplicativos de alto
desempenho. Durante a fase de desenvolvimento do aplicativo foram realizadas pesquisas
que tiveram como objetivo obter informações sobre principais dificuldades enfrentadas
pelas mulheres vítimas e possíveis formas de prevenção e proteção. Com base nas
informações coletadas, foram identificados os requisitos essenciais para o
desenvolvimento. Um dos aspectos centrais foi garantir a usabilidade do aplicativo,
permitindo que as mulheres possam acionar o sinal de socorro de forma rápida e intuitiva.
Para isso, a interface do usuário foi projetada com botões de emergência visíveis e de fácil
acesso. Além disso, foi implementada a funcionalidade de adicionar contatos da agenda
pessoal do usuário à lista de contatos de emergência dentro do aplicativo, essa
funcionalidade permite que as vítimas enviem um sinal de SOS para os contatos
selecionados com apenas um toque, oferecendo uma maneira discreta de solicitar ajuda em
situações de perigo, acionando diretamente às autoridades competentes. A implementação
de um fórum integrado ao software onde os usuários possam compartilhar informações
sobre possíveis locais com maiores índices de violações e participar de debates ou fazer
alguma denuncia. Esse recurso busca fortalecer a comunidade, proporcionando um espaço
seguro para compartilhar experiências e contribuir com a redução dos números referente a
violência de gênero. Por exemplo, um caso de uso fundamental é o acionamento do sinal
de socorro, que permite às usuárias solicitar ajuda imediata em situações de perigo com
um simples toque.

Outro caso de uso importante é a adição de contatos de emergência, possibilitando


que as usuárias criem uma rede confiável de apoio. Esses casos de uso, juntamente com
outros identificados durante a fase de pesquisa, são essenciais para o desenvolvimento de
um software intuitivo, ágil e eficiente, que atenda às necessidades específicas das
mulheres em situação de risco.
5. Requisitos funcionais

- O aplicativo deve permitir que a usuária faça o login com o seu e-mail e senha ou com o seu
perfil do Facebook ou Google.

- O aplicativo deve permitir que a usuária cadastre os seus contatos de confiança, que
receberão as mensagens de alerta em caso de emergência.

- O aplicativo deve permitir que a usuária acione o botão SOS, que enviará uma mensagem
de alerta com a sua localização para os seus contatos de confiança e para a polícia.

- O aplicativo deve permitir que a usuária visualize um mapa com os endereços mais
próximos de delegacias da mulher ou de pontos de apoio.

- O aplicativo deve permitir que a usuária faça um boletim de ocorrência online, que será
enviado para a delegacia da mulher mais próxima.

- O aplicativo deve permitir que a usuária acesse conteúdo educativo sobre as formas de
violência contra a mulher e como se proteger.

- O aplicativo deve permitir que a usuária participe de fóruns e grupos de apoio online com
outras mulheres.

6. Requisitos não funcionais

- O aplicativo deve ser compatível com os sistemas operacionais Android e iOS.

- O aplicativo deve ter uma interface simples, intuitiva e amigável.

- O aplicativo deve garantir a segurança e a privacidade dos dados das usuárias, usando
criptografia e autenticação.

- O aplicativo deve ter um bom desempenho, respondendo rapidamente aos comandos das
usuárias.

- O aplicativo deve ter uma boa disponibilidade, funcionando sem interrupções ou falhas.

7. Casos de uso

Caso de uso 1: Uma mulher está caminhando sozinha à noite e percebe que está sendo
seguida por um homem suspeito. Ela abre o aplicativo e clicar no botão SOS, que envia uma
mensagem de alerta com a sua localização para os seus contatos de confiança e para a polícia.
Ela também pode ver no mapa o endereço mais próximo de uma delegacia da mulher ou de
um ponto de apoio.

Caso de uso 2: Uma mulher sofreu uma agressão física ou verbal do seu parceiro e quer
denunciar o fato. Ela abre o aplicativo e clica na opção de fazer um boletim de ocorrência
online, que a direciona para o site da delegacia da mulher. Ela preenche os dados necessários
e envia a denúncia. Ela também pode acessar informações sobre os seus direitos e sobre os
serviços de assistência disponíveis.

Caso de uso 3: Uma mulher quer se informar sobre as formas de violência contra a mulher e
como se proteger. Ela abre o aplicativo e clica na opção de conteúdo educativo, que a leva
para uma página com artigos, vídeos, podcasts e outros materiais sobre o tema. Ela também
pode participar de fóruns e grupos de apoio online com outras mulheres que passaram por
situações semelhantes.

8. Protótipo

Neste artigo, apresentamos o nosso protótipo de um aplicativo de segurança da mulher, que


visa oferecer recursos e ferramentas para prevenir e denunciar situações de violência e
assédio. O aplicativo ainda está em desenvolvimento, mas já possui algumas funcionalidades
básicas; as imagens a seguir ilustram as telas do aplicativo e o seu funcionamento.
Durante o desenvolvimento do protótipo do aplicativo, adotamos uma abordagem orientada a
objetos (POO) utilizando a linguagem de programação Java. Por meio dessa estrutura,
criamos diferentes classes, como “Usuário” e “Contatos de Emergência”, para organizar e
gerenciar as funcionalidades essenciais do aplicativo. A classe “Usuário” foi projetada para
lidar com informações pessoais e autenticação do usuário. Ela permite que as usuárias façam
login no aplicativo por meio de seu e-mail, senha ou perfis de mídia social, como Facebook
ou Google. Além disso, a classe 'Usuário' armazena dados importantes, como as
configurações de privacidade e as preferências de contato de emergência. A classe “Contatos
de Emergência” é responsável por gerenciar a lista de contatos confiáveis que receberão as
mensagens de alerta em caso de emergência. Através dessa classe, os usuários podem
adicionar, editar ou remover contatos de emergência conforme necessário. Essa
funcionalidade permite que as usuárias criem uma rede de apoio confiável, garantindo que as
mensagens de alerta sejam entregues a pessoas capazes de prestar assistência imediata. Na
classe principal do aplicativo, denominada “Main”, foram implementados os menus e as
funcionalidades principais do protótipo. Essa classe é responsável por exibir as telas de
interface do usuário e processar as ações realizadas pelas usuárias. Por exemplo, o menu
principal oferece opções como acionar o botão SOS, visualizar um mapa com endereços
relevantes, fazer um boletim de ocorrência online e acessar conteúdo educativo sobre
violência contra a mulher e medidas de proteção.

9. Conclusão

À medida que avançamos, é fundamental buscar constantemente melhorias e inovações,


visando aprimorar a eficácia do aplicativo e expandir seu alcance. Além disso, é preciso
fomentar o diálogo e a cooperação entre diferentes setores, promovendo uma abordagem
multidisciplinar para o enfrentamento da violência contra mulheres. Em última análise, o
objetivo desse aplicativo é contribuir para a construção de uma sociedade mais segura e
igualitária, onde as mulheres se sintam protegidas, respeitadas e livres de qualquer forma
de violência. Esperamos que esse trabalho inspire e motive ações concretas na busca por
um futuro onde a violência de gênero seja erradicada e todas as mulheres possam viver
suas vidas com dignidade e plenitude.
10. Referências

<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/306
58-violencia-atingiu-29-1-milhoes-de-pessoas-em-2019-mulheres-jovens-e-negros-sao-as-pri
ncipais-vitimas>
<https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/05/11/9percent-das-mulheres-brasileiras-sof
reram-violencia-sexual-alguma-vez-na-vida-diz-pesquisa-de-ibge-e-ministerio-da-saude.ghtm
l>
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2023-03/mais-de-18-milhoes-de-
mulheres-sofreram-violencia-em-2022>
<https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2022/eleicoes-2022-periodo-eleitoral/brasil-
tem-mais-de-31-mil-denuncias-violencia-contra-as-mulheres-no-contexto-de-violencia-dome
stica-ou-familiar>
<https://www.sds.pe.gov.br/noticias/11230-violencia-contra-a-mulher-recua-em-pernambuco
>

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