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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP


FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I

Taxas de Variação:
Velocidade e Funções Marginais

Prof.: Rogério Dias Dalla Riva


Taxas de Variação:
Velocidade e Funções Marginais

1.Taxa média de variação


2.Taxa instantânea de variação e velocidade
instantânea
3.Taxas de variação na Economia: funções marginais
1. Taxa média de variação

Em aulas anteriores estudamos duas


aplicações fundamentais das derivadas.
1.Inclinação. A derivada de f é uma função que dá
a inclinação do gráfico de f em um ponto
(x, f(x)).
2.Taxa de Variação. A derivada de f é uma
função que dá a taxa de variação de f(x) em
relação a x no ponto (x, f(x)).

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1. Taxa média de variação

Existem várias aplicações na vida real


relativas às taxas de variação. Eis algumas:
velocidade, aceleração, taxas de crescimento
populacional, taxas de desemprego, taxas de
produção, taxas de fluxo de água, etc … Embora as
taxas de variação se refiram frequentemente ao
tempo, podemos estudar a taxa de variação de uma
variável em relação a qualquer outra variável.

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1. Taxa média de variação

Ao determinarmos a taxa de variação de


uma variável em relação a outra, devemos ter
cuidado em distinguir entre taxa de variação média
e taxa de variação instantânea. A distinção entre
essas duas taxas de variação é análoga à distinção
entre o coeficiente angular da secante por dois
pontos de um gráfico e o coeficiente angular da
tangente em um ponto.

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1. Taxa média de variação

Definição de Taxa Média de Variação

Se y = f(x), então a taxa média de variação


de y em relação a x no intervalo [a, b] é

f (b ) − f (a ) Δy
Taxa média de variação = =
b−a Δx

Note que f(a) é o valor da função no ponto


extremo esquerdo do intervalo, f(b) é o valor da
função no ponto extremo direito do intervalo, e
b – a é a amplitude do intervalo.
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1. Taxa média de variação

7
1. Taxa média de variação

Nos problemas aplicados, é importante


relacionar as unidades de medida para uma taxa de
variação. As unidades de Δy/Δx são “y unidades”
por “x unidades”. Por exemplo, se y é dado em
milhas e x em horas, então Δy/Δx é dada em milhas
por hora.

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1. Taxa média de variação

Exemplo 1: A concentração C (em miligramas por


mililitro) de um remédio na corrente sanguínea de
um paciente é monitorada a intervalos de 10
minutos durante 2 horas, com t dado em minutos,
conforme a tabela abaixo. Ache as taxas médias de
variação nos seguintes intervalos: a) [0, 10],
b) [0, 20] e c) [100, 110]

t 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

C 0 2 17 37 55 73 89 103 111 113 113 103 68

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1. Taxa média de variação

a) No intervalo [0, 10], a taxa média de variação é:

Valor de C no Extremo Direito

Valor de C no Extremo Esquerdo

ΔC 2−0 2
= = = 0,2 mg por mL/min
Δt 10 − 0 10

Amplitude do Intervalo

b) No intervalo [0, 20], a taxa média de variação é:

ΔC 17 − 0 17
= = = 0,85 mg por mL/min
Δt 20 − 0 20 10
1. Taxa média de variação

c)No intervalo [100, 110], a taxa média de variação


é:
ΔC 103 − 113 −10
= = = −1 mg por mL/min
Δt 110 − 100 10

As taxas de variação do Exemplo 1 são em


miligramas por mililitro por minuto porque a
concentração é medida em miligramas por mililitro
e o tempo é dado em minutos.
Concentração em miligramas por mililitro

ΔC 2−0 2
= = = 0,2 mg por mL/min
Δt 10 − 0 10
Taxa de variação em miligramas 11
Tempo em minutos por mililitro por minuto
1. Taxa média de variação

No Exemplo 1, a taxa média de variação é


positiva quando a concentração aumenta, e
negativa quando a concentração diminui. 12
1. Taxa média de variação

Uma aplicação usual da taxa média de


variação, consiste em achar a velocidade média de
um objeto em movimento retilíneo.
variação na distância
Velocidade média =
variação no tempo

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1. Taxa média de variação

Exemplo 2: Se um objeto é solto em queda livre de


uma altura de 100 pés e se a resistência do ar pode
ser desprezada, a altura h do objeto no instante t
(em segundos) é dada por

h = −16t 2 + 100,

conforme indicado na figura seguinte. Ache a


velocidade média do objeto nos intervalos:
a) [1; 2], b) [1; 1,5] e c) [1; 1,1].

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1. Taxa média de variação

15
1. Taxa média de variação

Podemos utilizar a equação de posição para


determinar as alturas em t = 1, t = 1,1, t = 1,5 e
t = 2, conforme a tabela abaixo.

h = −16t 2 + 100

t (em segundos) 0 1 1,1 1,5 2

h (em pés) 100 84 80,64 64 36

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1. Taxa média de variação

a) Para o intervalo [1; 2], o objeto cai de uma altura


de 84 pés para uma altura de 36 pés. Assim, a
velocidade média é
Δh 36 − 84 −48
= = = −48 pés/s
Δt 2 −1 1

b) Para o intervalo [1; 1,5], a velocidade média é


Δh 64 − 84 −20
= = = −40 pés/s
Δt 1,5 − 1 0,5

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1. Taxa média de variação

c) Para o intervalo [1; 1,1], a velocidade média é

Δh 80,64 − 84 −3,36
= = = −33,6 pés/s
Δt 1,1 − 1 0,1

No Exemplo 2, as velocidades são negativas


porque o objeto está se deslocando para baixo.

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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

Suponha, no Exemplo 2, que queiramos achar


a taxa de variação de h no instante t = 1 s, Essa
taxa é chamada taxa de variação instantânea.
Podemos aproximá-la em t = 1 calculando a taxa
média de variação em intervalos cada vez menores
da forma [1, 1 + Δt ], conforme a tabela seguinte.
Pela tabela, parece razoável concluirmos que a taxa
instantânea de variação da altura, quando t = 1, é
de -32 pés por segundo.

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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

Δt 1 0,5 0,1 0,01 0,001 0,0001 0

Δh/Δ
Δt -48 -40 -33,6 -32,16 -32,016 -32,0016 -32

O limite nesta definição é o mesmo que o


limite na definição da derivada de f em x. Esta é a
segunda interpretação da derivada – como taxa de
variação instantânea de uma variável em relação a
outra. Recorde que a primeira interpretação da
derivada é como inclinação do gráfico de f em x.
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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

Definição de Taxa Instantânea de Variação

A taxa instantânea de variação (ou


simplesmente taxa de variação) de y = f(x) em x é
o limite da taxa média de variação no intervalo
[x, x + Δx], quando Δx tende para zero.

Δy f ( x + Δx ) − f ( x )
lim = lim
Δx →0 Δx Δx →0 Δx

Se y é uma distância e x é o tempo, então a


taxa de variação é uma velocidade.
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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

Exemplo 3: Ache a velocidade do objeto do


Exemplo 2 quando t = 1.

Pelo Exemplo 2, sabemos que a altura de um


objeto em queda livre é dada por
h(t ) = −16t 2 + 100

Tomando a derivada desta função posição,


obtemos a função velocidade
h' (t ) = −32t

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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

A função velocidade dá a velocidade em um


instante arbitrário. Assim, quando t = 1, a
velocidade é h’(1) = -32(1) = -32 pés/s.

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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

Exemplo 4: No instante t = 0, um mergulhador


salta de um trampolim a 32 pés de altura,
conforme a figura seguinte. Como a velocidade
inicial do mergulhador é de 16 pés por segundo, sua
função posição é

h = −16t 2 + 16t + 32

a) Em que instante o mergulhador atinge a água?


b) Qual a velocidade do mergulhador no momento
do impacto?
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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

a) Para achar o instante em que o mergulhador


atinge a água, façamos h = 0 e resolvamos em
relação a t.

−16t 2 + 16t + 32 = 0 Fazendo h =0


−16(t 2 − t − 2) = 0 Colocando -16 em evidência
−16(t + 1)(t − 2) = 0 Fatorando
t = −1 ou t = 2 Resolvendo em relação a t

A solução t = -1 não tem sentido no


problema; concluímos, pois, que o mergulhador
atinge a água quando t = 2 segundos.
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2. Taxa instantânea de varia-
ção e velocidade instantânea

b) A velocidade no instante t é dada pela derivada

h' = −32t + 16 Função velocidade

No instante t = 2, a velocidade é

h' = −32(2) + 16 = −48 ft/s.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Outra aplicação importante das taxas de


variação ocorre no campo da Economia. Os
economistas se referem a lucro marginal, receita
marginal e custo marginal como as taxas de
variação do lucro, da receita e do custo em relação
ao número x de unidades produzidas ou vendidas. A
equação que relaciona essas três grandezas é
P = R −C
onde P, R e C representam:
P = lucro total, R = receita total C = custo total.
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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

As derivadas dessas grandezas chamam-se


lucro marginal, receita marginal e custo marginal,
respectivamente.

dP dR dC
= lucro marginal = receita marginal = custo marginal
dx dx dx

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Em muitos problemas de administração e


economia, o número de unidades produzidas ou
vendidas está restrito a valores inteiros positivos,
conforme indicado na figura seguinte.
Naturalmente, uma venda pode envolver metade ou
outra fração de unidades, mas é difícil conceber
uma venda que envolva 1,41 unidades. A variável
que denota tais unidades é chamada variável
discreta.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Para analisar uma função de uma variável


discreta x, podemos admitir provisoriamente que x
seja uma variável contínua, capaz de tomar
qualquer valor real em um dado intervalo.
Utilizamos então os métodos do cálculo para achar
o valor de x que corresponde à receita marginal, ao
lucro máximo, ao custo mínimo ou o que quer que
seja. Finalmente, devemos arredondar a solução
para o valor mais próximo cabível de x – centavos,
dólares, unidades, ou dias, dependendo do
contexto do problema.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Exemplo 5: O lucro resultante da venda de x


unidades de um artigo é dado por P = 0,0002x3 +
10x.
a) Ache o lucro marginal para um nível de produção
de 50 unidades.
b) Comparar com o aumento do lucro decorrente
do aumento de produção de 50 para 51 unidades.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

a) Como o lucro é P = 0,0002x3 + 10x, o lucro


marginal é dado pela derivada
dP
= 0,0006 x 2 + 10.
dx

Quando x = 50, o lucro marginal é

dP
= 0,0006 ⋅ (50)2 + 10 = 1,5 + 10 = $11,50 por unidade
dx

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

b) Para x = 50, o lucro efetivo é

P = 0,0002 ⋅ (50)2 + 10 ⋅ (50) = 25 + 500 = $525,00

e para x = 51, o lucro efetivo é

P = 0,0002 ⋅ (51)2 + 10 ⋅ (51) = 26,53 + 510 = $536,53

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Assim, o lucro adicional obtido pelo aumento


do nível de produção de 50 para 51 unidades é

$536,53 − $525,00 = $11,53 Lucro extra para uma unidade

Note que o aumento efetivo de lucro de


$11,53 (quando x aumenta de 50 para 51 unidades)
pode ser aproximado pelo lucro marginal de $11,50
por unidade (quando x = 50), conforme a figura a
seguir.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

A razão por que o lucro


marginal dá uma boa aproximação
da variação efetiva do lucro é que
o gráfico de P é quase uma linha
reta no intervalo 50 ≤ x ≤ 51.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

A função lucro do Exemplo 5 não é comum


pelo fato de o lucro continuar a crescer na medida
em que aumenta o número de unidades vendidas.
Na prática, são mais comuns situações em que só
se consegue aumentar a venda reduzindo-se o
preço unitário. Tais reduções acabam por causar
uma queda no lucro.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

O número de unidades x que os


consumidores se interessam em comprar a um
certo preço unitário p é dado pela função demanda
p = f(x) Função demanda
A receita total R está então relacionada com
o preço unitário e a quantidade procurada (ou
vendida) pela equação
R = xp Função receita

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Exemplo 6: Um estabelecimento comercial vende


2.000 itens por mês ao preço de $10 cada. Estima-
se que as vendas mensais aumentem de 250
unidades para cada $0,25 de redução no preço.
Com esta informação, determine a função demanda
e a função receita total.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Pela estimativa, x aumenta de 250 unidades


cada vez que p sofre uma redução de $0,25 a
partir do custo original de $10. Temos, assim, a
equação
 10 − p 
x = 2.000 + 250 ⋅  
 0,25 
= 2.000 + 10.000 − 1.000 p
= 12.000 − 1.000 p
Resolvendo em relação a p em termos de x,
obtemos

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

x = 12.000 − 1.000 p
1.000 p = 12.000 − x
x
p = 12 −
1.000

Isto, por seu turno, implica que a função


receita é
2
 x  x
R = xp = x ⋅  12 −  = 12 x −
 1.000  1.000

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

A Figura acima exibe o gráfico da função


demanda. Note que o preço diminui na medida em
que aumenta a demanda.
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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Exemplo 7: Um restaurante de refeições ligeiras


constatou que a demanda mensal por seus
hambúrgueres é dada por

60.000 − x
p=
20.000

A figura seguinte mostra que, na medida em


que o preço cai, a quantidade vendida aumenta. A
tabela abaixo mostra a procura por hambúrgueres
a diversos preços.
x 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0

p $0,00 $0,50 $1,00 $1,50 $2,00 $2,50 $3,00 44


3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Ache o aumento na receita por hambúrguer


para uma venda mensal de 20.000 unidades. Em
outras palavras, ache a receita marginal quando
x = 20.000. 45
3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Como a demanda é dada por

60.000 − x
p= ,
20.000

a receita é dada por R = xp, e temos

 60.000 − x  1 2
R = xp = x ⋅   = (60.000 x − x ).
 20.000  20.000

Diferenciando, obtemos a receita marginal:


dR 1
= (60.000 − 2 x ).
dx 20.000
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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Assim, quando x = 20.000, a receita marginal é

dR 1 20.000
= [ 60.000 − 2(20.000)] = = $1 por unidade.
dx 20.000 20.000

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

É convenção na Economia escrever uma


função demanda na forma p = f(x). Do ponto de
vista do consumidor, poderia parecer mais razoável
supor a quantidade procurada como função do
preço. Matematicamente, entretanto, os dois
pontos de vista se equivalem, porque uma função
demanda típica é um a um e, assim, possui uma
inversa. Por exemplo, no Exemplo 7 poderíamos
escrever a função demanda como
x = 60.000 – 20.000p

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Exemplo 8: Suponhamos que, no Exemplo 7, o custo


da produção de x hambúrgueres seja

C = 5.000 + 0,56 x, 0 ≤ x ≤ 50.000.

Determine o lucro e o lucro marginal para os


seguintes níveis de produção: a) x = 20.000,
b) x = 24.000 e c) x = 30.000.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Pelo Exemplo 7, sabemos que a receita total


da venda de x unidades é
1
R= 60.000 x − x 2 .
( )
20.000

Como o lucro total é dado por P = R – C,


temos:
1
P= 60.000 x − x 2 − (5.000 + 0,56 x )
( )
20.000
x2
= 3x − − 5.000 − 0,56 x
20.000
x2 50
= 2,44 x − − 5.000.
20.000
3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Assim, o lucro marginal é

dP x
= 2,44 −
dx 10.000

Com o auxílio destas fórmulas, podemos


calcular o lucro e o lucro marginal.

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

Produção Lucro Lucro Marginal


dP
a. x = 20.000 P = $23.800,00 = $0,44 por unidade
dx
dP
b. x = 24.400 P = $24.768,00 = $0,00 por unidade
dx
dP
c. x = 30.000 P = $23.200,00 = −$0,56 por unidade
dx

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3. Taxas de variação em
Economia: funções marginais

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