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Dedicação

Ao investigador pós-explosão e técnico em bombas, por tudo aquilo que vocês


executam e os sacrifícios que você fazem.

vii
Nota do Editor

Este livro-texto é parte da série intitulada Aspectos Práticos da Investigação


Criminal e Forense. Esta série foi criada por Vernon J. Geberth, tenente comandante
(aposentado) do Departamento de Polícia da Cidade de Nova Iorque, que é autor, educador e
consultor em homicídios e investigações forenses.
Esta série foi projetada para prover informação contemporânea, inclusive e
pragmática para o profissional envolvido nas investigações criminais e forenses, por autores e
peritos que são nacionalmente reconhecidos em seus respectivos campos.

ix
Prefácio

Um sol quente do Alabama queimava minha cabeça enquanto eu me ajoelhava no


campo gramado. O suor pingava em meus olhos enquanto eu lutava continuamente para segurar a
faca. De repente, um flash de luz branca ofuscante e o barulho alto estourando sinalizou meu
fracasso. Uma voz austera anunciou que eu estava morto e chamou o próximo aluno. O cheiro de
fumaça de uma lâmpada quente induziu minha detonação acidental da bomba — um dispositivo
de treinamento de fato — mas de todo modo idêntico a uma bomba caseira que recentemente
havia destruído um palácio de justiça.
O local era a Escola de Dispositivos Perigosos no Arsenal Redstone do Exército dos
EUA em Huntsville, Alabama. A época era o final de 1970. A sociedade estava sendo
ameaçada por bombas caseiras e lidar com "dispositivos explosivos improvisados" tornou-
se apenas mais uma tarefa para policiais. Fundada pelo FBI, the Escola de Dispositivos Perigosos
foi aberta em 1971 para treinar os socorristas, policiais e bombeiros da America que
enfrentavam o aumento das ameaças mortais de grupos terroristas domésticos.
Mais de três décadas depois, dispositivos explosivos improvisados ainda são as
armas de escolha dos inimigos. Apesar dos avanços tecnológicos na arte da guerra moderna e
criminalística, a assimetria adversária da atualidade está utilizando dispositivos explosivos
improvisados com devastadora efetividade. Considerem as profundas consequencias políticas do
trem bomba de 11 de março de 2004 em Madri. Dez explosões iniciadas por telefones celulares
mataram 191 e feriram mais de 1.800. Dentro de poucos dias, o governo espanhol foi
desempossado. Os londrinos reavaliaram as medidas de segurança estratégica depois das explosões
do metrô no dia 7 de julho de 2005, que mataram 52. Em uma era em que munições teleguiadas
extremamente precisas podem ser lançadas de mais de 15.000 metros e acertar um carro em
movimento, o inimigo ainda pode retaliar efetivamente com uma bomba enterrada ao lado de uma
rodovia.
O campo de batalha na atual guerra global contra o terrorismo encontra os militares
equipados como nunca antes. Mais ainda, nunca houve um tempo mais crítico em nossa história por
informação e compartilhamento de inteligência. As lições de anos de experiência lidando com
xi
dispositivos explosivos improvisados, sistemas detonadores, explosivos, e investigações do
cenário de bomba, devem ser repassda para os combatentes de hoje, que enfrentam novos
dilemmas na defesa de nossa pátria. Quem melhor para fazer isso do que um vetereano do FBI
que trabalhou no desastre de Lockerbie do voo 103 da Pan Am em 1988 e se tornou um dos mais
respeitados peritos em bomba da nação?
O livro de Tom Thurman será tão duradouro quanto o desafio de derrotar o
terrorismo. Ele combinou anos de experiência prática com credenciais acadêmicas para criar o
mais puro livro-texto que captura a essência das investigações pós-explosão, teoria e dinâmica de
explosivos, estudos forenses envolvendo bombas e até possui um capítulo que aborda dispositivos
químicos e radiológicos. Thurman talvez tenha coletado a série mais abrangente de fotografias,
diagramas e gráficos relacionados com bombas em um único livro. Considerando sua extensa
rede global network de peritos explosivos, a coleção de fotografia de Thurman é um guia
inestimável para identificar arsenal militar. Em uma sistemática simples de se entender, Tom leva
o leitor passo a passo através dos críticos estágios da análise do cenário do crime e preservação das
evidências. Este livro é de leitura obrigatória não só para profissionais civis e militares, mas
também para acadêmicos, politicos e a mídia, que procuram entender a ameaça de bombas
improvisadas e dispositivos destrutivos.
Em resumo, este é o livro certo na hora certa, escrito pelo perito certo, para tratar
presentes e futuros desafios encarados por profissionais da segurança nacional. Thurman tem
apresentado ao público um tesouro de uma vida de estudos que tem o potencial de salvar vidas,
derrotar criminosos e neutralizar terroristas.

Jeffrey H. Norwitz
Professor, Escola de Guerra Naval – EUA
Agente Especial, Serviço Investigativo Criminal Naval

xii
Agradecimentos

Palavras somente não podem adequadamente expressar minha sincera gratidão a


meus colegas pela inestimável assistência que me foi dada na preparação deste livro. De fato, esta
assistência começou há muitos anos atrás em minha preparação para uma carreira como técnico de
descarte de bombas e, ultimamente, como examinador de dispositivos perigosos e investigador
pós-explosão. O Sargento de Primeira Classe John Flynn e o Sargento Master John Summers me
ensinaram a ser um efetivo técnico em bombas. Obrigado pela paciência e por compartilharem
seus conhecimentos. Obrigado a Fred Smith, agora aposentado da Chefia da Unidade de
Explosivos do Laboratório do FBI, por acreditar em mim e me auxiliar na mudança do exército
para o FBI, e a Stuart Case, também da Unidade de Explosivos como Chefe da Unidade, por me
trazer ao Laboratório do FBI e me proporcionar as oportunidades de centenas de vidas. Eu
sinceramente espero que vocês aceitem este livro como pagamento parcial por tudo que vocês me
ensinaram como investigador pós-explosão. Alguém precisa existir por muito tempo antes de dar
algo de volta ao programa do qual veio. Também, obrigado aos meus colegas, meus amigos no
Laboratório, Denny Kline e Chris Ronay, por me guiarem pelos complexos processos de inspeção
e identificação de componentes de artefatos explosivos improvisados (AEI). Que o vento sempre
sopre a favor de vocês.

A Danny Defenbaugh, um sincero reconhecimento por me levar às profundezas


das crateras de bombas e me explicar a delicada arte e ciência da investigação e reconstrução do
cenário de bomba. A Wally Higgins, Tom Mohnal, Rick Hahn, Dave Williams, Paul Schrecker e
Al Jordan, o apoio e amizade de vocês são valiosos. Também, uma sincera estima a Nick, Greg e
Mike por me tolerarem na unidade. Eu devo tanto a estes verdadeiros profissionais.

A meus colegas na Eastern Kentucky University, Bill Abney, Ron Hopkins e Bill
Hicks, obrigado por me aceitarem na irmandade de fogo e me ajudarem ao ambiente acadêmico e
às aulas. A perspectiva de vocês acerca do processo investigativo é evidente através deste livro.
Sem o encorajamento de vocês, este livro não teria sido possível.

xiii
Eu serei grato para sempre aos seguintes indivíduos que dedicaram seu valioso
tempo para revisaram o manuscrito e oferecerem conselhos e recomendações para melhorias:

Jeff Norwitz, professor da Escola de Guerra Naval e Agente Especial do Serviço


Investigativo Naval, por seu encorajamento, sugestões e voluntariado para preparar o prefácio
deste livro.
Paul Cooper, engenheiro de explosivos aposentado do Laboratório Nacional
Sandia e consultor, por sua revisão e contribuições do material contido no Capítulo 1. Como foi
seu pai, você é um grande engenheiro!
Bob Hopler, técnico em explosivos, aposentado da Hercules Powder Company,
Ireco e Dyno Nobel e a principal autoridade da história da indústria fabricante de explosivos dos
EUA, por prover a precisão técnica relative à identificação dos explosivos e seus
desenvolvimentos históricos. Sim, eu apreciei todas as suas correções e acréscimos.
Ao agente especial aposentado do FBI David Heaven e ex-administrador do
Centro de Dados de Bombas da Escola de Dispositivos Perigosos, por sua revisão e sugestões
relativas a o que deveria e não deveria ser publicado em relação aos componentes de um AEI
no Capítulo 3.
Ao químico forense do Laboratório do FBI Ron Kelly e agente especial
aposentado do FBI Frank Doyle, antigamente da Divisão de São Francisco, coordenados da
Equipe de Resposta a Evidências do FBI e técnico em bombas do FBI, por suas várias horas de
revisão dos procedimentos da investigação pós-explosão. Suas recomendações e correções
foram corretas e muito apreciadas; também, Ron, por suas correções e por me manter no rumo
no que tange às capacidades do laboratório.
Coronel Bob Leiendecker, oficial aposentado do Descarte de Arsenal Explosivo
(EOD) do Exército dos EUA, hsitoriador military e especialista em inteligência técnica, não
apenas por fazer uma profunda revisão profissional do capítulo relativo a arsenal militar mas
por abrir sua casa e museu para mim, e por prover os nomes dos explosivos contidos no Anexo
B. Bob, qualquer sucesso do Capítulo 6 em auxiliar investigadores a evitarem os perigos
associados com arsenal militar não explodido pode ser diretamente atribuído a seu suporte e
recomendações.

xiv
Houve muitas outras pessoas que tiveram influência direta na conclusão deste
livro. Minha gratidão vai para: Matt Nelson por seus extraordinários diagramas preparados para
o Capítulo 4; Coronel Jack Edwards, ofiical aposentado do Exército dos EUA e técnico em
EOD; John Capers, da Austin Powder Company; Rana Weaver, da New Mexico Tech; Chris
Radcliffe e Teresa Snow da Eastern Kentucky University, por suas muito necessárias fotografias
e ilustrações; Dan Dougherty por sua assistência na preparação da planilha de explosivos; Kirk
Yeager da Unidade de Explosivos do FBI por sua revisão; Lucas Tinsley por sua assistência
fotográfica e por ter ficado no quente verão do Kentucky; e Sabrina Paris da Pearson Education,
Inc., por sua permissão de uso da Figura 1.1 adaptada da Reconstrução Forense do Cenário
de Fogo por David Icove e John DeHaan, publicado em 2004. Caso tenha omitido alguém, favor
desculpe minha omissão, pois não foi intencional.

E finalmente, a minha família, especialmente minha esposa, obrigado por seu


encorajamento, apoio e entendimento por ter descuidado de todos vocês durante a preparação
deste livro.

xv
(Página em branco)

xvi
O Autor

James T. Thurman trabalhou no ramo de explosivos por mais de trinta anos,


primeiro como técnico em descarte de bombas do Exército e depois como agente especial do FBI.
Como agente especial supervisor do Laboratório do FBI, ele examinou forensicamente os restos
explodidos de centenas de dispositivos explosivos improvisados e viajou extensivamente pelos
Estados Unidos e o mundo para coletar evidências e conduzir investigações do cenário de bomba.
Suas investigações incluíram os ataques à Embaixada dos EUA no Líbano em 1983 e 1984, o
ataque ao quartel da Marinha,também no Líbano em 1983, a explosão do voo 103 da Pan
American sobre Lockerbie, na Escócia, os ataques mortais do Juíz Federal Robert Vance no
Alabama e do procurador Robert Robinson na Georgia em 1989, e os ataques em 1993 contra o
World Trade Center em Nova Iorque. Antes de se aposentar do FBI em 1998, Thurman era o chefe
do Centro de Dados de Bombas, cujas responsabilidades incluíam o treinamento de todos os
técnicos em descarte de bombas da segurança pública nos Estados Unidos.
Thurman tem palestrado e continua a palestrar e ministrar treinamento dos
métodos de investigação do cenário de bomba e e evitação de explosivos para escolas e públicos
internacionais e domésticos. Ele é membro de várias organizações profissionais, incluindo a
Associação Internacional de Técnicos e Investigadores de Bombas (IABTI), como conselheiro, e
a Sociedade Internacional de Engenheiros de Explosivos (ISEE). Thurman é um Investigador
Certificado de Incêndio e Explosão (CFEI) e Investigador Certificado de Incêndio em Veículo
(CVFI) sob a Associação Nacional dos Investigadores de Incêndio (NAFI). Como membro de
vários conselhos de planejamentos nacionais, ele participou na preparação de dois guias das
melhores práticas publicados pelo Departamento de Jusitça dos EUA – Investigação do Cenário
do Crime: Um Guia para Policiais e Um Guia para Investigação do Cenário de Explosão e Bomba.
Adicionalmente, ele é o presidente do comitê de Treinamento e Educação para o Grupo de
Trabalhos Técnicos de Incêndios e Explosões (TWGFEX) sob o Centro Nacional de Ciência
Forense da Central Florida University.
Thurman atualmente é professor associado da Eastern Kentucky University,
lecionando um programa acadêmico único, Incêndio, Incêndio Proposital e Investigação da
Explosão. Ele possui Bacharelado em Ciências Humans pela Eastern Kentucky University e um
Mestrado em ciência forense pela George Washington University.

xvii
Introdução

Como exaurido no palco internacional, as notícias matinais continuam as mesmas.


Dia após dia. Um homem-bomba suicida aqui. Um carro-bomba ali. A maioria com a perda de
vidas e as famílias deixadas para proverem suas próprias subsistências. Esta é a era da bomba, não
necessariamente da bomba nuclear, mas do artefato explosivo improvisado (AEI), e terroristas
transnacionais têm agarrado sua utilidade. Entretanto, nos EUA, o uso de um dispositivo explosivo
não está necessariamente relacionado com atos terroristas, mas é usado por vingança ou por pura
brincadeira de mau gosto. Com milhares de bombas ou usadas ou desarmadas, não importa se
um evento é classificado como ato terrorista ou não, para aqueles afetados por estes AEI’s. Uma
bomba é uma bomba – e a motivação se torna secundária ao dano e destruição. Como tal, é
responsabilidade do técnico em bombas e do investigador do cenário de bomba em juntarem
forças para proteger o público e identificar e remover os fabricantes de bombas da sociedade.
É essencial para os investigadores de bombas estarem preparados para o desafio
qundo enfrentam a tarefa aparentemente impossível de localizarem evidências entre o entulho
deixado por uma explosão. Muitos erroneamente acreditam que nda sobrevive à explosão e muito
pouca coisa pode ser obtida de uma investigação metódica e demorada do cenário. Entretanto,
pesquisa tem revelado que mais de 90%, por peso, dos componentes, menos os explosivos, de fato
sobrevivem à explosão. Compreensivelmente, estes componentes não estão em sua condição
identificável original. Isto, então, se torna uma de nossas tarefas: ensinar os investigadores a
entenderem que evidências valorosas sobrevivem à explosão.
Este livro foi escrito para o investigador do cenário de bomba, o técnico em
evidências, o examinador no laboratório, o analista de inteligência, o soldado na patrulha e o
agente de segurança pública, seja o policial ou o bombeiro, nas ruas. Em essência, seu objetivo é
prover em um local os métodos utilizados para localizar e preservar evidências recuperadas no
cenário pós-explosão para eventual uso em um tribunal de Justiça.
Adicionalmente, este livro provê procedimentos de fácil entendimento, passo-a-
passo, para administrar e processar o cenário de bomba ao suprir as práticas necessárias ao
investigador para encontrar a evidência e fazer sentido daquilo que for encontrado no cenário.
Como tal, este livro não é apenas um mapa de conhecimento em como encontrar e coletar
evidência, mas também em como acessar o cenário segura e eficazmente.

xix
Todos os cenários de crime têm uma história para contar. Entender a linguagem do
cenário de bomba é o propósito deste livro. Adicionalmente, aborda os métodos utilizados para
determinar se outros tipos de materiais de destruição em massa (radiológicos, químicos ou
biológicos) ou arsenal militar foram empregados no cenário.
Embora os procedimentos investigativos do cenário como aqui detalhados possam
ser utilizados para cenários de bomba pequenas e grandes, este trabalho não aborda os
procedimentos administrativos a serem empregados após um pesado ataque com bombas, como o
do Edifício Federal Alfred Murrah na Cidade de Oklahoma no dia 19 de abril de 1995. Também,
este livro não contém informação sobre os métodos para montage de um dispositivo improvisado.
Está incluída uma descrição detalhada dos componentes, mas não em como construir um
dispositivo ou a improvisação de explosivos utilizados. Muito desta informação já está disponível
no Mercado mundial através da Internet e várias publicações. Eu não pretendo adicionar nada a
este material de dados de fabricação.
Bombas são uma ferramenta singular de um tipo específico de criminoso, e a
investigação destes crimes requer conhecimento excepcional. O leitor é encorajado a iniciar um
estudo próprio nestas páginas e manter as habilidades necessárias para elucidar estes crimes
horríveis.

xx
Sumário

1 Teoria e Dinâmica da Explosão 1

1.1 Introdução 1
1.2 O Método Científico 2
1.3 Explosivos 5
1.4 Tipos de Explosivos 6
1.5 Classificação e Sensibilidade dos Explosivos 14
1.6 Desempenho do Explosivo 17
1.7 Trens de Fogo 18
1.8 Características Adicionais dos Explosivos 20
1.9 Controle de Explosivos e Detecção de Explosivos 25
1.10 Explosões 28
1.10.1 Tipos de Explosões 28
1.10.2 Efeitos da Explosão 29
1.11 Investigação do Cenário de Explosão 39
Sumário 39
Questões de Revisão 40
Referências e Leitura Adicional 40

2 Identificação e Reconhecimento de
Explosivos Comerciais e Militares 43

2.1 Introdução 43
2.2 Uma Breve História sobre Explosivos 44
2.3 Baixo Explosivos 48
2.3.1 Pólvora Negra 49
2.3.2 Pirodex 51
2.3.3 Pólvora de Flash Fotográfico 52
2.3.4 Pólvora Sem Fumaça 53
2.4 Alto Explosivos Comerciais 60
2.4.1 Explosivos Primários 62
2.4.1.1 Azida de Chumbo 62
2.4.1.2 Estifanato de Chumbo 62
2.4.1.3 Fulminato de Mercúrio 62

xxi
2.4.1.4 Diazodinitrofenol (DDNP) 63
2.4.1.5 Tetrazeno 63
2.4.2 Explosivos Secundários 63
2.4.2.1 Nitrato de Amônio 63
2.4.2.2 Nitroglicerina (NG) 67
2.4.2.3 Trinitrotolueno (TNT) 68
2.4.2.4 Tetranitrato de Pentaeritritol (PETN) 69
2.4.2.5 Ciclo-Trimetileno-Trinitramina RDX 69
2.4.2.6 Dinamite 69
2.4.2.7 Nitrato de Amônio e Óleo Combustível (ANFO) 76
2.5 Produtos à Base de Água 79
2.5.1 Explosivos Géis Aquosos ou Pasta Fluida 79
2.5.2 Emulsões Explosivas 81
2.6 Boosters (ou Reforçadores) 84
2.7 Explosivos Binários 87
2.8 Folhas Explosivas 88
2.9 Explosivos Estrangeiros 88
2.10 Explosivos Militares Americanos 92
2.10.1 Cargas TNT 92
2.10.2 Composto 4 (C-4) 92
2.10.3 Folhas Explosivas 94
2.10.4 Dinamite Militar 94
2.11 Explosivos Improvisados 95
2.12 Sistemas e Componentes de Iniciação 97
2.12.1 Iniciadores 99
2.12.1.1 Estopim de Segurança 99
2.12.1.2 Acendedor de Estopim 100
2.12.1.3 Cordel Detonante 102
2.12.1.4 Tubo de Choque 102
2.12.1.5 Detonador 105
2.12.1.6 Espoletas 107
2.12.1.7 Detonadores Tubo de Choque 108
2.12.1.8 Espoletas elétricas 111
2.12.1.9 Detonadores Eletrônicos 113
2.12.1.10 Detonadores Explosivos Bridgewire (EBW) 114
2.12.1.11 Rojões 116
2.12.1.12 Fósforos Elétricos 116
2.13 Sumário do Capítulo 117
Questões de Revisão do Capítulo 119
Referências e Leitura Adicional 119

xxii
3 Componentes de Artefaots Explosivos Improvisados —
Identificação Pré e Pós-Explosão 121

3.1 Introdução 121


3.2 Artefatos Explosivos Improvisados (AEI’s) 123
3.2.1 Fatores que Afetam a Construção de um AEI 123
3.2.2 Componentes Básicos do AEI 125
3.2.3 Efeito Primário por Tipo de AEI 125
3.2.4 Aparência de um AEI 129
3.2.5 Componentes do AEI 131
3.2.5.1 Iniciadores 132
3.2.5.2 Invólucros/recipientes 132
3.2.5.3 Componentes Elétricos 145
3.2.5.4 Mecanismos para Cronometragem 155
3.2.5.5 Fragmentação-Estilhaço 158
3.2.5.6 Adesivos 159
3.2.5.7 Fita 159
3.2.5.8 Madeira 160
3.2.5.9 Papel 160
3.2.5.10 Prendedores/grampos 161
3.2.5.11 Fiação não-elétrica 162
3.3 Sistemas Detonadores 162
3.4 O Processo Investigativo 167
3.5 Sumário do Capítulo 170
Questões de Revisão do Capítulo 171
Referências 171

4 A Investigação do Cenário da Explosão e


Coleta de Evidência 173

4.1 Introdução 173


4.2 Sumário Investigativo 175
4.2.1 Resposta Inicial 175
4.2.2 Avaliação do Cenário da Explosão 186
4.2.2.1 Avaliação e Estabelecimento dos
Perímetros do Cenário, Interno e Externo,
e Segurança do Cenário 187
4.2.2.2 Estabelecimento de um Local para o Posto
de Comando da Equipe de Investigação do
Cenário do Crime 188

xxiii
4.2.2.3 Estabelecimento dos Procedimentos de
Documentação para Controle do Pessoal
Entrando e Saindo do Cenário 188
4.2.2.4 Estabelecimento de Rotas de Entrada e
Saída para Membros da Equipe de
Investigação do Cenário do Crime 188
4.2.2.5 Estabelecimento de Áreas de Movimento para
Membros da Equipe 189
4.2.2.6 Segurança (até onde for Possível) para
Entrada da Equipe de Investigação 189
4.2.2.7 Nível de Assistência Investigativa e
Recursos Necessários 190
4.2.2.8 Se for Necessário um Mandado
ou Permissão para Busca 190
4.2.2.9 Quais os Procedimentos de Documentação
Que Serão utilizados para Coleta, Controle
e Cadeia de Custódia 191
4.2.2.10 Quais os Procedimentos que Serão
Utilizados para Impedir a Contaminação
do Cenário 191
4.2.2.11 Identificar Itens de Possível Evidência 191
4.2.2.12 Tentativa de Localizar o Epicentro da
Explosão 193
4.2.2.13 Recursos de Pessoal, Suprimentos e
Equipamentos 203
4.2.3 Entrando no Cenário (Investigação do Cenário) 206
4.2.3.1 Entrando no Cenário 209
4.2.4 Documentação do Cenário da Explosão 210
4.2.5 Onde Encontrar Evidência no Cenário de Bomba 237
4.2.6 Como Encontrar Evidência no Cenário de Bomba 240
4.2.7 Como Coletar Evidência no Cenário de Bomba 251
4.2.7.1 Situações Especiais para Coleta de Evidência 259
4.2.8 Inspeção Final 260
4.2.9 Liberação do Cenário 262
4.2.9.1 Submissão da Evidência ao Laboratório 263
4.2.10 A Investigação de Campo (ou Externa) 265
4.2.10.1 Onde Iniciar a Investigação de Campo 267
4.3 Resumo do Capítulo 272
Questões de Revisão do Capítulo 273
Referências e Leitura Adicional 274

xxiv
5 O Investigador do Cenário de Bomba e Armas
De Destruição em Massa 275

5.1 Introdução 275


5.2 Tipos de ADM 276
5.3 Materiais Nucleares, Biológicos e Químicos 280
5.3.1 Materiais Nucleares 281
5.3.2 Materiais Biológicos 287
5.3.2.1 Microorganismos Biológicos
Classificações 288
5.3.3 Agentes Químicos 296
5.4 ADM: Riscos 304
5.5 Determinando a Presença de ADM 305
5.6 Métodos de Proteção de ADM 314
5.7 Pontos Chaves para Investigação do Cenário de ADM 316
5.7.1 Determinar Se Uma ADM Foi Usada 317
5.7.2 Garantir o Controle e Segurança do Cenário 317
5.7.3 Garantir que Métodos Apropriados de Proteção
Sejam Empregados 318
5.7.4 Tratar dos Riscos Imediatos da Segurança à Vida 318
5.7.5 Contatar as Agências Apropriadas Externas
Para Assistência 319
5.7.6 Preservar Potentiais Evidências 321
5.8 Resumo do Capítulo 322
Questões de Revisão do Capítulo 323
Referências e Leitura Adicional 323

6 Uma Introdução para a Identificação de


Arsenal Militar 325

6.1 Introdução 325


6.2 Definições 328
6.3 Características Físicas do Arsenal Militar 330
6.4 Identificação dos Traços Característicos do Arsenal Militar 333
6.4.1 Arsenal Jogado 334
6.4.2 Arsenal Projetado 339
6.4.3 Arsenal Arremessado 356
6.4.4 Arsenal Colocado 364
6.5 Resumo do Capítulo 369
Questões de Revisão do Capítulo 370
Referências 370

xxv
7 Capacidades dos Laboratórios Forenses —
Lendo a Assinatura da Pessoa que Preparou a Bomba 373

7.1 Introdução 373


7.2 Capacidades do Laboratório para Exames de AEI’s 380
7.2.1 Reconstrução do Artefato 381
7.2.2 Análise do Resíduo Explosivo 383
7.2.3 Exames de Impressões Digitais Latentes 383
7.2.4 Análise de Materiais 384
7.2.5 Exames de Documentos 385
7.2.6 Exames de Marcas de Ferramentas 386
7.2.7 Exames Metalúrgicos 387
7.2.8 Análise de DNA 388
7.3 Lendo a Assinatura da Pessoa que Preparou a Bomba 390
7.3.1 Introdução 390
7.4 Revisão do Capítulo 394
Questões de Revisão do Capítulo 395
Referências e Leitura Adicional 395

Anexos

Anexo A 397
Anexo B 407
Anexo C 417
Anexo D 419
Anexo E 421
Anexo F 425
Anexo G 427
Anexo H 431
Anexo I 433
Anexo J 435
Anexo K 437
Anexo L 439
Anexo M 441
Anexo N 447

Índice 449

xxvi
1. Teoria e Dinâmica
Da Explosão

1.1 Introdução

Quando atenter a uma chamada ao cenário de uma aparente explosão, o


investigador precisa ter conhecimento de trabalho em um conjunto diverso de
disciplinas. Dentre estas se inclui a capacidade de avaliar o incidente para determinar
se, de fato, houve uma explosão, a capacidade para encontrar a evidência ou para
processar o cenário, e a capacidade de identificar componentes de bombas e a
dinâmica da explosão. A dinâmica da explosão envolve o que acontece quando uma
explosão é iniciada e os resultados de tal iniciação. Em outras palavras, considerando a
quantidade de explosivos com o método de iniciação ou sistema de detonação
adequado, quando uma explosão ocorre, quais são os resultados físicos observáveis?
Esta explanação ou conhecimento ajuda incomensuravelmente o investigador a
entender o que ele ou ela vê no local de uma explosão.

Dinamitadores de rochas sabem que para movimentar certa quantidade de


rochas vários fatores devem ser considerados: o tipo de rocha, métodos de perfuração,
tipo de explosivo a ser utilizado e o fim desejdo resultante da explosão, i.e., destina-se
a liberar o caminho para uma nova rodovia, extrair rochas de uma pedreira, ou remover
rochas de um local para construção? Eles começam com o conhecimento visando a um
resultado desejado. Entretanto, o investigador do cenário de bombas começa com o
resultado - entulhos fragmentados e a devastação em um local de explosão – e deve
trabalhar no sentido contrário para entender não apenas o que aconteceu para causar
aquele cenário, mas também como isso ocorreu. Um entendimento da teoria e dinâmica
da explosão ajudará ao investigador a formar uma teoria ou hipótese na busca por
estas respostas. Na verdade, mesmo com um entendimento da dinâmica da explosão
haverá ocasiões em que seus efeitos são difíceis de entender ou provocar uma
explicação. Similarmente, o dinamitador de rochas pode ter anos de experiência e

1
planejar a carga pormenorizadamente, mas às vezes os resultados não são os que
eram esperados. Às vezes os explosivos fazem coisas que nós não esperamos.

Este capítulo proverá um roteiro ao investigador para entender por que,


por exemplo, ocorre um quebra maciça de janelas, mas nenhum dano estutural, a
quarteirões de distância do local de um artefato explosivo aparentemente pequeno
contido dentro de um veículo em uma rua da cidade. Adicionalmente, este capítulo
definirá e explicará os termos que o investigador deve saber, incluindo explosão,
detonação, alto e baixo explosivos, alta ordem e baixa-ordem, velocidade de explosão
(VOE), velocidade de detonação (VOD) e explosivos. Também, este capítulo provê
uma descrição dos quatro tipos de explosivos e os efeitos esperados resultantes destas
explosões. Por fim, estudaremos vários trens explosivos ou sistemas de iniciação e o
uso especial de explosivos e várias configurações, tal como a carga moldada.

Este capítulo iniciará o processo de assentar a fundação para todos os


capítulos subsequentes para preparar o investigador a responder eficazmente ao
cenário de explosão. Para começar a assentar esta fundação, exige-se que o
investigador tenha um conhecimento de trabalho de vários termos associados com
explosivos e a resolução básica do problema ou modelo investigativo.

1.2 O Método Científico

No que tange a se conduzir uma investigação no cenário de crime pós-explosão, ou


para qualquer investigação, um modelo para resolução do problema deve ser
identificado, entendido e utilizado. Este modelo pode ser aplicado não apenas para
investigações, mas também para ciências sociais e comportamentais, atividades
comerciais e princípios de gerenciamento, e uma grande variedade de outras situações
para resolução de problema. O método cientíico é apenas um modelo que provê uma
abordagem sistemática para resolução de um problema. Como definido pelo Dicionário
Acadêmico Merriam-Webster's, o método científico é o princípio para a busca
sistemática do conhecimento envolvendo o reconhecimento e formulação de um
problema, a coleta de dados através da observação e experimento, e a formulação e
teste de hipóteses. Este método ou modelo, embora não necessariamente reconhecido
como tal ou incluído na nomenclatura do processo, tem sido utilizado pela comunidade
investigative por um longo período de tempo. De fato, o método é despercebidamente
utilizado todos os dias por cada um de nós, desde a hora em que acordamos pela
manhã, até quando vamos para a cama à noite. Portanto, é uma abordagem simples e
direta para resolução do problema, que pode ser usada por qualquer um,
indiferentemente se o usuário tem uma experiência científica ou não.

2
O método científico tem sete passos identificáveis: (1) identificar que o problema existe, (2)
definer o problema, (3) coletar dados empíricos, (4) analisar os dados através do raciocínio
indutivo, (5) desenvolver uma hipótese, (6) testar tal hipótese através do raciocínio dedutivo, e
(7) examinar as conclusões e estabelecer o curso de ação ou a causa do incidente. Como
forma de ilustração, temos a seguir um exemplo de uma aplicação prática do método científico
em um caso envolvendo uma explosão (Figura 1.1).

Antes que qualquer investigação possa ter início, é preciso haver um incidente ou
a notícia de uma explosão. O primeiro a responder ou o investigador não sabe se a notícia é
correta ou não, então ele ou ela irá para o cenário noticiado para determinar se há um
problema. Em algumas instâncias isto pode não ser tão fácil como se pensa. Entretanto, neste
exemplo é evidente que houve uma explosão, e os passos são:

1. O problema precisa ser definido, i.e., que tipo de explosão foi: a explosão de
um explosivo ou uma explosão ar-combustível, tal como uma explosão de gás
natural?
2. Dados empíricos (baseados na observação e experiência do investigador)
precisam ser coletados do cenário ao se examinar ou olhar para o cenário e fazer
entrevistas. Estes dados devem incluir as aparentes características físicas do
cenário resultantes da explosão.
3. A informação coletada é então analisada por raciocínio indutivo ou à luz do
conhecimento, treinamento e experiência do investigador.
4. Depois de a informação ser analisada, agora é possível se fazer uma teoria
ou hipótese para explicar o que aconteceu. Esta hipótese não pode ser baseada
em especulações, intuições ou fatos percebidos, mas somente em dados
empíricos que o investigador tenha coletado e analisado.
5. Neste caso, as características observadas no cenário são indicativas, mas
ainda não conclusivas a este ponto, de uma explosão de uma mistura de ar e gás
natural, i.e., uma explosão ar-combustível. O investigador agora testa a hipótese
de que foi uma explosão ar-combustível ao considerar todas as outras causas
lógicas da explosão. Este raciocínio dedutivo pose ser pelo uso da prática
cognitiva ou pela experimentação, tal como o teste efetivo. Essencialmente, o
investigador olha, por outro lado, para toda a informação coletada e a compara
com a hipótese. Os fatos corroboram para o critério de uma explosão ar-
combustível mais propriamente do que aqueles de uma detonação explosiva?
6. Se a resposta para o último item for sim, então se chega à conclusão de que
a explosão foi, de fato, causada por uma explosão ar-combustível. Se a hipótese
não puder ser suportada por teste ou raciocínio dedutivo, então uma nova
hipótese deve ser formulada. Esta nova hipótese poderia ser baseada na
reanálise dos dados existentes ou na coleta de novos dados ou dados adicionais
e a análise destes dados. O processo é repetido até que se chegue a uma
conlusão que possa resistir ao teste e examinação.

3
O método científico

Passo 1 - Reconhecer as necessidades


• Responder à explosão, proteger o cenário, avaliar recursos

Passo 2 - Definir o problema


• Delinear um plano investigative tentativa

Passo 3 - Coletar dados


• Descrever, obserar e documentar
• Fotografar, diagramar e coletar evidência

Passo 4 - Analisar os dados


• Testar prognósticos comconhecimento estabelecido
• Recomendar alterações na hipótese de trabalho

Passo 5 – Desenvolver uma hipótese de trabalho


• Develver uma hipótese de trabalho tentativa a partir da
análise dos dados

Passo 6 -Testar a hipótese de trabalho


• Comparar a hipótese com todos os fatos conhecidos e
testar os dados

Passo 7 – Selecionar a hipótese final


• Determinar a causa da explosão

Figura 1.1 Um fluxograma delineando como se aplica o método científico na


investigação do cenário de bomba. (Material derivado e adaptado com permissão do
NFPA 921-2004, Guide for Fire and Explosion Investigation, Copyright © 2004, National
Fire Protection Association, Quincy, MA 02269. Esta cópia reimpressa não é a posição
completa e oficial do NFPA acerca do assunto em referência, a qual é representada
somente pelo padrão em sua totalidade.

4
1.3 Explosivos

Um explosivo é qualquer composto químico ou mistura (material


energético) cujo propósito é funcionar por explosão. Explosivos reagem quimicamente
para produzirem calor, luz e gas e são normalmente substâncias sólidas ou líquidas que
estáo em um estado metaestável e são capazes de serem submetidas a uma rápida
reação química sem a adição de materiais externos, tal como o oxigênio atmosférico. A
reação pode ser iniciada por meios mecânicos (atrito), calor ou impacto de uma
detonação. Um composto químico é aquele no qual dois ou mais elementos são
quimicamente combinados ou ligados para formar uma nova substância, por exemplo,
nitroglicerina. As identidades das substâncias originais são perdidas nesta ligação
química. Uma mistura é a combinação de dois ou mais materiais para produzir uma
nova substância, mas neste caso, os componentes originais não perdem suas
identidades, por exemplo, pólvora negra; os componentes formam uma mistura mais
propriamente do que ligações químicas.
Para que um material seja classificado como um explosivo ele deve
atender critérios específicos, os quais incluem a presença de um oxidante e um
combustível em sua composição química. Muito simples, o explosivo precisa ter um
combustível para queimar e um oxidante para suportar a combustão. Alguns explosivos
têm componentes adicionais tais como um sensibilizador, por exemplo, nitroglicerina na
dinamite, mas o nitrato de amônio explosivo e óleo combustível (ANFO) tem somente o
combustível, óleo combustível e um oxidante (nitrato de amônio) como ingredientes.
Combustível é combustível, mas por que um explosivo precisa de uma fonte interna de
oxigênio? A explosão não pode, numa combustão rápida e instantânea, tirar oxigênio
da atmosfera ou área adjacent para suportar a combustão do combustível? Não! A
reação em uma explosão é tão rápida que é impossível para o ar ambiente fluir para
dentro da combustão rápido o suficiente para suportar sua queima. Adicionalmente, os
explosivos são geralmente necessaries para atuarem em áreas com pressão de ar
reduzida ou em um vácuo.
A proporção de oxidante para combustível em um explosivo é referenciada
como seu balance de oxigênio. Como se pode imaginar, a formulação ótima teria
proporções iguais de oxigênio e combustível. Entretanto, este não é o caso na maioria
dos explosivos, seja naqueles produzidos principalmente para aplicações comerciais ou
naqueles para uso militar. Explosivos comerciais deveriam ter basicamente uma msitura
50:50 devido à necessidade de minimizar a produção de gases tóxicos, tais como o
monóxido de carbono. Usualmente, pro esta razão os explosivos comerciais têm um
pouco mais de oxigênio (rico em oxigênio) do que combustíveis. É por esta razão que a
explosão da maioria dos explosivos comerciais produz fumaça, a qual é descrita na cor
branca. Como a maioria dos explosivos de aplicação militar (por exemplo, C-4) tem uma
porcentagem mais alta de combustível (ricos em combustível), normalmente carbono,
eles produzem fumaça de aparência preta.
5
1.4 Tipos de Explosivos

Existem dois tipos de explosivos: baixo explosivos e alto explosivos. Baixo


explosivos ou de deflagração são principalmente usados em suas aplicações
comerciais como propelentes (pólvora negra e pólvora sem fumaça), na iniciação de
sistemas (estopins de segurança), e em pirotécnicos, chamas, flashes e sinais
utilizando pólvora de flash com baixa energia. Para os criminosos, baixo explosivos têm
sido a carga escolhida para carregar bombas tubo. Alto explosivos são principalmente
usados para despedaçar outros materiais. Suas aplicações comerciais incluem
explosão de rochas, demolição de edifícios e carga de munições militares. Os
agressores com bombas nos EUA ocasionalmente usam alto explosivos em seus
aparatos. Quando usado como carga principal, tais aparatos usualmente produzem
resultados mais devastadores, com um aumento na perda de vidas.
Internationacionalmente, alto explosivos são os explosivos de escolha para uso em
artefatos explosivos improvisados (AEI‘s).

Tipos de Explosivos
• Baixo explosivos
• Alto explosivos

Baixo explosivos são misturas sólidas de substâncias químicas, que em


qualquer condição não podem suportar uma onda de detonação. Este tipo de explosivo
pode queimar na falta de ar ou em confinamento, mas quando confinado, pode queimar
para deflagração. O que isto significa: na falta de ar pode queimar para deflagração?
Baixo explosivos não precisam do ar atmosférico para queimar em um estado
estabilizado (i.e., não requer iniciação adicional) nem precisam de confinamento.
Entretanto, quando baixo explosivos são confinados, eles explodem ou, para usar outro
termo, deflagram. Deflagração é uma queima rápida, mais rápido do que a queima em
ar aberto do material, porém mais lenta do que a detonação ou explosão de alto
explosivos. É um fenômeno de superfície, com reação dos produtos voando do material
não reagente ao longo da superfície em velocidade supersônica. Por esta razão, o
confinemento é uma condição essencial para que um baixo explosivo exploda ou
deflagre. Para colocar de outra forma, a verdadeira deflagração sob confinamento é
uma explosão. Em confinamento, a reação aumenta a presão, a taxa de reação
(velocidade), e a temperatura. Exemplos de fabricação comercial incluem pólvora
negra, pólvora sem fumaça e Pyrodex®. Adicionalmente, centenas de formulações
improvisadas foram identificadas que são utilizadas na preparação clandestina de baixo
explosivos.
Velocidade da explosão (VOE) é a taxa pela qual a combustão viaja
através de uma quantidade confinada de baixo explosivos, ou a velocidade da reação.
Também pode ser descrita como a taxa de deflagração em um baixo explosivo. A VOE
6
é medida em pés ou metros por segundo, abreviado como ft/s ou m/s. Teoricamente, a
velocidade da reação de baixo explosivos é menor que a velocidade do som. A maioria
do material de referência usa o termo velocidade de detonação (VOD) em referência a
ambosm baixo e alto explosivos. Entretanto, como você verá na discussão seguinte
relativa a alto explosivos, VOD pode apenas se referir a alto explosivos e não a baixo
explosivos uma vez que baixo explosivos não suportam - e não podem suportar – uma
onda de detonação. Portanto, baixo explosivos não têm uma VOD – eles têm uma VOE.

Algumas das características associadas com baixo explosivos são: Uma


vez que a VOE está abaixo da velocidade do som, suas reações são subsônicas e não
podem suportar uma onda de detonação; o material é uma mistura de componentes;
pode ser iniciada pelo simples calor versus uma explosão ou detonação; e o
confinamento é necessário para uma explosão ou deflagração. Baixo explosivos por
sua natureza de serem muito sensíveis ao calor, choque (impacto) ou fricção, podem
ser iniciados por uma fraca fonte de calor, como um fósforo, mas usualmente alguns
tipos de estopim são utilizados. Entretanto, baixo explosivos também podem ser
iniciados por uma explosão, tal como um detonador para alto explosivos. Este tipo de
iniciação é comumente observado na preparação clandestina de bombas tubo
carregadas com baixo explosivos, tais como pólvora negra ou pólvora sem fumaça. O
confinamento, de uma forma ou de outra, é uma necessidade absoluta para que o baixo
explosivo deflagre. No uso comercial de explosivos, este confinamento é visto na forma
de uma arma alimentada pela boca do cano ou na cápsula de um cartucho. Entretanto,
uma grande quantidade de baixo explosivos pode deflagrar após iniciação em virtude
de seu próprio peso causado pelo confinamento.

Características dos Baixo Explosivos


Velocidade de explosão (VOE) é abaixo da velocidade do som
Reações são subsônicas
Não podem suportar uma onda de detonação
O material é uma mistura ou um propelente molecular tal como
pólvora sem fumaça
É necessário confinamento para uma explosão ou deflagração

Um alto explosivo é uma substância ou composto, que suporta uma onda


de detonação, sem considerar a condição do ambiente ou confinamento. Em outras
palavras, o confinamento não é uma exigência para que um alto explosivo funcione
adequadamente. Entretanto, quando confinado, sua velocidade de reação ou VOD
aumenta e tem a capacidade de produzir danos maiores do que alto explosivos não
confinados. Por exemplo, dinamite contida dentro de um tubo de metal tem a
capacidade de produzir mais danos do que a mesma quantidade não contida dentro de

7
um tubo, um efeito que é independente dos efeitos dos estilhaços mortais da
fragmentação de uma bomba tubo. Adicionalmente, a reação ou queima de alto
explosivos é supersônica dentro do explosivo. Isto é, a velocidade de reação dentro do
cartucho de explosivos é maior do que a velocidade do som ao nível do mar (330,7m/s).
Dinamite, ANFO, gel aquoso, emulsão, RDX, PETN e HMX são exemplos de alto
explosivos. Como os baixo explosivos, muitas formulações improvisadas de alto
explosivos têm sido utilizadas na facricação de AEI‘s, tais como os explosivos utilizados
no caminhão-bomba do Edifício Federal Murrah na Cidade de Oklahoma.

Alto explosivos detonam em velocidades acima de 1085 m/s.


Especialmente, suas características incluem: reações supersônicas (maior do que a
velocidade do som no produto) através do produto produzem e suportam uma onda de
detonação; eles detonam; o material é usualmente um composto; dependendo do tipo
de alto explosivo, ele pode ser iniciado por uma pequena chama ou atrito; não
necessita de confinamento para a detonação; e o resultado da explosão produz uma
alta brisância ou efeito estilhaço. Alto explosivos têm uma faixa muito ampla de
velocidades de detonação. Algumas dinamites "lentas" têm uma VOD tão baixa quanto
1828,8 m/s, enquanto o explosivo HMX de energia muito alta tem uma VOD acima de
8229,6 m/s. Os alto explosivos TNT, PETN, RDX e nitroglicerina são verdadeiros
compostos. Dinamites, géis aquosos e emulsões podem ou não serem compostos. A
maioria dos alto explosivos é iniciada com um detonador, o qual cria impacto suficiente
para a detonação. Entretano, explosivos primários, um tipo alto explosivo que sera
discutido em detalhes posteriormente, não necessita de mais energia do que uma
fagulha para detonatar.

Características dos Alto Explosivos


• Detonam em velocidades acima de 1005,8 m/s
• Suportam uma onda de detonação
• São geralmente um composto
• Não precisam de confinamento para a detonação

A detonação é uma combustão instantânea ou conversão de um sólido,


líquido ou gás em quantidades maiores de gás em expansão, acompanhada por calor,
impacto e barulho. A detonação é uma reação química violenta dentro de um composto
químico ou mistura mecânica, expandindo calor e pressão, que é produto do material
reagido sobre o material não reagido em velocidade supersônica. O resultado da
reação química é a aplicação de uma pressão extremamente alta no meio adjacente,
formando uma onda de choque propagadora, com velocidade supersônica. Devido à
velocidade da reação dentro do explosivo, alto explosivos detonam mais propriamente
do que deflagram quando eles explodem. Com relação aos alto explosivos e suas
capacidade de detonar, a onda de choque em um material energético reagente (no qual
8
a reação química é executada na frente do impacto) é a onda de detonação. Este
aspecto físico do processo de reação no material energético é o que distingue alto
explosivos de baixo explosivos.

Figura 1.2 Um cartucho de explosivos no momento da detonação. (Fotografia cortesia da Orica


USA, Watkins, CO.)

A Figura 1.2 representa um cartucho de explosivos no processo de


detonação. Para a esquerda é possível observar os produtos reagidos estáveis da
combustão do explosivo, que são principalmente gases em expansão. A seguir
podemos observar a reação de explosivos na zona de reação primária. Para a direita é
o explosivo não consumido.

Figura 1.3 O impacto frontal, a zona de reação primária, o plano C-J e os produtos reagidos
são representados em um desenho da detonação de um cartucho de explosivos. (Da
International Society of Explosives Engineers, Blasters' Handbook, 17th ed., Cleveland, OH,
1998. Com permissão.)

9
A figura 1.3 é uma representação do artista dos eventos que ocorrem na fotografia. A
zona de reação primária é definida pela frente de impacto ou onda de detonação. Não é
apenas a frente da zona de reação, mas se estende até a parte de trás da zona de
reação. O fim da zona de reação, ou onde a queima do material energético pára e os
produtos estáveis da reação começam, é o plano Chapman Jourget (Plano C-J).
Dependendo do tipo de alto explosivo, a largura da zona de reação primária varia de
aproximadamente um milímetro até quase um centímetro. Adicionalmente, a força ou
pressão gerada pela frente de impacto dentro da zona de reação primária aumenta a
velocidade de reação ou queima ao aumentar a pressão dentro do material reativo para
produzir a onda de detonação, que por sua vez, aumenta a velocidade de reação. Este
não é o caso na reação química com baixo explosivos. Nos baixo explosivos ou
materiais deflagrantes não há impacto, então não pode ocorrer reforço na zona de
queima. Consequentemente, não pode ocorrer uma onda de detonação.
Velocidade de Detonação (VOD) é um termo que define a taxa ou
velocidade pela qual a onda de detonação ou combustão viaja através do alto
explosivo. Essencialmente, quão rápido está queimando? VOD é medida em pés ou
metros por segundo. Teoricamente, alto explosivos, cuja reação suporta uma onda de
detonação, têm uma faixa de VOD de aproximadamente 1005,8 m/s até acima de
8.534,4 m/s, que é uma faixa considerável. A maioria dos alto explosivos comerciais
tem uma faixa de aproximadamente 2011,6 m/s pra algumas dinamites até acima de
7620 m/s para RDX e PETN. Explosivos de aplicação militar, particularmente os
utilizados na fabricação de armas nucleares, podem ter velocidades mais altas.
Brisância de um explosivo, pertencente a baixo ou alto explosivos, é o
efeito de estilhaçamento que tal explosivo, quando adequadamente iniciado, em seu
recipiente e/ou o alvo e imediata vizinhança da explosão. A quantidade de estilhaços
(brisância) é determinada pela velocidade de reação do explosivo, densidade da carga
(quão compacto está o explosivo), o calor da explosão e o gás produzido. Desta forma,
quanto mais alta for a VOE/VOD, maior a brisância e o efeito de estilhaçamento, e
maior será o dano que irá resultar. Explosivos de alta-brisância, por exemplo, C-4
militar, são usados para quebrar aço, e explosibos de baixa-brisância, por exemplo,
pólvora negra, são utilizados para explosão de mármore, onde são necessaries grandes
pedaços de pedra. A figura 1.4 mostra uma bomba tubo que explodiu e que tinha
pólvora negra como sua carga principal. Em razão da baixa-brisância do explosivo, o
tubo não foi extensivamente fragmentado na explosão. Entretanto, a figura 1.5
representa outra bomba tubo que tinha pólvora sem fumaça como sua carga principal e
foi iniciada com um fósforo elétrico. Veja qie o tubo está fragmentado em mais pedaços,
mostrando que esta tem mais poder ou brisância do que a pólvora negra. A figura 1.6
mostra outra bomba tubo que é similar à prévia, mas que foi iniciada com um
detonador. A explosão resultante produziu um resultado característico, tendo um maior
grau de brisância do que a bomba tubo iniciada com um fósforo elétrico.

10
Figura 1.4 Os restos fragmentados da bomba tubo que tinha pólvora negra como carga
principal e foi iniciada com fósforo elétrico. Note como o tubo se abriu em um grande pedaço e
as tampas das extremidades estão relativamente intactas. Uma rodela com a marca do buraco
está mais fragmentada do que a outra rodela.

Figura 1.5 Os restos fragmentados de uma bomba tubo que tinha pólvora sem fumaça como
carga principal e fósforo elétrico como iniciador. Note as formas regulares e irregulares do bocal
roscado e os gragmentos da tampa, todas menores do que a bomba tubo que tinha pólvora
negra como carga principal.

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Figura 1.6 Os restos fragmentados de uma bomba tubo que tinha pólvora sem fumaça como
carga principal, iniciada por detonador. Note a diferença em tamanho dos fragmentos do tubo,
comparando com a figura 1.5, embora ambas tivessem o mesmo tipo e quantidade de carga
explosiva. A única diferença é o método de iniciação, um detonador versus um fósforo elétrico.

Por fim, a figura 1.7 demonstra a brisância de um tubo parcialmente cheio de dinamite.
O aumento em brisância, em cada uma destas bombas tubo está diretamente
relacionado ao aumeto da velocidade de reação dos explosivos e, consequentemente,
ao aumento da VOE (em baixo explosivos) e da VOD (em alto explosivos). Ao fazer
investigações em cenários de bomba, o entendimento de brisância, da forma com que
se relaciona com o tipo de explosivo utilizado no ataque ajudará ao investigador não
apenas a entender a quantidade de destruição, mas também a formular uma hipótese
sobre o tipo de explosivo utilizado.
Por exemplo, num cenário de bomba, o investigador encontra pedaços de
tubo fragmentados que são um tanto grandes; isto poderia dar uma indicação, embora
não prova positiva, de que um baixo explosivo foi utilizado mais propriamente do que
um alto explosivo. Esperançosamente, o laboratório forense poderá prover ao
investigador informações do tipo de explosivos utilizados. Até que o investigador tenha

12
Figura 1.7 Restos fragmentados de uma bomba tubo que tinha uma pequena quantidade de
dinamite, iniciada por um detonador. Note os diferentes tamanhos fragmentados entre esta
bomba tubo e os dispositivos prévios.

o relatório do laboratório, ele ou ela estará conduzindo uma investigação deste


incidente guiada por tais indicações. Assim, se houver uma indicação do tamanho
relativo dos fragmentos do tubo de que era um baixo explosivo, o investigador poderia ir
ao tipo específico de loja varejista que trabalha com tal material e ver se alguém
suspeito comprou recentemente pólvora negra ou sem fumaça. Em outras palavras, é o
início de uma investigação.
De forma a se iniciar explosivos com segurança, seja em explosões legais
ou em bombas, é necessário algum tipo de iniciação ou sistema de detonação. Este é
um iniciador ou algum dispositivo que possa ser utilizado para iniciar uma detonação ou
deflagração. Como pode ser inferido a partir desta vaga definição, os iniciadores
englobam vários produtos que possem ser utilizados com alto ou baixo explosivos. Os
exemplos de iniciadores fabricados comercialmente incluem: detonadores de todos os
tipos, fósforo elétrico, rojão, estopim de segurança e estopim hobby ou de canhão.
Detonadores são utilizados para iniciar alto explosivos, enquanto que baixo explosivos
são iniciados com fósforo elétrico, rojão, estopim de segurança ou estopim hobby ou de
canhão. Uma explicação detalhada e descrição destes iniciadores serão fornecidas no
Capítulo. Adicionalmente, muitos iniciadores improvisados têm sido utilizados para

13
iniciar bombas caseiras. Eles nãos erão descritos neste texto.
Com relação aos iniciadores e para entender como baixo explosivos são
iniciados com outros alto explosivos, o investigador deve dominar o conceito de
transição da deflagração-para-detonação (DDT). DDT é exclusivo para explosivos
primários, um tipo de alto explosivo utilizado em detonadores e outros sistemas de
iniciação, por exemplo, azida de chumbo e fulminato de mercúrio. Em detonadores,
DDT é o processo pelo qual os explosivos primários são iniciados por calor ou chama,
mas que transiciona para uma detonação. Uma vez que tenha iniciado a reação auto-
sustentável, ela se propaga pelo material a uma taxa determinada pela porosidade,
tamanho da partícula, densidade e pressão.
Especificamente, se o material inflamado for um explosivo detonável
confinado e seu diâmetro for maior que sua falha (seu diâmetro crítico) então, como
produto da reação são produzidos gases, a pressão e temperatura aumentam
rapidamente e a taxa de reação aumenta. Portanto, se a coluna do explosivo primário
for de uma quantidade suficiente, então eventualmente a taxa de reação sempre
crescente aproximará velocidades de impacto e a reação passará por uma transição
abrupta da deflagração para detonação. Azida de chumbo, por exemplo, possui a
característica de ser muito sensível à iniciação por calor, impacto ou atrito; é fácil de ser
iniciada com uma chama fraca e começará a queimar. O material em combustão
começa instantaneamente a deflagrar (explode) e, tão rapidamente, transiciona para
uma detonação. Na verdade a distância pela qual a azida de chumbo vai desde a
iniciação por chama até a detonação é tão curta que não foi medida, mesmo sob as
mais rigorosas condições laboratoriais.
A importância da DDT não pode ser superenfatizada, pois sem a DDT, os
explosivos como conhecemos hoje não existiriam. Baixo explosivos tal como a pólvora
negra são muito fáceis, às vezes fáceis demais de iniciar. Por outro lado, a maioria dos
alto explosivos é difícil de iniciar e necessitam de um detonador, pelo menos, de forma
a funcionarem. Sem a apropriada DDT dos explosivos primários, não haveria
detonadores e, portanto, nenhum método confiável para iniciar o menos sensível dos
alto explosivos.

1.5 Classificação e Sensibilidade dos Explosivos


Alto e baixo explosivos são ainda classificados em várias subcategorias e
uma categoria principal adicional – acessórios – baseados em seu uso e sensibilidade
(Figura 1.8).
Baixo explosivos (propelentes) são uma categoria de explosivos sem uma
divisão adicional. Entretanto, alto explosivos são divididos em dois grupos: primários e
secundários; alto explosivos secondários são ainda divididos em duas categorias:
explosivos para carga principal e boosters (reforçadores). Estas divisões têm relevância
no que tange a dois aspectos: o primeiro é a sensibilidade da iniciação e o segundo é o
pretenso uso do material.
14
Explosivos

Baixo explosivos Alto explosivos Acessórios

Primários Secundários

Cargas Principais Boosters

Detonador sensível Não-detonador


Sensível

Figura 1.8 Quadro representando o relacionamento de vários tipos de explosivos entre si.

A sensibilidade do explosivo à iniciação é a quantidade de estímulo necessário para


iniciar a reação química no material energético. O termo sensibilidade é muitas vezes
usado amplamente indicar a facilidade absoluta ou relativa pela qual um explosivo pode
ser induzido a reagir quimicamente. Deve ser notado que o estímulo ao qual o explosivo
é exposto deve ser incluído em alguma referência: se impacto, impacto de baixo-
velocidade, atrito, descarga eletrostática ou outra fonte de energia. O uso dos alto
explosivos sera discutido mais tarde.
No que tange aos baixo explosivos, já discutimos previamente sua
utilização como propelentes e em fogos de artifício. Quanto à sensibilidade, a facilidade
com que os baixo explosivos são iniciados pelo calor, impacto moderado, descarga
eletrostática e atrito causa toda a classificação se serem muito propensos ao uso
descuidado. Um dos baixo explosivos mais sensíveis é a pólvora de flash fotográfico,
seguida pela pólvora negra, Pyrodex e vários tipos de pólvoras sem fumaça. Pólvora de
flash fotográfico é geralmente a caisa de tremendas explosões que ocorrem durante a
fabricação clandestina de fogos de artifício ou grandes AEI´s (bombas caseiras) para
venda ilegal. O inadvertido derramamento de pólvora negra nos filamentos de uma
extensão de tubos durante a fabricação de uma bomba tubo tem acabado com a vida
de muitos ao tentarem rosquear a tampa no tubo. O atrito induzido pela opressiva ação
dos filamentos de rosca no tubo e na tampa produziu a pouca energia necessária para
iniciar a carga principal.
Alto explosivos possuem duas divisões: primários e secundários.
Explosivos primários são muito fáceis de iniciar e suportam uma DDT. Explosivos
primários são os alto explosivos mais sensíveis e podem ser iniciados com uma faísca,
chama fraca, eletricidade estática ou impacto moderado tal como o do percussor.
Adicionalmente, eles têm menos energia explosiva ou poder do que os

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explosivos secundários e são usados em detonadores e outros sistemas de iniciação,
tais como iniciadores de munição, bombas militares e estopins de artilharia. Em razão
de sua sensibilidade, os explosivos primários são usados em quantidades mínimas.
Estes tipos de explosivos são normalmente necessários para iniciar explosivos
secundários.

Características dos Explosivos Primários


• Suportam uma transição da deflagração pra detonação;
• São o tipo mais sensível de alto explosivos;
• São classificados como alto explosivos;
• Têm menos energia do que os explosivos secundários;
• São usados em detonadores e sistemas de iniciação;
• Exemplos: Azida de chumbo, estifanato de chumbo e fulminato de
mercúrio.

Explosivos secundários são os aqueles que são relativamente, em


comparação com os explosivos primários, insensíveis ao calor, impacto ou atrito. Estes
são os explosivos que são usados em grandes quantidades; como diz o antigo ditado,
"Se um pouco fará o trabalho, mais fará melhor‖. Isto não é verdade em explosões
comerciais de rochas, pois "mais" pode destruir fundações de edifícios e mandar rochas
pelo ar para fora do local da explosão. Entretanto, em uma situação tipo militares, mais
explosivos garantirá melhor a destruição do alvo. Explosivos secundários, dependendo
do tipo, precisam de um detonator ou booster de ordem a funcionarem adequadamente
e são menos sensíveis, porém mais poderosos, do que os explosivos primários.

Características dos Explosivos Secundários


• São mais poderosos do que os explosivos primários;
• São menos sensíveis do que os explosivos primários;
• Precisam de um booster e/ou um detonador para funcionarem;
• São usados em maiores quantidades do que os explosivos primários;
• Exemplos: ANFO, dinamite, gel aquoso, emulsão e booster.

Explosivos secundários são divididos ainda em duas subclassificações:


cargas principais e explosivos booster. Os explosivos para carga principal são divididos
em duas categorias adicionais: detonadores sensíveis e não-detonadores sensíveis. Os
explosivos para carga principal são os principais produtores de trabalho; em razão dos
diferentes tipos destes explosivos, eles são divididos nas duas categorias, baseados
nas diferenças de sensibilidade. Explosivos detonadores sensíveis são confiavelmente
iniciados com um detonador. Provavelmente o mais amplamente conhecido, porém
menos utilizado, deste tipo de explosivo é a dinamite. Explosivos não-detonadores
sensíveis ou agentes explosivos são aqueles que não podem ser iniciados com um
16
detonador nº 8 de força (detalhes relativos à classificação dos detonadores são
apresentados no Capítulo 2) e, portanto, necessitam de um booster para fucionarem.
ANFO (nitrato de amônio e óleo combustível) é o tipo mais comum de agente explosivo
fabricado nos EUA. Incidentalmente, ANFO improvisado é de longe o tipo mais comum
de alto explosivo caseiro. Timothy McVeigh utilizou centenas, senão milhares, de libras
de nitrato de amônio e um combustível, que se acredita ter sido combustível de carro de
corrida, para construir a bomba que ele deixou no Edifício Federal Murrah na Cidade de
Oklahoma para matar 167 pessoas.
Um booster é uma carga explosiva contendo um explosivo de alta-
brisância utilizado para iniciar a carga principal explosiva que é incapaz de ser iniciada
somente com um detonador, por exemplo, um agente explosivo como o ANFO. Dentro
do trem de tiro ou sequência de iniciação, o booster é iniciado com um detonador, que
em troca, inicia a maior quantidade de explosivo, que é a carga principal. Boosters
estão em uma classe própria porque são explosivos secundários, mas não são usados
como, ou pretensos a ser, o principal explosivo.
Deve ser notado que no uso improvisado de explosivos comerciais, todas
as normas de uso são basicamente jogadas pela janela. O construtor da bomba pode
fazer, e faz, uso de explosivos de todas as maneiras que podem ser previstas.
Entretanto, existem muito poucos artefatos improvisados utilizando boosters como a
carga principal. No que tange a este assunto, quando utilizam alto explosivos, a história
tem mostrado que os construtores de bombas usam explosivos comerciais detonadores
sensíveis como carga principal, mais do que qualquer outro explosivo produzido
comercialmente. Adicionalmente, poucos construtores de bombas têm utilizado os
outros tipos de produtos explosivos conhecidos como acessórios explosivos como a
carga principal.
Por fim, acessórios é uma classificação que inclui materiais ou sistemas
de iniciação que podem conter baixo ou alto explosivos, ou combinações de ambos os
tipos de explosivos. Estes materiais podem ser usados para iniciar tanto baixo como
alto explosivos e incluem: detonadores de todos os tipos; cordéis detonantes; estopins
de segurança, de canhão ou hobby, tubo de choque, fósforos elétricos e rojões. Estes
materiais, e outros, serão discutidos em detalhes no Capítulo 2.

1.6 Desempenho do Explosivo

O desempenho do explosivo faz referência a quão bem o explosivo


funciona ou, reciprocamente, quão bem ele não funciona. Os termos relativos ao
desempenho são alta ordem e baixa-ordem, que não devem ser confundidos com alto e
baixo explosivos. Um explosivo de alta ordem é o que teve uma queima completa ou
iniciação do explosivo em sua velocidade máxima. baixa-ordem é o que teve queima
incompleta do explosivo em velocidade inferior à máxima. Estes termos podem ser
muito confusos, e muitos investigadores têm misturado estas palavras quando se
17
referem ao tipo de explosivo usado em um ataque, ao dizer algo como, "Um explosivo
de baixa-ordem foi utilizado neste ataque‖. Isto pode ser muito embarassoso, fazendo
com que um investigador proficiente pareça inepto.
Baixo explosivos podem e fazem alta e baixa-ordem da mesma forma que alto
explosivos podem e fazem baixa e alta ordem. A evidência de uma explosão de baixa-
ordem ou detonação é a presença de restos não consumidos de explosivos no cenário.
As razões para uma iniciação incomplete do material são muitas, incluindo explosivos
velhos ou deteriorados, contato pobre entre o explosivo e o iniciador (o iniciador pode
ter ficado muito longe do explosivo), um iniciador insuficiente para o tipo de explosivo
sendo utilizado (não utilização de um booster como agente explosivo), e falha
premature (ruptura) do dispositivo receptáculo. Com relação às bombas caseiras, uma
das razões mais comuns para uma explosão de baixa-ordem é o uso de um receptáculo
inferior, tais como uma lata de metal fino ou tubo de papel ao invés de um pedaço de
tubo de aço como receptáculo do baixo explosivo. Compreensivelmente, a compra de
um pedaço de tudo de aço e duas tampas pode levantar suspeita e é por isso que
outros receptáculos menos desejáveis são utilizados.

1.7 Trens de Fogo

Mesmo que alguém possa ter todos os componentes, de ordem a se


iniciar explosivos confiavelmente, uma sequência de iniciação ou trem de fogo é
necessário. Trens de fogo relaconam-se com baixo explosivos bem como com alto
explosivos e pelo menos dois passos estão envolvidos neste processo sequencial.
Considere os esforços envolvidos ao ascender o fogo na lareira. Não é possível se
utilizar um único fósforo para fazer queimar uma tora. É preciso ter um material, ou
materiais, intermediários, tais como papel e gravetos, com os quais se inicia a queima
da tora. Do mesmo modo, não é lógico ou seguro iniciar uma carga principal explosiva
com um fósforo ou corrente de eletricidade. Uma sequência de iniciação é uma série de
eventos que começa com níveis relativamente baixos de energia e causa uma reação
em cadeia que inicia o material explosivo final, i.e., a carga principal.
Ao invés de um fósforo, trens de baixo explosivos usualmente começam
com um iniciador ou carga propelente. Um acendedor de estopim de segurança, como
representado na Figura 1.9, possui um iniciador interno que é iniciado por um brando
impacto de um percussor. A descarga do iniciador inicia a carga propelente, a qual é
pólvora negra, dentro do estopim de segurança. O estopim de segurança queima
internamente até que chega a seu fim, que então inicia a carga principal explosiva.
Outro exemplo de um trem de tiro baixo explosivo ocorre em munição de armas leves.
O percussor bate no iniciador do cartucho, o qual detona para iniciar a carga principal
propelente. A queima propelente produz gases, que impulsionam o projétil do cartucho
para dentro e para fora do cano da arma. Um trem de fogo de dois passos de alto
explosivo também pode ser consistido de um detonator elétrico enterrado na carga
18
principal explosiva, por exemplo, dinamite. A passagem da corrente elétrica no
detonador causa sua detonação, e por meio desta causando a detonação da dinamite
(Figura 1.10).

Figura 1.9 Um exemplo de um trem de fogo de dois passos, formado por um acendedor de
estopim de segurança militar do EUA, como primeiro passo e o estopim de segurança como
segundo passo.

Figura 1.10 Um trem de fogo de dois passos utilizando uma espoleta elétrica e uma carga
principal sensível ao detonador, ta como dinamite.

Uma sequência de três pasos usando outra espoleta elétrica, booster e


agente explosivo começa com a iniciação do detonador, que então inicia o booster, que
por sua vez inicia a carga principal- neste caso, um agente explosivo (Figura 1.11).

19
Figura 1.11 Um trem de fogo de três passos utilizando uma espoleta elétrica e um booster alto
explosivo para iniciar um agente explosivo, tal como ANFO.

1.8 Características Adicionais dos Explosivos

Uma bola, cartucho ou bloco de um explosivo quando inicidado irá


explodir, radiando energia praticamente a 360° em volta do material. Entretanto, quando
estudamos a formação das ondas de impacto que emanam do material, torna-se
evidente que a força do explosivo primário é exercida em ângulos de 90° da superfície
do explosivo. Consequenemente, se o explosivo for cortado ou moldado para formar
superfícies angulares de 90° ao longo de um plano predeterminado, a força do
explosivo pode ser focada direcionalmente e irá produzir um efeito maior naquela
direção do que o mesmo explosivo empregado sem moldagem. As formas e
configurações que têm sido utilizadas para aumentar a efetividade do alto explosivo
são:

Efeitos Especiais
• Carga moldada
• Efeito Claymore
• Carga Prato

A carga moldada possui duas variações: cônica e linear. A carga cônica


(Figura 1.12) ou o efeito Munroe é uma carga explosiva com uma cavidade na forma de
um cone, que é elaborada para prover um aumento no efeito explosivo. O cone é
usualmente feito de metal, plastic ou vidro, que é então coberto por um explosivo.
Quando o explosivo é iniciado, o cone irá se fechar, com forças cruzadas explosivas
sendo impulsionadas em ângulos de 90° daquelas superfícies planas do cone de
encontro umas com as outras. Quando estas forças, todas sendo iguais, se encontram,
elas combinam para aumentar o efeito explosivo total, produzindo uma maior
concentração de energia naquele ponto do que em qualquer outro local da explosão.
20
Figura 1.12 Um corte da carga em forma cônica com um revestimento de cobre. Os alto
explosivos envolvem o revestimento e são iniciados com um detonador para direcionar a
energia explosiva principalmente em direção da extremidade aberta mais baixa (retração).

Adicionalmente, como temos visto, as forças explosivas se movem na direção da menor


resistência para expandir esta energia. Em uma carga cônica, este caminho de menor
resistência é na direção da extremidade aberta do cone. Na medida em que a energia
intensificada começa a se mover em direção da extremidade aberta, é formado um jato
explosivo lançado através de uma distância de retração em direção ao alvo. A distância
de retração é a distância entre a extremidade aberta do cone e o alvo, que permite a
completa formação da carga em forma de jato. Esta distância é escolhida para alcançar
os máximos resultados, dado o tamanho da carga moldada e os efeitos necessários
sobre o alvo. Este efeito em munições militares é usado, entre outros, para penetrar a
blindagem dos tanques. Tais munições são chamadas de carga HEAT (high-explosive
antitank – alto explosivo anti-tanque). Ela tem a capacidade de perfurar várias
polegadas de metal, criando um buraco circular similar ao formado por um maçarico,
para destruir tudo dentro do tanque. Quanto maior for a carga moldada, mais profunda
sera a penetração. Cargas cônicas improvisadas moldadas clandestinamente têm sido
utilizadas em assaltos para evitar os sistemas de tranca das caixas fortes bancárias. A
maioria não atingindo os resultados desejados (Figura 1.13).

O segundo tipo de carga moldada é a carga linear (Figura 1.14 e Figura


1.15). Seu efeito é o mesmo de uma carga cônica, concentrando forças explosivas

21
Figura 1.13 Um buraco perfurado através de uma chapa de aço de 1 polegada pela energia
explosiva de uma carga na forma de cone. Note as pequenas depressões perto da entrada do
buraco na chapa de aço. Este é um exemplo do efeito "esburacar e cratera" resultante da
iniciação de alto explosivos perto do metal.

Figura 1.14 Exemplos de cargas militares na forma linear. Os alto explosivos são colocados
nas cavidades abertas e iniciados com um detonador para criar o efeito da carga na forma
linear.

22
Figura 1.15 Um buraco linear ou canal penetrado através de uma chapa de aço de 1 polegada
gerado pela energia explosiva de uma carga na forma linear.

combinadas para produzir um efeito maior do que uma só carga pudesse gerar, exceto
que a carga linear é na forma de duas superfícies planas cortadas cobertas com alto
explosivos. Quando iniciado, antes de produzir um buraco redondo, a carga linear
produz um longo sulco (ou corte). O revestimento da carga linear é usualmente cobre
ou alumínio. Entretanto, antes de os perigos do chumbo aerossolizado ter sido
identificado, algumas cargas lineares flexíveis foram construídas com revestimentos de
chumbo.

Duas configurações adicionais ou aplicações especiais de explosivos têm


sido desenvolvidas para aproveitar a energia de explosivos. Estas são o efeito prato ou
efeito Misznay–Schardin e o efeito Claymore. A carga prato utiliza um disco de metal
com uma carga de explosivos colocada em um dos lados. Quando iniciados, os
explosivos implusionam o metal na direção indicada para criar danos por penetração
e/ou destruir um alvo (Figura 1.16). O desenvolvimento desta aplicação tem permitido
que o prato de metal seja precisamente apontado para um alvo a partir de uma
distância considerável. Em operações clandestinas, um dispositivo destes foi utilizado
por terroristas alemães para matar o chefe de um banco alemão em 1980.
Essencialmente, uma carga prato foi adaptada em uma bicicleta parada ao longo de
uma estrada. Quando o funcionário passou com seu veículo Mercedes blindado, o
dispositivo foi iniciado, lançando o prato de metal através da blindagem e para dentro
do veículo, matando a vítima.
23
Figura 1.16 Uma carga prato feita em chapa de aço cilíndrica com alto explosivos
colocados em um dos lados do prato. Quando iniciados, os explosivos lançarão o prato de
aço na direção do alvo.

Figura 1.17 Pregos e outros fragmentos de metal contidos dentro de um saco plástico , com
alto explosivos colocados em um dos lados do saco. Quando iniciados, os explosivos
lançarão os fragmentos de metal em direção do alvo criando um efeito Claymore.

24
Figura 1.18 Os efeitos de uma carga explosiva do tipo Claymore consistindo de pregos
direcionados contra um veículo a uma distância de aproximadamente 4,5 metros.

O efeito Claymore é como a carga prato, exceto que ao invés de ter um


único disco de metal, vários estilhaços são colocados em um dos lados dos explosivos
(Figura 1.17). Quando os explosivos são iniciados, os estilhaços, normalmente pregos
de metal, porcas, bilhas, etc., são impulsionados em direção do alvo para causar danos
(Figura 1.18). Este efeito tem sido incorporado nas munições militares com o
desenvolvimento da mina Claymore, utilizada extensivamente na Guerra do Vietnam.
Também foi utilizado na tentativa de ataque à Embaixada dos EUA no México em 1980.
O dispositivo estava escondido na traseira de um veículo estacionado próximo da
embaixada. Felizmente, o dispositivo falhou, poupando muita gente dos ferimentos que
teriam sido causados pelas centenas de fragmentos de metal que teriam sido lançados
na direção do edifício.

1.9 Controle de Explosivos e Detecção de Explosivos

Considerando que milhões de libras de explosivos são fabricados e


usados nos EUA, é prudente ter um sistema de controle para rastrear os materiais
deste o fabricante até o usuário, para garantir que os explosivos sejam somente
adquiridos e usados para propósitos legais. Isto é especialmente verdade à luz da
grande ênfase colocada no contraterrorismo nestes dias. Como tal, todos alto
explosivos fabricados comercialmente (produtos empacotados) são necessários ter um
código federal em cada pacote fabricado, mostrando a data, local de fabricação, grupo
e série do explosivo. Este código é conhecido como código (date-plant-shift – ou data-
local-grupo). Este código provê ao governo federal, principalmente à Agência de Álcool,
Fumo e Armas de Fogo (ATF), a capacidade de contabilizar ou rastrear cada

25
Figura 1.19 Cartuchos de gel aquoso explosivo Tovex com o código data-local-grupo (C30 OC
92 Nl) impresso em cada cartucho para propósitos de rastreamento.

cartucho de explosivo desde a hora de sua fabricação até que seja usado, i.e.,
destruído. O processo começa com a impressão do código no invólucro do explosivo e
na caixa contend os cartuchos de explosivos. Como exemplo, a Figura 1.19 representa
um cartucho de Tovex com o código C30 OC 92 N1. Isto indica que o cartucho foi
fabricado no dia 30 de outubro de 1992, com "C" e "Nl" se referindo ao local onde ele foi
fabricado e o grupo de fabricação. O código data-local-grupo pode estar contido em
milhares de libras de explosivos. Informação quanto à quantidade de explosivos
fabricada (números de cartuchos e libras) com aquele código, e para quem ele é
vendido (normalmente um varejista) é registrado e mantido pelo fabricante. Da mesma
forma, quando o varejista vende quaisquer dos explosivos, desde um único cartucho
até grandes quantidades de caixas, a quantidade dos explosivos vendidos e a
identidade do comprador são registradas. O usuário precisa manter registros similares
para certificar que, de fato, os explosivos foram recebidos e a data em que cada
cartucho (por código date-local-grupo) foi usado. Se um cartucho contendo tal código
for recuperado de um local onde houve uma explosão, ou encontrado abandonado, as
agências policiais começam a rastrear aquele, começando com o fabricante, depois o
varejista, com cada usuário daquele específico produto, em tentativas de contabilizar
cada cartucho de explosivo que tenha aquele código. Este tipo de investigação
demanda muito tempo, mas é recompensadora quando a falta de um estoque de
explosivos não pode ser explicada pelo suposto usuário.
O controle para os explosivos militarmente fabricados possui um sistema
similar de rastreamento relativo aos números dos lotes ou código de produção. As
razões para manter o sistema de numeração dos lotes são diferentes para os militares.
Os militares fabricam explosivos que são destinados a terem uma longa vida na
prateleira. Basicamente, se não forem utilizados, os explosivos em bombas, projeteis de
artilharia, blocos de demolição e equivalentes passarão longo tempo armazenados em
depósitos de munição. Existe um programa de inspeção de explosivos ou sistema de
vigilância para garantir que eles ainda são potentes. Quando são identificados
problemas com um lote particular de munição ou explosivos, todo o lote é submetido a
26
testes adicionais ou destruído. Como benefício adicional na utilização de sistemas de
lote, os explosivos podem ser rastreados de maneira similar, mas não idêntica, à
utilizada no código data-local-grupo.
Entretanto, o sistema civil não está livre de problemas. Se o código
impresso for propositadamente removido do invólucro, não é possível haver
rastreamento. Também, o invólucro é consumido em caso de explosão e, portanto,
pode não sobrar código para ser lido. Esta é a razão pela qual um exaustivo estudo de
campo foi realizado no final de 1970 como parte dos esforços para desenvolver um
método melhor de rastreamento.
Foram testados marcadores (taggants) - ou discos fenólicos microscópicos
com um código de cor individual - para cada lote de explosivos comerciais fabricado,
porém descartados devido a vários fatores. Atualmente, a razão específica ou razões
variam dependendo de qual organização as está provendo. Estas organizações incluem
os fabricantes, o FBI, a ATF e os próprios usuários. O plano central era recuperar estes
discos codificados depois de uma explosão. Inferia-se que em razão de sua quantidade
e tamanho seria quase impossível para uma pessoa inescrupulosa conseguir remover
todos os discos dos explosivos, portanto, proporcionando uma pista investigativa
recuperável para os investigadores do cenário do crime com bomba seguirem, similar
ao código data-local-grupo. Taggants não estão em uso hoje. Entretanto, depois do
ataque ao Edifício Federal Murrah, foi conduzido um estudo intensivo numa tentativa de
reinstalar o programa. Neste livro, não há indicação que taggants, ou algum derivado
disso, serão instituído.
Como resultado do ataque ao voo 103 da Pan American durante sobrevoo
na Escócia no dia 21 de dezembro de 1988, surgiram preocupações quanto à
capacidade, ou falta desta, para detectar explosivos tipo plástico de alta energia com os
atuais métodos e equipamentos de detecção. Como foi acreditado, embora não
forensicamente provado, que uma bomba contendo explosivos Semtex foi responsável
pela destruição da aeronave e pela morte de 259 passengeiros e a tripulação e mais 11
pessoas adicionais na cidade de Lockerbie; as autoridades querem um método melhor
para detectar este tipo de explosivo. Isto foi especialmente verdade com respeito à
detecção de explosivos destinados a serem carregados para a aeronave. O problema
percebido quanto aos explosivos plásticos foi a falta de vapor emitido pelos explosivos,
o qual uma máquina podia usar para detectar ou "cheirar" explosivos escondidos em
bagagem. Para remediar este problema, uma comissão international recomendou que
todos os países que fabricam este tipo de explosivo de alta energia e baixa pressão de
vapor, precisavam colocar um material dentro do explosivo para auxiliar sua detecção.
Este material, referido com precursor de detecção, é o 1-1,3-dimetil dinitrobutano
(DMNB). Ele foi, ou deveria ter sido, acrescentado a todos os C-4 recém fabricados,
explosivos folha e similares, não somente nos EUA, mas no mundo todo. Junto com os
precursores de detecção parecia haver algo audível para auxiliar na detecção de
explosivos.
27
Entretanto, só seria efetivo se todos os países "jogassem limpo" e não
fabricassem estes tipos de explosivos sem o precursor.

1.10 Explosões

A transformação de energia utilizável de um explosivo é chamada de


explosão, que é a repentina e rápida produção e escape de gases de um espaço
limitado, acompanhada por calor, impacto e barulho. Paul Cooper e Stanley Kurowski
definem a explosão como "uma expansão rápida, barulhenta e em grande escala de
material em um volume muito maior do que seu volume original". Eles prosseguem
informando que esta pode ser alcançada pelo rompimento de um recipiente contendo
um fluido pressurizado, pelo rápido aquecimento de ar e plasma por um arco elétrico, e
pela reação de queima muito rápida ou detonação de um material explosivo. Nós
iremos explorar estes elementos em maiores detalhes mais à frente uma vez que eles
pertencem aos efeitos de uma explosão, mas por enquanto vamos focar nossa atenção
nos gases produzidos pela explosão. A repentina e rápida produção de gases de uma
explosão gera energia que causa danos ao recipiente de confinamento e/ou à área
adjacente. Esta energia pode ser de várias fontes. Por exemplo, pode vir da ruptura de
um recipiente selado, tal como uma panela de pressão que não pode liberar seu vapor
da forma normalmente devagar, e um cartucho de explosivo que passa por uma reação
química para mudar o estado da material de sólido para gasoso. O escape destes
gases é de um espaço limitado (por exemplo, um cartucho de alto explosivo como a
dinamite) ou de um espaço confinado (por exemplo, uma panela de pressão ou de
tubos estendidos contendo baixo explosivo como a pólvora negra).

Um dos tipos mais comuns de AEI - bomba caseria - nos EUA é a bomba
tubo carregada com baixo explosivo. Sem o confinamento propiciado pelo tubo não
haveria explosão ou rápido aumento em pressão de gás, que está associado com uma
explosão. Como temos visto, quando um baixo explosivo é iniciado sem confinamento,
há um aumento na pressão em volta dos materiais em combustão, mas não na ordem
observada quando os materiais estão confinados e explodiram. Com confinamento, o
aumento da pressão normalmente rompe o recipiente, o que resulta em ferimentos e
morte das pessoas próximas à explosão.

1.10.1 Tipos de Explosões

Mecânica
Química
Nuclear
Elétrica

28
Uma explosão química é caracterizada pelo aumento gradual da pressão
até que supera o limite do recipiente, causando uma ruptura mecânica. Dito de outra
forma, é a quebra do recipiente como resultado das pressões internas além da
capacidade estrutural do recipiente. Este tipo de explosão pode ser ilustrado e
explicado pelo aumento gradual da pressão em uma caldeira de vapor ou panela de
pressão. Se a panela de pressão estiver cheia, ou parcialmente cheia, de água e for
aplicado calor com o suspiro fechado, após algum tempo é exercida uma pressão
suficiente nas paredes do recipiente que causa uma rupture mecânica ou explosão. No
caso de uma explosão mecânica, a natureza do combustível (neste exemplo, a água)
não muda. Depois da explosão, o vapor retorna ao estado líquido para ser reutilizado
novamente repetidas vezes. Outro exemplo de uma explosão mecânica é o BLEVE
(boiling-liquid expanding vapor explosion), ou Explosão do Vapor que se Expande de
um Líquido Fervente, que pode ser visto quando um cilindro de gás, um caminhão-
tanque ou vagão que estão transportando líquidos se envolvem em incêndios.
Uma explosão química é causada pela rápida conversão de um sólido,
líquido ou gás em gases, com um volume muito maior do que as substâncias das quais
eles foram gerados. Neste tipo de explosão, a natureza do combustível muda porque
ele é queimado e consumido durante o processo de transformação (explosão).
Exemplos de explosões químicas são aquelas associadas com a iniciação de baixo
explosivos (pólvora negra, pólvora sem fumaça e Pyrodex®), alto explosivos (dinamite,
nitroglicerina, PETN e agentes explosivos), e explosões ar-combustível (Figura 1.20,
Figura 1.21, e Figura 1.22).
Uma explosão nuclear é induzida por fissão (a divisão de um átomo) ou
por fusão (colisão de átomos). Neste processo, há uma tremenda liberação de energia,
calor e gases, muito mais do que com a explosão química. Também, a natureza do
combustível muda nesta explosão.
Uma explosão elétrica é o resultado de um arco elétrico de alta-energia,
que gera calor suficiente para causar a falha do componente, tal como o cabo elétrico.
A figura 1.23 mostra um ―T‖ para juntar cabos elétricos que explodiu. Esta falha pode ter
sido por defeito no cabo ou a alta energia empregada na corrente sendo conduzida pelo
cabo. Outro tipo de explosão elétrica resulta não da falha de um componente, mas
pelas diferenças no potencial elétrico; o relâmpago é um exemplo. Uma quantidade
excepcional de calor, luz e barulho são criados quando a energia elétrica é transmitida
pelo ar.

1.10.2 Efeitos da Explosão


Depois de uma explosão, seja mecânica, química, nuclear ou elétrica,
ocorrem vários efeitos físicos. A severidade destes efeitos depende de vários fatores,
tais como o tipo de explosão, quantidade de energia ou combustível presente,
condições climáticas e por aí afora. Concentrar-nos-emos nos efeitos das explosões
químicas, pois estão relacionados com a iniciação de explosivos.
29
Figura 1.20 O cenário antes da explosão mostrando um veículo carregado com uma bomba
perto de um edifício e uma barricada com uma cadeira. (Cortesia de Rana Weaver, New Mexico
Tech, Energetic Materials and Testing Center, Socorro, NM.)

Figura 1.21 O momento da explosão química de aproximadamente 180 quilos de ANFO


contidos dentro do veículo. Veja a intensidade do efeito térmico. O veículo e o edifício são
ocultados pela explosão. (Cortesia de Rana Weaver, New Mexico Tech, Energetic Materials and
Testing Center, Socorro, NM.)

30
Figura 1.22 Microsecondos depois, no desenvolvimento da bola de fogo. Note os estilhaços
resultantes da fragmentação do veículo se estendendo para fora da bola de fogo e o impacto na
barricada. (Cortesia de Rana Weaver, New Mexico Tech, Energetic Materials and Testing
Center, Socorro, NM.)

Estes efeitos são: pressão, térmico, fragmentação e espontâneos. Quando


um material explosivo explode ou detona, a reação química do material explodindo tem
o potencial de criar estes quatro efeitos. O investigador ao examinar o cenário da
explosão deve observar o resultado destes efeitos, e é necessário ter entendimentos
destes de ordem a completar a investigação.

Efeitos da Explosão
Pressão - positiva e negativa
Térmico
Fragmentação
Espontâneos

O primeiro efeito depois da explosão ou detonação de um explosivo é a


pressão positiva. Quando uma carga explosiva explode ou há uma falha do recipiente
depois da deflagração de um baixo explosivo em uma bomba tubo, a expansão produz
gases empurarando o ar em volta para produzir uma onda de choque (ou impacto).
Quanto maior a carga explosiva, maior o pico da pressão a certa distância da carga.
Similarmente, quanto mais distante da carga, mais fraca a onda de choque. A figura
1.24 mostra o momento da explosão quando a pressão gerada pelo explosivo impacta

31
Figura 1.23 Um exemplo de uma explosão elétrica na junção de três cabos elétricos.

Figura 1.24 Um desenho representando o momento de uma explosão, mostrando o calor ou


efeito térmico, a pressão positiva surgindo da explosão e o efeito fragmentação que excede a
pressão.

32
a área em volta, criando uma cratera no solo; o efeito térmico (calor), a pressão positiva
surgindo do epicentro e o efeito fragmentação que de fato está na frente da pressão
são mostrados. As forças causadas por esta explosão impactam a área não somente
na direção representada no desenho, mas também em volta do epicentro. Este
movimento externo de ar a partir da sede da explosão é o efeito da pressão positiva.
Adicionalmente, este movimento externo de pressão forma a frente de choque, que é
somente uma fração de um centímetro de espessura e que comprime o ar em volta. Um
exemplo vívido deste efeito pode ser observado ao se jogar uma pedra na água.
Quando a rocha atinge a água, coloca uma ondulação em movimento na água até que
a energia gerada pela rocha seja dissipada. Um exemplo visual deste efeito é produzido
ao se colocar uma carga explosiva no centro de dois pneus de carro, no chão, um por
cima do outro, e se inicia a carga. A explosão resultante lança no ar o pneu que estava
por cima.
A pressão positiva é extremamente curta em duração, na faixa de
microsegundos ou milionésimos de um segundo. Entretanto, as presses de pico,
medidas em libras por polegada ou psi, são excepcionalmente altas. Explosivos sólidos
podem gerar presses de vários milhões de psi, dependendo do explosivo
particularmente utilizado e das capacidades do meio que o continha. Assim, a onda da
pressão positiva cria ventos de alta velocidade. Também, quanto mais alta for a VOE ou
VOD, maior será a psi. Como forma de entendimento de o que estas pressões
significam em termos reais, considere um furacão de categoria 5 com ventos de 258
km/h. Estes ventos, os quais têm a capacidade de produzir danos catastróficos, só
estão gerando 5 psi. Uma pressão de 100 psi pode induzir ventos de 2400 km/h.
Entretanto, como estas pressões são muito curtas em duração e dependem da
quantidade de explosivos sendo utilizada, as leituras de alta-pressão se dissipam rápida
e significativamente a certa distância da sede da explosão. Esta rápida queda de
pressão tem sido observada nos efeitos efeitos de ataques com bombas. Em 1982, um
artefato improvisado colocado no banco de um passageiro de um voo da Pan American
Airlines de Tóquio para Honolulu detonou e matou o jovem japonês sentado naquele
assento. Entretanto, a pessoa sentada imediatamente atrás teve ferimentos
relativamente menores, incluindo os de seus pés que estavam apenas a algumas
polegadas da bomba.
Dentro de uma estrutura confinada tais como um quarto, estas presões
continuam a preencher este quarto, produzindo danos até que elas são expandidas ou
escapam para a atmosfera. Observar-se-ía mais danos às paredes, teto e o conteúdo
dentro do quarto se a(s) porta(s) e janela(s) estivessem fechadas ao invés de abertas.
Portanto, se possível, quando um dispositivo explosivo for descoberto em um quarto ou
edifício, as janelas e portas devem ser deixadas abertas para minimizar os efeitos da
explosão.
Depois da energia gerada na fase da pressão positiva de uma explosão
ser expandida, começa a fase da pressão negativa, de maior duração e menor
33
Figura 1.25 Após a iniciação de um explosivo existe uma relação direta entre o tempo
(microsegundos) do desenvolviemnto do pico da explosão e o tempo que leva para a pressão
retornar ao ambiente ou ao normal e a pressão negativa resultante. Note que a pressão positiva
é atingida muito rapidamente, seguida pela lenta redução da pressão positiva para a pressão
negativa que demora consideravelmente mais do que qualquer outra fase da explosão.
(Adaptada da Figura 6, Introdução aos Explosivos, Centro de Dados de Bombas do FBI.)

velocidade. Como temos visto na fase positiva, a frente de impacto comprime o ar para
formar um vácuo parcial. Depois que a energia se vai, o ar, similar a uma mola
comprimida, recua ou reverte seu movimento e avança para dentro para preencher o
vazio de forma a retornar a área para um estado de equilíbrio de pressão ambiente.
Considere frentes de alta e baixa pressão em padrões climáticos: normalmente, depois
dested desequilíbrios, são os ventos, algumas vezes severos, que tentam equalizar a
pressão atmosférica. Embora a velocidade do ar seja consideravelmente menor que a
da fase da pressão positiva, a pressão negativa pode produzir danos. Isto é
especialmente verdade quando a fase da perssão positiva tiver enfraquecido as
paredes, portas, janelas e etc., e então a pressão negativa completa os estragos. O
gráfico mostrado na Figura 1.25 illustra o relacionamento do tempo e pressão entre as
fases positiva e negativa. Os efeitos da pressão negativa podem ser observados nas
folhas das árvores imediatamente espalhadas em volta e entre a árvore e a crater da
explosão. Também, os vidros das janelas são geralmente encontrados em ambos os
lados da parede ao invés de apenas do lado em direção oposta à explosão. Na fase
positiva, quanto maior for a explosão, será mais facilmente possível de se observar a
fase da pressão negativa, uma vez que ela é mais sutil.

Durante uma investigação, o estudo dos efeitos da explosão pode


propiciar um benefício adicional e inesperado ao investigador. Este benefício é a
determinação de onde estava localizado o artefato explosivo no momento que explodiu.

34
Normalmente isto é bem evidente e, na verdade, uma coisa simples de se determinar.
Entretanto, há momentos em que isso se torna problemático. Um destes se apresenta
na determinação de se a bomba estava dentro ou fora de um veículo quando ela
explodiu. Através de uma cuidadosa análise dos efeitos da explosão no metal do
veículo, o investigador pode efetivamente formular a conclusão quanto à localização da
bomba. Por exemplo, admitindo que o artefato estava em contato com o assoalho do
veículo na hora da explosão, um buraco ou cratera estará evidente no assoalho.
Entretanto, pode não ser conhecido se o aparato estava dentro ou fora do veículo. O
investigador só precisa olhar na direção na qual o metal fragmentado do assoalho está
curvado: Se os restos de metal do assoalho estiverem curvados para dentro, em
direção ao interior do veículo, então a bomba estava do lado de fora, e se o metal
estiver curvado em direção ao lado de fora, a bomba estava do lado de dentro (Figura
1.26 e Figura 1.27). Adicionalmente, uma vez que pode haver fragmentação do banco,
o investigador deve ter cuidado ao tirar a conclusão quanto à fonte da fragmentação
que deixou buracos no veículo. Em alguns casos o investigador pode erroneamente se
ater à crença inicial de que os buracos foram causados por uma bomba tubo do que por
materiais inerentes ao veículo, tais como a estrutura do banco.

Fragmentos e estilhaços são mísseis resultantes de uma explosão e


podem ser parte do recipiente que continha o explosivo, de terra, de escombros de
construções, ou de outros materiais afetados pela explosão. Fragmentos podem ser de
itens completos, parciais ou pedaços destes, ou partes de equipamentos ou edifícios.
Por outro lado, estilhaços são materiais acrescentados (normalmente metal), que são
colocados junto ou em volta do explosivo para intencionalmente produzir danos
adicionais à propriedade e ferimentos. Deve ser entendido que o efeito de
fragmentação de uma explosão não depende de um explosivo ou bomba explodida; a
fragmentação pode resultar, e resulta de explosões acidentais de outros materials tais
como gases, poeira e dispositivos mecânicos. Com relação ao uso criminoso de
explosivos, um dos tipos mais comuns de fragmentação é derivada da explosão de uma
bomba tubo carregada com baixo explosivo como a pólvora negra. Para aumentar a
letaliade do artefato, pregos (estilhaços) podem ter sido agregados do lado de fora do
tubo. É apenas necessário observar os efeitos deste tipo de artefato para se entender
os efeitos devastadores da framentação e estilhaços em propriedades e vítimas
humanas. Adicionalmente, a partir da investigação do cenário de bomba pode ser
possível fazer a observação de que o fabricante da bomba pretendia ferir ou matar as
vítimas pela adição de estilhaços na bomba. Alguém pode perguntar (incorretamente,
em minha opinião) se uma determinada bomba foi construída não para matar, mas
apenas para assustar. Entretanto, quando a investigação revela que o artefato foi
construído com estilhaços, então é um argumento falho de que o artefato não era
destinado a matar ou ferir.
35
Figura 1.26 Um buraco através do assoalho de um veículo causado pela detonação de um
explosivo deixado sobre o assoalho dentro do veículo. Note como o metal do assoalho foi
empurrado para fora do veículo, indicando que o explosivo estava dentro, e não fora, do
veículo.

Da mesma forma que o estudo dos efeitos da pressão ajuda em


determinar onde a bomba estava colocada, a análise dos buracos ou impactos
causados pelos fragmentos e estilhaços ajudarão o investigador a determinar a direção
de viagem destes materiais. Compreensivelmente, esta conclusão pode não ser
necessária em todas as investigações, mas podem ocorrer casos em que múltiplos
artefatos explodiram e uma conclusão seja necessária. Mais uma vez, da mesma forma
que no efeito da explosão, o investigador deve olhar para a curvatura do metal.
Entretanto, nestes casos os buracos usualmente serão bem menores se comparados
com os buracos da explosão. Um buraco com arestas lisas indica a viagem do metal
para dentro do alvo. Uma cuidadosaa verificação deste buraco e a utilização de
técnicas para determinar a trajetória de munição (não detalhadas neste texto)
propiciarão dados extremamente precisos sobre a direção da qual se originou o
fragmento ou estilhaço. Reciprocamente, buracos com arestas dentadas que estão
apontando para o lado de fora, geralmente indicam buracos de saída.
O calor produzido pela explosão ou decomposição de um material
energético é o efeito incendiário ou térmico. As temperaturas deste processo de reação
e queima, dependendo do explosivo, can chegar ou até exceder 3870°C. Entretanto, da
mesma forma que a pressão positiva da explosão, esta é uma liberação de calor muito
rápida e curta. Alguém poderia se referir a este efeito como fogo flash. Entretanto,

36
Figura 1.27 um buraco através do assoalho de um veículo causado pela detonação de um
explosivo fora do veículo. Note como o metal do assoalho foi empurrado para dentro do veículo,
indicando que o explosivo estava fora, e não dentro, do veículo.

materiais e vítimas (pessoas), dependendo de quão perto estavam da explosão, podem


ser extensivamente queimados pelo calor da explosão. Em pessoas, a pelo pode até ter
um efeito enegrecido, com os pelos parcialmente queimados ou meramente
chamuscados.

No que tange ao efeito incendiário de combustíveis, há uma distinção


entre combustíveis de baixa e alta densidade e materiais inerentes perto do cenário da
explosão. Frequentemente uma chama estoura depois de uma explosão em veículo ou
perto deste, em razão da presença de combustíveis de baixa densidade. Exemplos
destes, que são relativamente fáceis de iniciar, são a gasolina, o carpete e as
almofadas dos assentos. Entretanto, quando a explosão ocorre perto de combustíveis
de alta densidade, tais como madeira e outros materiais de construção, o chama
resultante nem sempre é observada.

Os efeitos espontâneos ou pressão secundária da explosão incluem


diversos efeitos diretos e indiretos da iniciação de um explosivo. Dentre estes, a
reflexão e os efeitos do impacto na terra e na ágrua são discuticos.

Efeitos Espontâneos
Reflexão
Impacto na terra e na água

37
Reflexão é a onda da pressão da explosão derivada ou ricocheteada que
se colidiu com uma superfície rígida ou refletiva. Alguns exemplos destas superficies
são nuvens, edificações, montanhas ou morros, paredes e fortificações feitas de barro.
Muitos dinamitadores não têm considerado as condições climáticas, tais como nuvens
baixas, antes de darem início às operações de explosão ao ar livre, e não subterrâneas,
e acabam recebendo várias reclamações das vizinhanças. Eles não conseguem
explicar porque estão sendo acusados de quebrar janelas e fazer com que os animais
corram em busca de abrigo, quando usaram mais explosivos no dia anterior sem dar
motivo para reclamações. Eles apenas precisam olhar para o céu. O dia anterior tinha
céu azul e brilhante, ao passo que o dia de hoje está escuro e o céu densamente
carregado com nuvens. A explicação é simples. A pressão da explosão do dia anterior
teve origem no solo e não encontrou qualquer obstáculo no céu e foi rapidamente
dissipada. Entretanto, a frente da explosão de hoje encontrou as nuvens e como não
conseguiu expulsá-las foi refletida de volta ao solo em um intervalo maior que o som ou
que a frente da explosão pudesse viajar pelo solo. Similarmente, com grandes cargas
explosivas em veículos detonadas em ruas compactas da cidade, a pressão da
explosão bate nas edificações, imóveis como as paredes de um cânion; como a frente
da explosão não consegue mover as edificações, ela é refletida para cima e para baixo,
colidindo com estruturas adicionais e causando danos também a estas. Como resultado
de tal explosão o cenário é de total devastação com danos secundários radiando por
cada rua. Este dano secundário é geralmente na forma de janelas quebradas por vários
quarteirões. Similarmente, componentes e fragmentos da bomba podem ser refletidos
em superficies rígidas. Como tal, o investigador deveria entender as possíveis rotas
destes itens refletidos de forma a conseguir encontrar componentes da bomba depois
de uma explosão.

Uma vez que o solo e a água são mais densos que o ar, a onda de
choque da explosão pode viajar maiores distâncias e mais rapidamente do que a frente
de choque no ar. Adicionalmente, ela tem a capacidade de produzir maiores danos do
que a frente de choque e por maiores distâncias. Isto é especialmente verdade em
operações comerciais de explosão uma vez que a quantidade de explosivos sendo
utilizadas perto de estruturas deve estar dentro dos parâmetros aceitos para impedir
danos às fundações e paredes. No que tange ao uso ilícito de explosivos, uma
apreciação de que danos podem resultar do choque com a terra e com a água ajudará
ao investigador a entender como certos tipos de danos, até agora inexplicados,
ocorreram. Um exemplo de impacto na água ocorreu no fundo do oceano depois do
atentado terrorista ao USS Cole em Aden, Iêmen. Mergulhadores da Marinha que
estavam procurando por componentes da bomba no fundo do oceano encontraram uma
enorme cratera bem debaixo do local da explosão.
38
1.11 Investigação do Cenário da Explosão

Dentre as diversas responsabilidades do investigador que atende a um


cenário de aparente explosão está a responsabilidade de efetivamente avaliar o cenário
e determinar não apaenas se houve uma explosão, mas também se a explosão foi o
resultado de atividade criminosa ou um acidente. Para tanto, o investigador deveria ser
capaz de reconhecer as diferenças físicas observáveis na forma que o cenário se
apresenta, de ordem a estimar que tipo de combustível, se explosivos, gases
combustíveis ou vapores, ou poeira, foi utilizado na explosão. Os processos
investigativos detalhados e fotografias são abordados no Capítulo 4. Entretanto, o
investigador, com a informação propiciada neste capítulo, deve ser capaz de entender a
diferença entre os termos explosão localizada e não-localizada.
Uma explosão localizada é a que possui uma cratera ou local identificável
onde está uma área com maior dano ou um epicentro de uma explosão. Normalmente,
uma explosão localizada é o resultado da iniciação de um explosivo (combustível na
fase condensada) material na ou próximo da superfície. Também deve ser levado em
consideração que a falha de um recipiente (explosão mecânica envolvendo um vagão-
tanque, por exemplo, BLEVE) pode resultar na formação de uma sede ou cratera.
Uma explosão não-localizada está associada com uma explosão ar-
combustível ou poeira. São explosões nas quais não há evidência física de um único
local onde tenha ocorrido a explosão. Característica destes tipos de explosões são
aquelas com as paredes total ou parcialmente destruídas. Estas explosões são
geralmente o resultado da ignição de combustíveis difusos tais como gases (por
exemplo, gás natural, gás propano líquido, gás de esgoto e gases industriais), vapores
de tanques de líquidos combustíveis (por exemplo, gasolina, solventes e metal etil
cetona), e poeiras.

Resumo

Qualquer investigação deveria iniciar com um entendimento dos princípios


investigativos básicos contidos no método científico. Entretanto, antes que uma
investigação possa começar de fato no cenário da explosão, o investigador também
deveria ser instruído na teoria e dinâmica da explosão. Isto inclui um amplo
entendimento não só de como os explosivos explodem para fazer o trabalho, mas
também dos tipos de explosivos disponíveis, suas configurações e os efeitos depois da
explosão dos mesmos. Como tal, existem quatro tipos de explosões: mecânica,
química, nuclear e elétrica, que podem ser produzidas por alto ou baixo explosivos,
fissão ou fusão, energia elétrica ou a rupture do recipiente pressurizado. Estas
explosões têm a capacidade de produzir vários tipos de resultados ou efeitos, que
precisam ser observados pelo investigador para iniciar o processo investigativo.
Essencialmente, o investigador precisa determinar o que aconteceu e qual foi o tipo de
39
explosão. Os efeitos incluem pressão da explosão, tanto positiva como negativa,
fragmentação, incendiário e espontâneo.

É com um entendimento destes princípios que qualquer investigatção de


explosão pode prosseguir com o objetivo de determinar não apenas se de fato ocorreu
uma explosão, mas também o tipo de explosão e a fonte da mesma.

Questões de Revisão

1. Defina explosão e explosivo?


2. Quais são os quatro tipos de explosões?
3. Quais são os quatro efeitos de uma explosão?
4. Quais são as características de baixo e alto explosivos?
5. O que é a transição de uma deflagração-para-detonação e com que tipo de
explosivo ela está associada?
6. Qual é a diferença entre baixa e alta ordem?
7. O que é um agente explosivo?
8. Qual é a diferença entre VOE e VOD?
9. Descreva um trem explosivo.
10. Qual é a diferença entre um efeito Munroe e um Misznay–Schardin?
11. Qual é a diferença entre uma explosão localizada e uma não-localizada?

Referências e Leitura Adicional

Beveridge, Alexander, Ed., Forensic Investigation of Explosions, Taylor & Francis,


Levittown, PA, 1998.
Cooper, Paul, Explosives Engineering, Wiley-VCH, New York, 1996.
Cooper, Paul, W. and Kurowski, Stanley, R., Introduction to the Technology of Explosives,
Wiley-VCH, New York, 1996.
E. I. Du Pont de Nemours and Co. (Inc.), Blasters' Handbook, 16th ed., Wilmington, DE,
1980.
FBI Bomb Data Center, United States Department of Justice, Introduction of Explosives.
Icvoe, David, J. and DeHaan, John, D., Forensic Fire Scene Reconstruction, Pearson
Education, Upper Saddle River, NJ, 2004.
International Society of Explosives Engineers, Blasters' Handbook, 17th ed., Cleveland,
OH, 1998.
Kennedy, Patrick, M. and John, A., Explosion Investigation and Analysis - Kennedy on
Explosions, Investigations Institute, 1990.

40
Kohler, Josef and Meyer, Rudolph, Explosivos, 4th (revised and extended) ed., VCH,
Weinheim, Germany, 1993.
National Fire Protection Association, NFPA-921 Guide for Fire and Arson Investigations,
2004 edition, Quincy, MA, 2004.
U.S. Department of Transportation, 1996 North American Emergency Response
Guidebook, Research and Special Programs Administration, 1996.

41
(Página em branco)

42
2. Identificação e Reconhecimento
de Explosivos Comerciais e
Militares

2.1 Introdução

Explosivos são as principais ferramentas do homem, ponderosas e ainda


seguras e suficientemente controláveis para serem utilizadas nos corações das cidades.
Eles são vitais para localizar nossas matérias-primas e combustíveis e para extraí-los
da terra. Adicionalmente, eles são essenciais para remoção de obstáculos na medida
em que mudamos a aparência da terra com rodovias, aeroportos e cidades. Se não
fossem pelos explosivos, especificamente nitroglicerina (NG) e dinamite, não teríamos
tido a revolução industrial. Embora sua utilização tenha diminuído com o tempo, ela
nunca parou. A fabricação industrial e militar de explosivos não é apenas uma
importante indústria, mas também é essencial para nosso bem-estar e defesa. A
maioria de nós nunca pensa em explosivos até que somos retardados ao longo de uma
rodovia devido às operações de explosões ou envolvidos em um terrível atentado.
Indubitavelmente, quase todos os explosivos são utilizados para seus propósitos
pretendidos.

Os componentes mais básicos de um artefato explosivo improvisado (AEI)


são a carga principal e o sistema de detonação. A carga principal consiste de baixo
explosivo comercial ou improvisado (por exemplo, pólvora negra) ou alto explosivo (por
exemplo, dinamite). O sistema de detonação ou iniciação consiste de um iniciador,
usualmente, mas nem sempre, com outros componentes. Quando o aparato explode,
consome a carga explosiva principal. Entretanto, o sistema de detonação, muito
fragmentado, incluindo o iniciador, usualmente permanece no cenário. Adicionalmente,
muitos aparatos não explodem e são desmontados pelo técnico em bombas, deixando
todos os componentes para o investigador coletar para dar continuidade à investigação
de quem foi o responsável pela construção do artefato. Como tal, é incumbência do

43
investigador no cenário de crime com bomba em estar instruído não apenas acerca do
tipo de explosivos que podem ser utilizados em AEI‘s, mas também os acessórios
explosivos, tais como o iniciador, que são utilizados nestes aparatos. Entretanto, saber
que tipos de explosivos podem ser utilizados não é o bastante para o investigador. O
investigador precisa ter conhecimento acerca das características de identificação destes
produtos explosivos. Como vimos no Capítulo 1, grande parte da carga principal pode
permanecer no cenário depois de uma explosão de baixa-ordem. Portanto, o
investigador dever ter conhecimento das propriedades físicas dos explosivos para
permitir uma identificação de qualquer explosive não consumido que permaneça no
local. Adicionalmente, ao fazer as buscas no possível local de construção da bomba
(fábrica da bomba) ou em um veículo que possa estar transportando vários tipos de
explosivos, é imperativo que o investigador conheça as características físicas de
identificação dos produtos pelos quais ele ou ela estiver procurando.
Este capítulo propiciará informação detalhada sobre baixo e alto
explosivos comerciais e militares e dos sistemas de iniciação utilizados para explodí-los
confiavelmente. Ainda, será provida a identificação das características destes produtos.
Estes dados proverão os conhecimentos essenciais necessários ao investigador para
fazer buscas adequadamente em um cenário de bomba ou no local construção da
bomba (com a assistência de um técnico em bombas) no esforço de identificar os
produtos explosivos consumidos ou não-consumidos. Ao conhecer a aparência dos
explosivos e suas características de identificação, será fornecida uma enorme medida
de segurança ao investigador e aos membros da equipe para seus esforços coletivos.
Recorra ao Anexo A para uma listagem dos vários tipos de explosivos e
suas características gerais. Também, recorra ao Anexo B para os nomes dos
explosivos nos EUA e no estrangeiro.

2.2 Uma Breve História sobre Explosivos

O inventor do primeiro explosivo, a pólvora negra, provavelmente jamais


será conhecido. Seu primeiro uso foi atribuído aos chineses, há mais de 2000 anos
atrás, e aos árabes. A primeria menção documentada de salitre ou nitrato de potássio,
que é ingrediente básico da pólvora negra, é encontrada nos trabalhos escritos do autor
árabe Abd Allah no século XIII. Entretanto, em 1242 um monge britânico, Roger Bacon,
foi o primeiro a publicar uma fórmula para pólvora negra em sua descrição de uma arma
contra bruxaria. Por três séculos depois de Bacon, a capacidade da pólvora negra para
executar trabalhos úteis manteve-se inexplorada. Ela foi utilizada em armas de fogo,
mas só depois do século XVII passou a ser utilizada em minas para explosões. Martin
Weigel sugeriu seu uso em mineração na Saxônia já em 1613, mas aparentemente,
nenhuma ação foi adotada.
Há claros registros de que um tirolês chamado Kaspar Weindl disparou
uma explosão nas Minas Reais de Schemnitz em Ober-Biberstollen na Hungria em
44
Fevereiro de 1627. Até 1689, a pólvora negra estava sendo utilizada nas minas de
estanho em Cornwall, Inglaterra. Os primeiros americanos na época colonial dependiam
fortemente da caça para alimento, e a fabricação de pólvora no Novo Mundo foi
empreendida bem cedo. Uma fábrica de pólvora foi estabelecida em 1675 em Milton,
Massachusetts, a aproximadamente 6 milhas de Boston.
A Inglaterra sentia que suas colônias americanas deveriam ser limitadas a
fornecer matérias-primas para as fábricas da Inglaterra e a comprarem produtos
acabados destas mesmas fábricas. A manufatura americana, que poderia ter provido
competição para a manufatura britânica, foi desenvorajada. Entretanto, outra razão
estava sempre prevalescente para desencorajar a manufatura de pólvora negra e
armamentos: uma possível rebelião das colônias contra a "mãe" Inglaterra.
Na sessão da primavera da Assembléia Geral da Colônia de Connecticut
em 1773, foi apontado um comitê para verificar as possibilidades de obtenção da posse
da mina de cobre de Simsbury para convertê-la em uma prisão. O comitê relatou em
outubro que havia comprador os 19 anos restantes do contrato de leasing da mina por
£60 e que por meio da explosão de rocha eles tinham preparado um espaço bem-
acabado com aproximadamente 3,6 m por 4,5 m na gruta, portegendo a entrada oeste
com uma grande porta. Esta instalação foi chamada de Newgate Prison. Ela foi usada
para confiner não só os criminosos de Connecticut, mas também muitos legalistas de
outras colônias durante a Revolução. Esta é a primeira real referência a explosão na
América.
O século XVIII e a primeira metade do século XIX viram a descoberta de
vários outros explosivos, mas a pólvora negra permaneceu a única para uso geral. Ela
foi produzida neste país em quantidades sempre crescentes na medida em que raiava o
século XIX e a América começou uma rápida expansão. Cerca de 30 canais foram
cavados nos EUA entre 1790 e 1850; os mais impressionantes foram o Erie Canal e o
Chesapeake e Ohio Canal. Várias ferrovias também estavam em construção entre 1830
e 1850; a mais importante delas foi a Baltimore e Ohio entre Baltimore e Wheeling, via
Harper‘s Ferry.
Foi encontrado carvão betuminoso perto de Richmond, Virgínia, antes de
1730, e a mineração comercial de antracite foi iniciada na Pennsylvania em 1820. A
mieração de carvão estava destinada a se tornar a maior consumidora da indústria de
explosivos no país. Entre 1810 e 1860 a produção de ferro fundido cresceu
notavelmente, a qual demandava a explosão de quantidades muito maiores de carvão,
calcário e minério de ferro. Como consequência desta e de outras atividades, já em
1860 os EUA estavam fabricando cerca de 11.300 toneladas de pólvora para
dinamitação por ano.
William Bickford na Inglaterra fez uma notável contribuição em 1831 com
sua invenção do estopim e o estabelecimento de uma fábrica em Cornwall, Inglaterra,
para servir as minas de estanho de Cornish. Antes deste, os métodos para ignição de
pólvora negra eram incertos e inseguros. Em 1836, Richard Bacon, superintendente do
45
da Copper Hill Mine em Simsbury, importou alguns estopins de Bickford e depois se
juntou com Bickford e seus interesses britânicos para formar a original fábrica
Americana de estopins de Bacon, Bickford, Eales and Company. Mais tarde esta se
tornou a Toy, Bickford and Company, e finalmente foi incorporada em 1907 como a
Ensign-Bickford Company sediada em Simsbury, Connecticut. Ela fabricava estopins,
cordéis detonantes e sistemas de iniciação para aplicações em explosivos comerciais e
militares.
Em 1802, Eleuthere Irenee du Pont de Nemours começou a produção
comercial de pólvora negra em uma fábrica situada nos aterros do Brandywine Creek
perto de Wilmington, Delaware. Naquela época, a fórmula era quase a mesma que
tinha sido há um século e meio antes, aproximadamente 75% de salitre, 15% de carvão
e 10% de enxofre. Desde o início, os produtos de Du Pont desfrutaram de uma
reputação superior. A produção continuou na Brandywine Mills até 1921, quase 120
anos depois do surgimento do primeiro misturador, quando o local foi abandonado por
causa da expansão dos limites da cidade de Wilmington.
Em 1857, Lammot du Pont introduziu uma melhoria de grande importância
técnica e econômica. Em lugar de nitrato de potássio, que era dispendioso, ele
substituiu pelo nitrato de sódio muito mais barato – nitrato do Chile. A nova fórmula de
Du Pont rapidamente substituiu o nitrato de potássio da pólvora negra para todos os
usos, à exceção de poucos usos especializados. Esta invenção was útil para aumentar
o consumo de pólvora negra para aproximadamente 45.000 toneladas em 1900.
Por volta da época em que Lammot du Pont estava mudando a fórmula da
pólvora negra, Alfred Nobel e seu pai Immanuel na Suécia estavam tentanto encontrar
uma aplicação técnica para as propriedades explosivas da nitroglicerina. Ascanio
Sobrero, que tinha descoberto a nitroglicerina em 1846, a havia abandonado. No curso
de seus experimentos, Alfred Nobel inventou a primeira espoleta – uma cápsula de
estanho (mais tarde cobre) preenchida com fulminato de mercúrio.
Nos EUA, George Mowbray é considerado o fabricante pioneiro de
nitroglicerina. Depois de edificar uma pequena fábrica perto de Titusville, Pensilvânia,
em 1866, Mowbray completou um grande instalação no ano seguinte em North Adams,
Massachusetts. Em 1866, Alfred Nobel misturou nitroglicerina com um absorvente para
fazer uma substância sólida sensível ao choque/impacto de uma espoleta, mas
relativamente insensível ao choque habitual. O absorvente que ele usou foi o kieselguhr
(diatomita) e seu explosivo sólido foi a dinamite.
No ano seguinte, Theodore Winkler, um associado de Nobel, fez 1,36 Kg
de dinamite na Judson and Sheppard Chemical Works em São Francisco e demonstrou
sua ação ao explodir seixos ao longo da linha férrea Bay View. Diretamente depois
disso, uma companhia americana começou a fabricar dinamite em uma planta
localizada perto de São Francisco. Cerca de 25% da consistência da dinamite de Nobel
era de diatomita, que não contribui na explosão. Entretanto, James Howder, um
químico de São Francisco, combinou outra mistura de 75% de nitroglicerina absorvida
46
em açucar, carbonato de magnésio e nitrato de potássio, que resultou em um explosivo
mais forte e melhor.
O primeiro grande trabalho no qual a dinamite foi prosperamente utilizada
na América foi a explosão do túnel Musconnetcong perto de Easton, na Pensilvânia. O
trabalho neste tunel, com pouco menos de uma milha de distância, foi iniciado no
outono de 1872. Repetidas vezes durante sua constução, um total de 7.700 Kg de
dinamite era utilizado em um mês.
Em 1875, Alfred Nobel fez outra descoberta de grande projeção quando
dissolveu algodão-colódio em nitroglicerina. Isto resultou em uma massa gelatinosa,
que era muito mais ponderosa do que sua dinamite. Esta foi a primeria gelatina
explosiva. Gelatina explosiva foi utilizada em significantes quantidades pela primeira
vez na explosão do segundo aquaduto Croton para suprimento de água para Nova
Iorque. Esta obra que começou em 1884 e foi conluída em 1890 foi o primeiro dos
grandes aquadutos americanos.
Embora os Du Ponts tivessem comprado muitas ações de uma companhia
que fabricava dinamite, a entrada deles no ramo comercial da dinamite está
normalmente associado com a formação, em 1880, da Repauno Chemical Company
com Lammot du Pont como presidente e sua construção no Rio Delaware em
Gibbstown, Nova Jersey. O plano de Du Pont era construir uma fábrica de dinamite tão
radicalmente mecanizada que os trabalhadores não seriam expostos a operações de
perigosas. Ele não veria a concretização de seu sonho uma vez que morreu em
decorrência de uma explosão na Repauno no dia 29 de março de 1884. William du Pont
que sucedeu a Lammot como presidente estava determinado a dar continuidade ao
plano de Lammot e também em fazer com que a Repauno fosse a maior fábrica de
dinamite na América.
No início, a maioria das ferrovias havia recusado a aceitar dinamite como
carga sob pretexto de que era muito perigosa. A Pennsylvania Railroad enviou seu
perito em química, Professor Charles B. Dudley, para Repauno para fazer testes, os
quais determinariam se a dinamite poderia ser transportada seguramente em sua
ferrovia. Entre outros testes, uma caixa de dinamite, "embalada para transporte, foi
levada para o topo de uma torre e jogada de uma janela em uma pilha de pedras
abaixo. A caixa se arrebentou e a serragem e os cartuchos rolaram para fora
inofensivamente. Cada cartucho foi então recolhido, levado até a mesma janela e
arremessado violentamente, um por vez, contra as pedras. Não houve qualquer
explosão, de acordo com o panfleto do departamento de explosivos da companhia Du
Pont‖. O relatório formal do Professor Dudley foi submetido à ferrovia em 1881, mas
ainda assim a ferrovia não permitiria que dinamite fosse transportada em suas linhas.
Os produtos da Repauno continuaram a ser transportados em carroças ou barcos.
Entretanto, no inverno de 1885-1886, o Rio Delaware ficou completamente congelado.
Para atender esta emergência a Pennsylvania Railroad concordou relutantemente a
transportar dinamite pela via férrea por um período de 2 semanas. Ao mesmo tempo, a
47
ferrovia começou outra investigação, que resultou em 1886 na primeira regulamentação
prática administrativa da movimentação de dinamite por estrada de ferro.
Até 1900 a produção de dinamite nos EUA havia alcançado um total
superior a 38.500 toneladas se comparada a mais de 45.000 toneladas de pólvora
negra. Entretanto ocorreram drástricas mudanças no horizonte da indústria de
explosivos. Depois da 1ª Guerra Mundial, a produção de pólvora negra caiu
abruptamente de um pico de 130.000 toneladas em 1907 para menos de 45 toneladas
hoje. A dinamite rapidamente se tornou o explosivo de escolha até meados da década
de 50 quando o ANFO (nitrato de amônio e óleo combustível) começou a ganhar
favoritismo dos dinamitadores como um explosivo menos caro e menos perigoso. O uso
de pastas explosivas seguiu o do ANFO no final da década de 50, embora não tenham
sido extensivamente usadas até as décadas de 60 e 70. O uso de dinamite foi depois
reduzido com o desenvolvimento de emulsões explosivas durante as décadas de 80 e
90. Até 1996, o uso de dinamite havia sido reduzido ao ponto de que somente uma
fábrica permanecia aberta nos EUA se comparada com as 34 fábricas em operação no
final da década de 50.
Junto com a industrialização da produção de explosivos veio a manufatura
de sistemas de iniciação utilizados para explodir ou iniciuar os explosivos. Como temos
visto, Alfred Nobel produziu a primeira espoleta ou detonador ao usar fulminato
projetado para explodir com estopim. Foram feitas tentativas durante muitos anos para
disparar espoletas eletricamente. Benjamin Franklin experimentou iniciar pólvora negra
com energia elétrica, a primeira tentative desta maneira no Novo Mundo. Estas
tentativas prematuras eram para modelar uma espoleta que fosse iniciada por uma
faísca que passava entre as pontas desencapadas de dois fios inseridos na carga da
cápsula. Este tipo foi substituído com uma resistência em paralelo (bridge-wire) entre as
pontas dos fios por H. Julius Smith em 1876. Smith era um inventor ativo que fez várias
melhorias nas espoletas elétricas e detonadores para a produção de energia elétrica
para iniciar as espoletas. Ele patenteou uma espoleta elétrica de ação retardada em
1895. A produção comercial de espoletas elétricas e espoletas de ação retardada
começou logo depois. Melhorias nas espoletas e nos sistemas de iniciação continuaram
com o desenvolvimento dos sistemas de tubo de choque e detonadores eletrônicos.

2.3 Baixo Explosivos

Estatíticas do Centro de Dados de Bombas do FBI mostram


consistentemente que ano após ano o explosivo de escolha dos agressores com
bombas nos EUA tem sido baixo explosivos. Estes incluem pólvora negra, Pyrodex,
pólvora de flash fotográfico, pólvora sem fumaça e um número crescent de baixo
explosivos improvisados. Todos estes explosivos são muito sensíveis, alguns mais que
os outros, à iniciação por calor, leve impacto ou atrito. O que isto significa? De maneira
simples, baixo explosivos pode ser iniciados com o calor de um fósforo, faíscas, batida
48
com um percussor ou objeto metálico, eletricidade estática do corpo de alguém e o
atrito gerado pela fricção de graõs de explosivos uns contra os outros ou de objetos
metálicos na presença de explosivos. Adicionalmente, baixo explosivos podem ser
facilmente iniciados com outros explosivos e sistemas de iniciação projetados para alto
explosivos, tais como um detonator ou cordel detonante.

Baixo Explosivos
Pólvora negra
Pyrodex
Pólvora de flash fotográfico
Pólvora sem fumaça

2.3.1 Pólvora Negra

Pólvora negra, como seu nome implica, é um explosivo granulado preto


parecido com pequenos caroços de carvão. É muito impiedoso seu uso negligente uma
vez que é extremamente sensível à iniciação acidental por calor, choque/impacto, atrito
ou eletricidade estática. Quando confinada, explode ou deflagra em uma velocidade
inferior a 914 m/s. Não confinada, queima no ar tão rapidamente que tem causado
queimaduras significantes em usuários negligentes que estavam muito perto ao ponto
de a iniciarem acidentalmente. Além de seu uso ilegal, a pólvora negra propicia vários
usos importantes na sociedade de hoje. Estes podem ser agrupados em vários títulos,
quais sejam: esportes, explosões, fogos de artifício, estopim e sistemas mecânicos de
detonação. Além de diferenças muito básicas nos ingredients (nitrato de potássio ou
nitrato de sódio, enxofre e carvão) estas pólvoras diferem principalmente no tamanho
de suas granulações (i.e., o tamanho da partícula de pólvora). O tamanho da
granulação tem um efeito direto na taxa de queima para cada grão de pólvora. Quanto
menor for o grão, mais rápido irá queimar para produzir energia. Consideer duas
quantidades iguais de pólvora negra, uma com grãos maiores e outra com grãos
menores. A quantidade com grãos menores tem mais área de superfície exposta para
queima do que aquela com grãos maiores e quando expostas à ignição, os grãos
menores queimarão mais rápido. Com exceção da mecanização, a produção de pólvora
negra mudou pouco através de centenas de anos.

Tipos de Pólvora Negra

Esportes
Explosões
Fogos de Artifício
Estopins

49
Pólvoras negras para esportes são usadas principalmente para armas de
fogo alimentadas pelo focinho e têm cinco tamanhos de granulação: canhão (a maior),
Fg, FFg, FFFg e FFFFg. Basicamente, a Fg é uma abreviação industrial iniciada pelos
Du Pont na década de 40 para fino grão. Assim, Fg é fino grão e o menor é fino-fino-
fino-fino grão (4Fg). Pólvoras para uso esportivo são normalmente vendidas em latas de
metal com 1-libra (0,453 Kg) com o tamanho da granulação claramente estampado em
sua frente. Embora algumas pólvoras negras sejam importadas para os EUA, existe um
produtor de pólvora negra no país: Goex (Figura 2.1).

Pólvoras negras para explosões ainda são utilizadas em pedreiras e


outros tipos de explosões de baixa-energia. Exsitem dois tipos de pólvoras para
explosões: ―A‖ à base de nitrato de potássio e com sete granulações - FA, 2FA até 7FA
- e "B" à base de nitrato de sódio e com quatro granulations - FB, FFB, FFFB, e FFFFB.

Pólvoras usadas na indústria comercial de fogos de artifício possuem dez


granulações: FA até 7FA, farinha D, farinha fina e farinha extrafina.

A pólvora negra também é utilizada na fabricação de estopins, que são


cordéis flexíveis contendo um veículo interno para queima (pólvora negra) por meio do
qual o fogo ou a chama é transportada à uma taxa contínua e uniforme desde o ponto
de ignição até o ponto de uso, normalemnte um dispositivo detonator.

Figura 2.1 A pólvora negra é o mais antigo explosivo conhecido e parece pequenos caroços de
carvão.

50
Tamanhos da granulação de pólvora negra:

C — Canhão
Fg — Mosquete
FFg — Carabina
FFFg — Pistola
FFFFg — Recargas

Para explosões: Tipo ―A‖: à base de nitrato de potássio


Granulações:
Sete granulações — FA, 2FA até 7FA
Para explosões: Tipo ―B‖: à base de nitrato de sódio
Granulações:
Qautro granulações — FB, FFB, FFFB, e FFFFB
Fogos de artifício:
Granulações:
Dez granulações — FA até 7FA, farinha D, farinha fina, farinha extrafina

2.3.2 Pyrodex

Pyrodex® é uma marca registrada da Hodgdon Powder Company de


Shawnee Mission, Kansas, e é um substituto da pólvora negra. Sua cor é preta e se
parece com pequenos caroços de lava. Quando confinado, explode ou deflagra em uma
velocidade inferior a 914 m/s. Não confinado, queima no ar muito rapidamente, porém
mais lento que sua prima, a pólvora negra. É mais seguro de ser usado do que a
pólvora negra porque não é tão sensível ao calor, choque/impacto e atrito, mas ainda é
sensível ao manuseio incorreto. Como a pólvora negra, o Pyrodex é fabricado em várias
granulações para usos específicos. "RS" é usado para carabinas e escopetas, "P" para
pistola, "CTG" para cartuchos e projéteis, e "C" para canhão (Figura 2.2). A formulação
química do Pyrodex é similar, ma também muito diferente, à da pólvora negra. Ela
inclui: nitrato de potássio, enxofre, carvão, grafite, limalha e perclorato de potássio.
Pyrodex está disponível em embalagens plásticas com 453 g, tendo o tamanho da
granulação claramente estampado em sua frente.

Tipos de Pyrodex
RS — Carabinas e escopetas
P — Pistola
CTG — Cartucho e projéteis
C — Canhão

51
Figura 2.2 Pyrodex é um substituto da pólvora negra e se parece com pequenos pedaços de
lava.

2.3.3 Pólvora de Flash Fotográfico

Pólvora de flash fotográfico é um explosivo extremamente sensível,


normalmente classificado como um baixo explosivo, mas em alguns casos pode ser
classificado como um alto explosivo em razão de sua capacidade de explodir ou
detonar sem confinamento. Devido à presença de metais combustíveis, normalmente
pó de alumínio, sua aparência é de um pó de cor prateada (Figura 2.3). Quando
confinado, explode ou deflagra em uma velocidade inferior a 914 m/s. Entretanto, pode
haver ocasiões onde a velocidade excede os 914 m/s. É possivelmente o baixo
explosivo mais sensível que um investigador pode encontrar. Sim, existem outros baixo
explosivos que são mais sensíveis, mas o investigador normalmente não os encontraria
na "média" das investigações. É extremamente sensível ao calor, choque/impacto, atrito
e descarga eletrostática. Especificamnente, um ―choque elétrico‖ que em um dia seco
(ou de baixa umidade relativa do ar) pode saltar da mão de alguém para um objeto
metálico é suficiente para iniciar a pólvora de flash fotográfico.

A pólvora de flash fotográfico é usada em fogos de artifício, incendiários,


munições militares e como a carga principal de AEI‘s. Existe apenas um tipo de pólvora
de flash fotográfico, mas existem bem mais de 100 formulações contendo um oxidante,
combustíveis metálicos e não metálicos. A pólvora de flash fotográfico não pode ser
comprada pela média dos consumidores em lojas de esportes como a pólvora negra.
Normalmente, quando encontrada pelo investigador, sua origem é de fabricação ilícita
ou de fogos de artifício comerciais.

52
Figura 2.3 A pólvora de flash fotográfico é extremamente sensível à descarga estática e se
parece com pó de alumínio.

Fábricas de fogos de artifício produzem milhares destes aparatos e criam diversos


problemas para o público e o pessoal da segurança pública. Em primeiro lugar, estes
"fogos de artifício" não são fogos de artifício, mas sim AEI‘s de acordo com a definição
"artefato destrutivo" e são extremamente perigosos. No mínimo, eles têm a capacidade
de arrancar o dedo de alguém, caso explodam enquanto estão sendo segurados. É facil
de se imaginar os problemas associados com este tipo de aparato nas mãos de jovens
confiantes. Outro problema associado com estes aparatos é a facilidade de fabricação
onde eles são preparados. Todo ano algumas destas instalações ilegais explodem
ferindo e matando trabalhadores e vítimas inocentes. Os policiais que adentram em tais
instalações deveriam fazê-lo somente com treinamento adequado e devem observar o
máximo das precauções de segurança. Especificamente, como estas instalações são
ilegais, os proprietários não estão preocupados com a segurança e a pólvora de flash
fotográfico é normalmente evidente nestas instalações improvisadas.

2.3.4 Pólvora sem Fumaça

A pólvora sem fumaça representa o maior tipo de baixo explosivo


fabricado e utilizado. O propelente tem sido usado desde 1800 e foi dado o nome de
"sem fumaça" devido à relativamente pouca fumaça produzida quando queimada, se

53
comparada com a pólvora negra. Este produto deveria ser mais corretamente
denominado como pólvora de ―pouca fumaça‖.
A primeria pólvora sem fumaça que funcionou direito parece ter sido feita
pelo Capitão Schultze do exército prussiano em 1865. Entretanto, devido à sua rápida
velocidade de queima e a produção de gás, este produto nitroso só podia ser usado em
escopetas e não em carabinas. Os trabalhos continuaram na Áustria, Alemanha e
Inglaterra, onde foi feita outra descoberta. As companhias de explosivos na Inglaterra
desenvolveram uma pólvora conhecida como pólvora EC (de Explosives Company).
Esta pólvora era um pó desportivo a granel porque era carregado em em grandes
quantidades ou para o mesmo monte, e tinha o mesmo efeito da pólvora negra. O uso
foi confinado a escopetas, grenadas, festins e como iniciador de pólvoras propelentes
densas usadas na artilharia.
A primeira pólvora sem fumaça, que era aceitável a ser utilizada em
carabinas foi a densa, colóide "Poudre B" (que significa pó branco) inventada pelo físico
francês Paul Vieille em 1884. Ela foi feita da mistura de nitro-algodão solúvel e insolúvel
com éter–álcool, amassados para formar uma geléia firme, enrolada em folhas, cortada
em quadrados e deixadas para secar. Com mais prática, sua fabricação passou a ser
através de uma prensa até ficar na forma de uma tira, cortada no comprimento e
deixada para secar. Em 1888, Alfred Nobel inventou a balistita, uma pólvora sem
fumaça mais ponderosa, consistindo de uma mistura gelatinosa muito densa e firme de
nitroglicerina e nitrocelulose solúvel preparda com o uso de um solvente, éter-álcool,
que mais tarde era removido. Nos próximos 25 anos, aproximadamente, melhorias
consideráveis foram feitas no processo de fabricação de pólvora sem fumaça e também
na energia produzida em sua queima. Este desenvolvimento foi logo submetido ao teste
da 1ª Guerra Mundial, uma vez que a pólvora sem fumaça foi produzida aos milhões de
quilos para propiciar um propelente para carabinas e para lançar artilharia pesada e
cargas de morteiros sobre as trincheiras da França.
Hoje, a pólvora sem fumaça possui três usos gerais: munição esportiva e
policial (projétil, pistol e carabina), industrial (pequenos cartuchos de armas para
pregos), e militar (armas de fogo e propelentes). Das destinadas ao uso esportivo e
policial, são produzidas mais de 100 classes ou variedades. As de uso esportivo
também estão disponíveis em muitas lojas varejistas como pólvora para recarregar
munições. A disponibilidade de pólvora sem fumaça tanto para propósitos legais como
ilegais varia de estado para estado. Alguns estados têm leis que exigem que o
comprador apresente uma identificação positiva antes que a pólvora e munição sejam
vendidas, enquanto que outros não exigem qualquer identificação. Como os outros
baixos explosivos abordados, a pólvora sem fumaça também é usada na fabricação de
artefatos improvisados.
Para estes usos gerais, existem três tipos de pólvoras que são produzidos:
bae simples, base dupla e base tripla. Como veremos mais à frente, estas pólvoras
diferem na configuração geométrica e tamanhos dos grãos. Também, geralmente não é
54
difícil distinguir a pólvora sem fumaça de outros tipos de baixo explosivos: pólvora
negra, Pyrodex e pólvora de flash fotográfico. A produção destas pólvoras envolve oito
principais classes de ingredientes, que podem ou não ser utilzados em cada tipo de
pólvora. Estes ingredientes são os energéticos ou explosivos, estabilizadores,
plastificantes, supressores de flash, restringentes, corantes, opacificadores e outros.

Ingredientes em Pólvora sem Fumaça


Energéticos
Estabilizadores
Plastificantes
Supressores de Flash
Restringentes
Corantes
Opacificadores
Grafites

Os materiais energéticos - nitrocelulose, nitroglicerina e nitroguanidina –


fornecem a energia para o produto queimar e por meio deste explodir ou deflagrar.
Especificamente, a fabricação de pólvora sem fumaça requer, pelo menos,
nitrocelulose. Nitroglicerina e nitroguanidina podem ou não serem acrescentadas à
nitrocelulose. Basicamente, depende do tipo de pólvora que estiver sendo produzida.
Uma explicação mais detalhada será provida.
Estabilizadores – difenilamina e etil-centralite – estabilizam a pólvora ao
neutralizar os produtos ácidos da decomposição da nitrocelulose e da nitroglicerina
para aumentar a vida útil da pólvora. Da mesma forma que em quase todo explosivo, a
combinação de ingredientes voláteis apresenta muitos problemas no que tange à
ligação química destes materiais para se fazer um produto estável. O próximo grande
obstáculo é evitar que estes ingredientes se destruam entre si ou se tornem tão
sensíveis que poderima se auto-iniciar. Os estabilizadores na pólvora sem fumaça se
esforçam para propiciar uma longa vida na prateleira para garantir que quando a
pólvora vier a ser necessária, funcione confiavelmente.
Plastificantes amaciam o propelente, que auxilia nos processos de
fabricação quando é prensado e cortado em várias formas. Adicionalmente, os
propelentes têm a tendência de absorver umidade do ar (i.e., são higroscópicos), que é
algo a ser evitado; os plastificantes reduzem esta capacidade de absorver água e
reduzem a quantidade de energia disponível no material energético. Os plastificantes
mais comuns incluem dibutil ftalato, dinitrotolueno, triacetina e etil-centralite.
Supressores de flash, principalmente usados em pólvora militar de base
tripla, reduzem o flash do cano de uma arma. Eles incluem nitroguanidina, cloreto de
sódio, nitrato de potássio e sulfito de potássio.

55
Restringentes são importantes para controle ou redução da taxa de
queima da pólvora. Os restringentes revestem o exterior dos grânulos propelentes ou
são absorvidos pela pólvora para reduzir a taxa inicial de queima, a temperature da
chama e a igniciabilidade. Os exemplos mais comuns são dioctil ou dibutil ftalato,
dinitrotolueno, metil ou etil-centralite e resina vinsol.
Corantes ou agentes coloridos são usados para dar cor à pólvora para
propósitos de identificação e são usados principalmente para recarga de armas leves.
Exemplos são as marcas registradas Red Dot®, Blue Dot® e Green Dot®. Deve-se notar
que apenas parte da pólvora, e não toda ela, contida em um recipiente será tingida para
auxiliar em sua identificação. Uma técnica efetiva de investigação do cenário do crime
para coletar evidência de pólvora sem fumaça depois da explosão de um artefato
improvisado utilizando um baixo explosivo, é usar o aspirador de pó no cenário depois
que os pedaços maiores de escombros terem sido retirados. Uma checagem no saco
de pó do aspirador em muitas ocasiões revelou a presença de grãos de pólvora sem
fumaça tingidos identificáveis quando foram utilizados no atentado (Figura 2.4a).
O opacificador propicia uma cobertura da superfície, que evita que o calor
radiante penetre na superfície da pólvora, portanto reduzindo a chace de pré-ignição.
Carbono negro, o mais utilizado, é usado em pólvora sem fumaça destinada
principalmente para uso em armamento militar de grosso calibre.
Outros ingredientes incluem grafite, que é adicionado em um processo
chamado vitrificação de ordem a melhorar o fluxo da pólvora, melhorar o
empacotamento e reduzir a eletricidade estática produzida enquanto a pólvora é
despejada. As pólvoras também possuem coberturas que suportam erosão, que
reduzem a transferência de calor para o barril e ajudam a prevenir a corrosão do barril.

Tipos de Pólvora sem Fumaça


Base-simples
Base-dupla
Base-tripla

A pólvora sem fumaça de base-simples é a menos ponderosa da família.


Seu principal ingrediente é a nitrocelulose (nitrato de celulose ou algodão-pólvora) que
foi gelatinizada com solventes como o éter–álcool. Adicionalmente, os estabilizadores
são normalmente acrescentados à mistura antes que esta seja colocada em uma
prensa de extrusão para ser prensada na forma desejada. A pólvora úmida é então
cortada no comprimento desejado, depois passa pela fase de remoção dos resíduos de
solventes e secagem. Depois da secagem, a pólvora é polida em cilindros e o grafite é
adicionado em sua superfície. O grafite serve para melhorar a capacidade de ser
despejada e para reduzir a formação de torrões. Tratamentos adicionais à superfície,
restingentes e opacificadores podem ser adicionados neste estágio.

56
(a)
Figura 2.4 (a) Pólvora sem fumaça tingida de vermelho para identificação.

(b)
Figura 2.4 (b) Grãos de pólvora sem fumaça na forma de um cilindro com perfurações.

57
(c)

Figura 2.4 (c) Pólvora sem fumaça no formato de bolas.

(d)

Figura 2.4 (d) Pólvora sem fumaça no formato de bolas achatadas.

58
(e)

Figura 2.4 (e) Pólvora sem fumaça no formato de discos.

A pólvora sem fumaça de base-dupla, como o nome implica, contém dois


ingredientes essenciais, um dos quais é a nitrocelulose; possui mais energia do que as
pólvoras de base-simples. Na maioria dos casos o segundo ingrediente é nitroglicerina,
mas como uma alternativa nitroglicol ou dinitrotolueno podem ser usados como o
segundo componente. O segundo componente se une com a nitrocelulose e não se
separa. Para fazer uma pólvora de base-dupla, a nitrocelulose com aditivos é suspensa
em água, a suspensão é vigorosamente agitada, e a nitroglicerina é lentamente
introduzida na suspensão. Quando praticamente toda nitroglicerina é absorvida pela
nitrocelulose, a água é removida do produto pelo uso de uma centrífuca ou prensa
hidráulica. Como na pólvora de base-simples, a pólvora de base-dupla é então
prensada ou passa por um clindro, cortada e quaisquer solventes usados são
removidos; ela é então secada, polida e são adicionados grafite e tratamentos de
superfície.

A pólvora sem fumaça de base-tripla, similar às pólvoras de base-simples


e de base-dupla, é baseada em nitrocelulose e nitroglicerina e contém um terceiro
ingrediente reativo, nitroguanidina, e por essa razão o nome de pólvora de base-tripla.
A nitroguanidina é usada para controlar a saída de gás, energia, temperature e taxa de
queima. Basicamente, a nitroguanidina reduz a temperatura da chama, e por meio
disso, reduz, mas não elimina, o fogo ou a chama que sai da boca de uma arma. Como
tal, este tipo de pólvora é principalmente usada pelos militares para tentar ocultar a
posição do atirador.
59
Como temos observado a energia disponível na pólvora sem fumaça
depende de seus ingredientes. A pólvora de base-dupla, devido à presença do segundo
ingrediente, tem mais energia do que a pólvora de base-simples. A pólvora de base-
tripla pode ter, embora nem sempre, mais energia disponível do que a pólvora de base-
dupla. Entretanto, a taxa pela qual a pólvora queima é determinada não só pelos
ingredientes (química), mas também por dois pontos adicionais, a geometria ou forma
ou tamanho da pólvora e se a mesma tem ou não tem perfurações ou buracos.
A geometria ou forma específica da pólvora, e se existem pequenos furos
em seus grãos, impacta diretamente a quantidade da área de superfície disponível para
queima. Da mesma forma que acontece com a pólvora negra, quanto menor o tamanho
do grão, maior será a área de suprefície disponível e consequentemente, mais rápida a
taxa de queima. Entretanto, com a pólvora sem fumaça não é apenas o tamanho da
partícula que faz a diferença, mas também sua forma relativa e se existem perforações
através dos grãos da pólvora.
Perfurações (furos) aumentam a área de superfície para queima ao
permitir que a pólvora não queima somente pelo lado de fora, mas também pelo lado de
dentro em direção ao lado de fora ao mesmo tempo. Alguns grãso possuem apenas um
único furo, enquanto que outros possuem vários e são normalmente dispostos em um
padrão uniforme (Figura 2.4b).
A pólvora sem fumaça é produzida em sete formas geométricas, a seguir:
cilindro, bola, bola achatada, flocos, disco, aglomerado e tira. A forma de tira é
normalmente para aplicações militares (Figura 2.4c, Figura 2.4d e Figura 2.4e).
A pólvora sem fumaça está disponível em embalagens de metal, plástica
ou de papel, nos tamanhos de 1 a 5 libras. Estas embalagens apresentam informações
do tipo de pólvora, do fabricante e algumas vezes a aplicação destinada (i.e., para
pistola, carabina ou projéteis) ou os ingredientes básicos da pólvora. Dentre os atuais e
ex-fabricantes e/ou distribuidores de pólvora sem fumaça, incluem-se: Hercules, Du
Pont, Herters, Norma, Alcan, Winchester, Accurate, Olin, Alliant e Hodgdon (Figura 2.5).

2.4 Alto Explosivos Comerciais

A indústria comercial de alto explosivos nos EUA tem evoluído, e continua


a evoluir de uma situação com muitas empresas competidoras para cada vez menos e
menos empresas. A mais antiga companhia de explosivos dos EUA, a Du Pont, não
está mais no ramo de explosivos. Outras empresas de explosivos absorveram a Atlas e
Hercules — nascida das leis antitruste de controle do monopólio da Du Pont em 1912
— e elas, por sua vez, foram absorvidas por outras companhias. Embora hoje algumas
antigas plantas da Atlas e Hercules ainda estejam em operação, elas possuem
diferentes proprietários. Também, como resultado destas absorções e aquisições,
companhias totalmente novas entraram no ramo para produzir novas linhas de produtos
60
Figura 2.5 Várias embalagens de baixo explosivo: pólvora negra, Pyrodex e pólvora sem
fumaça.

explosivos. Adicionalmente, alguns produtos explosivos estão sendo importados para


os EUA provenientes do Extremo Oriente e Leste da Europa. O Canada continua, como
antigo parceiro comercial na fabricação de explosivos, a receber e enviar explosivos
dos EUA. A mais antiga companhia de explosivos nos EUA a permanecer intacta,
fabricando e vendendo uma linha completa de explosivos é a Austin Powder Company
de Cleveland, Ohio.
Os alto explosivos são de dois principais tipos, primário e secundário.
Explosivos primários, como vimos no Capítulo 1, são usados em sistemas de iniciação -
detonadores. Explosivos secundários são ainda divididos em duas classes: carga
principal e boosters. Os explosivos da carga principal ainda são divididos em explosivos
sensíveis ao detonador (tais como dinamite, explosivos binários, RDX, PETN, TNT, géis
aquosos e emulsões) e explosivos não-sensíveis ao detonador (tais como agentes
explosivos, que incluem o ANFO, e géis aquosos e emulsões não-sensíveis ao
detonador). Dentre os boosters, usados para iniciar alto explosivos não-sensíveis ao
detonator, incluem-se PETN, RDX, produtos misturados com TNT, e outros (Figura 1.8).
Acessórios, como um grupo separado, incluem materiais explosivos que
podem conter baixo ou alto explosivos, primários ou secundários, e/ou combinações de
ambos baixo e alto explosivos; eles são principalmente usados em sistemas de
iniciação.
Estes incluem: estopins, cordéis detonantes, todos os tipos de
detonadores, tubo de choque, rojões e iniciadores.

61
2.4.1 Explosivos primários
Os explosivos primários ou iniciadores são muito sensíveis e podem ser
acidentalmente iniciados por um fraco choque mecânico, tais como os resultantes da
queda de materiais ou pisar neles, ou de uma fraca descarga eletrostática. Faíscas ou a
chama de um estopim, elemento fósforo elétrico ou resitência de detonadores ou o
impacto de um percussor em munições militares são os meios normais da iniciação
confiável de explosivos primários. Portanto, explosivos primários são usados em
sistemas de iniciação, detonadores, e estopins militares em razão de sua característica
deflagração-para-detonação (Capítulo 1). Estes explosivos são altamente brisantes,
porém possuem menos pólvora do que os explosivos secundários que eles são
projetados para detonar. Explosivos primários incluem, mas não estão limitados a: azida
de chumbo, estifanato de chumbo, fulminato de mercúrio, diazodinitrofenol (DDNP) e
tetrazeno.

2.4.1.1 Azida de Chumbo


A azida de chumbo é de cor branca amarelada e é um excelente agente
iniciador para alto explosivos secundários, e atualmente é mais eficiente do que o
fulminato de mercúrio. Pode ser usada em conjunção com outro explosivo primário, tais
como estifanato de chumbo, que cobre a azida de chumbo para aumentar sua
sensibilidade, ou usada como carga de ignição, i.e., em detonadores, entre o estopim
ou a resistência e a carga base. O maior perigo quanto à segurança com a zaida de
chumbo refere-se a seu uso em detonadores com estrutura de cobre que em razão de
negligência ou pela idade, tornaram-se úmidos. A umidade penetra na estrutura e forma
a extremamente sensível azida de cobre. O mero movimento de detonadores contendo
sais de azida de cobre tem resultado em suas detonações em massa, resultando na
mutilação e morte de investigadores e técnicos para descarte de bombas. Se estes
tipos de materiais precisam ser movimentados, eles deveriam ser somente manuseados
remotamente com robótica. A VOD da azida de chumbo é de 5.303 m/s.

2.4.1.2 Estifanato de Chumbo


O estifanato de chumbo é normalmente usado com azida de chumbo uma
vez que tem uma alta sensibilidade para iniciação, especialmente por uma carga
estática. Como tal, normalmente não é usado sozinho. É de cor marrom avermelhada
com uma VOD de 5.181 m/s.

2.4.1.3 Fulminato de Mercúrio


O fulminante de mercúrio, conhecido também como fulminato de mercúrio,
é um dos mais antigos conhecidos explosivos primários. Foi preparado pela primeira
vez por Hohann Kunckel von Lowenstern (1630-1703). A preparação e propriedades do
fulminato de mercúrio foram descritas em um trabalho apresentado à Royal Society de
Londres por Edward Howard em 1800. Verdadeiramente, o fulminato de mercúrio era o
62
único explosivo primário disponível na época da invenção da espoleta de Nobel. O
fulminato de mercúrio puro foi usado como explosivo primário e carga base e carregado
nos primeiros detonadores por Nobel e usado primeiro para initiar nitroglicerina e depois
dinamite. Em razão de sua perigosamente alta sensibilidade de iniciação, o fulminato de
mercúrio foi substituído por PETN como carga base em detonadores. É de cor branca
para acizentada e tem uma VOD de 4.998 m/s.

2.4.1.4 Diazodinitrofenol (DDNP)

O DDNP é menos sensível ao impacto do que o fulminato de mercúrio ou


a azida de chumbo e é usado em alguns detonadores como uma carga booster entre o
estopim e a carga base. É de cor amarela esverdeada a marrom e tem uma VOD de
6614 m/s.

2.4.1.5 Tetrazeno

O tetrazeno é um explosivo primário amarelo pálido que normalmente não


é adequado para uso sozinho. Sua sensibilidade para iniciação é quase igual à do
fulminato de mercúrio.

2.4.2 Explosivos Secundários

Os alto explosivos secondários são aqueles relativamente insensíveis, em


comparação aos explosivos primários, ao calor, choque/impacto e atrito. Eles são,
entretanto, sensíveis ao detonador - ou ao booster - para iniciação. Os alto explosivos
secondários incluem uma extensa lista de materiais com uma VOD teórica de
approximadamente 1.005 a 8.229 m/s. Não sera feita tentativa alguma para descrever
estes explosivos. De fato, muitos livros foram preparados com o passar dos anos que
descrevem em detalhes as propriedades físicas e químicas destes explosivos.
Entretanto, vários alto explosivos secundários são de interesse dos investigadores pós-
explosão, examinadores forenses, e técnicos para descarte de bombas, uma vez que
são utilizados nas cargas principais de artefatos improvisados.

2.4.2.1 Nitrato de amônio

Embora não seja um explosivo, o nitrato de amônio é um ingredient


material-prima na fabricação de muitos explosivos comerciais pelo mundo, incluindo
dinamite, gel aquoso, emulsão e ANFO. Com poucas exceções, estes explosivos
constituem quase todas as cargas principais dos explosivos comerciais produzidos,
contrário aos alto explosivos militares. A produção atual de nitrato de amônio para a
indústria de explosivos nos EUA é de mais de 5 bilhões de libras por ano.
63
O uso inicial de nitrato de amônio como um ingrediente explosivo começou
em 1867, quando foi emitida uma patente paradois químicos suecos, Ohlsson e
Norrbein. Logo depois, o nitrato de amônio foi usado por Alfred Nobel em suas
dinamites "extras", nas quais substituía todo o material inerte e parte da nitroglicerina
em sua fórmula. Entretanto, não foi até o início da décad de 50 que o nitrato de amônio,
em combinação com um combustível, se tornou o explosivo comercial de escolha nos
EUA. Como detalhado no trabalho de Robert Hopler, (Histórico do Desenvolvimento,
Fabricação e Uso dos Agentes Explosivos Nitrato de amônio/Óleo combustível (ANFO)
– ―Ammonium Nitrate/Fuel Oil (ANFO) Blasting Agents: Development, Manufacture, and
Use)‖: Isto foi em decorrência de quatro fatores e não, como sempre declarado, o
desastre da Cidade do Texas de 1947. Estes quatro fatores foram: (1) o nitrato de
amônio se tornou disponível em forma de grãos, (2) perfurações maiores se tornaram
mais comuns, (3) os métodos de perfuração usando água foram substituídos por
métodos de perfuração a seco, e (4) como o ANFO não é sensívell ao detonador e
portanto, precisa de um booster para ser detonado, o conceito do uso de um booster foi
aceito na indústria. Os grãos anteriormente referidos são pequenas bolinhas porosas,
quase esféricas e de baixa densidade, que quando cobertas com barro ou pó, resistem
a solidificação, portanto possíveis de serem industrialmente utilizados (Figura 2.6).

Figura 2.6 Grãos de nitrato de amônio.

64
Desastre da Cidade do Texas: 16 e 17 de Abril de 1947

Os eventos que ocorreram no porto da Cidade do Texas, Texas, uma cidade portuária
localizada 10 milhas ao norte Galveston, não ficará marcado somente nas memórias dos
residentes, mas também nas de milhares de pessoas que auxiliaram na recuperação e
nos milhões que ouviram esta catástrofe. Durante a manhã de 16 de abril de 1947 o
cargueiro francês S.S. Grandcamp estava preparando para carregar a última de sua
carga. Aproximadamente 880 toneladas do fertilizante nitrato de amônio ainda estava
para ser carregada, com 2.300 toneladas já armazenadas no porão nº 4 do navio.
Enquanto preparavam a carga final, muitos estivadores haviam dito que estava saindo
fumaça de algum local dentro do navio. Foram efetuadas tentativas iniciais para apagar o
fogo, ativando-se o sistema de vapor e fechando toda a ventilação externa. Por ordem do
capitão do navio, as mangueiras de incêndio não foram usadas devido à possibilidade de
estragar o nitrato de amônio e a outra carga já a bordo. Às 8:30 da manhã, a escotilha do
porão nº 4 explodiu, liberando uma fumaça espessa de cor laranja no céu. Esta visão
atraiu centenas de cidadãos e os bombeiros locais, juntamente com as brigadas das
refinarias próximas. Às 9 horas a fumaça agora amarela e laranja havia se tornado mais
visível e às 9:12 uma grande explosão que demoliu as docas foi ouvida a mais de 240
quilômetros de distância. A explosão produziu uma nuvem em formato de cogumelo,
lançando escombros a mais de 600 m no ar e a mais de 3.900 m de distância da sede da
explosão. Esta explosão fez chover fragmentos na Cidade do Texas por vários minutos,
destruindo edifícios e casas e causando vazamentos nas refinarias próximas, iniciando
vários incêndios. A onda de choque da explosão foi de tal magnitude que duas aeronaves
voando baixo perderam o controle e caíram. Com a explosão matando a maioria dos
bombeiros voluntários que estavam no local, os incêndios queimaram fora de controle por
vários dias. A explosão sozinha era suficiente para matar centenas e ferir milhares;
Entretanto, o tumulto ainda não estava terminado. Por volta das 9 horas daquela mesma
noite outro navio nas proximidades, o S.S. High Flyer, que tinha sido muito danificado
pela explosão do Grandcamp, foi reportado como tendo fumaça saindo de um de seus
porões. A carga era uma combinação de 961 toneladas de nitrato de amônio e 2000
toneladas de enxofre, que se tornou em uma combinação mortal. Às 11 horas um
rebocador chegou ao lado do High Flyer para retirar o navio das docas. Entretanto, ele
não conseguiu, e como as chamas estavam sem controle na área da carga, a tentative foi
abandonada. Finalmente, às 1:10 da madrugada no dia 17 de abril, uma segunda pesada
explosão sacudiu a Cidade do Texas. Esta segunda explosão foi reportada como maior
do que a primeira devido à presença de enxofre no porão do cargueiro. Da mesma forma
que na explosão inicial, escombros do navio foram lançados ao céu e choveram não só
na Cidade do Texas, como também nos distritos adjacentes, começando incêndios
adicionais. A manhã seguinte revelou a grande devastação, e uma fumaça negra era
visível a mais de 50 km de distância, que permanceu sobre a cidade por vários dias até
que os bombeiros vizinhos conseguissem extinguir as labaredas. As explosões causaram
mais de 400 mortes, a maioria nas proximidades das docas; destas, 65 corpos jamais
foram identificados. Bem mais de 2.000 pessoas ficaram feridas. O dano à propriedade

65
foi estimado em $40 milhões de dólares e a perda total em mais de $ 100 milhões
(equivalendo atualmente a cerca de $700 milhões). Quando toda a devastação havia
terminado, mais de 1.500 casas estavam condenadas, 1.5 milhões de barris de petróleo
tinham sido queimados nas refinarias vizinhas e centenas de pessoas tinham perdido
parentes e amigos.
A responsabilidade pelas ffor the pesadas explosões recaiu em várias pessoas, desde o
expedidor do nitrato de amônio até os trabalhadores das docas e o capitão do
Grandcamp. A real fonte de ignição nunca foi identificada, mas que ela foi devido à
fumaça pelos estivadores era altamente suspeita. Adicionalmente, o uso de sacos de
papel impregnados com betume e cera cobrindo o nitrato de amônio foi um fator
contribuidor, propiciando uma fonte combustível e aumentando a sensibilidade do
oxidante, que não estava em forma de grãos.

O nitrato de amônio é produzido pela naturalização de ácido nítrico e


amônia. A solução resultante é evaporada e convertida na forma de bolinhas, flocos
densos e grãos de nitrato de amônio sólido. O processo de granulação foi usado para
fazer quase todo o nitrato de amônio produzido nos EUA. A maior parte da água era
evaporada das soluções de nitrato de amônio na pressão atmosférica em tanques
aquecidos chamados ―panelões‖. A solução de nitrato de amônio derretido era depois
escorrida em tachos de granulação. O tamanho e densidade dos grãos eram
controlados pela taxa de resfriamento e a velocidade de rotação dos tachos.
Outra forma de fazer nitrato de amônio é pelo processo Stengel. Neste
processo, ácido nítrico e amônia são combinados para formar uma calda concentrada
de nitrato de amônio. Esta é então derramada em uma esteira de metal refrigerada a
água, onde se solidifica em pequenas lâminas. É subsequentemente colocada no chão,
coberta com agentes antiengaste e separada por tamanho.
A maior tonelagem de nitrato de amônio produzida nos EUA hoje é pelo
método de torre de granulação. Este método não era comum nos EUA até as décadas
de 40 e 50. Os grãos de nitrato de amônio produzidos por este método recaem em duas
categorias: (1) denso, grau para agricultura e (2) baixa densidade, grau industrial. Neste
processo, amônia vaporizada e ácido nítrico são simultaneamente colocados em um
recipiente neutralizador. Ocorre uma reação, acompanhada de calor suficiente para
evaporar água o bastante para propiciar uma solução de nitrato concentrada em
aproximadamente 83%. Esta solução é então colocada em um evaporador. Através de
pressão de vapor e fluxo de ar, a solução concentrada em 83% e mais concentrada
ainda para se fazer uma solução adequada para granulação.
Ao se fabricar grãos para agricultura, que são usados como fertilizante, a
temperatura do material derretido quando sai do evaporador é alta suficiente para
garantir que muito pouca água está retida no produto. Como tal, os grãos serão densos
e duros, pois o proprietáio ou fazendeiro quer que os grãos se dissolvam lentamente

66
por um período de tempo e não "queimem" as colheitas. A mistura é então pulverizada
em esguichos na parte de cima de uma alta torre de resfriamento e cai livremente até a
parte de baixo. O fluxo de ar fornecido por ventiladores localizados na parte de baixo ou
na parte superior da torre deve ser controlado para resfriar os grãos para
aproximadamente 104°C na parte inferior. Se não forem suficientemente resfriados,
eles ficarão muito macios e respigarão ao atingirem a parte de baixo, ao passo que
resfriar demais torna os grãos muito quebradiços.
É necessária uma torre de resfriamento mais alta para grãos industriais -
ou de grau-explosivo - porque o nitrato de amônio esguichado no alto da torre contém
até 4% de água. Esta altura adicional propicia mais tempo para que os grãos se
solidifiquem no subsequente fluxo de ar. Se a umidade for muito alta ou os grãos não
se resfriarem o suficiente, eles irão se quebrar ao atingirem o fundo da torre. Muito
pouca umidade propiciará uma densidade mais alta e endurecerá os grãos (como no
padrão para agricultura) os quais não absorverão nem reterão óleo suficiente
(combustível) para funcionarem adequadamente em explosões. Em grãos de grau-
explosivo, estes fornecem oxidante para combustão instantânea (detonação) do
produto. Para isto, os grãos devem ser suficientemente porosis para absorverem o
combustível para a combustão.
Como os grãos de nitrato de amônio são muito higroscópicos, ou
suscetíveis para absorção de água, o teor de umidade depois da fabricação deve ser
estritamente controlado para evitrar que os grãso percar sua efetividade como oxidante
e de ficarem grudentos. Um agente popular antiaglutinante de grãos é o Petroag, um
material orgânico, usado em quantidades muito pequenas.

2.4.2.2 Nitroglicerina (NG)


Embora a nitroglicerina líquida seja raramente usada em artefatos
improvisados, ladrões de banco a utilizam para obter acesso ao cofre. Adicionalmente,
é o principal explosivo constituinte da dinamite e de algumas pólvoras sem fumaça.
Portanto, dedicaremos algum tempo para discutir a nitroglicerina e examinar seu
histórico impacto na indústria de explosivos.
A nitroglicerina foi preparada pela primeira vez no final de 1847 pelo
químico italiano Ascanio Sobrero (1812–1888) que era, na época, professor de química
aplicada na Universidade de Torino. Sobrero foi autorizado a praticar medicina e tinha
estudado em Paris e Giessen, retornando a Torino em 1845 onde construiu um
laboratório. Os primeiros registros sobre nitroglicerina aparecem em uma carta que
Sobrero escreveu para um amigo e que ele publicou no L'Institut de 15 de fevereiro de
1947. No mesmo mês Sobrero apresentou à Academia de Torina um documento no
qual ele descreveu nitroglicerina, nitromanita e nitrato de lactose. Mais tarde naquele
mesmo ano ele apresentou outro documento perante a seção de química do Nono
Congresso Científico Italiano em Veneza.
Sobrero descobriu que se ácido nítrico concentrado ou uma forte mistura
67
ácida for adicionada à glicerina, resulta em uma violenta reação envolvida em vapores
vermelhos, mas que se glicerina xaroposa for acrescentada à mistura de ácido sulfúrico
e ácido nítrico sob estritos controles, os resultados são completamente diferentes: a
glicerina se dissolve e a solução, quando vertida em água provê um precipitado oleoso
de nitroglicernina. No curso de seus experimentos Sobrero teve seu rosto desfigurado
por seu novo material quando este explodiu inesperadamente. Preocupado, ele
guardou a fórmula e processo de fazer nitroglicerina porque pensava que ela jamais
seria um explosivo utilizável. Entretanto, por muitos anos Sobrero manteve em seu
laboratório uma amostra da nitroglicerina original que ele havia preparado em 1847. Em
1886, ele lavou este material com uma solução diluta de bicarbonato de sódio e levou à
fábrica Nobel-Avigliana, da qual ele era um consultor, onde deu testemunho verbal de
sua autenticidade e onde, desde então, ela está armazenada em um dos depósitos. A
nitroglicerina foi o primeiro, e ainda é um dos nitrates ésteres mais produzidos mundo
afora.
A nitroglicerina, que é um líquido claro oleoso e extremamente sensível ao
calor e choque/impacto, tem uma VOD de 7.924,8 m/s/sec. Quando a nitroglicerina
líquida se decompõe ou é "suada" da dinamite, sua cor fica mais escura e ela se torna
mais sensível à iniciação acidental. Seus vapores causam uma severa e persistente dor
de cabeça que tem sido sentida por muitos dinamitadores ou por militares que
manuseiam pólvoras propelentes com longos grãos sem a proteção de luvas. Os
vapores de nitroglicerina podem ser inalados ou seu óleo absorvido pela pele,
causando estas opressivas dores de cabeça ao dilatar os vazos sanguíneos do cérebro.
Essencialmente, o cérebro recebe muito sangue e isso causa a dor de cabeça. A
nitroglicerina é também uma valiosa ferramenta na medicina. Pílulas de nitroglicerina
são usadas como vasodilatador, intencionalmente para dilator os vazos sanguíneos e
aumentar o fluxo de sangue em pacientes cardíacos. Estas pílulas não-explosivas são
produzidas de nitroglicerina. Quando é misturada com outros materiais para produção
de dinamite e propelentes, a VOD não se mantém constante, i.e., ela é reduzida,
dependendo da quantidade de nitroglicerina usado versus os outros constituintes.

2.4.2.3 Trinitrotolueno (TNT)


O TNT, preparado pela primeira vez por Wilbrand em 1863, é um dos mais
importantes explosivos militares e comerciais no mundo. Este explosivo amarelo pálido
tem uma alta brisância com uma velocidade de detonação de 6888,48 m/s e é
extremamente estável mesmo sob extremas condições de temperature. Tanto assim
que é considerado ―à prova de balas‖ para uso como explosivo de demolição de linha
de frente pelos militates dos EUA. Em operações comerciais ou de demolião, o TNT é
normalmente iniciado com um detonador ou cordel detonante. No que tange às
munições militares, uma iniciação confiável requer o uso de uma carga booster.
Adicionalmente, o TNT não reage com metais, não é afetado por água e pode ser
aquecido e arremessado. Assim, tem sido um explosivo ideal para uso em munições
68
militares (em bombas, cartuchos de artilharia, minas e granades) e em combinação com
outros explosivos (PETN e RDX, apenas para mencionar dois) para produzir boosters e
uma variedade de outros explosivos.

2.4.2.4 Tetranitrato de Pentaeritritol (PETN)


O PETN é um explosivo excepcionalmente importante e útil. Possui alta
brisância, sem a extrema sensibilidade que impediria seu uso em muitas aplicações
comerciais e militares. Pode ser inadvertidamente iniciado com um brusco golpe, vamos
dizer, de um martelo. Com uma VOD de 8.412,48 m/s (confinado) é usado como base
ou carga secundária em detonadores (espoletas) e em cordéis detonantes e combinado
com outros explosivos (TNT) menos sensíveis ou polímeros emborrachados para
produzir boosters e explosivos folha. Nestas aplicações, o método normal de iniciação é
com um detonador, e em seu uso dentro de um detonator, ele é iniciado pela carga
principal. Em sua forma natural o PETN é um pó branco, mas pode ser encontrado na
cor cinza clara quando combinado com grafite para reduzir sua sensibilidade à pressão
para uso em detonadores.

2.4.2.5 Ciclo-Trimetileno-Trinitramina (RDX)


O RDX é conhecido por uma variedade de nomes, i.e., (Research and
Development EXplosive – Explosivo para Pesquisa e Desenvolvimento), Ciclonita ou
Hexogeno. Nos EUA, a maioria das pessoas se refere a ele pelo nome mais comum de
RDX. É um explosivo de alta-brisância extremamente importante que tem uma VOD de
8.747,76 m/s quando confinado, com sua sensibilidade menor do que a do PETN. É um
pó branco cristalino, que pode ser tingido de vermelho quando usado em algums
cordéis detonantes e cargas lineares. Sua utilização adicional inclui como a carga base
de detonadores, combinado com TNT para uso como uma carga booster e,
provavelmente o uso mais famoso, em combinação com plastificantes para formar o C-
4, explosivo militar dos EUA, e outros tipos de explosivos "plásticos" mundo afora; O
Semtex é um exemplo. Os meios normais de iniciação do RDX, dependendo de sua
forma final, é com um detonador ou um explosivo primário.

2.4.2.6 Dinamite
Como vimos na introdução deste capítulo, a dinamite tem tido um
tremendo impacto no mundo. Entretanto, seu uso continua a diminuir e na opinião de
alguns, seu uso parece estar chegando ao fim. No presente, ela ainda é usada na
construção civil, construções de estradas, pedreiras, mineração e demolição de
estruturas desnecessáias. A dinamite é fácil de ser iniciada com um detonador, é
sensível à iniciação accidental por choque/impacto e manuseio inadequado, e é muito
cara quando comparada com outros tipos de explosivos para carga principal.
Dinamite é um termo geral dado a uma classe de explosivos na qual o
principal material energético é normalmente a nitroglicerina e/ou dinitrato de
69
etilenoglicol (EGDN). A faixde VOD para a dinamite é de aproximadamente 1.798,32 a
mais de 6096 m/s. Existem muitos tipos distintos de dinamite, e cada tipo tem um ou
mais graus, incluindo graus especiais, que são destinados para classes especiais de
trabalho. Não existe um padrão ou conjunto de ingredientes para dinamite como para
os propelentes. Por exemplo, mesmo que nitroglicerina e/ou EGDN sejam os
ingredientes mais comuns da dinamite, suas quantidades podem variar amplamente em
diferentes composições. O mesmo é verdade para outros materiais utilizados. Dentre os
ingredientes mais importantes das dynamites, temos:

1. Materiais energéticos, i.e., os explosivos em si, tais como nitroglicerina e/ou EGDN e
nitrocelulose.
2. Oxidantes, principalmente nitrato de sódio e nitrato de amônio, que são usados para
fornecer oxigênio no processo de combustão.
3. Combustíveis, que são os materiais queimados pelos oxidantes. Eles incluem polpa de
madeira, serragem, farinhas, casca de amendoim e enxofre. Além de serem combustíveis,
estes materiais têm a função principal de absorver ingredientes explosivos líquidos e
controlar a densidade.
4. Redutores do ponto de congelamento podem ser adicionados pois as dinamites que
contêm apenas nitroglicerina como sensibilizador explosivo pode congelar mesmo em
clima moderado, uma vez que o ponto de congelamento da nitroglicerina é de aprox.
10°C. Como pode se supor, a dinamite congelada não pode ser usada e descongelá-la é
excepcionalmente perigoso. Antes do desenvolvimento de um ingrediante anticongelante,
muitos trabalhadores morreram ao tentar descongelar a dinamite. Então, em 1927, o
etilenoglicol (anticongelante) foi adicionado à glicerina no processo de fabricação. Isto
reduziu o ponto de congelamento de forma que a dinamite pôde ser usada na maioria dos
locais durante o ano. Hoje o EGDN é o ingrediente mais comum usado na dinamite para
reduzir o ponto de congelamento. Usualmente é misturado com nitroglicerina.
5. Antiácidos são necessários porque mesmo pequenas quantidades de ácidos tendem a
decompor a nitroglicerina. Para combater isto, são acrescentadas pequenas quantidades
de carbonato de cálcio.
6. Sal ou cloreto de sódio é acrescentado em todas as cargas principais explosivas, incluindo
dinamite, antes que elas sejam certificadas para uso em explosões subterrâneas; isto é
para reduzir o potencial para ignição de metano ou pó de carvão. Estes tipos de
explosivos são chamados de explosivos permissíveis.

Como mencionamos anteriormente, existe mais de um tipo de dinamite,


embora todos possam não ser produzidos atualmente.

O seguinte extrato da 17ª edição do Manual dos Dinamitadores e dos


Engenheiros da Sociedade Internacional de Engenheiros de Explosivos (International
Society of Explosives Engineers' (ISEE) Blasters' Handbook), é o que mais bem resume
estes tipos de dinamite que podem ser encountradas pelos investigadores:

70
Tipos de Dinamite
Dinamite em linha reta
Dinamite gelatina em linha reta
Dinamite extra
Dinamite gelatina extra
Dinamite semigelatinosa
Dinamite amônia
Dinamites admissíveis - granuladas e gelatinas

Existem três tipos básicos de dinamite: granulada, semigelatinosa e


gelatina. As diferenças básicas é que as dinamites gelatina e semigelatinosa contêm
nitro-algodão, um nitrato de celulose que combina com nitroglicerina para formar um gel
aderente, em porcentagens relativamente altas. A viscosidade deste produto depende
da porcentagem de nitro-algodão. Dinamites granuladas, por outro lado, contêm pouco
ou nenhum nitro-algodão e têm uma textura granulada.

Além desta classificação, as dinamites também diferem nos materiais


usados para proverem sua principal fonte de energia. Em dinamites ―em linha reta‖, a
nitroglicerina é a principal fonte de energia, aumentada pela reação de vários
absorventes ativos chamados "absorvedores‖. Os mais notáveis entre estes são nitrato
de sódio e combustíveis carbonáceos. Em dinamites "amônia", frequentemente
chamadas de dynamites "extra", o nitrato de amônio substitui uma grande parte da
nitroglicerina para propiciar um produto menos caro e mais resistente ao impacto. Em
dinamites "amônia" o nitrato de amônio é a principal fonte de energia e a nitroglicerina
serve principalmente como um sensibilizador. O termo "amônia" não é cientificamente
correto, msa é o termo usado na indústria de explosivos desde seu início.

Dinamites em linha reta são descendentes diretas da dinamite original de


Nobel, na qual a nitroglicerina era o único explosivo constituinte em conjunção com o
material absorvente diatomita. Entretanto, a diatomita foi eventualmente substituída por
nitrato de sódio e popa de madeira. Estes produtos recentes foram amplamente
melhores do que a pólvora negra, mas tinham muitas desvantagens. Eles eram caros,
sensívies, altamente inflamáveis e produziam fumaça tóxica, o que os tornava
inadequados para uso subterrâneo ou em áreas confinadas. Atualmente, as dinamites
amônia ou "extra" os substituíram amplamente.

Dinamites extras, também conhecidas como dinamites amônia, contêm


igualmente nitroglicerina e/ou EGDN e nitrato de amônio – dois dos três ingredientes
explosivos básicos. Ela se difere da dinamite em linha reta na parte em que a
nitroglicerina é substituída pelo nitrato de amônio. Comparada com a dinamite em linha

71
reta, as dinamites amônia possuem uma VOD mais baixa, custam menos, têm menos
energia e inflamabilidade reduzida. Elas são brisantes, possuem pouca ou nenhuma
resistência à água, produzem menos fumaça e são mais econômicas do que a dinamite
em linha reta. Adicionalmente, do ponto de vista do usuário, dinamites amônia são
muito mais seguras de serem usadas porque são menos sensíveis ao choque/impacto
e atrito.
Dinamites amônia contêm porcentagens mais altas de nitrato de amônio
do que as diamites extras. Elas têm pouca resistência à água, têm uma consistência
granular seca e são mais baratas do que as dinamites extras. A marca Hercules
Hercomite era um exemplo deste grau. Elas eram fabricadas para operações que não
necessitavam de dinamites com grau mais alto.
Dinamites semigelatinosas são produtos intermediários entre dinamites
extras e gelatinas; elas contêm uma pequena quantidade de nitrocelulose como agente
formador de gel. Estes produtos têm melhor resistência à água e uma textura mais
aderente do que dinamites granuladas, por exemplo, dinamite em linha reta ou amônia.
Dinamite gelatina em linha reta contém nitroglicerina e nitrocelulose como
ingredientes explosivos com nitrato de sódio e combustíveis tais como polpa de Madeira
e casca de amendoim. Elas não contêm nitrato de amônio. Não são amplamente
utilizadas em razão de seunalto custo, problemas de velocidade reduzida durante longa
armazenagem e disponiblidade de outros explosivos. Entretanto, elas têm excelente
resistência à água ou, em outras palavras, podem ser carregadas em buracos contend
água e ainda funcionam como planejadas.
Dinamite gelatina extra ou gelatina amônia é gelatina em linha reta com a
adição de nitrato de amônio, que substitui parte da nitroglicerina e/ou EGDN. Estas
gelatinas são consideradas quase iguais às gelatinas em linha reta na maioria das
circunstâncias, e em razão do baixo custo, as têm substituído na maioria dos usos.
Dinamites admissíveis - granuladas e gelatinas e outros explosivos tais
como géis aquosos e emulsões são aquelas classes de explosivos que têm sido
testados e aprovados como seguros para utilização em minas de carvão subterrâneas
ou outras minas que contêm gás (usualmente o metano) pela Administração de
Segurança da Mineração – (Mine Safety and Health Administration - MSHA)-. Dito se
forma simples, como os explosivos produzem uma chama quando detonados, esta
chama poderia iniciar a poeira de carvão ou bolsões de gás metano para provocar uma
explosão muito maior. Foi exatamente este o problema nas minas de carvão no século
XIX e começo do século XX, e muitos mineiros perderam suas vidas com estas
explosões não intencionais. Um resultado foi o desenvolvimento de explosivos que
tinham um ingrediente adicional – cloreto de sódio ou sal comum -, que reduz a
intensidade da chama, sua duração e temperature, e por meio disso reduz, embora não
elimine, a possibilidade de uma explosão acentuada. Explosivos admissívies, por lei
federal, também requerem que cada invólucro ou recipiente do explosive seja
apropriadamente marcado para indicar que o produto foi, de fato, aprovado pela MSHA
72
Figura 2.7 Cartuchos de explosivos com faixas vermelhas de identificação, indicando que
possuem aprovação da MSHA para uso subterrâneo.

para uso subterrâneo. Também, os fabricantes normalmente acrescentam alguma


forma de marca adicional, tais como faixas vermelhas em volta da embalagem do
produto. Alguns fabricantes colocam uma faixa, enquanto outros podem colocar três
(Figura 2.7).
Além do problema das dores de cabeça causadas pelo manuseio da
nitroglicerina, a dinamite tem outro hábito horrível. Isto é porque a dinamite é uma
mistura e a nitroglicernia tem uma tendência de se separar dos outros ingredientes. Ao
ser armazenada por um período de tempo (determinado pela idade da dinamite e
condições climáticas), a nitroglicerina pode se separar dos outros constituintes e
exsudar ou "chorar" da cera que impregna seu invólucro e permear sua caixa, outras
caixas, ou a parte de fora dos invólucros individuais. Esta é uma situação
extraordinariamente perigosa uma vez que a nitroglicerina é mais sensível à ignição
inadvertida quando separada dos outros ingredientes. Consequentemente, a dinamite
deveria ser usada logo e não ser armazenada por longos períodos de tempo. Dinamites
velhas e deterioradas apresentam um grande risco à segurança uma vez que o menor
movimento poderia causar a auto-iniciação. Portanto, apenas pessoal adequadamente
treinado para descarte de bombas deveria escolher o curso de ação para mover e/ou
destruir dinamite velha (Figura 2.8).
Para empacotamento a dinamite é provida em cartuchos de diferentes
comprimentos e diâmetros. O cartucho "típico" de dinamite é feito em cápsulas de

73
Figura 2.8 Dinamite suando nitroglicerina.

papel-manilha revestido de cera, chamado de convoluto, medindo 8‖ x 1‖ ¼ polegadas


(20,3 x 2,5 cm) com um peso de aproximadamente 8 onças (226,8 gr). A dinamite
também pode ser encontrada em muitos outros tipos e tamanhos de
pacotes/embalagens, tais como grossos rolos espirais e tubos plásticos. As embalagens
variam de acordo com o tamanho dos diâmetros de 7/8 de polegada (2,2 cm) até 8‖
polegadas (20,3 cm), com o comprimento entre 4 polegadas (10,16 cm) a 8 pés (2,4 m),
e peso de aproximadamente 6 onças (170 gr) a 50 libras (22,6 kg). A impressão na
embalagem varia de acordo com o nome da empresa vendedora, mas inclui o nome da
empresa vendedora, o nome da marca da dinamite, se ela é admissível MSHA, ou
aprovada para explosões subterrâneas, e o código data-local-grupo. No momento
apenas uma planta está em opração nos EUA para fabricação de dinamite. A certa
altura em nossa história, muitas, muitas fábricas pelos EUA afora fabricavam dinamite.
Entretanto, a Dyno Nobel em Carthage, Missouri é a única sobrevivente, e fabrica
dinamite para as outras companhias de explosivos nos EUA que vendem o produto. A
Dyno fabrica e rotula dinamite para outras companhias de explosivos. Esta prática é
comum na indústria de manufatura (Figura 2.9).

74
Figura 2.9 Embalagem típica de dinamite que inclui invólucros convolutos e 23-G. (Fotografia
cortesia da Austin Powder Company, Cleveland, OH.)

Dinamite:
Fabricante: Dyno Nobel, Inca
Nome fantasia: Helix PNG 80, Apcogel, Red Diamond**, Gelaprime, Unimax, Unigel,
Iredyne, Irecoal**, Petrogel, Powderditch, Power Primer, Giant Gel, Powerfrac, Geldyne,
Dynashear, Coalite**
Ingredientes: Nitroglicerina (NG), dinitrato de etilenoglicol (EGDN), nitrato de amônio,
nitrocelulose, nitrato de sódio, selante, cascas de amendoim, polpa de madeira,
serragem, farinhas, goma, enxofre, microesferas fenólicas, sal
Sensibilidade: Sensível somente ao detonador
Faixa de VOD: 1.798,32 m/s a mais de 6.096 m/s
Embalagem:
Tipos de cartuchos: rolo-espiral em papel-manilha (convoluto) revestido de cera;
Rolo-espiral, revestido de cera, tubos de papelão (23-G)
Tubos plásticos moldados com fios nas extremidades
Peso dos cartuchos: de 6 onças (170 gr) a 50 libras (22,6 kg)
Diâmetro dos cartuchos: 7/8 de polegada (2,2 cm) até 8‖ polegadas (20,3 cm)
Comprimento dos cartuchos: 4 polegadas (10,16 cm) a 8 pés (2,4 m)
Não carregadas a granel
* A Dyno Nobel fabrica dinamite para a Austin Powder e a Orica com a marca nominal
destas companhias
** Dinamite admissível

75
2.4.2.7 Nitrato de amônio e Óleo combustível (ANFO)
Desde sua intrudição na década de 50, os produtos ANFO se tornaram os
explosivos mais amplamente utilizados no mundo. Isto não causa muita surpresa, uma
vez que explosivos ANFO são relativamente baratos para se usar e excepcionalmente
seguros. A maioria dos produtos ANFO é chamada de agente explosivo (classificação
1.5 D das Nações Unidas) ou explosivo que não pode ser confiavelmente iniciado com
um detonador nº 8 de força. Desta forma, necessitam de uma pressão de detonação
mais alta para detonar. Esta pressão é normalmente fornecida por um material
chamado de booster, que será descrito em detalhes mais à frente neste capítulo. O
booster propicia o impacto suficiente ao produto ANFO para garantir que este alcance
seu potencial máximo de VOD. Entretanto, este tipo de produto possui uma principal
limitação: não tem resistência à água. Isto significa que produtos ANFO não podem ser
usados em condições de grande umidade, a menos que sejam empacotados em sacos
a prova d‘água, o que aumenta o custo do material. Com esta limitação, eles são
usados em toda a faixa de operações explosivas desde mineração de superfície,
pedreira, construção de estradas até a construção civil.
Produto ANFO mais comum consiste por peso — e não pelo volume — de
aproximadamente 94% nitrato de amônio poroso (o oxidante) e 6% de óleo diesel
combustível (o combustível) (Figura 2.10). Outros produdos de ANFO, menos comuns,
podem conter pó de alumínio ou grãos triturados de nitrato de amônio. A VOD do ANFO
comercial varia de aproximadamente 2.682,24 m/s a 4.750 m/s, e depende de dois
fatores, a fórmulação exata do material e o confinamento. Em operações de explosões
comerciais, o diâmetro da perfuração e o grau de confinamento dentro do buraco são
controlados. Em explosões clandestinas improvisadas, tais como um caminhão-bomba,
a velocidade depende da uniformidade da mistura, tipos de produtos específicos
usados para improvisar o produto, quantidade dos materiais, o método de confinamento
(se houver algum) e o sistema de iniciação.
Productos ANFO comerciais são normalmente encontrados em três
formas: a granel, embalados em sacos de papel multi-parede e em cartuchos
cilíndricos. O método menos dispendioso e mais eficiente de carregar ANFO é na
entrega a granel. Nesta forma, o ANFO é entregue em caminhões especialmente
projetados, depois vertido ou descarregado (via vácuo) através de uma mangueira do
caminhão diretamente para dentro do buraco perfurado. O material no caminhão são
grãos secos de nitrato de amônio, e o óleo combustível é adicionado quando ocorre a
entrega. Consideráveis economias de custo e segurança dos materiais são realizadas
neste processo devido à eliminação de condições especiais de armazenamento no local
e manejo simplificado. O ANFO tambm é vendido pré-misturado em sacos de papel
multi-parede com 50 libras (22,6 Kg); estes são abertos e os conteúdos despejados nas
perfurações ou em ejetores pressurizados parecidos com máquinas de jato de areia.
Usualmente rejeitados para condições de explosões em condições de
umidade, o ANFO também está disponível em cartuchos cilíndricos de tubos de
76
Figura 2.10 Nitrato de amônio e óleo combustível (ANFO). Os grãos de nitrato de amônio
normalmente brancos ficaram cor-de-rosa depois de absorverem o óleo combustível.

papelão reforçado, sacos de polietileno e sacos de polietileno trançado, em quantidades


variando desde cartuchos com poucas gramas até 50 libras (22,6 Kg) . Estes cartuchos
tendem a ser mais densos do que outras formas de ANFO uma vez que precisam
deslocar a aqua em buracos molhados e afundarem até o fundo para garantir a quebra
adequada da rocha (Figura 2.11 e Figura 2.12).

Nitrato de amônio e óleo combustível (ANFO):


Fabricante: Austin Powder, Dyno Nobel, Mining Services International (MSI), Orica,
Slurry Explosivos Corporation (SEC)
Nome fantasia: Austinite, Iremix, Irepak, Pellite, Anfomet, Sulfamax, Lomex, Pellite,
Pakamex, SEC 500, ANFO HD Series
Ingredientes: Nitrato de amônio, óleo combustível, pó de alumínio
Sensibilidade: Sensível somente ao não-detonador
Faixa de VOD: 2.682,24 m/s a 4.750 m/s
Embalagem:
Tipos de recipientes: sacos de papel multi-parede
Cilíndricos, sacos de polietileno trançado forrado com plástico resistente
Sacos de polietileno:
Peso dos sacos: Papel - 50 libras (22,6 Kg)
Cilíndrico - até 50 libras (22,6 Kg), vários diâmetros e comprimentos
Polietileno - 25 libras (11,3 Kg) e 50 libras (22,6 Kg)
Empacotado e a granel

77
Figura 2.11 Uma típica embalagem de papel (50 libras) (22,6 Kg) para ANFO. Note o tubo de
choque amarelo no buraco para explosão.

Figura 2.12 Sacos de polipropileno trançado de vários tamanhos e cartuchos de filme plástico
(Valeron) típicos de ANFO, géis aquosos e emulsões explosivas. (Fotografia cortesia da Austin
Powder Company, Cleveland, OH.)

78
2.5 Produtos à Base de Água
No dia 29 demarço de 1960, foi concedida ao Dr. Melvin Cook uma
patente dos EUA por sua invenção de uma composição explosiva prática contendo
água como ingrediente essencial. Como resultado, foi criado um tipo completamente
novo de indústria de explosivos comerciais, que hoje ainda continua em evolução e tem
suas raízes no produto explosivo à base d‘água do Dr. Cook. Estes produtos dividem o
mercado materiais ANFO (que têm uma parvela muito maior) e dinamite (que é um
mercado em retração). Seus usos são típicos: construção civil, construção de estradas,
mineração subterrânea e de superfície, e pedreiras. Dependendo do uso, grau de
confinamento e formulação específica do produto, a VOD varia de aproximadamente
4.267 a 6.705 m/s.
Existem duas formas diferentes de explosivos à base d‘água: gel aquoso
ou pasta fluida e emulsões.

2.5.1 Explosivos Géis Aquosos ou Pasta Fluida


Explosivos géis aquosos ou pastas fluidas são geralmente uma solução
líquida engrossada de oxidantes e combustíveis misturados com oxidantes sólidos
acidionais e combustíveis com sensibilizadores; eles têm a aparência e consistência de
gelatina. Adicionalmente, estes tipos de explosivos, dependendo da formulação
específica, podem ser detonadores sensíveis (U.N. 1.1 D) ou não-detonadores
sensíveis, um agente explosivo (U.N. 1.5 D). Explosivos géis aquosos ou pastas fluidas
são inerentemente menos sensívies nas baterias de testes de impacto, queda de altura
e choque, i.e., são mais seguros para uso do que a dinamite. Embora seja geralmente o
mesmo explosivo, como o nome implica, existem dois tipos de explosivos géis aquosos
ou pastas fluidas. As pastas fluidas têm a propriedade de serem mais líquidas por assim
dizer, para garantir que possam ser bombeadas de um caminhão tanque em um buraco
perfurado para explosão. Géis aquosos são os que foram feitos mais resistentes à água
através da adição de agentes de enlaces cruzados tais como a goma-guar.
As formulações específicas de explosivos géis aquosos e pastas fluidas
variam. Como menciondos antes, eles são uma mistura oxidantes dissolvidos e sólidos
e combustíveis com sensibilizadores. A mistura é engrossada e feita resistente à água
pela adição de gel e agentes de enlaces cruzados, tipicamente a goma-guar. Os
oxidadntes são comumente nitrato de amônio, nitrato de sódio e ou nitrato de cálcio.
Óleos (similares ao de cozinha), óleos combustíveis, açúcar, alumínio, carvão, gilsonita
e/ou etilenoglicol são os combustíveis usuais. Duas formas de sensibilizadores podem
ser usadas para "ativar" o explosivo: sensibilizadores químicos e físicos. Os
sensibilizadores químicos incluem TNT, pólvora sem fumaça, perclorato de sódio,
hexamina, nitrato de hexamina, nitrato de monoetileno e outros. Os sensibilizadores
físicos são aqueles com bolhas de ar, inclusive produzidas quimicamente, ou esferas de
vidro perfuradas ou composições fenólicas (microbalões) usados individualmente ou em
combinação com sensibilizadores químicos.
79
Figura 2.13 Filme plático reforçado, Valeron, que parece rolos de salsicha, é o invólucro típico
de embalagem de gel aquoso e pasta fluida.

Explosivos géis aquosos e pastas fluidas são vendidos em uma grande variedade de
configurações de embalagens. Basicamente, pastas fluidas não possuem uma
embalagem, uma vez que são normalmente transportadas ao local de trabalho em um
caminhão tanque, similar aos produtos ANFO previamente descritos. Contudo, para
aquelas que são embaladas, elas variam de cartuchos cilíndricos com 1 / 3 a 50 libras
contidos dentro de tubos de plástico (Valeron) de 1/8 x 8 polegadas a 3 ½ x 16
polegadas até sacos de tecido de polipropileno de 3 x 24 polegads a 10 x 36 polegadas.
Os tubos de fato se parecem com salsichas por uma boa razão: as primerias máquinas
empacotadoras eram descarte de maqunários de fabricação de salsicha.
Os usos de gel aquoso e pasta fluida incluem construção de estradas, pedreiras e
mineração de superfície e subterrânea (Figura 2.12 e Figura 2.13).

Gel aquoso/pasta fluida:


Fabricante: Austin Powder, Dyno Nobel, Explosivos Technology International (ETI),
Orica, Slurry Explosivos Corporation (SEC)
Nome fantasia: Hydromite, Slurmex, Blastgel, Dynogel, HD Plus, Tovex, Tovan Super,
Blastrite, Minerite, Trenchrite, Breakrite*, Aquamex, Hydromex, Gelfrac, Powermex,
Powdesplit, 600 & 800 SLX, Slurran, Detagel
Ingredientes: Nitrato de amônio, nitrato de sódio, pó de alumínio, pólvora sem fumaça,
água, ácido nítrico, nitrato de hexamina, perclorato de sódio, hexamine, agente de
enlace cruzado (goma-guar)
Sensibilidade: detonadores sensíveis e não-detonadores sensíveis
Faixa de VOD: 4.267,2 a 6.705,6 m/s
Embalagem:
Tipo cartuchos: Cartuchos de filme plástico (Valeron)
Sacos de polipropileno trançado forrado com plástico resistente
Peso dos cartuchos/sacos: 113,4 g a 22,6 Kg
Diâmetro dos cartuchos: 2 cm a 9 cm
Comprimento dos cartuchos: 20 cm a 40 cm
Diâmetro dos sacos: 7,6 cm a 25,4 cm
Comprimento dos sacos: 60,9 cm a 91,4 cm
À granel
*Admissível
80
2.5.2 Emulsões Explosivas
O segundo tipo de explosivos à base d‘água é a emulsão. A história de
emulsões explosivas começou em 1961 quando Richard Egly e Albert Neckar da
Commercial Solvents Corporation preencheram um pedido de patente junto à Agência
de Patentes dos EUA para um agente explosivo fomado com a mistura de uma emulsão
de água-em-óleo e um oxidante sólido tal como o nitrato de amônio. A patente foi
concedida em 1964. De fato, ao invés de estarem procurando um novo tipo de
explosivo na forma de emulsão, eles estavam tentando fazer um ANFO a prova d‘água.
Em 1969, foi concedida uma patente dos EUA para Harold Bluhm da antiga Atlas
Powder Company pelo primeiro verdadeiro agente explosivo em emulsão. Bluhm
descobriu que emulsão de água em óleo adequadamente formulada poderia ser feita
para detonar ao ajustar a densidade com um agente apropriado tal como ar ocluso ou
ar contido dentro de bolhas de vidro chamadas de microbalões. O próximo avanço
importante foi em 1977 quando a Agência de Patentes dos EUA concedeu uma patente
para Charles Wade da Atlas Powder Company por uma emulsão explosiva água-em-
óleo que era sensível ao detonador em pequenos diâmetros. Wade mostrou que
emulsões com uma combinação adequada de combustível, água e densidade podia ser
feita para ser sensível aos detonadores comerciais. Todas as outras exmulsões
explosivas subsequentes foram variações do conceito original, i.e., sensibilização de
uma emulsão matriz, para fazer um agente explosivo em forma empacotada ou a granel
que seja resistante à água na perfuração.
O que é uma emulsão? Um dicionário a define como "uma mistura de
líquidos mutuamente insolúveis na qual um é disperso de todo o outro em gotículas‖.
Portanto, emulsões explosivas são gotículas espalhadas de soluções líquidas de
oxidantes em um meio combustível (óleo) ou mistura de água-em-óleo. É esta estrutura
incomum e a alta proporção de oxidante em relação ao combustível que propicia às
emilsões explosivas suas características energéticas (explosivas). Isto é especialmente
verdade à luz do fato de que não existe um sensibilizador ―típico‖ presente na mistura.
A fase do óleo ou combustível é conhecido com estágio contínuo ou
externo, porque circunda e cobre todas as gotículas oxidantes. Lembre-se, o oxidante
está na forma líquida. O combustível é normalmente óleo, como óleo de cozinha, cera,
uma combinação dos dois, ou diesel combustível. A solução oxidante contendo água e
oxidante é chamada de estágio descontínuo ou interno porque as delicadas gotículas
de água e oxidante são mantidas separadas e são circundadas pelo combustível. O
oxidante é normalmente nitrato de amônio, porém o nitrato de sódio, nitrato de cálcio e
amônia ou preclorato de sódio podem suplementar o nitrato de amônio. Agora que
temos uma combinação de combustível e oxidante, é preciso um ingrediente adicional
para ligar ou manter os materiais juntos Este ingrediente em emulsões é conhecido
como emulsificador. Novamente, o dicionário define um emulsificador como "algo que
propicia a formação e estabilização de uma emulsão‖. Existem muitas emulsões que
utilizam um emulsificador para estabilizar o produto evitando que os ingredientes se
81
separem.
Pegue a maionese como um exemplo: a gema do ovo, um emulsificador,
mantem o óleo e o vinagre juntos para formar a maionese. Em emulsões explosivas, um
emulsificador comum é a lecitina, que é um subproduto da soja. Emulsões explosivas,
dependendo do uso final, podem ter uma consistência que varia desde a da maionese
para a graxa ou sorvete, até uma textura firme de cera, muito espessa.
Para rever rapidamente, géis aquosos e pastas fluidas são explosivos de
estágio ou fase simples; tudo está dissolvido ou em suspensão em uma solução aquosa
e protegida por de enlaces cruzados. Emulsões têm duas fases específicas - a fase
combustível e o oxidante - mantidos juntos por um emulsificador. Em razão do sistema
de duas fases, as emulsões são extremamente resistentes à água, mais ainda do que
os géis aquosos, têm vida mais longa de prateleira e são funcionais em faixas muito
mais amplas de temperatura.
Como mencionados anteriormente, as emulsões não têm os
sensibilizadores típicos em suas matrizes que as permita ser um material energético.
Emulsões são tipicamente materiais muito densos e materiis densos não detonarão na
maioria das condições. Geralmente, até certo ponto, quanto menor a densidade, mais
sensível o material se torna. Portanto, tudo o que é preciso para se fazer com que uma
emulsão densa detone é reduzir sua densidade. Isto é realizado com a adição de um
material redutor de densidade. A densidade pode ser reduzida através de quatro
métodos: (1) adição de gás gerado quimicamente, que é conhecido como gasificação;
(2) adição de perlita ou plástico expandido; (3) adição de microesferas de vidro
perfuradas, conhecidas como microbalões; ou (4) adição de grãos de nitrato de amônio.
A sensibilidade das emulsões pode variar de explosivo sensível ao detonator 1.1 D até
agente explosivo 1.5 D. O uso de emulsão inclui construção de estradas, pedreiras, e
mineração de superfície e subterrânea. Dependendo do uso, grau de confinemento,
formulação específica do produto e densidade, a VOD varia de aproximadamente
3.657,2 a 5.791,2 m/s (Figura 2.14).
A embalagem das emulsões é similar à de géis aquosos explosivos, i.e., é
vendida em vários tipos de configurações de empacotamento ou entregue a granel no
local do trabalho em caminhões especialmente projetados. O invólucro pode ser de
cartuchos de filme plástico ou de papel, ambos resistentes e relativamente leves, e
tubosm plásticos. As embalagens variam desde cartuchos cilíndricos de 50 libras (22,6
Kg) contidos com rolo-espiral em papel-manilha de 1 ¼ x 8 polegadas até 2 x 16
polegadas e tubo-espiral de papelão (nº 23-G), de tubos plásticos (Valeron) de 2 x 16
polegadas até 3 ½ x 16 polegadas, e sacos de polipropileno trançado forrado com
plástico resistente de 4 x 34 polegadas até 9 x 18 polegadas. Os produtos empacotados
podem ser sensíveis ao detonador ou não. Usualmente, os que estão acondicionados
em recipientes maiores não são sensíveis ao detonador e precisam de um booster junto
com um detonador para funcionarem (Figura 2.15).

82
Figura 2.14 A emulsão pode ser de várias cores. Note o recipiente feito de saco de
polipropileno trançado forrado com saco plástico transparente, a solidez da emulsão e os grãos
brancos de nitrato de amônio dentro do explosivo.

Emulsão:
Fabricantes: Austin Powder, Dyno Nobel, Explosivos Technology International (ETI),
Mining Services International (MSI), Orica
Nome fantasia: Hydromite, Emulex, Emutrench, Coalmex 14E*, Blastex, Iremite,
Powdermite, Dyno SL, Irecoal*, Tovan Ultimate, Apex, Magnafrac Series, Powermax,
Seisprime, Atlas 7D*, EMGEL Series, HEF Series
Ingredientes: Nitrato de amônio, nitrato de sódio, pó de alumínio, água, perclorato de
sódio, nitrato de cálcio, microesferas, óleo, cera, emulsificador, gases químicos, EGDN
Sensibilidade: detonadores sensíveis e não-detonadores sensíveis
Faixa de VOD: 3.657,2 a 5.791,2 m/s
Embalagem:
Tipo cartuchos: rolo-espiral em papel-manilha
Tubo-espiral de papelão (23-G)
Sacos de polipropileno trançado forrado com plástico resistente
Filme plástico de alta-densidade (Valeron)
Peso dos cartuchos/sacos: de 170 g a 22,6 kg
Diâmetro dos cartuchos: de 4,6 cm a 8,9 cm

83
Figura 2.15 Emulsão contida em incólucro plástico Valeron com ―laços‖ de metal segurando as
extremidades.

Comprimento dos cartuchos: 20 cm a 40 cm


Diâmetro dos sacos: 10 cm a 23 cm
Comprimento dos sacos: 45 cm a 90 cm
À granel
*Admissível

2.6 Boosters

O desenvolvimento de explosivos não sensíveis ao detonador (agentes


explosivos) e explosivos insensívies para os mercados civil e militar criou a necessidade
de boosters compactos, de alta-energia ou alta-VOD. O Manual para Dinamitadores da
Sociedade Internacional de Engenheiros de Explosivos (ISEE) define um booster como
"uma carga explosiva, usualmente com alta velocidade de detonação e pressão de
detonação, projetada para ser usada na sequência de iniciação explosiva entre um
iniciador e a carga principal‖. Essencialmente, os boosters servem para amplificar a
onda de detonação do iniciador primário, tal como um detonador, a tal ponto que ele irá
detonar um carga principal menos sensível. Esta carga principal é usualmente um
agente explosivo ou, normalmente, um explosivo sensível ao detonador, que em razão
84
de temperatura extrema ou outros motivos, necessita da energia extra de um booster
para detonar confiavelmente. Um booster não é normalmente usado com baixo
explosivos (Figura 2.16 e Figura 2.17).

Tipos de Boosters
Cast - (Fundido)
Slip-on - (Para revestir)
À base de nitroglicerina (dinamite)

Existem diversas formas físicas de boosters com variações de


propriedades e sensibilidades. Estas são: Cast, Slip-on, à base de nitroglicerina e,
embora de uso menos comum, alguns explosivos binários (dois componentes) que são
utilizados como boosters. Os explosivos binários serão discutidos mais à frente neste
capítulo. Todos os boosters são projetados para iniciarem confiavelmente com um
detonador ou cordel detonante. O mais comum é o cast booster, que é uma carga
cilíndrica sólida contend TNT ou uma mistura de TNT e outro alto explosivo de alta
energia. Estes explosivos incluem PETN, RDX e tetryl. Cast boosters podem variar em
diâmetro, peso e tamanho, dependendo de sua aplicacação planejada, por exemplo,
para permitir que deslize pela perfuração para iniciar o agente explosivo ali contido.
Estes boosters variam de 28,3 a 142 g de peso, de 3,18 a mais de 7,62 cm em
diâmetro, e têm uma velocidade de detonação de 6.096 até mais de 7.315 m/s.

Figura 2.16 Cast boosters de vários diâmetros e pesos. (Fotografia cortesia da Austin Powder
Company, Cleveland, OH.)

85
Figura 2.17 Slip-on boosters usados para aumentar a energia do detonador.

Na fabricação de cast boosters, o TNT ou uma mistura é aquecido até


aproximadamente 77,7°C em uma forma derretida e despejada ou moldada em tubos
de papelão ou de plástico de várias cores. Os tubos de papelão normalmente possuem
um pequeno buraco ou tubinho através do explosivo fundido, o qual permite a
passagem do detonador ou cordel detonante no interior do explosivo. Isto ajuda a
garantir a adequada iniciação do booster. Os tubos pláticos normalmente possuem um
receptáculo do lado de for a do tubo para colocação do iniciador. Alguns fabricantes
colocam um ―adoçante‖, ou explosivo mais sensível, dentro do cast booster perto destes
tubos internos para garantir sua completa iniciação. Na verdade, a menos que a carga
booster contenha pelo menos uma mistura de 60% de PETN, é necessária a carga
adoçante. Os explosivos nestas cargas usualmente incluem PETN puro e/ou pedaço
curto de cordel detonante.

O segundo, e muito menos comum, tipo de booster é o slip-on. Existem


três tipos de boosters slip-on. Um deles é uma combinação prensada e emborrachada
de PETN, que os deixa mais maleável; o segundo tipo se parece com um cast booster,
porém ele é menor do que os cast boosters normais. O tipo maleável parece uma
pequena mangueira de borracha aproximadamente do tamanho do dedo de uma
pessoa e é normalmente da cor vermelha clara para a rosa. O segundo tipo tem uma
extremidade cilíndrica mais larga do que o receptáculo para o detonador. Estes
boosters recobrem/encapam o detonador e propiciam uma medida extra de energia
para iniciar uma quantidade maior de explosivos. Suas VOD é de aproximadamente
86
7.315 m/s. O terceiro tipo é o slip-on de metal, que não tem sido mais fabricado há
vários anos. Ele se parece com um detonador ―gordo‖, e possui uma cápsula em com
uma extremidade aberta para a inserção do detonador. Ele contém PETN puro.

Em razão de sua facilidade de iniciação com um detonador ou cordel


detonante, sua energia disponível e a familiaridade com seu uso no campo de
explosões, a dinamite baseada em nitroglicerina também é utilizada como um booster.
O tamanho do cartucho utilizado, i.e., a quantidade de dinamite necessária para iniciar
uma certa quantidade de agente explosivo, é consistente com a de outros tipos de
boosters. Desta forma, existem dois tipos de dinamite "boosters‖. Um é um cartucho
regular de dinamite com um invólucro de rolo-espiral em papel-manilha revestido de
cera ou tubo de papelão, e o segundo é um tubo plástico contendo túneis e buracos
para o detonador, similar aos explosivos cast previamente descritos.

2.7 Explosivos Binários


Como definido pelo Manual para Dinamitadores da Sociedade
Internacional de Engenheiros de Explosivos (ISEE), "explosivos binários, ou com dois
componentes explosivos, são aqueles formados pela mistura ou combinação de dois
ingredientes químicos comercialmente fabricados e pré-empacotados (consistindo de
oxidantes, inflamáveis líquidos ou sólidos, ou ingredientes similares), os quais
individualmente não são classificados como explosivos, mas que quando misturados ou
combinados, formam um explosive detonável‖. Estes materais são providos em várias
configurações, desde tubos plásticos claros ou coloridos até saquinhos de papel
alumínio com peso variando de 150 a 700 g. A VOD, dependendo da qualidade da
mistura, é de 4.267,2 a 6.096 m/s. Geralmente, este tipo de explosivo não é usado pelo
dinamitador "de todo dia" devido ao tempo que demora em misturar os componentes,
mas é usado pelo dinamitador "intermitente", tal como um técnico em bombas.
Entretanto, eles também são usados como um booster para agentes explosivos em
explosões agriculturais, reduzindo e quebrando grandes pedras individuais que não se
quebraram como esperado na explosão inicial. Kine-Pak, Kine-Stick e Helix são nomes
comerciais de alguns produtos binários disponíveis.

Embora estes explosivos normalmente são um pó ou pasta quando


misturados, eles também já estiveram disponíveis em uma forma completamente
líquida. A forma líquida não é mais fabricada. Normalmente, o oxidante usado é de cor
branca com o combustível líquido tingido de vermelho, mas não é sempre assim.
Quando combinado, o combustível vermelho pode ser facilmente observado através da
tubulação de plástico claro ou a tampa plástica aberta, e portanto permitindo que o
usuário saiba que o pó foi armado e está pronto para detonação. Algumas misturas
binárias têm a aparência de geléia aluminizada. Explosivos binários são sensíveis ao
detonador e ao cordel detonante (Figura 2.18).
87
Figura 2.18 Explosivos binários das marcas Kine-Pak, Kinc-Stick e Helix.

2.8 Folhas Explosivas

Folhas explosive são cargas flexíveis de alto explosivo com uma mistura
de PETN ou RDX e nitrocelulose com polímeros emborrachados e plastificantes, que
incluem acetil tributil citrato. As folhas lisas são produzidas de forma individual em rolos
contínuos com uma variedade de espessuras (de 0,1 cm a 1,02 cm) e pesos. Este tipo
de carga explosive não é moldável, como o C-4, mas é flexível em uma ampla faixa de
temperaturas e é a prova d‘água. A folha comercial é normalmente de cor cinza,
enquanto que a versão militar é verde oliva. A folha explosiva é sensível ao detonador
com uma VOD de aproximadamente 7010 m/s. É utiliizada para cortar, destruir, romper
e endurecer metais, tais como os de vias férreas (Figura 2.19).

2.9 Explosivos Estrangeiros

Existem muitos tipos e variedades de explosivos tanto de usos comerciais


como militares de fabricação estrangeira para que fossem identificados nesta obra.
Entretanto, dois explosivos merecem alguma discussão devido às suas reputações de
explosivos de escolha do terrorismo internacional; eles são Semtex e PE-4A.
88
Figura 2.19 Folhas Explosivas comerciais, que podem vir em uma variedade de cores.

Semtex é um nome comercial para diversos explosivos plásticos


altamente moldáveis, fabricados na República Tcheca, antiga Tchecoslováquia, pela
empresa Synthesia em Pardubice-Semtin. Estes explosivos consistem de RDX ou
PETN ou uma mistura de RDX e PETN (análise de algumas amostras de Semtex
também encontraram a presença de TNT em pequenas quantidades) com plastificantes
e corantes. No Semtex H que consiste de uma mistura de RDX e PETN, a cor
alaranjada vem da adição do corante Sudão I (laranja) com estireno-butadieno e óleo
de motor. Entretanto, segundo consta, a formulação de RDX e PETN foi alterada para
RDX ou PETN usados sozinhos, depois do ataque ao voo 103 da Pan American entre
Inglaterra e Escócia no dia 21 de dezembro de 1988. O motivo foi que a análise
instrumental de algumas das evidências recuperadas da aeronave identificou a
presença de RDX e PETN e a partir disto, muitos teorizaram que o Semtex foi o
explosivo usado e foi corroborado por uma testemunha que viu Semtex em posse de
um dos conspiradores acusados. Entretanto, o uso de Semtex naquele ataque jamais
foi forensicamente provado. Outro produto Semtex a ser notado é o Semtex 1A, que é
um explosivo plástico a base de PETN, de cor vermelha resultante da adição do corante
Vermelho de Sudão III. Os Semtex H e 1A podem ser encontrados em tijolos de 5 libras
(2,27 Kg) embrulhados em filme plástico transparente. Estes explosivos e outros dentro
desta família estão disponíveis em uma ampla faixa de embalagens espirais em papel
89
de embrulho e tubos para uso comercial. A VOD do Semtex é aproximadamente 7.315
m/s (Figura 2.20a e Figura 2.20b).

(a)
Figura 2.20 (a) O Semtex H tem uma cor alaranjada, é produzido em blocos de 5 libras (2,27
Kg) e é embrulhado em papel claro.

(b)
Figura 2.20 (b) Semtex 1A tem cor vermelha, é produzido em blocos de 5 libras (2,27 Kg) e é
embrulhado em papel claro.

90
Outro explosivo que também tem chamado a atenção internacional para si
é o PE-4A (Plastic Explosive Nr 4A – Explosivo Plástico nº 4A). O único país conhecido
que fabrica um explosivo designado especificamente de PE-4A é Portugal. Entretanto,
isto não implica em afirmar que outros fabricantes não o estejam produzindo, mas
apenas que os investigadores não sabem de qualquer outro neste momento. Deve ser
dado muito cuidado também para não se identificar qualquer explosivo como PE-4A, a
menos que o explosivo em questão esteja diretamente associado com alguma
embalagem que o identifique como tal. Meramente porque os americanos tendem a
inicialmente identificar qualquer explosivo plástico branco como C-4, muitos europeus
fazem o mesmo julgamento precipitado, usando PE-4 ou PE-4A como escolha de
designação.
O PE-4A português é usado para operações de demolições em superfície
geral, subsuperfície e subaquática. Similar ao C-4, ele é facilmente moldado à mão em
qualquer forma ou tamanho desejado. É normalmente embrulhado em tubos de papel
marrom encerado (32 mm de diâmetro e 205 mm de comprimento), cada um contendo
230 g de explosivos. Estes tubos são empacotados a cada 10 unidades em uma caixa
de papelão, com dez caixas de papelão m cada caixote de madeira. O peso do caixote
de madeira é de 31 Kg. O PE-4A também está comercialmente disponível em blocos ou
a granel. O PE-4A a granel é usado para preencher arsenais como granadas. Há dois
tipos de PE-4A: E-411A (a base de RDX, em cartuchos ou blocos) ou E-421B (a base
de PETN, em cartuchos, blocos ou a granel).
As Características Técnicas do PE-4A incluem:
Velocidade de Detonação: 7000 m/s
Densidade: 1.4
Força (% TNT): 110%
Teste com bala de fuzil: Sem detonação
Faixa de Elasticidade: 20 a 60°C
Cor: Branca

Os britânicos fabricam PE-4 para uso militar. O Paquistão também fabrica


um PE-4, mas é baseado em especificações chinesas. Para comparações, o PE-4
britânico é feito de 88% de RDX; 11% de plastificante [este conhecido como graxa nº 4
composta de óleo de parafina líquida (9%) e estearato de lítio (2%)]; e 1% de dioleato
de pentaeritritol sem chumbo. Embora seja comparável ao C-4 em muitos aspectos, o
PE-4 mantém uma tasa de detonação mais alta que o C-4 sob todas as condições
ambientais. É de cor branca e pode ser facilmente enrolado e moldado sem a
amassadura inicial, que às vezes não é possível com o C-4. O PE-4 é um pouco mais
poderoso do que o C-4 e também um pouco mais sensível à iniciação e propagação,
produzindo assim uma onda de choque um pouco mais ponderosa. A diferença não é
suficiente para separá-lo do C-4 como um explosivo radicalmente diferente ou mais
perigoso.
91
2.10 Explosivos Militares Americanos
Pelo mundo afora existe uma enorme conjunto de explosivos que são
usados por várias forças militares em munições, tais como bombas e cargas de
demolição. Alguns desses explosivos como nós temos visto são do tipo comercial por
essência, e são empacotados em invólucros militares para identificação e facilidade de
transporte. O TNT é um exemplo disto: um explosivo muito importante no campo
comercial bem como no militar. Outros explosivos são principalmente, mas não
exclusivamente, fabricados para uso pelos militares. Explosivos modáveis ou plásticos
tais como o C-4 americano e o PE-4 britânico são apenas poucos exemplos dentre
vários. Adicionalmente, estes explosivos altamente energéticos encontraram facilidade
dentro do mundo clandestino do terrorismo e criminosos. A seguir fazemos uma
descrição bem sumarizada de alguns destes explosivos americanos militarmente
empacotados, que têm seu uso principal como cargas de demolição.

2.10.1 Cargas TNT


Para utilização em demolições, os miltares americanos empacotam o TNT
por peso em três tipos de recipientes/invólucros. Estes são: cargas com 113,4 g em um
cilindro de papel na cor verde oliva com metais crimpados nas extremidades; cargas
retangulares de 226,8 g e 453,6 g em recipientes de papel verde oliva com metais
crimpados nas extremidades. Através de uma das extremidades destes recipientes
existe um furo, que acomoda a passagem de um detonador dentro da cavidade pré-
formado do TNT. Estas cargas têm uma VOD de 7.000 m/s, são sensíveis ao
detonador, à prova de bala e resistentes à água. A impressão em cada embalagem
identifica o produto e o peso. A cor do TNT é, mais uma vez, amarela clara, mas
quando fora do invólucro e exposto à luz do sol, fica de verde escura a preta (Figura
2.21).

2.10.2 Composto 4 (C-4)


Composto 4 ou, como mais amplamente conhecido como C-4, é o quarto
composto na série que começou na 2ª Guerra Mundial. Do C-1 ao C-3 não são mais
produzidos apesar de que o amarelado C-3 pode ser encontrado em raras ocasiões. O
C-4 é branco, inodoro, altamente moldável e similar em consistência ao Play-Doh®
(massa para modelar); é um explosivo para demolição que é composto de RDX e
plastificantes, daí seu nome vulgar como explosivo plástico. É a prova d‘água, não
sensível a mudanças de temperatura e não detona com tiros. Entretanto, existem duas
pequenas desvantagens ao se usar C-4: ele é muito difícil de moldar em clima frio, e
devido à sua relativa insensibilidade, não pode ser confiavelmente iniciado com um
detonador comercial nº 8. Ele precisa de um detonador mais poderoso, como o
especialmente feito para os militares, com mais explosivos na carga base.

92
Figura 2.21 TNT militar Americano, em recipientes de 453,6 g e 113,4 g. Não há foto pra o
recipiente de 228,6 g.

Os plastificantes incluem 2-etilhexil sebacato ou 2-etilhexil adipato, óleo de motor e


poliisobutileno. O C-4 posui uma variedade de usos: desde uma carga de demolição
básica até uma carga de corte especial quando empacotado em recipientes de carga
moldada. Ele também é usado em algumas munições militares, incluindo a mina
claymore. A VOD do C-4 é 8.040 m/s. O C-4 é empacotado em blocos retangulares com
567 gr, identificados como bloco de demolição M112, que são cobertos com filme
plástico Mylar na cor verde oliva preso com adesivo. A impressão em cada embalagem
identifica o produto e o peso. Uma versão comercial do C-4, o bloco M112, está agora
sendo produzida pela Omni Distribution, Inc., de Memphis, Tennessee. Ela é marcada
como um equivalente do M112 em uma embalagem de plástico preto — também em
blocos de 567 g. O C-4, ou material que se parece com ele, tem sido utilizado em
atentados criminosos bem como em atentados terroristas. Adicionalmente, material
acreditado como sendo C-4, mas não necessariamente fabricado pelos EUA, foi
recuperado há alguns anos atrás quando estava sendo contrabandeado para o país,
disfarçado como cerâmica e estatuetas pintadas. Uma palavra de expiação: o termo C-4
tem sido adotado em uma conotação genérica, significando qualquer alto explosive
branco, moldável e de alta-energia, que tenha o RDX como principal ingrediente
explosivo. O Governo dos EUA não é a única instutuição ou governo que fabrica este
tipo de produto (Figura 2.22 e Figura 2.23).

93
Figura 2.22 Bloco de C-4 militar americano com 567 g. Este explosivo padrão de demolição
para os militares é de cor branca, embrulhado em embalagem plástica na cor verde oliva.

2.10.3 Folhas Explosivas

A versão militar Americana da folha explosiva flexível é a carga de


demolição M118 consistindo de quatro folhas de 226,8 gr, 31,75 cm x 8,26 cm à base
de PETN ou RDX, que é combinado com um polímero de borracha e plastificantes. É
embrulhado em embalagem plástica na cor verde oliva com impressões que identificam
o produto e o peso. Cada folha de explosivo possui uma fita adesiva sensível à pressão
fixada em uma superfície. Às vezes este produto é chamado de Flex-X e é usado para
demolição, arombamento e corte, especialmente para uso em peças de aço. A VOD é
de 7.010 m/s.

2.10.4 Dinamite Militar

A dinamite militar (M1) não contém nitroglicerina, é embrulhada em


cartuchos de papel revestidos com parafina, contend 226,8 gr, e medindo 2,79 cm de
diâmetro x 20,32 cm de comprimento, com impressões que identificam o produto. Tem
uma VOD de 6.096 m/s, é consistida de RDX, TNT, óleo de motor e amido de milho, e
não detona com tiros. Não é higroscópica e continuará efetiva por 24 horas mesmo
debaixo d‘água. A dinamite militar é usada para demolição e explosão de rocha e na
construção.

94
Figura 2.23 A versão comercial do explosivo militar americano C-4 fabricada pela Omni
Distribution, Inc., Memphis, TN.

2.11 Explosivos Improvisados (AEI)

A fabridação de explosivos improvisados primários e secundários pode,


para alguns, trazer à mente o estereótipo do ―dinamitador maluco‖ enfiado em seu
abafado ―laboratório‖, preparando a "bebida fermentada das bruxas‖. Houve uma época
em que este quadro era verdade, mas a realidade nos tem mostado que esta pessoa é
de fato mais parecida com quem mora ao lado. Normalmente jamais suspeitamos de
nosso vizinho, é sempre a pessoa da cidade ao lado ou em um país distante. Veja só, o
maior e mais destrutivo artefato improvisado na história dos EUA, com exceção da
tragédia de 11 de setembro de 2001, foi o atentado ao Edifício Federal Murrah na
Cidade de Oklahoma, no dia 19 de abril de 1995. Os conspiradores Timothy McVeigh e
Terry Nichols foram descritos como parecidos com o vizinho ao lado, mas conseguiram
improvisar uma mistura de nitrato de amônio para matar 168 pessoas, entre homens,
mulheres e crianças inocentes, no ou em volta do Edifício Federal Murrah. Dentro dos
EUA e alguns locais selecionados mundo afora (a Irlanda do Norte foi um) um grande
número de AEI‘s foram detonados, os quais tinham uma carga principal fabricada com
produtos prontamente disponíveis, e não com explosivos comerciais.

95
Estas misturas e compostos improvisados incluem: pólvora negra, pólvora
de flash fotográfico, misturas de nitrato de amônio, TATP (triperóxido de triacetona),
HMTD (hexametilenotriperóxidodiamina), e outras misturas cloradas. A seguinte breve
discussão destes produtos não é uma tentativa de prover informação sobre técnicas de
fabricação, mas sim, descrever os critérios de segurança e identificação para o
investigador pós-explosão e socorristas.
Com exceção das bombas ácidas encontradas em garrafas pet, a pólvora
negra, a pólvora de flash fotográfico e as várias outras misturas cloradas são os tipos
de baixo explosivos que são os mais amplamente encontrados em artefatos
improvisados nos EUA. Dependendo de quão bem for misturada, a pólvora negra pode
parecer com toner de fotocopiadoras ou pode ser um pó escuro com partes brancas.
Ele normalmente não terá a consistência granular da pólvora negra produzida
comercialmente. Por outro lado, a pólvora de flash fotográfico improvisada normalmente
encontrada em fogos de artifício improvisados pode se parecer com pólvora de flash
fotográfico comercial. Especificamente, estará na forma de um pó fino, de cor cinza
para prata e deixará um resíduo liso cinza prateado em quase tudo que entrar em
contato com ele. Esta coloração é devido ao pó de alumínio ser um dos ingredientes. A
pólvora de flash fotográfico improvisada pode apresentar pequenos grânulos de uma
substância branca, que é coberta com o pó de alumínio. Os grânulos esbranquiçados
são normalmente um dos ingredientes que não foi completamente misturado com
outros materiais. Outras misturas cloradas variam grandemente na aparência,
dependendo do tipo de combustível que for acrescentado à mistura. Estas variações na
aparência vão desde o branco cristalino até uma geléia esbranquiçada. A sensibilidade
destas misturas depende de vários fatores, que incluem a qualidade dos ingredientes, a
formulação usada, quão bem eles foram misturados e as condições de armazenagem
depois da preparação. Desta forma, as misturas podem não explodir de forma alguma,
ou podem ser excepicionalmente sensíveis ao calor, atrito ou descarga estática.
Normalmente, como os produtos explosivos comercialmente produzidos, a pólvora de
flash fotográfico é e pode ser o mais perigoso para o investigador que possa
inadvertidamente encontrar este material. Isto é devido à sua alta sensibilidade ao
atrito, (por exemplo, provocado pela ação de abrir um pote de metal), e a descarga
eletrostática (por exemplo, de uma jaqueta de nylon).
Explosivos à base de nitrato de amônio geralmente não são sensíveis ao
detonador, mas dependendo da técnica de fabricação, podem ser feitos para detonar
com um detonador. Além do atentado ao Edifício Federal Murrah, o nitrato de amônio
foi usado no ao Centro de Pesquisa Matemática do Exército dos EUA em 1970 no
campus da Universidade de Wisconsin em Madison. Estes tipos de cargas principais
têm sido fabricados com materiais mais facilmente obtidos e, como previamente
declarado, a sensibilidade de iniciação depende dos materiais e das técnicas de
fabricação. Normalmente, estas misturas não são excessivamente sensíveis ao calor,
choque/impacto e atrito. As características de identificação podem incluir o cheiro de
96
diesel ou óleo combustível ou outro combustível de hidrocarboneto junto com sua
aparência, i.e., um pó ou grânulos broncos. A quantidade, dezenas ou centenas de
libras em sacos ou grandes recipientes, deste material pode ser uma indicação da
presença de uma mistura improvisada, neste caso, comercial.
Os dois explosivos primários, HMTD e TATP, não foram encontrados
como material de iniciação para detonação da carga principal, mas o TATP também foi
identificado como a carga principal em artefatos improvisados. Estes incidentes traçam
um cenário muito preocupante, pois estes explosivos são excepcionalmente sensíveis
ao manuseio pelo confidante investigador ou técnico em bombas. O TATP em sua
forma pura é um pó branco cristalino com um forte odor de peróxido que tem sido usado
para encher bombas tubo e artefatos suicidas. É um composto totalmente improvisado
que mesmo em sua forma pura tem mais sensibilidade ao impacto, atrito e decarga
eletrostática do que o PETN. Além disso, quando fica velho ou com a presença de
impurezas, o aumento em sensibilidade é significante.
O HMTD é outro destes explosivos primários excepcionalmente sensíveis
que tem sido igualmente encontrado em AEI‘s usados por terroristas e criminosos.
Entretanto, devido à sua alta sensibilidade ao impact, atrito e descarga eletrostática e à
sua instabilidade, é considerado um explosivo extremamente perigoso, não apenas
para improvisação, mas mesmo em uso regular. Mesmo com estas significantes falhas,
ele tem sido fabricado como iniciador para a carga principal explosiva. Fabricado em
laboratório o HMTD tem uma VOD de 4.572 m/s e reage quimicamente com a maioria
dos metais, incluindo alumínio, estanho, latão, cobre, ferro e chumbo.
Além de ser precavido quanto a presença de artefatos explosivos
secundários em consequência de um atentado ou ou de armadilhas quando efetivar
buscas em uma "fábrica de bombas", os investiadores devem se abster de abrir
recipientes de materiais desconhecidos e devem procurar ajuda de químicos forenses
e/ou técnicos em bombas.

2.12 Sistemas de iniciação e Componentes


Sistemas de iniciação são feitos de artefatos usados para iniciar a
detonação ou deflagração em explosivos ordinariamente usados como a carga
principal. Em razão do fato dos explosivos comerciais serem deliberadamente
formulados para resistirem à explosão acidental por calor, choque/impacto e atrito, que
normalmente ocorrem mesmo no manuseio cuidadoso e na armazenagem, deve ser
aplicado um estímulo externo de suficiente magnitude para um determinado produto
quando a carga precisar ser iniciada. Os componentes e acessórios dos sistemas de
iniciação incluem: estopim, estopim hobby ou de canhão, acendedor de estopim,
fósforos elétricos, cordéis detonantes, rojões, espoletas (detonadores não elétricos),
tubo de choque, detonadores de tubo de choque, espoletas elétricas, eletrônicas e
explosivos bridgewire, retardo de superfície e conectores, e conectores de cordéis
detonantes.
97
Componentes do Sistema de Iniciação
Estopim
Estopim hobby ou de canhão
Acendedor de estopim
Fósforos elétricos
Cordéis detonantes
Rojões
Espoletas (detonadores não elétricos)
Tubo de choque
Detonadores de tubo de choque
Espoletas elétricas, eletrônicas e explosivos bridgewire
Entretanto, antes de discutirmos os componentes individualmente,
vejmaos rapidamente o desenvolvimenteo dos sistemas de iniciação. Os primórdios dos
sistemas de iniciação ou métodos para a segura iniciação da pólvora negra, fogo grego,
ou fogos de artifício é tão profundamente enraizada em mistério e folclore quando o
desenvolvimento da própria pólvora negra. Eu posso imaginar um pretenso
experimentador tentanto decidir como acender seu preparado. Basicamente, ele estaria
tentando descobrir como acendê-lo e sobreviver ao fogo ou explosão. Ele pode ter
começado com uma longa, muito longa vara, que teve uma de suas pontas colocada no
fogo e cuidadosamente aproximou-a de seu preparado na esperança de que este
"afastamento" seria suficiente para poupar sua vida. Então, no último momento antes da
brasa na ponta da vara esfriar, ele tocaria o preparado. Whoosh! Uma espetacular
exibição de rpólvora queimando ou talvez da queima de óleo. De qulaquer forma, ele
sobrebiveu; nenhum pelo chamuscado.
O desenvolvimento de sistemas de iniciação efetivos tem sido, e continua
a ser, tão importante quanto o desenvolvimento das próprias cargas principais. Quão
bom é um explosivo se ele não pode ser suficientemente controlado para ser
seguramente iniciado? Problemático, certo? De fato, alguém pode dizer que o meio de
iniciação é mais importante do que a própria pólvora. Bem, eles andam a par e passo;
não se pode ter um sem o outro.
Com o aumento da quantidade de pólvora na carga principal, seria
descoberto que a "vara" não era longa o suficiente para evitar que ocorressem sérios
danos ao "disparador". Isto pode ter dado causa ao sempre crescente tamanho de
cordas especialmente tratadas, que proveriam um retardo adequado desde a hora em
que acendida até ser queimada em todo seu comprimento para iniciar a pólvora. É bem
possível que esta inovação tenha sido primeiramente aplicada em fogos de artifício.
Conjecturas de lado, vários iniciadores foram desenvolvidos através dos anos.
Certamente o primeiro foi o estopim de queima, que foi usado sozinho até o
desenvolvimento do detonador. Mais história depois, mas agora uma discussão sobre
os tipos de sistemas de iniciação.

98
2.12.1 Iniciadores
Um iniciador é um termo que descreve qualquer artefato que possa ser
usado para iniciar uma detonação ou deflagração. Detonadores são artefatos usados
para iniciar alto explosivos. Aqueles artefatos que iniciam a queima ou deflagração são
chamados de rojões ou ignidores. Rojões e ignidores incluem fósforos elétricos, estopim
de segurança, estopins hobby ou de canhão. O artefato explosivo improvisado mais
comumente fabricado nos EUA é a bomba tubo ou um artefato similar com um baixo
explosivo como carga principal, o sistema de iniciação mais comum é o estopim, fósforo
elétrico, ou um tipo similar de iniciator improvisado que produz chama ou calor.
Detonadores são usados nos EUA, mas em quantidades muito menores do que outros
tipos de iniciadores. Detonadores também são utilizados em cargas principai com baixo
explosivo, porém, novamente, apenas em um limitado número de casos.

2.12.1.1 Estopim de Segurança


Um estopim de segurança, inventado em 1831, é um cordão flexível
contendo pólvora negra, por meio do qual o fogo é transmitido em uma taxa continua e
uniforme desde o ponto de ignição até o ponto de uso, com ou sem um detonador. O
estopim de segurança é fabricado para iniciar um detonador, comumente chamado de
espoleta. Como usado no artefato improvisado, o estopim de segurança é usado para
iniciar uma carga principal de baixo explosivo confinado, por exemplo, em uma bomba
tubo. Estopins de segurança improvisados são encontrados em investigações de
atentados com bombas. Sua utilidade é limitada pela habilidade da pessoa que o
fabrica. Como o nome implica, o estopim de segurança queima internamente em uma
razão prederminada, usualmente de 30 a 45 segundos a cada 30,4 cm, e é à prova
d‘água em razaõ do betume aplicado entre as várias camadas dos materiais que o
compõem, que inclui fita e fibras têxteis. O estopim com aproximadamente 0,6 cm de
diâmetro pode ser encontrado com uma variedade de revestimento de cera e plástico
coloridos. O estopim de segurança militar americano, tipo M700, pode ser identificado
por seu revestimento em plástico verde oliva com uma faixa amarela única em volta da
parte externa em intervalos de 30 a 45 cm e faixas duplas em intervalos de 1,5 a 2,3 m.
Estas faixas permitem uma medição rápida. As cores externas jamais devem ser
usadas para uma identificação positive de um estopim de segurança, uma vez que seu
primo, o cordel detonante, pode ter a aparência do estopim de segurnaça. Os dois
únicos procedimentos de identificação positiva são o de verificar o produto a partir do
carretel de onde ele se origina ou olhar a ponta cortada. A ponta do estopim de
segurança é preta, ao passo que a do cordel detonante é branca ou vermelha. Mais
detalhes a respeito do cordel detonante depois. Como explicado no Manual para
Dinamitadores da Sociedade Internacional de Engenheiros de Explosivos (ISEE), "as
funções da capa/revestimento são: (1) proteger a sequência de pólvora da água, óleo,
ou outras substâncias que podem afetar sua taxa de queima ou dessensibilizá-la; (2)
proteger o núcleo da abrasão ou outro abuso e manter a flexibilidade; (3) minimizar
99
Figure 2.24 Estopins de segurança de uso militar nos EUA (cor verde oliva) e comerciais. O
verde e o vermelho são estopins hobby ou de canhão.

a chance de atear fogo na carga de explosivos por faíscas provenientes do lado do


estopim antes que o fogo tenha atingido o detonador; e (4) impedir a intercomunicação
do fogo entre estopins adjacentes". Dependendo do tipo (baixo ou alto explosivos) e
quantidade usada, estopins de segurança identificáveis podem ser recuperados depois
de uma explosão improvisada. Este estopim, quando examinado em um laboratório
forense, pode ser identificado como sendo de um específico fabricante comercial e
nome fantasia (Figura 2.24).
Estopim hobby ou de canhão queima externamente e, essencialmente, se
consume no processo de queima. O estopim hobby é usado na indústria de fogos de
artifício (tanto legal como ilegal), em artefatos improvisados (bombas caseiras), e
outros, para iniciar baixo explosivos. Entretanto, seu uso é cheio de problemas de
segurança uma vez que não possui quaisquer mecanismos de segurança, i.e., queima
externa e internamente. O estopim hobby tem um diâmetro de aproximadamente 0,3
cm, um revestimento externo nas cores verde, vermelha ou preta e é normalmente
iniciado com um fósforo comum ou um artigo similar (Figura 2.24).

2.12.1.2 Acendedor de Estopim

Um estopim de segurança pode ser iniciado com um fósforo ou qualquer


fonte produtora de calor, mas o mais comum é um acendedor de estopim ou ignidor. O
acendedor de estopim é um artefato pirotécnico fabricado incluso para iniciar ou
acender o estopim de segurança.

100
Existem dois tipos de acendedores: comercial (atrito) e militar (percussão).
O tipo atrito consiste de uma cápsula de papel com uma extremidade aberta para a
inserção da ponta cortada de um estopim de segurança. O lado oposto tem uma
pequena alça presa a um fio, que vai para dentro da cápsula de papel. A ponta deste fio
ou corda para disparo dentro do tubo é revestida com uma mistura prirotécnica de
forma que quando este é puxado o atrito causa a iniciação desta mistura pirotécnica
que, em troca, inicia a pólvora negra na extremidade do estopim colocado no
acendedor. A pólvora negra não explode, mas começa a queimar pela extensão do
estopim de segurança até sua destinação. Acendedores comerciais deste tipo não são
à prova d‘água (Figura 2.25).

O tipo percussão consiste de uma cápsula de plástico ou metal com um


furo em uma das extermidades, o qual é normalmente selado com uma tampinha de
borracha durante a armazenagem. A extremidade oposta revela uma haste de metal
atrelada a uma argola para puxar. Após a remoção do pino de segurança, a argola deve
ser puxada rápida e firmemente; isto libera uma agulha/pino colocado em uma mola,
dentro da câmara de percussão, similar ao iniciador de um cartucho. O iniciador dispara
e, portanto, inicia a pólvora negra na ponta do estopim que foi colocado dentro da
extremidade aberta do acendedor. Este tipo de acendedor é à prova d‘água e pode ser
usado debaixo d‘água (Figura 2.25).

Figura 2.25 Acendedores americanos, comercial (tubo de papel) e militar.

101
2.12.1.3 Cordel Detonante
Um cordel detonante é um cordão flexível contendo um núcleo central de
alto explosivos, normalmente PETN, mas que também pode ser RDX ou HMX. O PETN
é na cor branca, mas quando são utilizados RDX ou HMX como carga deste núcleo,
estes explosivos podem ser tingidos de vermelho. A forma é normalmente circular, mas
também pode ser achatada ou oval. O núcleo é revestido de vários compostos
envoltórios têxteis e à prova d‘água (naturais e fabricados), para os propósitos de (1)
proteção contra desgaste; (2) prover razoável elasticidade; (3) resistir às penetrações
laterais de fluidos; (4) aumentar as características para aplicação de nós, mantendo sua
flexibilidade; e (5) prover resistência à água. O cordel detonante, também chamado de
―detcord‖, Primacord®, Primex®, Detacord®, estopim detonante e cordeau detonant,
detona em uma velocidade, dependendo do tipo de explosivo usado, de
aproximadamente 6.705 m/s. Os propósitos do cordel detonante são (1) iniciar alto
explosivos em qualquer ponto de sua extensão, (2) propagar a onda de detonação de
um cordel detonante para outro, e/ou (3) propagar a onda de detonação do cordel
detonante para um detonador de retardo. Em suma, para iniciar outros explosivos, os
detonadores podem encadear várias cargas principais para serem iniciadas ao mesmo
tempo. Entretanto, o cordel detonante pode ser usado como uma carga principal
explosiva sob certas condições em trabalhos de demolição ou em bombas
improvisadas. A carga núcleo é expressa em grãos de explosivos por pé (gr/ft) e é
normalmente iniciada com um detonador ou outros explosivos. As cargas núcleo podem
variar de 2.4 a 400 gr/ft, com diâmetros externos variando de 0.1‖ polegada a 0.43‖
polegadas . O cordel detonante detona em resultado de um alto explosivo contido
dentro de seu núcleo e, essencialmente, se detrói quando iniciado.
Vários padrões de cores e tecidos são usados para identificar diferentes
tipos e poder dos cordéis detonantes. Entretanto, como previamente discutido com
relação ao estopim de segurança, a aparência externa não é um guia de identificação
sem falhas quanto à segurança. A informação do carretel/bobina original ou provida
pela ponta cortada é o melhor indicador do produto. Entretanto, uma necessidade
recente quanto à identificação do cordel detonante nos EUA tem obrigado que seu
revestimento externo seja impresso com identificação relativa ao tipo de produto, o
nome do fabricante e a informação de que o mesmo contém explosivos. O cordel
detonante de uso militar nos EUA é incluso em um invólucro plástico verde oliva sem
qualquer nomenclatura impressa (Figura 2.26a e Figura 2.26b).

2.12.1.4 Tubo de Choque


Um tubo de choque é um tubo laminado plástico (algumas empresas usam
polietileno e Surlyn® feitos pela Du Pont) de pequeno diâmetro (0.12‖ polegadas) com
as paredes internas revestidas com uma finíssima camada de material reativo (HMX e
pó de alumínio) que, quando iniciado, transmite a explosão de baixa energia a
aproximadamene 1.828 m/s de um ponto a outro (Figura 2.27). Este é um sistema de
102
(a)

Figura 2.26 (a) Rolo de cordel detonante e sua típica embalagem. (Fotografia cortesia da Austin
Powder Company, Cleveland, OH.)

(b)

Figura 2.26 (b) Cordéis detonantes de várias cores, diâmetros e revestimentos externos.

103
Figura 2.27 Corte de um tubo de choque mostrando o pó reativo aluminizado dentro do tubo.

transmissão não elétrico, não destrutivo (o tubo não despedaça) que emprega a
explosão ―tipo poeira‖ do material reagente aderido às paredes do tubo. O inventor do
tubo de choque, Per Anders Persson da Nitro Nobel AB da Suécia, patenteou este
produto com o nome comercial de Nonel®. A Dyno Nobel é a proprietária desta marca
registrada. Para serem efetivos na explosão e como sistemas de iniciação, os
detonadores não elétricos ou tubos de choque são fabricados crimpados em uma das
pontas do tubo, com a outra ponta servindo para initiação. Estes sistemas de iniciação
empregando um tubo de choque com um detonador podem ficar a poucos metros ou a
centenas de metros em comprimento. Adicionalmente, o tubo de choque é utilizado em
uma variedade de acessórios explosivos, que incluem pedaços relativamente curtos de
tubo de choque em conjunção com detonadores de retardo e conectores plásticos que
provêm formas de se conectar sistemas de tubos de choque uns aos outros (Figura
2.28). O tubo de choque é bem insensível ao calor e ao impacto. Ele pode ser iniciado
com: um detonador, cordel detonante, agulha de percussão, fósforo elétrico ou faísca
elétrica de iniciadores portáteis de tubos de choque especialmente projetados. Após
seu uso, e dependendo das circunstâncias do uso, a maior parte dos tubos permancece
no cenário da explosão. Isto é especialmente verdade em locais de explosão comercial,
porém nem tanto em incidentes de ataques em razão das quantidades limitadas
normalmente usadas. Entretanto, deve-se enfatizar que ele permanece no cenário de
bomba e, dependendo da tenacidade da equipe de investigação do cenário do crime,
estes restos podem ser encontrados.
104
Figura 2.28 Vários pedaços de tubos de choque com detonadores não elétricos e
conectores, em substituição ao cordel detonante.

2.12.1.5 Detonador

Um detonador, comumente chamado de espoleta, é uma cápsula


cilíndrica, usualmente de metal, contendo explosivos de alto poder com baixa
sensibilidade, que quais são usados para iniciar outros explosivos. Existem cinco tipos
de detonadores: estopins não elétricos, tubos de choque, elétricos, eletrônicos e
detonadores explosivos bridgewire. Os cinco possuem a mesma função e são
essencialmente a mesma contrução, com utially the same em construction, com uma
pequena exceção do detonador explosivo bridgewire. O estopim não elétrico precisa
que um estopim de segurança, um acendedor, seja inserido na extremindade aberta,
preso firmemente e iniciado pelo explosivo para detonar. O detonador tubo de choque
precisa de um impulso/choque de um tubo de choque para sua iniciação e as espoletas
elétricas, eletrônicos e bridgewires precisam de energia elétrica através de seus cabos
de chumbo para aquecer a resistência ou o fósforo elétrico.
O poder de um detonador refere à sua capacidade de iniciar certa
quantidade de explosivos. Como a sensibilidade de explosivos tem diminuído nos
últimos 30 anos ou isso, o poder dos detonadores tem aumentado de forma a serem
capazes de iniciar estes explosivos. Hoje, a maioria dos detonadores comerciais é de
"alto-poder", cerca de duas vezes o poder dos detonadores nº 8, que é a quantidade de
trabalho desempenhado por um peso comparável de 2 gramas de uma combinação de
fulminato de mercúrio e cloreto de potássio colocada na base de um detonador e
105
ativada. Antigamente, um detonador de força nº 6 era suficiente para iniciar a maioria
dos explosivos sensíveis ao detonador. Detonadores usados para iniciar explosivos
militares de demolição são mais fortes do que suas contrapartes comerciais, uma vez
que os explosivos militares de demolição são à prova de bala e requerem mais energia
para serem iniciados.
Detonadores são sensíveis ao calor, choque/impacto e compressão, mas
são seguros para o manuseio e uso por dinamitadores qualificados. Entretanto, o poder
em um detonador explosive é suficiente para desfigurar, causar cegueira pelos
fragmentos de metal, ou matar. Detonadores velhos que foram expostos e se
deterioraram podem ser excepcionalmente sensíveis a qualquer manuseio. Ninguém, à
exceção de técnicos em descarte de bombas, deveria jamais tentar manusear ou
descartar os detonadores velhos e deteriorados e, portanto, só com procedimentos
remotos ou robóticos. Pessoas morreram ou ficaram seriamente feridas aos manusear
estes detonadores. Da mesma forma, crianças morreram ou ficaram seriamente feridas
ao inconscientemente "brincarem" com detonadores.
A origem do detonador pode ser observada há mais de 250 anos, quando
o Dr. Watson da Royal Society da Inglaterra é relatado como tendo explodido
(deflagrado) uma carga de pólvora negra não confinada com uma faísca elétrica. Em
seus experimentos, Dr. Watson provavelmente usou uma garrafa de Leyde, uma das
primeiras fontes de energia elétrica. Entretanto, Benjamin Franklin conduziu a primeira
real explosão fechada em 1750. Franklin usou o mesmo princípio da faísca elétrica
como o Dr. Watson, mas melhorou sua eficiência e segurança ao conter a energia em
um cartucho de papel com fios através de cada extremidade da cápsula. Franklin
descreveu seu experimento em uma carta ao seu amigo inglês Peter Collinson no dia
27 de julho de 1750:

Eu não soube que algum de seus eletricistas europeus já tenha conseguido


incendiar pólvora através da faísca elétrica. Nós fazemos isto aqui desta
maneira: Um pequeno cartucho é cheio com pólvora seca, batida à mão, para
não esmagar os grãos: dois fios pontudos são então enfiados, um em cada
extremidade, as pontas se aproximando uma da outra no meio do cartucho até a
distância de meia polegada; depois, o cartucho sendo colocado no circuito,
quando as quatro garrafas são descarregadas, o mecha elétrica saltando da
ponta de um fio para a ponta do outro, dentro do cartucho contra a energia, o
dispara, e a explosão da pólvora se dá no mesmo instante do estampido da
descarga.

Em razão da necessidade de uma fonte para as cargas elétricas e a


dificuldade de as produzir e mantê-las sob condições variáveis de explosão, a
descoberta de Franklin naquela época não despertou importância prática. Entretanto,
nos 80 anos seguintes outros continuaram a trabalhar no desenvolvimento do

106
detonador. Dentre estes se incluía Moses Shaw de Nova Iorque e Dr. Robert Hare da
Filadélfia, o inventor da primeira máquina explosiva para o propósito expresso de iniciar
suas recém desenvolvidas "espoletas". Ele chamou esta máquina, o "deflagrador".
Dr. Hare desenvolveu um detonador (menos o alto explosivos) que
trabalhava com o mesmo princípio do detonador modern, i.e., usando uma resistência
incandescente. Ele usou uma seção de fio feita de muitos fios torcidos em um único
filament e fabricou uma ponte ao cortar todos, menos um, dos fios no local da ponte. O
fio foi suspenso em uma cápsula de metal entre duas rolhas de madeira, com a
resistência dentro de uma das rolhas e em contato com a mistura para iniciar que era
muito sensível ao calor. Entre as duas rolhas havia pólvora negra ensacada. Quando a
energia elétrica foi aplicada ao fio, a resistência ficou ―vermelha incandescente‖ em
razaõ do fluxo da corrente. O fio quente iniciou a mistura, causando a explosão da
pólvora negra. Novamente, este é o element essencial do detonador moderno.
Alfred Nobel desenvolveu o primeiro detonador ―de verdade‖. Ele tentou
intensificar os iniciadores da pólvora negra ao adicionar várias quantidades de
nitroglicerina, mas estes esforços falharam. Em seu processo de desenvolvimento, ele
procurou um explosivo para substituir a pólvora negra. Ele descobriu que o fulminato de
mercúrio atendia bem a seus propósitos. O fulminato de mercúrio já era bem conhecido
como um explosivo primário em cápsulas de percussão usadas em canhões e
pequenas armas. Ele era facilamente iniciado pelo calor, impacto e atrito e produzia
uma explosão muito ponderosa. Ao projetar seu detonador, Nobel criou a primeira
espoleta ao colocar fulminato de mercúrio em um recipiente metálico blindado de
estanho com uma extremidade aberta; ele a selou com uma membrana de papel,
deixando espaço na extremidade aberta para um pedaço de estopim. Os testes
conduzidos foram completamente bem sucedidos e com a introdução de sua dinamite,
chamada de Pó de Segurança de Nobel, ele foi capaz de oferecer um meio de iniciação
testado e seguro. Nobel patenteou seu detonador em 1867; estes detonadores eram
cápsulas cilíndricas em cobre com aproximadamente 0,6 cm de diâmetro e com
comprimento longo o bastante para conter fulminato de mercúrio suficiente para detonar
dinamite. A atual indústria de explosivos está baseada na descoberta de Nobel do
detonador e dinamite.
Existem cinco tipos de detonadores que serão abordados em detalhes.
Estes são as espoletas, os tubos de choque e os detonadores explosivos elétricos,
eletrônicos e bridgewire.

2.12.1.6 Espoletas
As espoletas modernas ou detonadores não elétricos consistem de uma
cápsula de alumínio, cobre ou bronze, finos, com aproximadamente 0,74 cm de
diâmetro e 6 cm de comprimento, aberta em uma das extremidades para acomodar a
introdução do estopim em seu interior. A cápsula é carregada com dois ou três tipos de
pólvora. Nos detonadores contendo dois tipos de explosivos, a carga gase (PETN ou
107
RDX) é prensada no fundo da cápsula, com a pólvora de ignição (explosivo primário
consisitindo de azida de chumbo ou estifanato de chumbo, entre outros) prensada na
parte superior da carga base. Como detalhado anteriormente, depois da inserção e
fixação do estopim de segurança, o estopim é aceso e queima em toda sua extensão
para iniciar a pólvora de ignição. Esta pólvora, sendo um explosivo primário, segue pela
transição de uma deflagração para detonação (DDT) para passar uma onda de
detonação para a carga base. A carga base em troca detona, rompendo a cápsula de
metal e iniciando a carga principal explosiva. Com detonadores contendo três tipos de
pólvora, uma pólvora pirotécnica de ignição é utilizada para iniciar o explosivo primário,
que então inicia a carga base. Esta disposição é típica das espoletas militares
americanas. Depois da detonação, e dependendo da quantidade da carga principal
explosiva utilizada, alguns restos fragmentados do detonator podem ser encontrados no
cenário. Nos EUA, os detonadores comerciais, mas não os militares, precisam ter um
alerta impresso em dois idiomas na cápsula do detonador: "BLASTING CAP
EXPLOSIVE - EXPLOSIF DETONATEUR DANGER", que significa - ESPOLETA
EXPLOSIVA - PERIGO DE DETONAÇÃO - O estilo bilíngue é devido à distribuição de
produtos explosivos entre os EUA e Canada. Todas as espoletas são instantâneas em
suas ações, sem retard embutido entre a iniciação da pólvora de ignição e a carga
base. Tubo de choque e espoletas elétricas podem ter retardos; isto será detalhado
mais à frente (Figura 2.29).

Detonadores de Retardo
Em 1895, H. Julius Smith produziu uma grande inovação no projeto de espoletas
elétricas: um detonator com um breve intervalo de retardo entre a iniciação do
elemento de iniciação e a detonação da carga base. Pequenos pedaços de
espopim foram inseridos entre a carga de ignição de pólvora negra e a carga
base de alto explosivo primário, o que permitiu a produção de uma variedade de
detonadores com uma faixa de retardos mais previsíveis. Até a introdução do
detonador de retardo, todas as espoletas eram feitas com o uso de detonadores
instantâneos, os quais disparavam todos de uma vez e toda a carga de
sobrecarga era induzida de uma só vez com um grande disparo. Com espoletas
de retardo, podia ser feito mais trabalho em um período de tempo menor, usando
menos explosivos e com quantidades menores de explosivos sendo iniciadas de
uma vez. Ao incorporar técnicas de explolsão com retardo a vibração do solo é
reduzida, bem como as ocasiões em que pedras voando e danos colaterais são
causados pelo uso de muitos explosivos.

2.12.1.7 Detonadores Tubo de Choque


Detonadores tubo de choque são inciados com um tubo de choque, e são
usados para iniciar cargas explosivas principais sensíveis ao detonador, e boosters, e
outros tubos de choque e elementos de retardo. Os detonadores tubo de choque
podem ser instantâneos ou ter um retardo embutido, que provê um atraso de cerca de

108
Figura 2.29 Detonator não elétrico e estopim. Note a crimpagem dupla no segundo detonador,
para fixação do estopim.

25 milisegundos (ms), com uma faixa de 25 ms até 8000 ms, ou 8 seconds. Estes
detonadores são inseridos em cápsulas de alumínio de vários tamanhos
(aproximadamente 0,74 cm em diâmetro e de 6 cm a 10 cm de comprimento) para
acomodarem vários retardos. Eles possuem vários componentes não encontrados nas
espoletas. Alguns destes componentes são tubo de choque, tampão de fechamento,
etiqueta de identificação, etiqueta com o tempo ou período de retardo, pinos e em
alguns detonadores, cápsulas de percussão interna. Todos os detonadores tubo de
choque têm uma carga base PETN ou RDX (sendo que o PETN é o mais comum) e a
carga primária, usualmente consistindo de azida de chumbo ou diazo. Em alguns
destes detonadores, a carga de ignição é a carga primária, uma vez que nenhum
material pirotécnico adicional é usado para iniciar o explosive primário. E detonadores
instantâneos, o choque é transmitido pelo tubo de choque para iniciar a carga primária,
que dispara a carga base. Em detonadores de retardo, o choque inicia a mistura
pirotécnica no tubo de retardo dentro do detonador que, em troca, queima com um
retardo predeterminado para iniciar a carga primária para disparar a carga base.
Entretanto, ao invés de contar apenas com o choque do tubo de choque para iniciar a
carga primária ou elemento de retardo, alguns detonadores tubo de choque empregam
um iniciador de percussão que é disparado por um pino tipo bigorna. Essencialmente,

109
o choque do tubo força a bigorna no iniciador de percussão, que dispara, para iniciar o
elemento de retardo ou o explosivo primário.

Os componentes internos do detonador tubo de choque são fixados e


impermeabilizados com um tampão de fechamento, que provê a passagem do tubo de
choque para dentro da cápsula. A cápsula de alumínio é então crimpada em volta do
tampão de fechamento. A crimpagem é distintiva e individual para cada fabricante e,
protanto, na ausência de qualquer outro dado identificador, o fabricante de um
detonador tubo de choque pose ser determinado pela comparação de sua crimpagem
com as crimpagens conhecidas de vários fabricantes de detonadores tubo de choque.
Da mesma forma que com outros componentes explosivos, dependendo da quantidade
de explosivos usada em um artefato improvisado no qual foi utilizado um detonador
tubo de choque para iniciar a carga principal explosiva, a parte superior do detonador
expandido, contendo a crimpagem e o tampão de fechamento, pode ser recuperada
depois da explosão. Outro dado identificador que pode ser útil na identificação de
detonadores tubo de choque específicos está contido nas etiquetas de identificação e
de retardo no tubo de choque ou nos carretéis contendo longos pedaços do tubo. Estas
etiquetas contêm a identificação dos fabricantes, nome de série e o período de retardo
do detonador (Figura 2.30). A Figura 2.31 mostra a típica disposição interna do
detonador tubo de choque de retardo.

Figura 2.30 Um detonador tubo de choque crimpado ao tubo de choque azul. Note a
crimpagem e o tampão preto de fechamento.

110
Figura 2.31 Um corte de um detonador tubo de choque. (Diagrama cortesia da Austin Powder
Company, Cleveland, OH.)

2.12.1.8 Espoletas elétricas


Espoletas elétricas servem ao mesmo propósito dos detonadores tubo de
choque, i.e., para iniciar cargas principais explosivas, boosters e sistemas de iniciação
de tubo de choque sensíveis ao detonador, e eles funcionam da mesma forma.
Entretanto, a diferença está no método de iniciação – a energia elétrica. A energia
elétrica é transmitida pelo cordão duplo ou simples (usualmente de cobre ou ferro, ou
cobre revestido de ferro), condutor duplo (dois fios) de tamanhos (aproximadamente de
1,2 a 30 m) e calibres variados (20 a 24 AWG – American Wire Gauge, padrão
Americano). Os fios são codificados pela cor e isolados com um revestimento plástico
que provê flexibilidade e resistência contra abrasão. Eles podem ser encontrados em
padrão chamado óctuplo ou Kirk, ou para maiores extensões de cabos, em carretéis.
Os dois fios elétricos entram na cápsula de alumínio, cobre ou bronze através do
tampão de fechamento, que, da mesma forma que o tubo de choque, é crimpado no
lugar para fixar os fios e proporcionar impermeabilidade ao detonador. As pontas dos
fios são conectadas a uma resistência de alta capacidade, também chamada de cabeça
do estopim. Quando a corrente apropriada, fornecida por um detonador em um local

111
Figura 2.32 Uma espoleta elétrica. Note os fios, a torção e as etiquetas azuis de retardo e
alerta.

remoto, passa pelos fios, a alta resistência bridgewire aquece muito rapidamente para
acender o material de ignição dentro da espoleta. A disposição interna (material de
ignição, carga primária, elemento de retardo – se usado, e a carga base) da espoleta
elétrica é essencialmente a mesma do detonador tubo de choque. Um aviso de alerta:
"BLASTING CAP EXPLOSIVE - EXPLOSIF DETONATEUR DANGER", que significa -
ESPOLETA EXPLOSIVA - PERIGO DE DETONAÇÃO está presente em cada cápsula
de espoleta, exceto nas espoletas milirates americanas, que as identifica como um
produto explosivo (Figura 2.32).

Em espoletas com restistência do tipo cabeça de estopim, a mesma está


contida dentro de uma combinação pirotécnica altamente reativa que queima quando
aquecida para iniciar o explosive primário, a mistura de ignição ou o element de retardo.
Espoletas elétricas são fabricadas nos tipos instantâneo ou de retardo, com etiquetas
nos fios, identificando o tempo de retardo, série e fabricante. Os tempos de retardo
variam de 25 ms a 8000 ms. Deve ser notado que cápsulas mais compridas não
significam que necessariamante correspondem a retardos maiores, pois difrentes
formulações de misturas de retardos são usadas para impedir que as espoletas sejam
muito compridas e desajeitadas para uso efetivo. Como nos detonadores tubo de
choque, a crimpagem nas cápsulas de metal e tampões de fechamento são

112
Figura 2.33 Vários tipos de torções, específicas de um fabricante, usadas em espoletas
elétricas.

características de distinção para um fabricante específico. Adicionalmente, alguns


fabricantes colocam informação relativa ao período de retardo, bem como sua
logomarca na base externa da cápsula de metal. Esta marca é estampada no metal
antes de os explosivos serem carregados.

Todos os detonadores elétricos produzidos na América do Norte, mas não


necessariamente em outras partes do mundo, possuem um ardil chamado shunt, que
trata de torcer as pontas livres dos fios. Esta torção é essencialmente curta para impedir
o fluxo de corrente pelos fios, e portanto, impedindo uma inadvertida e potencialmente
iniciação letal do detonator. Esta torção, encontrada em várias formas, é também
característica para um fabricante específico (Figura 2.33, Figura 2.34, e Figura 2.35). A
Figura 2.36 mostra a típica disposição interna do detonador de retardo.

2.12.1.9 Detonadores Eletrônicos

A mais recente inovação com sistemas de iniciação tem sido a introdução


de detonadores eletrônicos. Eles são virtualmente o mesmo que os detonadores tubo
de choque e elétricos, exceto pelo fato de que possuem uma placa de circuito eletrônico
embutida na cápsula de metal. Ao contar com esta minúscula placa de circuito, o
dinamitador pode programar os vários elementos de retardo e a sequencia de tiro para
detonadores individuais, que queria utilizar dentro de cada buraco. Isto elimina a
necessidade de um inventário de períodos de retardo específicos. Entretanto, o alto
custo deste tipo de detonator pode impedir sua aceitação geral. Nenhum detonador
deste tipo jamais foi identificado sendo utilizado em incidentes com bombas.

113
Figura 2.34 Tampões de fechamento usados para selar a espoleta elétrica contra a umidade.
Na ponta dos fios, no centro da foto, há um iniciador bridgewire (resistência). Para a direita há
um iniciador fósforo elétrico para ignição da mistura ou explosivo primário.

Figura 2.35 Várias etiquetas de identificação e de períodos de retardo usadas em detonadores


tubo de choque e elétricos.

2.12.1.10 Detonadores Explosivos Bridgewire (EBW)

Um detonador explosivo bridgewire (EBW) é um tipo de detonador que é


iniciado por corrente de alta amperagem que explode a (bridgewire) resistência. Esta
classe de detonador não pode ser explodida pelo choque ou energia elétrica que é
tipicamente usada para detonadores elétricos. Até agora, os uso de EBW não foi

114
Figura 2.36 Um corte de uma espoleta de retardo. (Diagrama – cortesia da Austin Powder
Company, Cleveland, OH.)

relatado na construção de artefatos improvisados. Isto se dá principalmente pela


necessidade de deflagradores especializados, e caros, e cabeamento para prover alta
amperagem, maior do que 100 A/s, necessária para fazer com que a resistência
exploda. EBW‘s não são usados em típicas operações de explosão, mas são usados
em situações especiais que necessitem de maior grau de segurança no local do
trabalho.
EBW‘s não se parecem com detonadores normais uma vez que podem ou
não ter pontas compridas de fios, ou quanto a este respeito, não ter qualquer ponta de

115
fio. Eles são encaixados em uma cápsula cilíndrica de metal (menor do que a de uma
espoleta) que mais parece ser um componente eletrônico. EBW‘s não contêm
explosivos primários, uma vez qua energia elétrica vaporiza a resistência e causa uma
explosão com suficiente energia para iniciar os explosivos secundários PETN e RDX.
Em razão da falta de um explosivo primário, tal como a azida de chumbo, e a
necessidade de alta energia para iniciação, os EBW‘s são inerentemente mais seguros
do que os detonadores "comuns".

2.12.1.11 Rojões
Rudolf Meyer em seu livro Explosives define rojões como "pequenos
artefatos explosivos, similar a um detonador em aparência, mas carregados com baixo
explosivo, de forma que produzem principalmente calor (flash). Normalmente iniciados
eletricamente para iniciar a ação de artefatos pirotécnicos e propelentes de foguete".
Rojões são frequentemente usados para iniciar fogos de artifício comerciais em
situações que requerem precisão de tempo na iniciação de propelentes ou baixo
explosivos ou onde as considerações com a segurança não permitem o uso do estopim.
Similar às espoletas, os rojões têm pontas de fios, usualmente de cobre, e são isolados
com um plástico isolante que provê flexibilidade e resistência contra abrasão, que entra
na cápsula de alumínio, cobre ou bronze, através de um tampão de fechamento e é
crimpado (fixado) no lugar; isto termina na bridgewire (resistência). Rojões
normalemente possuem pequenos furos fechados com discos rupturáveis perto da
ponta da cápsula de metal. Em essência, os rojões se parecem com miniaturas de
espoletas. Os rojões não podem ser usados para iniciar alto explosivos uma vez que
produzem uma rajada curta de chama ou calor e não uma onda de detonação. Embora
não usados frequentemente, os rojões foram utilizados para iniciar a carga principal
com baixo explosivo em artefatos improvisados.
Dependendo do tipo de uso improvisado e da quantidade de baixo
explosivos iniciados, depois da iniciação os rojões tendem a se fragmentar, como as
espoletas fazem. Portanto, um rojão relativamente intacto não pode ser recuperado do
cenário.

2.12.1.12 Fósforos Elétricos


Fósforos elétricos ou cabeça de espoleta são similares aos rojões, e,
essencialmente, servem ao mesmo propósito: para iniciar baixo explosivos ou
pirotécnicos. Adicionalmente, são muito parecidos com os fósforos elétricos contidos
dentro das espoletas elétricas usadas para iniciar a mistura de ignição ou explosivo
primário. Fósforos elétricos usam energia elétrica de baixa amperagem transmitida
através (normalmente) de cabos de cobre, os quais são isolados de forma similar aos
fios das espoletas, para a uma resistência que foi encapsulada dentro de uma mistura
de ignição e saída pirotécnica. O fósforo pode ou não ser protegido por uma luva
plástica, aberta em uma extremidade.
116
Figura 2.37 Um fósforo elétrico usado para iniciar baixo explosivos ou um tubo de choque.

Quando uma corrente elétrica suficiente é transmitida pelos fios, a


resistência é aquecida para iniciar a mistura de ignição, que em troca, inicia a mistura
pirrotécnica primária para produzir uma "esguichada" de chama que é muito curta em
duração. Além de ser usado para iniciar baixo explosivos, os fósforos elétricos podem
ser usados para iniciar tubos de choque. Isto é feito ao se colocar o fósforo elétrico em
contato com a extremidade aberta do tubo de choque, fixando-o no local, usualmente
com um conector de tubo, e iniciando o fósforo. Fósforos elétricos empregados desta
forma possuem energia pirotécnica suficiente para iniciar a mistura de HMX e pó de
alumínio contido dentro do tubo.

Fósforos elétricos têm sido usados na iniciação de artefatos improvisados


contendo uma carga principal de baixo explosivo. Eles não serão, com exceção do tubo
de choque e explosivos primários, iniciar alto explosivos tais como dinamite, emulsão,
ou PETN. Como outros produtos de iniciação, dependendo do uso, os restos
expandidos de fósforos elétricos podem ser recuperados depois de serem usados em
um artefato improvisado (Figura 2.37).

2.13 Resumo do Capítulo

Este capítulo é uma introdução acerca dos explosivos comerciais, militares


e improvisados e as características físicas de identificação de cada produto. Agora
sabemos não somente que os AEI‘s usam estes tipos de explosivos como suas cargas
principais, mas também que os baixo explosivos são os explosivos de escolha para os
117
fabricantes de bombas nos EUA. Esto não é necessariamente o caso fora dos EUA,
onde a maioria destes artefatos utilize alto explosivos.
Explosivos incluem designações de baixo e alto explosivos e acessórios.
Baixo explosivos incluem, entre outros, pólvora negra, Pyrodex, pólvora de flash
fotográfico e pólvora sem fumaça. A pólvora negra possui uma formulação básica, mas
muitos tamanhos de granulação e é usada para uma variedade de propósitos. Pyrodex
é um substituto da pólvora negra e possui quatro tamanhos de granulação. A pólvora de
flash fotográfico, usada em fogos de artifício comerciais e ilícitos, é o tipo mais perigoso
de pólvora que temos estudado. A pólvora sem fumaça, disponível em mais de 100
tipos, é o baixo explosivo mais comum fabricado nos EUA. Estas pólvoras recaem em
três categorias principais: base simples, base dupla e base tripla. Base simples é
nitrocelulose com plastificantes; base dupla é base simples com nitroglicerina; e base
tripla tem o ingrediente adicional de nitroguanidina.
Bilhões de quilos de alto explosivos são fabricados nos EUA a cada ano. A
maioria é para a indústria comercial de explosões e inclui muitos tipos de produtos.
Estes produtos recaem em dois grupos, explosivos primários e secundários. Explosivos
primários são aqueles utilizados em sistemas de iniciação, por exemplo, azida de
chumbo. Explosivos secundários incluem as cargas principais explosivas,
adicionalmente separadas em sensíveis e não sensíveis ao detonador. Explosivos
sensíveis ao detonador incluem dinamite, binários, PETN, RDX, TNT, folhas explosivas,
emulsão e gel aquoso. Explosivos não sensíveis ao detonador, ou agentes explosivos,
incluem ANFO, emulsões e géis aquosos não sensíveis ao detonador. Sim, emulsões e
géis aquosos explosivos, dependendo de suas formulações específicas, podem ser
sensíveis ou não ao detonador. Ainda, na categoria de explosivos secundários estão os
boosters, TNT, e TNT combinado com outros explosivos tais como PETN (Pentolita), os
quais são usados para iniciar agentes explosivos.
Todos os tipos de explosivos militares são sensívies ao detonador, mas
não detonam com o disparo de um tiro. Estes incluem as folhas explosivas, TNT,
dinamite militar, C-4, e várias misturas estrangeiras de PETN e RDX.
Acessórios incluem grupo de materiais explosivos que podem conter baixo
ou alto explosivos (tanto primários como secundários) e/ou combinações de ambos
baixo e alto explosivos, que são principalmente usados em sistemas de iniciação. Estes
materiais incluem estopim de segurança, cordel detonante, todos os tipos de espoletas,
tubos de choque e ignidores.
Depois da explosão de um artefato improvisado, se os componentes e a
carga principal usados foram produzidos comercialmente ou não, haverá muitos restos
no cenário para serem recuperados pelos investigadores. A recuperação eficiente
destes componentes pela equipe investigativa (ou no caso de um artefato de baixa
ordem, de explosivos intactos) afetará diretamente o progresso da investigação. Esta
investigação do cenário pode prover "pistas" para vincular esta cena com as pessoas
responsáveis pela construção e/ou configuração do artefato.
118
Questões de Revisão do Capítulo

1. Qual é o tipo mais comum de produto explosivo comercial utilizado nos


EUA?
2. Qual é o melhor método de distinção entre cordel detonante e o estopim
de segurança?
3. Quem é creditado pela descoberta da NG?
4. Quem é creditado pela descoberta da dinamite?
5. O que é um estopim de segurança, um estopim canhão, um tubo de
choque e como eles são utilizados?
6. O que é um agente explosivo?
7. Qual é a diferença entre uma espoleta e uma espoleta elétrica?
8. O que é um explosivo primário?
9. Qual é o tipo menos sensível de alto explosivo?
10. O que são explosivos permissíveis e como seus cartuchos são
marcados para identificação?

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120
3. Componentes de Artefatos
Explosivos Improvisados
- Identificação Pré e Pós-
Explosão

3.1 Introdução

Os componentes básicos de um artefato explosivo improvisado (AEI) são


a carga principal explosiva e o sistema detonador. Entretanto, existem muitos outros
tipos de componentes que podem ser utilizados na construção de um artefato
improvisado, mas não estão inclídos no sistema detonador ou na carga principal. Como
vimos no Capítulo 2, existem muitos tipos e formas de explosivos que estão disponíveis
para o fabricante de um artefato improvisado. Do mesmo modo, existem muitos
componentes, tanto completamente improvisados como comercialmente disponívies
para a fabricação do sistema detonador. Logicamente, existem mais componentes de
sistemas detonadores disponíveis do que tipos de explosivos que estes sistemas são
projetados para iniciar. Adicionalmente, o sistema detonador, no que tange à evidência
recuperada depois da explosão da carga principal em um artefato improvisado, é muito
diferente dos explosivos. Com exceção dos resíduos recuperáveis ou partículas
microscópicas de explosivos não consumidos, a carga principal explosiva normalmente
não sobrevive à explosão do artefato. Por outro lado, componentes do sistema
detonador e outros componentes não explosivos tais como os recipientes das bombas,
consistentemente sobrevivem à explosão, embora de forma alterada, e às vezes
radicalmente alterados em razão da quantidade de explosivos usada. Estudos têm
mostrado que aproximadamente 90%, por peso, dos componentes não explosivos
sobrevivem à explosão. Em muitos casos, é a proximidade dos componentes ao
explosivo que dita o grau de sobrevivência dos componentes. Por exemplo, um
microswitch em contato com um bloco de C-4 irá se fragmentar em pedaços
microscópicos, enquanto que o mesmo microswitch movido a alguns centímetros do
explosivo, mesmo em grandes explosões, pode sobreviver. A porcentagem de
componentes recuperáveis diminui em grandes explosões.
121
Além de entender as dinâmicas da explosão, explosivos, e os métodos de
investigação do cenário de bomba (Capítulo 4), o investigador do cenário de bomba
deve ser instruído acerca dos componentes do AEI e, portanto ser proficiente em
identificar estes componentes de duas formas: não danificados e danificados. Os
componentes não danificados e íntegros são de um artefato que falhou em explodir
como pretendido, e os componentes fragmentados resultam da explosão de um artefato
improvisado. Como tal, de forma a ser efetivo na investigação do cenário de bomba, o
investigador precisa ser competente em localizar as evidências resultants de uma
explosão do artefato e, portanto, ser capaz de fazer uma distinção entre o que não é
evidência ou importante para a cena. Entretanto, se estiver em dúvida quanto a fonte do
fragmento encontrado no cenário, o investigador deve coletá-lo. Esta necessidade
lógica depended da capacidade em se indentificar os componentes fragmentados do
artefato explodido. Adicionalmente, o entendimento dos tipos mais básicos de sistemas
detonadores e das técnicas de construção utilizadas para a fabricação artefatos
improvisados também irão ajudar o investigador na identificação e coleta de evidência
no cenário de bomba. Este entendimento diz respeito ao relacionamento entre os
componentes que podem ser usados na construção do artefato. Por exemplo, caso o
investigador encontre restos fragmentados de uma pilha de 1.5-V, com fios elétricos
entre os fragmentos, seria uma suposição lógica de que o artefato utilizou um sistema
espoleta elétrica, consistindo de pelo menos uma pilha para fonte de energia e fiação
elétrica para transportar a energia elétrica da pilha. Entretanto, e os outros
componentes? Com conhecimento básico de sistemas detonadores elétricos, os
investigadores poderiam então dirigir suas atenções, mas não exclusivamente, para
encontrar os outros componentes lógicos, os quais poderiam incluir o suporte da pilha,
fita isolante, solda, um iniciador elétrico e alguns tipos de mecanismos de chaveamento
elétrico para ativar a bomba. O conhecimento dos componentes do artefato proporciona
informação de liderança investigativa com a qual se pode prosseguir em busca dos
outros componentes e, enfim, vincular o cenário com o suspeito.

Entretanto, com uma preocupação compreensível de não querer ensinar


ao pretenso fabricante de bombas como contruí-las, este capítulo não irá discorrer
sobre técnicas de construção, mas, amplamente acerca dos vários tipos de
componentes que constituem os sistemas detonadores e outros componentes
relacionados que podem ser usados na construção de um artefato. Será dada particular
ênfase na identificação das características dos components de um AEI e mambas as
formas, intactos e fragmentados depois de usados em um artefato explodido. Estes
componentes incluem, mas não estão limitados: recipientes do artefato (tanto externo
como interno), fragmentação acrescentada, colas e adesivos, solda, pilhas/baterias e
seus suportes, cabeamento elétrico e não elétrico, papel e fita.

122
3.2 Artefatos Explosivos Improvisados (AEI’s)

Antes de começar uma discussão no que tange aos componentes que


formam um artefato, devemos entender a definição de um AEI. Um artefato explosivo
improvisado (AEI) é uma combinação de itens ou componentes que não foram
projetados nem produzidos para serem usados em conjunto um com o outro e que,
quando colocados juntos ou montados, constituem um mecanismo que tem a
capacidade de explodir ou causar ferimentos em pessoas e/ou danos em propriedades.
Com esta definição muito ampla, alguém pode facilmente apreciar o fato de que um AEI
pode ser construído com quase qualquer item que atenda em toda parte aos dois
componentes básicos: a carga principal explosiva e o sistema detonador. Entretanto,
muitos artefatos empregam componentes adicionais, tais como um recipiente externo
para encobrí-los, no qual o artefato é escondido para não observado e descoberto. Mais
a este respeito depois, com uma explanação dos diferentes tipos de artefatos
encontrados.

3.2.1 Fatores que Afetam a Construção de um AEI

A ingenuidade do construtor
A habilidade do construtor
Acesso a componentes não-explosivos
Acesso a explosivos

Existem quatro fatores gerais que afetam diretamente a construção de um


AEI. Estes são (1) a ingenuidade do construtor, (2) a habilidade do construtor, (3) o
acesso a componentes não-explosivos, e (4) o aesso a explosivos. A ingenuidade do
construtor refere-se à habildade dos indivíduos em projetar e planejar a construção de
um artefato que atendam aos seus objetivos. Alguns podem se referir a isto como
criatividade, talento ou esperteza em idealizar um plano para juntar vários componentes
explosivos e não explosivos para produzir um artefato. Note que isto não inclui a
capacidade de verdadeiramente fabricar ou improvisar vários componentes a partir de
materiais comuns. Por exemplo, o uso de um pedaço dobrado de papel corrugado para
fazer o suporte da pilha ao invés de usar um suporte fabricado comercialmente. Ao
mesmo tempo, isto é também não matar a si próprio durante a construção ou a
colocação do artefato. Certamente, existem muitas histórias de pretensos construtores
de bombas que morreram ao tentarem construir um artefato. Com o devido cuidado, o
ato de montar o dispositivo envolve um segundo fator, a real habilidade de construir a
bomba.
Alguns podem ter a habilidade de conceitualizar o material necessário par
a construção, mas lhes falta a destreza em converter a idéia em um artefato que

123
funcione. Essencialmente, a habilidade, ou a falta dela, se refere ao uso da mão de
alguém para juntar os vários componentes para construir a bomba. Isto pode envolver o
uso de vários tipos de ferramentas e técnicas de construção, tanto simples como
avançadas, que algumas pessoas simplesmente não possuem. Com relação à
investigação acerca da construção de um AEI, os investigadores podem querer uma
opinião definitiva quanto ao nível de competência ou sofisticação observado na
construção do artefato. Essencialmente, poderia uma pessoa aparentemente com
hablilidades limitadas ter construído este artefato "avançado"? Esta é uma pergunta
extremamente difícil de se responder completamente e depende do nível de
sofisticação do artefato e as habilidades demonstradas, ou a falta delas, pelo indivíduo.
É muito mais fácil dizer que é possível que uma pessoa com expressive ingenuidade e
habilidades de construção disfarce estas habilidades ao construir um artefato muito
simples.

O projeto e construção do artefato também são guiados pela


disponibilidade de materiais não explosivos. Se o projeto necessita de um sistema
detonadot elétrico, existem os componentes elétricos necessários prontamente
disponíveis, seja na "fábrica de bomba" ou no comércio varejista local? Em caso
negative, então o projeto precisará ser modificado para um sistema elétrico mais
simples, ou mudado para um sistema detonador mecânico. A disponibilidade de
componentes também está alinahda com as capacidades do construtor na conversão
de materiais existentes em componentes do artefato. Se o construtor não tiver esta
habilidade, então outros tipos de componentes que requeiram menos conversão ou
improvisação precisarão ser localizados e garantidos. Adicionalmente, alguns
construtores de bombas, em seus esforços para limitar a possibilidade de serem
lembrados ou observados comprando componentes, têm fabricado totalmente a
maioria, quando não, todos os componentes não explosivos necessários.

O ultimo fator é o acesso a explosivos. Em alguns artefatos, isto requer o


mais alto nível de improvisação. Se a carga principal explosiva e os meios para iniciá-la
estiverem prontamente disponíveis, então o único problema é a real construção do
artefato. Entretanto, se a carga principal e/ou o iniciador não estiverem disponíveis,
então o construtor é confrontado com a tarefa de improvisar tais componentes. A
improvisação tanto de alto como baixo explosivos tem sido, e continua a ser, feita com
um grande desafio na improvisação de um iniciador, especialmente uma espoleta.
Claramente a improvisação de uma espoleta requer um nível de habilidade mais alto do
que a maioria possui, mas como a história tem mostrado em vários episódios, tais
habilidades são exibidas por terroristas, especialmente aqueles que são patrocinados
ou treinados por um Estado ou grupo.
3.2.2 Componentes Básicos do AEI

124
Como previamente declarado, AEI‘s possuem dois componentes muito
básicos, a carga principal explosiva e o sistema detonador. A carga principal, seja com
baixo ou alto explosivo, pode ser combinada com outros materiais para criar um artefato
mais letal. Dentre estes incluem um material incendiário para criar um artefato
explosivo–incendiário, ou materiais químicos, biológicos ou nucleares para produção de
uma arma de destruição em massa. Embora a maioria dos AEI‘s não seja considerada
como armas de destruição em massa, tem havido um tendência crescente de veículos
carregados com grandes quantidades de explosivos até seus alvos, portanto, criando
armas de destruição em massa. Estes artefatos explosivos improvisados em grandes
veículos (AEIGV‘s) têm sido usados em vários ataques com caminhões-bomba: na
Inglaterra durante as décadas de 80 e 90, na Irlanda do Norte, e nos ataques ao
acampamento dos fuzileiros navais e ao complexo militar francês em 1983 em Beirute,
no Líbano, além dos ataques à Embaixada dos EUA em 1983 e 1984, nos ataques à
Embaixada dos EUA no Quênia e na Tanzânia em 1998, no primeiro ataque ao World
Trade Center em 1993 e no ataque ao Edifício Federal Alfred Murrah na Cidade de
Oklahoma no dia 19 de abril de 1995. A lista poderia seguir e seguir.

O sistema detonador é projetado para prover o estímulo ou energia


necessários para fazer com que a carga principal funcione ou exploda. Sua contrução
pode ser tão simples quanto um pedaço de estopim até sistemas eletrônicos complexos
e são pode ser de dois tipos, elétrico ou mecânico. Os sistemas detonadores não
precisam ser complexos para que funcionem e a maioria não é. De fato, quanto mais
complex for o sistema detonador, maiores são as chances de que ele não funcionará
como projetado. Entretanto, dentre os componentes usados para a construction do
sistema detonador, um é essencial – o iniciador. Como vimos no Capítulo 2, um
iniciador é qualquer dispositivo que possa ser usado para iniciar uma detonação ou
deflagração. Estes dispositivos incluem estopim de segurança ou estopim de canhão,
rojões, fósforos elétricos, ignidores, cápsulas de percussão, espoletas, e muitos
componentes improvisados. Essencialmente, os sistema detonador tem uma única
função, aplicar um estímulo ao initiador para permitir que este acione a carga principal.

3.2.3 Efeito Primário por Tipo de AEI

Artefatos improvisados são construídos para propiciar um tipo básico de


efeito quando eles funcionam. Eles tabém são chadados de explosivos, explosivos-
incendiários e incendiários. O artefato explosivo ainda é dividido em cinco subgrupos de
efeitos: explosão, explosão com fragmentação, carga moldada, carga Claymore e carga
prato. Embora possa haver efeitos colaterais decorrentes da explosão de um AEI,
geralmente estes são os efeitos desejados pretendidos pelo construtor. Como tal,
depois de um atentado com bomba (não apenas uma explosão), o investigador deveria
tentar determinar que tipo de efeito o construtor desejava. Isto irá ajudar a focar a
125
investigação e propiciará pistas investigativas, não apenas com relação aos
componentes no cenário, mas também para prosseguir a investigação de campo.

Efeitos Primários
• Explosivo
Explosão
Explosão com fragmentação
Carga moldada
Carga Claymore
Carga prato
• Explosivo-Incendiário
• Incendiário

O efeito primário pela explosão ocorre detonação de uma carga principal


com alto explosivo construída sem a proteção de um invólucro de capa dura, tal como a
bomba tubo, ou a adição de fragmentos. Embora resultem em fragmentação, os
AEIGV‘s são característicos de bombas cujo efeito primário é somente uma explosão na
qual os resultados pretendidos são vítimas e destruição de propriedade (Figura 3.1).

Figura 3.1 Um artefato explosivo cujo efeito primário é somente a explosão, um cartucho de
dinamite e um estopim.

126
Artefatos explosivos com fragmentos podem ser construídos com alto ou
baixo explosivos e podem usar um invólucro de capa dura, tais como um tubo de metal
ou outro invólucro apropriado, ou ter estilhaços de metais fragmentados adicionados ou
em volta da carga explosiva principal. Estes tipos de AEIs usam o explosivo para
arremessar fragmentos produzindo e estilhaços através do cenário. Uma palavra de
cautela ao se fazer uma afirmação absoluta de que o artefato era "destinado" a produzir
vítimas a partir da fragmentação: pode parecer ser uma conclusão muito lógica que o
construtor de uma bomba que coloque uma carga com alto explosivo dentro de uma
bomba tubo pretende produzir vítimas com a fragmentação da bomba. Sim, este é o
resultado, porém o construtor pode ter usado o tubo para conter os vários componentes
do sistema detonador ligados uns aos outros para garantir que eles não fossem
desconectados antes da bomba detonar. Por outro lado, a adição de estilhaços, por
exemplo, pregos, fixados no lado externo da bomba tubo ou a um cartucho de alto
explosivos, é altamente sugestivo da intenção e tipo de artefato (Figura 3.2).

Uma carga moldada é especificamente projetada e construída para atingir


um resultado muito específico: a abertura de um buraco através do metal ou outros
tipos de materiais endurecidos. Devido ao uso de alto explosivos, pode haver muito
pouco do invólucro da carga moldada restante no cenário. Como tal, a indicação de que
foi utilizada ma carga deste tipo pode estar baseada em dois fatores. O primeiro é o
alvo. Estaria o sujeito tentanto obter acesso a algo ou à alguma área? Em segundo

Figura 3.2 Um artefato para produzir o efeito de explosão com fragmentação e uma bomba
tubo com pregos.

127
lugar, o buraco, seja redondo ou linear, está presente no/através do alvo? Isto não é
para sugerir que um grande buraco na parede lateral de um edifício bancário tenha sido
possivelmente causado por uma carga moldada. Não! Cargas moldadas improvisadas
tendem a ser bem pequenas, usualmente com menos de 15 cm de diâmetro, com a
maioria sendo de 5 cm ou 7,5 cm, ou menos que isso. Entretanto, um tipo de efeito
explosivo, similar ao da carga moldada tradicional, precisa ser esclarecido neste ponto.
Especificamente, a disposição de explosivos em um padrão, usualmente um
semicírculo, pode produzir um efeito explosivo intensificado no alvo. Esta disposião de
explosivos feita por Timothy McVeigh em sua construção do pesado veículo bomba que
destruiu o Edifício Federal Murrah foi detalhada no The American Terrorist.
Adicionalmente, os danos ao USS Cole feitos pelo atentado suicida em 12 de outubro
de 2000, em Aden, Iêmen, podem ter sido aumetnados pela disposição dos explosivos
em uma configuração de carga moldada. Nestes tipos de incidentes, não são
necessários muitos invólucros moldados.
Uma carga Claymore, como detalhada no primeiro capítulo, usa energia
explosiva para arremessar estilhaços em uma direção primária. Ela é similar ao efeito
da explosão com fragmentação, mas com a exceção do efeito direcional dos
fragmentos. Os materiais resultantes da construção deste tipo de artefato, junto com o
sistema detonador, logicamente incluiriam algum tipo de invólucro para conter os
explosivos e os estilhaços. A maioria dos artefatos deste tipo emprega alto explosivos
ao invés de baixo explosivos (Figura 1.17 do Capítulo 1).
Embora raramente utilizados, artefatos improvisados com carga prato têm
sido utilizados para atacar veículos, especialmente os blindados. A detonação de uma
carga de alto explosivo arremessa um disco ou prato de metal metal em diração ao
alvo, resultando em um buraco, similar ao tamanho do prato, no ou através do alvo. Se
o prato de metal for feito com material fraco, o prato pode fragmentar ao lado da
explosão e criar um efeito Claymore ou quando atingir o alvo propiciará pouca ou
nenhuma penetração. Dentre os componentes recuperáveis podem estar o sistema
detonador e o invólucro usado para conter o artefato e/ou uma plataforma de suporte na
qual o artefato foi apontado em direção ao alvo (Figura 1.18 do Capítulo 1).
O artefato explosivo-incendiário, além dos danos da explosão e da
fragmentação, utiliza uma carga explosivao para iniciar um material incendiário
incorporado dentro do artefato. O material incendiário normalmente produz uma grande
bola de fogo, e por esta razão um efeito incendiário potencializado no alvo. Este tipo de
artefato pode consistir de quase qualquer tipo de recipiente que acomode um produto
acelerador, usualmente, mas nem sempre, gasolina, junto com a carga principal
explosiva, de baixo ou alto explosivo (Figura 3.3).
Artefatos incendiários, os quais podem ou não explodir pela inciciação do
produto acelerador, não contêm explosivos, mas consistem de um recipiente com um
produto acelerador e um sistema detonador. O sistema detonador pode ser tão simples
como um pavio,
128
Figura 3.3 Um artefato com efeito explosivo-Incendiário, uma bomba tubo, e um botijãozinho de
gás de fogão de acampamento com combustível propano.

que é acendido antes de ser lançado, ou pode ser uma reação de ignição espontânea,
hipergólica, de dois materiais colocados em contato entre si.

3.2.4 Aparência de um AEI

A aparência de um AEI é sua específica forma física. Em outras palavras,


com o que o artefato se assemelha ou se parece: um cartucho de dinamite com um
pedaço de estopim em uma das pontas, um pedaço de cano com um tampão de cada
lado, uma pasta executiva, uma mochila, uma caixa? Os artefatos são classificados
pela aparência em três grupos: aberto, fechado ou uma combinação de aberto-fechado.

129
Aparência de um AEI
Aberto
Fechado
Combinação

Um artefato aberto é aquele cujos componentes podem ser competamente


vistos, e não foi feita nenhuma tentativa pelo construtor para oferecer algum
encobrimento, por exemplo, nenhuma caixa ou pasta executiva é utilizada na
construção do artefato. Um cartucho de explosivos com um pedaço de estopim é um
exemplo deste tipo de artefato (Figura 3.1). Um artefato fechado é aquele cujos
componentes são escondidos da vista pelo uso de um recipiente/invólucro externo, por
exemplo, uma mochila, sacola, pasta executiva, lata ou caixa de papel na forma de uma
bomba pacote (Figura 3.4). Um artefato combinação é aquele cujos componentes são
parcialmente escondidos da vista. Isto pode ser pelo uso de um tubo para conter a
carga principal explosiva, com os componentes do sistema detonador montados na
superfície externa do tubo.
Embora seja um princípio muito simples, a aparência de um artefato afeta
diretamente não somente o tipo de evidência, mas também a quantidade de evidências

Figura 3.4 O recipiente exerno de um AEI pode incluir o uso de quase qualquer coisa: caixa de
ferramentas, mochila, pasta executiva, tubos de plástico e de metal, latas, bolsas térmicas e
caixa de papelão.

130
recuperáveis do cenário de um ataque. Especificamente, caso um cartucho de
explosivos com estopim e detonador for usado em um atentado, os componentes mais
reconhecíveis restantes no cenário depois da detonação serão normalmente pedaços
fragmentados do estopim. Entretanto, adicione uma mochila e materiais adicionais
estarão presentes no cenário - os fragmentos da mochila. Se o investigador falha ao
considerar ou reconhecer porque existem fragmentos de nylon no cenário, então um
importante item de evidência pode ser deixado para trás. Por que? Considere o valor da
pista de ter uma testemunha capaz de identificar que tipo e cor de mochila estava
sendo carregada para dentro do alvo por um possível suspeito pouco antes da
explosão. O entendimento de que um componente de um artefato pode ser seu
invólucro/recipiente externo, tal qual que tenha permitido que a bomba fosse colocada
dentro do alvo, é muito importante para o investigador. Também, considere a carta
bomba enviada pelo correio. Como que aquela bomba entrou em cena na residência?
Ou foi levada para dentro da residência pelo agressor ou inadvertidamente pela vítima.
Se os investigadores desconsiderarem a embalagem fragmentada e a caixa de papel
corrugado no cenário porque não entendem como que o artefato chegou ao seu
destino, eles também negarão evidências extremamente valiosas para a investigação,
especificamente: de onde a caixa foi enviada, possíveis impressões digitais no papel,
escritas manuscritas ou datilografadas do endereço, e por aí vai. Consequentemente, a
aparência de um AEI e o uso de um recipiente/invólucro levam à identificação e
descrição da primeira série de seus componentes.

3.2.5 Componentes do AEI


Como previamente dito, o AEI básico é cosntruído com a carga principal
explosiva e um sistema detonador. Entretanto, esta é uma abordagem muito simplista, e
o que pode ser bom para muitos é insuficiente para o investigador pós-explosão. Desta
forma, o investigador precisa entener quais componentes são usados para fabricar os
sistemas detonadores nos AEI‘s, bem como os outros tipos de componentes
comumente encontrados nestes artefatos. A seguinte listagem, com explicações,
aborda alguns destes componentes, os quais foram e continuam a ser usados em
artefatos explosivos. Como previamente explicado, não será feita qualquer tentativa
para descrever os procedimentos de fabricação destes componentes em um artefato
explosivo, apenas identificar que os eles foram usados e em quais circunstâncias.

Iniciadores
Invólucros/recipientes
Componentes elétricos
Mechanismos de cronometragem
Fragmentação - estilhaços
Adesivos

131
Fita
Madeira
Papel
Prendedores
Fiação não-elétrica

3.2.5.1 Iniciadores
Como previamente detalhado no Capítulo 2, um iniciador para a carga
principal explosiva pode incluier uma varieade de dispositivos que são usados comum
sistema detonador mecânico ou elétrico. Estes incluem o estopim de segurança, o
hobby, ou de canhão; fósforo elétrico, cordel detonante; detonadores elétricos, tudo de
choque ou eletrônicos; rojões e iniciadores improvisados.
No que tange a recuperação de restos de estopim queimado depois de
uma explosão, os pedaços fragmentados do estopim de segurança geralmente são
recuperados, mas não do estopim hobby ou de canhão. Como você deve lembrar, o
estopim de segurança queima internamente e não se consome, enquanto que o
estopim de canhão ou hobby queima externamente e normalmente se consome
deixando pouco, se houver algum, material de sua construção no cenário. Entretanto,
marcas da queima do estopim hobby ou do estopim de segurança, podem estar
facilmente evidentes no cenário. Estas marcas de queima são tipicamente em
marteriais nos quais o estopim estava apoiado quando estava queimando (Figura 3.5 e
Figura 3.6). Os restos da espoleta elétrica, do tubo de choque ou do eletrônico, bem
como os do fósforo elétrico e to rojão, podem ser, dependendo da quantidade de
explosivos usados, recuperados do cenário de bomba. De fato, os retos destes
iniciadores são encontrados mais frequentemente do que não. A Figura 3.8 mostra
restos fragmentados de detonadores recuperados de uma cena de bomba. Ainda, como
o tubo de choque não se destrói quando iniciado, o investigador deve esperar os restos
fragmentados do tubo de choque na e em volta do cenário de bomba.
Com exceção dos resíduos do explosivo, os materias de fabricação do
cordel detonante são raramente encontrados no cenário pós-bomba. Entretanto, há
uma notável exceção. Se o mesmo foi detonado em uma superfície dura, tal como
metal, piso cerâmico ou concreto, é possível observar a marca da fibra têxtil trançada
do cordel detonante na superfície dura. Isto ocorreu em uma investigação na qual o tipo
específico de cordel detonante foi determinado através de sua marca deixada no piso
cerâmico. Obviamente, isto não seria possível com cordéias detonantes que possuem
um revestimento plástico liso.

3.2.5.2 Invólucros/recipientes
Um invólucro pode ou não ser utilizado na construção de um AEI, embora
muitos os utilizem de uma forma ou de outra. Para tanto, dentre as razões para se ter

132
Figura 3.5 Um pedaço de estopim de segurança queimado com uma espoleta comercial
recuperado depois de uma explosão.

Figura 3.6 Os restos queimados do estopim hobby. Normalmente não se encontram fragmentos
de sua construção depois do uso. Entretanto, note as marcas da queima no concreto, que
podem ser indicatives de seu uso.

133
Figura 3.7 Restos fragmentados de espoletas recuperados depois de suas detonações.
Perceba que não sobram somente os fios, mas a crimpagem, os tampões de fechamento e
alguns componentes internos.

um invólucro incluem: (1) acondicionamento do AEI; (2) em conjunção com o


acondicionamento, como meio de transporte ou remessa do AEI de um ponto a outro; e
(3) como recipiente para a a carga principal explosiva, especialmente para baixo
explosivos. É facil de se imaginar que existe um sortimento infindável de
invólucros/recipientes que podem ser usados na construção de um AEI. Os recipientes
que utilizamos em nosso cotidiano para transportar itens de um lugar para outro.
Considere a mochila, a pasta executiva, sacos de papél ou plástico, e mala de viagem.
Estaríamos perdidos sem eles. Existe toda uma indústria somente para
invólucros/recipientes, e lojas varejistas que os vendem. É com isto como fundo que
resulta a importância de um invólucro; um item de todo dia, comum a todos, pode se
tornar um component de um AEI. Esconder o AEI da observação é o principal objetivo
do fabricante do artefato. Você acha que o fabricante da bomba construiria um artefato
e depois o levaria em púlbico par que todos o vissem antes de colocar ou enviar o
artefato para seu alvo? Dificilmente! O construtor irá utilizar um destes itens comuns
para transportar o artefato até seu alvo. De fato, o fabricante pode usar o invólucro
apenas como meio de transporte do AEI e depois de colocá-lo, remover o invólucro.
Eric Rudolph no atentado de 1996 ao Olympic Park em Atlanta 1996, Georgia, usou
uma mochila não apenas para transportar o artefato para dentro do parque, mas
também como componente da bomba para evitar que alguém discernisse seu
verdadeiro propósito (foi descoberto por agentes federais há poucos minutos antes de
sua explosão).

134
O atentado ao Olympic Park apresenta outro aspecto: o uso de
recipientes/invólucros. Os recipientes podem, e têm sido usados, em duas
circunstâncias, interna e externa. A mochila foi usada como um invólucro externo para
transportar a bomba para dentro do parque. Dentro da mochila havia várias bombas
tubo carregadas com baixo explosivo. Estes tubos eram recipientes e também foram
usados para outro propósito, a saber, retenção da carga principal de baixo explosivo.
Como vimos no Capítulo 1, algum tipo de retenção é essencial para o baixo explosivo
explodir ou deflagrar. Neste caso, o uso de um tubo de metal contribuiu
significativamente para liberar fragmentos quando o artefato explodiu. Os
investigadores devem entender que os fragmentos resultantes da explosão de um AEI
podem prover evidência, que tem sua origem não em um, mas em dois tipos de
recipientes, cada um para um propósito. Especificamente, neste caso, a cena pós-
explosão apresentava fragmentos da mochila e das bombas tubo. Ambos os tipos de
evidência foram coletados e analisados, e levaram à conclusão de que os retalhos de
tecidos da mochila e dos fragmentos de metal originaram de mais de uma bomba tubo.
Como mencionado, existem muitos tipos e configurações de recipientes
internos e externos para AEI‘s. Como eles são usados é totalmente a critério da
discrição do fabricante da bomba. Estes incluem, porém não estão limitados aos: canos,
tubos e conexões; cilindros de propano; cilindros de CO2; latas metálicas e plásticas;
garrafas e jarras de vidro e plásticas; artilharia militar; veículos; roupas; mochilas e
sacolas; papel; caixas de plástico e de metal; e pastas executivas e malas de viagem. A
maioria destes recipientes é auto-explicativa. Entretanto, é necessária uma maior
explicação para alguns poucos destes itens Adicionalmente, o investigador não deve
perder de vista o fato de que um veículo é usado não somente como mecanismo de
trasnporte de um AEI, mas também para sua ocultação. Isto inclui a possível adição de
grandes tambores/barris de metal ou plástico dentro do veículo, como usado no ataque
ao Edifício Federal Murrah. McVeigh e Nichols usaram grandes tambores pláticos azuis
para conter os explosivos improvisados dentro do furgão para entregas.

Recipientes para AEI’s


Canos, tubos e conexões
Cilindros de gás propano e CO2
Latas e tambores de metal e plástico
Garrafas e jarras de vidro e plástico
Artilharia militar
Veículos
Roupas
Mochilas e sacolas
Caixas de papel, plástico e metal
Pastas executivas e malas de viagem

135
De todos os recipientes normais para AEI‘s contendo baixo explosivos,
canos e tubos são os mais frequentemente usados. As razões são simples. Canos e
tubos, usualmente de metal, propiciam um receptáculo apropriado para baixo
explosivos para permitir que eles explodam. Em seugndo lugar, eles são baratos,
difíceis, mas não impossíveis de rastrear, e podem ser obtidos de várias fontes. Canos
e tubos não podem ser usados como receptáculos sem um componente extremamente
necessário, algum tipo de complemento para fechá-los, tal como um tampão. Os
tampões, bem como os outros tipos de complementos serão discutidos mais à frente,
mas primeiro, canos e tubos.
As definições técnicas/engenharia de um cano e de um tubo são
levemente diferentes, mas para todos os propósitos práticos neste capítulo, eles serão
sinônimos um do outro, isto é, um cilindro oco normalmente usado para conduzir
líquidos de um ponto a outro. Os canos são feitos a partir de uma variedade de
materiais, mas para uso como recipiente de um AEI e/ou carga principal explosiva,
somente três tipos são de interesse. Estes materiais são metal, papel e várias formas
de plástico. O cano de metal pode, por sua vez, ser construído com quatro tipos de
metal. Estes são aço, ferro fundido, cobre e alumínio. Outras variações de metal têm
sido usadas, mas elas são muito raras, por exemplo, bronze. Destes canos de metal, o
de aço é o mais usado em recipientes para carga explosiva principal com baixo
explosivo. Dependendo do tipo e quantidade de explosivos usados, o cano de aço irá
se fragmentar tanto em grandes pedaços como em pequenos fragmentos mortais de
aço (Figura 1.4 a Figura 1.7 do Capítulo 1).
As pesquisas têm mostrado que existe um relacionamento muito distinto
entre o tipo e quantidade de explosivos carregados em um pedaço de cano de metal
(aço) selado e os tipso de sistemas detonadores usados com a quantidade, tamanho e
forma dos fragmentos resultants da explosão de uma bomba tubo. Essencialmente,
quanto maior for a velocidade do explosivo, menores serão os fragmentos. Isto significa
que uma bomba tubo contendo pólvora negra como carga principal, iniciada com uma
espoleta ou pelo calor da chama de um fósforo elétrico, produzirá fragmentos que são
maiores do que a mesma bomba carregada com uma base dupla de pólvora sem
fumaça iniciada como carga principal, similarmente iniciada. Se a pólvora negra for
improvisada ao invés de ter origem em uma fonte comercial, então a maneira pela qual
ela é fabricada também deve ser levada em consideração uma vez que a mistura
improvisada pode ser menos que o ideal. Uma mistura menos que o ideal poderia
produzir fragmentos de cano até maiores, ou possivelmente um único grande fragment
de cano. Adicionalmente, alguns testes têm revelado que uma existe uma identificável
diferença nas características dos fragmentos de tubo entre a iniciação das bombas tubo
contendo os mesmos tipos de base dupla de pólvora sem fumaça, mas com diferentes
tipos de iniciadores. Especificamente, a bomba tubo iniciada com um fósforo elétrico
terá fragmentos maiores do que a bomba iniciada com um detonador. Acredita-se que
este efeito tenha origem na diferença entre os dois tipos de iniciadores. A espoleta tem
136
capacidade de impactar a nitroglicerina (NG) da pólvora base dupla provendo um nível
de velocidade mais alto do que pode ser alcançado pela iniciação com o fósforo elétrico
(Figura 1.5 e Figura 1.6 do Capítulo 1). Outros tipos de iniciadores com chamas
geralmente produzem os mesmos resultados do fósforo elétrico. Bombas tubo
carregadas com alto explosivos, tais como C-4, produzem fragmentos que são, em
contraste com explosivos de velocidade mais baixa, realmente muito pequenos.
É importante que o investigador seja capaz de reconhecer este efeito poris
ele pode propiciar uma pista investigativa inicial acerca do tipo de explosivo usado no
atentado. Especificamente, no caso de uma bomba tubo, é uma indicação de que um
baixo explosivo foi usado ao invés de um alto explosivo ou vice-versa, tudo a partir da
coleta e investigação superficial dos fragmentos de metal. Note que apenas o
laboratório forense pode prover uma determinação absoluta acerca do tipo de explosivo
usado. Qualquer inspeção dos materias recuperados do cenário pelo investigador deve
apenas ser utilizada para propósitos provisórios de comando e não tratada como fato.
Estas pistas iniciais são abordadas nas seções finais do Capítulo 4.
Adicionalmente, como o uso de um explosivo com velocidade mais alta
resulta em menores fragmentos do recipiente, assim também a força do material do
recipiente. Consequentemente, quanto mais forte for o recipiente, com algumas
exceções, menores serão os fragmentos.
Tubos de papel são extensivamente usados na fabricação clandestina de
bombas ilegais, referidas por muitos como "fogos de artifício". Esta designação
incorreta é o resultado de sua aparência. Estes artefatos são construídos com papelão
grosso espiral, muitos na cor vermelha, selados em cada extremidade e com um
pedaço de estopim hobby ou canhão saindo de uma delas, lembrando uma bombinha.
Entretanto, com a quantidade de baixo explosivo contida dentro deles, usualmente
pólvora de flash fotográfico, eles contêm energia explosiva suficiente para pelo menos
rachar a mão de uma pessoa. Desta forma, a Agência de Álcool, Tabaco e Armas de
Fogo (ATF), dependendo da quantidade de pólvora contida, normalmente classifica
estes itens como "artefatos destrutivos", i.e., uma bomba. Quando estes artefatos
explodem, fragmentos de papelão grosso podem ser normalmente encontrados pela
cena, o que nos dá uma evidência da natureza do artefato: uma bomba que tem um
tubo de papel como seu invólucro (Figura 3.8).
Fragmentos de tubos plásticos muito similares aos tubos de metal
propiciam muitos fragmentos para o investigador recuperar do cenário. Entretanto, se
for usada uma carga principal explosiva com um baixo explosivo ao invés de um alto
explosivo, os fragmentos serão relativamente maiores do que com o uso de um
invólucro de tubo de metal. Como previamente mencionado, isto é normalmente em
resultado das diferenças de força/resistência entre alguns tipos de recipientes de metal
e plástico (Figura 3.9).
Para que um cano ou tubo seja efetivamente usado como invólucro de
uma carga princiap com baixo explosivo harge, ele deve ser efetivamente fechado não
137
Figura 3.8 Tubo de papel fragmentado, característico de artefatos tipo ―fogos de
artifício‖.
138
Figura 3.9 Restos fragmentados de um cano de plástico que continha 230 g de dinamite.

somente para impedir que os explosivos derramem do recipiente, mas também para
permitir a formação da pressão para a explosão. A maioria das bombas tubo usa um
tampão para este propósito. Em alguns AEI‘s foi descoberto que os recipientes eram
uma combinação de conexões sem qualquer pedaço de cano. Estas conexões incluem:
tampão, T, cotovelo, redutor, luva e bujão, que soam mais com partes da anatomia
humana do que com componentes para encanamento. Tecnicamente, alguém pode se
referir a um pequeno pedaço de cano como um "niple‖, um tipo de componente.
Entretanto, para nossos propósitos um niple é apenas um pequeno pedaço de cano e
não um componente (Figura 3.10).

Conexões para Canos e Tubos


Tampão
T
Cotovelo
Redutor
Luva
Bujão

Muitos, porém nem todos os componentes possuem roscas usadas para


atarraxar pedaços de cano. A composição do material destes componentes varia desde
diferentes tipos de plástico, ferro fundido, cobre, alumínio e aço de alta resistência,
dependendo do tipo de cano sendo usado.

139
Figura 3.10 Tipos de conexões de cano (de cima, da esquerda para a direita): tampão com um
furo, redutor, conector T, luva, cotovelo e bujão.

Investigações têm mostrado que não é tão difícil determinar que um componente tenha
ou não tenha sido utilizado com o cano, embora, dependendo do tipo de conexão
usada, pode ser mais difícil determinar exatamente que tipo, e quantas, foram usadas.
O nome e aparência propiciam uma indicação do uso do complemento. O tampão é
usado para rosquear nas extremidades externas de um pedaço de cano, o T une três
pedaços de canos, uma luva junta dois pedaços de cano, um cotovelo junta dois
pedaços de cano e muda a direção, um redutor junta dois pedaços de diâmetros
diferentes, e um bujão sela um pedaço de cano com roscas internas. A maioria dos
complementos tem indicação da marca do fabricante, do tamanho do cano para ser
usado com o complemento e do país onde foi fabricado.

Os cilindros de propano e CO2 têm sido usados como recipientes para


cargas principais com baixo explosivo. Os cilindros de propane que têm sido usados
incluem o botijão de gás de 25 libras (11,3 kg) e o menor para uso em fogão de
acampamento. A investigação pós-explosão normalmente recupera muito metal
fragmentado destes cilindros, incluindo a vávula. Devido à firmeza na montage destas
válvulas, elas quase sempre sobrevivem à explosão. Adicionalmente, como
previamente notado, estes tipos de cilindros têm sido usados em conjunção com uma
carga explosiva externa para prover aumento no efeito incendiário (Figura 3.11).

140
Figura 3.11 Um cilindro fragmentado de propano que não foi usado como recipiente para uma
carga explosiva. Com base em que o mesmo está curvado para dentro, as forças explosivas se
originaram do lado de fora do cilindro.

Os cilindros de CO2 são pequenas vasilhas usadas em armas de pressão


e itens relacionados que precisam de uma fonte de ar. Sua utilização como recipiente
para baixo explosivos é normalmente restrita aos adolescentes. A investigação do
cenário pós-explosão frequentemente recupera grande parte do metal fragmentado
resultante da explosão. Em muitos casos, o cilindro não se fragmenta em pequenos
pedaços, mas se abre para escape da explosão, resultando em um grande pedaço de
entulho (Figura 3.12).
Vários tipos e tamanhos de latas, caixas e tambores de metal e plástico,
garrafas de vidro e plástico, e jarras continuam a ser usados como recipientes para
artefatos explosivos (Figura 3.13). Quando utilizadas como recipiente para baixo
explosivos, a maioria destes tipos de recipientes tem uma tendência de ruptura
prematura, resultaando em uma explosão de baixa ordem. Adicionalmente, alguns
fabricantes de bombas tentam reforçar estes tipos de recipientes com fita ou outros
tipos de materiais, normalmente com resultados limitados. Mais frequentemente, estes
tipos de recipientes têm sido usados como meios de contenção de componentes do
AEI, normalmente tendo uma carga principial com alto explosivo, sem considerar suas
capacidades de prover confinamento para os explosivos. Os restos fragmentados
destes recipientes podem ser recuperados durante a investigação do cenário da
explosão. Como com os outros componentes, o perímetro que o investigador precisa
cobrir para recuperar seus restos depende do tipo e quantidade de explosivos usados.
Deve ser notado que nas consequências do ataque ao Edifício Federal Alfred Murrah,
no qual

141
Figura 3.12 Cilindros de CO2, comumente usados para conter baixo explosivos.

foram utilizados mais de 4000 libras (1.814 Kg) de alto explosivos como a carga
principal, quantidades suficientes de fragmentos dos tambores que continham os
explosivos foram recuperadas para permitir uma identificação daqueles recipientes:
barris de plástico azul.

Vários tipos de artilharia militar vazias foram cedidos ao mercado varejista


e podem ser encontradas normalmente em lojas de restos militares. O mais comum é a
granada de mão para treinamento, que é de cor azul e vendida com um furo na parte de
baixo e sem o detonador que funcione. Os fabricantes de bombas têm comprado estes
―pesos de papel‖ legais e os convertidos em AEI‘s mortais. A cena da explosão revelará
vários fragmentos de metal, especialmente, a parte do pescoço de alguns modelos de
granada e possivelmente restos do sistema detonador improvisado. Refira-se ao
Capítulo 6 para informação adicional relativa à artilharia militar, especialmente no que
concerne ao uso de projéteis de altohigh-explosivo projectiles as the main charge for
IEDs.
Mochilas, sacolas, pastas exexutivas e malas são normalmente utilizadas
como recipiente externo para um AEI na tentativa de esconder o artefato (Figura 3.4).
Dentro destes recipientes externos, podem ser usados recipientes internos para conter
a carga principal explosiva, por exemplo, canos ou outro tipo de recipiente apropriado
para contenção de vários componentes do sistema detonador. O investigador não deve
desconsiderar fragmentos miúdos de papel, plástico ou metal que podem ter sido
originados de um destes recipientes internos, apenas pelo fato de que o recipiente

142
Figura 3.13 Recipiente de plástico fragmentado qeu continha 4 onças (113,4 g) de emulsão
explosiva. Note as diferentes cores de plástico que foram recuperadas e que ajudaram a fazer
uma associação com o recipiente intacto.

externo foi identificado. Não deve ser superenfatizado que fragmentos identificáveis do
recipiente sobrevivem à explosão, mesmo que a carga principal explosiva possa ter
consistido de uma grande quantidade de alto explosivos ou possa ter sido colocada no
compartimento de carga de uma aeronave a 31.000 pés quando a bomba detonou.
Exemplo característico: fragmentos identificáveis não apenas de uma mala, mas
também do recipiente interno que continha a bomba foram recuperados depois do
atentado ao voo 103 da Pan American, sobre Lockerbie, na Escócia, no dia 21 de
dezembro de 1988. Os fragmentos estavam espalhados por 845 milhas quadradas de
zona rural escocesa e inglesa, de fato, por todo o caminho desde o nordesde de
Lockerbie, até o Canal Inglês. Depois de uma intensiva busca no solo por fragmentos
da explosão, foram recuperadas suficientes quantidades da mala que continha a bomba
para permitir a conclusão não somente de que era uma mala fabricada pela Samsonite,
mas que a partir do mecanismo de tranca recuperado, que a mesma não foi fabricada
para o mercado americano, mas para o mercado externo. Mas isto não é tudo. Um
fragmento do recipiente interno da bomba foi recuperado para permitir a inquestionável
conclusão de que o recipiente interno era um rádio Toshiba BomBeat, Modelo RT-SF
16. Então, sim, materiais podem ser encontrados. O investigador deve ter a
determinação para encontrá-los.

143
Roupas podem ser usadas para esconder um AEI, especialmente aqueles
sendo levados por um suicida até o alvo. Isto é mencionado aqui apenas para ressaltar
que uma ―vítima‖ ferida ou morta pode estar escondendo um artefato explosivo
secundário destinado a detonar na chegada dos socorristas e investigadores. Deve ser
exercida extrema cautela envolta das pessoas que podem ter se ferido ou morreram em
consequência de uma explosão. Em alguns casos, a situação ou eventos adjacentes à
explosão podem ser uma indicação da possibilidade de um ataque suicida secundário.
Adicionalmente, se a roupa originou do suicida ou das vítimas, ela deve ser coletada e
enviada ao laboratório para examinação forense. A roupa pode conter minúsculos
fragmentos do artefato ou resíduos da carga principal explosiva. Esta roupa pode estar
caída no cenário ou pode ter sido levada com a vítima para a sala de emergência.
Como detalhado no Capítulo 4, é responsabildiade do investigador encontrar esta roupa
antes que ela seja descartada.
De todos os recipientes utilizados na fabricação de um AEI, o veículo pode
apresentar os mais difíceis desafios concernentes não só quanto à impedir que o
artefato detone, mas também no resultado da explosão. As razões são simples.
Veículos, especialmente grandes caminhões, podem transportar toneladas de
explosivos, explosivos suficientes que quando detonados, seus impactos podem ser
detectados por sismógrafos a milhares de quilômetros de distância. O ataque ao quartel
dos fuzileiros navais no Aeroporto de Beirute em 1983, que matou mais de 240
fuzileiros e feriu centenas, foi o resultado de uma detonação de mais de 12.000 libras
(aprox, 4.500 Kg) de alto explosivos, para mencionar apenas um evento do significante
uso de grandes veículos em atentados durante os últimos 25 anos. Entretanto, a
investigação do cenário pode revelar resultados importantes. Especificamente, os
fragmentos de veículos podem apresentar o número de identificação do veículo (VIN)
ou chassi, que pode prover uma pista investigativa para identificar o proprietário ou
locatário do veículo. Na maioria dos atentados envolvendo um veículo, isto náo será
problema, porque o veículo não estará extensivamente fragmentado. Entretanto,
quando o veículo é usado pra carregar uma grande quantidade de explosivos, é difícil
de se estabelecer a propriedade. É aqui que partes e componentes do veículo oferecem
tremenda assistência ao investigador. Essencialmente, o nº do chassi é colocado em
várias partes dos veículos para auxiliar na investigação de roubos e furtos de veículos,
especialmente quando o veículo é cortado em partes, ou quando a plaqueta contendo o
nº do chassi (VIN) afixada no painel do veículo é removida e substituída por uma
plaqueta falsificada. Quando o veículo é extensivamente fragmentado em atentados de
larga escala, a plaqueta com o nº do chassi é difícil de ser localizada entre os entulhos.
Entretanto, as outras partes do veículo que contêm o número "confidencial" do chassi
(CVIN) normalmente sobrevivem à explosão e são muito mais fáceis de serem
encontradas no cenário pós-explosão. Este foi o caso do atentato ao World Trade
Center em 1993 e do atentado ao Edifício Federal Murrah. O CVIN foi localizado em
uma carcaça que fazia parte do veículo-bomba usado no ataque ao World Trade
144
Center, o que levou os investigadores ao local onde o veículo foi alugado. Quando o
locatário retornou no dia seguinte para resgatar seu depósito de dinheiro, ele foi preso.
Esta prisão levou a outros envolvidos no enredo, bem como à casa segura e à ―fábrida
da bomba‖ onde o artefato foi fabricado. O caminhão alugado da Ryder usado pra
conter os explosivos no ataque ao Edifício Federal Murrah em 1995 foi identificado
através do nº CVIN afixado no eixo traseiro, que foi arremessado a uma distância de
mais de dois quarteirões do cenário da explosão. A identificação do caminhão levou ao
locatário, Timothy McVeigh, e, por fim, à sua prisão e condenação pelo atentado.

De fato, a maioria dos veículos-bomba não são incidents de larga escala,


mas envolvem a colocação de um artefato muito menor no ou em baixo do veículo,
visando o veículo e/ou seus ocupantes. Nestes incidentes, o veículo atua como um
reservatório de fragmentos da explosão por conter muitos componentes fragmentados
da bomba. Os componentes que não estão no veículo geralmente são confinados,
dependendo da quantidade de explosivos usados, à área em volta do veículo.

3.2.5.3 Componentes Elétricos


Os componentes elétricos, tanto os comercialmente fabricados como os
completamente improvisados, oferecem uma vasta gama de opções para o fabricante
de bomba. Desta forma, é imperativo que o investigador seja capaz de reconhecer não
somente os componentes elétricos intactos, porém, e mais importante, os componentes
fragmentados presentes no cenário de bomba. Esta não é necessariamente uma tarefa
fácil. É impossível identificar todos os componentes, ou mesmo cada tipo de
componente que podem ser usados em um AEI. Entretanto, estes componentes
incluem aqueles que têm sido mais frequentemente usados na construção dos AEI‘s:
fios, pilhas/baterias com seus suportes e conectores, solda e interruptores. Outros
componentes que são normalmente encontrados com componentes elétricos, mas não
são elétricos em si, serão identificados mais à frente, por exemplo, fita, mecanismos de
cronometragem e adesivos.

Componentes Elétricos
Fio
Pilhas/baterias com seus suportes e conectores
Solda
Interruptores

A fiação elétrica, como alguém pode facilmente entender, é essencial na


cosntrução de um artefato que tenha um sistema detonador elétrico. Os tipos de fio
normalmente encontrados em um AEI incluem condutor simples/fio rígido, condutor
duplo/fio rígido e condutor duplo/multifilamento (Figura 3.14 e

145
Figura 3.14 Pedaços de diferentes tipos de condutores duplos ou fio "zip" com multifamentos
de fios de cobre.

Figura 3.15). O condutor é normalmente cobre, mas pode ser cobre estanhado (cobre
com um fino revetimento de estanho para proteger o fio da oxidação), ferro e ferro
estanhado, ou outros metais mais exóticos como o ouro. Os fios são revestidos com
material isolante claro ou colorido, o qual pode auxiliar para se estabelecer uma fonte
geral ou específica do tipo de fio que foi usado no ataque. Especificamente, um tipo de
fio referido como "fio de alto-falante" é marcado para ser usado em conexões dos alto-
falantes com o dispositivo de saída de som. Estes fios possuem um isolamento claro,
mas um condutor multifilamento é cobre e o outro é cobre estanhado (Figura 3.16).
Adicionalmente, os cabos da espoleta elétrica (condutor duplo/fio rígido) são
codificados por cores, que podem ser associados a um específico fabricante de
espoleta e series de espoletas. Fios usados na iluminação elétrica normalmente são
dois condutores de multifilamentos da mesma cor e podem ser referidos como "fio zip".
O tipo de fio para telefone pode consistir de muitos "pares" de fios rígidos dentro do
revestimento do cabo. Dependendo do uso, as cores do material isolante podem ser
sólidas ou multicoloridas (Figura 3.17).

Depois de serem usados em um AEI, os fios elétricos normalmente podem


ser recuperados do cenário de bomba. Logicamente, a condição física do fio pode ser
radicalmente diferente de um fio não usado uma vez que o fio pode estar em pedaços
compridos ou em fragmentos pequenos a muito pequenos, e alguns podem estar

146
Figura 3.15 Pedaços de fio condutor rígido com um único filamento de cobre (unifilar).

sem qualquer isolamento. Adicionalmente, espere encontrar pedaços de fio ainda


conectados a vários componentes do artefato.
Uma pilha/bateria é um componente essencial de um AEI, como fonte de
energia elétrica para um sistema detonador elétrico a menos que a corrente elétrica
doméstica seja utilizada para iniciar o artefato. Junto com a pilha/bateria, muitos
artefatos usam algum tipo de suporte ou conector para conectar a pilha/bateria ao
sistema elétrico. Entretanto, têm sido notadas exceções quando o fabricante conecta os
fios diretamente à pilha/bateria com um adesivo ou solda. Uma nota de cautela acerca
de pilhas/baterias recuperadas do cenário de bomba: como as pilhas/baterias são
usadas em diversos componentes elétricos presentes nos AEI‘s, como por exemplo,
nos mecanismos de cronometragem, não assuma que uma pilha/bateria, ou fragmentos
dela, encontrados no cenário, era a fonte de energia do artefato, a menos que isto seja
provado. Adicionalmente, os artefatos podem usar mais de uma pilha/bateria, uma série
de pilhas/baterias, e diferentes tipos de baterias para executarem diferentes funções.
O tipo mais comum de pilha/bateria usado na construção de um AEI é a
bateria de célula seca, que consiste de (1) um caixa de metal, (2) um etetrodo no centro
da caixa, (3) um eletrólito, que é uma pasta negra escura ou pó com outros
componentes secundários. A parte externa da pilha/bateria é normalmente uma fina
folha de metal ou um filme plástico cobrindo o metal e com a identificação dos dados
147
Figura 3.16 Um pedaço de "fio de alto-falante", como identificado com isolamento claro e
condutor duplo, com multifilamento de fios. Um condutor é de fio de cobre e o segundo é fio de
cobre estanhado.

Figura 3.17 Cabo de telefone contendo muitos pares de isolamento multicolorido cobrindo um
fio rígido (unifilamentar) de cobre.

relativos ao fabricante, marca e tipo de bateria, voltagem, número do modelo, data de


validade, e qual extremidade é a positiva e a negativa. Adicionalmente, existem baterias
recarregáveis e não recarregáveis, consistindo de um dos seguintes como eletrólitos:

148
Figura 3.18 Baterias de célula seca de 1.5 V: uma na cor original, outra cujos componentes
fragmentados foram recuperados depois do uso de um AEI, e outra bateria desmontada
mostrando alguns componentes típicos da bateria de 1.5 V.

lítio, alkalino, mercúrio, níquel-cádmio, óxido de prata, e carbono/zinco.

Existem muitos fabricantes, tipos e marcas de baterias/pilhas mundo


afora. Entretanto, o mais comumente usado na fabricação de AEI são 1.5, 6 e 9 V, e
incluem, em ordem de tamanho físico do menor para o maior: AAA, AA, C-cell, D-cell, 9-
V, 6-V e 12-V (Figura 3.18 a Figura 3.20). Deve ser notado que existem muitos, muitos
tipos de detalhes de baterias variando desde muito pequenas, usadas em aparelhos
auditivos até grandes baterias (célula molhada) usadas em veículos e indústria. Estas
baterias de qualidade especial não serão tratadas no context da construção de um AEI.

O fabricante, tipo e marca da bateria estão presentes na cápsula externa


da maioria das baterias, e estes dados sobrevivem à maioria das explosões. De fato,
em muitas cenas de bomba, não é difícil recuperar componentes fragmentados
suficientes não apenas para confirmar que uma bateria foi usada, mas também para
identificar o tipo e fabricante da bateria. Quando fragmentadas pelas forças da
explosão, as baterias podem desintegrar em seus vários componentes e podem ser
espalhados por toda a cena. Desta forma, o investigador deve ser proficiente em ser
capaz de reconhecer os vários componentes

149
Figura 3.19 Baterias de 9-V: uma na condição original, outra cujos componentes fragmentados
foram recuperados depois de seu uso em um AEI, e mais outra desmontada mostrando alguns
dos componentes típicos da bateria de 9-V.

(caixa, células internas, polo central que se parece com um prego, molas e conectores)
destas baterias quando separados de suas cápsulas.

Na investigação de uma cena de bomba na qual a fonte de energia foi


uma bateria, o investigador também deve ser capaz de reconhecer a diferença entre o
pó de carbono negro dos resíduos da bateria e explosivos resultants da carga principal
explosiva. Normalmente, o pó de carbono irá consistir de, em comparação aos resíduos
de explosivos, uma maior quantidade de pó e pode ser observado em mais locais no
cenário. Também, pode ser possível, como acontece na determinação do ângulo dos
espirros de sangue, se determinar a localização relativa da bomba a partir da
verificação dos restos de pó espalhados no cenário (Figura 3.21). Adicionalmente, há
vezes em que o investigador pode ficar momentaneamente confuso pelo material que
está sendo recuperado. Especificamente, quando é usada uma pilha de lanterna de 6-
V, as células da bateria (cada quatro) podem consistir de quatro baterias D-cell, que
podem ser idênticas às baterias normais D-cell. Também, a bateria 12-V pode conter
duas baterias de lanterna 6-V dentro de sua caixa.

Os suportes e conectores de bateria são normalmente usados na


construção de AEI‘s para conectar a bateria no sistema detonador elétrico. Estes

150
Figure 3.20 Baterias de 6-V de lanterna: uma na condição original, outra cujos componentes
fragmentados foram recuperados depois do uso em um AEI, e uma bateria desmontada
mostrando alguns componentes típicos da bateria de 6-V. Esta bateria contém 4 baterias D-cell
com funco chato não típico das baterias D-cell normais. Entretanto, algumas baterias de 6-V
contêm D-cells típicas de D-cells normais com depressão na extremidade positiva.

podem ser fabricados comercialmente ou improvisados ou podem não ser usados de


forma alguma quando o construtor escolhe conectar a fiação diretamente na bateria.
The types de batteries that require some type de external connection include: AAA, AA,
C-cell, D-cell e 9-V. Estes suportes e conectores sobrevivem à maioria das explosões e
podem ser recuperados durante a investigação do cenário (Figura 3.22).

A solda é uma liga metálica que quando aquecida é usada para unir vários
componentes elétricos um ao outro. A solda é normalmente, entre outros usos, usada
para unir fios elétricos entre si ou a outros componentes elétricos.

Os interruptores elétricos são o maior grupo isolado de componentes,


tando comercialmente fabricados como improvisados, que são usados na construção
de um AEI. Indiferente de quão simples ou elaborado ele for, um interruptor quando
utilizado em uma bomba destina-se basicamente ao desempenho de uma função:
propiciar ou permitir que a energia elétrica flua desde a fonte de energia até o iniciador
da bomba. Para executar isto, os interruptores são mecânicos ou elétricos/eletrônicos
em suas operações. Especificamente, um interruptor elétrico mecanicamente operado
possui uma parte móvel que permite ou interrompe a conexão elétrica dentro do

151
Figura 3.21 O material preto na parede é característico do pó de carbono negro que se origina
da bateria fragmentada danificada na explosão de um AEI. A força da explosão fragmentou a
bateria, arremessando seu conteúdo por toda a área alvo, com parte do pó atingindo esta
parede. Isto pode ser equivocadamente confundido com resíduos de explosivos.

interruptor para permitir que a energia elétrica flua através do interruptor para os outros
componentes ou para o iniciador, por exemplo, um interruptor de parede usado para se
tornar um acessório. Um interruptor elétrico/eletrônico pode incorporar alguns tipos de
movimento real dentro de um ou mais de seus componentes, mas basicamente, a
conexão é feita através do circuito elétrico ou placa de circuito ou circuito integrado.
Interruptores mecânicos comerciais são feitos de metal, plástico e metal, ou plástico
com duas ou mais conexões com as quais se conecta ao fio elétrico. Estes
interruptores, especialmente os feitos somente de metal, e dependendo de sua
localização no artefato e da quantidade de explosivos, podem sobreviver à explosão de
um artefato (Figura 3.23 e Figura 3.24).

Destes interruptores, os que incorporam um circuito integrado podem


apresentar problemas adicionais ao investigador, porém não insuperáveis.
Especificamente, quando ocorre a explosão de um artefato contendo tal component, the
as places de circuito podem se tornar severamente fragmentadas e os componentes
podem ser arrancados destas places. Em essência, o investigador terá muitos
componentes adicionais originados desta placa de circuito para recuperar do cenário.
Estes componentes tendem a ser pequenos e difícies de se localizar entre os
escombros, mas eles podem ser localizados. Quando recuperados e examinados pelo
laboratório, estes componentes, especiamente as plas de circuito,

152
Figura 3.22 Suportes de bateria feitos em plástico preto, um em usa condição original e outro
cujos componentes fragmentados foram recuperados depois do uso em um AEI. Às vezes é
difícil de se determinar a origem do plástico preto uma vez que outros tipos de plástico preto
foram usados no artefato. Entretanto, os terminais de mola espiral geralmente propiciam uma
característica para identificação positiva.

podem propiciar dados investigativos substanciais. Por exemplo, depois do atentado ao


voo 103 da Pan American, das 845 milhas quadradas de escombros um policial
escocês encontrou um pedaço de roupa que inicialmente foi identificada por ter estado
muito perto do local da explosão na aeronave. No laboratório, a roupa foi examinada e
um fragmento da placa de circuito, muito pequeno (metade do tamanho do polegar de
alguém), foi encontrado (Figura 3.25). Basicamente, este fragmento não foi somente
identificado como sendo de um tipo específico de cronômetro com circuito integrado de
retardo longo, mas foi rastreado a um fabricante específico na Suíça. Maiores
investigações revelaram que este cronômetro foi, de fato, fabricado para e entregue ao
governo da Líbia. Enfatizamos mais uma vez, que os materiais da construção da bomba
sobrevivem à explosão e podem ser encontrados.

O AEI pode icorporar mais de um interruptor ou tipo de interruptor.


Múltiplos interruptores têm sido usados para "armar" o artefato, ou a bomba pode ter
múltiplos sistemas ou métodos detonadores que podem ser usados para iniciar o
artefato. Estes interruptores incluem desde um vasto sortimento de componentes
pequenos e simples, até circuitos integrados e mecanismos muito complexos. De fato,
em alguns locais no mundo, indústrias caseiras clandestinas foram estabelecidas

153
Figura 3.23 Vários tipos de interruptores elétricos que podem ser usados na construção de uma
AEI tanto na condição original como desmontados. Na parte de cima, da esquerda para a
direita: microswitch, slide switch, relê, rocker switch, sensor de movimento, e relê.

para projetarem e fabricarem dispositivos interruptores elaborados usados para disparar


e detonar uma bomba. Estes incluem influência de interruptores controlados
remotamente fabricados com telefones celulares, pagers, sistemas de alarme de
veículo, telefones sem fio e sistemas de controle de rádio (Figura 3.26 e Figura 3.27).
Também, cronômetros com circuito integrado de simples a complexos continuam a ser
usados na construção de um AEI. Interruptores simples incluem vários tipos de
microswitches e slide switches com pinos. Interruptores de influência, alguns dos quais
podem ser referidos como interruptores de armadilha que são ativados por uma vítima
inadvertida, incluindo aqueles sensíveis ao calor e frio, altitude ou pressão atmosférica,
liberação de pressão ou aplicação de pressão, liberação de tensão, puxão, e por aí
afora.
Muitos e muitos tipos de interruptores improvados têm sido, e continuam a
ser, fabricados a partir de materiais comumente disponíveis. Logicamente, é uma tarefa
impossível tentar identificar até uma parte que tenha sido usada. Entretanto, e sem
identificar seus métodos de fabricação, os seguintes itens têm sido usados na
construção improvisada de interruptores elétricos simples para ativarem AEI‘s:
ratoeiras, prendedores/grampos, latas de metal, vasilhames para água e retenção, fios
elétricos em várias configurações, papel alumínio, bolas de metal, pregos e parafusos,
e assim por diante. O ponto que estamos abordando é simples.

154
Figura 3.24 Vários componentes elétricos. Na parte superior, da esquerda para a direita: clip
jacaré, pino e tomada de áudio, chips de circuito integrado, interruptor de pino e conectores de
pressão para bateria de 9-V.

Embora o investigador ou a equipe investigativa possa não entender o relacionamento


de um item de evidência para com todo o artefato, isto não significa que aqueles
materiais não devam ser coletados e enviados ao laboratório para verificação.
Reciprocamente, não seria prudente coletar cada pedaço de escombro e material do
alvo fragmentado, uma vez que isto pode sobrecarregar o laboratório. Deve ser feito um
equilíbrio entre se coletar "tudo" e aqueles itens realmente usados ou que possam ter
sido usados na construção da bomba.

3.2.5.4 Mecanismos para Cronometragem


Dos vários métodos usados para se iniciar AEI‘s, o retardo de tempo é um
dos mais comuns. O uso de um retardo de tempo propicia um período de tempo desde
a colocação da bomba até quando ela explode, permitindo que a pessoa que coloca o
artefato saia da área. Para se conseguir este retardo de tempo, é necessário um
mecanismo de cronometragem operado elétrica ou mecanicamente. Dentre os
oeprados eletricamente temos os relógios e cronômetros eletrônicos operados por
baterias (Corrente Contínua - DC power), ou relógios e cronômetros operados pela
corrente doméstica (Corrente Alternada - AC power - 110- ou 220-V). Também temos
os relógios mecânicos que funcionam à corda, e um tipo de retardo da queima pode ser
conseguido

155
Figura 3.25 Fragmento de uma placa de circuito recuperda dos destroços do voo 103 da Pan
American Airlines, depois da detonação de uma bomb dentro do compartimento de bagagem na
barriga da aeronave. Este fragmento de placa de circuito foi identificado com sendo parte do
cronômetro usado para detonar a bomba, foi rastreado até a fonte fabricante.

com o uso de um pedaço de estopim de segurança, hobby ou de canhão, ou


improvisado. Para satisfazer várias necessidades para fazer com que a bomba
funcione, os AEI podem ter mais de um cronômtero, seja elétrico, mecânico, ou uma
combinação de ambos. Normalmente, um estopim de queima é usado sem cronômetros
adicionais.

O uso mais comum de um mecanismo de tempo, seja operado por bateria


ou mecânico, é dentro de um circuito elétrico. Para tanto, o cronômetro, de uma forma
ou de outra, deve ser colocado dentro do circuito elétrico, normalmente através do uso
de fios elétricos, os quais podem incluir o uso de contatos de metal, fita, solda ou
adesivos. O período de tempo de retardo que pode ser conseguido pelo uso de um
cronômetro/relógio varia desde alguns poucos minutos a meses, ou até anos,
dependendo da fonte de energia. Em outras palavras, quanto tempo a bateria, seja no
relógio ou no sistema detonador, irá durar? Relógios também podem ser

156
Figura 3.26 Um artefato explosivo por controle remoto. Note os componentes eletrônicos
acondicionados em um dos lados da caixa de madeira e a grande cavidade que acomodava os
explosivos.

usados de uma maneira puramente mecânica para propiciar um retardo de tempo,


porém infrequentemente. Nesta modalidade, a operação do relógio causa, direta ou
indiretamente, o movimento de outros componentes para fazer com que o AEI funcione.

Relógios mecânicos são disponíveis em vários tipos e configurações,


porém todos incluem componentes internos de metal ou plático consistindo de uma
mola principal, engrenagens, parafusos ou guarnições usadas para conter as peças do
relógio. Externamente, os relógios consistem de um estojo/caixa de metal ou plástica,
com controles e uma cobertura de vidro ou plástico. Os relógios ou cronômetros
operados eletronicamente também estão disponíveis em vários tipos e configurações,
mas ao invés de terem uma mola principal e engrenagens, eles possuem uma placa de
circuito eletrônico com vários componentes para calcular o tempo. Relógios e
cronômetros que operam com corrente alternada terão um fio para energia além dos
outros componentes.

Embora eles possam estar extensivamente fragmentados, os relógios e


cronômetros podem sobreviver a uma explosão. A investigação do cenário de bomba
na qual um destes mecanismos tenha sido incorporado no artefato irá normalmente
propiciar restos fragmentados expressivos do relógio/cronômetro. Dependendo do tipo
de cronômetro que foi usado, restos da mola principal, engrenagens, estojo/caixa, placa
de circuito e componentes, fiação e a parte da frente podem ser encontrados no
cenário.

157
Figura 3.27 Um telefone celular, e componentes relacionados, usado como controle remoto
para iniciação do sistema de uma bomba.

Se a caixa externa era de metal, estará mais intacta do que se fosse de plástico.
Adicionalmente, o plástico do estojo/caixa do relógio/cronômetro pode ser confundido
com outros tipos de plático originados do suporte da bateria e recipientes/invólucros
usados para conter o AEI (Figura 3.28 e Figura 3.29).

3.2.5.5 Fragmentação-Estilhaço
Fragmento é qualquer material que pode ser acrescentado ao AEI pelo
fabricante no esforço de aumentar seu potential em causar ferimentos danos à
propriedade. Desta forma, o fragmento pode incluir pregos de todos os tipos, porcas,
parafusos, arruelas, vidro, metal ou plástrico de qualquer tipo. A lista é infindável. Estes
materiais podem ser colocados do lado de fora da bomba, dentro do
recipiente/invólucro da bomba, ou acrescentados à carga principal explosiva. Os
fragmentos não devem ser confundidos com a fragmentação de materiais que eram
parte do AEI ou de materiais que eram parte do alvo e que foram fragmentados em
decorrência da explosão. Caso sejam incorporados fragmentos, isto é geralmente bem
aparente no início da investigação do cenário pós-explosão, uma vez que estes
materiais, dependendo da quantidade utilizada, podem estar presentes por toda a cena.
Isto é especialmente evidente na estrutura do local apresentando fragmentos que
ressaltam das paredes e outros materiais em volta da área alvo. Se a vítima era o alvo,
os estilhaços/fragmentos normalmente estão presentes no corpo.

158
Figura 3.28 Relógios mecânicos, um na condição original e outro cujos componentes
fragmentados foram recuperados depois de ser usado como cronômetro em um AEI. Além Da
caixa de metal do relógio, note os pequenos pedaços de plástico e as engrenagens de metal,
que foram recuperadas.

Se os fragmentos forem fixados no lado externo de uma bomba tubo de metal, a


explosão irá normalmente deixar as marcas dos fragmentos na superfície do tubo.
Estas marcas parecem sulcos ou entalhes (estriamento) - (Figura 3.30).

3.2.5.6 Adesivos

Muitos AEI‘s são construídos com vários tipos de adesivos. Estes são
tipicamente usados para fixar os diversos componentes uns aos outros de forma a
impedir o movimento e a desmontagem inadvertida da bomba. Adicionalmente, os
adesivos têm sido usados para insolar e fixar as conexões elétricas nos sistemas
detonadores elétricos. Dos vários usados, a cola quente, RTV (room temperature
vulcanizing – que se vulcaniza na temperatura ambiente), e o cimento de borracha são
os mais comuns.

3.2.5.7 Fita

A fita é um componente frequentemente usado na fabricação do sistema


detonador elétrico ou para fixar uma caixa ou um papel de embrulho no pacote da
bomba. A fita está disponível em várias larguras, cores e tipos: fita isolante,
transparente e ―silver tape‖. Quando utilizada em um artefato, ela pode sobreviver à
explosão, embora

159
Figura 3.29 Cronômetros e relógios típicos elétricos, alimentados tanto por corrente alternada
como corrente contínua, mecânicos e eletrônicos, que foram encontrados sendo usados como
mecanismos de cronometragem em AEI‘s.

em vários estágios de fragmentação. Quando encontrada no cenário da bomba, a fita


não deve ser "examinada" pelo investigador ao ser desenrolada ou removida de outro
componente, pois isto pode destruir as impressões digitais latentes do fabricante da
bomba presentes na fita.

3.2.5.8 Madeira

Embora não seja um componente usual na fabricação de um AEI, a


madeira tem sido usada para agregar/montar os artefatos. Isto foi especialmente
evidente na construção da maioria dos artefatos atribuídos a Ted Kaczynski, o
"Unabomber‖. Entretanto, o investigador no cenário de bomba deve ser cauteloso na
investigação de forma a não confundir fragmentos de madeira inerentes do cenário
como se tivessem vindo do artefato explodido.

3.2.5.9 Papel

O papel é normalmente usado na construção de um pacote bomba, seja


este designado a ser despachado pelo sistema de correio ou não. Como tal, o papel é
usado como componente de ocultação para disfarçar a bomba como se fosse outra
coisa. Papéis de vários tipos têm sido utilizados para embrulhar o pacote bomba ou
fixar vários componentes impedindo que se movimentem dentro do recipiente do
artefato.

160
Figura 3.30 Fragmentos de metal de uma bomba tubo que mostram as marcas de estriamento
resultantes dos pregos que foram fixados no tubo antes da explosão.

Quando usados como um pacote bomba e enviados pelo sistema de


correio, o papel pode ter selos, rótulso de endereços e fita anexados. Entretanto, deve
ser notado que o Serviço Postal dos EUA, como consequência da investigação
UNABOM, restringiu o tamanho dos pacotes que podem ser enviados pelo correio sem
serem processados por um funcionário. Em outras palavras, pacotes acima de um certo
tamanho, que não pode ser estimada a essência da postagem, não serão inseridos na
caixa de correio para despacho. Os fragmentos originários do uso interno ou externo do
papel normalmente podem ser recuperados em uma investigação. O tamanho destes
fragmentos depende da quantidade de explosivos que foi utilizada.

3.2.5.10 Prendedores/grampos

Prendedor é outro nome para o vasto sortimento de pedaços de metal e


Madeira, parafusos, pinos, porcas e arruelas, etc., que são usados na construção de
um AEI. Alguém simplesmente precisa visitar uma loja de ferragens para compreender
a grande variedade destes componentes. Quando o artefato explode, estes items se
fragmentam e são arremessados por toda a cena de bomba para possivelmente criarem
vítimas adicionais e maiores danos à propriedade. Durante a investigação do cenário de
bomba, os prendedores usados na fabricação da bomba podem ser confundidos com
itens similares originários do cenário. Isto pode se tornar uma problemática uma vez
que os prendedores originários do artefato e do cenário podem ou não, apresentar

161
danos decorrentes da explosão. Caso ocorra qualquer dúvida quanto a origem dos
prendedores, eles devem ser coletados, e aqueles notadamente reconhecidos por
serem originários do cenário também devem ser coletados e enviados ao laboratório
como "amostra conhecida" para propósitos de intercomparação. Refira-se ao Capítulo 4
para informação adicional relativa à coleta de amostras conhecidas.

3.2.5.11 Fiação não-elétrica

Não apenas a fiação elétrica é usada na construção de um AEI, mas a


fiação não-elétrica também é usada para fixar os componentes da bomba uns aos
outros para impedir a movimentação, ou como parte de um mecanismo de armadilha.
Estes fios são disponíveis em alumínio, aço e cobre, em várias medidas ou diâmetros, e
podem ou não ter um revestimento externo ou isolamento para impedir a oxidação. A
fiação não-elétrica irá se fragmentar depois da explosão do artefato e estará espalhado
por toda a cena. Da mesma forma que os prendedores e outros componentes, os fios
fragmentados podem ser confundidos com a fiação originária do cenário. Nestas
situações, amostras conhecidas devem ser coletadas e enviadas ao laboratório.
Adicionalmente, a fiação elétrica não utilizada no sistema detonador elétrico também
pode ser usada para fixar componentes, como detalhado no texto precedente.

3.3 Sistemas Detonadores

Agora que identificamos os componentes que são usados para fabricar os


sistemas detonadores presentes na maioria dos AEI‘s, é apropriada uma maior
explicação dos tipos de sistemas detonadores que podem ser encontrados. Entretanto,
por razões óbvias não será feita qualquer tentativa quanto a prover técnicas de
construção usadas para montar estes sistemas de iniciação. Especificamente, esta
explicação está sendo oferecida para prover ao investigator um entendimento de como
o artefato pode ter sido feito, portanto, auxiliando a estabelecer como o artefato chegou
ao local onde explodiu, e baseado nestas circunstâncias, quem teve a oportunidade de
colocar o artefato naquele local. Complexo? Sim e não. Porém, a investigação acerca
do tipo de artefato e do sistema detonador usado pode ser feita relativamente direta
com o entendimento dos tipos genéricos de sistemas detonadores disponíveis para uso
em um AEI. Por exemplo, uma bomba contida dentro de uma mochila explode no
momento em que a vítima tenta pegar a mochila. As possibilidades poderiam
essencialmente ser de três tipos:
(1) um retardo de tempo que ativou a bomba bem na hora que a vítima estava lá;
(2) uma armadilha que ativou a bomba quando a vítima mexeu na mochila; ou
(3) um dispositivo de iniciação por controle remoto que exigia do aggressor a de
fato observar a vítima se aproximar da mochila, depois enviar algum tipo de sinal para a
bomba explodir. Baseado nos componentes encontrados no cenário, suas
162
identificações e um entendimento dos tipos de sistemas detonadores que poderiam
empregar tais componentes, sera determinado o escopo da investigação. Sim, o
laboratório forense fundamentalmente é o responsável pela identificação dos
componentes e do sistema detonador, mas isto pode levar dias ou semanas. Caso a
bomba tenha sido detonada por um sistema remoto de ativação, então a informação
deve estar prontamente disponível ao investigador de forma que seja perdido apenas
pouco do precioso tempo antes que uma intense investigação na área ao redor do
cenário seja conduzida em esforços de se encontrar o agressor. Essencialmente, o
investigador precisaria examinar minuciosamente a área em uma tentativa de encontrar
o local onde o agressor disparou o artefato. Em investigações onde houve o disparo de
uma arma, isto não é um ponto a ser debatido. O investigador sabe que foi preciso que
alguém estivesse na área pra apontar a arma e puxar o gatilho.
Como previamente discutido, um sistema detonador pode ser definido
como uma combinação de componentes mecânicos, químicos e/ou elétricos para
prover o estímulo ou energia necessário para fazer com que a carga principal funcione.
Os sistemas detonadores são de três tipos, elétrico, mecânico e químico. Os sistemas
detonadores elétricos utilizam energia elétrica, AC ou DC, para ativar o iniciador, que
por sua vez inicia a carga principal. Os sitemas detonadores mecânicos utilziam energia
mecânica para ativar o iniciador, que inicia a carga principal. Os sistemas detonadores
químicos pode utilizar im ou uma combinação de químicos com os quais ativa um
sistema detonador elétrico ou mecânico ou a carga principal pode ser auto-iniciada
através de uma realção hipergólica dos químicos. Um esclarecimento mais detalhado
está logo mais à frente, mas primeiro existem alguns poucos termos relativos aos
sistemas detonadores que devem ser entendidos.
Segurança positiva é um termo que se refere a qualquer mecanismo que
propicie um bloqueio físico para impedir que o artefato funcione idadvertidamente. Uma
segurança positive pode ser um interruptor elétrico ou um pino de segurança presentes
nos sistemas elétricos ou mecânicos. Imediatamente antes do uso, o pino de segurança
é retirado ou o interruptor é mudado para a posição ativada para permitir que o artefato
se torne armado e apto para operar. Outros termos que podem ser usados para um
pino de segurança são, pino de armação, plugue de armação, ou um dispositivo safe-
arm (chave de segurança) na artilharia militar.
Armado e funcionando se refere aos sistemas detonadores elétricos,
mecânicos ou químicos que estão em vigor ou funcionando durante um retardo de
tempo pré-ajustado que, a menos que seja impedido por uma força externa, quando
atingido, faz com que o iniciador funcione, e por meio disso, inicie a carga principal.
Estes dispositivos são "bombas de tempo" e usualmente incorporam algum tipo de
mecanismo para cronometragem ou retardo de tempo em seus componentes.
Adicionalmente, estes tipos de artefatos são também chamados de dispositivos ativos.
Um sistema detonador armado elétrico, mecânico ou químico é o estado
físico do sistema detonador quando este é capaz de operar como projetado pelo
163
fabricante quando acionado ou agitado pela vítima inadvertida. Estes tipos de artefatos
são armadilhas ou ativados por comando e também são chamados de dispositivos
passivos. Embora não tradicionalmente conceituados como dispositivos passivos ou
armados, os artefatos iniciados por comando podem ser considerados como sendo uma
das subclassificações de um dispositivo armado.
Um sistema detonador elétrico ou mecânico por comando é aquele que
utiliza um dos três métodos para iniciar o AEI, que são (1) um rádio ou transmissor sem
fio utilizado para transmitir um sinal eletrônico de ativação para um receptor, que faz
com que o artefato funcione; (2) um pedaço contínuo de fio elétrico usado para
transmitir um sinal elétrico desde um ponto remote de disparo, através do fio, para fazer
com que o artefato funcione; e (3) um pedaço contínuo de fio, corda ou barbante
extendido desde um local remoto até o AEI que quando fisicamente puxado ou
manipulado pelo agressor faz com que o sistema detonador funcione, e por meio deste
inicie o AEI.
Dos três tipos de sistemas detonadores – ativo, passivo, ou por comando
– disponíveis para se iniciar um AEI, os sistemas ativo e passivo podem utilizar energia
elétrica, mecânica ou química para ativar o artefato. O sistema por comando
normalmente utiliza energia elétrica ou mecânica.
Os sistemas ativos ou com retardo de tempo usam vários tipos de
componentes e técnicas de construção para montagem de um AEI, que incluem
sistemas detonadores elétricos, mecânico s e químicos. Ressalta-se que um sistema
detonador passivo, de armadilha, pode ser usado para habilitar ou armar um sistema
denotador ativo. O sistema detonador elétrico com retardo de tempo ou ativo emprega,
no mínimo, a adição de um iniciador e outros componentes para conseguir um retardo
de tempo: um relógio elétrico ou mecânico, um cronômetro eletrônico ou um mecanismo
de influência, de corrente contínua ou alternada, e fiação elétrica. O artefato pode ou
não empregar um interruptor elétrico/eletrônico, uma vez que o dispositivo de
cronometragem, dependedo das técnicas de construção empregadas, funciona como
um interruptor. Uma palavra de explicação: um mecanismo de influência pode prover
um tempo de retardo, mas não necessariamente tão exato quanto um cronômetro ou
relógio. Especificamente, um mecanismo de influência pode ser "influenciado" pela
adição ou remoção de calor ou aumento ou diminuição da pressão atmosférica para
iniciar o AEI. Este não é seu dispositivo de tempo normal, mas pode funcionar da
mesma forma. Adicionalmente, alguns sitemas de cronometragem são construídos emu
ma caixa ou pacote e colocados à uma certa distância, de centímetros a metros, da
carga explosiva. Alguém pode se referir a estes sitemas como unidades cronometradas
de tempo (timer-power units – TPU‘s), considerando que o pacote tem uma fonte de
energia e cronômetro para iniciar o dispositivo. Isto pode ser importante na investigação
de um artefato, especificamente em um que foi colocado em um véiculo, no qual a
carga principal poderia estar localizada em um local remoto/distante da TPU. Desta
forma, a TPU poderia ficar relativamente intacta ou mais intacta que o artefato contendo
164
o sistema detonador com mais proximidade dos explosivos.
O sistema detonador mecânico, de retardo de tempo ou ativo, emprega,
no mínimo, além do iniciador, os seguintes componentes: parsa conseguir um retardo
de tempo, um relógio mecânico, with fio ou barbante para propiciar a lígação física aos
componentes, que podem incluir um percussor e um iniciador não-elétrico para ativar o
artefato ou um pedaço de estopim de segurança, hobby ou canhão. Este tipo de
sistema ativo emprega um sitema totalmente mecânico, e consequentemente, sem
componentes elétricos. O uso de um sistema de queima em conjunção com uma carga
explosiva com baixo explosivo e um recipiente/invólucro é o tipo mais comum
encontrado com os sistemas mecânicos ativos. O uso de um relógio mecânico, sem
componentes elétricos, é extremamente raro.
O artefato com sistema detonador químico, de retardo de tempo ou ativo,
emprega pelo menos dois tipos de químicos que quando misturados se incendeia
espontâneamente ou explode para iniciar a carga principal explosiva, ou os próprios
dois químicos podem ser a carga principal explosiva/incendiária. Esta ignição
espontânea é chamada de reação hipergólica. Embora exista um período de retardo de
tempo propiciado pela combinação dos químicos, este pode ser relativamente curto a
longo, dependendo principalmente dos tipos de químicos usados; um período exato de
retardo de tempo é muito difícil ou impossível de ser predeterminado. O tipo de artefato
normalmente associado com os sistemas detonadores químicos inclui bombas ácidas
encontradas em garrafas pet e artefatos químicos corrosivos tais como os ―time-delay
pencils‖ (ou canetas de retardo de tempo).
O artefato passivo ou armadilha usa vários tipos de componentes e
técnicas de construção para montagem de um AEI, que inclui sistemas detonadores
elétricos, mecânicos e químicos. Note que um sistema passivo pode utilizar um sistema
detonador de retardo de tempo ou ativo para habilitar ou armar o sistema passivo. O
arterfato armadilha com sistema detonador elétrico emprega no mínimo, além do
iniciador, os seguintes componentes: vários tipos de mecanismos de ativação usados
como interruptores elétricos para proverem energia da bateria para o iniciador, fio
elétrico e uma fonte de energia elétrica, de corrente alternada ou contínua. A vítima
inadvertida precisa acionar os mecanismos de ativação com seu movimento físico ou
influência para que um ou mais destes mecanismos energizem o circuito elétrico e faça
a bomba funcionar. Estes movimentos incluem: pressionar, liberar a pressão, puxar,
soltar, tensionar, inclinar e influenciar. Influenciar inclui som, luz, infravermelha e
infravermelha passiva.
O artefato com sistema detonador mecânico, armadilha, emprega no
mínimo, além do iniciador, vários tipos de mecanismos de ativação usados como
interruptores mecânicos para permitir que um percussor colida com um iniciador não-
elétrico para fazer com que o artefato funcione. Neste caso, o iniciador pode ativar outro
iniciador, tal como um detonator não-elétrico. Como os interruptores elétricos, a
identificação dos mecanismos de ativação no que tange ao movimento físico ou
165
influência da vítima inadvertida necessários para fazer a bomba funcionar. Estes
movimentos incluem: pressionar, liberar a pressão, puxar, soltar, tensionar e inclinar.
Muitos destes sistemas mecânicos foram fabricados para uso militar e, portanto, podem
estar disponíveis para uso clandestine, ilegal.
O artefato com sistema detonador químico, armadilha, emprega pelo
menos dois tipos de químicos que quando misturados inflamam ou explodem
espontaneamente para iniciar a carga principal explosiva ou os próprios dois químicos
podem ser a carga principal explosiva/incendiária. A mistura destes químicos pode ser
afetada pela vítima inadvertida que faz algum tipo de movimento do recipiente e faz
com que eles se misturem e daí resulta a ignição espontânea.
Os componentes e técnicas utilizados na construção dos sistemas
detonadores iniciados por comando podem variar de extremamente complexos a
absurdamente simples. Alguém pode facilmente observar a diferença de tecnologia do
uso de um rádio com circuitos de controle ou de um interruptor simples para detonar
uma bomba carregada por um suicida. Assim, o artefato iniciado por comando é de dois
tipos: um, o artefato explosivo improvisado por controle remoto (AEICR) e o outro, o
artefato suicida.
O AEICR inclui métodos de iniciação tais como: telefones celulares,
telefones sem fio, pagers, sistemas de controle remoto hobby, alarme de veículos,
controles remotos de portões e sistemas de controle remoto com fio rígido. Com
exceção do controle remoto com fio rígido, cada tipo de sistema de iniciação requer
dois conjuntos de componentes, o transmissor e o receptor, cada qual com
componentes adicionais. O transmissor fica com o agressor em um local remoto que
normalmente oferece uma linha de visão desde sua posição até o local onde a bomba
foi colocada, que é também o local do receptor. No momento em que a oportunidade se
apresenta no local da bomba, o agressor ativa o transmissor para enviar um sinal
eletrônico do receptor, que recebe um sinal de ativação para fazer com que a bomba
detone. Além do pacote de eletrônicos do receptor, outros componentes presentes no
local da bomba podem incluir algum tipo de interruptor elétrico e o pacote de bateria
para fornecer energia ao iniciador. Esta bateria pode ser necessária para operar o
receptor.
O sistema de controle com fio rígido incorpora um pedaço continuo de fio
elétrico estendido desto o local remoto do agressor até o artefato. Quando um alto se
apresenta, como acima, o agressor introduz uma corrente de eletricidade no fio, que
está conectado ao iniciador, portanto, fazendo com que este funcione e causando a
explosão da bomba. Uma bateria ou um dispositivo especialmente projetado para iniciar
detonadores em explosões comerciais podem ser usados para prover a energia elétric
necessária.
A evidência deixada para trás a partir destes sistemas normalmente será
de uma quantidade maior quando um transmissor e um receptor são usados.
Entretanto, no que tange ao fio rígido, este normalmente é deixado no cenário. O
166
investigador deve seguir este fio (se estiver presente) até o local do disparo para
recuperar qualquer evidência que reste no local, i.e., bateria, sistema de disparo,
pegadas dos sapatos, marcas de pneus, tocos de cigarros, etc.
Os componentes necessários para um agressor suicida são muito simples.
Alguém só precisa de um iniciador, explosivos, e um meio de ativar o iniciador por um
indivíduo que "não anseie por este mundo". A maioria dos suicidas com bombas, seja
artefato usado como uma vestimenta ou carregado em uma mala ou veículo, envolve
alto explosivos, um detonator, um interruptor liga/desliga, fio elétrico, uma bateria e
muitas vezes, estilhaços. Alguns destes artefatos têm utilizado um segundo interruptor
elétrico para armar o sistema. Além dos restos fragmentados do agressor suicida, as
evidências recuperáveis presentes nas cenas de bomba incluem os restos de baterias,
fios, interruptores, iniciadores, estilhaços, vestimentas (colete) ou recipientes/invólucros
e resíduos de explosivos.

3.4 O Processo Investigativo

Embora um processo investigative bastante detalhado do cenário de


bomba/explosão esteja apresentado no Capítulo 4, o investigador deve entender como
as circunstâncias adjacentes à explosão de um AEI podem indicar que tipo de sistema
detonador foi usado para iniciar o artefato e, portanto, que tipos de componentes
fragmentados podem estar presentes no cenário. Adicionalmente, o investigador deve
estar atemto de que o real local da explosão pode ser apenas um em dois ou mais
incidentes, que deve ser examinado para evidência, por exemplo, um artefato iniciado
por comando tipo AEICR. Como detalhado neste capítulo, existem três tipos de
possibilidades de sistemas detonadores que podem ter sido usados para iniciar um AEI.
Estes são: ativo, passivo ou iniciado por comando. Com um entendimento das
circunstâncias da bomba, o tipo de sistema detonador pode ser indicado mas não de
fato determinado até que os componentes fragmentados sejam recuperados.
Especificamente, como previamente mencionado, as circunstâncias da explosão
incluem o que aconteceu para fazer com que a bomba exploda. Alguém mexeu em um
pacote ou mala para fazê-la explodir; foi uma carta-bomba que foi aberta resultando em
uma explosão; o carro, a pasta executiva ou caixa apenas explodiu sem que ninguém
estivesse perto dele; e o veículo estacionado ao lado da rua explodiu quando uma
viatura militar ou de um dignitário se aproximou? As perguntas, que requerem
respostas, podem ser infindáveis. Os processos investigativos podem ser aprimorados,
no que tange a determinar qual dos três tipos de sistemas detonadores está envolvido
ou possivelmente que uma combinação de mais de um tipo foi utilizada. Para tanto
seria necessária uma avaliação inicial dos eventos que ocorreram imediatamente antes
da explosão e, até certo ponto, dos eventos imediatamente depois da explosão.
Fundamentalmente, este processo pode ser dividido em quatro partes: (1)
a fase do incidente, (2) as possibilidades de sistema detonador, (3) as possibilidades do
167
componente baseado no tipo de sistema detonator, e finalmente (4) um foco da
investigação.
A fase do incidente é o tempo no qual o investigador deve estar
preocupado com a avaliação do cenário inicial para obter informação, entre outras
responsabilidades abordadas no Capítulo 4, concernente aos eventos imediatamente
antes e depois da explosão. Isto inclui a solicitação de informação de testemunhas, se
houver alguma, que podem ter observado a explosão e os eventos imediatamente
antes e depois que o artefato explodiu. Haverá situações onde não existem
testemunhas. A natureza destas perguntas deve estar ligada ao que a vítima fez ou
não fez antes da explosão. A vítima fez alguma coisa para causar a explosão do
artefato, indicando uma possível armadilha passiva, ou o artefato explodiu por si só,
indicando um possível artefato ativo por retardo de tempo ou iniciado por comando? Em
circunstâncias que indiquem um possível AEICR, é imperative que o local remoto onde
o agressor iniciou o artefato seja imediatamente encontrado. Dependendo da cena, isto
pode não ser um tarefa fácil, especialmente em ambiente urbano com muitos lugares
para o agressor se esconder. Quando este local for encontrado, ele deve ser protegido
para investigação, que inclui a coleta de evidência e localização de testemunha que
podem ter observado o agressor.
Explosões dentro de residências depois da coleta do correio podem
indicar uma "carta-bomba‖, que pode ou não ter testemunhas. No evento da vítima ter
sido observada abrindo o pacote, resultando em uma explosão, as circunstâncias são
razoavelmente simples. Isto é, um artefato do tipo armadilha passiva. Se foi entregue
pelo correio/carteiro popular, a investigação do cenário deve apontar para, entre os
outros esforços de coleta, localizar a parte do pacote ou papel de embrulho contendo os
selos, o carimbo de cancelamento do serviço postal, ou os documentos de remessa
(indicando o local onde o pacote ingressou no sistema postal), e o endereço/endereço
de devolução. Caso não exista uma testemunha ou se a vítima não estiver apta a
prover assistência em uma explosão residencial, então a inspeção do cenário deve
concentrar esforços para determinar não somente como o artefato explodiu, mas
também como o artefato chegou ou foi introduzido na residência. As evidências do
invólucro da bomba presentes no cenário, tais como papel fragmentado e/ou caixa,
pasta executiva, mochila ou mala, ajudam materialmente neste esforço. Por outro lado,
a presença de materiais para fabricação de bomba pode indicar um possível local de
fabricação de bomba. Essencialmente, a explosão foi possivelmente uma explosão
prematura.
Explosões em ou nos veículos, podem resultar de iniciação por comando,
e podem ser de sistema detonador passivo ou ativo. Houve incidentes nos quais a
explosão ocorreu enquanto o veículo estava trafegando ao longo da rua, possivelmente
indicando um AEICR, mas não necessariamente, pois a coleta de componentes
fragmentados pode indicar um artefato iniciado por retardo de tempo.

168
Em conclusão, a avaliação dos eventos imediatamente antes e depois de
uma explosão, e em consideração ao local da explosão, ajudarão grandemente ao
investigador na determinação dos possíveis tipos de sistemas detonadores usados no
AEI. Esta estimativa não pode ser considerada absoluta, mas é usada para ajudar na
investigação do cenário e nos esforços para reconstruir os eventos adjacentes àquela
explosão. Como sempre, a melhor indicação no que tange ao tipo de sistema detonador
foi de fato utilizado está baseada na coleta dos componentes fragmentados e no exame
de laboratório.
As possibilidades de sistemas detonadores são bem diretas, como
previamente detalhadas: activo, passivo, e comandado. Esta determinação pode ser
feita de duas formas. Uma é a avaliação das circunstâncias do cenário como
previamente detalhadas e, a segunda, dos componentes fragmentados recuperados no
cenário. Deve ser notado que têm sido contruídos artefatos com mais de um tipo de
sistema. Por exemplo, um retardo de tempo pode ser usado para armar um artefato
passivo para que o fabricante da bomba e/ou agressor escape ou ajude materialmente
na construção do AEI. Artefatos também têm sido construídos com um interruptor ativo
para permitir a operação ou contínua operação do circuito de retardo de tempo.
Adicionalmente, outros artefatos têm sido fabricados com mais de um (de fato múltiplos)
mecanismo de armadilha não somente para garantir a eliminação do alvo, mas numa
tentativa de impedir uma bem sucedida desmontagem pelo pessoal de descarte de
bombas.
Se possível, a identificação de um possível sistema detonador estará
diretamente relacionada com os tipos de componentes ou possiblidades de
componentes, que podem ser recuperáveis quando usados na construção de um AEI. A
recuperação e identificação dos componentes fragmentados podem confirmar a
hipótese inicial do sistema detonador usado ou, alternativamente, a recuperação dos
componentes provê uma indicação, até então desconhecida, do sistema detonador. A
ampla seleção de possibilidades de componentes já foi previamente provida, mas pode
ser resumida da seguinte forma: 1) Um sistema detonador ativo terá algum tirpo de
mecanismo de cronometragem, seja um relógio, um cronômetro, estopim ou químicos.
2) O sistema passivo terá algum tipo de mecanismo ativado pela vítima. Estes incluem
interruptores elétricos ou mecânicos, fios esticados e/ou químicos. 3) O sistema por
comando AEICR empregará algum tipo de aparato para iniciação remota, que pode
incluir unidades de transmissor e receptor eletrônico, comando ou fio para puxar. O
sistema detonador por comando suicida normalmente é bem simples e consiste de um
interruptor elétrico e uma bateria/pilha.
Uma vez que os componentes usados no sistema detonador específico
foram de fato determinados através da recuperação, ou de serem determinadas
possibilidades de hipóteses do sistema detonador, a investigação pode ser focada na
coleta de itens específicos de evidência restantes no cenário. Isto não significa que a
investigação do cenário destina-se somente na busca destes itens específicos. Pelo
169
contrário, o que isto significa é que uma medida de certeza é obtida pelos
investigadores que procuram evidências quando eles sabem o que estão procurando e,
portanto, têm uma razoável expectative de encontrar tais itens. Quando os restos
fragmentados são recuperados e corroboram a um específico sistema detonador, então
a informação é aplicada aos dados gerais concernentes aos eventos tanto antes como
depois da explosão. Se a real coleta de evidência sustenta a hipótese original não
somente do que ocorreu, mas também de como ocorreu, então o resto da investigação
pode seguir o curso das linhas prévias de investigação. Entretanto, se a evidência não
dá suporte à hipótese original, então uma nova hipótese precisará ser formulada que
seja consistente com a evidência recuperada. Este processo investigative segue a
sequência detalhada na seção do Capítulo 1 intitulada, O Método Científico.

3.5 Resumo do Capítulo

A aparência do AEI, se aberto, fechado ou uma combinação de ambos,


afeta diretamente não somente a quantidade de evidência, mas também o tipo de
materiais restantes no cenário da explosão. Como tal, é imperativo que os
investigadores pós-explosão entendam acerca dos dispositivos que podem estar
contidos dentro de um recipiente externo e/ou interno, e porque estes componentes
foram usados na construção do artefato. Adicionalmente, o investigador deve ter um
entendimento dos vários componentes que podem ser usados na construção dos vários
tipos de sistemas detonadores. Essencialmente, um sistema detonador elétrico precisa
de uma fonte de energia elétrica, seja corrente alternada ou corrente contínua, fio
elétrico, iniciator e um interruptor. O sistema mecânico utiliza energia mecânica na
forma de um relógio elétrico/mecânico, estopim de queima ou algum tipo de cordão
para ativar o iniciador, normalmente na forma de um precursor e/ou um detonador não-
elétrico. Outros componentes que são rotineiramente usados com estes sistemas
incluem fita, fragmentação, relógios, adesivos, places de circuitos e acessórios de
iniciação remota.

Um entendimento de como estes componentes foram usados na


construção do dispositivo ajuda ao investigador a estabelecer não somente como o
artefato funcionou, mas também como o artefato foi colocado ou chegou no cenário da
explosão. Desta forma, este conhecimento investigativo ajuda incomensuravelmente o
investigador na abertura da investigação inicial nos esforços de determinar porque o
artefato foi construído e quem pode ser responável por sua construção.

170
Questões de Revisão do Capítulo

1. O que é um artefato explosivo improvisado (AEI)?


2. Como a aparência de um AEI pode determinar o tipo e quantidade de
evidência que pode ser recuperada depois de uma explosão?
3. Quais são os componentes mais básicos de um AEI?
4. Qual é a fonte de energia elétrica em um circuito de corrente alternada
e um de corrente contínua?
5. Qual é a diferença entre um sistema detonador ativo e um passivo?
6. Qual é o nome do tipo mais comum de componente usado na contrução
de uma bomba tubo?
7. Qual é a diferença entre um recipiente/invólucro interno e externo na
construção de um AEI?
8. Que tipo de sistema detonador é frequentemente empregado nos
artefatos explosivos de suicidas?
9. O que é um sistema detonador AEICR?
10. Quais os três tipos de informação normalmente presentes nos
componentes de uma bomba tubo?

Referências

Michael, Lou e Herbeck, Dan, American Terrorist: Timothy McVeigh e the Oklahoma City
Bombing, Regan Books, New York, 2001.
Oxley, Jimmie, Pipe Bomb Fragmentation Study.
Thurman, James, T., Pipe Bomb Fragmentation Study, 1983.

171
(Página em branco)

172
4. A Investigação do
Cenário da Explosão
e Coleta de Evidência

4.1 Introdução

O sumário investigativo básico dos métodos aqui apresentados para


avaliação e coleta de evidências nos cenários de explosão é baseado em três fontes.
Uma é o Guia para Explosão e Investigação do cenário de Bomba - Guide for Explosion
and Bombing Scene Investigation - (Departamento de Justiça dos EUA, Instituto
Nacional de Justiça, Junho de 2000). Este foi o primeiro documento escrito autoritativo
atentamente revisado para a investigação de explosão e cenários de bombas. Em
segundo lugar, este capítulo se vale dos mais de 30 anos de experiência investigativa
do autor e, em terceiro lugar, no trabalho de muitos profissionais dedicados que
ofereceram suas profundas percepções dos processos investigativos.

Sherlock Holmes, os mestre imaginário dos detetives, considerava


essencial ser extremamente disciplinado em sua abordagem de busca por evidência no
cenário do crime. No que tange ao assistente de Holmes, Dr. Watson, e sua observação
do mestre detetive, Sir Arthur Conan Doyle, em Um Estudo em Escarlate - A Study in
Scarlet – escreveu, "Eu tinha imaginado que Sherlock Holmes teria imediatamente
entrado na casa e mergulhado no estudo do mistério. Nada parecia estar distante de
sua atenção. Ele subia e descia do pavimento olhando fixamente para o chão, o céu, as
casas vizinhas. Tendo terminado sua inspeção, avançou lentamente pelo caminho,
mantendo os olhos fixos no chão‖. Aqui está o segredo da investigação do cenário de
um incidente, seja do cenário de um crime ou de um acidente; o investigador deve estar
ciente de tudo na e em volta do cenário. Desconsiderar qualquer coisa no ou em volta
do cenário ou materiais que podem ter sido levados ou arremesados da área imediata é
dar chance à uma possível falha através de uma investigação incompleta ou
ineficientemente compreendida. Também, o investigador deve ter um plano cuidadosa e
precisamente concebido. Este capítulo discutirá especificamente como conduzir uma

173
avaliação inteligente do cenário, como construir um plano para processar a cena, e
depois como executar o plano e conduzir a investigação.

Antes de entrarmos na primeira fase da investigação do cenário, precisamos entender


algumas definições básicas:

Cena do crime com bomba: o local físico onde um artefato


explosivo improvisado (AEI) tenha explodido ou onde tal
artefato tenha sido recuperado ou desarmado pelos técnicos
em bomba.
Cena da explosão: o local físico onde tenha ocorrido uma
explosão de origem ou circunstância indeterminada. Tal cena
inclui a possibilidade de explosão de gás natural ou outra
mistura ar-combustível, ou explosão de fase sólida. As
circunstâncias que requerem investigação incluem os fatos
envolvendo uma explosão nos esforços de determinar se foi
um acidente ou ato criminoso. Nem todas as explosões
causadas por explosivos são criminosas, da mesma forma
que nem todas as explosões ar-combustível são acidentaisl.
Investigação do cenário do crime: a investigação geral conduzida
no cenário do crime para localizar e identificar evidência
deixada para trás, levada embora ou alterada de alguma
forma, e que irá ajudar na solução, prisão e condenação das
pessoas responsáveis. A investigação engloba todas as
atividades na cena incluindo a busca do cenário do crime,
bem como entrevistar as vítima e testemunhas.
Busca do cenário do crime: a coleta de evidência física que irá
reconstruir o crime, identificar e vincular o suspeito ou
suspeitos com aquela cena de crime, ou estabelecer a
provável causa para prisão do suspeito e por fim a
condenação.
Evidência física: qualquer material (por mais que microscópico),
sólido, líquido ou gasoso, que possa auxiliar no
estabelecimento da verdade durante uma investigação. A
evidência não é coletada apenas no cenário, mas durante a
fase de investigação de campo.
Investigação de campo: a investigação realizada fora do local do
incidente ou cena do crime. Inclui entrevistas com
testmunhas, levantamento de antecedentes e coleta de
evidência em hospitais no evento de que as vítimas foram
feridas durante a explosão, e assim por diante.
174
4.2 Sumário Investigativo

De forma a auxiliar o investigador com os passos investigativos utilizados


não só na investigação do cenário, mas também desde a resposta inicial até a
investigação de campo, o sumário geral destes estágios inclui:

1. Resposta Inicial
2. Avaliação do cenário da explosão
3. Entrando no cenário (investigação do cenário)
4. Documentação do cenário da explosão
5. Onde encontrar evidência no cenário de bomba
6. Como encontrar evidência no cenário de bomba
7. Como coletar evidência no cenário de bomba
8. Inspeção final
9. Liberação do cenário
10. A investigação de campo (ou externa)

Resumidamente, o processo investigativo começa com uma resposta


icicial de vários socorristas, e é baseado em um pedido de assistência ou no
depoimento da testemunha ocular de um socorrista, normalmente um policial em
patrulha. Depois do atendimento às vítimas e avaliação de um "incidente‖, um
investigador normalmente irá ser intimado para o cenário. Este investigador conduzirá
uma avaliação mais profunda do cenário em um esforço de determinar a natureza do
mesmo, que tipo de explosão pode ter sido, e se é necessária uma investigação
completa. Depois de reunir o pessoal, equipamentos e suprimentos, a equipe
investigativa começa o processo de conduzir uma investigação o cenário do crime com
bomba. A equipe registra o cenário com várias formas de documentos incluindo
fotografia, diagramas, notas de campo e preenchimento de vários formulários. A
evidência é identificada, coletada, preservada, inventariada, empacotada e
transportada do cenário. Antes da liberação do cenário no fim de sua investigação, a
equipe faz uma isnpeção final para garantir que todos os passos investigativos foram
completados e que a evidência está adequadamente documentada. O cenário é então
liberado para uma autoridade competente e a fase da investigação de campo começa
ou continua. A investigação de campo envolve a utilização de informação e evidência
recuperada no cenário em um esforço de vincular um suspeito com o cenário e
apresentar tal informação a um promotor para prescrição legal e possível julgamento.

4.2.1 Resposta Inicial

A resposta inicial a um cenário de bomba normalmente começa com uma


chamada para o "911" de um cidadão relatando o estrondo ou o real testemunho de
175
Figura 4.1 As consequências do atentado ao Edifício Federal Alfred Murrah, na Cidade de
Oklahoma, no dia 19 de abril de 1995. Fotografia do FBI.)

uma explosão. Os primeiro socorristas em cena serão os policiais rapidamente


seguidos, se necessário, pelos serviços médicos e do corpo de bombeiros. O cenário
pode se apresentar de várias formas, desde a completa falta de um cenário até um de
absoluta devastação além da compreensão daqueles que não estão acostumados – e
poucos estão – a ver tamanho massacre. Os cenários de bomba variam desde cartas-
bomba, explosões residenciais e carros-bomba simples até carros-bomba pesados
como testemunhado no Edifício Federal Murrah na Cidade de Oklahoma e suicidas
(Figura 4.1). A destruição causada pela detonação de artefatos improvisados nos é
trazida em cores gráficas, através da mídia, do palco mundial, não apenas de
criminosos, mas também do sempre crescente terrorismo internacional. A mídia, ao
invés de educar os socorristas e o público daquilo que constitui uma bomba, tem
apenas esteriotipado qualquer explosão como uma bomba. Depois do relato de uma
explosão, muitos oficiais da segurança pública que respondem ao local do "incidente" e
vêem qualquer coisa fora do comum normalmente chegam à conclusão de que têm um
cenário de bomba. Depois dos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, aos
sistemas de transporte em Madri, Espanha e Londres, e outros inúmeros atentados com
bomba, quem não chegaria à mesma conclusão? Contudo, é imperativo que os

176
socorristas cheguem à uma decisão instruída não só a que tipo de cenário se trata, mas
também se o cenário realmente existe. Nem todas as chamadas relatando o som de
uma explosão resultam em uma real investigação de explosão.
O principal papel da maioria dos policiais que atendem a uma explosão é
somente aquele de um socorrista. Isto é, eles são responsáveis por avaliar se de fato
existe um cenário de bomba; talvez a explosão tenha sido somente o ―tiro‖ de um motor
de automóvel. Se houver um cenário, eles são responsáveis por fazer a chamada
solicitando recursos acidionais, retirar os feridos e prover esforços de salva-vidas (se
necessários). Eles não conduzem, via de regra, uma investigação além destas tarefas
iniciais. Entretanto, em pequenas comunidades rurais, um policial que atende este tipo
de chamado não é somente o socorrista, mas também o investigador do cenário do
crime. Esta não é necessariamente a melhor opção, mas é um daqueles exemplos de
que o policial terá que prosseguir sozinho. Na maioria dos casos, os serviços de
emergência médica (EMS) e do corpo de bombeiros estão disponíveis. Como tal, a
estimativa inicial ou passos avaliativos que seguem beneficiam várias pessoas: (1) o
atendente que chega primeiro ao cenário e realiza as tarefas de "socorrista", (2) o
atendente que responde ao chamado e não somente realiza as tarefas de socorrista,
mas também atua como investigador do cenário de crime, e (3) o investigador que
responde ao cenário depois que este foi liberado pelos socorristas, de forma que o
investigador saberá o que deve ter sido feito antes de sua chegada.
A título de argumentação, imaginemos que um socorrista chega a um
cenário onde há indicações de uma explosão. Ele não sabe com certeza se houve uma
explosão ou que tipo de explosão foi, mas parece ter sido uma explosão. Entretanto,
antes de ser feito eum esforço para determinar se, de fato, houve uma explosão e sua
causa, o socorrista tem outras responsabilidades a fazer. Na chegada, a principal
responsabilidade do socorrista é fazer uma avaliação inicial do local (normalmente feita
por um policial). Todas as outras atividades estão baseadas nesta avaliação inicial que
deve ser feita rapidamente, embora completamente, mas determinar o curso de ação,
se houver um, a ser adotado. Estas tarefas incluem: (1) a proteção e segurança do
cenário, (2) a execução de esforços para salvar vidas (antes da chegada dos serviços
EMS), (3) determinar as necessidades de outros serviços de emergência, (4) a
identificação de possíveis testemunhas e vítimas, e (5) a preservação de evidência
potencialmente transitória. Existem tarefas e considerações em andamento, e podem,
dependendo da severidade do cenário, serem tratadas simultaneamente.
Proteção e segurança normalmente são quase sinônimos e são duas das
mais importantes tarefas de um socorrista. Proteção e segurança incluem estabelecer
um perímetro inicial de segurança em volta do cenário por meio da fita de cena do crime
para impedir o acesso de pessoas não autorizadas e facilitar a retirada de vítimas e
curiosos do cenário. Um problema normalmente se apresnta ao restringir não somente
pessoas não essenciais da cena, mas também pessoal bem intencionado da segurança
pública. Compreensivelmente, eles têm uma função, mas nem todo socorrista da
177
segurança pública precisa ter acesso ao cenário ou à área onde o incidente de fato
ocorreu. Um caso em questão é quando ocorre uma explosão residencial. Quase todo
mundo quer ter acesso ao cenário e observar pessoalmente o estrago. Isto não atende
aos melhores interesses da investigação uma vez que as únicas pessoas que deveriam
ter acesso ao cenário são aquelas que têm uma atribuição real. Adicionalmente, no
evento de que existam riscos no ou em volta do cenário, manter as pessoas não
essenciais fora atende a duas funções, a primeira delas é proteger as pessoas destes
perigos e, em segundo lugar, proteger o cenário da contaminação e alteração.
Dependendo do tamanho e natureza do cenário, o socorrista inicial pode estabelecer
áreas de acesso para outros socorristas tais como o corpo de bombeiros, EMS,
salvamento e resgate, e investigadores.
O acesso ao cenário deve sempre necessitar de uma identificação
positiva. Não confie em uniformes como prova de que uma pessoa que os está
utilizando, de fato, é uma autoridade. Já ocorream exemplos onde pessoas roubaram
uniformes da polícia, militares e corpo de bombeiros para obterem acesso a áreas
restritas. As razões para isto podem variar desde um desejo genuíno de ajudar, de o
pessoal da mídia desejando dar uma olhada "interna" no cenário, até infrações criminais
sérias. A identificação positiva normalmente inclui identificação do departmento ou
agência que a pessoa está representando na forma de um conjunto de credenciais. Não
dependa necessariamente nos distintivos ou escudos dos departamentos como
autorização, pois estes têm sido usados para obtenção de acesso.
Quanto à identificação de perigos em volta do cenário de uma explosão,
os socorristas iniciais devem adotar passos para identificar, remover, ou mitigar perigos
que possam ameaçar as vítimas e o pessoal de assistência/investigação. Caso os
perigos identificados não possam ser atenuados, recursos adicionais devem ser
imediatamente solicitados. De fato, se uma bomba for a causa de uma explosão, o
pessoal para descarte de bombas deve ser convocada ao cenário para procurar
dispositivos secundários. Os recursos adicionais incluem a utilização de pessoal para
cortar as linhas de gás natural, energia elétrica e água ao local, inspetores prediais para
determinarem a integridade da estrutura e pessoal especializado em materiais
perigosos (HAZMAT) para avaliarem produtos químicos presentes no local. Quando
encontrados, os socorristas iniciais devem marcar claramente os perigos e as áreas
perigosas e garantirem que outros socorristas sejam informados sobre estes perigos.
Claramente, se forem identificados perigos e a entrada em tais áreas não for
imediatamente necessária, então o perigo pode ser evitada ao se ficar fora destas
áreas. Todos os socorristas devem vestir equipamentos de proteção pessoal (PPE)
apropriados para a situação. O PPE inclui roupas de proteção (macacão Tyvek®), luvas
de couro e borracha, e proteção respiratória e dos olhos. Os socorristas e
investigadores devem ficar focados em suas tarefas e jamais devem ir para o cenário e
ficarem "cegos" pela destruição, ao ponto de se esquecerem de suas próprias
seguranças ou de terceiros.
178
Os possíveis perigos do cenário de explosão incluem:
1. Patogenias transmitidas pelo sangue
2. Fragmentos de metal e vidro
3. Fogo
4. Integridade Estrutural
5. Serviços de utilidade pública (energia elétrica, gás, água, telefone, etc.)
6. Materiais perigosos (HAZMAT)
7. Artefatos explosivos secundários

Embora mencionados previamente, os perigos que podem se apresentar


em um cenário de explosão requer discussão e identificação adicional. Estes incluem:
patogenias transmitidas pelo sangue, fragmentos de metal, objetos pontudos no solo,
fogo, materiais perigosos, serviços de utilidade pública (energia elétrica, gás, água,
telefone, etc.), integridade de edifícios, e no caso de uma bomba, a real possibilidade
de artefatos secundários.
Em incidentes violentos, tais como explosões, indiferente da causa, nos
quais as vítimas tenham sido feridas, o sangue de uma vítiima é um perigo sempre
presente para os socorristas. Muitas doenças, algumas fatais, podem ser transmitidas
aos socorristas desprotegidos através do sangue, o qual não precisa estar presente em
quantidades identificáveis para ser mortal. Em explosões violentas, o sangue da vítima
geralmente está borrifado, e o cenário se torna contaminado. Estas doenças incluem
tuberculose resistente a droga, hepatite e HIV/AIDS. A proteção do sangue inclui o uso
de protetores respiratórios e dos olhos, luvas de borracha ou, e macacões ou Tyvek.
Fragmentos de metal geralmente se espalham pelo cenário da explosão e
devem ser evitados. Se este tipo de fragmento precisar ser movimentado, devem ser
utilizadas luvas de couro. Adicionalmente, metal e outros itens pontiagudos geralmente
estão presentes no solo, de forma que uma proteção apropriada para os pés deve
incluir caneleira de metal ou sapatos com solado reforçado.
O fogo sempre é um perigo depois de uma explosão, e pode ser mais bem
impedido pelo corpo de bombeiros. Entretanto, se um incêndio estiver em progresso no
cenário de uma explosão, então se deve utilizar uma quantidade de água suficiente
apenas para apagar o fogo. Embora isto possa parecer evidente, precisa ser
enfatizadp; se, por exemplo, for utilizada muita água no caso de um carro-bomba no
meio de uma rua, existe uma possibilidade muito real de que a evidência no cenário
possa ter sido lavada pela forte jato da mangueira e perdida para sempre. Se for
necessária uma aplicação extensiva para extinguir o fogo, sugere-se que seja
construído um reservatório temporário para que a água usada não seja drenada,
impedindo assim a perda de evidência. Depois, a equipe investigativa pode examinar a
água em busca de fragmentos da bomba.
As estruturas apresentam uma variedade de possíveis riscos aos
socorristas iniciais e à equipe investigativa. Estes incluem a integridade estrutural do
179
Figura 4.2 Depois do atentado ao World Trade Center em 26 e fevereiro de 1993, o pavimento
do salão de danças do Vista Hotel precisou ser reforçado com viga I de aço, antes de ser
declarado seguro para os investigadores começarem o processo de coleta de evidência.
(Fotografia do FBI.)

edifício; o aquecimento causado pela fiação elétrica, natural, ou outros tipos de gases;
água da ruptura de grandes adutoras; e materiais perigosos. Os funcionários das
empresas de energia, água e gás, podem interromper o fluxo destes serviços. Os
engenheiros podem não somente informar acerca da segurança estrutural, mas
também prover recomendações, se necessário, em como reforçar a estrutura para
impedir que desmorone. Isto foi muito importante no atentado ao Word Trade Center em
26 de fevereiro de 1993. A viga central de parte do Vista Hotel e a Garagem Central foi
destruída no atentado e antes que uma profunda investigação do cenário pudesse
iniciar, vários andares precisaram ser reforçados com vigas I de aço (Figura 4.2).
Materiais perigosos, além dos previamente identificados, incluem químicos
industriais, gases e asbestos. Químicos industriais em grandes tambores e recipientes
especiais. Um exemplo é o cloro, o qual pode ser encontrado perto de piscinas para
purificação da água. Como um dos subprodutos de uma explosão ou incêndio, gases
invisíveis tais como monóxido de carbono também podem ser um risco aos socorristas.
Entretanto, um dos mais difíceis de identificar é o asbesto (amianto), um mineral fibroso
cinzento, não consbustível, que tem sido utilizado em ladrilhos dos pisos à prova de
fogo, e nas paredes laterais externas das casas. Quando fragmentados por uma
explosão ou incêndio de seu local original ou forma, os asbestos tendem a pairar no ar
como substância particulada. É facilmente respirado para dentro dos pulmões de
socorristas e investigadores desprotegidos. O asbesto é conhecido por prolongar os
efeitos danosos à saúde e é considerado um carcinógeno ou causa de alto-risco de
câncer.

180
Eventos recentes nos EUA e pelo mundo ilustram dramaticamente que os
AEI‘s não são empregados em atos terroristas simples ou isolados, mas em vários
ataques para o maior dano físico e emocional possível à população. O atentado à
clinica de aborto, seguido por um artefato secundário em Atlanta, Geórgia, no final de
1996, seguido pelos dois artefatos no Otherside Lounge, também em Atlanta, em
janeiro de 1997, servem como exemplo. Mais recentes, estão os artefatos múltiplos
detonados nos trens em Madri em 2004 e no metrô de Londres em julho de 2005, bem
como os inumeráreis artefatos usados contra as forças de coalizão no Iraque. O
socorrista inicial deve sempre supor que se a explosão foi o resultado de uma bomba,
podem existir artefatos adicionais esperando que mais pessoas cheguem antes de
serem detonados. Se as circunstâncias são desconhecidas, suponha o pior – uma
bomba ou uma explosão de gás natural com um possível vazamento de gás prontos
para reacender. No que tange a um AEI, os técnicos em bomba devem ser sempre
solicitados para auxiliarem na avaliação do cenário. A explosão de uma bomba também
pode ser uma distração para outra atividade criminosa, tal como o roubo a bancos. A
intenção poderia ser desviar a atenção da polícia para outra parte da cidade onde a
bomba explodiu e então roubar um banco em outra parte da cidade. Esta tática foi
tentada em diversas ocasiões, embora não tenha sido muito bem sucedida.
Existem outros possíveis riscos não somente nos cenários de explosão,
mas também em outros cenários que não necessariamente se apresentam de forma
alguma como cenários de incidentes. Estes riscos incluem bioterrorismo, químicos
tóxicos nucleares e não-comerciais tal como o gás sarin. Estes serão discutidos com
profundidade no Capítulo 5.
Juntamente com, ou antes, da chegada das EMS em um cenário de
incidente, os socorristas iniciais têm a tarefa de realizar esforços salva-vidas, dentro de
suas capacidades, para resgatar vítimas e prover os primeiros socorros aos feridos.
Entretanto, estas tarefas devem apenas serem consideradas depois de se estabelecer
a proteção e segurança do cenário, mantendo as pessoas não essenciais fora. Embora
a proteção do cenário precise ser estabelecida, é incumbência dos socorristas iniciais
considerarem suas próprias seguranças pessoais antes de iniciarem os esforços salva-
vidas. Se o cenário estiver a ponto de um colapso estrutural ou outro perigo iminente,
os socorristas iniciais não devem entrar no cenário até que o perigo tenha sido reduzido
ou eliminado para permitir a entrada. A última fatalidade no ataque ao Edifício Federal
Murrah foi uma enfermeira que atendeu ao cenário para oferecer assistência médica a
centenas de pessoas feridas. O monitor de um computador caiu de um dos andares
fragmentados, a atingiu e matou. Os socorristas iniciais não deviam se tornar vítimas,
também.
Quando possível, as taregas de salvamento e resgate inclui a retirada das
vítimas ambulatoriais, o início do resgate dos feridos severamente ou vítimas de
armadilhas, e tratameto dos ferimentos que ameaçam as vidas. Os socorristas iniciais
devem deixar fatalidades e suas adjacências inalteradas.
181
Os socorristas iniciais devem identificar testemunhas. Como tarefas e
atribuições dos socorristas, devem ser obtidos os dados básicos de possíveis
testemunhas do incidente. Esta informação básica inclui seus nomes, endereços e
números de telefone, bem como suas respostas a perguntas curtas tais como, "Você
viu ou ouvir alguma coisa?". Isto é extremamente importante para a investigação
subsequente uma vez que as testemunhas tendem a não se envolverem e na maioria
dos casos, são difíceis de encontrar com o passar do tempo. Como com qualquer outra
ocorrência, o policial socorrista inicial acredita que ocorreu um crime, e é
responsabilidade daquele policial deter "testemunhas" que podem estar envolvidas ou
aquelas que possuem informação importante sobre o incidente. No que tange aos
feridos, devem ser envidados esforços para determinar por onde eles foram evacuados.
Esta informação será vitalmente importante para a equipe investigativa para ajudar a
estabelecer quem estava ferido e para one foram levados para tratamento. Localizar
feridos em uma pequena comunidade pode não ser difícil, mas isto se torna
problemático em grandes cidades em razão da quantidade de instalações disponíveis.
Se as condições permitirem, a documentação do cenário deve ser
iniciada. Isto inclui os registros básicos de o que o cenário consiste, da hora da
chegada, quais recursos adicionais foram solicitados, declarações básicas de
testemunhas e de outros socorristas, fotografias do cenário e espectadores e local, e,
se necessário, a coleta de evidência. Os socorristas não devem depender de suas
memórias para uma descrição precisa do cenário. Com a passagem do tempo é difícil
para muitos se lembrarem dar real sequência de eventos sem o auxílio das anotações
feitas no cenário do incidente.
Até recentemente, os únicos meios para documentar um cenário de
explosão eram os métodos tradicionais já descritos: anotações, fotografias,
identificação de testemunhas e entrevista, e aí por diante. Entretanto, muitos bombeiros
foram apresentados a um novo equipamento projetado para prover uma medida
adicional de segurança em seus esforços de combate ao fogo, a tecnologia de imagem
térmica para investigadores de cenários de explosão/bombas. (Ver abaixo). Se
disponível os socorristas iniciais devem na primeira oportunidade, e em consideração
às diretrizes de segurança do departmento, usar suas câmeras de imagem térmica para
gravar o cenário em vídeo. Quando os investigadores chegarem ao cenário devem ser
informados de que há um vídeo com imagem térmica disponível para auxiliar na
avaliação inicial (Figura 4.3).

Imagem Térmica e os Serviços de Emergência

Um sistema de imagem térmica ou câmera de imagem térmica funciona detectando


energia infravermelha e convertendo os níveis de energia detectada em imagens
visíveis. Basicamente, uma câmera térmica mostra o cenário baseada nas diferenças
em temperatura; é uma forma de ver a assinatura do calor de um objeto ou área.

182
Figura 4.3 Câmeras de imagem térmica podem ser usadas para registrar a presença e
localização de fragmentos da bomba imediatamente depois de uma explosão.

Na maioria das cameras, o objeto mais quente no cenário será mostrado como branco,
o mais frio como preto e demais itens intermediários como sombras de cinza. Como
estas câmeras operam detectando quantidades muito pequenas de energia ou calor
infravermelho (IV), os quais estão sempre presentes no ambiente em nossa volta, elas
funcionarão em qualqer local indiferentemente da luz ou visibilidade.
Exsitem vários tipos de câmeras ou sistemas de imagem térmica. Os vários tipos são
divididos em duas principais classificações de sistemas resfriados e não-resfriados. Os
sistemas IV resfriados precisam que os detectores IV sejam congelados à temperatura
criogênica (-328° F ou -200º C), enquanto que os sistemas não-resfriados podem
operar com detectores IV em temperaturas ambiente. Dentro destas duas
classificações, ainda há subclassificações, baseadas nos comprimentos da energia IV
que os sistemas detectam e no tipo de tecnologia de detectores IV que utilizam. As
câmeras de imagem térmica são principalmente projetadas para detectar energia
infravermelha de onda curta, média ou longa. Atualmente, os sistemas de imagem
térmica usados pelos serviços de emergência são unidades não-resfriadas que
detectam infravermelho de ondas longas e são baseados na tecnologia
microbolométrica. Estas câmeras são usadas porque a tecnologia não-resfriada pode
operar em temperaturas ambientes sem os extensos sistemas de resfriamento
criogênico e são muito melhores para suportar amplas variações de mudança de
temperatura ambiental. Estas câmeras detectam infravermelho de ondas longas, que
passam pela fumaça e neblina e permitem que os usuários "vejam através" destes
materiais em áreas que do contrário teriam visibilidade zero.
Atualmente existem cerca de dez fabricantes fornecendo cerca de dezesseis modelos
diferentes aos serviços de emergência. A maioria destas câmeras são portáteis,
pesando algo entre 2.5 a 7 libras (1,13 a 3,17 Kg), e são aproximadamente do
tamanho e forma de uma câmera de vídeo de tamanho médio. Elas funcionam em
ambientes com variação de temperatura de 40°F (4.44ºC) a quase 1000°F (537.7ºC)
por períodos de tempo limitado. Elas são muito sensíveis e podem detectar uma
diferença em temperatura de menos de 1°F. Elas variam em preço de

183
aproximadamente $10.000 a $20.000 dólares. Estima-se que atualmente mais de
10.000 destas unidade estão em serviço nos EUA.
Estas unidades estão sendo usadas pelos socorristas em várias formas. Os bombeiros
as utilizam para melhorar a visão em estruturas cheias de fumaça, para identificar
vítimas e os pontos e focos de incêndio. A polícia e pessoal da segurança as utilizam
para fazer vigilância na escuridão total. O pessoal de emergência médica e resgate as
utilizam para navegar no ermo e identificar vítimas, novamente em total escuridão.

Imagem Térmica para Investigadores do Cenário de Explosão/Bomba


Baseado em atividades de pesquisa do Programa de Incêndio e Segurança da
Universidade do Leste de Kentucky - Fire and Safety Program at Eastern Kentucky
University (EKU) -, tornou-se evidente que uma potencial nova aplicação para a
tecnologia de imagem térmica pode ajudar os investigadores em cenários de
investigação de crime com bomba. Esta pesquisa, juntamento com experiências
práticas adicionais, tem demonstrado que a imagem térmica pode ajudar os
investigadores em várias formas diretas e indiretas durante suas atividades de
investigação.
Existem três principais formas pelas quais um equipamento de imagem térmica pode
ajudar diretamente os investigadores. Estas incluem:
Vigilância em visibilidade reduzida: Com um equipamento de imagem térmica um
suspeito ou atividade suspeita pode ser observado indiverente das condições de luz.
Isto pode ajudar os investigadores a conseguir informação à noite, quando muitas
atividades suspeitas ocorrem, sem ter que demonstrar suas presenças chegando
muito perto ou usando uma fonte de luz. Em cenários recentes, pessoas foram
observadas usando o equipamento de imagem térmica durante a noite, em completa
escuridão, a uma distância de 250 pés (76,2 m). Tal tecnologia tornou possível
identificar atividades ocorrendo dentro de um edifício (tais como um incêndio culposo
sendo preparado).
A identificação de calor e padrões de explosão: se um investigador pode chegar ao
cenário dentro de 15 a 30 minutos de uma explosão, tem sido demonstrado em
pesquisas da EKU que é possível usar o equipamento de imagem térmica para
identificar o calor e padrões de fragmentação dependendo da temperatura ambiente.
Isto ajuda o investigador a melhor identificar a sede da explosão e a reconstruir os
eventos que ocorreram dentro do cenário durante a explosão. Ao identificar a extensão
do calor ou padrão da explosão, é possível identificar precisamente o local da
evidência, especialmente fragmentos de metal, mais rapidamente. Em recentes
cenários o tamanho e direção dos padrões de explosão forma muito óbvios, muito
embora muito desta informação não estivesse evidente a olho nu. Isto é devido à
assinatura do calor dos fragmentos sendo capturados pelo equipamento de imagem
térmica. Ao identificar este padrão de calor, foi mais fácil identificar os locais onde a
evidência foi recuperada mais tarde.
A identificação de evidência: Mais uma vez, se os investigadores chegarem ao cenário
relativamente rápido, eles podem usar o equipamento de imagem térmica para
identificar evidência. Fundamentalmente, este funciona melhor na identificação de

184
evidências tais como fragmentos de um AEI. Em vista da proximidade destes
componentes com a explosão, eles terão uma assinatura de calor muito alto, a qual irá
sobressair no ambiente adjacente. Em recentes cenários, o equipamento de imagem
térmica identificou muito rapidamente fragmentos do cano de metal que continha o
sistema detonador do AEI. Estes componentes foram identificados por todo o cenário
onde o artefato explodiu, incluindo pedaços incrustados nas paredes e mobília, e
fragmentos ainda foram encontrados fora do cenário imediato.
Equipamentos de imagem térmica ajudando indiretamente: Investigaores muito
raramente chegam ao cenário de uma explosão em um intervalo de 15 a 30 minutos.
Entretanto, os socorristas (especialmente o corpo de bombeiros), geralmente chegam
muito antes de 15 minutos do tempo da explosão. Como tal, estes socorristas estão
em uma posição ímpar para utilizar a tecnologia de imagem térmica para ajudar os
investigadores.
Muitas câmeras de imagem térmica usadas pelos socorristas são equipadas com
transmissor sem fio ou uma câmera interna com gravador de DVD. Este transmissor
de vídeo envia a imagem térmica para um sistema receptor onde ela pode ser vista e
gravada com um gravador de vídeo. Se os socorristas gravarem todas as suas ações
a partir da chegada, então os investigadores podem obter muita da informação
supramencionada ao receber estes dados. A gravação irá mostrar exatamente como a
cena se parecia quando os socorristas chegaram, o que pode ser muito útil porque ela
pode estar alterada depois como resultado dos esforços para apagar o incêndio. A
gravação também pode mostrar padrões de explosão e evidência, que pode estar
resfriada a ponto de não ser reconhecível pelo equipamento de imagem térmica
quando o investigador chegar ao cenário.
De fato, enquanto o equipamento de imagem térmica não é substituto para as
eficientes técnicas básicas de investigação, é uma nova tecnologia que pode ser
extensivamente usada para auxiliar os investigadores do cenário de bomba em seus
trabalhos.

Os socorristas devem tentar identificar e detectar a presence de evidência


no cenário. Isto não implica que os socorristas devem procurar ativamente e coletar
evidência como um investigador ou técnico do cenário do crime faria. Muito pelo
contrário. Se uma evidência óbvia estiver presente, o socorrista inicial tem o dever de
identificar e protegê-la. Esta proteção pode ocorrer de várias formas. Um método é
impedir que se mexa na possível evidência simplesmente indicando aos outros que ela
existe. Colocar marcações próximas à evidência, porém sem mexer na mesma, é outro
método. No evento de uma possível evidência estar prestes a ser destruída ou retirada
do cenário, o socorrista inicial pode coletar os materiais. Entretanto, se a evidência for
coletada, o socorrista deve ter uma razão válida por tê-la recuperado e a coleta deve
ser documentada (o local do item, como ele foi coletado e a cadeia de custódia deve
ser estabelecida). Isto inclui evidência física potencialmente transitória/breve, a qual
pode ser destruída por condições adversas de tempo (por exemplo, vento ou chuva).

185
Também incluída, entre outros, está a evidência que pode ser destruída pelo fogo.
Quando for estabelecido, seja pelos socorristas iniciais ou outros, que um
cenário de explosão, possivelmente de causa desconhecida, de fato existe, agora há
necessidade de se conduzir uma investigação. Como previamente declarado, esta
transição pode ser transparente porque o socorrista inicial pode conduzir a real
investigação. No cenário mais comum, um investigador ou um detetive é convocado ao
cenário para conduzir a investigação. A chegada do investigador indica a transição da
resposta inicial para a investigação de fato.

4.2.2 Avaliação do Cenário da Explosão

As responsabilidades da equipe de investigação do cenário do crime ou


investigador são muitas. O investigador do cenário do crime tem o dever de provar que
ocorreu uma explosão, e especificamente de que tipo, e de coletar evidência para
apoiar esta afirmação. Adicionalmente, a investigação geral, se for de natureza
criminal, requer que uma investigação de campo seja conduzida em um esforço de
vincular um suspeito com o cenário.
Na chegada, o investigador deve se apresentar ao comandante em cena
e aos socorristas que ainda podem estar no cenário documentando/registrando as
pessoas presentes. Exsitem exemplos nos quais o único pessoal presente no cenário
são aqueles responsáveis pela segurança - ou possivelmente não tem ninguém no
local. O investigador deve coordenar com o comandante e aqueles no cenário para
estabelecer o que ocorreu e imediatamente avaliar a situação. Procedimentos
subsequentes dependerão da magnitude do incidente.
A avaliação do cenário pelo investigador inclui sua observação pessoal do
cenário e entrevistas das pessoas presentes para estabelecer:

1. Quais ações foram realizadas pelos socorristas iniciais com relação à


proteção do cenário?
2. O cenário foi gravado usando-se uma câmera de imagem térmica?
3. Os riscos/perigos foram identificados, e em caso positivo, foram
adotadas medidas de mitigação para reduzi-los ou eliminá-los (tais
como buscas por artefatos secundários)?
4. Houve vítimas e onde elas estão agora?
5. Foi identificada alguma testemunha?
6. Foram solicitados outros recursos?
7. Foi identificada alguma evidência física?
8. Foi iniciado o registro/documentação apropriado?

Estas perguntas surgem como resultado das responsabilidades dos


socorristas iniciais. Depois do encontro com os socorristas iniciais, é responsabilidade
186
do investigador em avaliar pessoalmente o cenário para os passos subsequentes.
4.2.2.1 Avaliação e Estabelecimento dos Perímetros do Cenário, Interno e Externo,
e Segurança do Cenário

Via de regra, é mais fácil reduzir as dimensões dos perímetros do que


expandi-los. Como demonstrado na ilustração do perímetro do cenário (Figura 4.4), o
perímetro interno engloba o real cenário da explosão ou onde a evidência está
localizada. A primeira delimitação é estabelecida somando-se 50% da distância do
epicentro da explosão até a última peça de evidência identificada. O perímetro externo
é estabelecido a uma distância tal que impeça que pessoas não envolvidas com a
investigação vejam/assistam seu progresso no cenário (coleta de evidência) ou
escutem o que pode estar sendo discutido pelos investigadores.

Cenários externos - ou ao ar livre - (campos, ruas, interior de estruturas)


podem usar ruas, outras edificações ou cercas como barreiras naturais para o
perímetro externo. Cenários internos podem usar a própria estrutura como perímetro
interno, com limites de propriedade como perímetro externo. Use seu discernimento
para estabelecer tais perímetros.

Figura 4.4 Os perímetros interno e externo, o posto de comando da investigação do cenário do


crime, e uma rota de entrada e saída devem ser estabelecidos antes de se começar a
investigação do cenário. O perímetro interno é estabelecido somando-se 50% da distância do
epicentro da explosão até a última peça de evidência.

187
4.2.2.2 Estabelecimento de um Local para o Posto de Comando da Equipe de
Investigação do Cenário do Crime
De ordem a controlar o cenário, o posto de comando de coleta de
evidência está localizado na extremidade do perímetro interno (Figura 4.4). Toda
pessoa, item de suprimento e equipment que entra no cenário e todas as evidências
retiradas da área passé por este posto de comando para garantir a completa
documentação/registro dos eventos adjacentes ao processo de coleta. Em resumo,
este procedimento garante total responsabilidade. O líder da equipe é responsável por
chefiar o posto de comando.

4.2.2.3 Estabelecimento de Procedimentos de Documentação para Controle do


Pessoal Entrando e Saindo do Cenário
Um registro de todo pessoal que entra e sai do cenário se faz necessário
(Anexo C). Isto geralmente é estabelecido e mantido no posto de comando do cenário
para garantir que o pessoal que entra e sai do cenário são adequadamente registrados.
Tal documentação inclui detalhes tais como o horário que eles entraram no cenário,
para qual propósito (por exemplo: para avaliar o cenário, coletar evidência, tirar
fotografias, etc.), e a que horas eles partiram do cenário. Manter um registro preciso é
vital e valida que somente pessoas essenciais foram permitidas a entrarem no cenário,
portanto, mantendo a integridade do mesmo.

4.2.2.4 Estabelecimento de Rotas de Entrada e Saída para Membros da Equipe de


Investigação do Cenário do Crime
Durante o processo de estabelecimento ou reavaliação dos limites, as
rotas de entrada e saída devem ser claramente definidas e indicadas (Figura 4.4) com
fitas para marcação. Elas mostram a rota que a equipe de investigação seguiu para
obter acesso ao cenário. As rotas são estabelecidas para propiciar um caminho de
entrada e um caminho de saída para impedir a possível destruição de evidência ao
prover uma área de busca relativamente pequena antes de ser feita uma coleta
completa e para propiciar uma passagem segura, livre de riscos, ou com risco reduzido
para a cena. É melhor fazer a entrada no cenário em um ponto do que permitir que os
membros da equipe adentrem por várias direções. É importante que os pontos de
entrada e saída comecem e terminem no posto de comando, portanto propiciando
meios de controle no que concerne a quem entra no cenário. Fica a critério do
investigador se vai coletar ou simplesmente marcar qualquer possível evidência
presente na rota de entrada ou saída. O cenário ideal deve ter uma rota livre/isenta de
fragmentos, mas isto é raro em cenários de crime de explosão e bomba. Caso seja
adotada a decisão de coletar quaisquer materiais presentes na rota, a documentação
da coleta, e os procedimentos de empacotamento esboçados neste capítulo devem ser
seguidos.
188
4.2.2.5 Estabelecimento de Áreas de Movimento para Membros da Equipe
Ao determinar quais recursos, equipamentos e pessoal adicional são
necessários, é necessária uma área na qual estes recursos possam ser ajuntados para
depois responder ao cenário. De forma a controlar a contaminação e manter a
segurança, não se deve permitir que o pessoal investigativo estacione suas viaturas
muito perto do cenário ou que os bombeiros e serviços de emergência médica
trafeguem por cima de evidências. Como tal, um local seguro fora do perímetro externo
é necessário para que os recursos sejam ajuntados, e utilizados quando necessários.
Isto também permite algum controle da resposta. Caso toda a ajuda solicitada chege no
cenário de uma só vez, o investigador encarregado pode facilmente ser subjugado com
recursos. A resposta deve ser ordenada e controlada. Uma área de movimento propicia
esta medida de controle.

4.2.2.6 Segurança (até onde for possível) para Entrada da Equipe de Investigação
Mantendo em mente a informação provida pelo comandante geral ou
socorristas iniciais do cenário, o investigador tem a responsabilidade de reavaliar a
segurança do cenário. O cenário está suficientemente seguro para pertimir o trabalho
do pessoal investigativo? Em estruturas onde existem riscos óbvios tais como queda de
fragmentos, a entrada deve ser limitada até que os engenheiros estruturais sejam
consultados. Na maioria dos cenários de pequeno a médio porte (por exemplo:
externos, em veículos ou explosões residenciais), os riscos óbvios são poucos e
podem ser facilmente atenuados ou evitados. Entretanto, não se esqueça que
componentes de metal fragmentado, em particular, podem ser bem pontudos e causar
ferimentos profundos em investigadores descuidados. Outro tema, que será descrito
em detalhes no Capítulo 5, é o perigo associado com o uso de explosivos em
conjunção com outros materiais perigosos. Estes incluem nuclear, bioterrorismo e
químicos tóxicos.
Como uma possível medida de proteção e segurança, quando chegar em
um cenário externo na escuridão ou penumbra, determine se o cenário de fato
necessita de uma imediata investigação ou se há possibilidade de esperar até que se
tenha a luz do dia. Se não for possível esperar, veja se existe luz suficiente disponível
para iluminar o cenário adequadamente. A tarefa de se realizar uma investigação do
cenário no escuro com iluminação limitada é difícil no melhor das hipóteses. Um indício
de evidência é desafiador de se localizer até mesmo nas melhores circunstâncias.
Entretanto, as condições do clima, o local do cenário (no meio da interseção de uma
rodovia movimentada, por exemplo), e a segurança do cenário, juntamente com a
proteção dos investigadores, são considerações válidas.
Um caso específico ilustra esta situação. Há alguns anos em um local
muito remoto, mandados de prisão e buscas foram emitidos contra indivíduos
conspirando para roubar veículos blindados com o uso de AEI‘s. O local das buscas,
189
que também era a suposta fábrica de bombas, era acessível somente com veículos
com tração nas quatro rodas, que demoraram muito para obterem o acesso. Na hora
em que as equipes de busca e apreensão chegaram, fizeram as prisões e realizaram a
avaliação do cenário, já estava escuro. Foi feita uma recomendação para o
investigador encarregado pela equipe de coleta de evidências, de que eles deviam
esperar até o dia seguinte para coleta das evidências óbvias, que incluía muitos quilos
e tipos de explosivos comerciais e improvisados e sistemas de iniciação. Esta
recomendação foi desconsiderada uma vez que nem todos os conspiradores haviam
sido presos, e havia uma preocupção com a segurança dos policiais que precisariam
permancecer no local durante a noite. O investigador encarregado tinha que considerer
a possibilidade de que os conspiradores que ainda estavam livres poderiam retornar
para vingar a prisão dos outros. Relutantemente, a equipe de coleta de evidências
conduziu uma busca bem sucedida à noite em tais circunstâncias.

4.2.2.7 Nível de Assistência Investigativa e Recursos Necessários

É obrigação do investigador determinar rápida e precisamente o nível de


assistência investigativa necessária. Isto se refere não apenas ao pessoal investigativo
de segurança pública, mas também aos especialistas que podem ser necessários para
ajudarem as equipes no cenário. Estes especialistas incluem: para cenários de
pequeno a médio porte, dependendo do alvo, operdores de máquinas pesadas,
equipes médicas, bombeiros, técnicos para descarte de bombas e um legista ou
examinador médico; para grandes cenários de longa duração, as capacidades de
logísticas e intermediação de especialistas também podem ser necessárias.
Adicionalmente, equipamentos para processamento/investigação do cenário, os quais
incluem suprimentos administrativos e gerais, ferramentas, equipamentos de
segurança, materiais para coleta e empacotamento de evidências, equipamentos
pesados (para cavar e levantar coisas pesadas) e instalações de água e sanitárias para
os trabalhadores são essenciais. Isto será discutido em profundidade mais á frente no
capítulo.

4.2.2.8 Se for Necessário um Mandado ou Permissão para Busca


Na incerteza quanto à necessidade de um mandado de busca, é melho
esclarecer o assunto. Especificamente, pare e peça a opinião legal de uma autoridade
legal competente tal como um promotor local, estadual ou federal no que tange a que
forma de consentimento é necessária para realizar a investigação do cenário. Existem
três formas possíveis: (1) não há necessidade de consentimento (baseado nas
circunstâncias), (2) consentimento ou permissão por escrito de alguém com autoridade
para tanto, ou (3) um mandado de busca baseado em uma declaração juramentada de
causa provável. Quando uma autoridade legal estiver disponível, é difícil que alguém
ganhe uma disputa quanto à legalidade de uma busca.
190
4.2.2.9 Quais os Procedimentos de Documentação que Serão Utilizados para
Coleta de Evidência, Controle e Cadeia de Custódia
Os procedimentos de documentação do cenário verificam quais ações
foram adotadas no cenário para coletar evidência e como tal evidência foi protegida e
considerada depois da coleta. Normalmente, os procedimentos de documentação
básica não são um item arbitrário para o investigador uma vez que seguem as políticas
departamentais. Entretanto, o investigador determina os métodos exatos pelos quais o
cenário será documentado durante o processo. Estes procedimentos serão abordados
mais à frente neste capítulo.

4.2.2.10 Quais os Procedimentos que Serão Utilizados para Impedir a


Contaminação do Cenário
É imperativo que os investigadores que adentram no cenário da explosão
não tragam materiais contaminantes em suas roupas, ferramentas ou equipamentos,
que poderiam afetar a investigação. Especificamente, quando investigam um incêndio
no qual há suspeita de crime, não seria prudente para um investigador usar roupas
manchadas com um produto acelerador. Do mesmo modo, em investigações de
cenário de bomba alguém não investigaria o cenário imediatamente depois de sair de
um campo de explosivos onde manuseou tais elementos. Prevenir a contaminação do
cenário implica não somente os contaminantes óbvios tais como resíduos de
explosivos, mas também os materiais menos evidentes (vestígios contaminantes) que
incluem cabelos, fibras e terra. Outras precauções para impedir a contaminação do
cenário incluem não pisar em possíveis marcas latentes do sapato do suspeito ou do
pneu do veículo, usar luvas de algodão para impedir que impressões digitais sejam
colocadas em itens de evidência, e adotar cuidados extras para não destruir as
impressões digitais no cenário. Uma forma de garantir que os investigadores não
trazem contaminação para o cenário é pedir que sejam usadas roupas recentemente
lavadas ou Tyvek, e que as ferramentas que serão usadas são novas ou foram
completamente limpas depois do uso prévio. Refira-se ao Aenxo D para orientação
quanto às melhores formas de limpar ferramentas e roupas. Os investigadores devem
considerar testar as ferramentas em busca de resíduos de explosivos depois da
limpeza, para garantira que não estão contaminadas. Quanto à coleta de resíduos de
explosivos no cenário de bomba, procedimentos detalhados serão descritos mais à
frente neste capítulo.

4.2.2.11 Identificar Itens de Possível Evidência


O investigador conduzindo um processo estará procurando possíveis itens
de evidência, tanto física (o que o cenário parece ser) e no caso de um AEI, pelos
restos de componentes da bomba. Este não é o momento de começar a coletar
evidência, mas de observar o que resta depois da explosão e, possivelmente, começar
a documentação/registro dão cenário com fotografias. Entretanto, se alguns dos itens
191
de possível evidência são transitórios (materiais que podem ser destruídos ou alterados
pelas condições de clima, incluindo vento, chuva e neve, ou de veículos ou pessoal)
por natureza, então o investigador deve coletar estes itens antes que eles sejam
destruídos. Uma advertência: A maioria dos cenários de crime com bomba os
procedimentos de coleta de evidência propiciam a fotografia seletiva do cenário. Não
há necessidade de fotografias para cada item de evidência na posição em que foi
encontrado antes de ser movimentado ou mexido, mas pode ser necessário se um
determinado item de evidência for considerado, por várias razões, crucial para a
investigação. No evento de que um investigador encontre durante o processo tal item
de evidência, mas somente se dê conta de sua importância depois de coletá-lo, nunca
recoloque o item em sua posição original para tirar uma fotografia. Uma vez
movimentado ele jamais poderá ser recolocado na exata posição em que foi
encontrado, não importa quão bom possa parecer. Os investigadores têm, de fato,
cometido este erro na maioria dos cenários de bomba, apenas para depois sentir a
pressão do tribunal para tentar explicar o curso de eventos e porque suas ações
estavam em contradição direta com a política do departamento. Em alguns casos o
item vital de evidência pode ser admitido no julgamento, mas é provável que será
cuidadosamente examinado pelo advogado de defesa. Para evitar isto, é melhor
documentar o que aconteceu e explicar por que isto ocorreu.
Uma peculiaridade que pode surgir em alguns casos é a pergunta de se
um cenário pode ser movido. Há exemplos em que cenários externos de explosão,
normalmente relativamente pequenos em natureza, ocupam áreas que são
impraticáveis ou extremamente difíceis de conduzir investigações detalhadas. Dois
exemplos são ao longo de ruas muito movimentadas e vias-expressas, e em condições
de clima desfavorável. Explosões em veículos ou em ruas públicas apresentam muitos
problemas singulares para o investigador no que tange o acesso público a estas áreas.
Embora o acesso do público a estas áreas possa ser retringido, em alguns casos a
área da explosão é tão vital para o comércio que uma investigação prolongada do
cenário que proíbe o acesso público é problemática. Considere uma interseção
principal de uma rua que tenha muito tráfego ficar fechada por quatro horas (quando
não o dia todo) enquanto é conduzida uma investigação para recuperar todos os
materiais resultantes da explosão. Embora tal interseção possa ser fechada, sua
necessidade deve ser adequadamente considerada. O investigador deve considerar
outras opções que permitiriam a coleta organizada de evidência e fragmentos para
atingir o padrão de prova necessário no tribunal sem causar uma inconveniência ao
público em geral. De fato, tal cenário é provável de ser uma exceção, mas se ocorrer,
ele deve ser bem documentado.
No caso de uma explosão de veículo, este pode ser embrulhado e
colocado em um guincho, cuja base tenha sido coberta com uma lona
impermeabilizada nova e limpa, e retirado do cenário. Antes de o veículo ser mexido,
sua localização na rua deve ser completamente documentada. Quando levado para
192
uma área limpa (destituída de resíduos de explosivos e outros materiais
contaminantes), uma verificação ou busca detalhada pode ser conduzida no veículo.
Quanto à rua e áreas adjacentes, uma busca intensiva por evidência e fragmentos
resultants da explosão pode ser conduzida ao varrer todos os materiais e juntá-los em
vários sacos de lixo ou grandes lixeiras e documentar suas localizações de acordo com
os procedimentos recomendados descritos neste capítulo. Depois de sua remoção do
cenário, cada recipiente pode ser inspeciondo em detalhes em busca de evidência
relacionada com a explosão.
Os problemas relacionados com o clima podem ter um efeito na maneira
de se processar o cenário. Como os cenários de explosão geralmente englobam uma
área geográfica relativamente grande, do contrário de outros tipos de cenários de
crime, em casos de forte chuva ou neve pode ser difícil senão impossível de cobrir a
área com lona impermeável e superar a tempestade. Em tais casos, o investigador
deve considerar a rápida retirada dos materiais do solo ou da rua usando os métodos
previamente discutidos. Adicionalmente, qualquer esforço para coletar resíduos de
explosivos com o swab (um tipo de esfregão) deve ser feito antes que fatores como a
chuva interfiram nos procedimentos investigativos, uma vez que a água pode remover
resíduos do cenário.

4.2.2.12 Tentativa de Localizar o Epicentro da Explosão


Durante o processo o investigador deve tentar determinar a natureza do
incidente de explosão. Como mencionado previamente, o investigador pode ser
auxiliado nesta tentativa ao rever, caso tenha sido feita pelos socorristas iniciais, a
gravação da imagem térmica. Alternativamente, se o investigador chega ao cenário da
explosão dentro do período estabelecido de 15 a 30 minutos, ele ou ela deve
rapidamente fazer uma varredura do cenário com o equipamento de imagem térmica e
gravar os dados para uso futuro.
Além dos requisitos precedentes, este é o primeiro passo no real
processo investigativo. A esta altura, são possíveis várias hipóteses qunato ao tipo de
explosão ocorrida. Ela pode ter sido causada por: (1) um material explosivo
(combustível condensado) tal como dinamite, (2) uma explosão do vapor que se
expande de um líquido fervente (BLEVE), ou (3) gases combustíveis, vapores de
líquidos mantidos em reservatórios, ou poeira (combustíveis difusos) tal como uma
explosão de gás natural. De ordem a provar uma hipótese quanto à uma das Três
opções, o investigador deve tentar localizar o epicentro da explosão. O epicentro é a
área ou ponto dentro do cenário que tem a maior concentração de danos. Em uma
explosão, o epicentro, às vezes chamado de "base" da explosão, é normalmente uma
cratera definida e a área de maior estrago onde o explosivo foi iniciado e explodiu. Gás
combustível (bem como os vapores de líquidos mantidos em reservatórios e poeiras
explosivas) não produz um epicentro uma vez que o combustível está distribuído
relativamente de maneira uniforme pela área, se mistura com o ar ambiente e, quando
193
iniciado, explode com igual força por todo o compartimento. Vapores de líquidos
mantidos em reservatórios e poeiras explosivas também não terão um epicentro.
Indiferente da conclusão inicial sobre o tipo de explosão, o fator que causou a explosão
deve ser determinado. A maioria das explosões causadas por gases combustíveis,
vapores de líquidos mantidos em reservatórios e poeiras explosivas são acidentes, ma
de alguma forma podem envolver motivações criminosas encobertas. Similarmente,
uma explosão não necessariamente indica o uso de um AEI. Embora a maioria das
explosões envolvendo explosivos seja criminosa, algumas são acidentes que são
normalmente causados pelo armazenamento ou transporte inadequado. Os
investigadores, quando se depararem com uma explosão, devem considerar todas as
causas e não apenas a que eles acreditam ser a óbia.
Ao executar as buscas no cenário de uma explosão, os seguintes são
indicadores de que foi usado um explosivo: a existência de um epicentro ou cratera,
danos localizados, a presença de componentes da "bomba", resíduos de explosivos ou
explosivos intactos, o local da explosão não tinha presença de combustíveis (por
exemplo, gás natural ou propano), e declarações de testemunhas. A presence de uma
cratera geralmente é o indicador mais facilmente encontrado do uso de um explosivo
(Figura 4.5). Dependendo da magnitude da explosão e da quantidade de explosivos
utilizada, o processo de encontrar uma cratera pode ser fácil ou difícil. Quando são
utilizadas pequenas quantidades de explosivos, a quantidade de danos colaterais
normalmente não é significante o suficiente para produzir fragmentos do alvo que irão
cobrir completamente a cratera, impedindo que a mesma seja facilmente encontrada.
De fato, o tipo de cratera depende totalmente no local ou alvo da explosão. Seu
tamanho depende do tipo e quantidade de explosivos utilizada, como o artefato (se foi
uma bomba) foi colocado, e se os explosivos estavam dentro de um recipiente (tal

Figura 4.5 Uma cratera ou epicentro é geralmente formado por uma explosão.

194
como um pedaço de cano selado ou uma bomba tubo). Depois de uma explosão no ou
perto do solo, a sujeira, pedras e outros fragmentos são arremessados para formar a
cratera. Estes materiais são então depositados em volta do cenário, perto do topo da
cratera e alguns até caem de volta dentro da cratera. Uma explosão emu ma superfície
dura tais como pavimento ou concreto produziria um efeito similar, mas a profundidade
da cratera não seria tão grande, se todas as condições forem equivalentes. Em casos
onde existe uma distância (afastameto) entre o local do explosivo e a superfície (por
exemplo, explosivos escondidos debaixo do banco de um carro estacionado sobre
concreto), pode não haver sequer qualquer sinal de uma cratera no pavimento.
Entretanto, na maioria das circunstâncias uma cratera bem identificável estaria
evidente no assoalho do veículo. Reciprocamente, se os explosivos forem fixados na
parte de baixo do veículo, pode-se esperar encontrar uma cratera mais profunda. Por
outro lado, se uma quantidade suficientemente grande de explosivos for colocada na
lateral de um veículo, por exemplo, todo o lado do veículo pode ser destruído e criar
uma cratera muito grande no veículo, mas não necessariamente no chão.
Em grandes explosões objetivando destruir estruturas (com cargas em
veículos ou não), encontrar a cratera pode não ser uma tarefa fácil. No caso do carro-
bomba utilizado no Edifício Federal Murrah na Cidade de Oklahoma em 1995, a cratera
estava cheia e ocultada por materiais que ruíram do prédio. Entretanto, em razão de
que os suportes estruturais dos pavimentos verticais terem sido destruídos na área
imediata adjacente à cratera, o colapso dos andares superiores indicaram a localização
geral da cratera. Isto foi confirmado depois da cuidadosa escavação de edifícios caídos
naquela área. Em alguns casos os materiais caídos de edifícios de fato protegem a
cratera de maiores danos (Figura 4.1).
O carro-bomba do atentado ao World Trade Center em 1993 apresentou
outra série de problemas aos investigadores durante a inspeção inicial. Estes
problemas incluíam sérias preocupações com a segurança, pois os andares restantes
do estacionamento estavam em perigo de desabar, o piso e o teto também estavam em
perigo de colapso, a energia e iluminação da área tinham sido estruídas, muitos dos
veículos no estacionamento foram destruídos no momento da explosão quando seus
tanques de combustível pegaram fogo, e três andares do estacionamento foram
parcialmente destruídos pela explosão. Essencialmente, o que os investigadores
encontraram foi um local tipo um sepulcro muito escuro com uma grande cratera que
não podia ser vista de lado a lado. Para tornar as coisas piores, diretamente abaixo da
área onde o então descohecido carro-bomba foi detonado havia uma grande cavidade
que abrigava os sistemas de ar-condicionado e calefação do prédio. Os investigadores
tinham que considerar se o desastre foi o resultado de uma explosão lá, ou um defeito
do transformador elétrico, ou se foi outra coisa. Como resultado de componentes
pesados fragmentados de veículo (não associados com otros tipos de explosões), e
danos específicos naquela área, chegou-se à conclusão tentativa de que a explosão foi
o resultado de uma bomba. Isto foi confirmado mais tarde na investigação adicional
195
depois que os componentes do veículo que provaram esta teoria foram recuperados.
Uma nota adicional ao se fazer uma avaliação em um possível cenário de
carro-bomba: o investigador deve tentar determinar o local da bomb no momento da
explosão. Na maioria das explosões, dependendo da quantidade de explosivos
utilizados, é relativamente fácil de determinar se os explosivos estavam dentro ou fora
de um veículo no momento da explosão. Para fazer isto, depois de localizar a cratera
observe a direção dos metais "alavancados‖. Se as extermidades do metal retorcido e
fragmentado apontam para dentro, em direção de dentro do veículo, então os
explosivos estavam fora do veículo. Se eles apontam para fora do veícuclo, os
explosivos estavam dentro do mesmo (Figura 1.26 e Figura 1.27).
As crateras podem nem sempre estar presentes em explosões
envolvendo o uso de explosivos. Em tais eventos, o investigador deve então porcurar
pela ára de maior estrago (epicentro). Estes casos ocorrem quando uma pequena
quantidade de explosivos é usadoa em superfície dura; os explosivos são colocados
em outro objeto (por exemplo, móveis) que é fragmentado quando os explosivos são
detonados e como resultado não tocam nenhum material duro. Em tais circunstâncias o
investigador deve procurar a área dentro da zona de impacto que tem o maior ou mais
concentrado estrago. Considere uma explosão no canto de um cômodo onde não há
cratera aparente. As paredes, o teto, o piso e os móveis apresentarão mais
fragmentação e danos do que qualquer outro local dentro daquele cômodo (Figura 4.6).

Figura 4.6 Às vezes a cratera é muito fácil de identificar como nesta mesa no centro de uma
sala. Note os restos fragmentados da madeira da mesa por toda a área alvo, bem como
possíveis componentes do artefato explosivo.

196
Figura 4.7 Um pedaço fragmentado de fio que foi arremessado pelas forças da explosão e
ficou cravado na parede drywall (sheetrock).

Às vezes um investigador pode observar componentes fragmentados da


bomba durante sua inspeção local. Dependendo dos componentes utilizados (descritos
no Capítulo 3), estes podem incluir os recipientes externo e interno, fios,
baterias/pilhas, fragmentos adicionados e vários tipos de interruptores. Mais uma vez,
dependendo do alvo, estes componentes podem estar incrustados em paredes, tetos,
móveis, bancos de veículos ou nas vítimas, ou podem estar espalhados por todo o
cenário e podem ser facilmente observados pelo investigador (Figura 4.7).
Explosivos intactos são raramente encontrados no cenário de uma
explosão, mas, se encontrados, são uma excelente indicação de que eles foram
usados. Entretanto, a menos que seja um AEI de baixa ordem, uma carga principal de
alto explosivo gerlamente não será visível ao olho, mas sim identificada pelos esforços
de coleta dos resíduos identificados mais à frente neste capítulo. Uma exceção é o uso
de explosivos de baixa força, geralmente pólvora sem fumaça, como em bombas tubo.
A experiência pessoal tem mostrado que indiferente de quão eficiente for o iniciador,
todos os explosivos jamais são totalmente usados ou destruídos em uma explosão.
Minúsculos pedaços de pólvora sem fumaça podem ser muito difíceis de serm vistos
duarante a inspeção, mas isto não contesta sua presença. Se encontrados, eles são
geralmente identificados durante a fase da investigação de busca de evidência, que
inclui a utilização de um aspirador de pó no cenário.
A falta de um combustível apropriado no local (por exemplo, gás natural
ou propano) pode indicar que a explosão não foi uma explosão ar-combustível.

197
Entretanto, a simples falta de uma fonte combustível não deve ser o único fator
determinante para formulação de uma hipótese quanto à causa da explosão. A
ocorrência de uma explosão fora de uma estrutura ou veículo ou longe de um duto
subterrâneo é forte evidência que sugere o uso de explosivos como a possível causa
da explosão.

Características Investigativas dos Cenários de Explosão


Materiais Explosivos Gás, Vapor ou Poeira
Cratera Sem cratera
Danos localizados Todas as paredes ruem
Epicentro definido Sem epicentro
Presença de componentes da bomba Sem componentes da bomba
Presença de explosivos Sem explosivos no local
Sem gás, vapor ou poeira combustível Gás, vapor ou poeira combustível no local
Local do incidente Local do incidente
Declarações de Testemunha Declarações de Testemunha

A explosão do vapor que se expande de um líquido fervente (BLEVE) é


classificada como uma explosão que resulta em uma cratera com um epidentro
identificável, mas na qual não foram utilizados explosivos. Uma BLEVE é a explosão
mecânica de um recipiente que contém líquidos sob pressão em uma temperatura
acima de seus pontos de ebulição atmosférica (daí líquidos ferventes), que forma uma
expansão de vapor que causa a ruptura do recipiente onde estão confinados. Esta
ruptura do recipiente tal como um vagão-tanque geralmente cria uma cratera
identificável ou buraco naquele recipiente. A explosão não é alimentada por
combustível pelos vapors em expansão, indiferente se são inflamáveis ou não, mas por
uma fonte externa de calor. A Associação Nacional de Combate ao Fogo (National Fire
Protection Association - NFPA) – atravé da Edição de 2004 do Guia de Investigação de
Explosão e Incêndio (NFPA-921 - Guide for Fire and Explosion Investigations 2004 ed.)
afirma que, "Um BLEVE frequentemente ocorre quando a temperatura de um líquido e
vapor dentro de um tanque ou recipiente de confinamento é aumentada pela exposição
a um fogo ao ponto onde o aumento da pressão interna não pode mais ser contido, e o
recipiente explode. Esta ruptura do recipiente de confinamento libera a pressão do
líquido e permite que este vaporize quase instantaneamente‖. Os eventos depois da
ruptura dependem em se o líquido é inflamável. No caso de combustíveis, eles podem
pegar fogo a partir de várias fontes possíveis originanadas na explosão.
De forma a não confundir uma cratera BLEVE com uma cratera causada
pela ignição de um explosivo e vice-versa, o investigador deve considerar
cuidadosamente onde ocorreu a explosão, as circunstâncias em volta da explosão, a
evidência física e quaisquer testemunhas da explosão. Na maioria dos incidentes,
haverá pouca dificuldade em reconhecer as diferenças entre estes tipos de explosões
uma vez que uma BLEVE precisa de algum tipo de recipiente e uma fonte externa de
calor ou, como em uma caldeira de vapor, a pressurização excessiva de um recipiente.

198
As características investigativas e explosões ar-combustível, tais como
gás natural, vapores de líquidos inflamáveis mantidos em reservatórios e poeiras
explosivas, são contrárias às das explosões envolvendo explosivos. Entretanto, antes
de discutirmos tais características idenfificáveis, é necessária uma breve discussão
destes tipos de explosões. Uma explosão de gás combustível ou vapor de um líquido
mantido em reservatório se refere a uma categoria geral de explosões tipo combustão
que ocorrem como resultado da ignição de combustíveis difusos de gases (por
exemplo: gás natural, gás liquefeito de petróleo (GLP), gás de esgoro, gases industriais
e líquidos mantidos em reservatórios). Os líquidos mantidos em reservatórios incluem
vapores de gasolina, solventes e Metil Etil Centona (MEK). Explosões com poeiras
também são explosões difusas de combustível, mas ao invés de gás como
combustível, minúsculos materiais sólidos dispersos no ar pegam fogo para causar a
explosão. Estas explosões tipicamente ocorrem em espaços confinados tais como silos
para armazenamento de grãos e elevadores, instalações para produção de material e
minas subterrâneas de carvão. O combustível para estas explosões inclui uma grande
variedade de materiais tais como produtos agrícolas (grãos e farinha processada), pó
de carvão, produtos químicos pulverizados e metais (tais como alumínio, magnésio,
etc.). Normalmente, a localização física e o tipo de instalação são indicativos da causa
da explosão, melhor do que se foi usado um material explosivo ou não.
As características investigativas de explosões gás-combustível, e poeira,
incluem: (1) nenhum epicentro definido ou área de grandes danos, o que indica o ponto
de ignição do combustível; (2) não há sede ou cratera; (3) uma fonte de combustível
(gases, vapores ou poeira) no local; (4) todas as paredes desmoronam; (5)
testemunhas relatando o odor de gases; e (6) não há componentes de AEI encontrados
durante a investigação. Destas, a característica mais identificável geralmente
observada pelos socorristas iniciais e o investigador em explosões de estruturas é a
uniformidade da destruição. Isto é evidente, por exemplo, em paredes externas que na
maioria das vezes estão intactas, caídas no jardim de uma residência depois da
explosão de gás natural. Estas paredes externas podem ser de um lado da casa ou são
todas paredes externas da residência, com a maioria das parees internas de pé, mas
danificadas. Similarmente, elevadores de grãos podem ser totalmente destruídos ou
terem seus tetos arrancados pela explosão. Dependendo da fonte combustível, pode
começar incêndios como consequência da explosão. A quantidade de gás, vapor ou
poeira distribuído pela estrutura irá determinar a extensão e o local da explosão. Com
raríssimas exceções (por exemplo, explosões de nuvens de vapores externos), estas
explosões ocorrem em espaços confinados tais como estruturas e minas, que
propiciam retenção para o combustível. Explosões de nuvens de vapores externos são
geralmente causadas por vagões tanque de GLP descarrilados, que liberam gás,
vapor, ou neblina na atmosfera até que atingem o limite inflamável e pegam fogo. Na
subsequente investigação, as fontes de ignição em tais explosões são difíceis de
serem descobertas devido ao estrago resultante e ampla variedade de possibilidades.
199
Figura 4.8 O cenário de uma explosão ar-combustível dentro de uma residência. Note os
grandes pedaços de paredes externas que foram arremessados no quintal pelas forças da
explosão, enquanto que algumas as paredes internas ainda estão de pé. (Fotografia cortesia
de Ron Hopkins.)

Estas possibilidades incluem, mas não estão limitadas ao: defeito de relés em
eletrodomésticos (por exemplo, aquecedores), acender um isqueiro ou um fósforo, ou
arcos voltaicos de eletrodomésticos defeituosos (Figura 4.8 e Figura 4.9).

O resultado normalmente observado de uma explosão é o incêndio. O


problema investigativo está em tentar determinar o que ocorreu primeiro, o incêndio ou
a explosão? Ao chegar nesta conclusão, a causa do incêndio e explosão também pode
ser determinada ou, possivelmente, ser mais fácil de descobrir. O método investigativo
para responder a esta pergunta origina com uma inspeção, com incidentes em
estruturas, dos vidros das janelas ejetados de um prédio como consequência da
explosão. Geralmente, vidros contendo resíduos de fumaça indicam que o incêndio
precede a explosão. Vidro que está "limpo" de fumaça indica que a explosão ocorreu
primeiro e o incêndio depois. O raciocínio é direto. Devido aos materiais normalmente
contidos dentro de uma estrutura, os incêndios produzirão uma fumaça preta, ácida,
que deixa um depósito muito reconhecível em superfícies, especialmente janelas. Caso
um incêndio precede a explosão, o vidro provavelmente estará enegrecido com este
efeito grudado no vidro fragmentado da janela, mesmo que ele seja ejetado do prédio
durante a explosão. Entrevistar testemunhas pode ser um dos mais confiáveis métodos

200
Figura 4.9 O cenário de uma explosão ar-combustível na estrutura de uma instalação de
tratamento de esgoto. Todas as paredes do prédio desmoronaram, mas o teto, agora no chão,
está relativamente intacto. (Fotografia cortesia de Ron Hopkins.)

para determinar o que ocorreu primeiro. De fato, as pessoas são atraídas para o
incêndio, e a atenção é direcionada para assistirem a fumaça e as chamas. Em tais
situações, pode ser estabelecida uma linha de tempo muito precisa se, enquanto se
assiste ao incêndio, foi observada alguma explosão. O oposto pode ser o caso de
incidentes nos quais a explosão ocorre primeiro uma vez que a atenção das possíveis
testemunhas não está direcionada para a fonte da explosão. Os investigadores de
cenários de explosão aos quais falta experiência em investigações de incêndio devem
procurar assistência de investigadores de incêndio para determinar qual evento ocorreu
primeiro.
Finalmente, na fase de avaliação da investigação, devem-se considerar
vários fatores em carros-bomba: o veículo estava ocupado no momento da explosão?
Em caso positivo, a pessoa que estava dentro do veículo era o alvo ou foi a
responsável por detonar a bomba? O artefato explodiu prematuramente (por acidente)
ou o veículo estava sendo utilizado como recipiente para a bomba em um possível
ataque suicida? Em investigações prévias, onde um pequeno artefato (com menos de
uma libra de explosivos) foi colocado debaixo do banco do motorist, aquela pessoa era
normalmente o alvo pretendido. Em outras, onde um passasgeiro foi gravemente ferido,
e tais ferimentos estavam principalmente contidos em seu rosto, mãos, antebraços,
pés, ou nas partes internas de ambas as pernas, a explosão foi geralmente
involuntária. Esta investigação particular revelou que aquela pessoa mais severamente
ferida tinha o artefato no assoalho do veículo entre seus pés, tentanto fazer as últimas
conexões antes de entregar a bomba. Adicionalmente, como ele estava inclinado sobre
o artefato quando este explodiu e o matou, seu peito não foi danificado pela explosão,
pois estava protegido.
Neste caso, um buraco (cratera) foi perfurado através do assoalho do
veículo. Em casos nos quais o veículo não estava ocupado, o investigador deve

201
determinar se: (1) a bomba era para servir como uma mensagem ao dono em casos de
extorsão, vingança ou assédio; ou (2) o veículo estava sendo usado para esconder e
entegar uma grande bomba. Um completo entendimento do relacionamento entre as
vítimas e o cenário pode não ser possível até que o cenário seja investigado, e os
relatórios médicos e a investigação de campo sejam concluídos.
Uma vez que este processo de avaliação estiver concluído, o próximo
passo é o investigador formular um plano de como investigar o cenário. Em situações
onde uma avaliação tenha revelado que não é necessária nenhuma investigação
porque não houve, de fato, nenhum evento, o investigador deve fazer as notificações
apropriadas para tal fim e pode então deixar o cenário. Uma investigação pode ser
demandada em explosões ar-combustível; em tais casos o investigador pode passar a
investigação para terceiros como em investigações civis. Antes que qualquer
investigação possa começar, entretanto, o investigador deve considerar dois aspectos
muito importantes: (1) ele possui autoridade legal ou jurisdição para conduzir uma
investigação? (2) Como previamente mencionado, há necessidade de uma permissão,
na forma de um mandado de busca ou consentimento por escrito para conduzir a
busca no cenário do crime ou para coletar evidência? Se não tiver certeza, um
investigador deve obter a opinião legal do advogado do departmento ou de um
promotor antes de começar a busca.
Com a informação obtida durante o processo de avaliação e uma
estimativa destes dados, o investigador tem a responsabilidade de formular um plano
operacional para investigar o cenário. Uma das considerações é como evitar a
contaminação do cenário, especialmente a contaminação por resíduos explosivos.
Também precisam ser considerados os recursos (pessoal, suprimentos e
equipamentos) necessários para localizar, coletar e salva-guardar evidências no
cenário. Estes recursos e suas quantidades são totalmente dependentes no escopo e
magnitude do cenário. Alguns cenários de bombas requerem apenas recursos básicos
enquanto outros precisam de uma extensiva resposta de vários departamentos.
No que tange à contaminação por resíduos explosivos, acima de tudo, o
pessoal da investigação do cenário deve estar vestido com macacões novos ou
recentemente lavados, ou descartáveis com sapatos adequados e proteção para a
cabeça. Macacões Tyvek são excelentes escolhas uma vez que impedem uma
possível contaminação do cenário pelo investigador e protegem o investigador de
contaminantes, especialmente sangue, presentes no cenário. Se o Tyvek não estiver
disponível, então macacões limpos com proteções para os sapatos ou sapatos limpos
que não foram expostos a explosivos ou outros tipos de resíduos podem ser usados.
Depois das buscas e antes de sair do cenário, as roupas e artigos não descartáveis
devem ser removidos, coletados e colocados em um saco lacrado para transporte até
uma lavanderia comercial para limpeza. Roupas descartáveis, incluindo luvas, devem
ser coletadas, ensacadas e descartadas de acordo com a política departmental. Da
mesma forma, as ferramentas e equipamentos devem ser novos ou terem sido
202
completamente limpos depois da última vez que foram usados. Um método útil para
limpar as ferramentas e equipamentos do cenário de um crime que podem ser
submetidas à água é utilizar pulverizador de alta-pressão, normalmente encontrado em
lava jatos de automóveis. Use bastante sabão e enxágue ou lave as ferramentas com a
alta-pressão disponível na maioria destes lavatórios (Anexo D).

4.2.2.13 Recursos de Pessoal, Suprimentos e de Equipamentos


O investigador deve também determinar que pessoal e recursos logísticos
serão necessários para efetivamente investigar e coletar evidência em um cenário de
crime com bomba. No que tange aos recursos pessoais, existem certas tarefas e
responsabilidades que são essenciais em quase toda investigação do cenário de um
crime. A extensão destas responsabilidades normalmente depende do tamanho e
complexidade do cenário. De forma simples, a investigação de um carro-bomba
precisará mais pessoal do que a explosão de uma bomba ácida em uma garrafa pet de
2 litros. Como previamente discutido, pode ser que os socorristas iniciais precisem, em
razão do tamanho do cenário, investigar o cenário sem ajuda adicional. Se este for o
caso, então a maioria das tarefas e responsabilidades dos vários membros da equipe
(aqui definidas), ficarão por conta deste único investigador. Esta não é uma situação
incomum. Em outras circunstâncias, não só a equipe investigativa será juntada com
estes membros da equipe, mas posições adicionais também podem ser necessárias.
Em grandes investigações tal como os atentados ao World Trade Center de 1993 e ao
Edifício Federal Murrah é necessário a participação de várias equipes em razão da
magnitude dos cenários do crime.
Estas posições e tarefas são cruciais para garantir que a investigação do
cenário seja realizada de forma sistemática e meticulosa. Mesmo em cenários que
precisam da participação de uma equipe, não é prático ter uma pessoa para cada
tarefa. Quando os membros da equipe completam suas tarefas, eles devem ajudar os
outros membros da equipe. Adicionalmente, os membros da equipe devem ser
selecionados e treinados com antecipação no que tange aos trabalhos de todos os
tipos desempenhados nos cenários de crime, não somente em cenários de bomba.
Esperar até que ocorra um atentado com bomba para só então selecionar a equipe não
propiciará resultados ótimos. Falhar ao investigar o cenário adequadamente, qualquer
cenário, não é uma opção. Como tal, a escolha dos membros da equipe deve ser feita
com cuidado, enfatizando o interesse e uma atitude positiva nos selecionados.
Indiferente de quanto treinamento seja propiciado em um esforço de induzir um cenário
para treinamento, aqueles que carecem de motivação e de uma atitude positiva não
devem ser selecionados como membros da equipe.
Como fornecido pela publicação do FBI, Normas de Procedimento
Sugeridas para Estabelceimento de Equipes de Resposta e Coleta de Evidências
(Suggested Guidelines for Establishing Evidence Response Teams) e outros materiais
relacionados do FBI, as atribuições da equipe para a investigação de um cenário de
203
crime com bomba são: líder da equipe, fotógrafo e responsável pelo registro
fotográfico, preparador do croqui, um responsável pelo registro e custódia das
evidências, pessoal de recuperação de evidência (pesquisadores e especialistas;
pessoal específico a ser abordado mais à frente) e técnicos para descarte de bombas.
Estas tarefas e responsabilidades não são consideradas fechadas ou obrigatórias, mas
são oferecidas como uma orientação ao investigador no cenário de bomba (Anexo E).
Além do pessoal listado no Anexo E, especialistas de outros
departaments ou organizações podem ser necessários para ajudar na investigação.
Como pode haver vários interesses investigativos em um atentado com bomba, muitos
departamentos não possuem a habilidade necessária para investigar um cenário de
média ou grande escala envolvendo bombas. Estes recursos especializados podem vir
de outras agências policiais normalmente encarregadas com outras responsibilidades
de investigar incidentes com bombas, por exemplo, o FBI, a Agência de Álcool, Tabaco
e Armas de Fogo (ATF), os inspetores do Serviço Postal dos EUA e agêncais
investigativas estaduais. Adicionalmente, serviços especializados forenses além das
capacidades do departamento investigative também podem ser necessários. Quando
coordenar com especialistas não policiais, considere: (1) a competência e confiança do
especialista, (2) a capacidade do especialista em trabalhar dentro das normas de
procedimento policial no cenário, e (3) o papel do especialista testemunhar como perito
perante o tribunal. Como tal, os especialistas devem ser identificados antes que sejam
necessários, e um pré-planejamento entre a agência e estes indivíduos deve ser
conduzido para se estabelecer a melhor maneira para utilização destes recursos.
A lista de recursos especializados, tanto policiais como não-policiais, que
podem ser necessários na investigação de um cenário de bomba inclui:
Examinador médico / legista
Odontologista
Especialista em impressões digitais
Geólogo
Engenheiro etrutural
Agrimensor
Especialista forense
Químico forense
Conselheiro legal (promotor)
Depois de selecionar os recursos de pessoal, o investigador encarregado
da investigação do cenário ou a pessoa designada como o líder da equipe é
responsável pela identificação e coleta de suprimentos e equipamentos para uso no
cenário. As recomendações de suprimentos e equipamentos básicos (Anexo F) estão
baseadas no que é normalmente necessário para as investigações de cenários de
bomba e não significa que abrange tudo. Quanto maior e mais complexo for o cenário,
maior a variedade e quantidade de materiais necessários. Suprimentos e equipamentos

204
devem ser identificados, coletados (antes de um incidente), e mantidos em recipientes
duráveis para uso em um cenário. Adicionalmente, os recipientes devem oferecer
proteção contra umidade e contaminação, e devem estar em um local que propicie
pronto acesso quando uma resposta for necessária. Alguns equipamentos geralmente
necessários em um cenário pós-explosão podem ser pesados. Entretanto, devido a não
ser possível comprar este tipo de equipamento para uso emergencial, as fontes para
provimento destes itens devem ser pré-identificadas.
Não será feita qualquer tentativa a esta altura para explicar o propósito de
cada item de equipamento. Entretanto, nos procedimentos da investigação do cenário,
coleta e documentação de evidência, seus usos tornar-se-ão evidentes.
Estes recursos estão subdivididos em várias categorias: suprimentos
gerais, coleta e empacotamento de evidência, equipametos de segurança, ferramentas,
materiais especializados e equipamentos pesados (Anexo F).
Um item de equipamento ou tecnologia que pode ser extremamente útil
na investigação de um cenário maior é o detector de explosivos. Ao investigar um
cenário maior, é útil ter químicos forenses no local para conduzirem uma análise
preliminar de explosivos ou resíduos de explosivos que podem estar presentes em
várias evidências coletadas. Esta presumível análise, sempre seguida por uma análise
laboratorial mais rigorosa, propicia informação instantânea quanto ao tipo de explosivo
que pode ser sido usado. Esta rápida análise pode ser usada como pista investigativa
ou para corroborar informação desenvolvida na investigação de campo. Instrumentos
mais recentes como o detector de explosivos são bem portáteis e podem ser
prontamente enviados abordo de aeronaves como bagagem. Durante a investigação da
queda do voo 800 da Trans World Airlines (TWA) no dia 17 de julho de 1996, foi
montado um laboratório de campo onde os componentes fragmentados do avião
estavam sendo inventariados e fnalmente reagrupados. A investigação visava
determinar o que causou a queda do avião Boeing 747 depois que o mesmo atingiu
4000 pés depois da decolagem do aeroporto John F. Kennedy em Long Island, Nova
Iorque. A hipótese inicial incluía determinar se a aeronave poderia ter sido atingida por
um míssel terra-ar, ou talvez se uma bomba detonou a bordo. O laboratório de campo
examinou centenas de componentes da aeronave em um esforço para encontrar
alguma evidência de explosivos ou resíduos de explosivos. Diferentemente da
investigação do atentato ao voo 103 da Pan American sobre Lockerbie, na Escócia, no
dia 21 de dezembro de 1988, não havia "evidência incontestável" alguma aparente. Isto
é, não havia evidência física identificável apontando para uma explosão ou bomba no
avião. Sem este laboratório de campo portátil, inúmeros components do Boeing 747
teriam sido transportados em caminhões até o laboratório do FBI para análise de
resíduos. Entretanto, esta análise presumível revelou resíduos de explosivos em vários
componentes. Uma subsequente investigação de campo identificou que a possível
fonte destes explosivos eram resíduos de um exercício para treinamento para cães
detectores de explosivos. A Agência Nacional da Segurança dos Transportes - National
205
Transportation Safety Board (NTSB) – concluiu que a causa da queda foi uma explosão
dentro do tanque de combustível central do avião. A fonte de ignição não foi
positivamente identificada, mas foi indicada como uma faísca elétrica dos cabos
elétricos dentro do tanque de combustível.
A maioria das agências investigativas municipais não possui recursos
portáteis para análise ou as responsabilidades (jurisdição) para investigar grandes
cenários de bomba. Como tal, este tipo de assistência investigativa pode ser solicitado
de outras agências investigativas tais como o FBI ou a ATF quando julgada necessária.

4.2.3 Entrando no Cenário (Investigação do Cenário)


Antes que a equipe investigativa entre de fato no cenário com o propósito
de iniciar a investigação, devemos rever o que foi abordado até este ponto. Primeiro, o
investigador foi requisitado para responder ao que se acreditava ser uma explosão. Na
chegada do investigador, foram feitas introduções pelo comandante em cena, os
socorristas iniciais e o policial encarregado pela segurança de ordem a determinar as
ações dos socorristas e obter informação sobre todo o pessoal identificado e
documentado por estar no cenário. Após estas discusses, o investigador fez um
processo de avaliação inicial em um esforço de determinar se o cenário de fato existe,
e em caso positivo, de que tipo. Com informação de que o cenário parece ser genuine
e que foi possivelmente causado por um artefato explosivo, the investigador ajunta a
equipe e os diversos recursos logísticos para a investigação. Se o investigador tem
pessoal e recursos suficientes, estes devem ser organizados para atender às
necessidades investigativas daquele cenário particular.
Antes de entrar no cenário, alguns itens devem ser considerados. O líder
da equipe deve reavaliar os limites internos e externos, rever os procedimentos de
proteção e segurança, estabelecer atribuições específicas, elencar as prioridades
investigativas, estabelecer ou continuar os registros de entrada e saída e a
documentação narrativa, e passar instruções (um briefing) com a equipe.
Adicionalmente, a extensão que um cenário deve ser documentado com fotografia,
vídeo e diagramas, precisa ser determinada antes da entrada.
Como previamente mencionado, os limites devem ser avaliados durante o
decorrer da investigação do cenário. Uma avaliação antes da entrada dos
investigadores ajudará à equipe investigativa e os responsáveis pela segurança do
cenário. Certamente, a área de busca deve ser apenas grande o necessário para
economizar recursos de pessoal. Da mesma forma, se uma evidência ou fragmento for
localizado fora do perímetro interno, indicando que os limites foram muito
conservativos, então a área deve ser expandida. Considerando que a segurança dos
membros da equipe e de outros que podem estar trabalhando dentro do cenário é de
tremenda importância, a proteção do local deve ser avaliada antes da entrada e
durante o processo investigativo. Devem ser feitas mudanças nas necessidades de
proteção em explosões em estruturas, onde o prédio pode continuar enfraquecendo e
206
perder a integridade estrutural, culminando em um colapso. Veículos que não estão
vazando combustível durante a avalização inicial podem de repentemente, sem aviso,
começar a vazar. Nesta era de terroristas, os criminosos não só plantam artefatos
secundários para matar os socorristas iniciais, mas também os têm na mira à distância,
como atiradores de elite. Deve ser considerada toda contramedida antes da entrada da
equipe. Se este tipo de situação for cogitado como existente, equipes de segurança
armada, baseada em terra e no ar, devem ser posicionadas em volta do local da
explosão para engar o acesso a pretensos atiradores e outros que podem prejudicar os
investigadores.
A importância de se proteger o cenário que contém bomba visando
impedir bombas adicionais não pode ser exagerada, especialmente para impedir a
observação direta do local por um pretenso terrorista planejando iniciar uma bomba
remotamente controlada depois da chegada dos socorristas e investigadores. Estes
tipos de ataques e artefatos secundários têm sido usados por terroristas em vários
incidentes no Oriente Médio e outros locais.
Este tópico será discutido com profundidade mais à frente, porém o
investigador (se já não começou) deveria começar a documentação inicial do cenário
com fotografia e croqui. Gravar em vídeo é outra forma de documentar o cenário. Uma
série de fotografias, que o representam como ele se parecia antes da entrada, é útil.
Estas fotografias devem ser tiradas a partir do perímetro interno e devem incluir uma
vista de 360° do cenário. Se aplicável, as fotografias aéreas devem ser tiradas a partir
de uma aeronave, de edifícios próximos ou da escada estendida do caminhão de
bombeiros. Fotografias aéreas propiciam uma perspectiva singular e complementam os
diagramas do cenário. Diagramas documentam o cenário inicial no que tange à sua
localização em um específico imóvel. Em outras palavras, uma estrutura em uma rua
específica deve relacionar-se com outras estruturas reconhecíveis, da mesma forma
que um veículo em um determinado local deve se relacionar com o ambiente. O
registro em vídeo para documentar um cenário está se tornando um padrão em muitos
departamentos pelos EUA. Entretanto, ao usar este meio é recomendado que o áudio
esteja desabilitado. Esta recomendação é feita porque o barulho de fundo e conversas
paralelas durante a gravação do cenário podem distrair a atenção da equipe
investigativa da descrição fotográfica do cenário. Na maioria dos cenários existem
muitas atividades simultâneas (tráfego de veículo, equipes de busca, barulho de
equipamentos pesados, e daí por diante) ao mesmo tempo em que os investigadores
estão no cenário. A presença de barulhos estranhos pode causar muita distração caso
a gravação venha a ser necessária em procedimentos judiciais.
Durante o repasse de instruções para a equipe (no briefing), o líder da
equipe deve atribuir tarefas a cada membro da equipe e estabelecer prioridades
investigativas. Deve estar bem claro, quem deve fazer o que, em que ordem, e qual é o
propósito da investigação. Considere o líder da equipe que diz, "Bem, vocês sabem o
que fazer, façam o seu trabalho‖, e então deixa os membros da equipe perambulando
207
pelo cenário sem uma pista de o que deve ser feito. De fato, não se conseguiria muita
coisa, certo? Como exemplo, em um carro-bomba na entrada de uma residência onde
uma vítima foi ferida e depois levada ao hospital, os membros da equipe devem ser
instruídos a começar várias tarefas. Os pesquisadores podem ser divididos em equipes
para conduzirem uma busca inicial do veículo para determinar onde ocorreu a explosão
e se parece ser uma explosão de artefato explosivo (note que nós não sabemos a esta
altura se foi intencional ou não-intencional, acidental ou criminosa, relacionada com
explosivo ou não). A equipe de documentação deve ser atribuída para diagramar e
fotografar o cenário a partir do perímetro interno. Devem ter sido delegadas
responsabilidades às pessoas, de forma que elas saibam o que fazer.
O líder da equipe deve assegurar que cada membro da equipe
investigativa tenha vestido macacões protetores limpos, luvas adequadas e sapatos ou
botas limpos. Adicionalmente, as ferramentas devem ser novas ou terem sido
completamente lavadas depois da última vez que foram usadas, e os suprimentos de
coleta (itens nos quais as evidências serão colocadas e guardas, por exemplo, sacos
ziplock, latas, etc.) devem ser novos e não usados previamente. Se for possível e
estiver dentro do orçamento do departamento, devem ser usados macacões Tyvek
novos com coberturas para os sapatos. Contudo, macacões limpos e reutilizáveis são
aceitos. O uso de Tyvek ou outros tipos de roupas protetivas serve a dois propósitos. O
primeiro é impedir que o cenário seja contaminado com materiais externos, que poderia
suscitar dúvidas acerca da integridade da evidência e impedir que a mesma seja
utilizada em procedimentos judiciais. O segundo é impedir a tranferência de materiais,
especialmente micro-organismos causadores de doenças, ao investigador e ao
ambiente, por exemplo, escritório, veículo ou casa. Como tal, os investigadores devem
evitar usar tais roupas e sapatos em particular, fora de um cenário. Imagine um cenário
de bomba no qual um investigador esteja trabalhando e que tenha tecidos de corpo e
sangue por toda parte. Os investigadores podem caminhar pelo cenário coletando tais
materiais com sapatos desprotegidos. Se seus sapatos não forem trocados antes de
eles chegarem a suas casas no final do dia, eles podem contaminar seus lares e
famílias com materiais potencialmente prejudiciais. Proteja a si próprio, sua família e
outros, do que você inadvertidamente toca no cenário.
Adicionalmente, o líder da equipe deve designar um dos pequisadores
para coletar resíduos de explosivo com o swab (técnicas específicas serão discutidas
mais tarde). Em um cenário de explosão, haverá itens não-porosos muito grandes ou
pesados para serem coletados e removidos do cenário para exames laboratoriais.
Estes incluem components de veículos (portas, grandes fragmentos de metal, etc.),
veículos adjacentes, paredes externas e fachadas de edifícios. Os materiais de
estrutura interior incluem paredes, tetos, mobílias, eletrodomésticos e grandes peça de
pavimento. Uma vez que aplicar o swab em busca de resíduos visa recuperar
evidência, o pessoal vestindo macacões Tyvek novos e luvas deve fazer esta coleta no
início da investigação. Isto garantirá que as amostras coletadas não estão
208
contaminadas com materiais de fora do cenário.
Durante o repasse de instruções para a equipe, o investigador deve
lembrar aos membros da equipe a não esquecerem o fundamental. O cenário deve ser
tratado como um cenário total de crime e não apenas um cenário de bomba. Os
mebros da equipe não devem desconsiderar outros fatores na investigação de um
cenário. Isto inclui marcas de uso de ferramentas, impressões de pneus e pés,
impressões digitais e evidência rastreável (incluindo DNA em bonés, chapéus, gorros e
roupas, e a presença de sangue de um possível suspeito). Se não familiarizados com
este tipo de evidência, deve ser provida assistência por pessoal forense especializado
nestas áreas. Entretanto, o melhor curso de ação é procurar e receber treinamento
acerca dos métodos de identificar e coletar tal evidência.
Por fim, o líder da equipe deve mais uma vez considerar que autorização
legal é necessária para que a equipe conduza uma investigação do cenário. Isto
envolve muitos fatores, incluindo tempo, e questões tais como: (1) Quanto tempo se
passou desde o momento do incidente ocorrido até a resposta do investigador? (2) O
cenário foi protegido depois da chegada dos socorristas iniciais? (3) O cenário foi
descoberto ou houve uma chamada para a emergência (911) pedindo ajuda? (4) O
cenário está em uma área rural? (5) O cenário está em terras estaduais ou da União?
O investigador deve estar ciente das normas de procedimentos departamentais e ser
aconselhado por uma autoridade legal competente. Quando estiver em dúvida, peça
permissão ou obtenha um mandado de busca.

4.2.3.1 Entrando no Cenário


Considerando a organização acima mencionada dos membros da equipe
e suas responsabilidades, o cenário pode muito bem ser investigado por um só
investigador que pode ter inicialmente sido o socorrista inicial. Em tais circunstâncias, o
investigador estará abarcando diversas atribuições, uma vez que as responsibilidades
incluirão as de pesquisadores de evidência, documentação do cenário, e daí por diante.
Embora a investigação esteja sendo conduzida por uma pessoa, todas as tarefas e
responsabilidades dos vários membros da equipe devem agora ser realizadas por um
só investigador. No curso do processo investigativo, a introdução de uma equipe deve
ser feita assim que for possível e apropriada.
Agora que de fato entramos no cenário designado seguindo a rota
identificada pelo uso de fitas coloridas brilhantes, devemos estar cientes da possível
existência de fragmentos ou evidência nesta rota. Isto pode não ser um problema uma
vez que o líder da equipe pode ter limpado esta rota antes da entrada da equipe
investigativa. Agora precisamos entender os requisites para localizar evidência no
cenário de bomba. Especificamente, onde nós encontramos evidência no cenário de
bomba, como nós encontramos esta evidência, como a coletamos e a guardamos, e
como nós documentamos o cenário?
4.2.4 Documentação do Cenário de Explosão
209
Um cenário de explosão ou bomba é registrado usando três formas gerais
de documentação: (1) todas as formas de documentação escrita e registros, (2)
fotograrfia (raios-X técnicos da bomba), e (3) croquis e diagramas. A documentação
escrita, comumente chamada de notas de campo, inclui, mas não está limitada aos:
registros de controle de acesso, planilhas ou registros administrativos, descrição
narrativa, relatórios de entrevista (das reais testemunhas do incidente e outras),
registro da recuperação de evidência, registro fotográfico e registro da coleta de
impressões latentes.
O registro de controle de acesso propicia dados de todo o pessoal que
entra no cenário. Ele é inciado pelos socorristas iniciais ou o primeiro investigador que
chega ao cenário e detalha não só quem estava no cenário, mas o horário de chegada
e saída desta(s) pessoa(s). Alguns registros deste tipo podem também detalhar o
motivo de uma pessoa ter entrado no cenário, tais como fazer uma investigação
preliminar ou para coletar evidência. Entradas devem ser detalhadas e, como um
exemplo, devem refletir a saída de pessoal do cenário para fazer lanche, mas não as
saídas momentâneas fora dos limites do cenário. Os registros de controle de acesso
devem ser mantidos em períodos de 24 horas em investigações prolongadas e novos
registros devem ser instituídos, conforme necessários. Estes registros tornar-se-ão
parte do registro permanente da investigação (Anexo C).
A informação contida no registro ou planilha administrativa (Anexo G) é
uma coleta dos dados relativos à organização básica das atividades investigativas
realizadas no cenário. Adicionalmente, ela provê detalhes específicos relacionados ao
local do incidente, um identificador do caso, a data do incidente e quem estava no
cenário quando da chegada do investigador ou da equipe investigativa. Havia
segurança estabelecida quando eles chegaram? Em caso positivo, então quem a
estava provendo? E daí por diante. O registro que aparece no Anexo G detalha dados
específicos necessários para dar suporte aos esforços investigativos e foi preparado
para garantir que tais detalhes não sejam omissos. Não é uma exigência em se utilizar
este registro específico em todas as investigações. Entretanto, ele propõe o que deve
ser a quantidade mínima de informação necessária para a documentação de todo
cenário. Adicionalmente, muias destas perguntas estão incluídas em específicos
relatórios de documentação de incidente/ocorrência. Ao rever este registro, uma
pessoa perceberá que muita da informação solicitada é auto-explicativa. Entretanto,
outras seções podem não ser tão diretas. Sob o título "Elementos de um Cenário –
Descrição Geral‖, os dados solicitados aqui são uma breve narrativa que descreve o
cenário – aplicável para uma explosão em uma estrutura, veículo ou área deserta.
Entretanto, dados relativos ao local da explosão devem ser coletados durante a
investigação do cenário. No que tange às estruturas, é necessária uma descrição
específica e seu uso, tais como residencial (lar de uma única família, casa geminada,
apartamento), comercial (tipo), ou ambos, características da construção e materiais, em
que local da estrutura ocorreu a explosão, e que outras estruturas ou materiais foram
210
afetados pela explosão.
Investigações de veículos precisam dos dados de identificação, incluindo,
porém não limitados à marca tipo, cor, placas, nº do chassi, local específico do veículo
e possíveis danos colaterais à área em volta do veículo. Áreas externas incluem
imóveis em geral, que não têm estruturas que foram alvos da explosão.
A seção de planilhas intitulada "Inspeção Preliminar/Avaliação da
Evidência" se refere aos resultados da investigação preliminar conduzida por um
investigador. O espaço reservado no formulário apresentado pode não ser suficiente
para registrar todos os dados obtidos naquela inspeção.
A seção intitulada "Situações ou Condições Especiais" certamente se
aplicaria a m cenário de bomba. As descobertas registradas nesta área incluem, mas
não estão limitadas a: se o cenário parece ser o resultado de uma explosão ou bomba,
os riscos identificados no cenário, as medidas que serão adotadas para amenizá-los,
se a entrada no cenário é conveniente/recomendável, tendo em mente os riscos
identificados, o nível de equipamentos de proteção necessários para a entrada, a
presença de e/ou rompimento de artefatos secundários ou explosivos não consumidos,
condições de clima adverso, se o cenário deve ser ou será levado para outra área e
porque, preocupações com a segurança do pessoal (de perigos ainda não
identificados), e daí por diante.
A seção "Conferência do Cenário do Crime" se refere ao encontro entre o
líder da equipe e membros da equipe investigativa e conferências entre líderes de
equipe e seus supervisores. Durante o curso da investigação do cenário pode haver
várias conferências, tanto formal como informal. Esta é a chance para o líder da
equipe, como previamente detalhado, dar instruções para a equipe e estabelecer
objetivos investigativos. As conferências também propiciam aos membros da equipe a
oportunidade de atualizar ao líder da equipe os resultados da investigação do cenário.
Esta informação deve ser registrada antes que seja esquecida no labirinto das
atividades investigativas.
Os requisitos para a "Inspeção Final" serão descritos mais à frente neste
capítulo. Entretanto, os resultados da inspeção final confirmando que todos os
materiais encontrados foram coletados, documentados e guardados para transporte ao
departmento ou laboratório estão aqui registrados. Adicionalmente, qualquer outra
informação importante relacionada ao cenário é registrada aqui antes da partida. Isto
pode incluir a identificação de riscos no cenário (sangue, tecido corporal, integridade
estrutural, etc.) e se alguém foi notificado acerca destes rsicos. Consequentemente,
dentro da seção relacionada, se alguém de autoridade tal como o proprietário ou
agente de segurança pública estiver no cenário quando toda a atividade investigativa
for concluída, então o nome desta pessoa deve ser registrado como a pessoa para a
qual o cenário foi entregue/liberado.
O registro administrativo é essencialmente a linha do tempo da atividade
investigativa conduzida no cenário. Ela é inciada com a chegada do
211
investigador/equipe e termina com a partida destes. É responsabilidade do líder da
equipe garantir que os horários e datas como constantes neste registro coincidam com
as datas e horários do registro de controle de acesso. É relativametne fácil registrar
uma diferença de horários mesmo que ela possa ser somente em minutos. Também,
não use um registro sobre o outro; use ambos, uma vez que eles são para propósitos
diferentes, embora relacionados. A especificidade deste registro geralmente depende
do investigador, mas deve registrar dados pertinentes relacionados com: a chegada da
equipe; conclusão da avaliação do cenário; horários e temas de conferências entre
membros da equipe e superiores; horários de entrada no cenário para o propósito de
coletar evidência; horário, circunstâncias e importância da evidência encontrada;
horários e circunstâncias do estabelecimento de diretrizes investigativas fora do cenário
e seus resultados (caso completadas durante o processamento/investigação do
cenário); e quaisquer outras eventos importantes da investigação do cenário. Se
necessário e para qualquer propósito legal, este registro deve permitir ao investigador
em reconstruir precisamente as atividades investigativas conduzidas sob sua
orientação no cenário de uma explosão/bomba.
A descrição narrative (Anexo H) é o registro que propicia um formato pelo
qual se pode preparar um relatório escrito, na forma narrativa, que engloba toda a
investigação do cenário. Este formato permite ao investigator juntar todas as outras
informações registradas (linha do tempo, registro administrativo, resultados e
importância da investigação do cenário, etc.) em um meio, para um relatório de
atividade conciso e de fácil entendimento. Alguns podem descrever a narrative como
uma apresentação escrita para "conectar os pontos" e explicar o que foi feito durante a
investigação do cenário. A narrativa não é usada para substituir outras formas de
documentação, mas as complementa.
O registro de recuperação de evidência demonstrado no Anexo I é uma
das mais importantes, senão a mais importante, formas de documentação escrita de
um cenário. Ele é usado para registrar/documentar a coleta de evidência durante a
investigação do cenário, ou é mais comumente chamado como "processamento do
cenário" e é o primeiro passo para estabelecer a cadeia de custódia de todos os
materiais recuperados. Este registro deve ser legível e preciso se a cadeia de custódia
tiver que ser mantida.
A cadeia de custódia é o histórico cronológico de cada item de evidência
desde o momento da descoberta até a disposição final. Em outras palavras, registra,
desde a hora em que o item foi encontrado no cenário, todas as mãos e locais que ele
passou (incluindo armazenamento e o laboratório) até por fim chegar ao tribunal para
ser apresentado em um jugamento. Depois do julgamento a evidência pode ser
armazenada novamente, ou, e somente de acordo com instruções escritas pelo
tribunal, i.e., o juiz, ela pode ser destruída – sua disposição final.
A cadeia de custódia é responsável por lançamentos neste registro, que
também documenta onde a evidência foi encontrada, que a encontrou, como ela foi
212
empacotada e uma breve descrição dos itens encontrados. Sem este registro e seus
lançamentos precisos, não há forma para os investigadores prestarem contas da
evidência para garantir a manutenção de sua integridade até que a mesma seja
necessária para procedimetos oficiais.
Dependendo da extensão do cenário e o tempo necessário para coletar a
evidência, pode haver necessidade de mais de um guardião de evidência, ou no fim do
dia, várias equipes de busca precisarão trazer suas evidências até um local central
para inventário. Se for utilizado mais de um guardião de evidência, deve-se ter cuidado
para evitar a duplicação da numeração dos itens. Por razões óbvias, isto pode criar um
pesadelo ao tentar prestart contas da evidência.
Em razão da importância do registro de recuperação de evidência, cada
coluna deste formulário precisa ser explicada.
A parte superior to formulário é auto-explicativa, como local do incidente,
data, nº do caso (pode não ser conhecido imediatamente), preparador (guardião da
evidência), e pessoal de busca por nome e iniciais da amostra. Como declarado, é
necessário um registro contínuo para os esforços de busca/coleta no cenário.
Entretanto, se a investigação faz com que o pessoal investigativo se distancie do
cenário imediato, tal como ir a um hospital para recuperar fragmentos da bomba em
uma vítima, um novo registro de recuperação de evidência deve ser instituído. Não
insira estes tipos de evidências no registro do cenário.
O ‗número do item‘ é uma numeração em ordem cronológica, atribuído
pelo guardião da evidência a cada item recuperado. A título de explicação, este número
é geralmente afixado no recipiente que guarda o item, ou itens de evidência, uma vez
que os recipientes tais como sacos plásticos do tipo zip-top, podem conter várias peças
de evidência, ou numa etiqueta que geralmente é anexada à uma única peça de
evidência. Maiores explicações a respeito dos procedimentos de coleta e
empacotamento serão dadas mais tarde. O número do item não se refere a onde o item
foi encontrado. É de fato um número de inventário para prestação de contas,
começando com o número 1 e continuando até que todas as evidências tenham sido
resgistradas. Ao escrever os números nos recipientes de evidência, o guardião deve
usar um marcador permanente, depois cobrir o número com uma tira de fita plástica
transparente para evitar manchas inadvertidas (borrão) ou sua remoção.
A ‗descrição‘ diz respeito a aquilo que a evidência parece ser, não
necessariamente uma descrição exata. Alguns exemplos: fio, fragmentos de metal,
madeira fragmentada, miscelânea de fragmentos, e fita. Alguns lançamentos podem ter
a mesma descrição, o que é aceitável.
A seção ‗Onde encontrada‘ é o local dentro do cenário onde a evidência
foi encontrada. Normalmente isto não é um nome, mas uma letra, número ou série de
letras e números designados pelo líder da equipe, guardião da evidência, ou o artista
que faz o diagrama/croquit. A informação ―onde encontrada‖ é registrada no recipiente
da evidência ou na equiqueta por quem a encontrou, e não pelo guardião da evidência.
213
Os métodos para estabelecimento de locais identificados por letras e números serão
abordados mais à frente.
A seção ‗Recuperado por‘ é a pessoa que econtrou a evidência. Este
registro pode ser um nome completo ou as iniciais da pessoa. Entretanto, ao usar as
iniciais, os nomes das pessoas da forma que aparece na seção relativa ao pessoal na
parte superior deste formulário, dever mostrar as iniciais perto dos nomes. Em cenários
onde todos se conhecem, isto não é um problema. Entretanto, quando se utiliza
múltiplas equipes, as iniciais das pessoas podem não se totalmente legíveis ou
associadas com uma pessoa específica. É uma boa prática designar dois membros da
equipe para "encontrar" a evidência, pois alguém pode estar indisponível durante
algum procedimento legal futuro.
A seção ‗foto‘ indica "sim" ou "não‖, i.e., se foi tirada uma fotografia da
evidência. As diretrizes para fotografias no cenário de bomba serão discutidas mais
tarde.
A seção ‗marcas‘ procura dados de como a evidência é marcada pelo
descobridor ou guardião. Marca direta indica que foram feitas marcas de identificação
em um específico item de evidência. Este procedimento pode ser usado para itens de
evidência muito grandes, mas seu uso é desencorajado em vista da real possibilidade
das marcas destruírem outros tipos de evidência naquele item, como por exemplo,
impressões digitais latentes. O melhor método é a marca indireta, que coloca a
informação de identificação no recipiente ou uma etiqueta anexada à evidência. As
etiquetas são geralmente usadas para grandes pedaços de evidência, por exemplo, o
eixo de um veículo. A informação que deve ser incluída no recipiente ou etiqueta inclui,
no mínimo, o nome ou iniciais de quem encontrou a evidência, data, local e nº do caso,
todas aplicadas com um marcador permanente e cobertas com fita transparente.
O ‗método de empacotamento‘ se refere a como o item de evidência
relacionado com este número foi empacotado. Exemplo: uma lata de metal, jarra, saco
plástico zip-top, ou saco de papel. Ao manusear grandes volumes de evidência, isto
auxilia grandemente a encontrar o pedaço específico tal como "Estamos procurando
pelo item nº 401, contido em uma lata de 1-galão de tinta‖.
Por último, ‗comentários diversos‘ se refere a qualquer coisa que surge
como sendo de particular interesse relative a determinado item de evidência. Não é
necessário completar esta seção para cada item inserido no inventário, mas ela pod ser
útil ao narrar a busca de um possível item crítico, tal como, o fragmento do detonator.
O ‗registro de impressões latentes‘ pertence à identificação e remoção
(levantamento) de impressões digitais latentes ou patentes, as quais requerem
treinamento e habilidade especializados não abordados neste documento. Quando as
impressões são coletadas, um registro, similar ao registro de recuperação de evidência,
deve ser usado paa documentar a coleta. O anexo J representa um típico registro para
coleta de impressões latentes usado para este propósito. A maior parte dos dados
necessários é auto-explicativa, sendo atribuídos a várias coletas o número de
214
inventário, a data, por quem e a pessoa que testemunhou a coleta, fonte, (ou de qual
objeto foi colhida a amostra) e comnetários adicionais, se apropriado. As seções na
parte superior do registro requerem dados específicos ao caso, a data e os nomes do
pessoal envolvido no processo de coleta.
A seção ‗Relatórios de entrevista‘ é preenchida uma vez que as
anotações de uma entrevista de testemunha, ou potenciais suspeitos, são
subsequentemente transcritas em um formato mais formal. O format é baseado em
diretrizes de um departamento ou autoridade legal. Estas entrevistas e a identificação
específica das pessoas sendo entrevistadas, ambas conduzidas no cenário e durante a
subsequente investigação de campo, são cruciais para a investigação. Não será feita
tentativa alguma neste trabalho para detalhar a natureza específica de como entrevistar
ou as técnicas empregadas no interrogatório de potenciais suspeitos da investigação.
Como com outros tópicos deste livro, muitos recursos excelentes estão disponíveis
para aqueles que necessitem de informação adicional sobre este tópico.
Dois formulários adicionais de documentação ou registros escritos são
utilizados para documentar o cenário, o registro fotográfico e o croqui do cenário.
Ambos estão incluídos nas seções seguintes, fotografia e diagramação.
Como diz o ditado, "uma imagem vale mais que mil palavras‖, o uso de
fotografias é integrante da documentação da cena com bomba, junto com a
documentação escrita e os diagramas. Nenhuma tentativa será feita enste capítulo, ou
para tal propósito em qualquer capítulo deste livro, para descrever as várias técnicas
de fotografias usadas para obter fotos de qualidade ou os mecanismos de operação da
câmera. De fato, muitos livros e artigos excelentes foram escritos sobre fotografia da
cena do crime, tipos e formatos de câmeras, uso de luz, velocidade do diafragma,
seleção de pontos (f-stop) e muito mais. Atnes, esta abordagem bem resumida focará
os requisites gerais da fotografia do cenário de crime com especial ênfase no cenário
de explosão/bomba.
A fotografia do cenário do crime é a representação pictórica, sistemática
das características pertinentes ao cenário como "visto" pelas lentes de uma câmera.
Simplesmente, um registro visual. De fato, tirar fotos é uma coisa, mas documentar
fotograficamente o cenário de uma explosão para exposição lógica e convincente a um
promotor ou júri é outra. A documentação fotográfica deve ser bem concebida. Uma
série mal organizada, executada e exposta de fotografias tem o potencial de afetar
adversamente o sucesso dos outros esforços envidados na investigação do cenário do
crime. O propósito da fotografia do cenário do crime não é somente documenta-lo, mas
também refrescar a memória do investigador no futuro.
Dependendo dos recursos e políticas do departamento, a filmagem ou
fotos digitais, ou ambos, podem ser usados para fotografar o cenário. Ao planejar e
executar os objetivos fotográficos estabelecidos pelo líder da equipe, várias fotos
devem ser tiradas para ilustrar as características originais, não contaminadas do
cenário e subsequente esforços de processamento e coleta. Sempre tenha em mente
215
que o custo do filme jamais deve sobrepujar o enorme valor da perfeição. Fotografias
digitais, até certo ponot, economizam o custo da compra de filme e processamento de
todas as imagens tiradas. Via de regra, sempre que houver dúvida se uma foto foi
tirade, a solução é simplemente tira-la! Com as fotografias tiradas e processadas, todos
os negativos originais, fotografias e meios de armazenamento (discos graváveis para
câmeras digitais) que são representados pela informação no registro fotográfico devem
ser retidos, até mesmo aquelas fotos que não atingiram os níveis de sucesso desejado
em termos de luz, nitidez e outros parâmetros. É imperativo que a evidência fotográfica
(sim , suas fotografias e materiais correlates são evidências) devem ser ter a mesma
preservação e proteção como qualquer outra forma de evidência física.
Todas as fotografias tiradas do cenário devem passar em um teste de
admissibilidade legal; essencialmente, se elas representam precisamente o cenário.
Mais especificamente, os padrões gerais aceitos usados para precisar a credibilidade
das fotografias são se as fotos satisfazem critérios específicos:
1. Uma representação precisa do cenário ou de determinado item
2. Livre de distorção
3. Material e relevante
4. Imparcial
A representação precisa do cenário pela fotografia é geralmente
afiançada pelo fotógrafo ou investigador pelo provimento da autenticação da foto ao
declarar que a mesma, de fato, oferece uma representação precisa do cenário ou do
item sendo discutido. A distorção da fotografia não implica necessariamente uma foto
fora de foco, mas se refere ao ponto de vista incorreto, falta de perspectiva e
problemas de tom/coloração. Essencialmente, ao controlar a perspectiva da foto, o
fotógrafo pode criar uma variedade de inferências incorretas, as quais não têm relação
com o cenário sendo representado. Problemas de perspectiva se referem à distância e
tamanho dos itens associados com uma representação bidimensional do cenário. Daí,
a razão de croquis e desenhos dos cenários também serem muito importantes. Os
tópicos de material e relevância dizem respeito à apresentação perante o tribunal. A
foto é relevante em relação ao case perante o tribunal? Fotografias imparciais também
podem cair na categoria de retratadas como demasiadamente inflamatórias, para
chocar o tribunal (jurado) e influenciar uma falsa convicção. Se uma fotografia for
considerada para representar somente a horrenda natureza do cenário visando
estimular as emoções do espectador, então seu potencial de influenciar o espectador
pode ser mais importante que seu valor.
Normalmente, precisa-se de duas pessoas para fazerem a documentação
fotográfica, o fotógrafo e o assistente do fotógrafo, que mantém o registro fotográfico.
O registro fotográfico (Anexo K) propicia a organização das fotografias.
Essencialmente, depois da retirada de centenas de fotografias de todos os ângulos, é
quase impossível se lembraar ou distinguir qual foto é o quê. Portanto, é dever do
assistente preparar um registro para inventariar as fotografias tiradas do cenário.
216
Adicionalmente, também é uma boa prática preparar um croqui, independente do
diagrama, do cenário e indicar o ponto de vista da câmera e de onde cada fotografia foi
tirada. Para distinguir os específicos locais de pontos de vistas, as marcações devem
ser com tinta colorida. Este croqui deve ser separado do registro, porém usado em
conjunto com o mesmo (Figura 4.10).
A informação na parte superior do registro é auto-explicativa; a coluna de
nº da fotografia se refere à fotografias em sequência numérica, começando com o nº 1.
Se for utilizado filme, o primeiro número deve ser 1.1 para indicar rolo de filme nº 1,
fotografia nº 1, 1.2, e daí por diante até que o rolo acabe. O rolo 2 seria nº 2.1, 2.2, e
daí por diante. Deve ser usado um registro fotográfico distinto para cada rolo de filme
para reduzir qualquer confusão. Os registros de fotografias digitais – a menos que seja
utilizado mais de um disco para armazenamento – podem iniciar com um único número
e continuar até ser completado.
O uso de uma escala de medidas é opcional dependendo do tipo de
fotografia sendo tirada. Se uma foto for tirada de certa distância, uma escala não seria
visível na foto. Entretanto, como exemplo, uma escala mostrando o tamanho e
profundidade de uma cratera causada por bomba poderia ser usada em fotos de média
a curta distância da cratera. Dois conjuntos de fotografias devem ser tirados quando se
usa escalas, uma com a escala e outra sem a escala. A razão para isto é o
procedimento estranho de alguns tribunais têm regulamentado que o uso da escala na
fotografia não é uma "representação precisa do cenário‖. Tirar ambos os conjuntos de
fotografias propicia uma documentação de medida enquanto preserva a exigência de
que todas as fotografias a serem consideradas como evidência no tribunal devem
"representar precisamente o cenário ou o item sendo considerado‖. A seção de
‗comentários diversos‘ pode ou não ser usada para cada foto. Esta seção é utilizada
para chamar a atenção para uma fotografia específica de particular interesse. Não é
necessário, a menos que exigido pela política departamental, documentar a fonte de
luz utilizada, a distância da câmera ao objeto, profundidade focal das lentes, velocidade
do diafragma e abertura das lentes para cada fotografia. Entretanto, o tipo de câmera e
filme ou meio de armazenamento devem ser anotados.
O fotógrafo começa a documentação fotográfica a partir de fora do
cenário, ao fotografar toda a área antes de entrar para processamento de evidências.
Devem ser tiradas fotografias de qualquer aglomeração de pessoas que se forme fora
do cenário e de todos os veículos. Como norma básica de procedimento, determinado
item deve ser documentado por uma progressão de fotografias do geral para o
específico ou de longa distância para meia distância e depois, um close. A cobertura
fotográfica não se aplica somente ao local do cenário como um todo, mas também a
cada segmento da investigação do cenário. Certamente, estes três estágios de
fotografia do cenário de crime estão em fluxo constante na medida em que o fotógrafo
se aproxima do epicentro da explosão. Por exemplo, antes de entrar em um cenário de

217
Figura 4.10 Um croqui fotográfico mostrando o ponto de vista de cada fotografia tirada no
cenário. O número dentro do círculo representa o número da fotografia e a seta é a direção
dentro do cenário para a qual as lentes da câmera estavam apontadas no momento em que a
foto foi tirada.
218
carro-bomba, fotografias de longa distância mostrando o veículo e o cenário devem ser
tiradas 360° em volta do cenário a partir do perímetro exerno em direção ao interno.
Em um cenário externo (ao ar livre), devem ser tiradas fotografias aéreas. Com as
lentes de zoom na câmera ou caminhando para dentro do cenário, são tiradas
fotografias de média distância que mostram o cenário de aproximadamente 10 a 20 pés
(3 a 6 metros) do veículo alvo. Estas fotos são seguidas com fotos em close do veículo
tiradas a partir de 5 pés (1,5 metros) ou menos. Entretanto, nesta perspectiva em
constante mudança, uma vez que o fotógrafo se aproxima do veículo, o epicentro ou
cratera se torna evidente. Por exemplo, em esforços para tentar demonstrar onde a
cratera está dentro do veículo e oferecer ao espectador da fotografia esta perspectiva,
a foto de longa distância seria de um lado do veículo mostrando o maior dano, com a
foto de média distância mostrando a região do banco dianteiro e um close mostrando a
cratera no assoalho do lado do passageiro. Igualmente, com uma explosão emu ma
estrutura, a fotografia externa (de longa distância) é crítica para mostrar a estrutura, o
endereço da estrutura, estruturas e/ou veículos adjacentes, danos colaterais em volta
da estrutura, etc. As fotos de média distância mostram a parte da estrutura onde
ocorreu a explosão, com o close sendo o atual recinto da explosão. Mais uma vez, na
perspectiva em mudança, uma vez dentro do cenário, a foto de longa distância se torna
a do recinto da explosão, visando mostrar não só o recinto, mas também a área do
recinto que foi o alvo da explosão. A foto de média distância concentrar-se-ía na área
específica, com o close mostrando a cratera/epicentro da explosão. Closes adicionais
podem ser necessários para mostrar os vários itens de evidência e para documentar a
extensão dos danos na área alvo (Figura 4.11a, Figura 4.11b e Figura 4.11c).

A especificidade das fotografias tiradas durante o curso de uma


investigação de um cenário de crime com bomba difre de outros tipos de fotografias de
cenários de crime. Todas visam representar fotograficamente com precisão. Entretanto,
em razão da natureza do cenário de bomba que tenha a devastação de centenas ou
até de milhares de components fragmentados do artefato na ou em volta da ára alvo, é
virtualmente impossível fotografar cada item de evidência antes que o mesmo seja
mexido ou coletado. De fato, deviam ser tiradas fotografias detalhadas da área do
cenário de bomba antes que os itens de evidência fossem mexidos ou antes que itens
de fragmentos inerentes ao cenário fossem mexidos para evidenciar o cenário
forensicamente rico. Estas fotografias mostrarão muitos itens de evidência sem
necessariamente isolar qualquer amostra particular (Figura 4.12). Entretanto, em
investigações de explosões não é necessário, a menos que a política do departamento
dite o contrário, fotografar cada item de evidência individualmente antes que o mesmo
seja mexido. Certamente, itens de evidência que poderiam ter um grande impacto na
investigação devem ser fotografados antes de serem movimentados: especialmente se
o movimento da amostra pode causar sua alteração. Um caso a ser destacado, em
uma investigação de explosão que foi seguida de um tremendo incêndio, os restos
219
(a)

Figura 4.11 (a) Uma fotografia distante orienta o espectador ao local de importância dentro do
cenário.

queimados de um sistema de rádio controle genérico que foi convertido em um sistema


detonador por controle remoto foi encontrado entre os fragmentos queimados. Antes de
os componentes chamuscados, mas relativamente intactos, terem sido removidos,
foram tiradas fotografias detalhadas do sistema e de sua localização dentro da
estrutura. Outra exceção é que os AEI‘s que não explodiram e estão seguros (foram
retirados) pelos técnicos em bombas. Antes de os componentes serem coletados, eles
devem se fotografados em detalhes para representar o relacionamento dos
componentes uns com os outros e para mostrar as características de construção, que
podem ter ficado separadas ou alteradas no trânsito para o laboratório. Ao tirar
fotografias detalhadas, deve haver coordenação entre o guardião da evidência e o
preparador do croqui para propiciar uma completa documentação do componente
recuperado.

220
(b)

Figura 4.11 (b) A foto de meia distância mostra detalhe adicional.

(c)

Figure 4.11 (c) Um close representa a crater da explosão.

221
Figura 4.12 Devem ser tiradas fotografias gerais de todo o cenário antes de se iniciar o
processo de coleta de evidência. Isto pode requerer fotos de diferentes ângulos e perspectivas.

Adicionalmente, os seguintes itens propiciam um guia para fotografar o cenário de


crime com bomba:

• Fotografe o item de evidência ou fragmentos alvo que foram


arremessados na maior distância a partir do epicentro, mostrandosua rota
de vôo.
• Fotografe os vários estágios da recuperação da evidência e retirada de
quaisquer materiais inerentes ao cenário.
• Junto com o preparador do croqui, documente fotograficamente os
padrões de busca e as grades de busca evidência (Figura 4.13).
• Com e sem escalas, fotografe a cratera da explosão e selecione itens
de evidência em um esforço para representar a direção da explosão e o
local lógico de onde estava o artefato explosivo (Figura 4.14).
• Documente fotograficamente o dano dos explosivos no cenário e os
danos colaterais na área adjacente.
• Na conclusão da investigação do cenário, fotografe-o para representar
como ele se parece antes da partida.

A diagramação (Anexo L) é o terceiro tipo de documentação do cenário,


envolvendo o diagrama, desenho ou croqui, a qual é uma representação visual do
cenário e que propicia detalhes não possíveis em outras formas de documentação
escrita (notas de campo) e fotografias. Os diagramas suplementam fotografias e,
portanto são usados em conjunto com as mesmas e não as substituem.
Especificamente, uma fotografia nem sempre mostra o real e preciso relacionamento
entre dois objetos no que tange à distância, posição, etc. Como com o texto precedente
sobre fotografias, a ênfase aqui não será nos mecanismos de diagramação, mas quais

222
Figura 4.13 Um dos métodos mais efetivos de se fazer uma busca dos componentes e
fragmentos da bomba é o padrão de buscas de grade. O número em cada grade corresponderá
ao número da amostra de evidência no registro de recuperação de evidência.

diagramas devem ser preparados, o que deve ser incluído nos diagramas, e as
responsabilidades do diagramador na representação do cenário de crime com
explosão/bomba.

O uso e propósitos do diagrama incluem:

• Registro do local e relacionamento de itens de evidência e adjacentes.


• Refrescar a memória do investigador.
• Propiciar um suplemento aos relatórios escritos.
• Auxiliar na entrevista de testemunhas e suspeitos.
• Suplementar as fotografias para o provimento de um retrato mental
para aqueles que não tiveram a oportunidade de ver o cenário da
explosão.
• Prover um registro das condições que de outra forma não seriam
facilmente gravadas, i.e., distâncias e danos da explosão.
• Propiciar ao juiz e ao júri um melhor entendimento da evidência
apresentada no tribunal.

223
Figura 4.14 Devem ser tiradas fotografias de evidência com e sem o uso de uma escala.

Os diagramas começam com um rústico croqui da área preparado pelo


diagramador e seu assistente a partir do perímetro externo em direação ao interno e
antes da entrada da equipe no cenário (Figura 4.15). Como relatado, existem vários
diagramas, dependendo do tamanho e complexidade do cenário da explosão. Os
cenários geralmente pequenos, simples, tais como explosões de cartas-bomba ou
garrafas pet, podem ser documentados com um único croqui. Este croqui geralmente
demosntraria o local da explosão com relação ao ambiente adjacente e os relativos
fragmentos dispersos e componentes do artefato. O tempo necessário para completer
este tipo de diagram dependeria das habilidades do investigador, mas poderia ser
desenhado em relativamente pouco tempo. Entretanto, outros tipos de atentados com
bomba podem precisar de múltiplos desenhos para representear não apenas o cenário
alvo, mas também a área, geralmente grande, em volta do alvo. Carros-bomba e
explosões em estruturas são exemplos de cenário que normalmente demandam vários
croquis.
Antes de começar a diagramar estruturas, deve ser averiguado se os
diagramas ou cópias das plantas da estrutura estão disponíveis. Contar com um
conjunto de plantas estruturais profissionalmente preparadas disponíveis antes de
começar a diagramação do cenário é extremamente útil e economiza tempo na
investigação. Entretanto, um diagrama como representado em quaisquer desenhos ou
plantas baixas deve ser checado através de inspeção visual do cenário para certificar
que podem ter sido feitas alterações que não foram incluídas nas plantas dos andares.
224
Figura 4.15 Um diagram de campo de um cenário de bomba é um rústico croqui feito no local
do cenário, o qual será redesenhado mais tarde em um diagrama mais acabado.

Caso as cópias das plantas baixas não estejam disponíveis, as consultas com o
engenheiro civil construtor de grandes estruturas pode auxiliar na preparação de
croquis.
Na preparação do diagrama, uma pessoa pode fazer o trabalho, mas isto
é muito difícil quando precisar fazer medições; portanto, duas ou mais pessoas são
geralmente recomendadas. Para assistência, o desenhista poderia usar os serviços de
um dos pesquisadores de evidência para fazer as medições, e depois o pesquisador
poderia retornar para suas tarefas, a menos que o cenário seja tão extenso quanto o do
ataque ao Edifício Federal Murrah ou de um atentado com uma aeronave em vôo. O
equipamento necessário é simples e barato. Lápis, pretos e coloridos, papel branco,
sem pauta e milimetrado, prancheta, réguas e fitas de vários comprimentos para
medição, bússola magnética e um apagador estão incluídos nos suprimentos básicos.
Materiais adicionais podem incluir vários gabaritos de desenhos (veículos, utensílios,
paisagismo e arquitetônico), roda de medição e equipamentos eletrônicos para
medição. Adicionalmente, depois da preparação do desenho rústico, o diagramador
deve preparar o desenho final, usando o desenho feito no cenário como referência.
Este desenho é geralmente mais "formal", usado para propósitos judiciais e pode ser
preparado usando equipamentos básicos ou programas de computador.
Existem diversos itens que podem ser incluídos em todo diagrama. Estes
incluem o título e a legenda. No mínimo, o título identificando a informação do desenho
deve conter:

225
• Data do incidente
• Nome do desenhista
• Orientação do norte da bússola como um "N" e com uma seta
apontando o norte
• Local do incidente
• ―Sem escala‖, para indicar que não é um desenho em escala
• Título do desenho

A menos que seja de caráter obrigatório pelas políticas departamentais ou


autoridade legal, os cenários de bomba não necessitam da especificidade de
diagramação de um desenho em escala. Desenhos em escalo ou proporcionais
possuem um relacionamento de tamanho correto entre o cenário e a informação
representada no diagrama. Em razão das condições da maioria dos cenários de
explosão/bombas, geralmente não há exigência para documentar o exato
relacionamento, como em um desenho com escalas, dos itens de evidências uns com
os outros ou entre os itens de evidência e o cenário ou com a área adjacente. A
legenda é uma explicação de quasiquer símbolos e linhas descritivas usados no
diagrama, que de outra forma não seriam entendidos. Estes podem inclir símbolos de
itens de evidência específicos, trajetórias de viagem de fragmentos/artefato,
identificação da cratera, etc. (Figura 4.16 e Figura 4.17).

Para documentar o cenário, a maioria dos incidentes com bomba não terá
apenas um, mas vários diagramas diferentes para representarem vários tipos e
especificidades de informação. O uso de múltiplos diagramas propicia a oportunidade
de "separar" a informação obtida para evitar que muitos dados sejam colocados em um
desenho. Quando é preparado um único diagrama com muitos detalhes, o valor do
desenho se perde no detalhe porque todos os dados estão juntos, resultando em uma
representação muito confusa. Os diagramas do cenário de bomba podem começar com
um desenho da visão global, ou vista de cima, que direciona a atenção do espectador a
partir de uma grande área, como uma parte de uma cidade, para uma vizinhança
específica da explosão. Este desenho da vizinhança pode ser tão específico ou
abrangente quanto o necessário de ordem a retratar o cenário geral (Figura 4.16).
(Nota: Este diagrama representando a área imediatamente em volta do cenário da
explosão pode mostrar: localização de edifícios, local da explosão [seja em uma
estrutura ou ao ar livre], ruas, características importantes para o investigador e
possíveis passagens usadas pelo sujeito se o artefato foi entregue em maõs ou levada
para a area como um carro-bomba). Este desenho pode incluir os perímetros externos
e internos dos cenários como demarcados durante a avaliação do cenário.
Normalmente não é necessário representar medições neste diagrama. Entretanto, em
cenários de bomba onde é observado considerável dano colateral, a extensão dos
danos e distâncias do alvo deve ser registrada.
226
Figura 4.16 Um diagrama da vizinhança é útil para orientar o espectador para uma
parte específica da cidade e edifício ou residência no qual um crime foi cometido.

O próximo diagrama nesta série depende totalmente do alvo do artefato


explosivo. Por exemplo, no caso de um apartamento, o diagrama deve representar a
local relativo do apartamento afetado dentro do edifício de apartamentos (Figura 4.17);
se for uma casa ou uma estrutura completa, a vista de cima deve focar no prédio e na
vizinhança imediata da estrutura; em um veículo que explodiu, o diagrama deve colocar
o veículo no local da explosão (Figura 4.18); se for uma explosão sem qualquer alvo
específico identificado, como no solo destituído de edificações, o diagrama deve
colocar a cratera da explosão em referência com pontos fixos identificados na área
(Figura 4.19); se uma explosão ocorre fora de uma estrutura e não em decorrência de
carro-bomba, o diagrama dever representar o cenário da explosão ao ar livre e a
estrutura afetada. Dependendo das circunstâncias específicas do incidente, os
seguintes itens são oferecidos como um guia acerca de que informação, além dos
dados precedentes, pode ser representada no diagrama:

• O perímento interno e externo com medições da distância da cratera


até estes limites.
• A cratera ou alvo, tal como um veículo em incidentes ao ar livre, dever
ser especificamente assinalados no diagrama com o uso de pelo menos
três medições de três pontos fixos. Isto é normalmente chamado de
triangulação.
227
Figura 4.17 Um diagrama de um edifício de apartmentos, indicando o apartamento no qual
houve a explosão, é útil para ajudar a orientar o espectador do cenário do crime.

• O local do posto de comando da coleta de evidência.


• A representação dos danos colaterais no local imediato do alvo.

Com relação à explosão em uma estrutura dentro de uma casa, o próximo


diagrama poderia ser da planta baixa dos cômodos separados por partições e paredes
externas, indicando quais cômodos foram afetados pela explosão, e o local da cratera.
Adicionalmente, qualquer dano estrutural deve ser respresentado neste diagrama, por
exemplo, janelas e paredes quebradas ou desmoronadas. Rotas de voos de
fragmentos da explosão que penetraram paredes, internas e externas, pdoem ser
representadas neste diagrama. Normalmente, este diagram não inclui medições
detalhadas de cada cômodo da casa. Entretanto, se o investigador desejar esta
informação, ela pode ser incluída (Figura 4.20).
O próximo, o cômodo individual onde ocorreu a explosão deve ser
diagramado em um desenho detalhado de sua planta baixa (Figura 4.21). Este será um
dos mais detalhados diagramas feitos pelo desenhista. Ele incluirá:

228
Figura 4.18 A explosão de um veículo em uma vaga de estacionamento oferece muitos pontos
de referência para colocação do alvo dentro do cenário do crime. Também, note a designação
dos padrões de grade em volta do alvo, o perímetro interno e o externo, a legenda e o título do
diagrama.

• Medidas detalhadas do cômodo


• Indicação da cratera da explosão derntro do cômodo
• Largura, comprimento e profundidade da cratera, se presente
• Até onde possível, os danos da explosão e a localização da mobília do
cômodo depois da explosão

Se a profundidade da cratera se estende pelo piso até outro


compartimento (sala, porão, etc.), pode ser necessário outro diagrama para representar
este estrago. Adicionalmente, com relação não só ao cômodo, mas também a todas as
medições, o desenhista deve evitar dado "absoluto‖. Em outras palavras, as medidas
devem ser aproximadas, na ordem de ¼ de polegada (0,6 cm) de tolerância.

229
Figura 4.19 O cenário de crime em um campo ou área remota (representado aqui em um
carro-bomba) demanda que o alvo seja fixado no cenário através de várias medições a partir
de objetos fixos. Isto é chamado triangulação.

O Segundo desenho detalhado do cômodo será documentar a coleta de


evidência dentro de um padrão de buscas, normalmente as grades (Figura 4.22 e
Figura 4.23). As diretrizes detalhadas para se estabelecer uma grade de buscas serão
providas em outra serção deste capítulo, mas por enquanto, baseado no local da
evidência, as grades são estabelecidas com a ajuda do fotógrafo, o guardião da
evidência e membros da equipe de busca. Dentro destas grades de coleta, as
evidências bem como fragmentos variados estarão evidentes. É responsabilidade do
desenhista, junto com outros membros da equipe, assinalar os itens de evidência
importantes dentro destas grades. Mais uma vez, não é aconselhável fotografar cada
peça de evidência nem é necessário assinalar, com um número, cada item de
evidência no diagrama. Somente as importantes/relevantes, por exempçlo, sistemas
detonadores ou componentes intactos, podem ser assinalados ou amostras genéricas
podem ser aleatoriamente identificadas. Estes tipos de evidência podem incluir papel,
fragmentos de tubo, fiação, fragmentos da bateria/pilha, e daí por diante (Figura 4.23).
Adicionalmente, este diagrama deve especificamente representar o local da cratera ou
epicentro da explosão.

230
Figura 4.20 Uma planta baixa não só do alvo específico, mas também dos cômodos e áreas em
volta do alvo que podem ter sido afetadas pela. Note as rotas de voo de fragmentos de objetos
danificados e da bomba espalhados, janela e porta quebradas, e uma legenda detalhada
explicando os itens no diagrama.

Por último, uma vista da área alvo/cômodo explodido é útil na


documentação de danos e fragmentos espalhados nas paredes e teto. Este desenho é
uma combinação da planta baixa e vistas de elevação da área alvo. As paredes e tetos
são desenhados como se estivessem desdobrados (Figura 4.23 e Figura 4.24).

A diagramação da explosão de um veículo ou em uma área ao ar livre


pode ser mais complexa do que a explosão em estruturas internas, nas quais as
paredes externas da estrutura estão intactas. Como tal, a explosão interna é contida
pela estrutura, a qual reduz ou impede a distribuição indiscriminada dos componentes
da bomba fragmentada e do alvo.

231
Figura 4.21 Uma representação mais detalhada do cenário, incluindo não só danos ao alvo,
mas também medições do cômodo, local específico da cratera e local das vítimas.

232
Figura 4.22 A demarcação de um padrão de busca tipo grade em um diagrama propicia uma
representação visual de onde estavam localizados epecíficos itens de evidência antes de serem
transferidos para inventário. Com explosões em estruturas, esta grade pode se estender para a
área externa do alvo e englobar outros cômodos e até fora da própria estrutura.

233
Cratera da
explosão

Cratera da
explosão

Figura 4.23 Um esquema do cômodo representando os fragmentos espalhados nas paredes e


teto em volta da área alvo. Neste tipo de diagrama, as paredes e tetos são desenhados como
se estivessem desdobrados.

234
Cratera da
explosão

Figura 4.24 Um exemplo de um diagrama que é preparado em detalhe, sem referência a um


gride ou outras características do alvo, representando o dano da explosão ao na área alvo e
vetores dos fragmentos espalhados.

A explosão em uma área ao ar livre geralmente propicia um espalhamento ininterrupto


de fragmentos, uma vez que existem menos obstáculos para os componentes
fragmentados e materiais do alvo colidam. Imagine um veículo com uma libra (453 g) de
alto explosivos debaixo do banco do motorista. Na iniciação, a explosão rasga a frente
do veículo, abre um buraco no assoalho, joga o banco para cima e através do teto
despedaçado, abre e fragmenta a porta do motorista, estoura todos os vidros do veículo
e empurra parte do painel e da parede guarda-fogo para dentro do compartimento do
motor. Sim, somente uma libra de alto explosivo de alta-energia, por exemplo, TNT,
pode gerar tamanho estrago. O cenário é testemunha da explosão com fragmentos do
veículo e dos componentes do artefato espalhados por toda a área. Sem obstáculos
para parar as partes e componentes do artefato fragmentados, eles podem percorrer
consideráveis distâncias antes de cair no chão. O cenário que se apresenta ao
desenhista é mais complexo, mas não necessáriamente impossível de representar, em
razão dos fragmentos espalhados. Como descrito anteriormente, o local do veículo
deve ser claramente determinado no diagrama (através de endereços ou números de
rodovias e triangulação com objetos fixos), a cratera, tanto pelo assoalho e em direção
ao solo, demarcada, e o estrago ao veículo e na área adjacente, se houver, devem ser
documentados no diagrama (Figura 4.18 e Figura 4.19).
235
De similar preocupação é a diagramação do cenário ao ar livre em
explosões a esmo e sem alvo claramente identificável. Estas explosões são
características em florestas ou áreas rurais sem pontos de referência ou estruturas
perto da explosão. Ainda assim, o cenário deve ser especificamente diagramado como
parte das exigências da documentação da investigação. Normalmente, a tarefa mais
difícil é determinar precisamente o local do epicentro/cratera da explosão no diagrama
relativo à área adjacente. O método de triangulação previamente descrito é
normalmente usado nestas instâncias. O uso de sistemas de posicionamento global
(GPS‘s) pode ajudar grandemente neste processo, mas eles não devem ser usados
com um substituto a menos que absolutamente não haja um ponto fixo que possa ser
usado como referência (Figura 4.19).
Compreensivelmente, o tamanho relativo dos padrões da grade de busca
para cenário ao ar livre geralmente será consideravelmente maior do que para cenários
de explosão interna. Entretanto, como pode ser imaginado, um cenário de explosão
interna contendo uma suficiente quantidade de explosivos para destruir uma parte ou
toda a estrutura apresentará um desafio investigativo não somente da perspectiva da
documentação do cenário, ma também com relação à separação do entrulho de
componentes fragmentados dos componentes do artefato explosivo. Além disso,
grandes carros-bomba como os utilizados nos atentados ao Edifício Federal Murrah e
ao World Trade Center apresentam uma série de desafios singulares ao investigador.
Por fim, além do uso do método de triangulação para demarcar o local de evidência e a
cratera ou alvo da explosão, existem quatro tipos adicionais de sistemas de medição
que podem ser utilizados, dependendo da área alvo. Estes métodos são: retangular,
linha reta, linha base e grade.
O método retangular é aquele no qual é localizado um ponto ao se fazer
uma medição em ângulos retos de cada uma de duas paredes. As paredes e os locais
da medição nas paredes devem ser especificamente identificados. O método linha reta
tira medições de pontos fixos de cada lado do objeto. Podem ser tiradas uma ou duas
medições neste método. O método linha base usa o princípio de medição de um objeto
entre dois pontos conhecidos. Esta linha de referência é chamada de linha base. A linha
base pode ser uma parece ou a linha central conhecida de um cômodo. A medição da
evidência é feita da seguinte maneira: decide-se um ponto de início de uma das
extremidades da linha base. A partir deste ponto a medição é feita até o ponto que está
em ângulos retos com o objeto. Uma segunda medição é então feita a partir do objeto
até a linha base. Este sistema é muito útil em grandes áreas ao ar livre e irregularmente
formadas, onde não existe linha base natural satisfatória. O sistema grade será
abordado mais à frente neste capítulo na subseção intitulada, Como Encontrar
Evidência.
Outros métodos de mapear um cenário estão disponíveis, mas geralmente
são utilizados para tipos específicos de cenários. Estes incluem o sistema cartesiano de
grade, que é muito efetivo na escavação de corpos em locais de sepulturas. Este
236
método propicia um grau extremamente preciso ao demarcar pontos de referência e
provê um plano tridimensional dos itens encontrados. A Estação Total é um sistema
automatizado de agrimensura, que pode ser usado em conjunto com o GPS para
demarcar evidência em grandes cenários tais como a explosão de um grande carro-
bomba ou de uma aeronave em voo. Depois de inserir os dados do campo coletado em
uma plataforma de agrimensura e um laptop, os dados podem ser graduados e
demonstrados em um desenho automatizado através do uso de um software de
desenho assitido por computador (CAD).
Como uma breve revisão antes de descrevermos a investigação do
cenário, o que uma equipe de investigação está tentanto encontrar no cenário?
Evidência? Sim, mas que tipo de evidência? Primeiro, para estabelecer que um
incidente está baseado em explosivo, a equipe irá documentar a presença de um
epicentro da explosão, o qual pode ou não apresentar uma cratera. Depois, a equipe irá
procurar por componentes fragmentados de um AEI que explodiu. Lembre-se que no
Capítulo 3 nós aprendemos que os dois componentes mais básicos de um AEI são o
sistema detonador, elétrico ou não-elétrico, e a carga principal explosiva. Também,
estes componentes podem adquirir várias formas, especialmente pós-explosão, e
geralmente incluem outros materiais além de componentes do tubo, fiação,
baterias/pilhas, detonadores comerciais e improvisados, e interruptores.
Adicionalmente, não se esqueça que embora o cenário possa indicar o uso de
explosivos, o evento pode ter sido um acidente.

4.2.5 Onde Encontrar Evidência no Cenário de Bomba


A evidência é encontrada em um cenário de explosão em três áreas
gerais: o alvo, vítimas, e fora do cenário imediato. Com relação ao alvo, a evidência é
encontrada na cratera ou epicentro, materiais testemunhas, e na área que se estende
imediatamente em volta da cratera para a área geral que engloba o cenário. De fato, o
tamanho destas áreas depende grandemente da quantidade de explosivos usada e no
alvo em si. Como previamente discutido, o alvo, como uma estrutura, pode afetar
significativamente o tamanho do cenário porque grande quantidade dos escombros está
contida dentro de suas paredes. Considerando a mesma quantidade de explosivos
usados na carga principal e iniciada em área ao ar livre, haverá mais fragmentos
espalhados.
• Alvo
• Vítima
• Fora da área imediata
O alvo de um atentado com bomba pode ser qualquer coisa, mas às vezes
o alvo "real" pode ser enganoso. Entretanto, às vezes pode ser um pouco confuso para
o investigador determinar se este era, de fato, o alvo planejado. De qualquer forma,
escombros e evidência estarão espalhados por todo o alvo. Primeiro, a cratera. Uma
cratera é uma depressão, um buraco formado por uma explosão de uma carga principal
237
Figura 4.25 A real quantidade de evidência que pode ser encontrada em uma cratera de um
carro-bomba pode ser muito menos do que aquela encontrada nos materiais adjacentes à
cratera. Estes outros materiais são chamados de materiais testemunhas, ou itens que
"testemunharam" a explosão.

explosiva (Figura 4.5 e Figura 4.6). O explosivo ou o recipiente contendo o explosivo


não necessariamente precisa estar em contato direto com uma superfície para criar
uma cratera. Adicionalmente, o cenário pode apresentar crateras primárias e
secundárias. Especificamente, a cratera primária é normalmente a superfície em
contato com o explosivo ou a mais perto dele. Crateras secundárias são formadas
quando as forças explosivas e/ou fragmentação do artefato penetram um objeto, tais
como uma peça de mobília, paredes e tetos. Carros-bomba geralmente têm uma
cratera através do assoalho e no material subjacente embaixo do veículo. Nestes
exemplos, a evidência pode estar localizada dentro de ambas as crateras. A ral
quantidade de evidência encontrada em uma cratera depende do tipo de material
formando a cratera (Figura 1.26 e Figura 1.27 do Capítulo 1, e Figura 4.25). Se a
cratera for um buraco através de um objeto, então haverá pouca evidência, se alguma,
salvo possíveis resíduos de explosivos na cratera. Entretanto, a maioria das depressões
(por exemplo, um buraco) contém evidência recuperável. Isto é particularmente verdade
qaundo a cratera é na terra. Sujeira e areia são muito bons receptores de escombros, e
os métodos para encontrar componentes fragmentados serão detalhados na subseção
acerca de como localizar evidência. As almofadas dos bancos do veículo que formam
crateras também são bons esconderijos de componentes fragmentados da bomba.
Materiais testemunhas são aqueles itens na área do alvo que foram
danificados ou afetados pela explosão. Estes incluem, dependendo do alvo, as

238
Figura 4.26 Com explosões em veículos, os materias testemunhas podem incluir os bancos do
veículo, carpete, painel, teto e forração do teto, portas e quaisquer materiais trazidos pela vítima
para dentro do veículo.

almofadas dos bancos do veículos, carpete, mobília (tecidos, almofadas e materiais de


construção), superficies planas (paredes, tetos, outros veículos e armários), e utensílios
(basicamente, qualquer coisa dentro do cenário). Estes materiais "testemunharam" a
explosão e fragmentos do AEI podem estar incrustrados neles; eles também podem
conter resíduos de explosivos. O fato de que os itens em volta de uma explosão podem
ou não apresentar danos visíveis não é motivo para excluí-los como possíveis
receptores de fragmentos da bomba (Figura 4.26).
A área imediata em volta da cratera e materiais testemunhas é
normalmente uma das áreas mais ricas forensicamente nas quais se podem encontrar
componentes fragmentados da bomba. Esta área está perto da cratera ou dos materiais
testemunhas, por exemplo, o assoalho de uma estrutura, o assoalho ou porta-malas de
um veículo, e o chão em volta de uma explosão ao ar livre. É quase impossível propiciar
um guia definitivo no que tange ao o que estas áreas podem incluir porque a
quantidade de explosivo na carga principal e o tipo do alvo são fatores determinantes.
Entretanto, esta área normalmente se estende da cratera até onde está foi localizdo o
último pedaço de fragmento ou evidência, que ajuda a estabelecer o perímetro interno.
Vítimas planejadas e não planejadas também são fontes de evidência.
Muitas vítimas de ataques com AEI têm os restos fragmentados de componentes
incrustrados em suas peles e tecidos. Os investigadores devem assegurar que pessoal
investigativo seja enviado aos hopitais para recuperar qualquer destas evidências que
estão nos corpos de vítimas, vivas ou mortas. Estes materiais podem ser recuperados

239
com o pessoal do atendimento emergencial ou dos que fazem as autópsias. Devem ser
solicitados raios-X de todo o corpo num esforço para identificar materiais
comprobatórios. Além disso, as roupas da vítima, o veículo de transporte de
emergência e a maca também devem ser meticulosamente examinados em busca da
presença de fragmentos e resíduos. Um exemplo: depois da explosão em um avião da
Pan American em agosto de 1982, um jovem foi morto – a bomba tinha sido escondida
debaixo de seu assento. A autópsia revelou, entre outros itens de evidência, um
pequeno fio de ouro de origem desconhecida, Somente uma semana depois, uma
bomba intacta foi encontrada e desativada em outro avião da Pan American. Este
artefato foi subsequentemente examinado no laboratório do FBI, e seus componentes
foram comparados com a evidência recuperada do ataque prévio. Através desta
comparação chegou-se à conclusão de que o fio de ouro recuperado do jovem morto
era essencialmente idêntico a um dos componentes do artefato recuperado intacto. No
curso da investigação, foi identificado um sujeito, julgado e condenado por homicídio
por colocar um artefato que ao detonar matou o jopvem. Esta condenação foi possível a
partir da peça de evidência recuperada da vítima.
A área fora do cenário imediato está limitada por outros cômodos,
edifícios, veículos, árvores, vegetação rasteira, ou quaisquer outros materiais dentro do
limite interno não considerado por estar denro do cenário "imediato". Como é
especialmente evidente em explosões ao ar livre, as trajetórias de
evidências/fragmentos podem levar materiais muito longe do cenário imediato e
depositá-los em algumas áreas improváveis. Estas incluem telhados, calhas, árvores,
saliências, e arbustos densos. Se presentes, estas áreas devem ser meticulosamente
checadas.
A ordem pela qual os locais precedentes devem ser totalmente checados
depende das circunstâncias prevalecentes no cenário e na quantidade de pessoal
atribuída para tal tarefa. Na melhor das hipóteses, a equipe investigativa teria recursos
suficientes para efetivar as buscas em todas estas áreas ao mesmo tempo. Sbendo que
isto nem sempre é possível, começar as buscas a partir do perímetro interno
trabalhando com o alvo e a cratera é uma solução lógica. Isto é porque quanto menos
você ou a equipe andarem por áreas não checadas, menor será a possibilidade de
destruir ou alterar evidências não observadas. Uma busca organizada, metódica é uma
exigência absoluta para se localizar e garantir qualquer item comprobatório.
Adicionalmente, uma única busca pode não ser suficiente para se encontrar os
fragmentos.

4.2.6 Como Encontrar Evidência no Cenário de Bomba


Agora que sabemos onde encontrar evidência, quais são os métodos e
técnicas disponíveis para ajudar na localização de evidência? Essencialmente, existem
quatro métodos para localizer evidência em um cenário de bomba que garantem uma
abordagem organizada e metódica para recuperação de todos os materiais relevantes.
240
Entretanto, uma palavra de alerta, em uma explosão onde, centenas, senão milhares de
fragmentos se espalham pela área alvo, muitos dos quais são microscópicos em
tamanho, há uma virtual impossibilidade de se encontrar todas as evidências. O que a
equipe investigativa se esforça para cumprir é a recuperação de evidência de
preponderância, que pode ser vinculada ao fabricante ou depositante da bomba com o
crime. Este propósito pode, de fato, ser oposto aos objetivos em outros cenários menos
destrutivos, onde todas as evidências devem ser recuperadas. Portanto, cabe ao
investigador, ou seja lá quem estiver dando testemunho em um tribunal com relação
aos esforços de coleta, fazer esta distinção e detalhar as razões. Além disso, a título de
revisão, o pessoal de buscas estará procurando pro componentes fragmentados do AEI
(identificados no capítulo 3), materiais do alvo selecionado que representem os efeitos
da explosão, e quiçá aqueles possivelmente abrigando resíduos de explosivos e outros
itens de evidência que possam propiciar pistas investigativas ou informação relativas à
identificação da pessoa que construiu e depositou o artefato. Caso exista alguma
dúvida quanto a se coletar um pedaço de fragmento, colete-o! Se for considerado não
estar associado com o artefato ou não for um item útil, ele poderá ser descartado no
futuro. Entretanto, uma vez que a equipe deixa o cenário, é difícil reentrar no mesmo
para efetuar investigações adicionais e recuperar evidência.

Os quatro métodos para se localizar evidência em uma explosão são:

• Swab (um tipo de cotonete)


• Busca organizada
• Peneira
• Aspirador de pó

Utilizar o swab é um procedimento sistemático de coleta usado para


coletar resíduos orgânicos e inorgânicos de explosivos resultantes da explosão da
carga principal explosiva em determinado local. É mais bem usado em itens não-
porosos muito grandes ou numerosos demais para serem transportados ao laboratório.
Estes items, essencialmente materiais testemunhas, como descritos no texto prévio,
incluem metal, vidro, madeira pintada, placas e postes de sinalização, pedras, concreto
ou plástico. Itens porosos, tais como tecido, almofadas de assentos, madeira não
pintada devem ser examinados em busca de componentes do artefato e podem ser
enviados ao laboratório para teste de resíduo. Um kit de swabs para coleta de resíduos
de explosivos comerciais foi fabricado, testado e aceito para uso por peritos federais em
explosivos. Como tal, ele foi considerado atender aos padrões de coleta de evidência
de resíduos explosivos por garantir um meio certificado livre de explosivos pelo qual se
podem coletar resíduos em um cenário de campo. Dentro da caixa selada em papel
corrugado para remessa, a qual é coberta com embalagem plástica, estão seis sacos
plásticos selados. Estes sacos contêm um par de macacões Tyvek com protetores de
241
Figura 4.27 Coletar resíduos explosivos com um swab envolve o uso de macacões Tyvek com
cobertura para sapatos, luvas e materiais de coleta livres de contaminação tais como os
observados aqui, i.e., pinças descartáveis e algodão.

sapatos e capuz, luvas, papel marrom para uma superfície de trabalho, vários frascos
para coleta, algodão, canetas para marcação, fita de evidência, pinças descartáveis e
sacos de evidência. Os macacões Tyvek são essenciais para garantir que a pessoa que
faz a coleta com o swab não traga contaminação para dentro do cenário, o que poderia
impedir seu subsequente uso em procedimentos legais. O esforço de coleta começa
com a abertura da caixa e termina dez etapas depois com os sacos de evidência
selados com os frascos de vidro contendo os swabs de algodão com possíveis
resíduos. O procedimento de dez etapas e uma lista completa dos componentes estão
incluídos no Anexo M.
Embora uma só pessoa possa fazer o processo de coletar resíduos com
os swabs, um assistente pode ser útil para selar e aplicar os rótulos de evidência nos
frascos. Também, esta etapa deve ser concluída antes dos esforços gerais para coleta
de evidência, e os swabs não substituem a coleta de materiais comprobatórios no
cenário. Pelo contrário, suplementam a coleta de outros itens de evidência que serão
examinados no laboratório em busca de resíduos de explosivo (Figura 4.27).
A busca organizada é um processo que essencialmente consiste de uma
verificação visual detalhada da área, num esforço para localizar e guardar materiais
comprobatórios. Ela pode exigir que os pesquisadores se apóiem em suas mãos e
joelhos de forma a identificar os componentes e fragmentos da bomba. A busca pode
ser realizada por uma só pessoa, mas dependendo do tamanho e complexidade do
cenário, uma equipe de busca adequadamente treinada deve ser usada. Para uma
busca sistemática e coordenada, têm sido usados três padrões, não só em cenários de
bombas, mas também em outros cenários de crime. O uso destes padrões e a rotulação
de áreas específicas, em ordem numérica ou alfabética, dentro dos padrões para
propósitos de coleta de evidência, propiciam meios de responsabilidade com resultado

242
na documentação do processo. Os padrões normalmente utilizados em investigações
pós-explosão incluem:

• Busca em grades
• Busca em linhas ou faixas
• Bucas espiral

Dos três, o padrão em grade é o mais sistemático e metódico para


cenários de bombas. Ele pode ser usado em cenários grandes ou pequenos, internos
ou ao ar livre – sempre que for necessária uma busca muito sistemática. Isto não é para
afirmar que os outros tipos de buscas não são sistemáticos; eles são, mas o em grade é
um processo mais refinado e controlado. O padrão em grade é essencialmente uma
série de caixas conectadas construídas com um barbante, corda ou fita plástica, que
podem ser quadradas, com contornos naturais, ou retangulares. Para construir a grade,
uma medição de espaços predeterminados é marcada horizontal e verticalmente,
começando de um ponto conhecido, que geralmente é a cratera. O tamanho das várias
grades depende do cenário e da situação. Por exemplo, ao estabelecer um padrão em
grades em volta de um veículo que explodiu, o veículo pode ser repartido em tantas
áreas quanto o investigador desejar. Geralmente, quanto maior a quantidade de
fragmentos a serem procurados, menor será a grade. O solo em volta do veículo, não o
veículo em si, pode ser outra grade, e outras grades são demarcadas partir desta grade
"base". Note na Figura 4.18 como as grades se tornaram maiores na medida em que se
afastaram do veículo, e que as grades de um lado do veículo são menores que as dos
outro lado. Isto é porque a preponderância dos fragmentos e evidência que não estão
debaixo ou no veículo, foi arremessada mais em uma direção do que em outra. Isto
está de acordo com a declaração prévia no que tange a quantidade de materials a
serem procurados e coletados. Quanto maior for a quantidade de materiais, menores
serão as grades. Portanto, as grades de um lado do veículo que têm menos fragmentos
têm padrões maiores. Sempre que possível, devem ser usadas grades naturais tais
como ruas e quarteirões. Uma estrutura que sofreu uma explosão interna pode ser
dividida em grades da mesma forma. A grade no cômodo onde o artefato detonou e que
tem mais fragmentos que os outros cômodos pode ser relativamente pequena,
enquanto que aos outros cômodos afetados podem ser atribuídas uma grade por
cômodo (Figura 4.22 e Figura 4.23).
Durante a investigação da explosão no Edifício Federal Murrah, as ruas da
Cidade de Oklahoma propiciaram um padrão de busca em grade, porque os danos
causados pela explosão irradiaram a partir do alvo até vários quarteirões da cidade.
Dentro do quarteirão que englobava o Edifício Murrah, foram estabelecidas grades
adicionais em um esforço de assegurar uma busca sistemática através das toneladas
de escombros naquele local. Em uma escala muito maior, a área de buscas resultante

243
Figura 4.28 As grades de buscas são estabelecidas com a assistência do diagramador, do
guardião da evidência e do fotógrafo. Depois de demarcar as grades, são colocados números e
letras em cada uma delas para especificamete identificar cada grade.

da explosão do voo 103 da Pan American sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988,


resultou em uma área de fragmentos no solo superior a 845 milhas quadradas (1.360
Km2). Os padrões de grandes grades utilizados na busca e documentação da coleta de
evidência e fragmentos da aeronave foram determinados por levantamentos de grades
coordenados em terra.
Uma vez que as grades foram estabelecidas, com a assistência do
fotógrafo e do guardião da evidência, cada grade será individualmente marcada com
um número ou letra (Figura 4.28). A designação de cada grade propicia um método de
documentar a evidência encontrada dentro daquela grade específica. Como você irá se
lembrar, na Subseção 4.2.4 descrevendo a documentação do cenário, foi declarado que
em uma investigação de uma explosão, não é necessário medir especificamente cada
item de evidência no local antes de sua movimentação. Entretanto, a equipe
investigativa tem que documentar cada um dos itens de evidência, e fato, se originou do
cenário, e também tem que especificar a área geral. Diagramar o cenário e a área de
bucas e rotular estes locais de buscas com números ou letras são parte do processo de
documentação de evidência. Mais uma vez, lembre-se da coluna do registro de
evidência recuperada, "Onde Encontrado‖. O número ou letra da grade é colocado
naquela coluna para indicar que os itens de evidência vieram daquela grade ou local
específico.
A busca em linha ou faixa é similar ao padrão de buscas em grade exceto
pelo fato de que estabelece linhas de buscas ao invés de blocos. As linhas podem ou
não ser desenhadas e definidas especificamente com fita para mapear e podem ser
usadas por um ou vários indivíduos, dependendo do tamanho da área a ser
pesquisada. Normalmente, este padrão é usado para grandes áreas fora da área
imediata da cratera onde não há grande quantidade de evidência; como uma forma de
busca dentro de uma grande grade; para estabelecer padrão de grade; e para conduzir

244
Figura 4.29 As linhas de buscas podem ser feitas/percorridas por um ou mais pesquisadores
dentro de linhas designadas. Estas buscas podem ser dentro de um padrão de busca em grade
ou em pequenas ou grandes zonas de busca.

uma rápida avaliação do cenário para estabelecimento dos limites (Figura 4.29). Uma
busca em linha ou faixa é feita pelso pesquisadores alinhados com um braço de
distãncia um do outro ou ajoelahdos e se movendo em uma linha reta em direção ao
final da linha de busca. Se a área for grande o suficiente para não poder ser
efetivamente vistoriada emu ma passage com os pesquisadores disponíveis, então é
feita outra varredura até que a área seja totalmente inspecionada. Quanto mais
escombros precisarem ser vistoriados em busca de evidência, mais tempo demorará
em fazer a varredura. Se a área tem grandes quantidades de escombros e evidência,
ela deve ser subdividida em grades ao invés de linhas. Além disso, a busca será
consideravelmente mais lenta ao ser feita na grama, especialmente grama alta. Estas
situações geralmente demandam que os pesquisadores estejam ajoelhados e usem
suas mãos para conduzirem uma busca efetiva. Imãs, especialmente os montados
sobre rodas, e grandes barras magnéticas são muito úteis na busca por metais ferrosos
tais como os resultantes da explosão de uma bomba tubo. Entretanto, para buscas em
gramados com mais de alguns centímetros de altura, o imã sobre rodas tem utilidade
limitada. Aqui, a grama pode raspar e retirar a evidência da barra magnética. Imãs
sobre rodas são mais úteis em superfíceis firmes.
A busca em linha ou faixa também é muito útil para bsuca não só em
linhas designadas, mas também em blocos dentro de um padrão de grandes grades.

245
Figura 4.30 Um padrão de busca em espiral é difícil de ser mantido, mas pode ser usado para
avaliar a necessidade de buscas mais específicas.

Essencialmente, é feita a busca ao se andar para frente e para trás na grade até que o
bloco de grade determinado tenha sido totalmente inspecionado em busca de
evidência. Sim, padrões de busca podem ser combinados!

O padrão de busca em espiral é normalmente usado por um único


pesquisador começando no centro do cenário ou cratera e caminhando em círculos
sempre crescentes até que toda a área seja inspecionada, ou começando de fora para
dentro em espirais em direção à cratera. Este padrão é difícil de ser mantido, mas pode
ser usado para buscas rápidas em áreas para determinar a presença de evidência e se
outos tipos de buscas, mais específicos, são necessários (Figura 4.30).

Antes de abordarmos outro método de busca, devemos considerar o que o


pesquisador deve fazer com a evidência ou fragmentos encontrados. Para a descoberta
de evidência usando-se o padrão de busca em grade, que tende a ser dentro de uma
área pequena, a evidência deve ser coletada na hora da descoberta e colocada em um
recipiente adequado para inventário e salvaguarda. O tipo específico de recipiente será
discutido um pouco mais à frente. O que não for evidência, tais como materiais de
construção, peças do veículo, sujeira, grama, mobília e etc., devem ser removidos do
cenário imediato e colocados em uma área que não interferirá na investigação do
cenário. Ao retirar os materiais desnecessários, o cenário se torna mais fácil de
investigar e os itens de evidência se tornam mais fáceis de serem encontrados.

246
Entretanto, antes de descartar quaisquer materiais, indiferente da fonte, deve ser
assegurado que estes materiais não são pertinentes à investigação. O investigador
deve examinar cuidadosamente cada item em busca da presença de componentes
incrustrados do dispositivo ou resíduos explosivos, os quais se parecem, em muitos
casos, com manchas enegrecidas no material. As partes do alvo, que apresentarem
importantes características de fragmentação, normalmente indicam que elas estavam
em contato ou muito próximas da carga principal explosiva no momento da explosão e,
portanto, podem conter evidência escondida ou incrustrada. Embora os materiais do
alvo possam não conter componentes observáveis do artefato, eles podem ser
essenciais para o estabelecimento do relativo tamanho da carga principal explosiva ou
o local exato onde foi colocado o artefato, o que pode afetar diretamente o resultado da
investigação geral ao prover pistas investigativas. Um exemplo: durante a investigação
da explosão do voo 103 da Pan American, a colocação do AEI em um específico
contâiner de bagagem no compartimento de cargas foi determinada por uma inspeção e
reconstrução de vários fragmentos da fuselagem externa da aeronave. Encontrar
pedaços da fuselagem cotendo características físicas observáveis em decorrência de
estarem próximos da carga principal explosiva, e reagrupá-los para revelarem um
buraco retangular causado pela explosão, o qual estava perto de um contâiner
específico e identificado de bagagem, chegou-se à conclusão de que a bomba estava
naquele específico contâiner (Figura 4.31). A dificuldade está em saber quais itens

Figura 4.31 O buraco causado pela explosão dentro da fuselagem do voo 103 da Pan American
estava obscurecido pelo buraco da descompressão que media aproximadamente 3 m x 3 m
(Fotografia propiciada pelo FBI).

247
manter e quais descartar. Com treinamento adequado e subsequente investigação de
cenários de bombas, o investigador será capaz de fazer estes julgamentos. Até então, o
investigador deve ter prudência e no caso de qualquer dúvida, manter o material para
ser submetido ao laboratório ou à avaliação de pessoal com maiores conhecimentos
(tal como um técnico em bombas ou um investigador mais amadurecido).

Em Segundo lugar, a evidência encontrada usando o padrão de busca em


linha ou espiral (dependendo das demandas da investigação), como com qualquer
outro método, pode ser coletada ou apenas marcada e recuperada depois. Marcar, para
recuperação posterior ou uma avaliação, pode servir para vários objetivos. Primeiro, ao
marcar o local do item que foi encontrado (seja um pedaço do alvo ou componente da
bomba), os pesquisadores podem se mover rapidamente pela área, ao invés de parar
para colocar o item em um recipiente adequado. Se o artigo for encontrado por um
pesquisador com conhecimento limitado acerca dos componentes da bomba, ele pode
ser avaliado pelo líder da equipe ou técnico em bomba quanto à importância de sua
coleta. O tipo de marcação usada depende da área a ser pesquisada. Para a terra/solo,
as estacas de metal com uma bandeirola provaram ser muito úteis. Plaquinhas de papel
ou plástico com letras ou números podem ser usadas para superfícies duras.

A Peneiração é um método extremamente útil de separar evidência de


escombros variados. Especificamente, a separação de materiais é feita pelo uso de
uma peneira, como neste caso, dois conjuntos de peneiras com tela. Um conjunto de
peneiras com tela consiste de dois tamanhos de malha, 1,27 cm e 0,32 cm (ou 0,41
cm). Cada tela é colocada dentro de formas duráveis separadas. A tela maior é
colocada por cima da menor, que por sua vez, é colocada em uma plataforma de quatro
pernas para mantê-las longe do chão (Figura 4.32). A peneiração é feita ao colocar os
materiais do cenário em cima da tela maior, que permite que os fragmentos menores
passem para a tela menor que está em baixo. A peneiração é mais bem executada com
dois "peneiradores" que verificam os materiais depositados na primeira tela visando
localizar componentes da bomba. Focar a atenção na superfície da tela (uma área
limitada) faz com que aumente a habilidade de localizar evidência, especialmente
quando outros materiais caem para a segunda tela (Figura 4.33). Depois de se
inspecionar os itens na tela de cima, os fragmentos indesejáveis são descartados e a
primeira tela é removida da plataforma para revelar a segunda, (agora contendo os
materiais). É conduzida uma busca similar dos materiais nesta tela, retendo itens de
evidência e descartando o restante. A peneiração não pode ser usada para grandes
pedaços de fragmentos, tais como grandes pedras. Ela é usada para grandes
quantidades de materiais do tipo granular tais como sujeira, que poderia ser difícil de
ser checada visualmente. Isto é especialmente verdade ao cavar uma cratera na terra,
pedra e sujeira. A sujeira ou areia passa facilmente pelas telas para revelar
componentes não identificados previamente. Imãs de mão são muito úteis no processo
248
Figura 4.32 Um conjunto de peneiras com um imã de mão é extremamente útil ao procurar por
evidência entre terra, areia e outros pequenos materiais.

de peneiração, pois podem ser usados sobre a sujeira ou fragmentos para recuperarem
metais ferrosos usados em bombas tubo. Sempre que forem encontrados itens de
evidência durante os processos de peneiração, eles devem ser coletados
imediatamente e colocados em um recipiente adequado. Isto evitará que estes itens
sejam descartados ou perdidos na peneiração subsequente.

A peneira modelo retangular tem sido considerada gandemente útil para o


processo de peneiração ao limitar o número de pessoas para duas e reduzir a fadiga
por diminuir a distância de "alcance". Uma vez utilizadas em um cenário, estas peneiras
devem ser totalmente lavadas antes de serem usadas novamente (Anexo D).

A inspeção visual e coleta de componentes da bomba devem ser


empreendidas antes de se cavar a cratera formada pela explosão. Depois da inspeção
visual, começa a etapa de cavação. Pequenas ferramentas para jardinagem são
consideradas muito úteis para cavar a cratera, ao invés de grandes pás. As pequenas
ferramentas propiciam uma cavação mais controlada e avaliação de cada pá de
material removido da área da cratera. Entretanto, cada pá de sujeira ou fragmentos
removidos deve ser colocada nas telas das peneiras para maior inspeção. A extensão
que o buraco é "cavado" depende do tamanho da cratera inicial da quantidade de
explosivos usados. Algumas crateras de bombas mediram mais de 2,4 m de
profundidade e 6 m de lado a lado. Como regra prática, a cratera escavada deve ter

249
Figura 4.33 Devem ser utilizadas luvas durante o processo de peneiração em busca de
evidências, não somente para impedir a contamização cruzada, mas também para proteger o
peneirador.

pelo menos três vezes o tamanho da cratera original. Entretanto, ela poderá ser maior
ou menor, dependendo da quantidade de componentes da bomba encontrados na
medida em que a escavação progride. Note que os buracos de entrada dos
componentes da bomba não são necessariamente evidentes na sujeira, areia ou pedra
triturada. Portanto, porque o investigador não vê os buracos de entrada, não pode ser
presumido que não existam componentes no solo. Sempre que itens de evidência são
descobertos durante o processo de escavação da cratera, eles devem ser
imediatamente coletados e colocados em um recipiente adequado e sua recuperação
anotada no registro de recuperação de evidência. Isto evitará que estes itens sejam
descartados ou perdidos durante a escavação subsequente.

Com respeito à cratera na terra, deve ser colhida uma amostra de terra,
coletada e colocada em uma vasilha de metal para verificação de resíduos de
explosivos pelo laboratório antes de a cratera ser mexida em esforços para localizar os
componentes fragmentados resultantes da explosão. A sujeira é uma boa receptora de
resíduos e explosivos não consumidos resultantes da explosão de um AEI,
especialmente artefatos que são cosntruídos com uma carga principal de baixo
explosivo. Além disso, um "controle‖, ou amostra conhecida da terra, deve ser colhida

250
do solo fora do cenário imediato e colocada em um vasilhame separado. Esta amostra
controle serve para mostrar que os explosivos identificados no material da cratera não
estavam presentes no solo antes da explosão. Estas amostras serão então anotadas no
registro de controle da evidência, indicando que são amostras do solo, uma da cratera e
a segunda, a amostra controle. Pode se aconselhável colher mais de uma amostra
controle do solo em grandes cenários de bomba.
Técnicas relativas ao uso de aspiradores de pó para recupreação de
evidência são efetivamente usadas em superfícies e materiais considerados mutios
grandes para serem levados ao laboratório para verificação. Estes materiais incluem
carpetes (especialmente em veículos), assoalhos e bancadas. No que tange os
cenários pós-explosão, o uso do aspirador de pó deve ser feito depois de os itens de
evidência visíveis terem sido recuperados, uma vez que este processo é usado para
coletar itens de evidência geralmente não a olho nu. Entretanto, a coleta de resíduos
explosivos com um swab deve ser feita antes de se utilizar o aspirador de pó. Nas
buscas por evidência envolvendo um cenário sem explosão, mas que pode ter sido
usado para fabricar a bomba, o uso do aspirador de pó deve ser feito antes da busca
geral. Em cenários de investigações de bomba, a utilização do aspirador de pó é um
dos últimos tipos de procedimentos conduzidos para coleta de evidência ou busca.
Como me foi dito certa vez por um investigador pós-explosão da divisão de Boston do
FBI em relação ao uso do aspirador de pó, o cenário (especialmente os pisos) deve
estar mais limpo depois da explosão e dos processos de coleta, do que antes da
explosão. Ele disse, "você pode até comer no chão de qualquer cenário que eu
trabalho‖.
A utilização do aspirador de pó dever ser feita com um filtro não-
reutilizável aplicado na mangueira do equipamento (Figura 4.34). Isto impede que o
equipamento de coleta seja contaminado por materiais de outras buscas por evidência.
O filtro não deve ser aberto ou examinado depois de seu uso, mas sim receber um
número de item para ser inserido no registro de evidência e enviado ao laboratório para
exames. Em um caso específico, quando o filtro recebido no laboratório havia sido
aberto pelos analistas de explosivos, foram encontradas partículas não consumidas de
pólvora de flash fotográfico.

4.2.7 Como Coletar Evidência no Cenário de Bomba


A coleta de evidência no cenário de bomba é uma forma de
documentação do cenário que envolve a escolha e uso corretos de recipientes nos
quais devem ser guardados os materiais de evidência. Os recipientes devem ser
escolhidos de acordo com o tipo de evidência e devem propiciar proteção suficiente aos
materiais permitindo sua coleta, armazenamento, transporte ao laboratório e
subsequente uso em procedimentos legais. A seguinte lista contém os diversos tipos de
recipientes que têm sido utilizados para guardar evidência dos cenários do crime com
bomba e os tipos de evidência colocados nestes recipientes:
251
Figura 4.34 O filtro especial para aspiradores de pó é aplicado na mangueira do equipamento e
é utilizado para reter as evidências aspiradas do cenário. O filtro não deve ser aberto pelo
pessoal de buscas, mas pelos peritos no laboratório.

Tipo de Recipiente Tipo de Evidência


Saco zip-top de Polietileno Componentes gerais do AEI que não
necessitem de análise de resíduo de
explosivo
Saco de Náilon zip-top ou selado por Materiais que precisam ser submetidos à
calor análise de resíduos de explosivos
Lata de metal, forrada e sem forro Materiais que precisam ser submetidos à
análise de resíduos de explosivos e amostras
do solo
Lata de metal, forrada e sem forro Líquidos
Lata de metal, forrada e sem forro Alto e baixo explosivos não consumidos
Saco antiestático de polietileno Baixo explosivos não consumidos
Vasilhame de vidro Líquidos, alto e baixo explosivos não
consumidos
Saco de papel ou Tyvek Roupas secas ou roupas contend sangue

Os recipientes estão disponíveis em vários tamanhos dependendo da


amostra ou do número de itens de evidência a serem colocados nos mesmos. Os itens
de evidência são coletados, documentados e registrados dependendo de onde foram
encontrados no cenário; essencialmente, de qual grade ou área de coleta designada.
No método de coleta em grade, todos os itens de evidência similares e uma grade
podem ser colocados em um recipiente. Entretanto, isto depende da quantidade de

252
materiais naquela grade e do tipo de exame laboratorial solicitado daqueles itens.
Considere a listagem de recipientes precedente como guia para coleta de materiais de
evidência. Por exemplo, em uma grade a equipe de buscas encontra evidências que
não serão submetidas à análise de resíduos. Elas podem ser colocadas em um saco
de polietileno zip-top. A misturar de evidência de um cenário de bomba é uma prática
aceita. Em outra grade, fragmentos de tubo, que logicamente continha a carga principal
explosiva, estão presentes junto com fragmentos de vários outros materiais. Uma vez
que os fragmentos do tubo precisariam de análise de resíduos, eles seriam colocados
em uma lata de metal ou saco de náilon, e os outros materiais em um saco de
polietileno zip-top. É necessário o uso de um saco de náilon, lata, ou vasilhame de vidro
para materiais que precisam ser submetidos à análise de resíduos, de forma a reter os
resíduos voláteis e impedi-los de permear através do recipiente. Sacos comuns de
polietileno ou papel não são adequados para compostos voláteis. Um saco de náilon
adequadamente selado por aquecimento tais como os utilizados para evidências de
narcóticos, propicia uma barreira para reter resíduos explosivos dos mais voláteis. Latas
de metal e vasilhames de vidro podem ser usadas se os sacos de náilon não estiverem
disponíveis. De ser notado que ao usar náilon para conter objetos pontudos, as
extremidades pontudas devem ser protegidas com material almofadado não
contaminado para impedir que fure o saco (Figura 4.35). Instruções detalhadas para
empacotamento de diferentes tipos de evidência podem ser encontradas na publicação
da divisão de laboratório do FBI, Manual de Serviços Forenses, revisado em 2003.

(a)

Figura 4.35 Os recipientes para coleta de evidência incluem, entre outros, saco antiestático de
polietileno (a), sacos para materiais que apresentem riscos à vida (b), latas de metal(c), sacos
de papel (d) e sacos de polietileno ziptop (e).

253
(b)

Figura 4.35 (Continuação).

(c)

Figura 4.35 (Continuação.)

254
(d)
Figura 4.35 (Continuação.)

(e)
Figura 4.35 (Continuação.)

255
Como regra geral, itens similares presentes em uma mesma não são
colocados em recipientes separados. O uso de recipientes separados aumenta a carga
do guardião das evidências por ter que guardar e prestar contas de muitos recipientes
desnecessários. Entretanto, pode ser utilizado mais de um recipiente se for recebida
grande quantidade de evidência, ou pelas razões previamente ditas com relação à
análise de resíduos.
Depois da colocação da evidência em um recipiente adequado por um
membro da equipe de buscas, o recipiente deve ser adequadamente marcado para sua
identificação e atribuição de responsabilidade. Isto é feito ao se colocar pelo menos os
seguintes dados em um recipiente de evidência (Figura 4.36):
Breve descrição do item
Local onde a evidência foi encontrada (número ou letra da grade)
Nome ou iniciaisd e quem a encontrou
Data em que foi encontrada
Outros dados tais como o endereço ou área específica, número do caso,
hora em que foi encontrada, etc., podem ser incluídos, dependendo da política
departamental. Estes dados devem ser marcados com marcador permanente e depois
cobertos com fita transparente para impedir sua remoção inadvertida. Se forem
utilizados sacos de náilon, a maioria dos quais não contém uma característica de
fechamento zip-top, eles devem ser selados por aquecimento para reter os vapores de
resíduos. Outros recipientes, sacos de polietileno e papel, latas e vidros devem ser
fechados e selados com fita de evidência à prova de adulteração (esta fita proporciona
uma indicação visível quando removida ou alterada). Evidência grande demais para um
recipiente normal, dependendo do tipo, pode ser embrulhada com plástico ou papel ou
colocada em uma caixa de madeira limpa que é construída para este propósito
específico. A marcação final pode ser realizada pelo uso de uma etiqueta ou rótulo de
evidência anexada ao item ou recipiente.
Dependendo da política departamental e da complexidade do cenário, os
procedimentos para coleta e inventário pelo guardião das evidências variam. Um
método utilizado é a colocação dos recipientes de evidência já marcados no chão ou no
piso dentro da grade na qual elas foram encontradas. O guardião das evidências então
caminha pelo cenário, coloca um número de item de evidência em cada recipiente com
suas iniciais, insere o número do item e dados descritivos no registro de evidência, e
depois coleta o recipiente e evidência. Este processo é duplicado até que todas as
evidências e recipientes de evidências tenham sido coletados. No segundo método, o
pesquisador de evidência que a encontrou e a colocou no recipiente, leva a evidência e
os recipientes ao guradião das evidências para inserção no registro de evidências, na
medida em que a evidência é coletada de cada grade ou de várias grades. Em ambos
os métodos, o guardião coloca o número do item no recipiente com suas iniciais e
insere este número e os dados descritivos no registro.

256
Figura 4.36 Recipientes de evidências, indiferente de seus tipos, devem incluir o nome da
pessoa que encontrou a evidência, data e local encontrado, uma breve descrição da evidência,
número do caso e seu número no registro de evidências. O recipiente deve ser selado com fita
à prova de adulteração.

Deve ser dada especial consideração ao primeiro procedimento, no qual o


guardião, o descobridor, e o indivíduo que coloca a evidência no recipiente são a
mesma pessoa. Isto auda em qualquer procedimento legal porque somente uma
pessoa precisa inserir todas as evidências no registro do tribunal, ao invés de ter todos
os pesquisadores inserindo suas descobertas individualmente. Isto organiza os
procedimentos.

257
Como previamente discutido, não é necessário a demarcação de cada
item de evidência no diagrama durante as investigações do cenário de bomba.
Entretanto, caso o líder da equipe deseje selecionar itens de evidência demarcados,
isto deve ser feito antes de a evidência ser removida do local onde a mesma foi
encontrada. Portanto, durante os estágios de identificação e coleta de evidência, deve
ser efetiva a coordenação entre o líder da equipe (que aponta quais itens ele deseja
demarcados e fotografados no diagrama) e o desenhista, o fotógrafo, e os
pesquisadores de evidência ou descobridores. Adicionalmente, neste momento o líder
da equipe pode querer apontar ao desenhista para que indique, sem identificar itens
específicos de evidência quanto a seus números, os tipos de evidência em algumas ou
todas as áreas de buscas ou zonas de grade. Mais uma vez, isto não é uma
identificação específica de algum item, mas uma designação genérica de evidência,
que quando revista no diagrama pode prover a direção relativa e extensão do tipo e
quantidade de evidência ou fragmentos espalhados em específicas áreas do cenário.
Isto às vezes é chamado de efeito "leque": as evidências emergindo do epicentro em
um arco estreito e se estendendo pelo cenário em um arco sempre crescente, ou leque.
O fotógrafo também pode documentar este efeito leque (Figura 4.20 e Figura 4.24).

Como previamente indicado, o método de marcar o recipiente da


evidência ao invés do real item de evidência é referido como marcação indireta,
contrário à marcação do item ou marcação direta. A marcação indireta é o método
preferido de marcar os itens de evidência, indiferente do tamanho; alterar o aspecto de
um item de evidência pode remover evidências valiosas não vistas, tais como
impressões digitais latentes.

Dependendo do tipo dos componentes da bomba recuperados, padrões


conhecidos ou amostras de materiais (orgânicos ou inerentes ao cenário) podem ser
coletados e inventariados. Estes materiais incluem componentes elétricos, interruptores
e fiação, papíes, caixas e componentes de metal de um veículo ou estrutura. Estes
materiais são coletados do cenário quando os fragmentos dos componentes e
acessórios da bomba podem ser similares aos materiais presentes na área alvo no
momento da explosão. Também conhecidas como amostras de comparação ou
eliminação, elas são muito úteis nos exames laboratoriais por propiciarem um "padrão"
dos materiais no cenário e são usadas para comparação com a evidência recuperada
que geralmente contém não só componentes da bomba, mas também materiais do
cenário. Ao identificar tais itens como presents no cenário quando a bomba explodiu, os
mesmos são então excluídos como possíveis componentes da bomba. Como um
exemplo, em uma explosão em um veículo no qual foram identificados e recuperados
vários tipos de fios durante a investigação do cenário, a equipe investigativa também
coletou vários fios do sistema elétrico do carro e os submeteu ao laboratório como
―amostras conhecidas‖. Durante os exames laboratoriais dos fragmentos, foi feita uma
258
comparação entre os fios conhecidos do veículo e estes fios recuperados. Esta
verificação resultou em uma associação entre alguns dos fios recuperados e os
conhecidos, efetivamente eliminando a possibilidade daqueles fios teriam sido parte da
bomba. Os fios restantes foram enfim identificados como parte do sistema detonador
elétrico da bomba. O trabalho dos peritos laboratoriais teria sido mais difícil sem os
padrões conhecidos para comparação.

4.2.7.1 Situações Epeciais para Coleta de Evidência


Quando uma equipe investigativa responde a um incidente no qual um
artefato explosivo foi desarmado/desmontado por um técnico em bombas, obviamente
existem circunstâncias e perigos especiais, os quais demandam considerações
especiais. Um destes é a recuperação de explosivos não-explodidos, tanto da carga
principal como do iniciador, com a ajuda do técnico em bombas. A equipe deve certificar
que todos os componentes foram separados e dispostos em uma maneira adequada
para impedir a iniciação acidental. Antes da coleta e inventário, devem ser tiradas
fotografias detalhadas do artefato. Estas fotografias formam um exato registro da
aparência do artefato depois de ser desmontado e ajuda a documentar as várias
características de construção. Esta será uma referência valiosa durante os exames
laboratoriais. O técnico em bombas deve ser entrevistado com profundidade no que
tange a ações específicas realizadas para efetivar a desmontagem e qual sistema de
rompimento de explosivo foi utilizado, se este foi caso, para desarmar o artefato. Se
foram utilizados explosivos, são determinados o tipo e uso como uma contracarga ou
cartucho (por exemplo, um canhão d‘água acionado por explosivo), é é dada especial
consideração para obtenção de uma amostra não disparada do cartucho para uso como
amostra de comparação no laboratório. Deve ser feito contato com o pessoal do
laboratório para descobrir se eles necessitam da amostra conhecida do cartucho para
fazer a distinção entre os explosivos no cartucho e a carga principal explosiva no
artefato. Normalmente, isto não é necessário em AEI‘s que tenham sido desarmados
com sucesso sem a explosão da carga principal. Entretanto, em exemplos nos quais o
artefato explode durante a tentativa do procedimento de desarme, pode ser necessário
se ter uma amostra conhecida ou de comparação de qualquer explosivo ou propelente
usado no procedimento para intercomparação entre os explosivos na bomba e os
utilizados para desarme.
O segundo tipo especial de coleta é a busca em um cenário que pode ter
servido como local de montagem do artefato ou no veículo utilizado para transportá-lo.
Em cada situação, deve ser envidada especial ênfase nos esforços para garantir a
segurança de quem estiver conduzindo as buscas (no que tange às armadilhas
explosivas) e também para garantir que aqueles que fazem as buscas não estejam
contaminados com explosivos antes das buscas. A segurança é aumentada quando os
técnicos em bombas fazem a entrada inicial para procurarem armadilhas que podem ter
sido preparadas para a equipe de buscas. Além disso, os técnicos em bomba também
259
podem prover aconselhamento indispensável e habilidades quanto aos métodos
seguros para guardar quaisquer explosivos recuperados e a identificação e relevância
de possíveis componentes da bomba. Entretanto, qualquer pessoal que esteja
conduzindo este tipo de busca deve se certificar de que estão livres da contaminação
por explosivos uma vez que a busca deve apenas revelar materiais para rastreio. Um
método para isto é prover a cada um que participe na busca, macacões Tyvek com
protetores de sapatos, capuz e luvas de borracha. O cenário deve ser submetido ao
aspirador de pó com um dispositivo especial para coleta atnes da recuperação das
evidências gerais. Já houve buscas onde a única evidência recuperada foi através do
uso do aspirador de pó, uma vez que não foram identificados materiais observados a
olho nu.
A comunicação com o laboratório é essencial quando explosivos não
explodidos são recuperados durante uma investigação. Deve ser obtida orientação
sobre como enviar ou transporter os explosivos ao laboratório, e que quantidade de
explosivos o laboratório precisa para análise. Sim, o material pode parecer e ter aspecto
de um explosivo, mas até que seja confirmado por exames laboratoriais, ele
normalmente não pode ser usado em procedimentos legais. Além disso, caso sejam
recuperadas grandes quantidades de explosivos, o investigador não deve destruir
arbitrariamente qualquer dos explosivos até que seja instruído por autoridade legal.
Embora possa existir crcunstâncias especiais que têm um impacto direto na segurança
do investigador e da comunidade, o investigador não deve destruir explosivos
recuperados sem a permissão de um promotor ou tribunal, apenas porque pode haver
muito explosivo para contender. Caso seja dada permissão para destruir os explosivos,
quaisquer caixas, recipientes ou materiais usados para embalagem devem ser retidos
para exames laboratoriais, especialmente para verificação de impressões digitais
latentes. A destruição também deve ser documentada por gravação em vídeo.

4.2.8 Inspeção Final


Na conclusão da coleta de evidência e documentação, uma das
necessidades finais na investigação do cenário é para que o líder da equipe conduza
uma última inspeção do cenário da explosão ou bomba. A inspeção final é uma revisão
crítica de todos os aspectos da busca, para certificar que os objetivos da investigação
do cenário foram atingidos. Esta revisão, com a assistência de todos os membros da
equipe, inclui, mas não está limitada a:
• Realizar uma caminhada pós-investigação pelo cenário para avaliar a inteireza
do processamento do cenário no que tange à investigação de campo em
andamento.
• Certificar que o cenário foi totalmente examinado em busca da presença de
evidência.
• Certificar que toda evidência identificada tenha sido coletada, empacotada,
adequadamente marcada e inserida no registro de evidência.
260
• Recolher e computar os equipamentos usados durante a investigação e, se
necessário, descontaminá-las.
• Certificar que toda a documentação do cenário está completa.
• Considerar fotografar ou gravar em vídeo o cenário antes da partida.
• Discutir assuntos pós-cenário (por exemplo: exames de laboratório) e
necessidades da investigação de campo.
A maioria destes pontos é auto-explicativa e não requer esclarecimentos.
Entretanto, quanto à fotografia, o registro fotográfico do cenário garante que qualquer
alteração do cenário depois da partida da equipe investigativa não resultará em
responsabilidades para os investigadores. Isto é especialmente verdade em buscas
realizadas em locais suspeitos de fabricação de artefatos explosivos. Já ocorreram
instâncias nas quais depois do cumprimento dos mandados de busca e da partida da
equipe investigativa, o cenário foi significativamente alterado pelo proprietário em
esforços para criar uma falsa impressão de que os pesquisadores ―destruíram‖ o local
enquanto buscavam por contrabando. O inquilino foi tão insistente que a equipe de
televisão local e um repórter foram intimados e mostraram a ―destruição‖. Entretanto, a
equipe investigativa tinha tirade fotografias antes da partida, que foram apresentadas
aos repórteres, e a ―história‖ nunca foi ao ar. Temas do pós-cenário relativos a exames
laboratoriais e as subsequentes investigações de campo serão detalhados depois das
necessidades para liberação do cenário.
A descontaminação do equipamento utilizado no cenário é essencial para
garantir que materiais de um cenário não sejam trazidos para um cenário subsequente.
Caso tenham sido utilizados macacões descartáveis, dependendo do tipo de
contaminação (se conhecido), eles podem ser colocados em um saco plástico e
descartados de acordo com as políticas departamentais. Roupas contaminadas com
sangue, tecido corporal ou outros fluidos devem ser colocadas em recipientes
apropriados para acondicionamento de materiais perigosos e descartados, novamente,
de acordo com as políticas departamentais. Na incerteza quanto ao que se deve fazer
com estes tipos de materiais contaminados, pode ser obtida orientação junto ao
departamento local de saúde pública. As roupas não descartáveis devem ser totalmente
limpas por lavanderia comercial, ou se contaminadas com sangue, elas podem ser
limpas por uma lavanderia especializada na descontaminação de roupas hospitalares.
As ferramentas não descrtáveis utilizadas no cenário devem ser limpas
com água quente e sabão, e depois totalmente enxaguada com água abundante. O uso
de água com alta-pressão tais como encontradas em estabelecimentos comerciais de
lavagem de veículos também é uma boa alternativa. Pode-se ainda fazer uma coleta
em busca de resíduos de explosivos com um swab para certificar que os itens não
estão contaminados mesmo depois de lavados. Depois da limpeza, as ferramentas e
equipamentos usados no cenário do crime devem ser guardados, como antes, em um
local limpo para uso futuro (Anexo D). Também, os suprimentos consumíveis devem ser
repostos neste momento.
261
4.2.9 Liberação do Cenário
O cenário deve ser liberado somente depois de ter sido feita a inspeção
final. Esta liberação deve ser para uma autoridade competente e autorizada, tais como
o proprietário, o agente de saúde pública ou o representante da agência seguradora. A
documentação da liberação do cenário e para quem este foi entregue deve ser
registrada de acordo com os protocolos da agência, tais como na notas de investigação
de campo ou na seção apropriada do registro de atividade do cenário, previamente
identificado. O investigador deve entender que ao liberar o cenário, qualquer reentrada
deve demandar permissão do proprietário, da autoridade apropriada ou um mandado
de busca. A liberação só deve ser feita quando a equipe investigativa estiver satisfeita
que o cenário foi totalmente investigado, e todos os seus objetivos foram atingidos.
A documentação para liberação inclui:
Hora e data da liberação
Para quem foi liberado
Por quem foi liberado
Dependendo do cenário e da política departamental, pode ser apropriado
notificar outras autoridades municipais e federais em casos envolvendo preocupações
com saúde ou condições e materiais perigosos presentes no cenário, antes da
liberação. Essencialmente, qualquer perigo, por exemplo, biopatogênicos, integridade
estrutural, problemas ambientais, etc., devem ser revelados à pessoa ou autoridade
que recebe o cenário. Além disso, se foi utilizado um mandado de busca para obter
acesso ao cenário, deve ser dado um inventário dos materiais apreendidos à pessoa
responsável pela propriedade. Se não houver ninguém presente, a lista deve ser
deixada em um local conspícuo.
A liberação completa a investigação do cenário, mas dá início à próxima
fase da investigação geral, à submissão das evidências ao laboratório para exames e à
investigação de campo. Entretanto, antes de sair do cenário com a evidência, deve se
dada especial consideração em como a evidência deve ser transportada. No caso de
explosivos não consumidos prontamente identificados serem recuperados (por
exemplo, um artegado desarmado pele esquadrão antibombas), deve ser obtida
assistência do técnico em bombas para transportar os explosivos. Adicionalmente,
explosivos não consumidos não devem ser levados para o departamento policial e
armazenados com outras evidências, por várias razões. A mais óbvia é a segurança. A
menos que armazenados em local especialmente construído e aprovado para guarda
de explosivos, os explosivos vivos não podem ser armazenados em edifícios de
trabalho público. Os técnicos em bomba normalmente dispõem de edificações ou
contâineres especialmente projetados para armazenar explosivos. Caso a necessária
assistência de um técnico em bombas não esteja disponível, os distribuidores
comerciais de explosivos podem ser contatados para assistência quanto ao
armazenamento de explosivos. Entretanto, atnes de utilizar quaisquer instalações

262
comerciais, deve-se ter o cuidado de determinar quem tem acesso ao local do
armazenamento, e a evidência dos explosivos deve ser protegida de tal forma que
possa identificar quaisquer tentativas de pessoas não autorizadas para obter acesso
aos materiais. Isto seria necessário para qualquer uso em procedimentos legais.
Adicionalmente, o transporte de explosivos vivos (não resíduos) do cenário deve estar
de acordo com as leis estaduais e federais que regulamentam a movimentação de
explosivos em estradas e rodovias. Na incerteza de quais são estas exigências, o
investiador pode obter a assistência de reguladores estatais, distribuidores de
explosivos, ou dinamitadores comerciais.
Explosivos vivos não podem ser usados no tribunal por razões de
segurança. O resultado das análises de laboratório de explosivos é o método
apropriado de atestar a autenticidade dos explosivos.
A segunda razão porque o investigador não deve armazenar cargas
explosivas com outros tipos de evidência é a real possibilidade de contaminar a outra
evidência.
Antes de sair do cenário de crime com bomba, todas as evidências
coletadas devem estar guardadas em caixas ou grandes sacos plásticos para garantir
que nada seja extraviado e que nenhuma contaminação ocorra durante o transporte.
Esta declaração é feita porque todos os tipos de materiais são carregados em veículos
da segurança pública de tempos em tempos. Deve haver um contínuo esforço para
impedir que a evidência seja contaminada com outros materiais durante o processo de
transporte. Da mesma forma, sacos de evidência com vestígios de contaminação em
suas superfícies são indesejáveis.
Evidências de diferentes cenários, especialmente as coletadas de um
possível local de fabricação de bombas, ou roupas, ou materais coletados de um
suspeito da investigação, nunca devem ser colocados no mesmo saco, caixa ou
vasilhame usado para transportar as cargas explosivas. O uso de diferentes recipientes
impede a possibilidade de misturar evidências de diferentes cenários ou partes da
investigação. Como lembrete, é aceitável misturar evidências do mesmo cenário, mas
não de diferentes cenários. Para ajudar esta precaução, quando alguma evidência for
armazenada na sala de evidências do departamento aguardando transmissão para o
laboratório, as evidências de diferentes investigações devem ser guardadas em suas
próprias caixas ou recipientes adequados e especificamente identificados. Informações
detalhadas para empacotamento e remessa podem ser encontradas no previamente
referenciado Manual de Serviços Forenses do FBI.

4.2.9.1 Submissão da Evidência ao Laboratório


A menos que seja apresentado um motivo específico, todos os materiais
identificados como possível evidência coletados no cenário de bomba devem ser
enviados ao laboratório para exames. A maioria dos laboratórios possui protocolos
específicos que regem o recebimento de uma evidência de um colaborador. Na
263
incerteza de quais são estes protocolos, o investigador deve pedir ajuda ao laboratório,
especialmente no que tange à transmissão de explosivos vivos. Não envie explosivos
vivos ao laboratório a menos que ligue antes e peça permissão para enviar os
explosivos e pergunte que quantidade o laboratório gostaria de ter para análise. As
capacidades específicas de um laboratório completo serão detalhadas no Capítulo 7.
Entretanto, por enquanto, o investigador deveria sensatamente esperar que o
laboratório identifique componentes fragmentados do AEI, o sistema detonador e o
método lógico de iniciação, que tipo de explosivo foi usado como carga principal, e
prover alguma pista investigativa derivada dos exames de laboratório e na identificação
de componentes. Como tal, é responsabilidade do investigador preparar um ofício do
departamento para o laboratório, solicitando exames das amostras recuperadas no
cenário. Este ofício, chamado de carta de transmissão, deve incluir, no mínimo:

Nome do investigador para contato


Números de telefone e endereços eletrônicos para contato
Sinópse do incidente incluindo a data, local (endereço, cidade e
estado), nome da vítima e do suspeito
O que você gostaria que o laboratório fizesse
Se necessário, qualquer pedido de urgência para os exames
Lista das amostras submetidas
Se a investigação é de caráter criminoso ou civil
Se qualquer outro laboratório já examinou a evidência, e neste caso,
por que estes exames estão sendo solicitados e os resuldados dos
exames prévios

Como forma de uma breve explicação de alguns dos pontos precedentes,


os laboratórios federais que conduzem exames em fragmentos de bombas, o FBI, o
Serviçio Postal dos EUA (USPS), e a ATF, exigem que a investigação seja criminal e
não civil. Também é muito importante que nenhum outro laboratório tenha examinado
os materiais, ou se examinaram, os resultados dos exames sejam conhecidos dos
peritos que farão o segundo exame.
Como detalhado no texto precedente, o investigador deve ser muito
específico na solicitiação dos exames. Dependendo do tipo de evidência submetida,
isto poderia incluir outros tipos de exames tais como impressões digitais latentes, DNA
da saliva que possa estar em um toco de cigarro recuperado, marcas do uso de
ferramentas em fios e a intercomparação com ferramentas pertencentes ao suspeito, e
por aí vai. É muito importante pedir exames espcíficos, especialmente de impressões
digitais. Uma vez que a evidência tenha sido manuseada no laboratório sem as
devidas precauções para preservação das impressões digitais, é difícil proceder tal
exame. A maioria dos peritos laboratoriais que não vêem um pedido para impressões

264
latentes contido no ofício, normalmente ligará para o investigador e perguntará
especificamente acerca da necessidade para este e qualquer outro exame.
As evidências submetidas devem ser especificamente listadas. Sim, cada
saco, lata ou vasilhame de evidência precisa ser listado na carta de transmissão. Isto
propicia um inventário e responsabilidade tanto para o investigador como para o
laboratório, para garantir que cada evidência considerada como enviada, tenha sido, de
fato, enviada. Depois na investigação não é momento de entrar em discussão de onde
determinado item de evidência está localizado, se na sala de evidências ou no
laboratório? O momento para resolver qualquer discrepância no inventário é quando a
evidência é recebida e inventariada, antes dos exames no laboratório. A lista pode ser
longa, mas o problema tem importância no final.
A evidência, a menos que pessoalmente entregue, deve ser enviada com
um documento para atestar o recebimento através de assinatura. Isto continua a cadeia
de custódia estabelecida no cenário pelo guardião das evidências. Na conclusão dos
exames laboratoriais, a evidência será devolvida mediante outro documento para
atestar o recebimento através de assinatura.

4.2.10 A Investigação de Campo (ou Externa)


A investigação de campo é aquela parte da investigação que estabelece o
vínculo de uma pessoa responsável pela explosão da bomba com as evidências e
componentes da bomba recuperados durante a investigação do cenário. As técnicas
investigativas aqui detalhadas são consideradas um tanto preliminaries e de forma
alguma tentam descrever todos os métodos dos processos investigativos. A
investigação do cenário, a complexidade da explosão, por exemplo, o tipo de alvo,
número de pessoas feridas ou mortas, e a extensão dos danos, no final das contas
determinarão o tipo e a extensão dos recursos designados para a investigação de
campo.
A investigação de campo começa com base no seguinte tripé: quem tinha
o motivo, a oportunidade e os meios para cometer o atentado? Ao responder estas
perguntas relativamente simples, o foco da investigação pode ser direcionado para uma
pessoa específica ou um grupo. O motivo estabelece porque alguém pode ter desejado
cometer o atentado; o motivo é definido no dicionário estudantil e doméstico Funk and
Wagnall como ―uma necessidade ou desejo que faz com que uma pessoa aja‖. O ato de
enviar ou colocar um explosivo que permita ao agressor não estar presente no cenário
quando a bomba explode, exceto para agressores suicidas, torna muito difícil a
determinação do motivo. A inspeção do alvo é ponto de partida lógico em esforços
para derterminar o motivo. O alvo é uma fábrica de produtos controversos? Se uma
pessoa, poderia ser uma disputa doméstica ou um triângulo amoroso? Uma instalação
do governo foi atacada durante uma disputa doméstica ou política estrangeira? Outros
fatores a serem considerados são disputas trabalhistas entre administração e
trabalhadores, crianças/adolescentes ―experimentando‖, ou até um ato fortuito de
265
violência. A lista pode ser longa, entretanto, aqui está uma listagem parcial de motivos:

Terrorismo Extremismo político


Vingança Disputa doméstica, triângulo amoroso
Vandalismo Direitos civis
Destruição Maliciosa Extorsão
Atenção Ganho monetário
Experimentação Disputa trabalhista

Oportunidade é uma combinação de tempo e circunstâncias para


colocação do artefato ou enviá-lo pelo correio. As circunstâncias exatas têm muito a ver
com o tipo de sistema detonador embutido no artefato. Se houver retardo de tempo,
quando foi que o fabricante da bomba ou a pessoa que entregou o artefato realmente
colocou a bomba? Mais uma vez, isto depende do tempo de retardo, minutos, horas ou
dias, embutido no mecanismo de retardo de tempo. Quais eram as circunstâncias em
volta da entrega? Quem poderia estar presente para observar a entrega? O
investigador deve ―voltar no tempo‖ em esforços para tentar estabelecer a janela de
oportunidade para esta entrega e, caso foque uma pessoa específica, descobrir onde
tal pessoa estava durante aquele período, não necessariamente onde a pessoa estava
no momento da explosão. Existe uma janela de oportunidade ainda maior com o
artefato iniciado pela vítima. Nesta linha de investigação, o investigador deve
estabelecer: (1) se a vítima era o alvo planejado ou estava no lugar errado na hora
errada; e (2) dependendo da responsta para a pergunta 1, padrões de atividade da
vítima ao verificar quem pode ter sabido quando a vítima estaria naquele local para
disparar a bomba. O artefato iniciado remotamente apresenta vários desafios adicionais
no que tange a colocação/entrega. Como demonstrado no Capítulo 3, a pessoa que
envia o sinal para iniciar este tipo de artefato pode ou não ter tido o alvo em sua alça de
mira. Entretanto, o problema de quando o agressor teve a oportunidade de colocar o
artefato, seja ao longo do caminho da vítima ou no veículo da vítima, deve ser
determinado pelo investigador. Mais uma vez, estas perguntas são muito simplistas,
porém elas propiciam uma linha inicial de investigação.
A terceira área de foco para o investigador é determinar quem pode ter
tido os meios ou recursos para montar a bomba. Os recursos englobam não só os
componentes com os quais contruir a bomba, mas o conhecimento e habilidade
necessários para montá-la. Adicionalmente, o fabricante da bomba precisaria de um
local para construir o artefato e, dependendo da complexidade da bomba, várias
ferramentas. Os componentes usados para construir a bomba podem ou não ser
evidentes durante a coleta de evidências no cenário. Nesta segunda opção, com um
pouco de sorte os exame laboratoriais dos materiais enviados pelo investigador farão
esta identificação. Com este conhecimento, a investigação aprece ter descoberto os
recursos, e os locais onde eles foram adquiriros, dos componentes usados para

266
construir a bomba. Se for um artefato improvisado, ele utiliza itens comuns em sua
construção. A investigação deve então focar dois aspectos dos componentes, a carga
principal explosiva e o sistema detonador. O sistema detonador não só pode ser
totalmente construído com materiais ―comuns‖, os quais podem ser muito difíceis de
rastrear, mas os explosivos também podem ser improvisados a partir de ingredientes
prontamente disponíveis. De fato, isto torna a investigação muito difícil, mas não
impossível.
Junto com os componentes, os fabricantes de bombas precisam ter algum
nível de conhecimento e habilidade não só para construir a bomba, mas também para
impedir que o artefato detone prematuramente, matando-os. O conhecimento pode ser
obtido de várias fonts incluindo diversos livros e panfletos sobre o assunto, bem como a
Internet. Muitos websites relativos ao uso de explosivos improvisados foram removidos
desde os ataques de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center e ao Pentágono,
mas alguns ainda existem. Entretanto, com o conhecimento ainda é preciso ter certo
nível de habilidade para fazer a transição do projeto para o real artefato. Tem sido dito
que um fabricante de bombas com muita habilidade pode disfarçar seu trabalho para
parecer o de um fabricante sem habilidades, mas um fabricante sem habilidades não
pode construir um artefato além de suas capacidades. Esta é uma declaração muito
difícil de defender ou de descordar, uma vez que é problemático determinar o nível
básico de habilidades de um potencial fabricante de bombas.

4.2.10.1 Onde Começar a Investigação de Campo


Para continuar com esta linha de investigação inicial para determinar
quem pode ter tido o motivo, a oportunidade e os meios para construir um AEI, várias
linhas de investigação devem ser consideradas. Estas formas de investigação incluem:
As vizinhanças do local da explosão
Locais de atendimentos médico
Socorristas iniciais
Associados e parentes da vítima/suspeito
Fontes para componentes da bomba
Bases de dados
A vizinhança na qual ocorreu a explosão pode ter várias testemunhas que
podem ter observado partes críticas de informação. O investigador tem a
responsabilidade de encontrar estas testemunhas e através de efetivas habilidades de
entrevista extrair esta informação. Testemunhas podem ou não cooperar por diversas
razões, mas geralmente acreditam que não têm nada de valor para acrescentar à
investigação. Para muitas, este não é o caso. Algumas das perguntas que devem ser
feitas incluem: Você estava na área no momento da explosão, por quanto tempo você
ficou lá, o que você viu depois/antes da explosão, você viu alguém colocar um objeto
no/sobre/em volta do alvo e o que a vítima fez? Esta lista é incessante. Nos esforços

267
para identificar estas testemunhas, a áera em volta da explosão deve ser
minuciosamente examinada, indo de porta em porta e não apenas fazendo estes tipos
de perguntas, mas também procurando a identidade de outros que já não estão no
cenáro. Dependendo das circunstâncias, pode ser preciso procurar por testemunhas
transitórias que podem ter passado pelo cenário imediatamente antes, durante ou
depois da explosão. Estas incluem pessoal de entrega, motoristas de táxi e ônibus,
trabalhadores, coletores de lixo e polícia. Os esforços para identificar estes tipos de
pessoas podem envolver a colocação de um bloqueio nas ruas daquela área, no dia
seguinte e aproximadamente uma hora antes do horário da explosão, para tentar
identificar trabalhadores passando naquela área. Os registros policiais relativos às
violações com veículo em movimento e multas de estacionamento na área geral em
volta da explosão devem ser revistos para estabelecer identidades ou possíveis
testemunhas ou vítimas. Na investigação de uma grande explosão em Nevada e na
Califórnia no início dos anos 80, os suspeitos foram por fim identificados através de
uma multa por excesso de velocidade emitida a quilômetros de distância da explosão,
depois que eles deixaram a área depois da colocação/entrega do artefato.
Essencialmente, a história deles do porque que eles estavam na área não se sustentou
depois de uma intensa investigação.
Uma excelente fonte de informação em muitas áreas provém das câmeras
de vídeo de vigilânci. Estas incluem câmeras instaladas dentro de estruturas, em volta
de perímetros de edifícios, caixas eletrônicos, bancos, lojas de conveniência e pontos
de monitoramento de transportes (ônibus, aeroporto e metrô). Como você deve se
lembrar, o uso destes tipos de câmeras em Londres contribuiu significativamente para a
identificação do agresor suicida e do pretenso suicida durante os ataques ao sistema de
trânsito de Londres em 2005. O tempo é essencial para obtenção destas imagens, uma
vez que a maioria dos dispositivos de gravação opera em ciclos de lapso de tempo, que
depois de determinado período grava novas imagens por cima das antigas.
Como previamente discutido, a investigação nos locais de atendimento
médico envolve as entrevistas de todo pessoal que pode ter ajudado no tratamento das
vítimas e na preparação de relatórios médicos detalhando tal tratamento. O pessoal do
serviço de emergência deve ser entrevistado para determinar o local de alguma roupa
removida das vítimas, o local de quaisquer materiais/fragmentos removidos das
mesmas, e raios-X de todo o corpo demonstrando ferimentos e materiais incrustrados e
registros de tratamento. Por causa de preocupações com a privacidade, para a
obtenção de registros de tratamentos médicos pode ser necessário a permissão das
vítimas, a menos que falecidas, ou depois de ordem judicial. Caso a vítima morra,
cópias da certidão de óbito e do relatório do legista e um relatório da autópsia devem
ser obtidos. Ser for de tudo possível, o investigador deve estar presente em quaisquer
autópsias para obtenção de fragmentos removidos da vítima. Estes fragmentos devem
ser limpos no local da autósia para remoção de qualquer tecido corporal e sangue
aderido a estes itens uma vez que os mesmos são importantes na identificação dos
268
componentes da bomba, mas não para testes de resíduos de explosivos.
Se já não foi feito na primeira avaliação, os socorristas iniciais (polícia,
service de emergência médica e bombeiros) devem ser entrevistados no que tange ao
o que eles viram no momento da chegada, o que fizeram, a condição do cenário no
momento da chegada, e outras identificações de testemunhas como descrito na seção
da avaliação inicial neste capítulo. A identificação e entrevistas de todos os socorristas
iniciais são críticas para ajudar a estabelecer a cadeia de eventos no cenário e a
possível identificação de outros que possam ter informação vital acerca do incidente.
São estes socorristas iniciais que têm informação acerca de possíveis vítimas e para
onde as mesmas foram levadas para atendimento médico. Em outras palavras, na
chegada do investigador (ou equipe investigativa) no cenáio, se apenas o policial
estiver presente, aquele policial é a melhor fonte de informação relativa não só ao
cenário físico, mas também de pistas investigativas relativas a se houve vítimas, quem
foi que prestou o serviço de emergência médica, e se os bombeiros estavam no
cenário. Como tal, a investigação de campo começa com uma procura pelo pessoal de
emergência médica para determinar para qual hospital a vítima foi levada e qualquer
outro pessoal que possa ter saído do cenário.
Os investigadores devem documentar os tipos de sapatos, tipos de luvas
usadas e deixadas para trás, e possivelmente os tipos de pneus utilizados nos veículos
dos socorristas, caso surja alguma pergunta concernente a impressões latentes de
pegadas ou de pneus encontradas no cenário.
Deve ser considerada uma completa investigação de antecedentes das
vítimas, possíveis suspeitos, incluindo entrevistas de seus associados e parentes. Isto
pode ajudar no desenvolvimento de um motivo, ao focar na vítima, seja uma pessoa ou
instituição. As vias de investigação a este respeito incluem, mas não estão limitadas: a
vítima era o alvo planejado, existem inimigos conhecidos ou percebidos, incidentes
violentos precederam o ataque com bomba, poderia as convicções sociais ou políticas
da vítima levaram ao ataque com bomba? É crucial conduzir entrevistas dos associados
da vítima em esforços para desenvolver vias de investigação, especialmente no caso
de a vítima estar morta. Esta é uma tarega que demanda muito tempo. Como em
qualquer investigação, a entrevista de uma pessoa leva a outra, depois a outra, e outra.
Dependendo das características de construção e uso de componentes
específicos, as fontes lógicas dos componentes da bomba devem ser uma as linhas de
investigação de campo conduzidas depois da conclusão da investigação do cenário do
crime. Em algumas investigações, esta via de inquérito começa antes da conclusão da
investigação do cenário, e em outras, ela pode não começar até que o relatório
identificando os componentes do AEI seja recebido do laboratório. A identificação dos
componentes, seja pelos investigadores do cenário ou pelo laboratório, traz à superfície
um tema particular com respeito ao recebimento oportuno do relatório do laboratório.
Em alguns incidentes de explosão nos quais os componentes estão severamente
fragmentados, a investigação de campo relativa à possível identificação das fontes dos
269
componentes não pode iniciar até que o investigador receba o relatório do laboratório.
O tempo que demora entre a submissão da evidência ao laboratório e a emissão do
ralatório pode ser, no pior das hipóteses, na ordem de meses. De fato, isto não ajuda a
investigação, atrapalhas os esforços gerais. Em casos onde o investigador não sabe
com certeza quais componentes foram utilizados na bomba, ele pode comunicar o
problema ao laboratório e estabelecer uma linha pessoal de comunicação com o perito.
Na medida em que os exames vão sendo feitos no laboratório, o perito pode estar
provendo pistas investigativas não oficiais e identificação de componentes ao
investigador de campo. Como em qualquer investigação criminal na qual a evidência é
submetida ao laboratório para exames, devem ser estabelecidas linhas de comunicação
entre a equipe investigativa de campo e o perito do laboratório.
Esta é uma lista muito genérica das possíveis fontes de componentes de
AEI, muitos dos quais são de uso comum em utensílios domésticos:

Lojas de ferragens – melhorias domésticas


Lojas de componentes elétrico/eletrônicos
Lojas de itens esportivos
Distribuidores de explosivos
Hipermercados
Compras pela Internet e remessas postais
Lojas de suprimentos para fazendeiros
Farmácias e drogarias

No início da investigação de campo, não é essencial para o investigador


ser capaz de identificar especificamente os vários componentes da bomba em razão de
seu uso original. De fato, este é um dos objetos da investigação, identificar ou confirmar
a identificação de uma série de componentes usados no artefato. O que é essencial é o
conhecimento de que estes itens fragmentados foram, de fato, componentes utilizados
para construir a bomba. Certamente, se for feita uma identificação específica, as pistas
podem ser mais focadas no início. Portanto, com a lista precedente como ponto de
partida, pode ser solicitada assistência pelos diversos funcionários destes
empreendimentos com relação não somente a estabelecer a identificação e uso original
de cada componente, mas também relativa a se os componentes foram adquiridos em
suas lojas. Investigações passadas revelaram que os fabricantes de bombas têm, de
fato, comprado ou roubado os componentes das bombas na comunidade onde residem.
Outros fabricantes de bomba têm viajado para outras comunidades ou diversificam suas
compras em várias lojas ou períodos de tempo em esforços para escapar da suspeita,
enquanto outros têm ―conseguido‖ componentes em seus locais de trabalho. O
problema básico é o da natureza improvisada da bomba e o uso comum de itens
domésticos. Como tal, a investigação tenta estabelecer o vínculo entre a compra e a

270
posse dos componentes usados na bomba. Os investigadores devem fazer perguntas
sobre pessoas que compraram itens que são inconsistentes com seu uso, por exemplo,
caso uma pessoa tenha comprado algum tipo de pólvora para recarga de cartuchos ao
mesmo tempo em que são comprados iniciadores para regarga de pistola. Isto tem
ocorrido, e chamou a atenção do gerente da loja, que propiciou uma descrição básica
do comprador. Falando em pólvora de baixo explosivo para recarga, muitos estados
exigem dientificação positiva para compra destes itens. Outros não. Adicionalmente, em
conversas com varejistas de pólvora, eles informaram que na maioria dos casos, eles
de fato têm alguma idéia das habilidades dos compradores de pólvora para recarga
pela forma que eles pedem a pólvora ou outros suprimentos que podem comprar. Os
varejistas observam os compradores casuais, desinformados, nada mais do que por
uma questão de possível responsabilidade com relação ao uso da pólvora.
Depois dos ataques se 11 de setembro de 2001, a capacidade para
comprar alto explosivos, detonadores, e os vários ingredientes para a fabricação
clandestina de explosivos foi severamente restringida. Entretanto, não é impossível
para um pretenso agressor comprar estes materiais legalmente. Portanto, os
fornecedores destes materiais devem ser entrevistados e os registros de vendas, seja
voluntariamente ou mediante ordem judicial, revistos em busca de compradores
suspeitos ou os que adquirem os produtos pela primeira vez. Alguém pensaria que com
a intensificada preocupação de parar os ataques terroristas, os varejistas estariam
extremamente sensíveis a indivíduos fazendo compras suspeitas. A maioria é altamente
cuidadosa, mas alguns não e têm recebido os investigadores dizendo, com efeito, ―o
que fez com que você demorasse tanto para vir aqui e perguntar sobre isto e aquilo‖.
Os investigadores não devem esperar serem chamados por lojas específicas depois de
um atentado.
Alguns fabricantes de bombas, em tentativas para escapar da detecção
local, têm recorrido à compra de componentes através da venda por correspondência.
Uma vez que existem muitas destas empresas para contatar, as entrevistas com o
pessoal da entrega poderia ajudar a estabelecer o recebimento de várias caixas. Sim, o
investigador poderia pedir um endereço específico ou pessoa, mas as entrevistas
poderiam ser conduzidas junto ao pessoal de entrega do Serviço Postal dos EUA
(USPS), da empresa United Parcel Service (UPS), e da Federal Express (FEDEX) em
esforços para desenvolver esta informação.
Por fim, as bases de dados relativas a incidentes com explosivos mantidas
pelo FBI, ATF, e o Serviço de Inspeção Postal dos EUA (USPIS) podem ser úteis para a
determinação de se artefatos idênticos ou similares foram usados em incidentes
passados. Estas bases de dados podem indicar um grupo de componentes, o qual
poderia indicar que um único fabricante de bomba é responsável por uma série de
ataques com bombas. Um ‗serial bomber!‘ Adicionalmente, um fabricante de bomba que
foi pego, julgado e condenado, e enviado à prisão somente para obter liberdade e
começar a fabricar bombas novamente poderia ter construído um artefato similar. Ao
271
pesquisar os artefatos passados, poderia haver uma identificação efetiva entre a atula
bomba e o artefato feito previamente. Isto tem ocorrido e será detalhado em outro
capítulo.
No fim da investigação, avalie se você atingiu os três objetivos definidos
para a mesma, os quais são: Você confirmou que ocorreu uma explosão e que esta foi
de natureza criminal; Você conduziu uma investigação no cenário para coletar e
identificar os componentes do artefato; e Você estabeleceu um vínculo entre o cenário
do crime e um suspeito e esforços para prendê-lo e processá-lo?
O investigador tem a responsabildade de conduzir uma investigação
"imaginativa" e sair "fora da caixa" em seus esforços de para vincular o cenário com a
pessoa que construiu a bomba e/ou a entregou para uma vítima que nem desconfiava
ou a colocou no sistema postal. Em muitos casos, o agressor não quer ser pego: o
objetivo é colocar ou enviar a bomba e escapar da área sem levantar qualquer suspeita
antes da explosão. Manter a anonimidade e viver para atacar novamente (com algnas
notáveis exceções!) é o lema. Como em qualquer outra investigação de cenário de
crime ou determinação da causa, o investigador tem a terrível responsabilidade de ser
bem sucedido, e por meio disto impendir outro incidente, salvar vidas e propriedades.
Este desejo, dentro da ética e dos limites legais, deve ser a força motriz de qualquer
investigação.

4.3 Resumo do Capítulo


A investigação do cenário de bomba começa com uma avaliação do
incidente para determinar se o cenário apresenta evidência de uma explosão, e que tipo
de explosão. A fonte da explosão pode ser da iniciação de um combustível difuso, típica
de gás natural, propano, ou outros gases, ou de um combustível condensado, tal como
um explosivo. Entretanto, com a determinação do tipo de explosão, sua natureza, se
acidental ou criminosa, deve ser completamente investigada de forma a determinar o
nível apropriado dos esforços investigativos. Como tal, a investigação de um cenário de
bomba tomada por esforços para substanciar que uma explosão ocorreu, coletar
evidência para identificar os componentes do artefato e vincular um suspeito com o
cenário.
Em consideração a todas as responsabilidades delegadas ao socorrista
incial/investigador em um cenário de bomba, o estabelecimento de um perímetro
preliminar de proteção deve ser uma das mais importantes, se não a mais importante,
de suas tarefas. Ao estabelecer o perímetro, as pessoas podem ser removidas e
excluídas da área que pode ser perigosa e as evidências protegidas de contaminação
ou destruição. A investigação do cenário começa com a chegada da equipe
investigativa, previamente selecionada, treinada e equipada para este específico tipo de
atividade investigativa, ou de um investigador, também treinado e equipado para
conduzir as tarefas exigidas de uma equipe.
A documentação do cenário pós-explosão é estabelecida com
272
observações do investigador regsitradas nas notas de campo e vários registros,
fotografias e diagramas. Na medida em que o cenário se desdobra, as evidências
podem ser encontradas no ou em volta do alvo da bomba, que inclui a cratera ou
epicentro e materiais testemunhas, as vítimas e fora do cenário imediato. De ordem a
encontrar os fragmentos da bomba, o investigador pode usar várias técnicas. Estas
incluem a coleta de resíduos, peneiração, buscas organizadas e a utilização do
aspirador de pó. Depois da identificação de componentes da bomba, os materiais são
coletados e acondicionados em recipientes apropriados; é estabelecida uma cadeia de
custódia, e os materiais empacotados para transmissão ao laboratório para exames
forenses. Antes de liberar o cenário, é conduzida uma inspeção final para confirmar que
as necessidades investigativas foram cumpridas e que todas as evidências foram
acondicionadas em recipientes adequados e inventariadas.
A investigação de campo se empenha em estabelecer quem pode ter o
motive, a oportunidade e os meios para construir o AEI. Isto pode ser estabelecido
através da investigação nas vizinhanças, e entrevistas com os socorristas iniciais e
associados, e do pessoal do hospital caso esteja envolvida uma vítima, das fontes
lógicas dos componentes da bomba, e de consultas nas bases de dados nacionais
consoante à contrução de bombas, em busca de dispositivos com características
similares de construção.
A investigação bem sucedida de um cenário de bomba demanda absoluta
atenção aos detalhes e obstinação investigativa para procurar e localizar os
componentes fragmentados do artefato explodido, mesmo em face de severa
adversidade e perigo pessoal. Entretanto, quando a investigação está complete e o
suspeito identificado e julgado em um tribunal de lei, o investigador e/ou sua equipe,
podem ter a satisfação de que seus esforços não foram em vão, mas para o bem
comum de todos.

Questões de Revisão do Capítulo

1. Quais são as características investigativas que distinguem a explosão


de uma bomba e uma explosão ar-combustível em um cenário?
2. Qual é o propósito de uma investigação de um cenário de crime com
bomba?
3. Ao responder a um cenário de explosão, que tarefa o socorrista
inicial/investigador deve executar primeiro?
4. What are the three methods used to document an explosão scene?
5. Where are the three general locations that evidence is found em an
explosão scene?
6. Quais são os métodos usados para encontrar evidência?
7. Que tipo de recipiente deve ser usado para coletar e acondicionar
evidência que precise ser submetida ao laboratório para análise de resíduos?
273
8. O que é uma carta de transmissão e que informação deve estar contida
na mesma?
9. Qual é o significado do termo motivo-oportunidade-meios, e como isto
afeta a condução de uma investigação?
10. Quais são as cinco áreas gerais de investigação que devem ser
consideradas depois da conclusão da investigação do cenário de bomba?

Referências e Leitura Adicional

Bates, Torn, RADS, Harper-Collins, New York, 1992.


Doyle, Arthur Conan, A Study in Scarlet, Random House, Inc., New York, 2003.
Doyle, Frank, R., Jr., Explosive Residue Swab Kit Instructions, San Ramon, CA, 2005.
Federal Bureau of Investigation Laboratory Division, Forensic Science Handbook, Revised 2003,
Quantico, VA.
Federal Bureau of Investigation, Collection and Preservation of Evidence — Explosive and
Incendiary Devices, Washington, D.C.
Federal Bureau of Investigation, Fundamental Principles and Theory of Crime Scene
Photography, Quantico, VA.
Federal Bureau of Investigation, Sketching Crime Scenes, Quantico, VA.
Federal Bureau of Investigation, Suggested Guidelines for Establishing Evidence Response
Teams, Washington, D.C.
Fire Zone software, by the CAD Zone, Inc., Beaverton, Oregon, 2005.
Gardner, Ross, Practical Crime Scene Processing and Investigation, CRC Press, Boca Raton,
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Hopkins, Ron, Documenting the Fire and Explosion Scene Diagramming, Eastern Kentucky
University, Richmond, KY.
James, Stuart, H. and Nordby, Jon, J., Eds., Forensic Science, CRC Press, Boca Raton, FL,
2003.
Julazadeh, Michael, Evaluation of Thermal Technology for the Investigation of Bombing Crime
Scenes Involving Improvised Explosive Devices, Richmond, KY, November 2000.
National Center for Forensic Science, University of Central Florida, A Curriculum Guide for A
Guide for Explosion and Bombing Scene Investigation, Orlando, FL, publication
pending.
National Fire Protection Association, NFPA 921 Guide for Fire and Explosão Investigations,
2004 edition, Quincy, MA.
Petrovich, Wayne, Documenting the Fire Scene, Presentation before the Technical Working
Group for Fire and Explosion Investigations (TWGFEX), Orlando, FL, November 2004.
United States Department of Justice, A Guide for Explosion and Bombing Scene Investigation,
Washington, D.C., June 2000.

274
5. O Investigador do
Cenário de Bomba e
Armas de Destruição
em Massa

5.1 Introdução

Desde o primeiro atendimento a um cenário de explosão ou de bomba, os


socorristas iniciais e investigadores foram intensamente advertidos acerca dos perigos
associados com estes cenários. Os riscos de incêndio, colapso estrutural
(desmoronamentos), presença de explosivos e artefatos secundários são evidentes. O
número de incidentes e a escala de destruição têm aumentado através dos anos, e os
perigos também. Alguns sempre foram possíveis, mas em razão da falta de tecnologia
adequada, ciência e entendimento, eles não eram reconhecidos. Estes incluem mortes
associadas com o sangue e fluidos das vítimas, gases resultantes da explosão,
químicos industriais e partícula em suspensão na form de asbestos.

Entretanto, como resultado direto da globalização de armas e energia


nuclear, do combate aos agentes químicos e biológicos, e do crescente número de
pesos inescrupulosas que não hesitariam, se tivessem a chance, em usar estas armas
de destruição em massa (ADMs) contra uma população que nem suspeita, o potencial
para consequêncais catastróficas nunca fou maior do que é hoje. De fato, como os
agentes químicos e biológicos já foram usados em incidentes terroristas, há uma crença
amplamente difundida de que não é uma questão de se estes materiais serão
novamente usados, mas quando eles serão usados e quantas pessoas serão afetadas.
Mas como estas pérfidas armas serão empregadas ou usadas em incidentes futuros?
Alguém só precisa olhar para a improvisação de explosivos para responder tal
pergunta; isto depende totalmente das habilidades, do acesso aos materiais, e da
capacidade de recursos do terrorista. Em resumo, ninguém sabe! Alguns acreditam que
o uso de materiais nucleares, químicos ou biológicos será mascarado por outro
incidente, tal como uma grande explosão. Sim, os explosivos podem, de fato, agir como
um mecanismo de entrega clandestina para propagar estas armas sobre uma grande
área. E, sim, alguns os potenciais poderes destrutivos liberados por estas armas seriam

275
reduzidos como resultado da bola de fogo causada pela detonação de explosivos. A
detonação de explosivos pode ser usada para propagar materiais ionizantes sobre uma
área na forma de uma ―bomba suja‖. Mas esté é apenas um dos diversos mecanismos
que podem ser empregados.

Como resultado das realidades atuais concernentes a estes "recém


descobertos" perigos, os agentes de segurança pública e investigadores têm uma
responsabilidade aumentada quanto a avaliar precisamente o cenário do incidente, com
segurança, indiferente do tipo percebido ou identificado. De particular importância é a
resposta a um relato de explosão e as ações adotadas não só pelos socorristas iniciais,
mas também pela equipe investigativa que realiza os trabalhos de investigação do
cenário. Entretanto, antes que seja feita uma avaliação de inteligência, os perigos
adicionais e seus métodos de identificação devem ser completamente entendidos. Este
capítulo propiciará este entendimento ao investigador do cenário de bomba e aos
socorristas iniciais que atendem ao relato de uma explosão. Especificamente, este
capítulo definirá e identificará os cinco principais tipos de ADMs, enumerará seus
principais perigos, explicará os métodos para identificar um incidente com ADM e os
procedimentos utilizados para proteger os socorristas dos efeitos das ADMs, identificará
as agências que podem prestar asssitência ao responder um incidente com ADM, e
examinará os pontos chaves relativos à coleta de evidência em um cenário de crime
como ADM.

5.2 Tipos de ADM


A ADM é definida como um objeto ou material capaz de causar mortes
e/ou danos de larga escala em propriedades. Os tipos de materiais ou armas dentro
desta ampla definição são: biológicos, nucleares, incendiários, químicos e explosivos,
que podem ser lembrados mediante o uso da sigla, BNIQE:

Biológicos
Nucleares
Incendiários
Químicos
Explosivos

Agentes biológicos de guerra são organismos vivos que são usados para
intencionalmente causar morte ou ferir humanos, animais ou plantas. Materiais
nucleares são aqueles que produzem radiação ionizante ou radioatividade que é capaz
de causar danos celulares (deterioração) em tecidos vivos. Os tecidos vivos incluem os
de humanos, animais ou plantas. Agentes químicos são sólidos, líquidos ou gases
incapacitantes que, se absorvidos ou ingeridos em quantidades suficientes, podem

276
casuas sérios ferimentos ou morte. Agentes químicos e biológicos não têm utilidade ou
aplicação comercial, embora alguns materiais químicos menos refinados sejam
rotineiramente utilizados como pesticidas ou para purificação de água. Entretanto, os
materiais nucleares têm aplicações muito benéficas na geração de energia elétrica e na
medicina.
Elementos incendiários e explosivos são novas adições a estes materiais
de destruição em massa. Antigamente eles eram chamados de NBQ ou perigos
nucleares, biológicos e químicos. Entretanto, como resultado de grandes ataques
explosivos com veículos e aeronaves pelo mundo, e as terríveis ferramentas mortais
resultantes do acondicionamento de grandes quantidades de explosivos em bombas
móveis, o uso de explosivos foi logicamente incluída sob o título de ADM. O uso em
larga escala de veículos bomba começou com o ataque ao Centro de Pesquisas
Matemáticas do Exército dos EUA no campus da Universidade de Wisconsin em
Madison no dia 24 de agosto de 1970, e com a violência do Exército Republicano
Irlandês Provisóiro (PIRA) na Irlanda do Norte e Inglaterra. Os atentados com bombas à
embaixada dos EUA em Beirute, Líbano, em duas ocasiões, e a perda de mais de 240
fuzileiros navais americanos no atentado ao aeroporto de Beirute; o atentado ao World
Trade Center em 1993; o atentado ao Edifício Federal Murrah e inúmeros outros, porém
os atentados mais significantes com veículos bomba ocorreram durante os últimos 30
anos. Não são necessárias grandes quantidades de explosivos para um incidente ser
classificado como envolvendo ADM porque aeronaves têm sido explodidas no céu com
pequenas quantidades de explosivos, resultando na perda de centenas de vidas
inocentes. Certamente, a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, o vasto
dano ao Pentágono, e a queda do quarto avião em área rural da Pensilvânia no dia 11
de setembro de 2001, com a perda de mais de 3000 vidas não envolveu explosivos
algum, mas aviões usados como bombas.
Grandes incêndios têm o potencial para destruir centenas de vidas em
muito pouco tempo. A história tem mostradao que incêndios acidentais tem sido o
flagelo do desenvolvimento e cidades. Considere o incêndio de Chicago no dia 9 de
outubro de 1871, e o de São Francisco em 1906 depois de um grande terremoto. O
terremoto derrubou prédios e rachou as ruas, mas o incêndio destruiu a cidade. Nós
temos observado impotentemente intensos incêndios que começaram acidentalmente
em estruturas com saídas limitadas que resultaram nas mortes de muitos dos
moradores. Por outro lado, imagine um incêndio culposo, concebido como um horrendo
plano para causar o maior número de vítimas dentro de uma estrutura densamente
lotada. Inquestionavelmente, o fogo tem sido usado como uma arama, ou como meio
para encobrir outro crime, e pode ser usado como uma ADM.
A partir das armas identificadas, o que os investigadores e os socorristas
iniciais sensatamente esperam encontrar, e que impacto isto terá em suas
comunidades? Uma pergunta simples, porém sem uma resposta simples. No que tange
aos materiais e armas nucleares, isto depende dos fatores conhecidos ou percebidos
277
concernentes à proliferação da tecnologia de projetos de armamento nuclear, do desejo
do terrorista, da disponibilidade de sistemas intactos dos armamentos e do acesso à
contrução de materiais e ingredientes em estado natural. Como exemplo, o uso de um
artefato nuclear construído pelo estado e que funcione da forma que foi planejado com
uma produção nuclear associada poderia ter consequências castastróficas. Estas
conseqüências incluem a perda imediata de milhões de vidas e zonas radiológicas de
longa duração que podem permanecer desabitadas por centenas de anos.
Agradecidamente, a probabilidade de alguém obter acesso a tal arma é muito baixa.
Entretanto, com nações como a Coréia do Norte admitindo que de fato possuem armas
nucleares, esta possibilidade pode muito bem mudar no futuro. Adicionalmente, alguns
afirmam que a antiga União Soviética não prestou contas de todas as suas armas
nucleares. Por outro lado, os analistas teorizam que quaisquer terroristas que detonem
uma arma nuclear estariam selando suas próprias mortes ao alienarem seus eleitorados
e eles, além do país que proveu a arma, pagariam o derradeiro preço por suas ações.
Da mesma forma, outros afirmam que alguns grupos terroristas poderiam não dar a
mínima importância acerca destas conseqüências, uma vez que seus "programas de
trabalho" estariam cumpridos.
A maior probabilidade, mas possivelmente menos perigosa, é a detonação
de artefato nuclear improvisado (ANI). O uso de um ANI admite que terroristas
poderiam não só ter obtido acesso a material suficientemente físsil (plutônio, urânio),
mas também congregaram o pessoal com conhecimento técnico e esquemas para
construção de tal artefato. O impacto seria menor, na teoria, uma vez que a
improvisação diminuiria seu rendimento ou poder destrutivo. Menos imapcto poderia,
entretanto, ser considerado como discutível, uma vez que o poder nuclear de um ANI
poderia matar centenas de milhares de pessoas e ter os mesmos efeitos de longa
duração quanto o artefato construído pelo estado. Isto é uma possibilidade, mas não
necessariamente uma realidade imediata, em razão das imensas dificuldades técnicas
para a construção de uma bomba nuclear que tenha um efetivo rendimento nuclear.
Entretanto, uma possibilidade muito maior é a detonação de uma bomba suja ou
dispositivo de dispersão radiológica (DDR). A bomba suja utiliza explosivos
convencionais para dispersar materiais radioativos sobre a área alvo. Nenhum
rendimento nuclear; portanto, o impacto seria localizado na área onde os explosivos
detonaram, dependendo da velocidade do vento e da distância horizontal percorrida
(downrange). O acesso a materiais nucleares usados em instalações hospitalares e
usina para geração de energia, uma possível fotne de materiais para uma bomba suja,
é estritamente controlado, mas nenhum sistema de controle é infalível. O acesso aos
explosivos também é controlado, mas centenas de quilos desaparecem anualmente.
Prosseguindo para um nível e possibilidade mais alto está o uso de
químicos industriais tóxicos, de agentes químicos improvisados, ou de agentes
químicos roubados fabricados pelo estado. Primeiro, considere os agentes químicos
fabricados pelo estado. Certamente, mais nações possuem agentes químicos para
278
guerra do que os países que têm a ―bomba‖. Embora exista tratados para a destruição
de estoques de agentes químicos nos EUA e ná Rússia, nem todos os inventários
destes países foram destruídos, ainda. Outros países tais como a Coréia do Norte, Irã e
Líbia ainda mantêm estoques de agentes químicos, e não foi provado para a satisfação
de muitos que os inventários químicos iraquianos foram realmente destruídos; ao invés,
eles podem ter sido transferidos para outros países. Alguns teorizam que o nível de
segurança para agentes químicos não tem uma alta prioridade, portanto fazendo mais
fácil aos terroristas para pegarem o que querem ou simplesmente comprar de
mercadores ilícitos patrocinados pelo estado. Por outro lado, não é muito difícil de
fabricar agentes químicos tóxicos clandestinamente ou, caso alguém não tenha a
habilidade ou os ingredientes para fabricação, pode utilizar alguns químicos que
geralmente possuem algumas das mesmas características letais dos agentes químicos
tóxicos fabricados para uso em guerra. Seu uso teria um pontencial impacto sobre a
área alvo geral por um período variável de tempo, dependendo do tipo de químico
utilizado. Depois de passar certo tempo ou da efetiva descontaminação do cenário, a
vida poderia voltar ao normal na área afetada pelos químicos, uma vez que eles são
relativamente fáceis de remover do cenário, em comparação com os materiais
nucleares ou biológicos, ou se decompõem com o tempo e com os efeitos do clima.
Entretanto, a devastação e perda de vidas ocasionadas por estes químicos podem ser
horríveis.
O uso de explosivos como ADM apresenta a maior probabilidade de
quaisquer das ―armas‖, dependendo da quantidade de explosivos usada e como foi
usada. Como os artefatos explosivos improvados (AEIs) são usados em todo o mundo a
cada dia, sua efetividade como arma não pode ser debatida. Entretanto, se seu uso
será de fato classificado como uma ADM depende totalmente dos dois fatores
precedentes de quantidade e uso. Também, qual é a real definição de ―destruição em
massa‖ – centenas ou milhares de mortos? Eu diria que a resposta é relativa à situação.
Os explosivos têm a capacidade de produzir milhares de vítimas, mas como já
testemunhado em explosões de grandes veículos, a taxa de vítimas é normalmente
menos de mil feridos, com algumas centenas de pessoas perdendo suas vidas. Não é
muito consolador para os que morreram ou seus familiares, mas certamente menos
aterrador do que outros horrores possíveis.
O fogo apresenta menor probabilidade de uso do que os explosivos,
porém mais alta no potencial da escala de impacto. Esta afirmação é baseada em
alguns dos incêndios mais desastrosos que o mundo testemunhou. Uma vez que o fogo
inicia, ele normalmente pára por uma das duas razões: os bomberios extinguem as
chamas ou o fogo fica sem combustível para queimar. Em muitos locais que teriam o
mais alto impacto decorrente de um incêndio (culposo), os bomberios estão à postos
para limitar sua progressão para uma ―arma‖. Isto não serve para afirmar que as
pessoas não perderiam suas vidas e propriedades, mas que a perda seria limitada pela
efetiva supressão do fogo através de uma rede de bombeiros. Por outro lado, em áreas
279
rurais ou regiões de florestas, que não possuem tantos bombeiros como as cidades, o
impacto às vidas humanas ainda seria um tanto desprezível. Consequentemente, não
se trata de uma ADM.
Como sabemos, os agentes biológicos possuem a capacidade de destruir
vidas humanas. O uso destes agentes só é limitado pela falta de acesso aos materiais e
fatores desconhecidos. A história relata que doenças infecciosas mataram milhões
através da grande peste da Europa e as pandemias de varíola e gripe. Estas eclosões
não foram em decorrência de uma liberação intencional dos microorganismos, mas
foram espalhadas por viajantes desinformados em cidades densamente populosas com
falta de saneamento. Sim, a doença foi usada seletivamente na European a Idade
Média e antes, mas os efeitos foram locais. Hoje, uma possibilidade mais sinistra
confronta o mundo. O advento da pesquisa de união de gens em essência abriu a caixa
de Pandora. É inimaginável o que pode estar espreitando nas sombras em termos
destas patogenias ―projetadas‖. As armas biológicas provavelmente foram
aperfeiçoadas e podem ser espalhadas rápida e eficientemente para infectar milhões de
pessoas sem qualquer aviso. Estas doenças não têm cura conhecida, e pior ainda, a
única forma de parar a progressão da doença é isolar os infectados e esperar que
morram. Esperançosamente, o acesso a estes tipos de agentes patológicos está sob a
mais rigorosa segurança, similar à usada para armas nucleares.
Entretanto, não são necessaries programas biológicos patrocinados pelo
estado para que uma doença seja usada como ADM. Outras doenças, tais como gripe,
peste e Ebola, são conhecidas por existirem no mundo, e elas poderiam ser coletadas,
cultivadas e usadas como armas. Da mesma forma, pesquisas médicas inescrupulosas
poderiam gerar vários microorganismos em laboratório, os quais poderiam ser liberados
na área alvo para causar efeitos catastróficos. Essencialmente, o conhecimento e
materiais em estado natural para a fabricação de armas biológicas não são um desafio
tão grande como as armas nucleares, mais seus impactos seriam globais.
Adicionalmente, e obrigado por isso, as armas biológicas têm sido usadas em uma
escala limitada para causar doença e morte. Como tal, a probalidade de uso e o
impacto destas armas são considerados como mais expressivos do que qualquer outra
das armas identificadas. Aparentemente, sua utilização como ADM é apenas uma
questão de tempo.

5.3 Materiais Nucleares, Biológicos e Químicos


A seguir serão identificados, em detalhes, os vários tipos de materiais
nucleares, organismos biológicos e agentes químicos que poderiam ser usados como
ADMs. Isto será realizado através de uma revisão histórica de cada tipo de material e a
identificação dos perigos associados com cada um deles. O uso de explosivos e fogo
como materiais de ADM não será abordado.

280
5.3.1 Materiais Nucleares

No dia 2 de dezembro de 1942, Enrico Fermi, um físico que desertou da


Itália, e outros cientistas do Laboratório Metalúrgico da Universidade de Chicago
produziram a primeira reação nuclear auto-sustentada do mundo em um reator nuclear.
O teste, administrado pelo Exército dos EUA sob o codenome de Projeto Manhattan, foi
feito em uma quadra de squash debaixo da arquibancada oeste do estádio atlético da
universidadem, Stagg Field. Este teste sucedeu a descoberta da fusão nuclear em 1938
pelos químicos alemães Otto Hahn e Fritz Strassman. Notavelmente, esta descoberta e
o subsequente teste na Universidade de Chicago trouxeram o mundo para a era da
energia nuclear e das bombas nucleares. A primeira arma nuclear teve seu
desenvolvimento autorizado pelo então Presidente Franklin Roosevelt em 1941 em
meio aos temores de que a Alemanha já estava construindo armas nucleares para uso
em guerra.
Somente dois anos e meio depois de ter sido realizada a primeira reação
nuclear auto-sustentada, a primeira arma nuclear, ―Gadget‖, foi detonada às 05h29min
MWT (Mountain War Time) do dia 16 de julho de 1945, no local de testes Trinity perto
de Alamogordo, Novo México (Figura 5.1). Menos de um mês depois, no dia 6 de
agosto de 1945, a ―Little Boy‖ foi jogada de um bombardeio B-29, batizado de Enola
Gay, nome da mãe do piloto Coronel Paul Tibbets, sobre a cidade japonesa de
Hiroshima (Figura 5.2). A ―Little Boy‖ foi a primeira bomba nuclear usada em Guerra.
Ela destruiu Hiroshima totalmente com uma equivalência estimada ao rendimento de
15.000 a 20.000 toneladas de TNT. Quando os japoneses não se renderam, a segunda
bomba nuclear, ―Fat Man‖ foi jogada no dia 9 de agosto de 1945, sobre Nagasaki
(Figura 5.3). A ―Fat Man‖, com uma equivalência estimada ao rendimento de 21.000 a
22.000 toneladas de TNT, foi levada ao alvo pelo bombardeiro B-29 do Major Charles
Sweeney, batizado de Bock's Car (Figura 5.4). Desde a detonação destas três armas
nucleares, centenas de outras foram detonadas em testes, resultando na construção de
milhares de armas de variados tamanhos para alvos táticos e estratégicos, o que nos
traz aos problemas atuais: a possível, e alguns dizem inevitável, proliferação de armas
nucleares e materiais nucleares nas mãos de terroristas, patrocinados por estados ou
não.
Indiferente do tipo de material nuclear, o investigador deve se preocupar
com a exposição a três tipos de materiais radioativos. Estes são as partículas alfa, as
partículas beta os raios gama, que são os resultados da decomposição de materiais
radioativos. A radiação produzida por estes materiais é de alto nível de energia, emitida
pelo átomo na medida em que a substância sofre decomposição radioativa, que é o
processo pelo qual um elemento instável é alterado para outro isótopo ou elemento pela
emissão espontânea de radiação de seu núcleo. O nível de radiação emitido pode ser
medido pelo uso de detectores de radiação tais como contadores Geiger, nome
atribuído pelo cientista que inventou este tipo de instrumento de medição.
281
Tipos de Radiação Ionizante

Alfa
Beta
Gama

As partículas alfa têm um curto alcance no ar e uma capacidade muito


baixa de penetrar outros materiais. Elas não conseguem penetrar nem mesmo as finas
camadas de células mortas da pele em humanos e não representam um perigo externo
de radiação. Entretanto, as partículas alfa são um imenso perigo de radiação quando
ingeridas ou respiradas para dentro do corpo humano ou de um animal, uma vez que
elas têm uma forte capacidade de ionizar materiais, tonando-os radioativos. Quando
ingeridas, as partículas alfa ionizam os órgãos internos e se a dose for suficiente, a
morte ocorre em um período de tempo proporcional à dose. O plutônio é um exemplo
de emissor alfa. A dose é definida como a quantidade de radiação absorvida durante
determinado período de tempo.

As partículas beta são elétrons de alta-energia emitidos do núcleo de um


átomo durante a decomposição radioativa. Elas são menores que as partículas alga e
se movem mais rápido, mas podem ser paradas pela pele ou vestimentas. Também,
como as partículas alfa, sua maior ameaça é da ingestão e a resultante ionização dos

Figura 5.1 "Gadget‖, a primeira bomba nuclear, no topo da torre de testes em Trinity antes da
detonação em 16 de julho de 1945.

282
Figura 5.2 Um modelo em escala completa da ―Little Boy‖, a bomba nuclear jogada sobre
Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945.

órgãos internos de humanos e animais. Cobalto-60, urânio e irídio são exemplos de


emissores beta.

Os raios gama são protons de alta-energia emitidos do núcleo de átomos


e são similares aos raios-X. Eles podem penetrar profundamente no tecido corporal e
muitos materiais e, como tal, são potencialmente letais, dependendo da dose, a
humanos e animais. Cobalto-60, urânio e césio-137 são exemplos de fortes emissores
de raios gama. A proteção contra raios gama exige grossas camadas de materiais
densos, tais como chumbo, ou se posicionar à longa distância da fonte.
Outras definições que são úteis para o entendimento quando discutimos
energia nuclear são meia-vida, dose letal (50/30), e rem ou dose equivalente. Meia-vida
é a quantidade de tempo necessário para metade dos átomos de um material radioativo
se decompor. Dose letal (50/30) é a dose de radiação presumida para causar a morte
dentro de 30 dias de 50% dos expostos sem tratamento médico. A dose letal
geralmente aceita varia de 300 a 500 rem recebidos por um curto período de tempo.
Rem (Roentgen Equivalent Man) é a unidade de dose absorvida que considera a
quantidade relativa de radiação que prejudica a saúde humana. Os métodos de
proteção dos efeitos de materiais nucleares aos socorristas iniciais e investigadores
serão providos mais à frente neste capítulo.

283
Figura 5.3 Um modelo em escala completa da ―Fat Man‖, a bomba nuclear jogada sobre
Nagasaki no dia 9 de agosto de 1945.

As fontes de matérias nucleares incluem duas áreas gerais, pública ou


industrial e a militar. As fontes públicas incluem os locais de geração de energia
nuclear, instalações de pesquisa e reatores, instalações para tratamento médico,
operações industriais e produtos especializados. As fontes de materias radiotativos do
setor público estão espalhadas não só pelos EUA, mas também por todo o mundo, e
nesse ponto está o problema – acesso aos materiais. A maioria dos locais, dependendo
do tipo de operação sendo realizada, propicia segurança adequada, mas alguns nem
tanto. Na realidade, em razão do grande número de reatores e a indústria que os
mantém, é uma virtual impossibilidade de protegê-los totalmente. Especificamente, as
varetas de combustível usadas nos reatores são feitas em um local e depois enviadas
para vários reatores. Depois das varetas de combustível serem gastas (consumidas),
elas são substuídas e substituídas por novas. As varetas usadas e outros materiais
consumidos são altamente radioativos e na maioria das situações não estão na
graduação de materiais para armas, mas poderiam serm utilizados para outros
propósitos terroristas, tais como uma DDR ou bomba suja. Em algumas instâncias, os
subprodutos dos reatores nucleares são, de fato, materiais graduados para fabricação e
armas. Alguns países podem afirmar que seus reatores estão sendo usados somente
para legítima geração de energia, mas como que o resto do mundo pode saber com
certeza? Não podemos! Outra utilização de materiais radioativos são as instalações de

284
Figura 5.4 Pintura chamada ―Bock's Car‖ feita no nariz do avião bombardeiro B-29 do Major
Charles Sweeney.

tratamento médico especialemente os locais para tradamento de câncer. Estes


materiais não são adequados para fabricação de armas, mas poderiam ser usados para
uma bomba suja. Essencialmente, se o uso de uma bomba suja mesmo pequena,
consistindo de alguns poucos quilos de explosivos com minúsculas partículas de
material radioativo, se tornasse de conhecimento público, ela poderia instaurar o pânico
em massa. Nós temos observado os resultados do pânico em massa em eventos
esportivos ou concertos de rock, onde centenas morrem esmagadas por fãs
superzelosos. Um exemplo: há vários anos um emprenteiro da área da construção em
uma instalação que continha grandes quantidades de pó de urânio de baixo-grau (um
baixo nível de radioatividade), despejou o material em 5 latas do tamanho de 1 galão e
pegou as latas. Subsequentemente, ele tentou extorquir uma grande soma de dinheiro
de uma cidade de porte médio ao ameaçar despejar as latas de urânio de um avião
sobre a cidade. Como o nível de radioatividade no pó de urânio era bem baixo, mesmo
que ele tivesse realizado seu plano, o risco à saúde teria sido mínimo, mas teria sido
um perigo. Por fim, ele foi preso antes que pudesse concluir sua ameaça. Entretanto, o
verdadeiro perigo foi a possibilidade de pânico em massa pela população geral se eles
soubessem o que estava em progresso ou no evento de ele ter concluído seu plano. Às
vezes, a mera ameaça de violência ou o uso de uma ADM atende aos objetivos do
terrorista ou criminoso pelo pânico que causa. Isto foi observado 1995 quando o

285
―Unabomber‖, Ted Kaczynski, ameaçou colocar uma bomba em uma aeronave partindo
do Aeroporto Internacional de Los Angeles. A inquietação e as estritas medidas de
segurança colocadas em prática quase fecharam o aeroporto.
Logicamente, a maior preocupação é o número de armas nucleares que
foram construídas desde a detonação da ―Gadget‖ em 1945. Quem tem acesso a estas
armas e o que será feito com as que forem retiradas do inventário utilizável? A maior
preocupação no que tange as armas da antiga União Soviética não diza respeito aos
mísseis e bombas, mas também às pequenas armas táticas, que são suficientemente
pequenas e leves para serem levada para a batalha pela infantaria. A próxima
intensificação do homem-bomba suicida? De fato, a antiga União Soviética não era o
único país a fabricar pequenas armas nuclear para uso tático em represas, hidrelétricas
e similares. Os EUA também construíram tais artefatos. Devido ao tamanho e peso das
armas nucleares, que foram projetadas para serem lançadas por míssil ou avião, sua
usabilidade por terroristas é um pouco reduzida, mas não eliminada. Adicionalmente,
materiais não controlados altamente enriquecidos (radioativos) são uma preocupação
ameaçadora para o mundo, não apenas do ponto de vista de proverem uma fonte
disponível de componentes para um ANI, mas também para uma bomba suja altamente
radioativa.
Em uma nota mais positiva, as armas nucleares têm muitos mecanismos
de segurança inseridos em seus projetos para evitar a detonação acidental com um
rendimento nuclear. Isto é especialmente verdade no que tange às ogivas de mísseis e
bombas aéreas. Alguns destes sistemas de segurança, tais como bombas
convencionais de alto explosivo, demandam uma aceleração sustentada por um
período de tempo bem específico em conjunto com parâmetros de altitude, que se não
forem atingidos, resultarão em que o dispositivo não arme e, portanto, não detone, ou
não detone com rendimento nuclear. Adicionalmente, estas armas, incluindo as
portáteis, contêm o que é conhecido como PAL (permissible action link, ou conexão de
ação permissiva), que é uma trava eletrônica ou mecânica que impede o uso
inadvertido ou não autorizado. Além disso, estas armas são projetadas para serem
―extremamente‖ seguras. Isto significa que caso o artefato seja detonado com outra
carga explosiva, como quando um terrorista coloca outra quantidade de explosivos na
parte de fora do artefato, a arma não terá um rendimento nuclear, mas na pior das
hipóteses, tornar-se-á um DDR ou bomba suja.
Como foi estipulado, os cenários de ADM envolvem a detonação nuclear
de um ANI ou DDR, a bomba suja. Embora menos provável, a detonação nuclear de
uma arma nuclear poderia causar milhões de vítimas diretas e incontáveis milhões de
vítimas indiretas ou mortes retardadas. O uso de um DDR tem uma maior probabilidade
uma vez que possui os mais baixos níveis de capacidade técnica do usuário, e poderia
gerar um menor grau de danos e com um número reduzido de vítimas diretas e
indiretas. O uso de um DDR, dependendo da quantidade de explosivos e materiais
radioativos, poderia efetivamente devastar uma grande cidade, não destruindo as
286
estruturas físicas, mas contaminando-as. A contaminação poderia ser por extensos
períodos de tempo (anos) até que a cidade pudesse ser limpa e descontaminada,
demandando enormes gastos de dinheiro e recursos. No pior caso, as partes de uma
cidade podem precisar ser lacradas e jamais reabertas, em essência atingindo os
objetivos dos terroristas.

5.3.2 Materiais Biológicos


Muitos acreditam que a corrida armamentista entre os EUA e a União
Soviética do século XX deu causa à primeira produção de ―agentes microbianos de
guerra‖ e às considerações de se usar organismos biológicos não só contra exércitos,
mas também contra uma população civil despreparada. Verdadeiramente, nada há
nada de novidade na verdade histórica. Armas biológicas de algum tipo não foram
somente contempladas, mas também efetivamente usadas por exércitos em tempos
antigos. O livro de Adrienne Mayor, Fogo Grego, Flechas Envenenadas e Bombas com
Escorpiões, relata detalhes do uso de agentes biológicos no mundo antigo,
especificamente, arqueiros usando veneno de cobra, plantas venenosas e materiais
bacteriológicos em suas flechas. O envenenamento de alimentos e suprimentos de
água era uma tática comum, como a utilização de insetos para transportarem doenças
para os inimigos que eram forçados a acampar perto de pântanos infestados de
mosquitos. Mayor enfatiza que o Livro de Êxodo na Bíblia contém um relato detalhado
do uso biológico bélico nas pragas levadas ao Egito.
Uma utilização menos refinada de guerra biológica pode ser traçada em
tempos mais recentes. A Idade Média viu o uso de carcaças de animais doentes mortos
serem catapultadas por sobre as muralhas de cidades pelos exércitos invasores, o
envenenamento da água com carcaças de animais e outros materiais, e o uso de ratos
infectados com a peste para destruir a vontade de combater do exército.
Certamente, o que tem ocorrido nos últimos 60 e poucos anos tem sido
um refinamento dos métodos de infecção por atacado nem tanto de exércitos, mas da
população civil. Este esforço de pesquisa intensiva tem sido feito ao mesmo tempo em
que outros esforços igualmente intensivos, estão sendo conduzidos para livrar o mundo
das doenças mais infecciosas. Nesta categoria estão a varíola, a poliomielite, e agora, a
AIDS (síndrome da deficiência imunológica adquirida). O problema com a propagação
intencional de doença é que os materiais em estado natural – a doença em si – é de
fato muito fácil de ser encontrada ou fabricada mesmo em um laboratório sem qualquer
sofisticação. Doenças de todas as formas estão naturalmente ocorrendo na natureza, e
através da aquisição de uma doença específica, esta pode ser passada para os outros.
Como um exemplo, acredita-se que o antraz ainda está no solo por todo o meio oeste e
oeste, decorrentes da morte de animais infectados durante a expansão em direção ao
oeste nos anos 1800. Entretanto, um aspecto mais aterrador do uso de doença na
guerra é a alteração genética de doenças para se tornarem virtualmente imunes aos
antibióticos conhecidos ou aos soros de imunização.
287
O uso militar ou a produção de agentes biológicos de guerra tem sido
banido por tratado internacional desde 1969. De fato, o uso de uma doença por um
exército moderno contra outro teria, no longo prazo, benefícios muito limitados. Sim,
muitos seriam afetados, mas o que seria do exército ou país que usou a arma, ou seu
território depois de tal uso? O senso comum reza que o uso de agentes biológicos
contra outrem poderia muito bem destruir o exército que os utiliza como aquele contra o
qual os agentes estão sendo usados. Controle! Como um tático afirma, ―Uma vez que o
gênio está fora da garrafa, como que alguém coloca o gênio de volta?‖ Entretanto,
alguns países, tais como o Iraque de Saddam Hussein, teve um programa agressivo de
desenvolvimento de armas biológicas durante muitos anos. Adicionalmente, parece que
os grupos terroristas estão intensivamente determinados a localizar e usar seus
próprios estoques de patogenias. Nesse ponto está o problema atual, o uso de
organismos doentes improvisados por grupos terroristas que não se importam com as
conseqüências de longo prazo de suas ações. Milhões morrem de uma doença
incontrolável? Está bem, porque é tudo para uma causa ―maior‖! Ou, como observado
com o culto japonês Aum Shinrikyo, eles apenas estavam indo assistir o inevitável dia
do juízo final.
As propriedades gerais de um organismo efetivo incluem: ele deveria ser
(1) não-volátil ou não ser destruído pelo ambiente, (2) ser dispensado como um
aerossol, rota de entrada no corpo por inalação ou pela boca, e (3) ser relativamente
fácil de disseminar. Alguns dos seguintes agentes descritos atendem a estes
parâmetros, enquanto outros não. Entretanto, se uma real epidemia ou pandemia forem
criadas a partir da liberação de um específico microorganismo causador de doença, o
conhecimento público de que a doença foi intensionalmente propagada causará um
profundo estresse psicológico. Isto foi muito evidente na liberação do antraz em
setembro e outubro de 2001 em Boca Raton, Flórida, Washington, D.C., e na Cidade de
Nova Iorque, entre outras.
Como os socorristas iniciais e investigadores respondem a esta ameaça é
extremamente problemático quanto é difícil, inicialmente, saber que alguma doença foi
liberada ou usada. Indicadores de um possível incidente biológico serão providos mais
à frente neste capítulo. Entretanto, antes de discutirmos estes indicadores, vejamos
com detalhes os vários microorganismos biológicos que podem ser usados.

5.3.2.1 Classificações dos Microorganismos Biológicos


Os microorganismos biológicos estão divididos em quatro categorias:
• Bactéria
• Rickéttsia
• Vírus
• Toxinas
Dentro de cada classificação estão vários agentes causadores de doença
que foram identificados como apropriados para uso como uma arma.
288
5.3.2.1.1 Bactéria. Bactérias são organismos unicelulares que se multiplicam pela
divisão da célula e que podem causar doenças em humanos, plantas ou animais.
Dentro desta categoria temos:

• Antraz
• Cólera
• Peste
• Tularemia

O Antraz (Bacilus anthracis) está mais comumente associado com animais


de fazenda tais como gado, que são seu hospedeiro. Entretanto, o antraz tem sido
usado como arma através da produção de esporos microfinos que resistem à destruição
pela luz do sol ou calor. Estes esporos microfinos, na ordem de menos de 5 mícrons em
tamanho, têm a capacdiade de não se agruparem, mas permanecem no ar por
prolongados períodos de tempo quando dispersos. A infecção por antraz se dá por três
formas: inalação, cutânea e gastrointestinal. O período de incubação, dependendo da
quantidade de esporos expostos, é de aproximadamente 12 horas a 5 dias. O antraz
não é conhecido por passar de pessoa para pessoa, exceto pela infecção cutânea. O
tipo cutâneo é reconhecido por uma infecção aberta na pele e não é fatal. O tratamento
inclui o uso de antibióticos. A infecção por inalação é geralmente fatal a menos que seja
tratada com antibióticos antes dos primeiros sintomas aparecerem. Estes incluem febre,
calafrios e dores de cabeça, progredindo para fluido nos pulmões, dificuldade para
respirar, colapso e por fim a parada respiratória. A exposição gastrointestinal é
identificada por dores abdominais, sangramento, diarréia severa e febre. Aqui, a rota de
entrada é pela presença de esporos na comida e, como acontece com a inalação do
antraz, o tratamento com antibióticos deve começar antes de surgirem os primeiros
sintomas, ou do contrário a morte é o resultado usual. Entretanto, como saber que
alguém foi infectado?
A cólera (Vibrio chlerae) é uma doença gastrointestinal aguda que ocorre
sempre que a água contaminada por fezes humana é ingerida, o que às vezes ocorre
em países em desenvolvimento depois de grandes enchentes. Os sintomas incluem
náusea, diarréia severa, vômitos e fraqueza em decorrência da perda de fluidos
corporais. O período de incubação é de aproximadamente 12 horas a 5 dias. Pode
ocorrer a morte se o paciente não for tratado e reidratado.
A peste bubônica e pneumônica (Yersinia pertis), ou a Morte Negra, tem
sido o flagelo do mundo por séculos. Ela matou milhões por toda a Europa na Idade
Média e continua a infectar pessoas, ainda no século XXI. Ela é transmitida aos
humanos pela mordida de um hospedeiro infectado, a pulga, e de pessoa para pessoa
por via da rota respiratória. Os sintomas incluem febre, calafrios, dores de cabeça,
extremo inchaço do nódulo linfático e dor, e hemorragias cutâneas. O período de
incubação é de aproximadamente 1 a 6 dias e a recuperação pode se antecipada se
289
tratada com antibióticos imediatamente depois da exposição; do contrário, geralmente
ocorre a morte. A peste bubônica, transmitida pela mordida de uma pulga infectada, é a
mais comum. A peste pneumônica é uma forma aerossol que é transmitida pela
inalação do organismo e é facilmente passada de pessoa para pessoa através da
respiração de vapores de ar da pessoa infectada.
A tularemia (Francisella tularensis) ou febre do coelho em um período de
incubação de aproximadamente 3 a 5 dias, mas tem sido tão longo como 14 dias.
Embora não seja conhecida por passar de humano para humano, a transmissão é
normalmente do manuseio de sangue ou tecido de animais infectados ou mordidas de
moscas do cervo infectadas, mosquitos, ou carrapatos. Os sintomas incluem febre,
calafrios, dores nas juntas, fraqueza progressiva, úlceras na boca ou na pele e
pneumonia. Se tratada precocemente com antibióticos, a recuperação é geralmente
total. Entretanto, dependendo da saúde da vítima, da rota de entrada e do grau de
incidência, o resultado da infecção pode ser fatal.

5.3.2.1.2 Rickéttsia. A Febre Q (Coxiella burnetii), normalmente observada em animais,


é a forma mais comum dentro da família Rickéttsia. Seu período de incubação se
estende de 2 a 3 semanas e é caracterizado por febre, calafrios, sudorese profusa,
alucinações e hepatite. E propagada na forma de aerossol pelo sangue contaminado. A
transmissão entre humanos não é considerada um fator. Como arma, a Febre Q é
considerada uma moléstia incapacitadora devido á sua capacidade de ser facilmente
propagada e sua resistência quando liberada. O tratamento inclui antibiótico, mas a
recuperação pode ser completa mesmo sem tratamento.

5.3.2.1.3 Vírus. Um vírus existe mais como uma partícula do que como uma célula
completa e, portanto, é o tipo mais simples de microorganismo. Os tamanhos da
partícula variam de 20 a 400 nanômetros (a bilionésima parte de um metro). Os vírus
não possuem um sistema de metabolismo e dependem de células vivas para
sustentarem sua própria existência. Como tal, eles não são capazes de se reproduzir
ou viver fora de uma célula hospedeira (humanos ou animais). De todas as doenças
contagiosas enfrentadas por humanos, as causadas pelos vírus têm mostrado serem as
mais malignas e infecciosas, e portanto, são o objeto de estudo para a produção da
mais perfeita arma biológica. É a única arma biológica que não tem cura. Os vários
tipos de gripe que assolam o mundo todos os anos são causados por vírus; eles são
difíceis de controlar e facilmente passados de pessoa para pessoa. Nesta classe estão
incuídos:

• Varíola
• Encefalite equina venezuelana (VEE)
• Febres hemorrágicas virais

290
Figura 5.5 Uma ―típica‖ vítima da varíola mostrando as erupções ou pústulas. Note o número de
pústulas em volta dos olhos, que podem levar à cegueira.

Por toda a história, a varíola (variola virus) provavelmente matou mais


pessoas do que qualquer outra doença (Figura 5.5). Estima-se que durante os últimos
cento e poucos anos, a varíola matou tantos quanto 1 bilhão de pessoas, matando em
média 1 em cada 3 de suas vítimas que não foram imunizadas. Uma das razões de a
varíola ser facilmente transmitida é que nos estágios iniciais da infecção, os
hospedeiros (humanos) não sabem que têm a doença. Pústulas ou bolhas muito
pequenas se formam na parte de trás da boca ou garganta no começo da doença. O
mero ato de respirar ou tossir expulsa das pústulas os vírions, ou germes, e os distrubui
no ambiente com o ar exalado, para ser respirado por uma vítima que nem suspeita.
Para infecção são necessários apenas 3 a 5 vírions. Para ajudar a entender quão
minúsculo é um vírions, são necessários mais de 1000 para cobrir a largura de um
folículo capilar normal! Como pode ser facilmente reconhecida, a varíola é considerada
a potencial arma biológica mais perigosa, especialmente caso os as variedades atuais
sejam geneticamente alteradas para resistirem quaisquer das vacinas conhecidas.
Adicionalmente, tem sido claramente enfatizado na mídia que a maioria das pessoas no
mundo não são imunizadas contra a varíola, e as que foram há muitos anos atrás, o
nível de proteção atual é quase inexistente.
Depois de um tremendo esforço da Organização Mundial de Saúde
(OMS), a varíola foi declarada erradicada do mundo em 1980. Isto se deu depois de um
esforço de aproximadamente 15 anos para rastrear cada caso ativo de varíola e vacinar
cada pessoa na comunidade para impedir sua propagação. Adicionalmente, foram
enviadas equipes para vacinação de vilas e cidades completas e áreas comprovadas
como sendo prévios ou potenciais celeiros da doença. Estas áreas incluem regiões na
África, Índia e Bangladesh.
A varíola já foi efetivamente utilizada como arma biológica. Não
recentemente, mas pelo Exército Francês em 1763 no que tornar-se-ía a América, as
colônias. Na guerra franco-indiana daquele período, os franceses pegaram vários
cobertores que estiveram em contato com vítimas da varíola e os distribuíram para seus

291
Figura 5.6 A fase inicial de uma pústula.

inimigos, os índios americanos nativos, como um gesto de paz. Não foi muito tempo
depois disso que as tribos indígenas foram dizimadas com varíola. A história também
pinta um terrível quadro da indesejável propagação de doença, principalmente varíola.

Depois da exposição, o período de incubação da varíola é de 7 a 19 dias,


dependendo da resistência e do nível de exposição. Isto seguido de pequenas pústulas
(bolhas abertas) na garganta e na parte de trás da boca, e dentro de 2 a 3 dias uma
erupção no rosto que se espalha por todas as extremidades (Figura 5.6). A severidade
da erupção também depende da variedade da doença; grandes pústulas abertas
cobrindo todo o corpo, incluindo a boca, as vias aéreas e os olhos podem ser um
terrível aspecto. Esta condição de grande inchaço nos olhos leva à cegueira para os
que conseguem se recuperar. Outros sintomas incluem uma severa febre, dores de
cabeça, dores nas costas, vômito e sangramento pelas membranas mucosas e
eventualmente das pústulas. A vacinação antes da exposição ou dentro de 3 dias
depois da exposição é o único tratamento disponível. Exceto isso, o cuidado
sustentado, hidratação e prevenção de uma segunda infecção são os únicos cursos de
ação disponíveis. A recuperação depende, novamente, do tipo da variedade da doença,
o sistema de imunização da pessoa, e o nível de exposição. Algumas variedades têm
uma taxa de mortalidade de 100% para os não vacinados.

Foram identificadas três variedades distintas de varíola:

Varíola Menor (Alastrim);


Clássica; e
Hemorrágica.
292
A forma mais fraca é a varíola menor, que começa com uma branda
erupção sobre o corpo. A erupção não se desenvolve nas pústulas características, e a
recuperação completa se dá na maioria dos pacientes.
A variedade clássica da varíola é de duas formas, discreta e confluente. A
variedade discreta é identificada pelas pústulas, que se espalham pela pele como
bolhas. Embora esta variedade possa ser fatal, uma pessoa pode ter uma melhor
chance de sobrevivência comparada com as outras formas. A variação confluente é
tipicamente fatal, com bolhas cobrindo grandes áreas do corpo.
A variedade hemorrágica é quase sempre fatal. Também tem duas
formas, ordinária e flat. A variedade ordinária coloca o sistema imunológico em choque;
os olhos se enchem de sangue e os capilares sangram muito. A forma flat é comumente
chamada de varíola negra porque a pele ser torna negra em decorrência do
sangramento dos tecidos. Esta variedade é tão virulenta que a pele não faz bolhas, mas
continua lisa até que se descama rapidamente.
A encefalite eqüina venezuelana (VEE), como o nome implica, é
principalmente uma doená de cavalos, mas tem atingido humanos. Também, mas
incorretamente implicando uma origem na Venezuela, a VEE se originou no país
vizinho, a Colômbia. Com o passar dos anos, ela se espalhou da América Central para
os EUA, especialmente no Texas. Os proprietários de cavalos dos EUA vacinaram seus
cavalos rotineiramente para impedir que esta doença mortal destruísse seus rebanhos.
Agradecidamente, a VEE não é conhecida por ser motal em humanos, mas como a
Febre Q, ela é considerada como potencial arma biológica a partir do ponto de vista de
ser uma doença incapacitante. O período de incubação é de aproximadamente 1 a 6
dias. Os sintomas incluem febre, tonteira, tremores e falta de coordenação muscular. A
transmissão entre humanos é considerada rara. Não é necessário nenhum tratamento
específico uma vez que a recuperação completa é o resultado normal.
As febres virais hemorrágicas são uma ampla categoria de várias doenças
que são bem conhecidas, tal como a Febre Amarela, junto com as novas doenças
emergentes Ebola e Marburg. Outras febres incluem a de Lassa, a Argentina, a
Boliviana, a Criméia-Congo e a Dengue.
O período de incubação do Ebola varia de poucos dias até 12 e
normalmente dura de 9 a 12 dias. Os sintomas iniciais incluem febre alta, dor de
cabeça, fadiga e diarréia. Dentro de uma semana, o paciente terá dores no peito e
sintomas hemorrágicos, que incluem sangramento interno e externo. As vítimas
começam a ficar escuras em razão da forte hemorragia do tecido corporal e capilares.
Nos estágios finais da doença, os órgãos da vítima perdem suas formas e se tornam
uma substância pastosa. A taxa de mortalidade é de 90% e pode ser mais alta,
dependendo da saúde inicial da vítima. O Ebola é propagado pelo contato direto com o
sangue, fluidos corporais e órgãos de pessoas infectadas, vivas ou mortas. Como tal, a
antiga União Soviética realizou extensivas pesquisas sobre o Ebola em esforços para
torná-lo uma arma. Isto significa que eles estavam tentando torná-lo viável fora de seu
293
hospedeiro e assegurar que pudesse ser propagado na forma de aerossol. Até agora, o
verdadeiro início de sua eclosão na África não tem fontes identificadas. Uma pessoa
contrai o vírus, e depois outas, a partir da infecção original. Tem sido dito que uma gota
de sangue de uma vítima do Ebola tem o potencial de infectar milhões. A variedade
original do Ebola não é transmitida pelo ar. Entretanto, uma forma mutante do Ebola,
hoje chamada de Ebola–Reston, tem a acapacidade de se transmitir pelo ar.
Agradecidamente, a mutação não é um perigo para humanos uma vez que não ocorrem
sintomas quando as pessoas são expostas a esta variedade. O mesmo não pode ser
dito acerca dos macacos. É mortal para eles. Como alguém pode imaginar, não foi
encontrado qualquer tratamento para aqueles que sofrem com Ebola; devem ser
adotadas as devidas precauções para assegurar que outros não se tornem infectados.

5.3.2.1.4 Toxinas. As toxinas são substâncias que são produzidas por animais vivos,
plantas ou micróbios. Elas diferem das substâncias previamente consideradas, pois não
são organismos vivos, mas mateirias produzidos por coisas vivas. Incluídos nesta
classificação estão:

• Botulismo
• Enterotoxinas estafilocócicas B (SEB)
• Ricina
▪ Mocotoxinas (T2)

O botulismo é causado por um dos materiais mais tóxicos conhecidos pelo


homem (a toxina botulínica). Ela ocorre naturalmente no solo e é produzida em latas e
vasilhames com vegetais quando a tampa não é adequadamente fechada (selada), e
da imprópria esterilização. O período de incubação é muito curto, de 12 a 72 horas com
os sintomas iniciais variando de boca seca à dificuldade de falar e engolir, e náusea e
vômito. A menos que tratado com antitoxina, os sintomas de paralisia muscular e a
dificuldade de respirar precedem a morte. O botulismo é fatal em aproximadamente
60% dos casos não tratados. Ele é propagado pelo alimento e pelo solo; a transmissão
entre humanos não é um fator conhecido. Entretanto, pode ser uma arma em potencial
e transmitido na forma de vapor de aerossol.
A enterotoxina estafilocócica B (SEB) é uma toxina de ação rápida (de
poucos minutos a horas) que pode ser espalhada pelo sangue contaminado ou água,
ou possivelmente pela disseminação em aerossol. Esta toxina é uma causa comum de
envenenamento de alimentos contraída por meios naturais. Os sintomas incluem febre,
calafrios, dores de cabeça, vômito, diarréia e dores musculares. Em razão da perda de
líquido através da diarréia, o tratamento é normalmente por reidratação. Esta doença
possui uma taxa de mortalidade um tanto baixa, de aproximadamente 20%, portanto,
podendo ser considerada uma efetiva arma incapacitante.
As micotoxinas T-2 são toxinas de ação excepcionalmente rápida que
294
podem penetrar a pele, ser engolidas ou inaladas na forma da disseminação de
aerossol ou da respiração, tosse e espirro de pessoas infectadas. As micotoxinas são
derivadas de mofo em grãos e têm uma taxa de mortalidade muito alta de 80 a 100%,
dependendo da taxa de exposição. O tratamento é um tanto limitado e somente com
antitoxina. Os sintomas incluem queimação na pele, dores e vermelhidão, os quais
poderiam ser erroneamente diagnosticados como os estágios iniciais do
envenenamento por agente mostarda. Outros sintomas incluem coceira nasal,
sangramento do nariz, dificuldade de respirar, dores nos olhos, visão obscurecida,
perda de coordenação e fraqueza geral. As micotoxinas foram possivelmente usadas
(isto não é confirmado) durante o final da década de 70 e início da de 80 em Laos,
Kampuchea e no Afeganistão, o que resultou em milhares de mortes.
A ricina é uma toxina excepcionalmente poderosa que é um subproduto do
processamento da mamona, que está prontamente disponível por todo o mundo. Como
tal, a ricina é considerada a arma de escolha para terroristas patrocinados ou não pelo
estado. Sua taxa de mortalidade é de aproximadamente 80 a 100%, dependendo da
rota de entrada no corpo e exposição. As rotas de entrada no corpo são similares às da
micotoxinas, as quais incluem gotículas em aerossol, ingestão oral e respiração, tosse
ou espirros de pessoas expostas. Foi utilizada na forma de injeção no assassinato de
Gregori Markov, um dissidente búlgaro, nas ruas de Londres em 1978 por agentes do
Serviço Búlgaro de Inteligência. A rota de entrada foi uma pílula de metal contendo uma
minúscula quantidade de ricina, a qual foi disparada no músculo da perna de Markov
por uma arma na forma de guarda-chuva especialmente projetada. A pílula estava
encaixada na parte pontuda da extremidade do guarda-chuva, que quando tocou sua
vítima disparou a pílula. Markov, acreditando apenas ter sido um ―encontrão‖ com uma
pessoa muito mal educada, seguiu seu caminho. Entretanto, ele morreu no dia seguinte
em decorrência dos efeitos da injeção. Inicialmente a causa da morte era um mistério,
mas durante a autópsia a causa foi acidentalmente descoberta quando um pequeno
ferimento na perna de Markov foi examinado. Dentro deste ferimento, foi encontrada a
pequena cápsula de metal contendo ricina, revelando a verdadeira causa da morte.
Os sintomas iniciais da exposição incluem febre, calafrios, tosse, fraqueza
geral e dificuldade de respiração, seguidos pela presença de líquido nos pulmões,
falência respiratória e morte.
Os cenários típicos de disseminação de agente biológico incluem reservas
de água e alimento contaminados. Entretanto, o método mais efetivo de contaminação
em massa é o uso de aerossolização em nuvem contendo os microorganismos
causadores da doença. Logicamente, qualquer disseminação de materiais biológicos
incluiria o uso de múltiplos organismos projetados para causar perdas catastróficas.
Essencialmente, ao utilizar organismos múltiplos, mais pessoas tornar-se-íam
infectadas por múltiplas doenças e a taxa de fatalidade seria muito mais alta do que
com uma única doença. Mais ainda, pode-se esperar que pessoas sejam um tanto
tolerantes a algumas variedades de doenças. Entretanto, ao usar múltiplas doenças, a
295
propabilidade de sobrepujar o sistema de imunização das vítimas é muito alta. Portanto,
o número de pessoas que escapariam da doença seria reduzido. O uso de um portador
humano para espalhar doenças tais como a varíola é uma possibilidade muito real. Um
portador humano infectado com uma doença altamente contagiosa como a varíola,
concebível, pode ser usado para espalhar a doença pelo mundo antes que alguém de
fato possa ser diagnosticado com a doença. O uso do transporte aéreo faz disto um
cenário muito alarmante. Similarmente, o portador humano para eventos localizados
não foi apenas teorizado, mas de fato utilizado em alguns incidentes de ataques
suicidas, onde o homem-bomba estava infectado com uma doença, e a explosão
contaminou a área com patogenias carregadas pelo sangue.

5.3.3 Agentes químicos


Os agentes químicos, também chamado por alguns como ―gases de
guerra‖, são qualquer material para uso em operações militares ou terroristas para
matar, ferir gravemente ou incapacitar pessoas através de seus efeitos fisiológicos. Os
agentes podem aparecer como vapor, aerossol ou líquido. Alguns itens químicos são
excluídos da consideração como ADM, pois são agentes de controle de
tumulto/desordem (irritantes), e materiais que produzem fumaça e chamas. Os agentes
incapacitantes são agentes químicos que produzem efeitos incapacitantes temporários.
As condições de incapacidade persistem por horas a dias depois da exposição ao
agente (diferentemente daquelas produzidas pelos agentes de controle de desordem,
que geralmente são de curto prazo de duração) e não são passíveis de produzir dano
permanente.
Os agentes químicos podem entrar no corpo por várias rotas. Quando
inalados, gases, vapors e aerossóis podem ser absorvidos por qualquer parte do trato
respiratório. Pode ocorrer absorção através da mucosa que reveste o nariz e a boca e
os alvéolos dos pulmões. Gotículas líquidas e partículas sólidas podem ser absorvidas
pela superfícia ea pele, olhos e membranas mucosas. Os agentes químicos que
contaminam alimentos e líquidos podem ser absorvidos através do trato gastrointestinal.
Ferimentos ou escoriações são mais suscetíveis à absorção do que a pele intacta.
Embora claramente os agentes químicos sejam ADM‘s uma vez que têm a
capacidade de produzir perdas em massa, sua habilidade de produzir vítimas não é tão
grande como a de materiais nucleares ou biológicos. Esta declaração não serve para
diminuir a gravidade de seu uso contra uma população despreparada. Muito pelo
contrário. O uso de agentes químicos tem o potencial de produzir não só perdas em
massa, mas também o de espalhar o pânico entre suas vítimas.
Historicamente, o século XX viu o desenvolvimento e o uso de agentes
químicos na guerra, na purificação da etnia e no terrorismo; sua incidência supera de
longe o uso de materiais nucleares ou biológicos. O primeiro desenvolvimento de
agentes químicos de guerra ocorreu na I Guerra Mundial. A Alemanha foi a primeira a
utilizar gás clorino em suas tentativas para acabar com a paralisação da guerra nas
296
trincheiras. A Inglaterra prosseguiu ao produzir e usar seus próprios agentes químicos e
ao desenvolver novos materiais tais como os gases fosgênio e mostarda (bolha).
Depois do fim da guerra, foi lançada uma intensa pesquisa e esforço de
desenvolvimento de agentes adicionais mais letais. Isto levou à descoberta dos agentes
nervosos an década de 30, que essencialmente são pesticidas altamente refinados.
Nenhum agente nervoso ou agente bolha foram utilizados durante a II Guerra Mundial,
mas foram descobertos grandes estoques na Alemanha depois do fima da guerra. O
desenvolvimento e a produção continuaram até que foi assinada a Convenção/Tratado
de Armas Químicas por 130 países em janeiro de 1993. Em essência, o tratado proibiu
que os países signatários, incluindo os EUA e a Rússia, produzissem ou
armazenassem agentes químicos tóxicos. Tanto os EUA como a Rússia estão no
processo de destruir seus estoques. Entretanto, alguns países não foram signatários do
tratado e continuam a possuir armas químicas.
Agentes químicos altamente refinados, incluindo gases nervosos e bolha,
foram extensivamente utililizados durante a última parte do século XX. Durante a
Guerra Irã-Iraque, ambos os lados utilizaram agentes nervosos e bolhas. Mais ainda,
Saddam Hussein é relatado como tendo pessoalmente autorizado um ataque com
agente nervosa contra os de etnia curda no norte do Iraque, um ataque que matou
centenas de milhares de homens desarmados, mulheres e crianças. O mês de junho de
1994 viu o primeiro uso documentado de arma química como um ato de terrorismo não
apoiado pelo estado. O culto japonês Aum Shinrikyo liberou o gás sarin, um agente
nervoso, de um carro que passava por uma área residencial de Matsumoto, Japão,
mantando sete e causando doenças em mais 600 pessoas. A investigação
subsequente identificou a possível causa, uma vez que aquela área residencial era lar
de vários juízes escalados para tratar de uma disputa de terras com o culto. Depois no
dia 20 de março de 1995, cinco artefatos contend gás sarin foram colocados nos trens
do metrô de Tóquio. Dois dos cinco artefatos liberaram o gás sarin dentro dos túneis do
metrô. Doze pessoas morreram e o agente nervoso que não foi identificado por várias
horas depois de sua liberação afetou bem mais de 5000 pessoas. A inabilidade de
identificar a causa direta do por que tantos trabalhadores estavam ficando doentes
levou diretamente à contaminação cruzada maciça do agente através dos socorristas
iniciais, para as ambulâncias e, finalmente, os hospitais. Entretanto, sem aviso prévio,
como os socorristas iniciais poderiam saber o que os esperava? Como resultado deste
incidente, os EUA empreenderam, e continuam a empreender um intensivo programa
de treinamento/educação e desenvolvimento de tecnologia para os socorristas iniciais e
investigadores combaterem o possível uso não somente de armas químicas, mas
também nucleares, biológicas, explosivas e materiais incendiários.
Como mostrado no ataque de Tóquio, a preparação de agentes químicos
não é uma tarefa muito difícil de ser cumprida. Das três - nucleares, biológicas e
químicas - os agentes químicos são de longe as mais fáceis de serem produzidas
clandestinamente. Os precursores químicos estão prontamente disponíveis na indústria
297
e, como tem sido mostrado, alguns dos agentes químicos, cloro e fosgênio, estão
disponíveis na forma de produto acabado. Alguns estão disponíveis somente como
armas militares. Mais ainda, alguns dos químicos industriais usados para produzir uma
variedade de bens de consumo são extremamente tóxicos, e quando usados em um
incidente terrorista, têm a capacidade de produzir vítimas em grande escala. Em uma
escala mais global, há um problema ao tentar estabelecer se um local patrocinado pelo
estado está configurado para produzir alguns agentes químicos, tal como um agente
nervoso. De fato, a distinção entre a produção de pesticidas e agentes nervosos é bem
limitada, uma vez que o mesmo tipo de local é essencialmente usado para fabricar
ambos os tipos de materiais.
Existem cinco classificações gerais de agentes químicos tóxicos que
poderiam produzir vítimas em massa:

Nervosos
Bolhas
Sufocantes
Os que atuam no sangue
Incapacitantes

Não incluídos estão os agentes para controle de tumulto ou irritantes.


Os agentes nervosos são um grupo de ésteres orgânicos altamente
tóxicos derivados de ácido fosfórico (organofosfatos) que inibem o funcionamento da
enzima aceticolinesterase (AChE). Essencialmente, os agentes nervosos destroem a
capacidade da colinesterase em passar os impulsos nervosos das extremidades dos
nervos para os vários músculos do corpo, portanto inibindo as funções normais do
corpo. Isto pode começar ―localizado‖ nos olhos e evoluir para a morte por asfixia e o
total desligamento do sistema nervoso central. Como com outros agentes químicos, a
severidade dos sintomas e os efeitos no corpo estão na proporção direta à quantidade
de agente absorvida pelo corpo e a rota de entrada. Os tipos de agentes nervosos (não
é uma lista completa) são:

Tabun - GA
Sarin - GB
Soman - GD
Agente V - VX

Os agentes nervosos são todos líquidos viscosos, e não gases nervosos


por si. Entretanto, o vapor de pressão da série G dos agentes é suficientemente alto
para os vapores se tornarem letais muito rapidamente. A volatilidade é o fator físico de
importância máxima. O GB é tão volátil que pequenas gotículas pulverizadas com uma

298
aeronave podem jamais atingir o chão. Esta volatilização total significa que o GB é um
vapor amplamente perigoso, mas não totalmente. O GD também é principalmente um
vapor perigoso, enquanto que o GA pode contaminar a superfície por um tempo
suficientemente longo para propiciar um perigo relevante de contato. Engrossadores
adicionados ao GD, ou a quaisquer dos agentes da série G, aumentam sua persistência
uma vez que formam gotículas que propiciam uma maior concentração ao alcançar a
superfície. Os agentes G são líquidos incolores podendo chegar ao marrom claro,
essencialmente inodoros, mas que podem ter um fraco cheiro de frutas. Depois da
exposição ao vapor, as roupas exalam agentes G por aproximadamente 30 min,
dependendo das condições do clima. Os inseticidas comuns que têm efeito similar
incluem Malation, Sevin e Diazinon.
Os agentes V são líquidos oleosos com baixa volatilidade e, portanto, alta
persistência. Eles apresentam principalmente riscos de contato e são excepcionalmente
tóxicos, muito mais so que os agentes da série G. Mais ainda, a quantidade limitada de
vapor que eles produzem é suficiente para constituir um perigo de inalação.
A relativa solubilidade destes agentes na água e no solo é importante
porque diz respeito às suas disposições. A capacidade do GB e do GA de se
misturarem com a água significa que a água pode lavá-los das superfícies, mas os
agentes então contaminam a água e o solo, se não forem adequadamente contidos.
Mais ainda, o GB e o GA não penetrarão na pele tão facilmente quanto o VX e o GD. As
superfícies úmidas nos pulmões absorvem todos os agentes muito facilmente.
Os agentes nervosos podem ser dispersos nas formas de líquido, aerossol
ou gás e absorvidos por qualquer superfície do corpo, incluindo a pele. Quando
dispersos como borrifos ou aerossóis, as gotículas podem ser absorvidas pela pele,
olhos e o trato respiratório. Quando dispersos na forma de vapor ou gás, eles são
geralmente absorvidos através do trato respiratório. Se for absorvida uma quantidade
suficiente do agente, os efeitos locais são seguidos de efeitos sistêmicos gerais, os
quais dependem da quantidade absorvida e o período de tempo envolvido. Os agentes
nervosos líquidos podem ser absrovidos pela pele, olhos, boca e membranas do nariz.
Os efeitos iniciais depois da exposição incluem retração das pupilas dos olhos, irritação
dos olhos e dor, rigidez do peito, sudorese localizada ou contração muscular, pela
inibição da enzima colinesterase. Dependendo da concentração do agente nervoso e
da rota de entrada no corpo, os efeitos podem começar em pouco menos de 1 minuto
depois da exposição. Indicadores de exposição avançada incluem dificuldade de
respirar, perda do controle muscular e extrema fadiga, tonteira, convulsões, paralisia e
eventualmente, a morte. A exposição não necessariamente significa a morte.
Entretanto, se a exposição foi demasiada como em um compartimento fechado, a morte
pode ocorrer rapidamente em questão de minutos sem uma progressão metódica de
sintomas.
Os agentes nervosos venenosos podem ser prosperamente tratados com
vários antídotos prontamente disponíveis. Estes incluem a atropina, 2-Pam Cl,
299
Figura 5.7 Uma ―típica‖ vítima de envenenamento bolha.

diazepam e ventilação. A proteção dos efeitos dos agentes nervosos pode ser
propiciada por uma máscara de proteção e capuz, que proteja a face, o pescoço, os
olhos, a boca eo trato respiratório, e especialmente as roupas tratadas, O vapor do
agente nervoso é absorvido muito vagarosamente pela pele, se de tudo, na ―área‖
esperada de concentrações. Entretanto, estas concentrações podem ser aumentadas
com os agentes líquidos da série ―V‖ e podem ser absorvidas muito rapidamente pela
pele ou na forma de roupas contaminadas.
Os agentes bolhas ou vesicantes são agentes químicos persistentes que
produzem queimaduras severas e bolhas na pele ou qualquer outra parte do corpo que
têm contato. Estes incluem mostardas de enxofre (impuras – H e destiladas - HD),
mostarda de nitrogênio (HN), lewisite (L), e fosgênio oxima (CX). Eles podem agir nos
olhos, membranas mucosas, pulmões e pele. Eles danificam o trato respiratório quando
inalados e causam vômito e diarréia quando ingeridos. Alguns têm um fraco odor,
enquanto outros são completamente inodoros. Ambos, lewisite e fogênio oxima,
causam dor imediata ao contato, porém as mostardas são traiçoeira na ação, com
pouca ou nenhuma dor no momento da exposição. Em alguns casos, os sinais de
exposição podem não se manifestarem por horas. Além disso, em razão de sua
persistência, os agentes bolhas são facilmente propagados de pessoa para pessoa e
de objeto para objeto, afetando uma vasta área antes de quaisquer dos primeiros
sintomas aparecerem (Figura 5.7). A proteção dos agentes bolhas ou vesicantes pode
ser obtida com máscara protetiva e roupas protetivas permeáveis para vapores e
pequenas gotículas. Além da máscara, devem ser usadas roupas impermeáveis para
proteção contra grandes gotículas ou derramamentos.
300
Tipos de Agentes Bolhas

Mostarda de enxofre - H
Mostarda destilada - HD
Mostarda de nitrogênio - HN
Lewisite - L
Fosgênio oxima - CX

A mostarda de enxofre e destilada (H e HD) é um líquido oleoso variando


de incolor ao marrom escuro e é mais pesado do que a água (Figura 5.8). Tem cheiro
de alho, mostarda ou rábano. Os agentes mostardas são extremamente persistentes,
tanto no solo como em materiais, tais como vegetação e roupas. A duração real da
persistência depende grandemente das condições do clima e da época do ano. A
mostarda pode durar por até três anos no solo em condições de muito frio, e horas a
dias em vários materiais. Portanto, possui uma possibilidade muito alta de ser
transferida de pessoa para pessoa ou de objeto para objeto antes de ser detectada. A
vítima que entra em contato com agentes mostardas normalmente não sabe que foi
exposta, dependendo da concentração e condições do clima, por minutos ou até horas

Figura 5.8 Um exemplo de um dos métodos utilizado para distribuir o agente bolha,
mostarda destilada (HD), uma lata com capacidade de 1 galão que seria aberta com
explosivos para espalhar o agente pela área alvo.

301
(mais comum) depois da exposição. O clima quente e úmido aumenta a ação da
mostarda. Os sinais prévios incluem irritação dos olhos, queima e coceira na pele e
boca, e irritação da garganta. Entretanto, estes sinais podem ser confundidos com
outros tipos de exposição a plantas ou do frio regular. Os efeitos de longo prazo
incluem a formação de grandes bolhas aquosas na pele, inchaço e fechamento dos
olhos e dificuldade de respiração causada pela formação de bolhas nas vias aéreas.
Pneumonia e infecção secundária da pele são sérias preocupações para aqueles
expostos aos agentes mostardas. Embora de fato poucos morram por exposição à
mostarda, ele danifica ou destrói células do tecido e tem um efeito cumulativo de
danificar o DNA e a medula óssea.
O tratamento das vítimas do agente mostarda inclui a descontaminação
das áreas afetadas, incluindo os olhos, e o uso de vários tipos de cremes esteróides
tópicos e sprays. A menos que a exposição tenha sido extensiva, o tratamento principal
inclui a prevenção de infecção secundária.
As mostardas de nitrogênio (HN) são líquidos oleosos incolores a amarelo
pálido que podem ter um fraco cheiro de peixe. A persistência e os efeitos das HN são
muito similares aos da H e HD. A exposição A exposição tem um efeito de ação
retardado, dependendo da temperatura e condições climáticas; ela afeta os olhos, pele
e o trato respiratório. Os principais tratamenteos são a descontaminação das áreas
afetadas e a prevenção da infecção secundária e pneumonia.
Os agentes Lewisite (L) são à base de arsênio, líquidos incolores ao
marrom, que possuem um odor de frutas puxando para o gerânio e são mais voláteis
que as mostardas. A exposição aos líquidos causa severas queimaduras aos olhos e
pele. Os vapores, que não são tão perigosos como os líquidos, podem causar espirros
e podem produzir uma irritação ao trato respiratório superior. Os sintomas de exposição
na pela são geralmente sentidos dentro de 10 a 20 segundos com uma dor extrema e
que se aprofunda. Depois de aproximadamente 5 minutos de contato, a área exposta
apresentará uma parte morte da pele parecendo uma queima corrosiva. A exposição
aos olhos causa dor severa e imediata, seguida por inflamação geral. Os vapores de
Lewisite são tão irritantes ao trato respiratório que as pessoas expostas irão deixar a
área imediatamente ou colocarão uma máscara para evitar o vapor. O tratamento é
similar ao da exposição à mostarda: descontaminação da área afetada, controle da dor
intensa e prevenção da infecção secundária e pneumonia.
O fosgênio oxima (CX) é uma gente químico que queima principalmente a
pele e as membrans mucosas, mas se difere das mostardas por produzir dor imediata.
Isto pode variar desde uma moderada irritação à sensação parecida com a picada de
uma abelha. O CX tem um cheiro desagradável, um odor penetrante e é incolor como
um líquido. A pele exposta fica branca dentro de um minuto e produz uma bolha
inchada dentro de aproximadamente 1 hora. Os olhos apresentarão uma vermelhidão
que pode ser excepicionalmente irritante, e o trato respitarório enfrentará irritação, tosse
e, dependendo da exposição, sérios problemas respiratórios. O tratamento é similar ao
302
dispensado para os agentes mostardas com a adição de compressas de bicarbonato de
sódio.

Agentes sufocantes
Cloro - CL
Fosgênio – CG

Os agentes sufocantes são aqueles que danificam os pulmões devido à


irritação nos brônquios, traquéia, laringe, faringe e o nariz pela inalação. Em casos
extremos, as membranas incham e os pulmões se enchem de líquido, e a morte
decorre da falta de oxigênio. Cloro (CL) e fosgênio (CG) são exemplos de agentes
sufocantes não persistentes. A exposição ao fosgênio ou ao cloro resulta em sintomas
imediatos, dependendo da quantidade de agente inalado, de tosse, sufocação,
sentimento de aperto no peito e náusea. O fosgênio tem o cheiro de feno recém cortado
e o cloro tem um forte odor de alvejante. A proteção dos agentes sufocantes é
propiciada com uma máscara protetiva. O tratamento inclui a remoção imediata da ára
contaminada e, dependendo do nível de exposição, hospitalização. Duranet a I Guerra
Mundial, a maioria das mortes no Exército dos EUA resultou da exposição ao fosgênio.

Agentes que atuam no sangue


Cianeto de hidrogênio - AC
Cloreto de cianogênio – CK

Os agentes que atuam no sangue são aqueles que interferem com ou


impedem o utilização do oxigênio no nível celular; em essência, eles impedem a troca
de oxigênio e dióxido de carbono entre o sangue e os tecidos. O cianeto de hidrogênio
(AC) e o cloreto de cianogênio (CK) são exemplos de agentes que atuam no sangue.
Ambos são agentes não-persistentes e altamente voláteis, embora o CK seja um pouco
menos volátil que o AC. Ambos são incolores no estágio líquido, com o cianeto de
hidrogênio apresentando um leve cheiro de caroço de pêssego ou amêndoas amargas.
O cloreto de cianogênio tem um cheiro irritante e, diferente do cianeto de hidrogênio,
irrita os olhos. Os sintomas causados pelo AC e CK dependem da concentração do
agente e duração da exposição. Tipicamente, ou a morte ocorre rapidamente ou a
recuperação ocorre dentro de poucos minutos depois da remoção da atmosfera tóxica.
Ocorrem convulsões violentas depois de 20 a 30 segundo com morte dentro de 1 a 2
minutos. Depois de moderada exposição, fraquezas nas pernas, náusea e dores de
cabeça, podem surgir muito rapidamente seguidas de convulsões e possível coma. O
CK tem os sintomas adicionais de irritação dos olhos, pulmões e garganta, e tosse. A
proteção contra os agentes que atuam no sangue é dada pela máscara protetiva. O
tratamento consiste na retirada da pessoa da área contaminada e imediata prestação

303
de assistência médica. Entretanto, a morte ocorre rapidamente, a menos que haja
pronta recuperação.

Agentes Incapacitantes
BZ
LSD

Agentes incapacitantes são agentes químicos que produzem uma


condição incapacitante temporária que pode durar de horas a dias. O tratamento
médico normalmente não é essencial, mas pode acelerar a recuperação. Agentes
incapacitantes poderiam ser utilizados por terroristas ou elementos criminosos em
esforços para incapacitar a população; como tal, estão incluídos com os agentes
tóxicos como ADM. Incluídos como incapacitantes estão o BZ e o LSD.
BZ é um depressor do sistema nervoso central, que perturba as funções
da memória, compreensão e atenção. O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) é um
alucinógeno que produz indecisões e alucinações, algumas severas. A proteção contra
estes agentes se dá pelo uso de uma máscara.
Os típicos métodos para disseminação de agentes químicos incluem a
aerossolização em nuvem ou a detonação de explosivos que estão em contato com um
recipiente do agente. Logicamente, a aerossolização seria mais efetiva, mas seria mais
perigosa para a pessoa encarregada de liberar o agente. Entretanto, a liberação
poderia ser controlada remotamente ou por pessoas inclinadas ao suicídio. O uso de
explosivos com um sistema detonador com retardo de tempo ou ativado por armadilha
poderia realizar a liberação dos agentes com um mínimo risco à pessoa que configura o
artefato. Entretanto, certa quantidade do agente seria consumida no calor da detonação
dos explosivos.

5.4 ADM: Riscos


Geralmente, os riscos associados com as ADM recaem em seis
categorias. Estas são: térmico, radiológico, sufocamento, químico, etiológico e
mecânico. Os riscos térmicos existem em materiais químicos, sejam industriais ou
agentes químicos, e em materiais nucleares ou incendiários. Isto em razão de suas
características de produzirem calor (fogo) ou frio intenso, como acontece com alguns
químicos industriais tal como o nitrogênio líquido. O risco radiológico está associado
somente com a energia nuclear da decomposição das partículas alfa e beta e os raios
gama. O sufocamento está associdado com produtos químicos, sejam industriais ou
agentes químicos, pela ação do químico em negar oxigênio para o corpo e células. A
capacidade dos químicos em produzirem uma grande variedade de efeitos físicos no
corpo é bem conhecida. Estas incluem a corrosão e envenenamento, os quais são
ambos imediatos e sistêmicos. Os efeitos etiológicos (causas de doenças) surgem da
propagação de doenças infecciosas em uma população. Dado à ameaça de uma ADM,
304
a doença é claramente o risco mais significante enfrentado pelo público, um que tenha
a capacidade de destruir um vasto segmento da população do mundo. Por fim, os
explosivos, como nós observamos em capítulos prévios, possuem a capacidade
mecânica de destruir propriedades e fazer vítimas através da produção de ondas de
corrente de ar com pressão e efeitos da fragmentação, entre outros.

5.5 Determinando a Presença de ADM


Agora que examinamos as várias armas que poderiam ser utilizadas para
produzir consequências catastróficas, como que os socorristas iniciais e o investigador
determinam se estes riscos estão presentes no cenário de uma explosão? Os
indicadores que sugerem que uma ADM pode ter, de fato, sido usada são dados pelo
completo entendimento de quatro tipos de indicadores.

Indicadores da Presença de ADM


Sentidos/percepções
Inteligência
Equipamento de detecção e monitoramento
Indicadores circunstanciais

Os sentidos incluem visão, olfato, paladar, audição e tato, ou em outras


palavras, os mecanismos corporais que recebem e interpretam informação dos nossos
arredores. Entretanto, em razão da não familiaridade com a informação procedente de
um possível cenário de ADM, os sentidos podem não reconhecer e entender o que
estão recebendo. Esta não seria uma situação incomum, especialmente se o
investigador respondendo ao evento não estava ―esperando‖ um incidente incomum. É
exatamento isto que o terrorista estaria planejando em um incidente com ADM, os
socorristas iniciais e investigadores não anteciparem o tipo de incidente que estariam
enfrentando assim que chegassem ao local. O tipo de dado ou informação recebida
dependerá grandemente do tipo de incidente de ADM. Isto é muito parecido com a
percepção sensorial extremamente bem afinada dos oficiais de segurança pública e
proteção pessoal. Como um exemplo, os policiais respondendo a uma chamada de
―disparos de tiros‖ estarão avidamente atentos aos seus arredores, pessoas e
movimentos de terceiros. Ao chegarem, caso percebam uma arma de fogo, eles
estaraão reativos a qualquer movimento súbito das pessoas que eles estiverem
observando ou outras que possam surgir repentinamente. Este movimento pode ativar
treinamento para avaliar imediatamente a situação visando determinar se o movimento
é ameaçador ou não. Se for considerado ameaçador, uma resposta apropriada será
dada pelo policial. Autopreservação! Entende-se que não é fácil sensibilizar os
socorristas quanto às ameaças de potenciais ADM da mesma forma como as ameaças
―normais‖ observadas no dia a dia. Como tal, é imperativo que os socorristas iniciais e

305
investigadores consigam reconhecer os sinais de alerta destas ameaças de ADM e
adotem ações apropriadas. Novamente, a chave para proteção é ser capaz de
reconhecer os vários sinais que podem indicar o uso ou o iminente uso de ADM.
Os indicadores do possível uso de ADM, como recebidos através dos
sensores do socorrista inicial ou investigador, estarão divididos em três tipos de
ameaças: químicas, biológicas e radiológicas.
Os indicadores químicos (tanto os acidentais como os motivados por
criminosos/terroristas) – note que pode estar presente mais de um destes indicadores
no mesmo evento - incluem:

A presença de vários animais mortos, pássaros peixes na mesma área


e sem uma explicação lógica.
A falta de atividade normal de insetos no ou em volta do solo, ar, e/ou
água. Como tal, o próximo curso de ação deveria ser a inspeção da
área em busca de insetos mortos ou morrendo no solo ou no
fornecimento de água.
Pessoas na áera geral que se queixam de dificuldades respiratórias
sem explicação, urticárias, problemas com a visão ou extrema
sensibilidade à luz do sol, ou o contrário, uma incapacidade de enxergar
com uma fonte de luz diminuída (retração das pupilas), sensação de
queimação na pelo e possível formação de bolhas.
Várias vítimas sem causa identificada. Estas pessoas podem
apresentar sintomas de extrema dificuldade de respirar, náusea,
desorientação, convulsões e morte. Isto seria especialmente verdade se
os socorristas iniciais começassem a apresentar estes sintomas logo
depois da chegada ou depois dos contatos com vítimas da ―doença‖
inexplicada. Também, associado com vítimas em massa está o possível
padrão de distribuição destas pessoas afetadas, o que pode ser
indicativo de um método de disseminação de um específico agente, tais
como aerossóis ou gotículas.
Doenças, que podem estar associadas com uma área confinada em
contraste com uma área interna ou vice-versa. Isto poderia indicar se o
método de disseminação foi usado interna ou externamente, ou ambos.
A presença observável de gotículas não usuais que apresentam uma
camada oleosa não normalmente associada com chuva ou umidade
matinal ou orvalho.
Área de gramado, árvores, arbustos, mata ou plantações de alimentos
que esteja morta, descolorida ou murcha sem razão aparente.
A presença de odores inexplicáveis ou incomuns que estejam fora do
característico de seus arredores. Estes odores podem variar desde

306
frutosos, florais, extremamente irritantes, cheiro de caroço de pêssego
ou amêndoas amargas até feno recém cortado.
Condições de nuvens baixas ou neblinas que não sejam explicadas por
seus arredores, pelas condições climáticas e hora do dia.
Inexplicáveis fragmentos de metal em volta do incidente que
apresentem um resíduo oleoso não associado com chuvas recentes.

Os indicadores biológicos de um possível ataque de agente biológico são


problemáticos, na melhor das hipóteses, em razão do retardo de tempo entre a
exposição e o momento em que surgem os primeiros sintomas. Os primeiro sintoma
pode não se apresentar de dias a semanas, embora alguns começam a aparecer nas
primeiras horas. Como temos observado, o tempo que decorre antes que os sintomas
sejam observados depende do agente utilizado e da dose recebida. Outros sintomas
que provavelmente ocorrem incluem males gastrointestinais inexplicáveis e problemas
nas vias aéreas superiores similares aos da gripe.
Os indicadores radiológicos do possível uso de materiais radiológicos em
um evento dependem do material radioativo utilizado e da dose recebida. Qualquer dos
vários sintomas pode ocorrer de dias a semanas depois da exposição. Estes
indicadores incluem:

Um número não usual de pessoas e animais doentes e morrendo. Caso


não detectado pelos socorristas iniciais durante a resposta inicial ao
evento, os socorristas e investigadores estariam incluídos nestas
vítimas. De fato, esta exposição em larga escala não deveria
logicamente ocorrer, em razão dos esquipamentos de detecção de
proliferação radiológica disponíveis aos socorristas iniciais. Entretanto,
alguns dos sintomas identificáveis são similares aos da exposição a
agentes químicos: vemelhidão na pele e, em casos severos, vômito.
Recipientes de metal não usuais ou fragmentos e restos fragmentados
da bomba, que apresentem símbolos de radiação.
Materiais que emitem calor sem qualquer fonte visível de calor podem
ser fontes radioativas.
Materiais que são altamente radioativos podem estar associados com
brilho incandescente. Este brilho é chamado de radioluminescência.

A inteligência ou advertência quanto ao possível uso de ADM pode vir de


várias fontes, que incluem os departamentos de segurança pública local e estadual, as
agências federais e organizações que têm uma responsabilidade internacional tais
como a Agência Central de Inteligência (CIA) e o Departamento de Estado dos EUA.
Muitos governos têm capacidades similares de obter inteligênica, seja através de fontes

307
abertas ou secretas. Adicionalmente, embora nem sempre reconhecido como tal, uma
importante fonte de obtenção de inteligência e capacidades de dissemininação reside
na mídia. Em algumas instâncias, a mídia pode prover informação de inteligência
oportuna para o público geral e, portanto, aos socorristas iniciais e investigadores do
que os canais ―oficiais‖. O papel das agências de inteligência em combater ADM é
multifacetado. Entretanto, para os propósitos de auxiliar na determinação da presença
de uma ADM, o papel das agências de inteligência está geralmente relacionado com o
da informação, para alertar ao público e às agências respondentes quanto à
possibilidade de uso de ADM. Como tal, este mecanismo é efetivamente usado nos
seguintes cenários: (1) sensibilizar o público e as agências respondentes da
possibilidade de ordem a impedir uma exposição inadvertida, caso uma arma seja
usada dissimuladamente; (2) colocar o público geral e os oficiais de segurança pública
em alerta para atividade suspeita que possa ser relatada e as medidas adotadas para
interromper uma operação terrorista em andamento; e (3) depois do uso de uma ADM,
sensibilizar o público e socorristas das medidas usadas para conter a propagação de
materiais de ADM.
O sistema nacional de nível de alerta de ameaça iniciado nos EUA depois
dos ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono no dia 11 de setembro
de 2001, é um exemplo das medidas públicas usadas para alertar o público e os
socorristas da possibilidade de atividade terrorista/ADM. Como tal, este sistema
continua a ser usado para colocar os cidadãos dos EUA em um nível elevado de alerta
de segurança quando a informação ou eventos requeiram. Entretanto, têm sido
identificados problemas com tal sistema de alerta quando ele é usado muito
frequentemente sem que um real evento ocorra. O problema é que gritar ―olha o lobo‖
muitas vezes e não se ver lobo nenhum pode tornar o sistema inútil. Por outro lado,
depois da liberação de antraz em 2001, o público americano foi alertado da possível
presença de material de uma ADM, antraz, e foram adotadas medidas para impedir a
propagação dos esporos.
Dentre os métodos atualmente disponíveis para determinar a presença de
materiais de ADM, o equipamento de detecção e monitoramento é o mais confiável e
eficiente. O equipamento usado para identificar a presença destes materiais perigosos
está dividido em vários grupos, dependendo do tipo de material que se acredita estar
presente. Como tal, é necessário o uso de um tipo específico de instrumento para cada
tipo de risco resultante de produtos biológicos, nucleares, incendiários, químicos e
explosivos. Nenhum document foi, até então, desenvolvido para identificar a presença
de todos os materiais perigosos. Estes equipmentos variam desde kits para análise de
campo altamento portáteis para papel para detecção de agente químico, e para
aparatos um tanto maiores e não tão portáteis para detecção de explosivos e materiais
biológicos. Entretanto, como existe uma urgente demanda para detecção eficiente de
materiais menores e compactos, muitos dos equipamentos de detecção passaram por
uma importante redução de tamanho. Ao mesmo tempo, muitos se tornaram mais
308
Figura 5.9 O kit detector de agente químico M256A1. Efetivo para detecção de agentes
nervosos, bolhas e dos agentes que atuam no sangue.

práticos de serem usados/manuseados.


Em tempos modernos, possivelmente a solicitação mais antiga para
detecção de ADM veio dos campos de batalha da Europa durante a I Guerra Mundial.
Esta solicitação foi para detecção de agentes químicos, cloro e agentes bolhas. Em
resposta a esta solicitação, foram desenvolvidos vários kits detectores de agentes
químicos para identificar a presença destes químicos perigosos. Os kits detectores,
muito similares aos utilizados hoje, não eram baseados em eletrônicos, mas na reação
de um agente químico ao material reagente. Estes kits são muito simples de se utilizar e
propiciam uma indicação um tanto rápida (dentro de segundos) da presença de um
agente químico, e uma identificação do agente. Exemplos de tais kits
detectores/identificação são encontrados nas versões militares M18A2 e M256A1
(Figura 5.9). Também, o papel M9 para detecção de agente químico está disponível
para detecção de agentes líquidos nervosos e bolhas. Quando o papel é colocado em
contato com o suspeito agente nervoso ou bolha, e a cor do papel muda, indica que o
agente foi detectado. Entretanto, o uso do papel de detecção especialmente tratado não
identifica qual dos agentes químicos está presente, apenas que um está lá.
O desenvolvimento contínuo de detectores de agentes químicos tem
resultado em instrumentos eletrônicos de detecção altamente efetivos e portáteis
(Figura 5.10). Estes detectores oferecem uma ampla capacidade de detecção para
vários agentes químicos. O desenvolvimento contínuo tem resultado na produção de
instrumentos que detectam não somente agentes químicos, mas também outras

309
Figura 5.10 O detector de agente químico modelo Smiths APD 2000. Projetado pra detector
agentes nervosos e bolhas bem como diversos químicos perigosos.

ameaças tais como a radiação nuclear.


A solicitação pra detectar radiação nuclear começou durante o
desenvolvimento da energia nuclear em si. De fato, se não houvesse método de
detectar a energia sendo liberada pelos materias nucleares durante sua produção,
como que os cientistas saberiam, de fato, que foi produzida alguma energia? O método
utilizado hoje para detectar radiação ionizante está baseado na invenção do ―contador
Geiger‖ em 1928 pelo físico alemão Hans Geiger. Como com outros instrumentos, os
primeiros detectores eram um tanto brutos e volumosos, mas foram transformados em
instrumentos extremamente apurados não somente para detectar a presença de
radiação ionizante, mas também para determinar quantitativamente quanta radiação
está presente. Além disso, alguns dos instrumentos mais sensíveis possuem uma
capacidade ―retroceder‖ para detectar e medir a radiação a partir de uma longa
distância, propiciando uma maior dsitância de segurança ao operador. Com relação ao
tamanho, alguns detectores foram desenvolvidos para serem usados nos cinturões dos
socorristas para detectar a presença, mas não a quantidade de radiação na área
(Figura 5.11 e Figura 5.12).

Certamente, o desenvolvimento mais rápido de detectores tem sido no


campo para detecção de agentes biológicos. Há apenas poucos anos atrás, não havia
instrumentos de detecção geralmente disponívies aos socorristas iniciais e
investigadores para precisamente detectar e identificar agentes biológicos na área.

310
Figura 5.11 Um detector de radiação portátil que não detecta somente radiação, mas mede a
taxa de dosagem da radiação.

O único método disponível na época era coletar uma amostra e submetê-la ao


laboratório para um prolongado processo analítico. Como pode ser imaginado, isto não
era aceitável com a influência do terrorismo ―modero‖. Hoje, está disponível uma
variedade de métodos e instrumentos de detecção aos socorristas iniciais e
investigadores para serem utilizados e investigar o possível uso de um agente
biológico.

A miniaturização de detectores de explosivos como uma forma precisa de


detecção continua a ser um processo em andamento (Figura 5.13). Foram
desenvolvidos detectores de explosivos extremamente precisos, mas eles geralmente
são esquecidos nos laboratórios em razão de seus tamanhos ou solicitação para uso
externo. De fato, foram desenvolvidos alguns instrumentos que funcionam a bateria,
mas podem ter uma alta taxa de falso positivo. Uma das melhores ferramentas usadas
para identificar a presença de explosivos, mas não o tipo específico, continua a ser o
cão ou o porco. Pesquisas têm demonstrado que porcos treinados são relativamente
melhores do que os cães. Entretanto, em razão do estigma social associado com o uso
de porcos, os cães são rotineiramente usados para detectar a presença de explosivos
quando um pacote suspeito é descoberto ou é instituída uma busca geral depois de
uma ameaça de bomba. Embora um detector portátil de explosivos para detecção
remota de quantidades mínimas de explosivos que possam estar presentes na parte
externa de um veículo carregado com bombas a partir da distância de centenas de

311
Figura 5.12 Um detector e alarme pessoal de radiação. Por causa de seu reduzido tamanho, é
usado na pessoa.

metros não esteja atualmente disponível, pesquisas intensivas estão sendo feitas para
se chegar a tal detector.

Materiais incendiários tais como gás natural ou propano, vapores


resultantes de líquidos inflamáveis mantidos em reservatórios, e metano podem ser
facilmente detectados com os equipamentos de detecção disponíveis. De fato, estes
instrumentos têm sido uma parte dos equipamentos de proteção pessoal para
bombeiros, trabalhadores dos serviços de utilidade pública, e minas subterrâneas por
anos. No entanto, prossegue o desenvolvimento visando equipamentos menores e mais
confiáveis.

Indicadores circunstanciais são aqueles que dependem das circunstâncias


de uma situação particular, ou são secundários para um ataque. Estes indicadores
incluem atividades não usuais permeando um incidente, a importante cronometragem
de um incidente, ou incidentes com circunstâncias não usuais. Por exemplo, Timothy
McVeigh planejou seu ataque contra o Edifício Federal Murrah na Cidade de Oklahoma
no dia 19 de abril de 1995, para coincidir com o aniversário da seita Branch Davidian de
Waco, Texas, que destruiu o complex. Por todo o mundo ocorreram outros incidentes
com bombas, não necessariamente envolvendo uma ADM, os quais ocorreram nos
aniversários de enventos importantes.

Atividades não usuais podem significar quase qualquer coisa para alguém,
mas dentro das comunidades policiais estas atividades geralmente incluem as que

312
Figura 5.13 Um kit para teste presuntivo de explosivos, o qual pode detectar uma ampla gama
de produtos explosivos.

levantam suspeitas dos agentes de polícia. É fato conhecido que os policiais


desenvolvem o que pode ser chamado de ―reação instintiva‖ ou um ―sexto sentido‖ com
relação à atividade que não levantaria qualquer suspeita da maioria dos cidadãos. Ao
observar estas ―atividades não usuais‖ ou até ao ser informado destas por terceiros, os
policiais sempre podem iniciar uma investigação preliminar sobre atividades terroristas
planejadas que poderia resultar na prevenção de um incidente planejado envolvendo
uma ADM ou outra coisa. Com relação aos eventos depois de um incidente ―regular‖,
esta ―reação instintiva‖ de que tudo não é o que parece pode despertar a natureza da
suspeita nos socorristas iniciais e investigadores, incitando-os a olharem mais profundo
no incidente. Um exemplo poderia ser a detonação de uma DDR ou bomba suja onde
não há efeitos imediatos de radiação. As circunstâncias poderiam possivelmente incluir
a detonação de uma pequena quantidade de explosivos, que produziu danos limitados,
mas em uma área de grande importância. Ao olhar para o cenário, os socorristas
iniciais/investigadores poderiam questionar a base lógica de se usar um artefato tão
pequeno que produziu danos limitados em uma importante área. Como tal, ao olhar
além do cenário, o investigador poderia salvar muitas vidas ao identificar que o
incidente, de fato, envolve o uso de uma ADM.

313
5.6 Métodos de Proteção de ADM
Dependendo do tipo específico de ADM encontrado, existem três tipos de
métodos de proteção pessoal:
Tempo
Distância
Defesa

O tempo se refere à consideração de limitar a quantidade de tempo real


que um socorrista inicial/investigador precisa estar no cenário de um incidente de ADM.
Esta é a proteção primária para incidentes envolvendo radiação ionizante quando o
risco não pode ser eliminado, a entrada deve ser feita e a defesa adequada não está
disponível. É relativamente fácil proteger alguém da radiação alfa e beta ao cobrir a
pele e usar uma máscara que cubra todo o rosto protegendo os olhos bem como o
sistema respiratório e o digestivo, mas não há tal proteção disponível contra a radiação
gama. Não é possível para alguém usar uma vestimenta de chumbo com espessura
suficiente para proteger o usuário dos efeitos da radiação gama. Portanto, caso seja
absolutamente necessário que o socorrista entre no cenário, deve ser limitado seu
tempo de exposição, reduzindo assim a quantidade de radiação gama absorvida pelo
tecido. Ocorreu uma situação similar durante a explosão do reator de Chernobyl em
1986 quando foi necessária a entrada para tentar extinguir o fogo que estava causando
o vazamento de radiação na atmosfera. Aquele pessoal estava limitado por um período
de tempo muito curto em sua resposta para conter o fogo. Ao atingir o tempo de
exposição - usualmente referido como dose de vida – eles precisavam sair do cenário e
não reentrar. Entretanto, sabe-se que muitos extrapolaram o tempo e como resultado
morreram logo depois em decorrência de envenenamento agudo por radiação. Como
pode ser imaginado em um incidente de ADM envolvendo uma bomba suja, os
materiais ionizantes logicamente precisariam ser removidos do cenário. Pessoal usando
proteção básica seria despachado para remover a contaminação, mas estaria limitado
em seu tempo no cenário a um determinado período baseado na quantidade de
radiação (rads) presente no local.

A distância é a principal proteção para incidentes nucleares quando o risco


não pode ser eliminado, a entrada não é necessária, e a defesa adequada não está
disponível. A distância é nada mais do que a extensão de terra entre o local do
incidente e o pessoal respondente. Depois do desastre de Chernobyl e depois que o
reator foi fechado em uma tumba gigante ninguém mais precisou entrar no cenário.
Portanto, a proteção consiste em não entrar na área contend radiação ionizante.

A defesa é o principal método de proteção para incidentes biológicos e


químicos quando a entrada deve ser feita, de forma a eliminar o risco.

314
Figura 5.14 Proteção nível D. O uniforme de trabalho, com luvas, proteção da cabeça e calçado
protetivo.

Reciprocamente, sem a entrada, o risco normalmente não pode ser


eliminado, embora alguns dos agentes/materiais biológicos e químicos decompor-se-ão
depois de um período de tempo. A defesa é o uso de equipamento de proteção pessoal
(PPE) adequado que proteja o usuário do risco. Existem quatro níveis de proteção do
tipo defesa: A, B, C, e D. O nível de proteção depend do risco encontrado. O nível ―D‖ é
um uniforme de trabalho, com luvas, proteção da cabeça e calçado protetivo (Figura
5.14). Este nível não possui proteção respiratória. O nível ―C‖ requer um tubo respirador
que cubra todo o rosto ou parcialmente, luvas de borracha, botas resistentes a produtos
químicos, proteção da cabeça e macacões protetores sobre a roupa de trabalho (Figura
5.15). O nível ―B‖ requer macacões protetores com capuz, botas resistentes a produtos
químicos, luvas resistentes externa e internamente a produtos químicos e cilindros
(garrafas) de ar - (self-contained breathing apparatus -SCBA) - (Figura 5.16). O nível ―A‖
é essencialmente um ―traje lunar‖ consistindo de proteção respiratória (SCBA) com uma
veste protetiva completamente encapsulada contra produtos químicos, capaz de prover
pressão de ar positiva dentro da vestimenta (Figura 5.17). Adicionalmente, deve haver
luvas resistentes externa e internamente a produtos químicos, botas resistentes a
produtos químicos, e um sistema de comunicação de duas vias. Se for possível (mas
isto não é necessário), a proteção respiratória nos níveis ―A‖ e ―B‖ pode ser com
suprimento de ar ao invest de um tanque SCBA limitado, o qual limita o tempo de

315
Figura 5.15 Proteção nível C. Equipamento de limpeza ou macacões protetivos contra produtos
químicos, proteção respiratória, luvas de borracha, botas resistentes a produtos químicos e
proteção da cabeça.

trabalho para menos de uma hora, dependendo da quantidade de ar consumida pelo


usuário.

5.7 Pontos Chaves para Investigação do Cenário de ADM

Existem seis pontos essenciais para os socorristas ininiais e


investigadores considerarem ao responder ou investigar um cenário de ADM. De fato,
estes pontos variarão dependendo do tipo de ADM que estiver presente. Estes pontos
são:

Determinar se uma ADM está envolvida


Garantir o controle e segurança do cenário
Certificar que foram empregados os métodos apropriados de proteção
Cuidar dos riscos imediatos à segurança da vida
Contatar as agências externas apropriadas para assistência
Preservar potential evidência
316
Figura 5.16 Proteção nível B. Macacões protetores resistentes a produtos químicos, cilindros
(garrafas) de ar (SCBA), luvas de borracha e botas resistentes a produtos químicos.

5.7.1 Determinar Se Uma ADM Foi Usada


Como previametne identificado, existem quatro métodos usados para
determinar se uma ADM foi usada. Estes são os sentidos, inteligência, equipamentos
de detecção e monitoramento e indicadores circunstanciais.

5.7.2 Garantir o Controle e Segurança do Cenário


De forma a limitar a propagação de contaminação do cenário e impedir
que pessoal inadvertido entre em um cenário ―quente‖, o cenário de um incidente com
ADM deve ser protegido. Os métodos de proteção do cenário com fita e
estabelecimento dos perímetros interno e externo foram detalhados no capítulo 4.
Entretanto, com a possível utilização de um material de ADM, a velocidade e a direção
do vento devem ser consideradas ao se estabelecer o perímetro externo ou a área de
exclusão. Esta área ―quente‖ pode se estender por muitos quilômetros, pois o vento
pode carregar materiais nucleares, químicos e biológicos por grandes distâncias,
cotnaminando tudo em seu caminho. Como tal, a precisa identificação do material de
ADM, juntamente com a extensão e direção dos ventos prevalecentes, se torna um
ponto crítico e imediato ao estabelecer um cenário seguro e protegido.

317
Figura 5.17 Proteção nível A. Encapsulamento com roupa impermeável, cilindros (garrafas) de
ar (SCBA), dupla camada de luvas de borracha e botas resistentes a produtos químicos.

5.7.3 Garantir que Métodos Apropriados de Proteção Sejam Empregados


Quando houver suspeita de que materiais de ADM estão presentes, é
necessário que os socorristas iniciais e investigadores estejam adequadamente
protegidos contra os materiais perigosos. A proteção é propiciada através do tempo, da
distância e de vários níveis de defesa.

5.7.4 Tratar dos Riscos Imediatos da Segurança à Vida


Além dos pontos previamente identificados, o pessoal no cenário pode
apresentar críticas e imediatas dificuldades de saúde resultantes da exposição aos
materiais de ADM. A maneira pela qual os primeiros socorristas precisamente avaliam o
cenário afetará sobremaneira a conveniência dos procedimentos de primeiros socorros
e tratamento subsequente. Inicialmente, pode não estar imediatamente claro que os
sintomas das vítimas são resultado de exposição a uma ADM. Entretanto, com os
procedimentos previamente identificados para determinar a presença de ADM, uma
rápida determinação da causa dos sintomas pode ser efetivada e o tratamento
apropriado instituído. Com a causa identificada, a contaminação de terceiros pode se
significativamente reduzida ou eliminada. Essencialmente, ao identificar que um
material de ADM foi utilizado, a vítima não será levada para um local de tratamento sem
o controle apropriado da possível contaminação através da vítima. Isto seria diverso do
imediato transporte das vítimas da liberação de agente nervosa no metro de Tóquio.
Como você se lembrará, a identificação da causa da doença não ocorreu até algum

318
tempo mais tarde, depois que muitas vítimas colaterais, incluindo o corpo médico,
adoeceram nos hospitais.

5.7.5 Contatar as Agências Apropriadas Externas Para Assistência


As agências que respondem às ADM e materiais perigosos podem prover
importante assistência aos socorristas iniciais e investigadores quando se deparam com
materiais de ADM. Estes recursos estão divididos entre os vários níveis governamentais
desde as capaciades de apoio local até as múltiplas capacidades encontradas no
governo federal. Somente há pouquíssimos anos atrás, os socorristas iniciais e
investigadores teriam tido um trabalho muito difícil em identificar quaisquer mecanismos
de respostas para auxiliar na avaliação de uma potencial ADM. Os únicos recursos
disponíveis estavam dentro dos departamentos de combate a incêndios em suas
unidades de respostas a materiais perigosos (ou Hazmat). Mais ainda, somente os
departamentos maiores e mais bem equipados podiam se dar ao luxo de contar com
tais unidades especializadas. O nível federal dependia grandemente da Unidade de
Acompanhamento Técnico do Exército dos EUA (TEU) agora localizada no Arsenal
Edgewood em Maryland e uma parte do Campo de Provas em Aberdeen. Entretanto,
depois do ataque com gás sarin em Tóquio em 1995, o nível de capacidade de resposta
nos EUA foi radicalmente transformado. Não apenas submetendo as unidades
existentes de Hazmat aos mais necessários treinamentos, nas medidas estabelecidas
para permitir uma avaliação precisa de um potencial local com ADM, mas foram
providas com os equipamentos projetados para conter muito da contaminação
resultante de uma possível liberação de materiais perigosos. Além disso, muitas
unidades especializadas de respostas foram criadas em nível federal, não somente
para propiciar assistência imediata no local, mas também para conceder treinamento
extensive para aqueles que possam encarar um incidente com ADM. Este treinamento,
e especialmente o dispêndio direto de milhões de dólares para equipamentos, tem
alcançado quase todos os estados e unidades de combate a incêndios, polícias e
departamentos de resposta médica emergencial nos EUA. Também, desde os ataques
da Al-Qaeda no dia 11 de setembro de 2001, estes recursos têm aumentado.
A resposta imediata ao possível uso de uma ADM resta nas mãos de
agências locais/municipais. A polícia e unidades Hazmat dos departamentos de
combate a incêndios determinarão se, de fato, uma ADM foi utilizada, ou se existe a
possibilidade de uma estar no local, porém ainda em estado não funcional. O tipo de
avaliação inicial depende totalmente da ameaça, seja de materiais explosivos,
nucleares, biológicos, químicos ou incendiários. As agências federais podem ser
intimadas a ajudarem nesta avaliação, porém usualmente a responsabilidade inicial
reside com as agências locais. Em situações nas quasi um material tóxico tenha sido
liberado, as unidades Hazmat propiciam a função essencial de estabelecer as estações
de descontaminação para seu próprio pessoal e o público. Desta forma, serão
estabelecidas zonas quentes e zonas frias em esforços para conter qualquer
319
contaminação a partir deste cenário. Mais ainda, a polícia local e o pessoal de apoio
médico terão as responsabilidades que incluem o apoio médico emergencial,
investigativo e da segurança.
As responsabilidades do estado geralmente incluem prover um nível mais
alto de apoio no que tange ao gerenciamento emergencial não só do cenário, mas
também de todo esforço de resposta estatal geral. Isto pode incluir o envoi de unidades
Hazmat adicionais e outras equipes de apoio especializado dos recursos estatais.
Sem sombra de dúvida, o mecanismo de apoio mais extensive para a
resposta ao uso de ou ameaça de uso de ADM reside dentro do governo federal dos
EUA. Seus recursos são amplos e, devido à ameaça óbvia, continuam a crescer. Estes
recursos residem em nada menos do que sete agências federais, incluindo, porém não
limitados aos, departamentos de justiça, defesa, segurança da pátria, energia, saúde e
serviços humanos, a Agência de Proteção ao Meio-Ambiente (EPA), e a Agência
Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA). Dentro destas organizações,
existem incontáveis unidades de resposta especial para prover completa faixa de
opções de respostas governadas pelo tipo de material encontrado. Estas opções
incluem o uso de laboratórios federais para identificarem o risco, realizarem
investigações criminais e obtenção de evidências, mitigarem o risco através de equipes
de descontaminação ou descarte de bombas em casos de grandes e sofisticados AEIs,
e descontaminação avançada e apoio à vida, apenas para mencionar alguns. Mais
ainda, todos estes departamentos e agências propiciam uma completa faixa de opções
de treinamento não apenas para agências estatais e locais, mas em alguns casos, para
o público geral.
Embora nenhuma tentativa será feita para identificar todos os recursos
federais disponíveis para o socorrista inicial e investigador no cenário, vale à pen
mencionar alguns poucos. Estes são:

FBI-HMRU (Hazardous Materials Response Unit) - Unidade de Respostas


a Materiais Perigosos - Propicia melhores capacidades para a obtenção de evidência e
identificação de materiais perigosos em ambientes extremos.

FBI-ERT (Evidence Response Team) - Equipe de Resposta a Evidências -


Propicia capacidades adicionais para obtenção de evidência e identificação de riscos
em apoio à divisão de campo do FBI e/ou à HMRU.

DOD-CBIRF (U.S. Marine Corps Chemical e Biological Incident Response


Force) - Força de Resposta a Incidentes Químicos e Biológicos dos Fuzileiros Navais
dos EUA - Propicia uma força de resposta rápida a possíveis incidentes com ADM.
Embora julgando pelo nome da unidade pareça que eles só respondem a possíveis
incidentes de natureza química ou biológica, suas responsabilidades incluem outras
formas de materiais de ADM.
320
DOD-TEU (Technical Escort Unit) - Unidade de Acompanhamento Técnico
- Propicia uma resposta em nível mundial a possíveis ataques químicos e biológicos,
incluindo aqueles que utilizam munições militares contendo substâncias perigosas.

DOD-USAMRIID (U.S. Army Medical Research Institute of Infectious


Diseases) - Instituto de Pesquisas Médicas do Exército dos EUA para Doenças
Infecciosas - Junto com o CDC (Center for Disease Control) - Centro para Controle de
Doenças - é responsável pela confirmação e identificação de doenças infecciosas que
podem ser usada em um incidente com ADM. Adicionalmente, realiza extensas
pesquisas acerca dos métodos de proteger o público do uso de organismos biológicos.

HHS-CDC (Centers for Disease Control and Prevention) - Centros para


Controle e Prevenção de Doenças) - Além das responsabilidades precedentes junto
com as linhas do USAMRIID, o CDC tem a responsabilidade mundial de vigilância e
investigação de doença. Mais ainda, o pessoal do CDC, no evento de um ataque
biológico, responderá e ajudará a comunidade local em desenvolver estratégias para
resposta à saúde pública.

FEMA - O Escritório de Prontidão Nacional em coordenação com outras


agências respondentes oferece uma completa faixa de resposta e apoio logístico às
agências e à área afetada por uma ADM.

DOE-NIRT (Nuclear Incident Response Team) – Equipe de Resposta a


Incidente Nuclear – Propicia resposta especializada aos incidentes, os quais incluem o
uso de instrumentação para diagnóstico e pesquisa altamente especializada, mitigação
e desarme de artefatos nucleares.

5.7.6 Preservar Potentiais Evidências


Por fim, os socorristas iniciais e investigadores devem igualmente
preservar potenciais evidências recuperadas de um possível local com ADM. Em quase
todas as investigações do uso de ADM, a jurisdição para a investigação é do FBI.
Entretanto, o FBI não necessariamente será o primeiro no local. Cabe aos socorristas
iniciais, inicialmente, reconhecer que uma ADM foi usada ou está presente e adotar os
passos para preservar o cenário. Como detalhado anteriormente, a presença de uma
ADM pode não ser estabelecida até mais tarde, na medida em que o cenário se
desdobra. Entretanto, como em qualquer investigação criminal, quaisquer evidências
recuperadas no cenário, devem ser adequadamente documentadas, coletadas e
empacotadas para transmissão para um local seguro de armazenamento ou laboratório
para exames. Não deve ser enfatizado tão fortemente que no evento do uso de ADM ou
descoberta, apenas aqueles materiais/evidências que são absolutamente necessários
devem ser coletados e preservados antes da chegada dos recursos adicionais.
321
5.8 Resumo do Capítulo

O possível uso de uma ADM por uma organização terrorista ou um


demente é uma possibilidade sempre crescente. Alguns dirão que não é uma questão
de se tal arma será utilizada, mas quando. Desta forma, é necessário que os socorristas
iniciais e investigadores dos cenários de explosões estejam sensibilizados não somente
quanto à possibilidade de que a explosão possa envolver uma ADM, mas também o
mecanismo de liberação para um desastre muito maior. Este capítulo identificou as
armas (biológicas, nucleares, incendiárias, químicas e explosivas), sendo que algumas
das quais já foram utilizadas por indivíduos e organizações terroristas. Nós apontamos
o artefato nuclear e agentes biológicos como tendo o mais alto potencial para causar
um desastre em massa, mas o mais amplamente usado é o AEI, usualmente na forma
de um grande artefato colocado em um veículo. A energia nuclear possui três formas
principais de radiação ionizante: alfa, beta e gama. Os métodos de proteção variam
para estas partículas. O cenário mais provável para o uso de materiais nucleares em
um incidente terrorista é a bomba suja ou DDR.

Foram identificadas quatro classificações gerais de organismos biológicos:


bactéria, rickettsia, vírus e toxinas. Dentro de cada classificação, muitos agentes
específicos foram apresentados por serem considerados potenciais armas biológicas.
Alguns, como o antraz, já foram utilizados contra o público. Organismos biológicos
usados como armas têm grande potencial de matar milhões, e quem quer que solte
seus poderes destrutivos provavelmente seria incapaz de controlar as consequências.
Destes, a varíola é considerada como tendo o potencial de causar o maior dano.

Os agentes químicos estão divididos em cinco classificações: nervosos,


bolhas, sufocantes, os que atuam no sangue, e irritantes ou incapacitantes. Dos cinco,
os agentes nervosos, tanto os persistentes como os não persistentes, são considerados
os mais mortais. Químicos, como uma ADM, não foram somente utilizados entre nações
em guerra, mas como uma arma terrorista para infligir milhares de vítimas.

Para evitar se tornarem vítimas de ADM, os socorristas e investigadores


devem ser capazes de determinar sua presença. Foram identificados quatro métodos
para determinar a presença de ADM: sentidos, inteligência, equipamentos de detecção
e monitoramento e os indicadores circunstanciais. Para garantir a identificação e
proteção dos efeitos de uma ADM, todos os indicadores devem ser conhecidos pelos
investigadores de qualquer cenário de bomba.

Finalmente, o governo federal dos EUA tem enormes recursos para


assistir às agências locais na avaliação, investigação e reparação depois do uso de
uma ADM.
322
Questões de Revisão do Capítulo

1. Quais são os cinco principais tipos de armas de destruição em massa?


2. Dos cinco tipos de armas de destruição em massa, qual tem a mais alta
probabilidade de uso e potencial de impacto?
3. Quais são os três principais tipos de radiação ionizante associados com
a energia nuclear?
4. O que é um dispositivo de dispersão radiológica?
5. Quais são as quatro categorias gerais de agentes biológicos?
6. Dentre todos os agentes biológicos geralmente conhecidos que
poderiam ser usados como material de uma ADM, qual é considerado como sendo a
arma potencialmente mais perigosa?
7. Quais são as cinco classificações de agentes químicos?
8. Qual é a diferença entre agente químico persistente e não persistente?
9. Quais são os seis maiores riscos associados com armas de destruição
em massa?
10. Quais são os quatro métodos de determinar a presença de ADM?
11. Quais são os três métodos de proteção contra ADM?
12. Quais são as diferenças entre os quatro níveis de proteção do tipo
defesa?
13. Quais são os seis pontos chaves ao responder a um potencial cenário
com ADM?

Referências e Leitura Adicional

Alibek, Ken, Biohazard, Dell Publishing, New York, 1999.


Byrnes, Mark, E., King, David, A., and Tierno, Philip, M., Jr., Nuclear, Chemical and Biological
Terrorism, CRC Press, Boca Raton, FL, 2003.
Carrell, Jennifer, L., The Speckled Monster, Dutton, New York, 2003.
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2005.
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Nonproliferation Studies, Monterey, CA, 2004.
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1990.

323
FM 8-285, Treatment of Chemical Agent Casualties and Conventional Military Chemical Injuries,
Department of the Army, 1995.
Mayor, Adrienne, Greek Fire, Poison Arrows and Scorpion Bombs, Overlook Duckworth,
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Messier, Douglas, Guide to Federal WMD Response Assets, Fire Chief Magazine, 2003.
Preston, Richard, The Hot Zone, Random House, New York, 1994.
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2003.
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Jane's Information Group, Alexandria, VA, 1998.
University of Chicago, Chicago, IL, www.lib.uchicago.edu/e/spcl/chain.html, 2005.

324
6. Uma Introdução
Para a Identificação de
Arsenal Militar

6.1 Introdução

Arsenais militares explosivos têm sido utilizados por todo o mundo por
séculos. Como tal, continua a ser encontrado em vários locais: em antigos campos de
batalha, ao longo das linhas costeiras em deocrrência de operações de descarte em
águas profundas, em campos militares e nos lares de caçadores de suvenires e
colecionadores de equipamentos militares. Embora alguns dos arsenais encontrados
possam não conter explosivos, muitos deles contêm, e podem ser detonados
indiscriminadamente e matar aqueles que estão à sua volta. Sim, as balas de canhões
da Guerra Civil dos EUA dos anos 1800 podem explodir com os mesmos efeitos letais
de mais de 100 anos atrás. A grande variedade de arsenais explosivos modernos pode
detonar com efeitos devastadores, seja em campos de batalhas ou nas mãos de
colecionadores. Grande número de pessoas desinformadas, tantos militares como civis,
são mutililadas e mortas a cada ano ao manusearem arsenais militares explosivos,
sendo que alguns destes já se tornaram mais sensíveis aos serem danificados ou terem
deteriorado em razão do clima ou manuseio descuidado. De fato, é nas mãos de
crianças e colecionadores que a maioria dos socorristas iniciais encontra arsenais
militares não explodidos. Em muitos casos a pessoa em posse do arsenal declarará
peremptoriamente que o item está totalmente inerte e não oferece risco. Infelizmente, a
maioria das pessoas não tem familiaridade com o arsenal e, seja lá por qual razão,
―pensam‖ que o mesmo está inerte quando na verdade não está. Entretanto, existe
outra possibilidade, mais sinistra, de que os socorristas iniciais e o investigador podem
encontrar arsenais militares cheios de explosivos nas mãos de criminosos e terroristas.

325
O uso de arsenais militares cheios de explosivos por elementos
criminosos ou terroristas apresenta uma importante série de riscos para o investigador
do cenário de bomba. Estes riscos são adicionais aos perigos ―normais‖ presentes no
cenário da explosão ou nos que envolvem a busca por uma possível fábrica de
bombas. Como tal, o arsenal militar pode ser usado pelos criminosos ou terroristas na
maneira pela qual foi projetado. Considere uma mina terrestre colocada no solo
―esperando‖ que uma vítima pise nela e ative seu sistema detonador, detonando a
carga principal explosiva, ou uma granada propelida a foguete (RPG) disparada contra
um veículo. O arsenal explosivo também pode ser usado como a carga principal em um
artefato explosivo improvisado (AEI). Muitos destes dispositivos foram, e continuam a
ser, usados no Iraque contra as forças de coalizão, geralmente com resultados
catastróficos.

Ameaças decorrentes de Arsenal Militar Explosivo


Usado na maneira pela qual foi planejado
Usado com componente de um AEI
Encontrado em buscas nas posses de algum indivíduo
Recuperado de um colecionador de equipamentos militares
Recuperado de alguém que tenha retirado o item de um campo de
testes militares

Em razão de ter sido projetado, fabricado e rigorasamente testado para


infligir o maior número de vítimas e estragos a um alvo, o arsenal militar é uma séria
ameaça aos investigadores pós-explosão e aos socorristas iniciais, bem como ao
público geral. Esta ameaça (seja de um criminoso/terrorista ou a posse civil não
intencional), dos cinco cenários descritos no texto seguinte, está baseda na
capacidade, ou sua falta, do investigador/socorrista inicial em identificar arsenal militar
não explodido. A primeira situação surge no cenário de bomba no qual o arsenal militar
tenha sido utilizado na maneira pela qual foi planejado, uma granada arremessada,
grenade, um RPG disparado ou uma mina terrestre. Também, existe a possibilidade de
que arsenais adicionais não explodidos ainda estejam presentes no cenário. Em
Segundo lugar, de arsenal usado como um componente de um AEI que não tenha
funcionado. Em terceiro lugar, das buscas nas posses de algum indivíduo (veículo,
residência, depósito para armazenagem, etc.) ou fábrida de bomba onde for localizado
o arsenal militar. O quarto tipo de resposta resulta de alguém que encontre ―algo
estranho‖ seguido da morte de um membro da família. De itens unitários ate caixas de
arsenais inertes (sem explosivos) e cheios de explosivos têm sido recuperados como
resultado de tais descobertas familiares, as quais geralmente têm suas origens em
parentes que foram militares ou que levaram ―suvenires‖ para casa consigo quando
deram baixa, apenas para ficarem por aí durante anos antes de serem encontrados.

326
O último cenário envolve alguém, geralmente, mas nem sempre um
jovem, que tenha encontrado arsenais não explodidos em campos de testes militares e
os levou pra casa para examinar. Um dos mais comuns e mortais é a granada de 40
mm. Estas granadas de metal e de forma oblongada são disparadas de um lançador, e
têm um índice moderado de falha, ou de não detonarem como projetadas. Elas podem
parecer inofensivas ao imprudente, mas são extremamente perigosas e embora
encontradas intactas, podem detonar com o mais leve dos movimentos. Entretanto, têm
ocorrido exemplos em que os jovens pegam várias destas granadas e as levam para
casa. Tipicamente, em algum momento, uma granada cai no chão e detona com o
impacto, matanto o jovem e qualquer outro na área geral. Os investigadores e
socorristas iniciais são subsequentemente chamados ao cenário da explosão, de fato
não esperando pelo que encontram. Um cenário relativamente pequeno, onde pode não
haver respostas prontas quanto à causa. Em outras palavras, não há evidência de
fabricação de uma bomba ou local ―experimental‖. Entretanto, o cenário apresenta
indicações de expressivos fragmentos de metal, alguns relativamente grandes, mas a
maioria, muito pequenos. Pode haver grande perigo aos socorristas se houver arsenal
adicional espalhado pelo local não reconhecido pelos socorristas e que podem detonar
com o mais leve movemento. Sim, o arsenal pode passar por vários estágios de tosco
manuseio e não detonar e então com um movimento aparentemente insignificante pode
detonar.
Portanto, o problema com arsenal militar é a dificuldade de um
investigador ou socorrista inicial em adequadamente identificar que um item é, de fato,
uma peça de arsenal explosivo.
Adicionalmente, o arsenal militar, indiferente do país de origem, tem uma
capacidade intensificada de produzir vítimas, distinta dos artefatos improvisados. Estas
capacidades incluem a carga explosiva principal, espessura e peso do corpo, e o
sistema detonador. A carga explosiva principal no arsenal militar quase sempre
consistirá de alto explosivos de alta-energia com uma velocidade de detonação (VOD)
superior a 6.096 m/s. Como vimos nos capítulos precedentes Estes explosivos têm uma
brisância muito alta. O desenho do corpo do arsenal serve para várias funções.
Primeiro, sua cápsula selada, geralmente de metal, protege os componentes internos
contra danos e exposição às intempéries climáticas. Em segundo lugar, a maioria é
projetada para fragmentar como uma bomba tubo, se dividindo em fragmentos mortais.
Entretanto, diferente da bomba tubo, é projetado para fragmentar, dependendo de seu
tamanho, em centenas ou milhares de fragmentos, sendo arremessados pelo explosivo
de alta brisância. Adicionalmente, o corpo pode conter uma capa adicional interna ou
externa para fragmentação que aumenta significativamente o efeito letal. O sistema
detonador, seja interno ou parcialmente exposto, é um componente altamente projetado
para iniciar a carga principal explosiva. Quando encontrado durante uma investigação,
nem todo arsenal militar será provido com um sistema detonador ou estopim, ou o
detonador pode estar integral e completamente escondido das vistas. No caso de uma
327
descarga completa de munição com um projétil perfurante de blindagem, por exemplo,
o corpo de aço sólido se convergirá a ponto de não apresentar qualquer evidência de
riscos. Na realidade, pode ser um cartucho de alto explosivo e perfurante de blindagem,
com uma base detonadora escondida pela cápsula do cartucho.
O propósito deste capítulo é duplo. O primeiro é para informar as
características de identificação dos vários tipos de arsenal militar explosivo aos
socorristas iniciais e investigadores de um cenário de explosão. A identificação do
arsenal, i.e., o risco, é o primeiro passo para evitar tal risco. Não pode ser tão
fortemente enfatizado que este capítulo está sendo provido como um método de
somente identificar o arsenal. Sob nenhuma circinstância qualquer arsenal military deve
ser tocado, movido ou perturbado de alguma maneira por um socorrista inicial ou
investigador. Isto inclui arsenal econtrado no cenário da explosão, como resultado de
uma busca ou solicitação de um cidadão acerca de um item de arsenal ―encontrado‖ em
sua casa. Isto é especialmente verdade se o arsenal esteve envolvido em um incêndio.
A exposição a altas temperaturas pode fazer com que os componentes e os explosivos
do arsenal se tornem mais sensíveis, resultando em um risco muito maior ao manuseio
e movimentação. Deixe-o sozinho e chame o pessoal local para descarte de bombas,
preferivelmente militares, que foram treinados para avaliar e mitigar os riscos
associados com arsenais militares.
Em segundo lugar, este capítulo visa familiarizar os socorristas iniciais e
investigadores do cenário de explosão com os riscos específicos normalmente
associados com arsenal militar não explodido. Ao entender estes riscos, o investigador
pode propiciar melhores medidas protetivas para sua equipe, outros socorristas iniciais
e o público geral, até a chegada dos técnicos em bombas.

6.2 Definições
Visando promover um entendimento básico de arsenal militar explosivo,
vários termos devem ser familiares ao investigador:

Inerte: Condição descritiva do arsenal, ou de seus componentes, os quais


contêm explosivos, materiais pirotécnicos ou agentes químicos. Geralmente livres de
materiais perigosos.

Falha, fogo falho (arsenal não explodido): Munição explosiva, a qual não
foi armada como planejado, ou que deixou de funcionar como pretendido depois que foi
armada.

Detonador: Um dispositivo com componentes explosivos ou não


explosivos projetado para iniciar um trem de fogo ou detonar arsenal por ações tais
como a pressão hidrostática, energia elétrica, químicos, impacto, cronometragem
mecânica, aceleração ou desaceleração, ação piezoelétrica, ou a combinação destes.
328
Arsenal explosivo: Explosivos, químicos, pirotécnicos e itens similares, por
exemplo, bombas, munição, sinalizadores luminosos, fumaça, napalm, etc.

Ponto detonante ou detonador de impacto: Um detonador localizado na


extremidade frontal de uma munição e projetado para atuar como resultado de impacto.

Ponto de iniciação, estopim base detonante: Um detonador com


componentes iniciadores localizado no nariz na munição e os componentes
detonadores localizados na base do item. Projetado para ser ativado como resultado de
impacto e normalmente usado com uma carga moldada ogiva.

Estopim de proximidade ou de influência: Um detonador no qual a


iniciação primária ocorre pelo sensor de presença, distância e/ou direção do alvo
através das características do alvo em si ou de seu ambiente.

Mecanismo de autodestruição: Um component em um estopim projetado


para destruir ou iniciar a munição antes do fim do vôo ou da vida da bateria.
Geralmente usado como precaução de segurança para impedir a detonação de um
projétil, foguete, ou míssil sobre as cabeças de tropas amigáveis caso o alvo não seja
atingido e portanto impedir danos colaterais.

Munições fixas: Munição na qual a cápsula do cartucho está anexada ao


projétil e carregada no armamento (arma) como uma unidade. Usualmente chamada de
cartucho, por exemplo, um cartucho 9 mm.

Munição semi-fixa: Munição na qual a cápsula do cartucho não está


permanentemente fixadas ao projétil de forma que a zona de carga dentro da cápsula
do cartucho pode ser ajustada para obter o alcance desejado. É carregada no
armamento (arma) como uma unidade.

Zona de carga: O número de incrementos de propelentes, em uma carga


propelente de projétil semi-fixado, que corresponde ao alcance de fogo desejado.

Carregamento separado: Munição na qual o projétil, o saco de propelente


e o iniciador são manuseados e carregados na arma separadamente. Nenhum cartucho
é utilizado neste tipo de munição, por exemplo, projéteis de artilharia 155 mm e 8
polegadas.

Projétil: Um objeto projetado por uma força interna ou externa aplicada e


que continua em movimento em virtude de sua própria inércia ou propulsão, tais como
uma bala, cartucho de artilharia ou projétil assistido por foguete.
329
Químico binário: Um químico tóxico derivado da mistura de dois
constituintes relativamente não tóxicos.

6.3 Características Físicas do Arsenal Militar


As características (peso, tamanho, corpo, enchimento, forma, sistema
detonador e códigos de marcação/cor) do arsenal militar explosivo variam grandemente
dependendo no tipo de munição e seu uso pretendido. Os tipos de arsenais serão
discutidos mais à frente neste capítulo. Entretanto, por agora, nos concentraremos
brevemente em seus aspectos gerais.
Peso
Tamanho
Corpo
Enchimento
Forma
Sistema detonador
Códigos marcação/cor

O peso, incluindo a quantidade de explosivos contida neles, de itens


específicos de arsenal militar varia grandemente, de algumas poucas gramas a
milhares de quilos. Como a maioria das munições militares são encapsuladas em metal
pesado, como o aço, elas não precisam de grandes quantidades de explosivos para
produzirem vítimas, especialmente se uma estiver muito perto da munição quando esta
detona. Lembre-se que os detonadores têm menos de 1 grama de alto explosivos.
Dentre os que têm a menor quantidade de explosivos incluem as pequenas minas
terrestres destinadas não para matar, mas para incapacitar suas vítimas por ferimentos
ou destruir um pé ou uma perna. Se forem pegas e mantidas perto do corpo de uma
vítima, elas podem ser fatais. Uma das maiores, senão a maior, por peso de qualquer
munição conhecida é a bomba de 6.803 Kg (Figura 6.1) conhecida como Daisy Cutter
(Cortadora de Margarida). Ela foi desenvolvida originalmente durante a Guerra do
Vietnam como um dispositivo instantâneo para limpeza de zona de aterrissagem para
helicópteros. Ela precisava de sua própria aeronave para transportá-la ao local de
lançamento e quando era detonada, abria uma área para pouso com mais de 100
metros na densa selva. Seria extremamente improvável para um socorrista inicial
encontrar este tipo de munição. Entretanto, itens pequenos tais como minas e granadas
têm sido encontrados em buscas por evidências. Como um exemplo de um ―típico‖
projétil que poderia ser encontrado nos dias atuais, o projétil normalmetne mais
utilizado em AEIs até hoje no Iraque, tem sido o projétil alto explosivo sul-africano M1Al,
155 mm, de alcance prolongado e sua cópia iraquiana. Esta munição tem um pouco
menos de 8 quilos, ou aproximadamente 17 libras, de alto explosivos. Claro que outros
projéteis têm mais ou menos explosivos.

330
Figura 6.1 Uma bomba com 15.000 libras, retardada por pára-quedas, que requer sua própria
aeronave para voar até o alvo. O sistema iniciador está afixado ao longo tubo parecido com
uma vara no nariz da bomba para propiciar uma detonação acima do solo. (Fotografia do
Departamento de Defesa dos EUA.)

Da mesma forma que os pesos, o tamanho físico de um arsenal explosivo


militar varia grandemente desde alguns poucos centímetros de compirmento até mais
de 2,4 metros. O diâmetro varia de menos de uma polegada para mais de 1,83 metros
na bomba de 15.000 libras (6.803 Kg).
As munições militares geralmente são encapsuladas dentro de um
recipiente metálico com uma parede grossa, conhecido como o corpo, o qual é
normalmente feito de aço. Estes corpos servem para dois propósitos. Um, como uma
superfície externa para proteger o explosivo dos efeitos ambientais, tais como água,
calor, umidade e sujeira. O corpo também propicia integridade estrutural para a
munição, explosivo, e sistema detonador até que funcionem como projetados, e atinjam
o alvo. Adicionalmente, o corpo geralmente propicia um efeito de fragmentação letal
para infligir um maior grau de vítimas e danos do que somente com os explosivos.
Outros corpos incluem finas paredes de alumínio para morteiros, de plástico, madeira e
compostos materiais para minas, e outros invólucros metálicos finos e compostos,
incluindo fibra de vidro, para pequenas bombas ―aéreas‖ e dispensadores (um tipo de
bomba).
O enchimento, ou tipo de carga útil do arsenal explosivo militar, inclui:
explosivos, químicos (tóxicos, incendiários, fumaça, sinalizadores luminosos e napalm),
dispositivos nucleares, agentes biológicos e folhetos. Também existem várias cargas
antipessoais tais como dardos, estilhaços metálicos, pregos que – embora o
enchimento principal não represente risco explosivo – ainda podem conter materiais
energéticos perigosos arremessados a partir da carga projetada para abrir o recipiente.
Deve ser notado que os EUA têm assinado vários tratados internacionais baindo o uso
ou produção de agentes químicos tóxicos ou biológicos. Todos os estoques biológicos
dos EUA foram destruídos, e atualmente os agentes químicos tóxicos estão no
processo de serem destruídos. Entretanto, outros países possuem, de fato, importantes
estoques de arsenais químicos e biológicos. Como tal, a possibilidade de encontrar

331
inadvertidamente estes tipos de munições não pode ser excluída. Adicionalmente,
como descrito no Capítulo 5 relativo às armas de destruição em massa, a propabilidade
de encontrar uma munição com enchimento nuclear, seja patrocinada pelo estado ou
improvisada, também não pode ser excluída. Em razão da natureza de seu uso e amplo
manuseio, a carga principal explosiva usada na maioria, mas não em todos, os arsenais
militares são muito insensíveis à iniciação inadvertida ou acidental. Estes incluem não
somente os alto explosivos com uma VOD superior a 6.096 m/s, mas também baixo
explosivos. Dependendo do tipo de munição, os alto explosivos são usados para
causarem vítimas e danos às propriedades através de seus efeitos explosivos ou
fragmentação do corpo. Por outro lado, o uso de baixo explosivos em arsenais militares
é normalmente como um propelente para projetar a munição para seu alvo, como com
um projétil ou foguete de artilharia. Como notado em capítulos prévios, os baixo
explosivos são considerados extremamente perigosos e podem ser iniciados através de
movimento inadvertido. Adicionalmente, os explosivos primários usados nos vários tipso
de sistemas detonadores são muito sensíveis à iniciação. Esta sensibilidade é um tanto
desprezível visto que estão contidos dentro de estopins militares endurecidos, que
protegem os explosivos primários da exposição prematura. Entretanto, os estopins em
si representam um significativo risco explosivo não só dos explosivos primários, mas
também das cargas explosivas reforçadoras (boosters) normalmente conectadas na
parte de trás do estopim. Arsenais antipessoais contendo dardos, bolas de aço ou
chumbo, ou cubos, (usados em cargas para estilhaçamento) aparentam segurança para
manuseio. Entretanto, eles podem conter pólvora negra, ou algum outro propelente,
para espalharem a carga letal para fora do corpo onde está sendo carregada.
Os enchimentos com folhetos em bombas e projéteis têm pequenas
quantidades de baixo explosivos usadas enquanto em voo para arremessar folhetos
sobre uma ampla área. Estes tipos de munições são usados em várias operações
psicológicas em tentativas de conquistar a confiança de uma força opositora ou a
população civil local. O risco com estes tipos de munições não disparadas é a carga de
arremesso, a qual abre o recipiente para arremessar os folhetos.
A forma física do arsenal militar é geralmente dependente do uso
pretendido de tal munição. Como a maioria destina-se a ser jogado de uma aeronave,
projetado do cano de uma arma ou lançador, ou enterrado no chão ou lançado, o
arsenal explosivo tende a ser de forma cilíndrica e oblongada, alguns se parecendo
com uma lágrima alongada e outros na forma de uma boal de baseball, softball, ou um
grande ovo. Para aqueles que passarão por uma torrente de ar, esta forma é ideal para
propiciar controle aerodinâmico, garantindo precisão para alcançar o alvo pretendido.
Outras formas de arsenais, pricipalmente, mas não limitadas às submunições e minas,
incluem a retangular e chata, triangular, em cunha ou em format de caixa.
Os sistemas detonadores elétricos, mecâncios ou pirotécnicos, que
propiciam meios de iniciação segura para arsenal militar, estão divididos em quatro
grupos gerais relacionados à posição onde o detonador está localizado dentro da
332
munição. Estas são: no nariz, cauda ou base, transversal, e interna (normalmente
chamada integral). Como os nomes implicam, o detonador no nariz está na frente da
munição, cauda ou base estão na parte de trás, detonadores transversais estão no
centro, e detonadores internos estão embutidos dentro do arsenal. A maioria dos
sistemas detonadores de arseinais militares é extremamente complexa e dispendiosa, e
propicia uma margem de segurança para o operador. Esta margem de segurança
requer que os componentes pirotécnicos, mecânicos ou elétricos funcionem em uma
sequência predeterminada para permitir que o detonador se torne armado quando
estiver a uma distância segura do operador. Este operador inclui o piloto, alguém
disparando uma artilharia, a tripulação de um morteiro, ou um soldado de infantaria.
Adicionalmente, se o arsenal for lançado inadvertidamente, o detonador não deve se
armar ou funcionar. Como tal, não é incomum para arsenais militares falharem como
resultado destas complicadas séries de operações dentro do detonador der errado.
Esta é a principal causa de ferimentos em pessoal militar e civis, encontrando ou
pisando em arsenal com fogo falho só para detonar a munição quando perturbada.
As bombas podem ter três tipos de detonadores: o nariz, a cauda, e no
centro ou transversal. Dependende de como a bomba é encontrada, o detonador nariz
é normalmente o mais visível, com o detonador transversal normalmente coberto comu
um disco de trava, e o detonador cauda obscurecido pelos estabilizadores da bomba.
Entretanto, dependendo de seu tamanho, uma bomba pode ter apenas o detonador
nariz. Balas de artilharia quase sempre têm detonador nariz e às vezes um detonador
base. Foguetes geralmente têm um detonador base, mas este pode estar localizado
quase que em qualquer lugar dentro do corpo do foguete. Mines podem ter vários
detonadores, seja na parte e cima, do lado ou de baixo, e submunições têm
detonadores embutidos ou base, apenas para mencionar alguns.
Os códigos de marcações e cores presentes no arsenal podem ajudar na
identificação específica daquele item particular. A munição é pintada para evitar
ferrugem e para propiciar, pela cor, meios de identificação. Algumas munições têm
marcações muito detalhadas, enquanto outras, geralmente as menores, têm marcações
muito limitadas ou não têm qualquer marcação. Adicionalmente, o uso de marcação
depende do país fabricante. O anexo N propicia o padrão atual do sistema de
codificação de cores usado pelos EUA e a maioria dos países da OTAN na marcação
de suas munições. Note que pode existir três tipos de combinações de cores usadas
especificamente para identificar a munição. Estas são as cores do corpo do arsenal,
impresses (marcações) no corpo, e faixas ou bandas em volta da munição. Nem todos
os países empregam um padrão de código de cores e sistema de marcação.

6.4 Identificação dos Traços Característicos do Arsenal Militar


Os seguintes traços característicos para identificação de arsenal militar
serão providos com relação às várias categorias de classificação dos arsenais. Embora
nem todas as categorias serão discutidas e providas suas características de
333
identificação, as mais significantes com relação ao possível uso por elementos
criminosos ou terroristas e os tipos de arsenais encontrados pelo público serão
propiciados. Antes da guerra no Iraque poderia ser dito que os tipos de munições
igualmente favorecidas por criminosos e terroristas incluíam granadas de mão, minas
terrestres, mísseis terra-ar lançados de ombro (SAMs), foguetes e RPGs. Entretanto,
desde a Guerra Tempestade no Deserto em 1990 e as ações paramilitares na
Chechênia, outros tipos de arsenais militares, especialmente projéteis de artilharia,
encontraram seu caminho na construção de AEIs. Por outro lado, os tipos de munições
estocadas por colecionadores, retidas por ex-militares, e coletadas por caçadores de
suvenires geralmente incluem itens um tanto menores. Estes incluem, mas não estão
limitados, as granadas de mão, granadas projetadas (40 mm), detonadores de artilharia
e bombas, submunições, minas terrestres e cartuchos de artilharia de 20 mm.

Terminologia RPG
O que é um RPG, uma granada propelida a foguete, certo? Bem, não
necessariamente. Ao descrever a série 7 do arsenal
Soviético/Russo/Chinês, o termo RPG é usado para descrever o lançador,
não a esfera. A esfera é uma PG (granada propelida). Então o RPG-7
dispara o PG-7. O público geral, incluindo a mídia, faz uso indevido das
designações. Virtualemente nenhum outro sistema de disparo pelo ombro
(similar à família do RPG-7) está nas mãos de terroristas e criminosos.
Como tal, a séria RPG-7 é o tipo de arma mais prolífico evidenciado nas
várias fotografias tiradas de pessoas carregando o lançador carregado e o
estrago resultante de seu uso.

Cada categoria tem, na maioria dos casos, muitas subcategorias. Cada


uma será identificada e provida seus traços de identificação. Estas categorias gerais de
arsenal explosivo militar incluem:

Categorias de Arsenal
Jogado
Projetado
Arremessado
Colocado

6.4.1 Arsenal Jogado


O arsenal jogado, indiferente de seu tipo ou propósito, é jogado ou
dispensado de uma aeronave. Mais frequentemente chamado de bomba, o arsenal
jogado é de fato subdividido em três subgrupos: Bombas, tanto silenciosas e
inteligentes, dispensadores e submunições.

334
Arsenal jogado
Bombas
Dispensadores
Submunições

Bombas silenciosas ou de gravidade dependem da habilidade do piloto de


forma que quando são liberadas pela aeronave, elas seguem uma rota planada para o
alvo. Elas não possuem sistema interno de dirigibilidade pelo qual são feitas correções
de curso na rota até o alvo. Entretanto, as bombas inteligentes possuem vários
sistemas de dirigibilidade que de fato controlam seu voo depois de serem jogadas pela
aeronave. Estes sistemas incluem os guiados por televisão e os guiados a laser, GPS,
TERCOM, e uma combinação destes. Muitos de nós temos observado o vídeo de uma
câmera de TV a bordo de uma aeronave mostrando o alvo ficando cada vez mais perto
até que a imagem fica em branco depois da detonação da bomba, Outro vídeo da
recente Guerra do Iraque mostrou um alvo com uma bomba sendo direcionada para
uma específica janela de uma estrutura (Figura 6.2 a Figura 6.4).

Características das Bombas


50% do peso de uma bomba são de alto explosivos para propósitos gerais (GP)
70% do peso de uma bomba são de alto explosivos para demolição
Descrição:
Consistem de detonadores, corpo e aletas para estabilização (nem sempre usadas)
Estabilização: Aletas – caixa, cônica, aerodinâmica ou retardada – bombas Napalm
pára-quedas – geralmente sem estabilização
Revestimento espesso para alto explosivos, fragmentação, concreto e perfurante de
blindagem
Revestimento fino para demolição, incêndio, flash fotográfico, químicos e biológicos
Puxadores para fixação na aeronave
Pode ter assistência de foguete para penetração e orientação
Os tamanhos variam de aprox. 3 pés até mais de 11 pés em comprimento e de
aprox. 12 polegadas até 6 ou mais pés em diâmetro
Enchimentos:
Alto explosivos, napalm, pólvora de flash fotográfico, incendiária, nuclear, químcia,
biológica, fumaça, sinalizador ou folheto. O peso do explosivo varia desde algumas
gramas até 6.803 Kg.
Detonadores:
Nariz, cauda e ocasionalmente transversal (usualmente só as bombas incendiárias).
Os detonadores podem ser internos e cobertos com um tampão e/ou
estabilizadores.
Funcionamento:
Impacto, retardo de tempo (milisegundos a dias), autodestruição, rajada de ar,
sísmico, magnético, proximidade, acústico, impacto de inércia, ou qualquer
combinação.
335
Figura 6.2 Uma bomba de gravidade com 750 libras de explosivo para propósitos gerais (GP)
com detonador no nariz. As aletas para estabilização não são apresentadas nesta foto, na parte
de trás da bomba. Dois dos furos na parte superior central da bomba são para fixação dos
puxadores da bomba na aeronave. (Fotografia – Departamento de Defesa dos EUA.)

Figura 6.3 Uma série MK82, bomba de gravidade (baixa-altitude) que é aerodinamicamente
moldada para transporte em aeronave de alto desempenho. As aletas na cauda presentes
neste tipo de bomba servem a um duplo propósito. Elas podem ser mantidas na atual posição
para oferecer uma aerodinâmica acelerada em queda livre desde a aeronave aé o alvo, ou
abertas para propiciarem uma queda retardada até o alvo. Note os puxadores na parte superior
da bomba.

Dispensadores de bombas são projetados para serem encaixados, não


permanentemente fixados, em aeronaves para carregarem e ejetarem pequenos
arsenais e submunições. Eles podem ou não serem jogados como uma bomba
―normal‖. Os que são retidos retornam à base com a aeronave para serem
recarregados. Outros são jogados da aeronave. Quando o dispensador é jogado da
336
Figura 6.4 Uma bomba guiada a laser (ou inteligente) fixada na estrutura da aeronave.
(Fotografia – Departamento de Defesa dos EUA.)

Figura 6.5 Um corte de uma bomba tipo dispensador revelando as submunições ali contidas.
(Fotografia – Departamento de Defesa dos EUA.)

aeronave ele ejeta as submunições ou é explosivamente aberto para dispensar as


submunições no fluxo de ar, as quais então caem no alvo para detonar (Figura 6.5).

337
Dispensadores
Descrição:
Consistem de detonador, corpo, carga útil e aletas (exceto para os retidos)
Queda estabilizada por aletas
Pode se separar e dispensar a carga útil, ou ejetar a carga útil através de
portas ou buracos no corpo
Dispensadores retidos ejetam as submunições pela parte de trás ou de baixo
Os mesmos tipos de dispensador podem conter diferentes submunições
Enchimentos:
Submunições (ver Subgrupo Submunições)
Detonador:
Somente no nariz
Funcionamento:
Retardo de tempo ou proximidade

As submunições são pequenas bombas, granadas, minas e outras


pequenas munições. Embora elas sejam geralmente pequenas, não têm padrão de
tamanho ou forma. Elas são dispensadas não só pelos dispensadores em aeronaves,
mas também de projéteis de artilharia, mísseis e foguetes. As submunições com fogo
falho são extremamente perigosas e podem detonar com o mais leve movimento.
Entretanto, têm ocorrido eventos em que estas pequenas munições são manuseadas
por pessoas desinformadas e não detonaram, e explodem algum tempo depois sem
razão aparente. Alguns tipos destas submunições não detonam quando atingem o solo,
mas depois de um curto período de retardo, ejetam fios, os quais funcionam como
armadilha para a vítima. Mais uma vez enfatizamos que são muitos os perigos
causados pelas submunições (Figura 6.6, Figura 6.7a, e Figura 6.7b).

Submunições
Descrição:
Variam em tamanho, material, forma e cor
Peso:
Desde alguma poucas onças até mais de uma libra
Revestimento:
Metal grosso e fino, plástico
Cores:
Preta, verde oliva, amarela, laranja, vermelha
Formas:
Formato de bola de baseball e softball, cunha, esfera com uma ou mais
extremidades achatadas, cilíndrica com nariz ―fino‖, chata-alongada, algumas
com fitas ou pára-quedas

338
Figura 6.6 Vários tipos de submunições, as quais são contidas dentro de dispensador de
bombas. O arsenal tipo esfera de baseball é antipessoal, enquanto que o arsenal em format de
lata é antiblindagem. O pequeno pára-quedas ou fita na parte superior auxilia a posicionar a
base da munição para baixo para permitir que a carga moldada seja disparada para o alvo.

Enchimentos:
Alto explosivo, químicos, biológicos, incendiário, fósforo branco (WP),
sinalizador ou fumaça
Funcionamento:
Impacto, retard de tempo (milisegundos a minutos), autodestruição, sísmico,
rajada de ar, magnético, proximidade, acústico, pressão, movimento, pressão
cumulativa, ou qualquer combinação
Detonador:
Geralmente um detonador interno pré-ajustado. Diferentes grupos podem ser
carregados no mesmo dispensador. Pode ser sensível ao mais leve
movimento ou ao movimento/pressão cumulativo. Se arma durante a queda
livre no ar, antes de atingir o alvo

6.4.2 Arsenal Projetado


O arsenal projetado inclui uma ampla classificação de munições, que são
disparadas de um lançador ou tubo de arma, tais como uma artilharia ou tubo de
morteiro. As subclassificações de arsenal projetado incluem projéteis, morteiros,
foguetes,

339
(a)
Figura 6.7a Submunições de várias formas e perfurantes de blindagem. Note os diferentes
métodos de estabilização da munição para certificar que o nariz atinja o alvo primeiro.

(b)
Figura 6.7b Vários tipos de submunições anti-tanque ou antiblindagem e antipessoal.

mísseis guiados e granadas de fuzil. Os arsenais projetados incluem uma ogiva, a qual
contem o enchimento e um detonador, e algum tipo de sistema de projeção que
impulsiona a ogiva para o alvo. Em alguns casos a carga propelente é consumida antes

340
da ogiva ceixar o tubo ou lançador. Em outros, existe um sistema de dois estágios no
qual uma ejeção propelente lança a ogiva do tubo ou lançador, seguida pela ignição de
um motor propelente em voo que impulsiona a ogiva para o alvo. O alcance dos vários
tipos de arsenal projetado podem ser de jardas ou metros a bem mais de 20 milhas
(32,19 Km) para projéteis e de centenas a milhares de milhas para mísseis guiados.
Uma exceção é a granada de fuzil. As granadas de fuzil são disparadas da extremidade
de um fuzil e possuem um motor interno. Sua propulsão é derivada de um cartucho
lançador, que é consumido no lançamento.

Tipos de Arsenal Projetado


Projéteis
Morteiros
Foguetes
Mísseis guiados
Granadas de fuzil

Os projéteis variam de 20 mm e caliber 0.50 até 16 polegadas de diâmetro


e de 2 polegadas a 1,22 m de comprimento. Dependendo do tipo de munição, os
projéteis podem ter o detonador localizado no nariz, o que é mais comum, ou na base.
Existem duas formas de estabilização dos projéteis em voo, ou pela ação de girar
propiciada pelas ranhuras do cano da arma ou pelas aletas. Os projéteis estabilizados
por aletas podem ter aletas fixas ou dobradas e embutidas, que se desdobram depois
que o projétil deixa o cano da arma.
Os projéteis, com ou sem detonadores, têm sido usados como a carga
principal de AEIs. Como tal, sua carga principal de alto explosivo com alta energia, junto
com o corpo me metal grosso, que produz significante fragmentação em volta do
cenário, propicia um grande desafio para os socorristas iniciais e investigador. Têm
surgido incidentes nos quais estas munições, em conjunto com um sistema detonador
improvisado, têm sido usadas como bombas em veículos de grande porte parados ao
longo da rodovia (com vários projéteis escondidos dentro do veículo), para atacar
comboios rodoviários, como armadilhas, e como dispositivos secundários voltados
contra os socorristas iniciais e investigadores respondendo a um cenário de explosão.
Por outro lado, a ameaça de uma granada de 40 mm e tipos similares de
granadas propelidas não é necessariamente de seu uso criminal ou terrorista, mas dos
projéteis de fogo falho. Deve ser notado que esta munição é classificada como um
projétil e não uma granada, embora seu nome implique exatamente o contrário.
Especificamente, a granada de 40 mm consiste de um projétil assentado dentro da
cápsula do cartucho contend um baixo explosivo propelente. Quando disparado de um
lançador, o projétil viaja em direção ao alvo, deixando a cápsula expandida do cartucho
no local do disparo. Como previamente detalhado, estas munições de fogo falho com

341
alto explosivo e extremamente perigosas têm sido coletadas por indivíduos em campos
de testes militares por ignorância. O resultado é que eles morrem ou ficam seriamente
feridos, ou apresentam grave perigo aos socorristas iniciais quando trazidas para as
delegacias ou departamentos de incêndio. Adicionalmente, estas granadas podem ser
encontradas durante as buscas nos pertences ou nas casas dos suspeitos. Se
encontrada, sempre as considere como fogo falho, e não inerte; não toque nelas sob
quaisquer circunstâncias, guarde a área e peça ajuda imediatamente de uma unidade
para descarte de arsenal explosivo (EOD).
Adicionalmente, existem duas outras munições, que podem ser causa de
ferimento pessoal. A primeira é a munição de rifle sem recuo, a qual não é exatamente
um projétil disparado por um ―fuzil‖, mas disparado do cano de uma arma. Estas
munições têm um incólucro do cartucho que não é tão sólido como outros invólucros,
mas em razão da natureza sem recuo do sistema, o invólucro tem muitos furos e se
parece com um quejo suíço. Muitas pessoas acham que em razão dos furos, o
invólucro e a esfera são inofensivos, i.e, uma munição de manejo ou inerte. Não é o
caso, uma vez que são altamente explosivos, com uma grande quantidade de baixo
explosivo, pólvora sem fumaça no cartucho e alto explosivo na ogiva. O segundo tipo
de munição confundida como inofensiva é o cartucho combustível ou semicombustível,
tal como a munição russa anti-tanque de 125 mm. O invólucro parece de papelão, mas
na realidade, consiste de papel impregnado envolvendo a carga principal propelente,
um baixo explosivo. Mais uma vez, a maioria das pessoas acreditaria que o papelão é
seguro. (Figura 6.8, Figura 6.9a, Figura 6.9b, Figura 6.10a à Figura 6.10c, Figura 6.11 à
Figura 6.14).

Figura 6.8 Projéteis sem seus detonadores no nariz. O projétil de 155 mm com as faixas verde
e amarela é uma munição química com agente nervoso (VX).

342
(a)
Figura 6.9 (a) Um projétil que foi utilizado como carga principal em um artefato explosivo
improvisado (AEI). O artefato foi descoberto e desarmado antes de ser detonado. (Fotografia –
Departamento de Defesa dos EUA.)

(b)

Figura 6.9 (b) Projéteis usados como carga principal em um carro-bomba. Note que os quatro
projéteis foram unidos com um cordel detonante de cor vermelha. (Fotografia – Departamento
de Defesa dos EUA.)

343
(a)
Figura 6.10 (a) Projéteis com metais para fragmentação adicional usados como carga principal
em um AEI que estava escondido ao lado de uma estrada. (Fotografia – Departamento de
Defesa dos EUA.)

(b)
Figura 6.10 (b) Fragmentação de metal resultante da detonação de um projétil. Alguns destes
fragmentos são grandes, enquanto que outros, não menos mortais, são pequenos.

344
(c)
Figura 6.10 (c) Pequenos e grandes fragmentos resultantes da detonação de um projétil de
artilharia. Note que um fragmento apresenta roscas, o que indica que era parte da guarnição do
detonador no projétil.

Figura 6.11 Projéteis de artilharia recuperados no Iraque. (Fotografia – Departamento de


Defesa dos EUA.)

345
Figura 6.12 Projéteis de 40 mm ao calibre .50 afixados nos invólucros de seus cartuchos. Este
tipo de arsenal projetado é chamado de fixado (i.e., o projétil é afixado ao invólucro).

Figura 6.13 Projéteis de 40 mm. A tampa cinza denota uma munição de fumaça; dourada, alto
explosivo; azul, para treinamento e não uma ogiva com explosivo, embora possa ter uma carga
propelente para lançar o projétil; branca/verde, um sinalizador aéreo; e cinza com uma faixa
vermelha, um projétil para controle de tumulto (gás lacrimogêneo).

346
Figura 6.14 A aparência de um projétil de 40 mm disparado, em corte e outro não disparado.

Projéteis
Descrição:
Consiste de projétil, detonador e carga propelente
Usualmente de metal grosso e de forma cônica/bala
Estabilizado em voo por rotação ou aletas (fixas ou dobráveis)
Os tamanhos variam de calibre .50 a 16 polegadas de diâmetro e 2
polegadas a 1,22 m de comprimento
Pode ser assistido por foguete para penetração, orientação ou aumentar o
alcance
Enchimentos:
Alto explosivo, nuclear, químico, biológico, sinalizador, fósforo branco,
submunições, mistura de fumaça, incendiário ou folhetos. Pode conter
poucas onças de enchimento até bem mais de 100 libras
Detonador:
Usualmetne no nariz, mas também pode ser interno ou na base. Pode ser
muito sensíel ao mais leve movimento, ação piezoelétrica e percussor
Funcionamento:
Impacto, retardo de tempo (milisegundos a segundos), proximidade, rajada
de ar ou atuodestruição

347
Figura 6.15 Morteiros de 60 a 80 mm.

Os projéteis morteiros variam de 45 mm a 280 mm de diâmetro e de


aproximadamente 6 polegadas a mais de 24 polegadas de comprimento. Os morteiros
são estabilizados em voo pro aletas ou a ação da rotação. A maioria dos morteiros é
disparada de um lançador fixado no solo depois que o operador joga a munição dentro
do tubo e um percussor na parte de baixo ser acionado para iniciar sua carga
propelente. Se as aletas de um morteiro (ou projétil ou bomba) estiverem enterradas no
chão, não tente remover ou cavar para liberá-las (Figura 6.15).

Projéteis Morteiros
Descrição:
Consiste de detonador, corpo e carga propelente; a estabilização é
propiciada pela rotação ou aletas
Invólucro de metal fino a médio
Na forma de uma lágrima, ou com base longa e cônica
O tamanho varia de 60 a 280 mm.
Enchimento:
Alto explosivo, químico, biológico, mistura de fumaça, sinalizador, fósforo
branco, submunições ou folhetos
Detonador:
Somente no nariz
Funcionamento:
Impacto, retardo de tempo, proximidade ou rajada de ar
348
Os foguetes podem ser considerados como projéteis autopropelentes.
Entretanto, diferente dos mísseis guiados, os foguetes não podem ser controlados em
voo depois de disparados. Os foguetes variam em diâmetro de 57 mm a mais de 380
mm e em comprimento de 30,5 cm a mais de 2,74 m. Os foguetes podem ser lançados
de lançadores de ombros, aeronaves, veículos, lançadores móveis ou estacionários.
Este grupo contem um dos mais perigosos tipos de munições, dentro da família
projetada, para os socorristas iniciais e investigadores, tanto pelo aspecto do uso por
criminosos/terroristas como do risco à segurança individual decorrente de um projétil de
fogo falho. Estas munições são os menores e mais leves foguetes disparados pelo
ombro, as quais incluem a RPG, comumente chamada de PG, a arma leve anti-tanque
projetada pelos EUA (LAW), AT-4, e a arma de assalto multipropósito com lançamento
pelo ombro (SMAW), entre muitas outras.

A LAW, AT-4, e a SMAW são armas autocontidas consistidas de um tubo


lançador com um foguete para ser disparado; depois de disparado, o lançador é
descartado. A PG-7, uma designação dada à família de lançadores de foguetes a
ombro russos/chineses, reutilizáveis, consiste de um foguete montado com uma carga
propelente separada/aleta que é disparado de um lançador reutilizável. Todos estes
foguetes incorporam uma ogiva com alto explosivo anti-tanque (HEAT) que possui um
efeito de carga moldada para penetrar várias espessuras de aço. Em razão de sua
proliferação e disponibilidade, a PG tem sido, e continua a ser, uma das maiores
ameaças não somente aos socorristas iniciais e investigadores de cenários de
explosão, mas também ao pessoal de segurança e forças de paz bem como as
instalações comerciais governamentais por todo o mundo. Adicionalmente, o foguete
LAW aparentemetne está disponível no mercado negro de armas em resultado de
ataques contra isntalações do governo dos EUA na década de 80. Como tal, a ameaça
geral destes tipos de munições decorre: (1) da relativa facilidade de esconder o
lançador e o foguete em razão de seu tamanho relativamente pequeno; (2) de um
sistema simplista de disparo; (3) dos danos resultantes de seu uso, em que a ogiva com
carga moldada pode penetrar construções fortificadas ou veículos blindados que do
contrário estariam protegidos do ataque; (4) da disponibilidade de algumas destas
armas no mercado internacional de armas; e (5) a cobertura da mídia que tem
glorificado seu uso. As chances de encontrar uma munição PG-7 com fogo falho, e
outras, não são tão grandes. Elas possuem uma característica autodestrutiva pela qual
mesmo que erre o alvo pretendido, elas ainda detonarão (Figura 6.16 à Figura 6.18,
Figura 6.19a e Figura 6.19b).

349
Figura 6.16 Vários tubos americanos e estrangeiros lançadores de foguetes a ombro. Estes
tubos são usados uma vez e depois descartados.

Foguetes
Descrição:
Consiste de ogiva, motor, detonador e aletas
Estabilizado em voo pela rotação ou aletas (fixas ou dobráveis)
O tamanho varia de 57 mm a mais de 380 mm de diâmetro e de 30,4 cm
até mais de 2,74 m de comprimento
Foma aerodinâmica
Enchimentos:
Alto explosivo, químico, biológico, nuclear, fumaça, sinalizador,
submunições, fósforo branco, incendiário ou palha. Pode conter algumas
onças de enchimento até mais de 25 libras de explosivos
Detonador:
Nariz, integral ou iniciado pela ponta detonado pela base (PIBD)
Funcionamento:
Impacto, retard de tempo, proximidade ou rajada de ar

Mísseis guiados são como foguetes, mas com um sisetma de orientação


que propicia aumento de precisão. Adicionalmente, de todos os arsenais explosivos
militares,

350
Figura 6.17 Foguetes PG tipo soviético/russo. O foguete na parte superior da fotografia
representa um PG-7 disparado com as aletas de estabilização expandidas. O próximo foguete
não foi disparado, uma vez que o tubo lançador está intact na parte de trás da munição. O
foguete na parte de baixo é um PG-2.

Figura 6.18 Um foguete e lançador LAW (arma leve anti-tanque) de 66 mm. (Fotografia –
Departamento de Defesa dos EUA.)

os mísseis guiados têm a maior variedade de tamanhos, pesos e capacidades. Os


tamanhos variam para os mísseis Terra-Ar (SAM) de mais de 1,82 m de comprimento e
menos de 5 polegadas de diâmetro e pesando menos de 30 libras (13,6 kg) até o míssil
balístico intercontinental com sua carga útil contend uma arma nuclear pesando entre

351
Figura 6.19 (a) Um lançador RPG imediatamente antes de disparar o foguete PG.

centenas ou milhares de quilos. Adicionalmente, a variação é grande: terra-terrra, terra-


ar, ar-terra e ar-ar. Esta subclassificação também inclui os mísseis cruzadores

Especificamente, esta categoria de arsenal explosivo inclui um tipo


excepcionalmente perigoso de munição dentro da família de projetados, para os
socorristas iniciais e investigadores em razão da possibilidade de uso
criminoso/terrorista. Este é o relativamente pequeno, lançado pelo ombro SAM
projetado para derrubar aeronaves. Estes incluem os americanos Redeye e Stinger, o
russo SA-7, 13 e 14 e 16, os chinês Hong Nu (HN-5A), e o Mistral 2, primeiramente
produzido na França. Estes mísseis são guiados/atraídos pelo calor, o que significa que
eles ―travam‖ no calor gerado pelo motor de uma aeronave, seja um helicóptero, um
jato, um avião comercial, ou um jato militar de alto desempenho. Eles variam em
comprimento entre 1,5 m a um pouco mais de 1,8 m e pesam de 2,7 kg a mais de 9,5
kg. A ameaça destes mísseis, como com o PG, é que eles estão disponíveis no
mercado negro internacional de armas, como evidenciada na mal sucedida tentative de
derrubar uma aeronave israelense em Mombasa, no Quênia, em novembro de 2002.
Também, estes mísseis são relativamente pequenos e fáceis de esconder. É
improvável, embora possível, que mísseis de fogo falho venham a ser encontrados,
mesmo que errem seus alvos, uma ez que eles possuem uma característica
autodestrutiva que destrói o míssil aéreo, caso erre seu alvo. A maior probabilidade de
352
Figura 6.19 (b) Um lançador RPG sem o foguete PG. Este lançador é multi-uso, o qual sera
recarregado com outro foguete PG depois de disparar.

encontrar estes mísseis é na condição de não disparados, ainda encaixados no


lançador (Figura 6.20 à Figura 6.22).

Mísseis Guiados
Descrição:
Consiste de ogiva, motor, seção de orientação e detonador. Os tamanhos
variam de 5 polegadas a muitos pés de diâmetro e de 1,82 m a mais de 30,4
m de comprimento para o míssil balístico intercontinental (ICBM)
Possui algum tipo de dirigibilidade e ajuste de curso
Grande variação de tamanhos e capacidades
Enchimentos:
Alto explosivo, químico, biológico, nuclear ou submunições. O peso do
enchimento varia de algumas onças a centenas de libras
Detonador:
Interno, próximo da ogiva (na frente ou atrás)
Funcionamento:
Impacto, retard de tempo (milisegundos a segundos), proximidade,
autodestruição ou destruição por comando

353
Figura 6.20 Lançadores de ombro para míssil terra-ar (SAM).

Figura 6.21 Um Stinger americano sendo disparado. Note o tubo propelente de ejeção
imediatamente entre a parte de trás do míssil e o lançador. (Fotografia – Departamento de
Defesa dos EUA.)

As granadas de fuzil são similares aos morteiros, mas são disparadas de


um fuzil, o qual é equipado com um lançador de granadas ou adaptador. Entretanto,
muitas granadas de fuzil novas são projetadas com aberturas na haste da cauda que se

354
Figura 6.22 Um míssil de treinamento americano TOW (lançado por tubo, opticamente traçado
e guiado por cabo) sem lançador. A ogiva com carga moldada é projetada para ser anti-
blindagem. (Fotografia – Departamento de Defesa dos EUA.)

Figura 6.23 Uma granada de fuzil, que é lançada do cano de um fuzil. (Fotografia –
Departamento de Defesa dos EUA.)

encaixam firmemente na boca da arma padrão OTAN, de forma que não é necessário
um lançador ou adaptador. Muitos países usam granadas de fuzil como uma arma de
infantaria, mas elas não estão mais no inventário dos EUA. Como estas munições são
pequenas, contêm ogiva com alto explosivo, entre outros, e podem ser consideradas
uma ameaça aos socorristas iniciais e investigadores decorrente do uso por criminosos
e terroristas. As granadas de fuzil variam em tamanho desde menos de 12 polegadas
até quase 20 polegadas, diâmetros de aproximadamente 2 a 4 polegadas e peso menor
que 2 libras (Figura 6.23).

355
Granadas de fuzil
Descrição:
Consiste de uma haste oca na cauda (nem sempre estabilizada em voo por
rotação ou aletas). Os tamanhos variam de comprimentos de menos de 30,4
cm a aproximadamente 50,8 cm e diâmetros de aproximadamente 5 a 10 cm
A cauda pode ser de metal leve ou plástico e a ogiva de plástico, metal
pesado ou todos os metais leves
Enchimentos:
Alto explosivo, mistura de fumaça, incendiário, fósforo branco, químico, ou
sinalizador de menos de 1 libra
Detonador:
Usualmente integral; pode ser externo. No nariz ou entre a ogiva e a haste
oca da cauda
Funcionamento:
Impacto ou retardo de tempo (usualmente retardo pirotécnico de 3 a 7
segundos)

6.4.3 Arsenal Arremessado


O arsenal arremessado, comumente conhecido como granadas de mão,
pode ser classificado pelo uso em subcategorias: antipessoal, que inclui fragmentação
defensiva e ofensiva, anti-tanque, fumaça e misto. As granadas de mão são pequenas
munições que são seguras em uma mão e arremessadas em direção ao alvo. As
granadas consistem de três partes principais: um corpo, detonador com anel para puxar
e trava de segurança (algumas têm isso, outras não), e um enchimento. As ameaças
das granadas aos socorristas iniciais e investigadores surgem de várias fontes,
incluindo: (1) seu tamanho muito pequeno, que permite que sejam efetivamente
escondidas da vista antes do uso; (2) facilidade em usar, que requer pouco ou nenhum
treinamento; (3) a disponibilidade no mercado negro internacional; (4) facilidade de
improvisar granadas com componenets comerciais prontamente disponíveis; e (5)
alguma disponibilidade de campos de testes militares de granadas com fogo falho.
Muitas modernas granadas de mão têm versões de corpo plástico e
detonadores. As versões defensivas têm bolas de aço embutidas em uma matriz de
plástico dentro do corpo da granada. A importância é que algumas pessoas vêem o
corpo de plástico na granada e no detonador e acham que é um brinquedo.

Tipos de arsenal arremessado


Antipessoal
Anti-tanque
Fumaça
Misto

356
As granadas de fragmentação antipessoal e ofensivas são os tipos mais
comuns de granada. A granada de fragmentação causa vítimas não apenas dos efeitos
da detonação da carga principal com alto explosivo, mas também dos fragmentos com
alta velocidade do corpo de metal estilhaçado, dos fios de metal cortados, das bilhas de
aço, e /ou da fragmentação dos metais internos e externos. A granada ofensiva
geralmene tem um corpo de plástico ou de papel pesado, e suas vítimas decorrem da
alta pressão da detonação da carga principal explosiva e não necessariamente da
fragmentação (Figura 6.24 à Figura 6.27).

Granadas Antipessoais

Descrição:
Consiste de corpo, detonador e enchimento
O corpo pode ser de papelão, plástico, lona, fibra plástica, metal leve ou
pesado, de várias formas desde uma bola de baseball/softball até cilíndricas
com extremidades achatadas (parecendo uma lata de refrigerante) e abacaxi
com o pino de ativação do detonador na parte de cima
Os tamanhos das granadas variam de 2 até mais de 4 polegadas de
diâmetro e de 3 a mais de 6 polegadas de comprimento
Os detonadores são geralmente de metal pesado ouo plástico
Ofensiva – produz mais explosão do que fragmentação
Defensiva – produz mais fragmentação do que explosão
Enchimentos:
Alto explosivo variando de 141 a 227 gramas ou mais
Detonador:
Pré-ajustado interno ou externo
Funcionamento:
Impacto, retardo de tempo (pirotécnico ou químico); para granadas
produzidas nos EUA é de 4 a 5 segundos

As granadas anti-tanque são projetadas para serem arremessadas contra


tanques e outros veículos blindados. Elas têm uma ogiva explosiva com carga moldada
(HEAT), e são estabilizadas em voo com um pára-quedas ou fita para garantir que
aterrissarão no alvo com o nariz para baixo. Estas granadas empregam o detonador de
impacto de forma que quando atingem o alvo, o detonador aciona a carga principal
explosiva (Figura 6.28).

357
Figura 6.24 Granadas de mão antipessoal tipo fragmentação. O corpo externo pode consisitir
de metal pesado, folhas de metal ou plástico de várias cores.

Figura 6.25 Granadas de mão com cabo de madeira são comumente chamadas de granadas
de bastão.

358
Figura 6.26 Um corte de uma granada de mão do tipo fragmentação contendo pequenos
fragmentos parecidos com bilhas.

Figura 6.27 As antigas e atuais granadas americanas de fragmentação. A Granada de cor azul
é usada para treinamento, mas pode ser encontrada para venda legal em lojas de
equipamentos militares. Estas foram convertidas para granadas operacionais.

359
Figura 6.28 Granada antiblindagem com uma carga explosiva moldada.

Granadas Antitanque
Descrição:
Cosniste de corpo, detonador, enchimento e sistema de estabilização
Os tamanhos variam de aproximadamente 2 a 4 polegadas de diâmetro até mais de 12
polegadas de comprimento
Efeito de carga moldada
Os detonadores são geralmente internos
O corpo pode ser de plástico, lonas ou metal leve
Enchimentos:
Alto explosivo de menos de uma libra
Detonador:
Interno ou externo pré-ajustado
Funcionamento:
Impacto ou possível sistema autodestrutivo
As granadas de fumaça são de dois tipos, explosivas e de queima, e podem ser feitas
de borracha, metal (folhas de metal ou metal pesado), ou plástico. A granada militar do
tipo explosivo tem enchimento de fósforo branco, e como tal, é excepcionalmente
perigosa. O fósforo branco queima espontaneamente no ar, e quando em contado com
a carne, continua queimando até se consumir ou
360
Figura 6.29 Granadas americanas de fumaça. A de corpo serrilhado é uma granada explosiva
antipessoal com fósforo branco.

ser completamente abafado, impedindo seu acesso ao ar. Além do fósforo branco, o
corpo da granada americana, e de algumas cópias, é construído com metal serrilhado,
e como tal, esta Granada também pode ser considerada uma produtora de vítimas seja
pela fragmentação do corpo ou pela queima do fósforo branco. A granada do tipo
queima produz fumaça branca ou colorida, e embora não necessariamente produza
vítimas, é um risco incendiário (Figura 6.29).

Granadas de Fumaça

Descrição:
Consistem de corpo, detonador e enchimento
O corpo é geralmente de metal leve e se parace com uma lata de refrigerante com a
alavanca de acionamento na parte de cima
Os detonadores são de metal pesado ou plástico
Enchimentos:
Fósforo branco, mistura de fumaças
Funcionamento:
Retardo de tempo (pirotécnico ou químico), pode ser de 1 a 7 segundos
Detonador:
Somente externo

361
As granadas mistas incluem iluminação, incendiária, controle de tumulo e
para treinamento. As granadas de iluminação são usadas para propiciar luz de alta
intesidade por um curto período de tempo (menos de 1 minuto) e sinalização. Na
versão dos EUA, o corpo é usualmente de folhas de metal e pode ser pintado de branco
ou não ser pintado. Esta granada não detona, mas a parte inferior de seu corpo se
separa do corpo principal para expor a carga principal pierotécnica. A forma da granada
é cilíndrico-alongada e é similar a algumas granadas de fragmentação, mas pode ser
cilíndrica.
As granadas incendiárias (Figura 6.29) são usadas para gerar intenso
calor superior a 2.204,4º C (4000°F) para destruir equipamentos e impedir que sejam
usados por terceiros. Na versão americana, o corpo (parecido com uma garrafa de
refrigerante) contendo a mistura pirotécnica termite é construído com folhas de metal
pintado de vermelho claro com marcações em preto. Estes tipos de granadas não
detonam ou rompem, mas queimam.
As granadas para controle de tumulto (Figura 6.29) são usadas para
controlar multidões e são produzidas em dois tipos, queima e explosão. Os
enchimentos destas granadas incluem gases irritantes CN e CS, que são contidos
dentro de recipientes cilíndricos (parecidos como uma garrafa de refrigerante) de metal,
borracha e plástico. Nas versões dos EUA, estas granadas são pintadas de cinza com
marcações vermelhas.
As granadas para treinamento (Figura 6.27), operantes ou simulacro, são
manufaturadas para uso em treinamento de pessoal para manuseio e arremesso de
granadas de mão do tipo fragmentação. Estas granadas são parecidas com as
granadas reais exceto pelo fato que existe um furo na parte de baixo da granade, que
pode ser selado com uma rolha. Adicionalmente, estas granadas podem ser pintadas
de azul claro para distingui-las como artigos de treinamento. Embora estas granadas to
tipo operante não contenham alto explosivos nem se fragmentem quando em
funcionamento, algumas contêm uma pequena carga de pólvora negra e um iniciador.
Se for mantida perto do corpo de uma pessoa, uma granada operante em
funcionamento pode causar ferimentos pela explosão da carga com pólvora negra. A
granada pode ter uma faixa marrom pintada nela indicando que é possui uma pequena
carga de pólvora negra.
As granadas de treinamento desativadas têm sido, e continuam a ser,
legalmente vendidas por revendedores de materiais militares. Como tal, algumas
pessoas têm levado estas granadas de treinamento e as convertido em granadas
fucionais.
Embora não seja uma granada de verdade, os simulacros com efeito
explosivo são usados para simular certos tipos de explosões, tais como projéteis de
artilharia, granades, e armadilhas. Destes simulacros, apenas dois tipos serão
discutidos em detalhes uma vez que têm sido utilizados em explosões criminosas e
representam um risco para os socorristas iniciais e investigadores.
362
Granadas de mão e simuladores de artilharia, que são um tipo de arsenal
para ser arremessado com as mãos, são itens explosivos usados para simular barulhos
e efeitos de batalhas durante o treinamento dos soldados. O corpo deste simulador
consiste de um tubo cilíndrico de papel de cor branca com impressões em preto e
vermelho, contendo uma carga selada de pólvora de flash fotográfico. Um detonador
ignidor é fixado com fita no lado externo do tubo, e é unido à carga de flash fotográfico
pelo estopim de segurança. Um pino de segurança através da tampa do detonador
impede o acionamento acidental. Estes tipos de simuladores têm sido usados com e
sem modificação para causar ferimentos em pessoas e danos em propriedades. As
modificações incluem a adição de fragmentos de metal na parte externa do invólucro
que, quando iniciado, pode causar sérios ferimentos e morte. O simulacro americano de
granada de mão M116A1 tem aproximadamente 4,5 polegadas de comprimento e 2
polegadas de diâmetro. O simulador de artilharia americano M115A2 é parecido com
um simulacro de granada de mão, exceto que é mais comprido, com aproximadamente
6 polegadas. O simulacro americano de flash M21 é acondicioando em um corpo de
plástico na cor verde oliva, com aproximadamente 6 polegadas de comprimento e um
pouco mais de 2 polegadas de diâmetro (Figura 6.30a e Figura 6.30b).

(a)

Figura 6.30 (a) Um simulador de artilharia M115A2 usado para simular tiros e explosões de
artilharia. Os simuladores deste tipo são usados como artefatos improvisados, por si só ou com
fragmentação adicionada.

363
(b)
Figura 6.30 (b/ Os restos fragmentados de um simulador M115A2 explodido.

Granadas Mistas

Descrição:
Consistemn de corpo, detonador e enchimento
Os corpos são de folha de metal, metal pesado, plático, papel ou borracha, dependendo
de sua aplicação
Os detonadores são geralmente de metal pesado, mas podem ser de plástico, ou no
caso dos simuladores, um detonador fricção/segurança para puxar
Enchimentos:
Agentes para controle de tumulto, pirotécnicos, termite, pólvora negra ou nenhum
enchimento
Funcionamento:
Retardo de tempo (pirotécnico ou químico), pode ser de 1 a 7 segundos
Detonador:
Externo ou interno

6.4.4 Arsenal Colocado

O arsenal colocado possui uma denominação mais comum – minas


terrestres. As minas terrestres podem ser escondidas ou enterradas no solo ou sob o
solo e são classificadas como antipessoal, antitanque ou antiveicular. De todos os
arsenais militares produzidos e usados pelo mundo, o uso de minas terrestres tem
causado mais vítimas civis por um maior período de tempo do que qualquer outro
364
arsenal militar. Através das guerras dos séculos XX e XXI, milhões de minas foram
implantadas no solo, muitas das quais jamais foram removidas e que podem ser
detonadas por uma vítima desavisada que pise sobre nelas. Adicionalmente, algumas
minas não são enterradas no solo, mas são lançadas de aeronaves em dispensadores
como submunições e caem no solo para fazer vítima, pessoal ou veicular.

Arsenal Colocadao

Antipessoal
Antitanque ou antiveicular

As minas antipessoais são designadas para produzirem ferimentos ou


morte em pessoas e podem ser encontradas em uma variedade extremamente ampla
de formas e tamanhos, contendo uma carga principal de alto explosivos ou agentes
químicos tóxicos. A carga principal explosiva varia desde algumas poucas onças até
mais de duas libras. Alguns dos sistemas detonadores são projetados para funcionarem
ao serem pisados, enquanto outros com armadilhas são ativados por cabos/fios ou
mecanismos antilevantamento, e ainda outros são operados por comando (Figura 6.31
a Figura 6.34, Figura 6.35a e Figura 6.35b).

Mines Antipessoais

Descrição:
Consistem de corpo e detonador
O invólucro pode ser de plástico, metal, Madeira ou nenhum. Pode haver detonadores
múltiplos em uma mina
A colocação de uma única mina é rara
Pode ser de qualquer forma, tamanho ou cor
Pode ser indetectável pelos detectores de mina ou de metal
Enchimentos:
Alto explosivos: De algumas onças até mais de 2 libras
Detonador:
Parte superior, parte de baixo, lateral e interno. A maioria das minas possui um local
para colocação de detonador auxiliar que possibilita fácil instalação e de dispositivos
antimanuseio (armadilhas).
Alguns com baterias
Funcionamento:
Pressão (necessária menos de 30 libras), liberação de pressão, liberação de tensão,
puxar, por comando, autodestruição, movimento, sísmico, acústico, pressão
acumulativa, ou magnético.
365
Figura 6.31 A maioria das minas antipessoais e antiveicular possum um corpo de plástico.

Figura 6.32 Pequenas minas antipessoal de plástico.

366
Figura 6.33 Uma mina claymore soviética/russa.

Figura 6.34 O método de ativação por cabeamento é comum em minas antipessoais.


(Fotografia – Departamento de Defesa dos EUA.)

367
(a)

Figura 6.35 (a) Vários tipos de dispositivos disparadores que podem ser usados para iniciar
minas, armadilhas ou outors tipos de cargas explosivas, including improvisadas.

As minas antitanque ou antiveicular são maiores que as minas


antipessoais e são projetadas para destruir tanques e outros veículos blindados ou não.
Como tal, o peso necessário para iniciar estas minas excede o peso da maioria das
pessoas. Estes tipos de minas podem conter mais de 20 libras de alto explosivos de
alta energia (Figura 6.31).

Minas Antitanque

Descrição:
O incólucro pode ser de plástico, metal, mandeira ou nenhum
Pode ser indetectável aos detectores de metal
Pode haver vários detonadores na mina
A colocação de uma única mina é rara para operações militares. Entretanto, outros usos
podem, de fato, envolver a colocação de apenas uma mina por vez
Pode ser de qualquer tamanho, forma ou cor
Enchimentos:
Alto explosivos: de 5 a mais de 20 libras

368
(b)

Figura 6.35 (b) Relógios mecânicos usados para iniciação por retardo de tempo de artefatos
militares ou AEI. Também está representado um temporizador eletrônico, embutido em plástico
cinza, o qual é usado para iniciar AEI.

Detonador:
Parte superior e interna. Algumas minas possuem locais para instalação de detonador
auxiliar, usualmente na parte de baixo, que permitem a fácil aplicação de dispositivos
antimanuseio (armadilhas).
Funcionamento:
Pressão, vareta de inclinação, ou armadilha

6.5 Resumo do Capítulo


A identificação de arsenal militar, de país para país, varia grandemente e
abange desde bombas muito grandes (15.000 libras) até uma mina terrestre com
menos de 1 libra dispensada por aeronave. As munições podem ter a forma cilíndrica,
similar a uma lata de refrigerante, lágrima, bola de baseball, softball, cunha, caixa de
sapato, ou longa e cilíndrica como um tubo de metal. A cor verde oliva costumava ser a
mais distintiva para arsenal explosivo, mas não é mais. Além da verde oliva, as
munições podem ser virtualmente de qualquer cor. O arsenal é construído com todos os

369
tipos de materiais, desde o aço pesado até folha de metal, plástico, madeira, alumínio e
paper. Adicionalmente, as marcações nas munições desempenham um importante
papel para determinar sua identidade.
Além do risco de alto explosivo e fragmentação, o arsenal explosivo pode
conter materias químicos tóxicos, biológicos, nucleares, pirotécnicos ou incendiários, e
folhetos como enchimentos. Os sistemas detonadores, do simples ao mais complexo
eletrônico e mecânico, são projetados para iniciar as munições precisamente no
momento pretendido e geram riscos de fogo falho devido às necessidades óbvias para
segurança do operador.
Considerando que o arsenal militar tem sido e continua a ser usado em
números cada vez mais crescentes de AEIs, é essencial que os socorristas iniciais e
investigadores sejam proficientes em identificar estas munições. Esta exigência engloba
o arsenal explosivo que pode ser usado por um terrorista ou criminoso e que não tenha
explodido ou possivelmente tenha baixa-ordem, deixando uma situação muito perigosa
para o investigador. Adicionalmente, é imperativo que seja feita uma identificação
precisa do arsenal militar quando se faz buscas nas posses de um sujeito.
Da mesma forma que os outros riscos enfrentados pelos investigadores no
desempenho de suas tarefas na investigação de um cenário de bomba, a evitação e a
atenuação do risco associado com arsenal explosivo militar começam pela identificação
do item.

Questões de Revisão do Capítulo


1. Ao encontrar um item de arsenal militar com fogo falho, o que o
socorrista inicial/investigador deve fazer?
2. Qual é a diferença operacional entre um foguete e um míssil?
3. Quais são as quatro classificações gerais de arsenal militar?
4. O que é um item de arsenal inerte?
5. Quais são as cinco subclassificações de arsenal projetado?
6. O que é uma submunição?
7. O que é fósforo branco e por que é tão perigoso?
8. Que tipo de arsenal militar é frequentemente utilzado na construção de
um artefato explosivo improvisado (AEI)?
9. Quais são as várias características físicas usadas para identificar
específicos itens de arsenal militar?

Referências
FM 21-16, Unexploded Ordnance (UXO) Procedures, Department of the Army, Washington,
D.C., August 1994.
FM 23-30, Grenades and Pyrotechnic Signals, Department of the Army, Washington, D.C.,
December 1969.

370
TM 9-1300-200, General Ammunition, Department of the Army, Washington, D.C., October 1969
with changes.
TM 9-1370-203-12, Military Pyrotechnics, Department of the Army, Washington, D.C., March
1973 with changes.
TM 43-00W-29, Army Ammunition Data Sheets for Grenades, Department of the Army,
Washington, D.C., October 1977 with changes.
TM 43-0001-36, Army Ammunition Data Sheets for Land Mines, Department of the Army,
Washington, D.C., February 1977 with changes.
TM 43-0001-37, Army Ammunition Data Sheets: Military Pyrotechnics, Department of the Army,
Washington, D.C., February 1977 with changes.
Leiendecker, Robert, E., Ammunition and Explosivos Worldwide Dictionary of Terms, August
1997.

371
(Página em branco)

372
7. Capacidades dos
Laboratórios Forenses —

Lendo a Assinatura da Pessoa


que Preparou a Bomba

7.1 Introdução

O moderno laboratório de ciência forense percorreu um longo caminho


desde que o mundo foi apresentado aos métodos de coleta de evidência e investigação
do investigador dos investigadores, Sherlock Holmes. De fato, as capacidades do
laboratório chegam semanalmente aos lares de todos através da série CSI, ou de um
julgamento real na TV Justiça, e a mídia. Tem sido dito que é possível que alguns
grupos de júri possam ter manchado sua percepção acerca do que poderia de fato ser
encontrado no cenário de um crime e a resultante investigação pelo laboratório.
Especificamente, ao assistir uma seção de uma hora do CSI, o crime é cometido, o
cenário investigado, as investigações precisas do laboratório são feitas nos materias
recuperados, um sujeito é identificado e tirado das ruas, e fim do caso, mas não
necessariamente na maioria das investigações no ―mundo-real‖. Sim, eu posso listar
várias investigações que foram resolvidas em um prazo muito reduzido, mas muitas,
muitas outras mais que não foram resolvidas, mesmo depois de o cenário ter sido
processado em uma forma diligente, a evidência recuperada e as investigações
laboratoriais conduzidas. Entretanto, ninguém foi identificado. Essencialmente, em
alguns casos o público tem assumido a opinião errônea de que um laboratório e o
investigador do cenário de um crime não identificaram a pessoa submetida a
julgamento com evidência direta tal como uma impressão digital ou usaram uma técnica
específica de investigação, e então aquela pessoa não é culpada da acusação criminal.
Em outras palavras, depois de assistir ao CSI ou a um de seus filmes, por que o
investigador do cenário não usou uma fonte de luz alternativa ou detectores portáteis de
explosivos, fez uma identificação positiva, ou empregou um dos vários outros métodos
de coletea de evidência observados na tela? Isto não é para advogar que um público
bem informado no que tange à investigação do cenário de um crime e dos métodos de
investigação laboratorial não seja um desenvolvimento positivo. Bem pelo contrário.

373
Quanto mais bem informados forem o público ou os jurados, melhor a justiça
proporcionada. A única qualificação é que as pessoas deveriam ter uma expectativa
realística acerca do que o laboratório e os investigadores podem, e não podem, fazer.
Este capítulo tem dois propósitos. O primeiro, inteirar o investigador do
cenário de bomba quanto às capacidades do laboratório forense e os tipos de
investigações que devem ser conduzidas nos fragmentos coletados no cenário de uma
bomba ou da busca das posses de um potencial suspeito. Os tipos de investigações
disponíveis podem ser extensos e serão enfatizados no estudo de caso detalhado de
uma série de quatro artefatos explosivos usados no final de 1989. Em uma menor
extensão, outros casos de bombas também serão utilizados para enfatizar várias outras
capacidades e técnicas de investigações analíticas. Não será feita nenhuma tentativa
de detalhar todas as capacidades e tipos de investigações possíveis no moderno
laboratório forense, seja federal, estadual ou municipal. Como exemplo, o Laboratório
do FBI em Quantico, Virgínia publica um manual com quase 200 páginas detalhando os
tipos de investigações que podem ser conduzidas no Laboratório do FBI. O Manual de
Serviçõs Forenses (Handbook of Forensic Services) revisado em 2003 está disponível
através da Internet na www.fbi.gov.
Este capítulo também procurará uma explicação do termo ―assinatura da
pessoa que preparou a bomba‖ na medida em que se aplica à investigação de múltiplos
artefatos explosivos, no que tange ao uso de materiais e técnicas similares para a
fabricação da bomba e por que é importante para os investigadores entenderem sua
importância nas investigações envolvendo bombas. Mais uma vez, estudos de caso
reais serão usados para explicar sua importância.
Antes de começarmos, um ponto deve ser claramente entendido. Nestes
tempos de rápidos avanços em tecnologias disponíveis para o laboratório forense, o
laboratório de fato pode fazer maravilhas com a evidência submetida para
investigações. Apenas nos últimos 10 anos ou algo assim, temos testemunhado
tremendous avanços na capacidade do laboratório para analisar sangue e fluidos
corporais através da análise do DNA. De fato, os métodos analíticos de DNA
propiciaram uma nova impressão digital para estabelecer um vínculo direto entre um
suspeito e o cenário do crime. Entretanto, um entretanto muito grande, o laboratório
somente pode trabalhar com a evidência a ele submetida. Portanto, é responsabilidade
direta do investigador ou técnico do cenário do crime em investigar completamente o
cenário do crime para identificar todas as evidências, coletá-las, protégé-las, colocá-la
nos recipientes apropriados para impedir sua destruição, embalar adequadamente para
submetê-las ao laboratório e, finalmente, submetê-las de fato ao laboratório. Pode ser
considerado como um assunto trivial enfatizar a real entrega da evidência depois da
coleta, mas ainda existem exemplos de investigadores que não submetem a evidência
ao laboratório depois de sua coleta. Caso exista qualquer dúvida, submeta a evidência,
ou contate o laboratório e obtenha orientação.

374
Mais uma vez, as capacidades do laboratório forense são limitadas pela
quantidade e qualidade da evidência submetida para investigação. Os peritos
laboratoriais não podem examinar o que não lhes for submetido.

Estudo de Caso - A Investigação VANPAC

A primeira bomba foi entregue pelo serviço postal na caixa de


correspondência do Juiz Distrital Amreicano Robert S. Vance e sua esposa, Helen, no
sábado, 16 de dezembro de 1989, em Mountain Brook, Alabama, um distrito de
Birmingham. O Juiz Vance pegou as correspondências da caixa postal, depositando
várias cartas e uma caixa de papelão endereçada a ele, embrulhada em papel pardo e
amarrada com um barbante, sobre a mesa da cozinha. Enquanto o Juiz Vance estava
tentando abrir a caixa após ter identificado o remetente contando no rótulo vermelho e
branco do correio como um de seus colegas da Geórgia, a Sra. Vance testemunhou
uma tremenda explosão. A força da explosão arremessou o Juiz Vance pelo chão até
que ele bateu na parede da cozinha e parou no portal. Ele morreu no cenário. Embora
presente na cozinha com seu esposo e muito perto da bomba, a Sra. Vance subreviveu
à explosão, mas foi hospitalizada em decorrência de seus ferimentos, principalmente
pelos fragmentos/estilhaços do artefato (Figura 7.1).
A segunda bomba foi entregue na Corte Americana de Apelação, 11º
Circuito do Tribunal de Apelação na Rua Forsythe, Atlanta, Geórgia na segunda-feira,
18 de dezembro de 1989, dois dias depois da explosão em Mountain Brook. Ao invés
de ser aberto por uma vítima desatenta, o pacote, como toda a correspondência,
passou pela máquina de raio-X, a qual descobriu sua verdadeira identidade – a bomba.
As autoridades foram chamadas, o artefato foi transportado de modo seguro para o
campo local de descarte de bombas e desarmado ―com segurança‖ com um
prodecimento remoto. Com exceção da carga principal explosiva, que queimou durante
o procedimento de propiciar a segurança, todos os componentes do artefato foram
recuperados relativamente intactos (Figura 7.2).
O receptor do terceiro artefato não teve tanta sorte. Na tarde de segunda-
feira, 18 de dezembro de 1989, em Savannah, Geórgia, o promotor Robert Robinson
retornou a seu escritório na Rua Abercorn para descobrir que uma caixa um tanto
pesada havia sido entregue para ele. Não se sabe se o Sr. Robinson tinha
conhecimento da morte do Juiz Vance através de uma carta-bomba ou da descoberta
de uma segunda bomba naquela manhã, mas ele sentou em sua mesa e começou a
abrir a caixa. A partir da investigação do cenário do crime, os investigadores
encontraram intactos os restos do papel pardo com o rótulo vermelho e branco do
correio, selos, e um barbante na lata de lixo próxima de sua mesa. As próximas ações
do Sr. Robinson somente podem ser conjecturadas a partir dos restos no cenário, mas
aparentemente depois de remover o papel de embrulho, ele tentou abrir o caixa de pale
corrugado e houve uma tremenda explosão.
375
Figura 7.1 Fragmentos de tubo recuperados na residência do Juiz Robert Vance depois da
explosão de uma bomba tubo no dia 16 de dezembro de 1989. As marcas nos fragmentos do
bocal roscado do tubo foram causadas pelos pregos amarrados na bomba tubo. (Fotografia
pelo FBI).

Figura 7.2 Uma fotografia do pacote contendo a bomba tubo enviada para o 11º Circuito do
Tribunal de Apelação na Rua Forsythe, Atlanta, Geórgia na segunda-feira, no dia 18 de
dezembro de 1989. Os selos, o rótulo do correio, o papel pardo, a fita plástica marrom e o
barbante branco eram característicos dos quatro pacotes bombas na série VANPAC.
(Fotografia pelo FBI).

376
Figura 7.3 Os fragmentos do tubo recuperados do escritório do promotor Robert Robinson
depois da explosão de uma bomba tubo no dia 18 de dezembro de 1989. As marcas no bocal
roscado do tubo foram causadas pelos preos usados como fragmentação adicional amarrados
na bomba tubo. (Fotografia pelo FBI).

Robert Robinson inicialmente sobreviveu à explosão, mas morreu na sala de


emergência do hospital em decorrência de seus ferimentos (Figura 7.3).

A quarta bomba foi recebida, mais uma vez através do serviço postal dos
EUA, na segunda-feira, 18 de dezembro de 1989, no escritório regional da Associação
Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), Jacksonville, Flórida. Foi
colocada sobre uma escrivaninha por um momento antes de que a Sra. Willye Dennis,
que normalmente abre a correspondência, pudesse chegar até ela. No entanto, ela teria
sorte, pois teve algumas coisas fora do gabinete para fazer e decidiu esperar até que
voltasse à tarde para abrir a correspondência. Entretanto, antes dela voltar ao
escritório, ela teve alguns problemas com o carro e antes destes serem reparados
grande parte da tarde já havia se passado e ela decidiu ir para casa. Uma decisão
profética! Enquanto ouvia ao noticiário da noite, ela soube da recupreação da bomba
em Atlanta e da morte de Robert Robinson e, mais importante, as descrições das
bombas, que parecia muito com a caixa em sua escrivaninha. Ao chegar ao escritório
da NAACP na manhã seguinte, terça-feira, 19 de dezembro de 1989, a Sra. Dennis
olhou cuidadosamente para a caixa sobre sua escrivaninha. A caixa com papel pardo,
rótulo vermelho e branco do correio, selos e amarrada com um barbante branco (Figura
7.4). Sim, definitivamente isto lhe pareceu suspeito. A unidade de descarte de bombas
do Escritório do Xerife de Jacksonville foi chamada ao cenário e confirmou que, de fato,
esta era uma bomba similar aos outros três artefatos. Ao consultar o laboratório do FBI,

377
Figura 7.4 O rótulo com endereço no pacote bomba entregue no escritório da NAACP, em
Jacksonville, na Flórida, no dia 18 de dezembro de 1989. (Fotografia pelo FBI.)

que a esta altura já tinha custódia de algumas das evidências das bombas prévias e
tendo um entendimento básico das características da construção e componentes do
sistema detonador, o artefato foi seguramente desmontado e os componentes,
incluindo toda a carga principal explosiva, foram recuperados intactos (Figura 7.5).

Figura 7.5 A bomba tubo removida do pacote bomba entregue no escritório da NAACP, em
Jacksonville, na Flórida, no dia 18 de dezembro de 1989. (Fotografia pelo FBI.)

378
Com a cooperação de investigadores e especialistas forenses do
Laboratório do Serviço de Inspeção Postal dos EUA, a Agência de Álcool, Tabaco e
Armas de Fogo, o FBI, os estados do Alabama, Geórgia e Florida, e muitas outras
agências policiais municipais, todos os quatro cenários foram completamente
investigados, e a evidência coletada e levada ao Laboratório do FBI, que na época
ficava no Edifício John Edgar Hoover, em Washington, D.C. Lá a evidência foi
inventariada e recebeu números de amostra, foram tiradas fotografias e tomaram-se
decisões sobre os exames que deveriam ser conduzidos no que se tornaria bem mais
de 1000 itens de evidência recuperados não somente dos quatro cenários, mas de
várias buscas por todo o sudeste dos EUA. Desde o início da investigação, alguns
pontos estavam bem certos. O assassinato de um juiz federal e de um promotor, junto
com a tentativa de bomba de uma corte federal e de um escritório da NAACP não foram
investigações de rotina, mas uma investida contra o sistema legal dos EUA. De fato, um
problema muito sério. Como tal, a responsabilidade pela investigação, sob jurisdição
federal para ataques contra funcionários federais e juízes de tribunais federais, era do
FBI. Adicionalmente, a investigação foi concebida como um caso prioritário do FBI e
recebeu a palavra código: VANPAC; Caso nº 29. VANPAC era uma abreviação da
primeira bomba, Vance Package, nesta investigação de série de bombas.
A partir de uma verificação inicial dos artefatos recuperados e dos
componentes fragmentados, todas quatro bombas apresentaram similaridades
específicas no uso de componentes de construção essencialmente idênticos e técnicas
de fabricação, indicando uma fonte comum. Isto significa que ou uma mesma pessoa
fez todos os quatro artefatos ou que mais de uma pessoa fez os artefatos que usavam
o mesmo tipo de componentes e técnicas de construção. Em outras palavras, se mais
de uma pessoa estiverem envolvidas na contrução das bombas, elas obviamente se
conheciam e trabalharam juntas para fazerem estes artefatos.
Esta é uma lista dos principais componentes das quatro bombas:

Papel pardo para embrulho Rótulo do correio (com datilografia)


Selos Fita
Barbante branco Caixa de papel corrugado branco
Pintura preta Papel extra-corrugado
Adesivos Carga explosiva principal (pólvora sem
fumaça)
Cartas ameaçadoras Tubo recipiente com placas ou tampas
Papéis toalha Eláticos
Hastes roscadas com porcas em três dispositivos Pregos
Fio pesado Fiação elétrica
Sistema detonador contendo o seguinte: Detonador Improvisado
Baterias com suporte improvisado Interruptor de iniciação improvisado
Conectores de alumínio
Adesivo

379
Até aquela altura, com a quantidade de evidência recuperada e a
variedade dos exames forenses sendo considerados, esta foi uma das maiores
investigações já conduzidas pelo FBI e o Laboratório do FBI. No final, cada seção e
unidade, e quase 100 peritos e assistentes do Laboratório do FBI estavam
extensivamente envolvidos na investigação das evidências. Adicionalmente, a real
identificação dos componentes precedentes não foi necessariamente evidente quando
da chegada da evidência no laboratório. Sim, alguns dos componentes fragmentados
eram identificáveis, por exemplo, baterias, fiação elétrica, uso de pintura, papel e tubo
como o recipiente para a carga principal explosiva. Entretanto, alguns dos componentes
ou seu uso exato nas bombas não foram estabelecidos até bem mais tarde e depois de
muitas horas de exames detalhados. Além dos restos altamente fragmentados dos dosi
artefatos explodidos, dois AEIs tinham sido desmontados pelos esquadrões de bombas,
os quais ajudaram imensuravelmente no processo de investigação para identificar
alguns dos componentes fragmentados presentes nos artefatos explodidos.

7.2 Capacidades do Laboratório para Exames de AEI’s

Antes de começar uma descrição detalhada dos exames laboratoriais,


vamos a uma breve explicação dos processos de inspeções. É muito comum que mais
de um tipo de investigação seja conduzida em um item de evidência. Por exemplo, um
metal fragmentado que foi parte de uma bomba tubo pode ser submetido a três ou mais
tipos de investigação. Estas são: investigação de impressão digital latente em busca da
presença de impressões digitais; a investigação por partículas não consumidas de
explosivos ou resíduos de explosivos para determinar o tipo de carga principal; e a
investigação metalúrgica para determinar o tipo específico de metal utilizado. Em outras
palavras, podem ser usadas diferentes técnicas de investigação para extrair diferentes
tipos de informação de cada item de evidência. Adicionalmente, em esforços para
impedir que um tipo de investigação forense destrua a capacidade do laboratório em
conduzir outro tipo de investigação, é extremamente importante que a pessoa/agência
que está submetendo a evidência tenha alguma idéia dos tipos de investigações
necessárias sobre os materiais. Especificamente, caso o contribuidor da evidência
precise de uma análise de DNA em um item de evidência que também precisa de
investigação por impressão digital latente, aquela informação deve ser diretamente
comunicada ao laboratório pois muitas, porém nem todas, investigações em busca de
impressões digitais latentes destruirão o DNA. Nesta situação, o laboratório tem
algumas opções depois de coordenar com o contribuidor; coletar o DNA antes da
investigação por impressões digitais, não coletar qualquer DNA, ou coletar o DNA
depois da coleta/investigação não destrutiva das impressões digitais, e não fazer as
investigações em busca de impressões digitais.
380
7.2.1 Reconstrução do Artefato

Dentro do Laboratório do FBI, o estabelecimento de que estes quatro


artefatos eram, de fato, artefatos explosivos ou bombas, e a identificação dos
componentes foi realizado pela Unidade de Explosivos. Estas investigações podem ser
conduzidas nos restos fragmentados ou componentes desmontados coletados no local
da bomba. Embora eles possam estar severamente fragmentados, mais de 90% dos
componentes de fabricação da bomba, menos os explosivos, normalmente sobrevivem
à explosão. Entretanto, na investigação VANPAC, os processos investigativos foram
auxiliados pelo fato de que duas das bombas não explodiram, e foram desmontadas
pelos técnicos em bombas. Como tal, estas investigações identificaram os seguintes
componentes e o método de funcionamento real (dois artefatos) ou pretendido (dois
artefatos).
Os artefatos utilizaram um pedaço selado de tubo como o recipiente para
a carga principal com baixo explosivo e um sistema detonador elétrico. Em três dos
artefatos as extremidades rosqueadas do tubo estavam seladas com placas de metal,
soldadas nas extremidades abertas dos tubos. Um recipiente da bomba tubo estava
selado com tampas rosqueadas no tubo de metal em cada extremidade. As três
bombas tubo, com placas soldadas usaram um pedaço de haste roscada que percorria
o interior de cada tubo, terminando na parte externa das placas de metal e fixada com
porcas de metal. Cada bomba tubo garantia a fragmentação adicional através de muitos
pregos, amarrados na parte externa de cada bomba com elásticos. Também, cada
artefato estava contido em uma caixa corrugada branca, embrulhada com papel pardo
contendo o rótulo para endereço e várias denominações de selos, todos
especificamente identificados por um perito em documentos, amarrados com fita
plástica e barbante branco. A bomba tubo e componentes relacionados estavam dentro
da caixa de papel com papel corrugado adicional e pedaços de fio de cor prata. O
interior de cada caixa foi pintado com tinta preta, depois da inserção da bomba tubo e
dos componentes relacionados.
O sistema detonador elétrico/armadilha em cada artefato consistia de fio
elétrico, duas baterias C-cell com um suporte de baterias improvisado consistindo de
papel corrugado, tiras de alumínio, adesivos, um clipe de papel, e um detonador
improvisado. O detonador foi construído com um pedaço de caneta, fio elétrico,
iniciador improvisado, adesivos e explosivos.
No que concerne ao método ou pretenso método de operação, a tentative
de abertura de cada caixa operava ou devia operar um interruptor improvisado de
liberação de pressão para fechar o circuito elétrico. Ao fechar o circuito, a corrente
elétrica das baterias seria fornecida ao detonador, através da fiação elétrica, para fazer
a o iniciador explodir, portanto causando a explosão da carga principal. A explosão da
carga principal romperia o tubo e arremessaria fragmentos do tubo e os pregos
agregados por toda a área alvo.
381
Investigações adicionais revelaram que as três bombas tubo com as
placas de metal soldadas tinham aproximadamente 7 polegadas de comprimento e
tinham um tamanho nominal (aproximado) de 2 polegadas de diâmetro. A bomba tubo
explodida contendo tampas tinha aproximadamente 5 ½ polegadas de comprimento e
correspondiam a 1 ½ polegadas de tamanho nominal do bocal roscado do tubo.
Adicionalmente, uma das tampas tinha o símbola do fabricante "U‖, o qual a identificou
a um fabricante específico, a Union Malleable Manufacturing Company. Também, as
pilhas/baterias foram identificadas com o seu fabricante específico, Duracell e Kodak,
cada uma com 1,5 Volt, C-cell, com algumas apresentando um códido identificável de
data do fabricante. A fiação utilizada em cada um destes artefatos foi identificada como
sendo fio de telefone.
Além destas investigações, o laboratório forense, dependendo de seus
recursos, tem a capacidade de relizar investigações adicionais em artefatos
improvisados dependendo dos componentes utilizados em sua construção e daqueles
submetidos para investigação. Estas investigações podem consistir do seguinte:

- Determinar as características de construção, e identificar todos os


componentes utilizados para construir o artefato. Adicionalmente, uma determinação
factual de se a combinação dos componentes apresentados constituem um artefato
explosivo.
- Identificar os componentes utilizados para construir o artefato como
detalhado Capítulo 3, que incluem, mas não estão limitados a, todos os tipos de
recipientes, interruptores elétricos e mecânicos, pilhas, fios e outros materiais
correlatos.
- Determinar a maneira que o artefato funcionava ou foi porjetado para
funcionar (conforme descrito anteriormente).
- Identificar o funcionamento de mecanismos de tempo, mecânica, elétrica,
eletrônica, ou combinações destes.
- Identificar o uso de cordel detonante e identificar o cordel detonante vivo,
tais como o país de fabricação, fabricante, tipo e marca.
- Identificar todos os tipos de detonadores, como detalhados no Capítulo
2, no que concerne ao país de fabricação, fabricante, marca e tipo, seja de um
detonador intacto ou de componentes recuperados na sequência da detonação.
- Identificar o estopim de segurança no que diz respeito ao país de
fabricação, fabricante, tipo e marca.
- Identificar todos os tipos de munições militares, como detalhadas no
Capítulo 6, em relação ao país de fabricação e uso como pretendido ou como
componente de um AEI.
- Realizar investigações e avaliações sobre os sistemas detonadores, seja
de projeto básico ou empregando tecnologias avançadas, visando determinar as
técnicas de construção específicas empregadas pelo construtor e a possível associação
382
com qualquer outro tipo de sistema.
- Relizar investigações e avaliações de técnicas específicas de montagem
empregadas pelo construtor do artefato para determinar se existe uma associação ou
―assinatura do construtor‖, atravé da comparação com os artefatos anteriormente
examinados.

7.2.2 Análise de Resíduo Explosivo


O químico forense que investiga os artefatos em busca da presença de
explosivos identificou os explosivos específicos utilizados como carga principal e o
detonador improvisado de cada um dos dispositivos. A carga principal foi determinada
como pólvora sem fumaça com grânulos vermelhos e o material detonador um
explosivo primário extraído de um material geralmente disponível, não especificamente
identificado para este texto. Adicionalmente, a pintura foi identificada como látex preto,
que foi aplicada com pincel no interior do recipiente das caixas das bombas. Embora
não tenha sido identificado nenhum fabricante específico da tinta, foi adequada para
comparação com o mesmo tipo de tinta preta, se tivesse sido recuperada durante a
investigação. Quanto aos outros exames de outros materiais deflagrados, bem como
resíduos resultants da iniciação da carga principal explosiva, os químicos forenses têm
a capacidade de determinar se eles são:

Baixo ou alto explosivos


O fabricante, a marca e o tipo
Misturas incendiárias
Origem comercial ou militar
Misturas improvisadas

É essencial que o contribuidor siga as orientações contidas no Capítulo 4


referentes à coleta dos resíduos explosivos, a embalagem e o transporte, e do Manual
de Serviços Forenses ou as orientações do laboratório que o contribuidor optar, quer
seja estatal, municipal ou federal. Adicionalmente, caso explosivos vivos sejam
recuperados, deve ser mantido contato com o laboratório que os receberá para
determinar as instruções específicas requeridas por esse laboratório. Como se pode
imaginar, em tempos de um aumento da conscientização contra o terrorismo, não seria
uma boa idéia enviar arbitrariamente explosivos vivos através de qualquer meio de
transporte sem qualquer aviso prévio.

7.2.3 Exames de Impressões Digitais Latentes

Amplos exames de impressões digitais latentes foram realizados em


centenas de amostras recuperadas nesta investigação de bomba. Estes incluíram

383
tentativas de coleta de impressões identificáveis em todos os tipos de papel, caixas de
embalagem, e fita, bombas intactas e fragmentadas, e detonadores improvisados.
Dentre todos esses exames, impressões latentes utilizáveis foram recuperadas apenas
a partir de um rolo de cartas contidas dentro de um das bombas. Em última instância,
uma identificação positiva foi feita com essas cartas, cujas impressões pertenciam a um
jovem rapaz que inocentemente havia carregado papel na máquina copiadora usada
para copiar as cartas que foram incluídas nos quatro artefatos. Apesar de não ser
incomum, não foram recuperadas impressões digitais do fabricante das bombas a partir
das evidências. Entretanto, impressões digitais do construtor da bomba ou das pessoas
que a tenham manuseado às vezes são recuperadas de outros dispositivos explodidos.
Portanto, é imperativo que os investigadores pós-explosão adotem as devidas
―precauções no que tange às digitais‖ ao manipularem evidências do cenário de bomba
para evitar que suas impressões digitais sejam transferidas para a evidência. A
protecção pode ser proporcionada pela utilização de luvas de algodão, não
necessariamente luvas finas de borracha. Foi demonstrado que o tipo de luva fina de
borracha, como as luvas usadas por médicos, não pode proteger o usuário contra a
transferência de suas impressões para as evidências. Como referido anteriormente,
caso sejam requeridos vários exames em um único item de evidência, isto deverá ser
comunicado ao laboratório. Essencialmente, qual o exame que tem o potencial para
fornecer evidência direta para identificar ou vincular uma pessoa com o atentado? Na
maioria dos casos a impressão digital e exames de DNA, através de uma análise de
resíduos explosivos, têm a capacidade de prover evidência mais direta. Entretanto,
existem métodos de realização de exames que não são destrutivos, permitindo assim
que outros tipos de exames também sejam realizados. O aspecto mais significativo do
processo de exame é o contato pessoal entre o contribuidor e o examinador. No que diz
respeito ao laboratório do FBI e da investigação de destroços resultantes de um
atentado, o principal ponto de contato, mas não necessariamente o único contato, é
com examinador dos explosivos e dos materiais perigosos na Unidade de Explosivos.

7.2.4 Análise de Materiais


Análises complementares revelaram que o adesivo branco emborrachado
utilizado no artefato era na verdade um composto de silicone RTV (vulcanização em
temperatura ambiente). Além disso, o outro adesivo era cola comumente vendida para
aplicação em cerâmica, couro, pano e papel, que vem embalada em tubos e pequenas
garrafas de plástico com aplicador. Tal como a pintura, os fabricantes desses itens não
foram determinados, mas os produtos foram considerados adequados para
comparação com outros tipos de materiais que poderiam ser recuperados durante a
investigação.
Além disso, foram realizados exames em vários pedaços de fita marrom
utilizada na embalagem para determinar o possível fabricante e fonte da fita, bem como
se as pontas da fita combinavam com o final da ponta da fita em posse do suspeito.
384
Embora não tenha sido determinado nenhuma marca específica e nem o fabricante, os
exames revelaram que todos os pedaços / fragmentos da fita marrom tiveram origem do
mesmo fabricante e do mesmo lote.

7.2.5 Exames de Documentos


Os exames de documentos desempenharam um papel chave e
significativo na investigação VANPAC, da mesma forma que em muitas investigações
de bombas, especialmente no que diz respeito aos pacotes e/ou cartas-bombas
enviadas pelo correio ou entregues à vítima pelos próprios agressores. Em alguns
casos, mas não na série VANPAC, os agressores deixam o pacote-bomba na entrada
da vítima escolhida, fazendo com que vítima acredite que foi o serviço postal que o
entregou, e em seguida tente abri-lo.
O perito em documentos realizou investigou o seguinte: datilografia, papel,
selos, carimbos de cancelamento e equipamentos do Serviço Postal dos EUA. Estes
exames tiveram o efeito de identificar os seguintes componentes nas quatro bombas: o
tipo específico de papel de embrulho usado para embrulhar os AEIs, uma etiqueta de
vermelha e branca para endereçamento preenchida com datilografia, os tipos de selos
postais nos EUA para cada um dos quatro dispositivos, o tipo específico de caixas de
papelão ondulado utilizadas para conter os componentes e artefatos, o tipo de máquina
de escrever usada para digitar os rótulos de endereços e as cartas ameaçadoras dentro
das bombas.
Nesta investigação, como acontece com muitas outras, as etiquetas de
endereço foram digitadas, ao invés de manuscritas ou impressas. No que tange à
datilografia utilizada, cuja fonte é desconhecida, esta pode ser identificada com a
máquina que a produziu. Isso é mais comum quando se trata de uma máquina de
escrever em vez de uma impressora de computador. A identificação pode ser baseada
em características individuais que se desenvolvem durante o processo de fabricação e
pelo uso da máquina de escrever, tais como a reparação de uma letra quebrada na
barra de tipos. As máquinas de escrever com elementos passíveis de serem
substituídos, por exemplo, a esfera, a margarida ou a haste são menos propensas de
serem associadas à investigação. Entretanto, esses elementos e as fitas de carbono e
corretivas podem ser associados a textos específicos, ao se examinar as características
individuais e não pelos elementos dos textos impressos nas fitas. Nesta investigação,
foi determinado que todas as quatro etiquetas de endereço foram preparadas pela
mesma máquina de escrever e foi feita a identificação do fabricante da máquina de
escrever, a Brother Industries. Adicionalmente, o rolo de papel dentro das caixas
continha datilografia, e foi estabelecido que a máquina de escrever usada para digitar a
mensagem foi a mesma utilizada para digitar os endereço nas etiquetas.
Embora não tenha sifo feita identificação entre as bordas rasgadas dos
selos postais utilizados nos quatro pacotes, o perito em documentos identificou as
denominações e os tipos de selos. As bordas rasgadas de selos e de papel podem ser
385
usadas para associar vários pedaços de papel como sendo de uma única fonte. Por
exemplo, se uma pessoa usar selos para enviar uma bomba pelo correio, as bordas
rasgadas dos selos recuperados podem coincidir com as bordas rasgadas dos selos em
posse do suspeito, estabelecendo assim um vínculo físico direto entre o fabricante da
bomba e o agressor. O mesmo pode ser dito para a embalagem ou qualquer outro
papel que tenha sido cortado ou rasgado, de tal forma a permitir a comparação das
características individuais. Novamente, nesta investigação, o examinador identificou o
papel pardo de embrulho comum das caixas de papel.
Não foram feitas identificações entre as cartas fotocopiadas e uma
copiadora específica na VANPAC. Entretanto, conforme detalhado anteriormente com
os exames de impressões digitais, tal determinação foi feita com o local onde as
copiadoras estam instaladas, através de impressões digitais. Na verdade, o laboratório
tem uma capacidade de analisar fotocópias. Especificamente, às vezes as fotocópias
podem ser identificadas com a máquina que as produziu se as cópias apresentarem
qualidade suficiente ou possírem características identificáveis. Além disso, o possível
modelo máquina copiadoras pode ser determinado por comparação com os arquivos
mantidos no laboratório.
Embora não tenha sido especificamente utilizado no caso VANPAC, os
seguintes tipos de exames podem beneficiar não só as investigações de bombas, mas
também ns investigações de outros tipos de crimes.
Impressão das pegadas deixadas por sapatos e pneus, nas formas bi e tri-
dimensionais, são rotineiramente deixadas nos cenários dos crimes, não só pelos
criminosos, mas também pelos socorristas. Quase todas as impressões, incluindo
impressões parciais, têm valor para comparações forenses, muitas vezes em resultado
de uma identificação positiva do sapato do suspeito ou do pneu de seu veículo. O
Laboratório do FBI mantém uma extensa biblioteca de referências de projetos de
fabricantes de calçados e pneus, que pode ser pesquisada para determinar o nome da
marca e possível estilo da impressão de um sapato ou de um pneu. Estes dados
fornecem informações importantes ao investigador na busca de um específico pneu ou
sapato que pode estar na posse do suspeito.
No que tange ao manuscrito e impressão de mão, que podem ser
utilizados para tratar pacotes ou cartas-bombas, nem todos os manuscritos são
detectáveis a um específico escritor. Entretanto, a inspeção das características de
caligrafia pode determinar a origem ou autenticidade do manuscrito. A determinação da
idade, sexo, personalidade, our intenção não pode ser feita por um exame de
laboratório forense.

7.2.6 Exames de Marcas de Ferramentas


Todos os tipos de ferramentas podem conter características microscópicas
únicas, devido à natureza de fabricação e processos de utilização. Entretanto, os tipos
de ferramentas mais frequentemente utilizados na fabricação de bombas incluem os
386
alicates para segurar e todos os tipos de cortadores de fios. As características
individuais podem ser transferidas para as superfícies que a ferramenta teve contato,
tais como o fio de cobre macio que o fabricante da bomba pode ter cortado durane a
construção do artefato Explosivo. Como tal, as ferramentas recuperadas podem ser
microscopicamente comparadas com as marcas deixadas por estas que podem estar
presentes nos componentes da bomba. O exame não consegue determinar quem pode
ter usado a ferramenta, mas pode determinar que uma específica ferramenta, com
exclusão de todas as outras, deixou marcas específicas nos componentes da bomba. É
então da responsabilidade da investigação de campo vincular aquela ferramenta com
uma pessoa específica que fez o artefato. Na ausência de uma ferramenta de
comparação, os exames da marca deixada pela ferramenta podem determinar o tipo de
ferramenta que a produziu e se a marca tem valor para esse tipo de comparação futura
caso seja recuperada outra ferramenta durante alguma investigação.
Às vezes, são realizados exames comparativos de fratura não apenas em
ferramentas quebradas, mas também nos componentes utilizados no artefato, e entre
os vários dispositivos e componentes na posse do fabricante da bomba.
Essencialmente, os exames de fratura podem ser usados para determinar se um item
de evidência alguma vez foi colado e posteriormente quebrado.
Embora extensivos exames de marcas deixadas por ferramentas foram
conduzidos com as evidências dos quatro artefatos do caso VANPAC, nenhuma
associação significativa foi encontrada, com exceção da investigação metalúrgica.

7.2.7 Exames Metalúrgicos


Exames metalúrgicos comparativos em casos de bombas podem
determinar se dois metais ou objetos metálicos vieram da mesma fonte ou um do outro.
Isto é especialmente importante em investigações de múltiplos atentados, tal como o
caso VANPAC, onde bombas feitas com tubos de metal foram utilizadas nos artefatos.
Nenhuma associação específica de metais foi realizada entre os metais
das quatro bombas-tubo na investigação VANPAC. Entretanto, todas as quatro bombas
foram mantidas dentro de suas respectivas caixas de papel com um fio que o
laboratório determinou ser de alumínio, e também foi estabelecido que o fio era de uma
mesma fonte. Assim, os vários pedaços de fios ―poderiam‖ ter vindo do mesmo rolo.
Entretanto, um exame dos pregos recuperados nos quatro cenários propiciou uma
associação mais específica. Especificamente, uma amostra dos pregos dos quatro
artefatos tinha o mesmo fabricante, que utilizou o mesmo ferramental exclusivo ou
processo de fabricação e a mesma ferramenta. Em outras palavras, eles se originaram
do mesmo lote. Isso foi muito significativo, considerando que dentre os milhões, e
provavelmente bilhões, de pregos feitos até aquele momento, estes pregos usados nas
bombas foram feitos essencialmente ao mesmo tempo, embalados, e enviados através
do sistema de distribuição para a mesma loja, onde foram comprados pelo fabricante
das bombas para as quatro bombas. Além dos os outros pontos de comparação entre
387
as bombas, o que proporcionou uma prova muito convincente de um único agressor ou
pessoas trabalhando em combinação com os outros para construir os artefatos.
Em outros exames, as comparações de metal podem identificar várias
características micro estruturais e de superfície que inclui áreas fraturadas, danos
acidentais, marcas de fabricação e para determinar se os objetos têm uma origem em
comum. Estes tipos de exames são pertinentes em investigações de bombas,
associando componentes de metal do dispositivo com outros materiais em posse do
fabricante da bomba, os daqueles que continuam no local de fabricação da bomba.
Um tipo adicional de exame metalúrgico importante na associação de
componentes da bomba com uma fonte comum é a composição química, incluindo a
liga e a identificação de element rastreável. Em outras palavras, quanto mais
específicas a liga química e composições dos elementos presentes na bomba, é mais
provável que possa ser efetuada uma associação individual entre os componentes da
bomba e os materiais na posse do suspeito. Estes exames metalúrgicos foram usados
nos pratos de metal recuperados das bombas atribuídas a Eric Rudolph no ataque ao
Centennial Olympic Park em Atlanta no dia 27 de julho de 1996, e os ataques duplos ao
Edifício Sandy Springs Professional em 16 de janeiro de 1997. Os exames revelaram
que as places de metal, devido aos seus componentes químicos específicos, se
originaram de uma fonte comum, fazendo então uma associação direta assim entre os
dois incidentes. Até aquele momento, nenhuma associação específica sobre o
construtor havia sido possível (Figura 7.6 e Figura 7.7).
Além de componentes íntegros ou fragmentados, estes tipos de exames
são importantes para tentar associar limalhas de metal (das brocas usadas para fazer
furos ou das raspas de metal) encontradas no local onde a bomba foi construída com o
tipo de metal no artefato explosivo.

7.2.8 Análise de DNA

Exames limitados de DNA (ácido desoxirribonucléico) foram realizados


nas investigações do caso VANPAC na década de 80. Agora, eles são parte integral de
muitas investigações pós-explosão e usados para associar o suspeito com o cenário do
crime ou com a construção da bomba.
Existem duas fontes de DNA usadas em análise forense, nuclear e
mitocondrial. O DNA Nuclear (DNAn) é tipicamente analisado em evidências contendo
sangue, sêmen, saliva, tecido corporal e cabelos que tenham tecido nas extremidades
das raízes. O DNA Mitocondrial (DNAmt) é analisado em evidência contendo cabelo
caído, fragmentos de cabelo, ossos e dentes. Com estes tipos de exames é possível
estabelecer uma ―digital‖ entre os materiais recuperados no cenário do crime ou na
bomba e um possível suspeito. Entretanto, na maioria das vezes, o DNA de um
suspeito identificado ou uma pessoa de interesse deve ser coletado para comparação
com amstras biológicas presentes no cenário. Em outras palavras, a menos que o DNA
388
Figura 7.6 Um painel contendo componentes para fabricação de bombas similares aos usados
no atentado do Olympic Park em Atlanta, Geórgia, no dia 27 de julho de 1996. Esta fotografia foi
distribuída pelo FBI para para publicação nos jornais em esforços para identificar o fabricante
da bomba por alguém que possa ter percebido a compra destes materiais. (Fotografia pelo FBI.)

Figura 7.7 Um painel contendo componentes para fabricação de bombas similares aos usados
no atentado ao Otherside Lounge em Atlanta, Geórgia, no dia 21 de fevereiro de 1997. Esta
fotografia foi distribuída pela ATF&E para para publicação nos jornais em esforços para
identificar o fabricante da bomba por alguém que possa ter percebido a compra destes
materiais. Note as similaridades dos componentes com o atendado ao Olympic Park.
(Fotografia pela Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos.)

389
o DNA do potencial suspeito já tenha sido coletado, analisado e esteja na base de
dados do computador para comparação, a análise do DNA não identificará um suspeito
desconhecido até aquele momento. Você deve ter uma amostra de material contendo
DNA de uma fonte conhecida (pessoa) com a qual comparar o material contendo o DNA
coletado no cenário/bomba. Os tipos de evidência tipicamente usados em investigações
pós-explosão para análise de DNA incluem as de saliva dos tocos de cigarros,
envelopes, selos e cabelo recuperados do artefato ou das roupas descartadas pelo
agressor.
É imperativo que os materiais que necessitem de análise de DNA sejam
coletados, empacotados e preservados de acordo com os protocolos estabelecidos pelo
laboratório que os receberá. Quando houver dúvida, consulte o laboratório forense em
busca de assistência.

7.3 Lendo a Assinatura da Pessoa que Preparou a Bomba

7.3.1 Introdução
Provavelmente, um dos primeiros construtores seriais de bombas
identificado nos EUA foi George Metesky, o ―Mad Bomber‖ de Nova Iorque. Metesky
aterrorizou Nova York há 16 anos com mais de 30 bombas no período de 16 de
novembro de 1940, até sua prisão em dezembro de 1956. Ele não só construiu
dispositivos que foram semelhantes entre si, mas também muitas vezes incluía uma
carta ameaçadora para a companhia de energia local, a Consolidated Edison, dentro da
bomba. Ele também enviou cartas para diversas empresas, incluindo a Consolidated
Edison e a polícia, assinado com as iniciais ―FP‖, que mais tarde foi identificado depois
de sua prisão como um acrônimo para ―Fair Play‖ (jogo honesto). Surpreendentemente
similar ao mais recente construtor serial de bombas nos EUA, Unabomer Ted
Kaczynski, que usou a sigla ―FC‖, mais tarde identificada por Kaczynski como ―Freedom
Club‖ (clube da Liberdade), em suas bombas.
O construtor serial de bombas caminha lado a lado com o termo
―assinatura do cosntrutor‖, que é um padrão ou característica identificável de utilizar
essencialmente os mesmos componentes de construção, ou similares, e técnicas de
projeto e fabricação de várias bombas. Em outras palavras, as investigações forenses
podem estabelecer um padrão específico da utilização de materiais, e de acordo com a
seleção dos alvos, estabelecer um vínculo direto entre diferentes atentados. Similar à
possibilidade de associar um manuscrito a uma pessoa específica. Em alguns casos,
chega-se ao próximo passo, associando os componentes específicos encontrados na
posse de um suspeito com componentes usados um uma ou mais bomba. Em outros
casos em que um dispositivo tenha sido previamente vinculado a uma pessoa
específica, esse dispositivo pode ser associado a outros dispositivos semelhantes ou
idênticos. É muito mais fácil provar que vários artefatos foram construídos com
materiais e técnicas de construção similares, por pessoas ou grupos desconhecidos ao
390
invés de um indivíduo. Ao estabelecer uma única fonte ou pessoa, os resultados dos
exames de intercomparação geralmente revelam materiais específicos ou técnicas de
construção que excluem a participação de outros no processo de construção.
Entender e reconhecer a assinatura do construtor da bomba são
importantes para a investigação pós-explosão. Existem duas formas principais de
estabelecer ou reconhecer a assinatura do construtor da bomba, primeiro, pelo
investigador de campo que vê uma similaridade entre várias bombas e, em segundo
lugar, pela associação de bombas através das investigações forenses. Ao associar dois
ou mais incidentes, o ímpeto da investigação pode ser focado conforme a totalidade de
informação derivado de todos os incidentes, ao invés de apenas cada um
individualmente. Na essência, ao combinar os dados investigativos, pode surgir um
padrão que pode auxiliar a identificar um suspeito, o que não seria possível ao olhar as
pistas investigativas dos incidentes separadamente. Uma particularidade de um dado
da investigação de campo pode suplementar outra lista de uma investigação
relacionada para forma um quadro geral, ao invés de apenas pedaços de um quebra-
cabeças cujas peças não se encaixam.
Sempre que o investigador de campo acreditar que existe uma associação
entre múlitplos incidentes e que possivelmente existe uma assinatura do construtor da
bomba, isto deve ser comunicado ao laboratório. Isto é até mais importante se os
incidentes são propagados por um período de tempo. É completamente possível que o
mesmo perito do laboratório que recebeu o primeiro material submetido pertencente à
bomba nº 1, pode não ser o perito que recebe a evidência do incidente nº 2. Também,
as evidências de múltiplas bombas podem ter sido enviadas a laboratórios diferentes. É
possível, porém remotamente, que os laboratórios forenses possam não associar
artefatos similares se esta possibilidade não for comunicada pelo investigador de
campo. Entretanto, os laboratórios possuem bancos de dados pesquisáveis que podem
impedir que ocorra tal descuido.
A segunda forma pela qual os múltiplos incidentes podem ser associados
uns com os outros é através da investigação forense dos artefatos. A maioria das
explosões, a menos que sejam grandes ou a menos que os alvos sejam considerados
importantes pela mídia, geralmente não são reportadas com base nacional ou mundial.
Desta forma, pode não ser possível para os investigadores de diferentes partes do país
conheçam quais tipos de artefatos podem ter sido utilizados a centenas de milhas de
distância. Portanto, dentro dos laboratórios federais, quando múltiplos artefatos são
recebidos nos laboratórios de diferentes partes do país, possivelmente num período de
semanas, meses, ou até mais, pode ser efetuada uma associação dos componentes e
das técnicas de fabricação através das investigações forenses. Deve ser notado que
nestes tempos de comunicação instantânea e compartilhamento de informação por
investigadores e técnicos em bombas, a propabilidade de incidentes e tecnologia de
fabricação e bombas não ser conhecida de uma parte a outra dos EUA é também
remota. Adicionalmente, como resultado direto deste compartilhamento dos dados de
391
construção de bombas entre os laboratórios estaduais e municipais, podem ser feitas
associações entre múltiplos artefatos nestes próprios laboratórios do que nos
laboratórios federais de maior porte.
É possível concluir que uma pessoa (ou pessoas) fez múltiplos artefaos
com apenas um único ponto de comparação, mas isto é de fato muito raro, da mesma
forma que às vezes é possível fazer uma identificação de uma impressão digital latent
com apenas um, e excepcionalmente específico ponto de identificação. Na maioria dos
casos, as associações entre artefatos/bombas são realizadas com múltiplos pontos de
identificação. Quantos são necessários? É impossível prover uma resposta, uma vez
que toda série de bombas é diferente de outra. Entretanto, quanto mais componentes
forem usados e quanto mais específicas forem as técnicas de fabricação utilizadas,
melhor será a associação.

Estudo de Caso — A Investigação VANPAC


Muita coisa pode ser dita com relação à metodologia de se estabelecer a
assinatura do fabricante da bomba, mas a melhor forma de explicar seu use é com um
caso real de bombas em série. Primeiramente vamos considerar os quatro artefatos
previamente identificados neste capítulo na investigação VANPAC. Essencialmente, a
assinatura entre estes quatro artefatos foi esabelecida com uma listagem parcial das
seguintes características:
Todos os quatro artefatos estavam embalados em caixas de papel,
embrulhadas com papel pardo, fixado com fita adesiva plástica marrom e barbante
branco, e foram enviados pelo Correio dos EUA.
Todos eram bombas-tubo, contendo o mesmo tipo de baixo explosivos e
iniciadas ou projetadas para serem iniciadas com um tipo de detonador improvisado
muito caracterísitico.
Todas as bombas-tubo foram fixadas nas caixas de papel com fio de
alumínio em uma forma muito peculiar.
Pregos, do mesmo lote, foram usados como fragmentação, fixados em
duas das bombas com eláticos.
Os sistemas detonadores eram essencialmente idênticos quanto ao uso
de componentes e método de operação (Figura 7.8).
Os textos datilografados nos quatro rótulos do correio foram produzidos
pela mesma máquina de datilografia.
Basedo nestas e em outras investigações, o perito pôde concluir que os
quatro artefatos foram construídos pela mesma pessoa. Isto foi resultado do uso de
materiais similares e das características de construção essencialmente idênticas
observadas na fabricação dos quatro detonadores improvisados, mesmo com dois dos
detonadores tendo funcionado. Estas características eram tão específicas que foi
concluído ser essencialmente impossível que mais de uma pessoa tenha fabricado
estes detonadores.
392
Figura 7.8 Os iniciadores usados nos detonadores improvisados no artefato do Juiz Vance (B),
no artefado de Robinson (S), no artefato do 11ª Circuito Court House (A), e o artefato de
Jacksonville (J). Note as grandes similaridades no uso de componentes e técnicas de
fabrticação. (Fotografia pelao FBI.)

Através de uma extensa investigação de campo multiagências um perito


forense da ATF identificou características similares de construção de uma bomba que
foi vinculada a Walter Leroy Moody Jr., sendo este sujeito identificado, julgado e
condenado no Tribunal Federal. Walter Moody foi condenado a quatro prisões
perpétuas e 700 anos de reclusão. Adicionalmente, ele foi também condenado no
Tribunal do Estado do Alabama pelo assassinato do juiz Vance, residente no Alabama,
e condenado à morte. A atualmente ele está no corredor da morte no Alabama.

Estudo de Caso – A Investigação UNABOM

O período de tempo pelo qual as bombas-tubo do caso VANPAC foram


recebidas por suas vítimas foi de apenas alguns dias, de sábado, 16 de dezembro até
segunda-feria, 18 de dezembro. Compare com o tempo de 17 anos que passou desde o
primeiro artefato do caso UNABOM de 25 de maio de 1978, até a prisão de Ted
Kaczynski e recuperação do 17º artefato no dia 3 de abril de 1996. Uma tarefa difícil,
mas não impossível, foi a intercomparação de todos os 17 artefatos para estabelecer
que todos foram fabricados pela mesma pessoa (ou pessoas). Como se poderia
esperar, o exame forense das 17 bombas illustrou uma curva de aprendizado ou

393
desenvolvimento de tecnologia com o passar dos anos, que viu mudanças nas técnicas
específicas de fabricação e uso de certos componentes, mas não no projeto geral.
Essencialmente, para o estabelecimento da assinatura do fabricante da bomba em
todos os 17 artefatos, foi necessário estabelecer um padrão ou similaridade entre os
artefatos 1 e 2, depois entre 2 e 3, e assim por diante, até que todos os artefatos
fossem associados.
Adicionalmente, alguns dos artefatos apresentaram técnicas de fabricação
muito específicas e uso de componentes improvisados jamais vistos antes.
Quando foram efetivadas buscas na cabana de 10 por 12 de Kaczynski na
remota Lincoln, Montana, um valiosíssimo tesouro de evidêncicas forenses foi
recuperado. Não somente uma bomba intacta e já embalada foi encontrada, lieralmente
debaixo de sua cama, mas também estava presente um extenso sortimento de
componentes e dispositivos eletrônicos da bomba, alguns dos quais eram
essencialmente idênticos aos componentes em muitos de seus outros artefatos. Itens
adicionais foram encontrados, incluindo a máquina de datilografia usada para escrever
seu manifesto, junto com um racunho manuscrito com a caligrafia de Kaczynski, com
um diário detalhado descrevendo a fabricação dos artefatos.
Ao final, a investigação dos 17 artefatos refletiram uma assiantura
específica dos componentes e das técnicas de fabricação da bomba, que foi então
comparada aos materiais e componentes da bomba encontrada na cabana de
Kaczynski. Esta intercomparação resultou na identificação positiva de alguns dos
componentes recuperados com os artefatos de um campanha de 17 nos de bombas em
série. Kaczynski escolheu não ter um julgamento público que resultaria em sua
condenação e provável pena de morte em decorrência de três fatalidades, mas em um
acordo declarando sua culpa que lhe custou uma prisão perpétua sem possibilidade de
condicional.
Se o incidente com bomba é parte de uma campanha de ataques
consecutivos ou de um incidente individual, o moderno laboratório forense, em conjunto
com os investigadores de campo e os técnicos do cenário de crime, pode ser um
recurso inestimável para o esforço investigativo global.

7.4 REvisão do Capítulo

A investigação e prosecussão bem sucedida dos incidentes envolvendo


bombas demandam, dentre outras coisas, um esforço colaborativo entre os
investigadores de campo e o laboratório forense na coleta, preservação e exame da
evidência física. Tem sido dito que o laboratório ―fez o caso‖ na identificação de um
suspeito através de investigações de impressão digital latente, identificações de marcas
deixadas por ferramentas, ou a identificação do agressor através de uma ―assinatura‖.
Entretanto, antes que o laboratório possa examinar a primeira aprtícula de evidência, os
materiais devem ser identificados e coletados no cenário e então providos ao
394
laboratório para investigação. É esta abordagem de trabalho em equipe que
verdadeiramente faz a diferença na próspera resolução não apenas de incidentes
envolvendo bombas, mas acima de tudo na determinação de culpa ou inocência.

Questões de Revisão do Capítulo

1. Considerando uma bomba-tubo na qual um pedaço de tubo de metal foi usado como
recipiente para a carga principal explosiva foi iniciada com um pedaço de estopim, que
tipo de investigações podem ser conduzidas pelo laboratório forense?
2. Qual é o tipo de análise de DNA que pode ser feito em evidência contendo sangue?
3. Qual é o tipo de análise de DNA que pode ser feito em cabelos naturalmente caídos?
4. Qual é a importância de se combinar as pontas das fitas?
5. Quais os tipos de informação que podem estar disponíveis em uma bateria
recuperada?
6. Qual é o significado do termo ―assinatura do fabrincante da bomba‖?
7. Qual pode ser a importânica de se chegar à conclusão de que existe uma assinatura
do fabricante da bomba entre múltiplos incidentes?

Referências e Leitura Adicional

Federal Bureau of Investigation Laboratory, Handbook of Forensic Services, revised edition,


Quantico, VA, 2003.
Fisher, David, Hard Evidence, Simon and Schuster, New York, 1995.
Madden, Milissa Ann, George Metesky: New York's Mad Bomber, www.crimelibrary.com, 2005.
Schuster, Henry and Stone, Charles, Hunting Eric Rudolph, The Berkeley Publishing Group,
New York, 2005.

395
(Página em branco)

NOTA DO TRADUTOR: OS ANEXOS E O ÍNDICE NÃO FORAM TRADUZIDOS.

396
Anexo A

397
Tabela de Produtos Explosivos

Rate of
Detonation Reaction Stability
Type/ Other Formula or [ft/sec with in
Method of Hygro- Information
Category Name(s) Composition (m/sec)[ Metals Storage
Explosivo Color Use Loading scopic Remarks Source(s)

Low Black powder Schwarzpulver 75/15/10: Black Fuses, pyro- Granular >3000 (>914) None Very Good when Sensitive to Koehler, J. and
explosivos Potassium (shiny) technics, press sealed impact, Meyer, R.
nitrate, charcoal, priming atrito, and Explosivos. 4th
sulphur charges sparks ed. pp. 33–34.
1993. –AND -
http://members.
ozemail.com.au/
–gmillar/
pyrotechnics/
hp.html
Koehler, J. and
Gelatinized Propellant Meyer, R.
Smokeless Low smoke/ Light Grains, flakes >3000 (>914) None Yes Fair
nitrocellulose Explosivos. 4th
powder small arms brown to
black ed. p. 168, 283,
(single base) owder; oudre 315. 1993.
powder; –AND
B (French) http://www.
eugeneleeslover.
com/USNAVY/
CHAPTER-2-1.
html
Koehler, J. and
Meyer, R.
Explosivos. 4th
Nitrocellulose Gray green Propellant ed. p. 117,
Smokeless Geometrically Fair
>3000 (>914) Yes
powder Ballistite; cordite (guncotton), to black shaped as None 168–169, 421.
(U.K.) nitroglycerine 1993. –AND
(double base) desired
http://www.
eugeneleeslover.
com/USNAVY/
CHAPTER-2-1.
html

398
Tabela de Produtos Explosivos (Continuação)

Smokeless Nitrocellulose, White to Propellant Geometrically >3000 (>914) None Yes Good Lowers Koehler, J. and
powder nitroglycerine, yellow shaped as muzzle flash Meyer, R.
(triple base) nitroguanidine desired Explosivos. 4th
(picrate) ed. p. 139,
248–249. 1993.
–AND--
http://www.
eugeneleeslover.
com/USNAVY/
CHAPTER-2- I .
html
MSDS sheets
Pyrodex Potassium nitrate, Black Propellant Granular >3000 (>914) None Yes Good Black powder
and others substitute Manufactured
four types by Hodgdon
available Powder
Company

Amorphous Koehler, J. and


Primary DDNP Dinol, diazol C5H2N5O; Red-yellow Priming Pressed 21,700 (6600) Unknown Yes Good
explosivos (diazodi- (German) (empirical) to brown charges; confined powder Meyer, R.
nitrophenol) initiator Explosivos. 4th
ed. p. 96–97.
1993.
HMTD C5H1,N,O,, White Initiator Pressed 15,000 (4600) Mostmetals Yes Poor Low thermal Koehler, J. and
(hexamethyl- (empirical) powder improvised stability; Meyer, R.
enetriper- explosivo sensitive to Explosivos. 4th
oxide impact, ed. p.181. 1993.
diamine) atrito, and
faíscas
Lead azide Pb(N,), Cream Initiator Pressed 17,400 (5300) Copper, Low Good Decomposed Koehler, J. and
colored to confined zinc, by Meyer, R.
buff metal atmospheric Explosivos. 4th
alloys CO, ed. pp. 212–213.
1993.
Lead styphnate Lead trinitro- C5H5N5O5Pb Orange- Initiator Pressed 17,000 (5200) None Low Good Sensitive to Koehler, J. and
resorcinate (empirical) yellow to confined static Meyer, R.
dark charges Explosivos. 4th
brown ed. pp. 217–218.
1993.

399
Tabela de Produtos Explosivos (Continuação)

Rate of
Detonation Reaction Stability
Type/ Other Formula or Method of [ft/sec with Hygro- in Information
Category Explosivo Name(s) Composition Color Use Loading (m/sec)] Metals scopic Storage Remarks Source(s)

Mercury Fulminate of C2N,O,Hg White to Initiator Pressed 16,400 (5000) Aluminum, No Good if kept Sensitive to Koehler, J. and
fulminate mercury brown- brass, cool shock, Meyer, R.
gray bronze, impact, and Explosivos. 4tl
copper, atrito ed. pp. 228-L
magnes- when dry 1993; http://
ium, zinc www.powerlal
org/chemlabsi
fulminate.htn
TATP C5H18O6; acetone, White Improvised 17,400 (5300) Poorly Data sheet
Poured loose Yes Sublimes Sensitive to
(triacetone hydrogen crystalline explosivo impact,
triperoxide) peroxide, atrito, and
mineral acid faíscas

Secondary Amatol Ammonium Yellow to Main charge Pressed 21,100 (6400) Yes No Widely Koehler, J. and
explosivos nitrate, dark varying com- Meyer, R.
trinitrotoluene brown positions; Explosivos.4tl
(TNT) shock ed. p. 7. 1993.
sensitive
Ammonal Ammonium Gray Projectiles Compressible 17,700 (5400) No Koehler, J. and
nitrate, or pourable Meyer, R.
aluminum Explosivos. 4t1
powder ed. p. 7. 1993.
Ammonium Andex Ammonium Pink Blasting Poured loose; 8000-15,000 Reacts Very Good if kept Nondetonator Koehler, J. and
nitrate and (German); nitrate, óleo bulk (2400-4600) poorly dry and sensitive Meyer, R.
óleo combustível,
anobel (U.K.); aluminum with zinc indoors Explosivos. 4t1
combustível
(ANFO) anolit powder and ed. pp. 15-16,
(Norway); copper 50, 210. 1993.
carbamite
(USA); lambrit
(Austria);
austinite;
iremix; pellite;
anfomet;
sulfamax;
pakamex

400
Tabela de Produtos Explosivos (Continuação))

Composition B Hexolite; hexotol Cyclonite (RDX), Light Main charge Cast 25,600 (7800) None No Good Koehler, J. and
TNT, and wax yellow to in military Meyer, R.
brown ordnance Explosivos.4t1
ed. p. 63. 199:
Composition Plastic explosivo; RDX, plasticizer Yellow to Demolition Hand pack 25,000 (7600) None No Good No longer Koehler, J. and
C-3 plastite brown produced Meyer, R.
preceded Explosivos.4t1
C-4 ed. p. 64. 199:
Composition Plastic explosivo; RDX, motor oil, White Demolition; Pressed; hand 26,400 (8050) None No Good U.S. military Koehler, J. and
C-4 harrisite diethylhexyl- Main pack demolition Meyer, R.
sehacate, charge explosivo Explosivos. 40
polyisobutylene also ed. p. 64. 199
binder available
from
commercial
sources

Detasheet PETN, Red/ orange Demolition Shaped as 22,300 (6800) None No Good
nitrocellulose, (comm- desired
elastomeric ercial);
binder olive drab
(military)
Dinamite Apcogel; red Nitroglycerine Dark brown Sensitive to http://
Main charge; Pressed; stick 5900 — over Metal No Degrades
diamond; (NG), impact, encyclopedia
blasting, form (plastic 20,000 powders over time
unimax; diatomaceous booster, or wax- (1800-over atrito, and lockergnome
iredyne; irecoal; earth, ethylene demolition coated paper 6100) shock com/s/b/
petrogel; glycol dinitrate tubes) Dinamite
powderditch; (EGDN), -AND-
dynashear; ammonium http://users.
giant gel; helix nitrate, salt, skynet.be/
PNG 80 sulfur, sodium jeeper/
nitrate page58.html

401
Tabela de Produtos Explosivos (Continuação)

Rate of
Detonation Reaction Stability
Type/ )ft/sec with in
Other Formula or Method of Hygro- Information
Category (m/sec)) Metals Storage
Explosivo Name(s) Composition Color Use Loading scopic Remarks Source(s)

Emulsion Hydromite; Ammonium White to Main charge Stick form 12,000– None Yes One-year Less Data sheet
emulex; nitrate, sodium gray blasting (heavy duty 19,000 shelf life sensititive –AND
emutrench; nitrate, water, demolition plastic bag or (3650–5800) than http://www.
coalmex 14E; microspheres, paper tubes); dinamite to mme.state.va.
blastex; oil, wax, EGDN, bulk impact, us/Dmm/Forms
powdermite; emulsifier, atrito, and %201ndex!
apex; tovan aluminum shock Regular%2OFor
ultimate; powder ms/Surface%20
EMGEL series; Blaster's%20
HEF series; Certification%
seisprime; dyno 20Study%20
Guide.doc
Explosivo "D" Ammonium C5H5N,O, Red to Main charge Pressed 23,500 (7150) Corrodes Yes Poor Koehler, J. and
picrate (empirical) yellow in military metals; Meyer, R.
ordnance can form Explosivos. 4th
explosivo ed. p. 14. 1993.
salts –AND
http://www.
cugeneleeslover.
com/USNAVY/
CHAPTER-2-
2.html

HMX Homocyclonite; C,HSN808 Colorless Main charge Pressed 29,800 (9100) No Good Byproduct of Koehler, J. and
octogen (empirical) crystals detonating confined the Meyer, R.
cord manufacture Explosivos. 4th
ingredient of RDX ed. p.189,
in 257–258. 1993.
explosivos

402
Tabela de Produtos Explosivos (Continuação)

Nitrocellulose NC; guncotton; C1SH„NCO2. White fibers Ingredient Pressed 23,900 (7300) None Yes Very sensitive Koehler, J. and
nitrocotton; (empirical) in: expio- to impact, Meyer, R.
pryoxylin; sives, atrito, Explosivos. 4th
pyrocellulose propell- heat, and ed. pp. 240–242.
ants, faíscas when 1993.
smokeless dry;
powder relatively
unstable
Nitroglycerin NG; glycerol C,H,N,Os Clear to Ingredient Directly to the 26,000 (7600) Yes No Good Very sensitive Koehler, J. and
trinitrate; (empirical) amber oil in: product confined to impact Meyer, R.
blasting oil; explosivos, (explosivos, and atrito, Explosivos. 4th
"nitro" propell- double- deteriorates ed. p. 243–246.
ants, based to become 1993.
dinamite powders, more
etc.) sensitive and
unstable
Nitrostarch Starch nitrate; C5H,N,Og White to Ingredient in Pressed 16,00)) (4900) Yes Poor Basis for Koehler, J. and
grenite (empirical) pale explosivos "headache- Meyer, R.
yellow free" Explosivos. 4th
powder explosivos ed. p. 253. 1993.
PE-4 Plastic explosivo RDX, plasticizer White Main charge Pressed; hand 27,000 (8200) None No Good British Koehler, J. and
4 demolition pack military Meyer, R.
demolition Explosivos. 4th
explosivo ed. pp. 263,
276–277. 1993.
PE-4A Plastic explosivo RDX ou PETN White Main charge Pressed; hand 22,965 (7000) None No Good Made in
plasticizer demolition pack Portugal;
common in
Iraq
Pentolite 50/50: 't NT, PETN White to Main charge; Poured; cast 24,300 (7400) Corrodes No Poor Koehler, J. and
yellow booster; most Meyer, R.
demolition common Explosivos. 4th
metals ed. p. 265. 1993.
PETN (penta- Penthrite; C5H5N5O12 Colorless to Blasting Pressed 27,600 (8400) Slight No Good High brisance Koehler, J. and
erythrite nitropenta (empirical) white caps; confined corrosion Meyer, R.
tetranitrate) crystals detonating with brass Explosivos. 4th
cord; ed. pp. 271–273.
boosters; 1993.
ingredient
in
explosivos

403
Tabela de Produtos Explosivos (Continuação)

Rate of
Detonation Reaction Stability
ft/sec with in Information
Type/ Other Formula or Method of Hygro-
(m/sec)) Metals Storage Source(s)
Category Explosivo Name(s) Composition Color Use Loading scopic Remarks

C,H,N,O6 White; may Blasting Pressed 28,700 (8750) None No Good High Koehler, J. and
RDX Cyclonite;
hexogen (empirical) be dyed caps; confined brisance; Meyer, R.
pink detonating different Explosivos. 4th
cord; methods of ed. pp. 70–73,
boosters; production 296. 1993.
ingredient
in
explosivos
Blasting; Good Czecho- Koehler, J. and
Semtex IA PETN, plasticizer Rouge Pressed; hand 24,000 (7300) None No
demolition; pack slovakian Meyer, R.
main trade name Explosivos. 4th
charge ed. p. 308. 1993.
Semtex H RDX, PETN, Orange Blasting; Pressed; hand 24,300 (7400) None No Good Czecho- Koehler, J. and
plasticizer demolition; pack slovakian Meyer, R.
main trade name Explosivos. 4th
charge ed. p. 308. 1993.
lètryl Tetralite; C5H,N,O5 Pale Yellow Booster; Pressed 24,800 (7570) None No Good 70% Bullet Koehler, J. and
pyronite (empirical) ingredient confined impact Meyer, R.
in sensitive Explosivos. 4th
explosivos ed. pp. 345–346.
1993.
70/30: lètryl, TNT Light Booster; Cast 24,100 (7350) Corrodes No Good 30% Bullet Koehler, J. and
Tetrytol Tetratol
yellow demolition most impact Meyer, R.
common sensitive Explosivos. 4th
metals ed. p. 346. 1993.
Trinitrotoluene; C5H;N,OF Light Main charge; Pressed; cast 22,600 (6900) None No Good Important Koehler, J. and
TNT
triton; tritol; (empirical) yellow to booster; confined component Meyer, R.
trinol brown demolition of industrial Explosivos. 4th
ingredient explosivos ed. pp. 371–373.
In Explosivos 1993.

404
Tabela de Produtos Explosivos (Continuação)

Torpex 'FPX; HBX-3 RDX, TNT, Silver-white Mines;depth Cast 24,900 (7600) None No Good Bullet impact Koehler, I. and
aluminum charges; confined sensitive Meyer, R.
torpedos; Explosivos. 4th
boosters ed. p. 374. 1993.
--AND– Hopler,
R., Ed. Blasters'
Handbook. 17th
ed. p. 108. 1998.

Tritonal Aluminum, TNT Silver Main charge Cast 22,200 (6770) None No Good Koehler, J. and
Meyer, R.
Explosivos. 4th
ed. p. 395. 1993.
--AND--
http://mihailru.
freeservers.com/
shopping–page.
html
Data sheet
Watergel/ Hydromite; Ammonium Gray to Main charge; Stick form 14,000– None Yes One year Less sensitive
Slurry slurmex; nitrate, sodium brown demolition; (heavy duty 22,000 shelf life than –AND
hlastgel; nitrate, Al blasting plastic bag or (4300–6700) dinamite to http://www.
dynogel; HD powder, tubes); bulk impact, mme.state.va.
phis; minerite; smokeless atrito, and us/Dmm/Forms
aquamex; powder, water, shock %201ndex/
hydromex; hexamine, guar Regular%20
slurran;detagel; gum (cross- Forms/Surface
gelfrac; linking agent) %200laster's%
powermex 20Certification
%20Study%20
Guide.doc

Binary/two HELIX Aluminum Gray paste; Blasting; One part 18,000– Lead; No (in Good in Available in MSDS sheets
part powder with clear to booster; liquid, one 20,000 copper; pack- packaging rigid plastic manufactured
explosivo other materials lightgreen rock buster part solid (5500–6100) metal aging); cartridges by Omni
liquid demolition oxides yes and plastic- Distribution,
(out of coated Explosivos
pack- aluminum Products
aging) foil packages Division

405
Rate of
Detonation Reaction Stability
Type/ Other Formula or [ft/sec
Category Method of with Hygro- in
Explosivo Name(s) Composition Color (n1/sec)] Information
Use Loading Metals scopic Storage
Remarks Source(s)
Kinepak Ammonium Gray/ white Blasting; One part 20,700 (6300) Metal No (in
kinepack Good in Contains no MSDS sheets
nitrate and other prills; booster; liquid, one powder; pack- packaging NG;
materials clear rock buster part solid copper; aging); available in
liquid bronze yes rigid plastic
(out of cartridges
pack- and plastic-
aging) coated
aluminum
foil packages

406
Anexo B
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Parte I

U.S.
Nome Foreign Names de Explosivos — PartNomes
and Americano I Estrangeiros

Amatol Fiillpulver (Germany)


Amatola (Spain)
Nitrato de amônio Amatolo (Italy)selitra, ammoniinaya selitra, azotnokislyi
Ammiachnaya
Shôtoyaku (Japan)
ammoni (Russia)
Nitramita espanolaAM
Ammoniumnitrat, (Spain)
(Germany and Sweden),
NT (France)
ammoniumsaltpeter, amrnonsaltpeter (Germany)
Nitrate d'ammoniaque (Belgium and France)
Hsiao hsuan an (China)
Ammoniumnitrâ, ammonsalétrom (Hungary)
Nitrato ammonico, nitrato d'ammonio (Italy)
Ammonum shosanen (Japan)
Saletra amonowa (Poland))
Nitrato amônico (Spain)
Ammonnitrat (Switzerland)

Ammonite Ammonit (Germany and Russia)


Amonita (Spain)

Nitrato de amônio Ammondynarnit (Germany)


dinamite
Ammonal Ammon dinamite
Alumatol, (Italy)
burrowite, minol, Nobel's 704 (Great Britain)
Ammonpulver (Germany)
Ammoniâs robbano-anyag (Hungary)
Ammonium picrate, Nitramite,ammonium
Dunnite, avigliana 3,trinitrophenolate
toluol-ammonal(Great
(Italy)Britain)
explosivo D Ammonaru (Japan)
Amonal (Spain)
Picrate d'ammonique (France)
Ammoniumpikrat (Germany)

407
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part I (Continuação)

Nome Americano Nomes Estrangeiros


Dunnit robbanôanyag (Hungary)
Picrato ammonico, picrato d'ammonio (Italy) Picrato
Amônico (Spain)
Pikurinsan ammonia (Japan)
Pikrat ammonia, pikrinovokislyi ammonii (Russia)
Black powder Poudre noire (Belgium, France)
Schwarzpulver (Germany)
Fekete 1*por (Hungary)
Polvere nera, polvere da fuoco (Italy)
Kokoshokuyaku, yuenyaku (Japan)
Ch*rnyi porokh, dymnyi porokh (Russia)
Svartkrut (Sweden)
Amidogène, schwarzpulver (Switzerland)
Polvere negra (Spain)
Dinamite gomme (France)
Blasting gelatin (dinamite)
Sprenggelatine (Germany)
Robbanô-zselatin (Hungary)
Gelatina esplodente, gelatina gomma (Italy)
Bakuhatsu-sei zeratin, matsu, sakura No 1 and No. 2
(Japan)
Gremuchii student (Russia)
Dinamita goma, Goma (Spain)
Spranggelatin (Sweden)
Spezialsprenggelatine (Switzerland)
Yonckite (Belgium)
Cheddite
Explosif O, explosif du type OC, explosif P, explosif street,
kaipinite, poudre verte (France)
Alkalsit, chloratit, chloratsprengstoffe, leonite, miedziankit,
perchloratit, perchloratsprengstoffe (Germany)
Cremonite, esplosivo P, esplosivo S, esplosivo speciale,
polvere cannel, plovere verde, romite (Italy)
Entoyaku (Japan)
Shedit, almatrit No. 19 (Russia)
Cheddita, explosivo cloratado (Spain)
Blastin, territ (Sweden)
Pierrit (Switzerland)
Hexogène/cire d'abeille (France)
Composition A
Fullpulver Nrs 91-H5, H-10, and H-10.3 (Germany)
Angayaku (Japan)
Flegmatizirovannyi gheksoghen (Russia)
Composition B Chauyaku, nigotanôyaku (Japan)
Cyclotol Hexolite, HT (France)
Tritolite (Italy)
Composition C Plastex, PE, exôgeno plastico (Spain)
Dinamite Dianamaito (Japan)
Dinamit (Russia)
Dinamita (Spain)

408
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part I (Continuação)

Nome Americano Nomes Estrangeiros


Dinamite (Italy)
HMX Octogène (France)
Octogene (Germany)
Oktoghen (Russia)
Lead azide Azido de plomo, plumbazida (Spain)
Azide de plomb, azoture de plomb (France)
Azid svintsa (Russia)
Acido di piombo, azotidrato di piombo, azotidruro di
piombo (Italy)
Azoture de plomb (Belgium)
Bleiazid (Germany, Switzerland)
Blyazid, blyacid (Sweden)
Chikkaen, chikka namari (Japan)
Nitrure de plomb (Belgium, France)
Nitruro de Plomo, Plumbazida (Spain)
Bleipikrat (Germany)
Lead picrate
Lead styphnate Bleistypnat, bleitrinitroresorcinat (Germany, Switzerland),
blystyfnat, blytrinitroresorcinat (Sweden)
Trinitrorésorcinate de plomb (Belgium, France)
Styphnate de plomb (France)
Stifnato di piombo, trinitroresorsinat svintsa (Russia)
Tricinato, triginato, trinitroresorcinato de plomo (Spain)
Trinitroresorcinato di plombo (Italy)
Mercury fulminate Fulminate de mercure (Belgium, France)
Fulminato de mercurio (Spain)
Fulminato di mercurio
Coton-poudre (France) (Italy)
Ful'minat
Menkayaku rtuti, gremuchaya rtut (Russia)
(Japan)
Knallkvicksilver
Nitrocellulosa (Sweden)
(Italy, Sweden)
Knallquecksilber
Nitrocotone (Italy)(Germany, Switzerland)
Higanyfulminât, nitrotselulosa
Nitrokletchatka, durranôhignay(Russia)
(Hungary)
Nitroglycerin Raikô, raisan suigin
Nitoroguriserin (Japan)
(Japan)
Nitrocellulose Colodio, piroxilina, nitrocelulosa (Spain)
Olio esplosivo, trinitroglicerina (Italy)
Nitroglicerina (Italy, Spain)
Aceito explosivo (Spain)
Nitroglitserin (Russia)
Nitroglycerine (Belgium, France)
Sprengol (Germany)
Nitroglicerin, robbanô-ola (Hungary)
Nitroglyzerin (Switzerland)
Nitroguanidine Nitrate de guanidine (France)

409
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part I (Continuação)

Nome Americano Nomes Estrangeiros


Nitroguanidin (Germany)
Nitroguanidina (Italy)
Pentolite Fiillpulver No. 42, pentritol (German)
Pentritolo, pentrol (Italy)
Pentoriru (Japan)
Pentolita, pentritol (Spain)
Pentro, pentryl (Switzerland)
PETN Nitropenta (Spain, Germany)
Nitropentaerythrit, pentrit (Germany, Switzerland)
Nitropentaeritrita (Spain)
Penthrite (Belgium, France)
Pentrite, tetranitrato di pentaeritrite (Italy)
Petn Pentyl (Sweden)
Shoeiyaku (Japan)
TEN, Tetraeritrit nitrat (Russia)
Picric acid Bitters*ure, granatfiillung 88, fiillpulver No. 2, No. 5, and
No. 24 (Germany)
Melinita, pertite, trinitrofenolo, acido picrico (Italy)
Mélinite, trinitrophénol, acide picrique (France)
Ôshokuyaku, shimose, shimosc bakuyaku, pikurinsan
(Japan)
Lyddite (Great Britain)
Pikrinsav, trinitrophenol (Hungary)
Melinit, pikrinovaya kislota (Russia)
Acido de pícrico, picrinita, (Spain)
Trinotrofenol (Russia, Spain)
Pikrinsyra (Sweden)
Pikrinsaure (Germany, Switzerland)
Ciclonita, exôgeno, T4 (Spain)
RDX
Cyclonite Gheksoghen Exogene, T4, trimetilentrinitroammina (Italy)
(Russia)
Hexogene (Belgium, France)
E-Salz, K-Salz, KA-Salz, SH-Sa1z, W-Salz (Germany)
Shouyaku, tanayaku (Japan)
Hexogen (Germany, Sweden, Switzerland)
Silver azide Azotidrato d'Argento, azotidrudo d'Argento (Italy)

Acido de Plato (Spain)


Smokeless powder Muenkayaku (Japan)

Tetryl Sanshôki mechiru nitoroamin (Japan)


TNT Chakatsuyaku, sanshôki toruôru, type 92 (Japan)
Trotyl (Belgium, France, Germany, Great Britain, Italy,
Sweden, Switzerland)
Trinitrotoluol (German, Switzerland)
Tolite (France, Italy)
Trinolo (Italy)
Trilit (Hungary)
Tritolo (Hungary, Italy)

410
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part I (Continuação)
Nome Americano Nomes Estrangeiros

Trotil (Hungary, Russia)


Toi (Russia)
Trilite, trinitrotolueno, trinitrotoluolo, trinolo (Italy)
Trilita, trinitrotolueno, trotilo (Spain)
Torpex Hexotonal (Sweden)
Tritolital (Germany, Italy, Spain)
Urea nitrate Nitrate d'Urée (France)
Note: Words with character accents may be seen em print without the accents, which may make
positive identification difficult.

Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part II

Nome Estangeiro País Nome Americano


Aceito explosivo Spain Nitroglycerin
Acide picrique France Picric acid
Acido di piombo Italy Lead azide
Acido de plato Spain Silver azide
Acido de plomo Spain Lead azide
Acido picrico Italy Picric acid
Acido de picrico Spain Picric acid
Alkalsit Germany Cheddite
Almatrit No. 19 Russia Cheddite
Alumatol Great Britain Ammonal
AM Germany Nitrato de amônio
Amatola Spain Amatol
Amatolo Italy Amatol
Amidogène Switzerland Black powder
Amonal Spain Ammonal
Ammiachnaya selitra Russia Nitrato de amônio
Ammonaru Japan Ammonal
Ammon dinamite Italy Nitrato de amônio dinamite
Ammonias robbano-anyag Hungary Ammonal
Ammoniinaya Selitra Russia Nitrato de amônio
Ammonit Germany, Russia Ammonit
Ammoniumnitrâ Hungary Nitrato de amônio
Ammoniumnitrat Germany, Sweden Nitrato de amônio
Ammoniumpikrat Germany Explosivo D, ammonium picrate
Ammonium trinitrophenolate Great Britain Explosivo D, ammonium picrate
Ammondynamit Germany Nitrato de amônio dinamite
Ammoniumsaltpeter Germany Nitrato de amônio
Ammonnitrat Switzerland Nitrato de amônio
Ammonpiilver Germany Ammonal
Ammonsalétrom Hungary Nitrato de amônio
Ammonsaltpeter Germany Nitrato de amônio
Ammonum Shosanen Japan Nitrato de amônio
Amonita Spain Ammonite

411
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part II (Continuação)

Nome Estangeiro País Nome Americano

Angayaku Japan Composition A


Avigliana 3 Italy Ammonal
Azida de plomo Spain Lead azide
Azide de plomb France Lead azide
Azid svintsa Russia Lead azide
Azotidrato di piombo Italy Lead azide
Azotnokislyi ammonii Russia Nitrato de amônio
Azoture de plomb Belgium, France Lead azide
Bakuhatsu-sei zeratin Japan Blasting gelatine dinamite
-Bitters*ure Germany Picric acid
Blastin Sweden Cheddite
Bleiazid Germany, Lead azide
Switzerland
B Ieipikrat Germany Lead picrate
B leistypnat Germany, Lead styphnate
Switzerland
B leitrini troresorcinat Germany, Lead styphnate
Switzerland
Blyacid Sweden Lead azide
Blyazid Sweden Lead azide
Blystyfnat Sweden Lead styphnate
B lytrinitroresorcinat Sweden Lead styphnate
B urrowite Great Britain Ammonal
Chauyaku Japan Composition B, cyclotol
Cheddita Spain Cheddite
Chikkaen Japan Lead azide
Chikka namari Japan Lead azide
Chloratit Germany Cheddite
Chloratsprengstoffe Germany Cheddite
Chdrnyi porokh Russia Black powder
Ciclonita Spain RDX
Colodio Spain Nitrocellulose
Coton-poudre France Nitrocellulose
Cremonite Italy Cheddite
Dinamaito Japan Dinamite
Dinamit Russia Dinamite
Dinamita Spain Dinamite
Dinamita goma Spain Blasting gelatine dinamite
Dinamite Italy Dinamite
Dunnite Great Britain Explosivo D, ammonium picrate
Dunnit robbanôanyag Hungary Explosivo D, ammonium picrate
Durranôhignay Hungary Mercury fulminate
Dymnyi porokh Russia Black powder
Dinamite gomme France Blasting gelatine dinamite
Entoyaku Japan Cheddite
E-Salz Germany RDX
Esplosivo P Italy Cheddite

412
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part II (Continuação)

Nome Estangeiro País Nome Americano


Esplosivo S Italy Cheddite
Esplosivo speciale Italy Cheddite
Exogene Italy RDX
Exôgeno Spain RDX
Exôgeno plastico Spain Composition C
Explosif du type OC France Cheddite
Explosif O France Cheddite
Explosif P France Cheddite
Explosif street France Cheddite
Explosivo cloratado Spain Cheddite
Fekete ldpor Hungary Black powder
Flegmatizirovannyi Russia Composition A
gheksoghen
Fiillpulver Germany Amatol
Fiillpulver no. 2 Germany Picric acid
Fiillpulver no. 5 Germany Picric acid
Fiillpulver no. 24 Germany Picric acid
Fiillpulver no. 42 Germany Pentolite
Fiillpulver nrs 91-H5 Germany Composition A
Fiillpulver nrs 91-H10 Germany Composition A
Ftillpulver nrs 91-H10.3 Germany Composition A
Fil'minat rtuti Russia Mercury fulminate
Fulminate de mercure Belgium, France Mercury fulminate
Fulminato de mercurio Spain Mercury fulminate
Fulminato di mercurio Spain Mercury fulminate
Gelatina esplodente Italy Blasting gelatine dinamite
Gelatina gomma Italy Blasting gelatine dinamite
Gheksoghen Russia Cyclonite
Goma Spain Blasting gelatine dinamite
Granatfiillung 88 Germany Picric acid
Gremuchaya rtut Russia Mercury fulminate
Gremuchii studen' Russia Blasting gelatine dinamite
Hexogen Germany, Sweden, RDX
Switzerland
Hexogène/cire d'abeille France Composition A
Hexogène Belgium, France RDX
Hexolite France Composition B, Cyclotol
Higanyfulminât Hungary Mercury fulminate
Hsiao Hsuan An China Nitrato de amônio
HT France Composition B, Cyclotol
Kaipinite France Cheddite
Knallkvicksilver Sweden Mercury fulminate
Knallquecksilber Germany, Mercury fulminate
Switzerland
Kokoshokuyaku Japan Black powder
K-Salz Germany RDX
KA-Salz Germany RDX

413
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part II (Continuação)

Nome Estangeiro País Nome Americano

Leonite Germany Cheddite


Lyddite Great Britain Picric acid
Matsu Japan Blasting gelatine dinamite
Melinit Russia Picric acid
Melinita Italy Picric acid
Mélinite French Picric acid
Menkayaku Japan Nitrocellulose
Miedziankit Germany Cheddite
Minol Great Britain Ammonal
Nigotanôyaku Japan Composition B, Cyclotol
Nitoroguriserin Japan Nitroglycerin
Nitrate d'ammoniaque Belgium, France Nitrato de amônio
Nitrate de guanidine France Nitroguanidine
Nitramita Espanola Spain Amatol
Nitramite Italy Ammonal
Nitrato amônico Spain Nitrato de amônio
Nitrato ammonico Italy Nitrato de amônio
Nitrato d'ammonio Italy Nitrato de amônio
Nitrocelulosa Spain Nitrocellulose
Nitrocellulosa Italy, Sweden Nitrocellulose
Nitrocotone Italy Nitrocellulose
Nitroglicerin Hungary Nitroglycerin
Nitroglicerina Italy, Spain Nitroglycerin
Nitroglitserin Russia Nitroglycerin
Nitroglycerine Belgium, France Nitroglycerin
Nitroglyzerin Switzerland Nitroglycerin
Nitroguanidin Germany Nitroguanidine
Nitroguanidina Italy Nitroguanidine
Nitrokletchatka Russia Nitrocellulose
Nitropenta Spain, Germany PETN
Nitropentaeritrita Spain PETN
Nitropentaerythrit Germany, PETN
Switzerland
Nitrotselulosa Russia Nitrocellulose
Nitrure de plomb Belgium, France Lead azide
Nitruro de plomo Spain Lead azide
Nobel's 704 Great Britain Ammonal
NT France Amatol
Octogene France HMX
Octogene Germany HMX
Oktoghen Russia HMX
Olio esplosivo Italy Nitroglycerin
Oshokuyaku Japan Picric acid
PE Spain Spain
Penthrite Belgium, France PETN
Pentol Germany Pentolite
Pentolita Spain Pentolite

414
Nomes de Explosivos Americanos and Estrangeiros – Part II (Continuação)

Nome Estangeiro País Nome Americano


Pentoriru Japan Pentolite
Pentrit Germany, PETN
Switzerland
Pentrite Italy PETN
Pentritol Germany, Spain Pentolite
Pentritolo Italy Pentolite
Pentro Switzerland Pentolite
Pentrol Italy Pentolite
Pentryl Switzerland Pentolite
Pentyl Sweden PETN
Perchloratit Germany Cheddite
Perchlotatsprengstoffe Germany Cheddite
Pertite Italy Picric acid
Picrato amônico Spain Explosivo D, ammonium picrate
Picrato ammonico Italy Explosivo D, ammonium picrate
Picrato d' ammonio Italy Explosivo D, ammonium picrate
Picrate d' ammonique France Explosivo D, ammonium picrate
Picrinita Spain Picric acid
Pierrit Switzerland Cheddite
Pikrat ammonia Russia Explosivo D, ammonium picrate
Pikrinovokislyi ammonii Russia Explosivo D, ammonium picrate
Pikrinovaya kislota Russia Picric acid
Pikrinsaure Germany, Picric acid
Switzerland
Pikrinsav Hungary Picric acid
Pikrinsyra Sweden Picric acid
Pikurinsan Japan Picric acid
Pikurinsan ammonia Japan Explosivo D, Ammonium Picrate
Piroxilina Spain Nitrocellulose
Plastex Spain Composition C
Plumbazida Spain Lead azide
Polvere cannel Italy Cheddite
Polvere da fuoco Italy Black powder
Polvere negra Spain Black powder
Polvere Hera Italy Black powder
Polvere verde Italy Cheddite
Poudre noire Belgium, France Black powder
Poudre verte France Cheddite
Raikô Japan Mercury fulminate
Raisan suigin Japan Mercury fulminate
Robbanô-ola Hungary Nitroglycerin
Robban6-zselatin Hungary Blasting gelatine dinamite
Romite Italy Cheddite
Saletra amonowa Poland Nitrato de amônio
Schwarzpulver Germany Black powder
Schwarzpulver Switzerland Black powder
SH-Salz Germany RDX

415
U.S. and Foreign Names de Explosivos – Part II (Continued)

Nome Estangeiro País Nome Americano

Shedit Russia Cheddite


Shimose Japan Picric acid
Shimose bakuyaku Japan Picric acid
Shoeiyaku Japan PETN
Shôtoyaku Japan Amatol
Shouyaku Japan RDX
Svartkrut Sweden Black powder
Spezialsprenggelatine Switzerland Blasting gelatine dinamite
Spr*nggelatin Sweden Blasting gelatine dinamite
Sprengol Germany Nitroglycerin
Sprenggelatine Germany Blasting gelatine dinamite
Stifnato di piombo Russia Lead styphnate
Styphnate de plomb France Lead styphnate
T4 Italy, Spain RDX
Tanayaku Japan RDX
TEN Russia PETN
Tetraeritrit nitrat Russia PETN
Tetranitrato di pentaeritrite Italy PETN
Toluol-ammonal Italy Ammonal
Trimetilentrinitroammina Italy RDX
Trinitrofenol Russia, Spain Picric acid
Trinitrofenolo Italy Picric acid
Trinitroglicerina Italy Nitroglycerin
Trinitrophenol Hungary Picric acid
Trinitrophénol France Picric acid
Trinitrorésorcinate de plomb Belgium, France Lead styphnate
Trinitroresorcinato di plombo Italy Lead styphnate
Tritolite Italy Composition B, cyclotol
W-Salz Germany RDX
Yonckite Belgium Cheddite
Yuenyaku Japan Black powder

416
Anexo C

Access Control Log


Date:
Location:
Case Number:
Name Position/Title Time In Time Out

Remarks:

PAGE _____ OF _______

417
(Página em Branco)

418
Anexo D

ATF
Guidelines for the Prevention de
Contamination de Explosivos
Evidence
Bureau de Alcohol, Tobacco and Firearms
Forensic Science Laboratory

Sources de Contamination
Explosivos and explosivo residues on hands, tools, clothing,
and footwear can be carried away from:
The explosivos ou the firearms range
Bomb scenes and warrant scenes
Any location where bulk explosivos are present
To Prevent Contamination, Actual and Alleged
Package evidence to be tested for explosivo residue em
vapor tight containers (i.e. cans)
Wear disposable gloves
Wear clean clothing and boots or
Wear Tyvek suits and boot covers
Use new ou disposable tools or
Use decontaminated tools
Decontamination Procedures
Scrub tools with soap and water & rinse with alcohol
Scrub footwear with soap and water & inspect visually
Machine wash ou dry clean clothing
Special Situations
Exposure to bulk explosivos (e.g. Range, RSP‘s)
Following exposures to bulk explosivos, clothing,
footwear and tolls cannot be effectively
decontaminated.
Have two sets de gear, one designated for bulk
explosivo situations and a second for scenes.
Isolate contaminated gears.
If you have any questions regarding the proper decontamination
procedures call 1-888-ATF-LABS
Developed from a series de tests conducted em conjunction with the
Dipole Might Vehicle Bomb Research Program, a project funded by
the Technical Support Working Group (TSWG).

419
Boots Clothing Tools
Scene Type Use disposable
Hands Evidence
If possible
Decontamination Procedures
Post blast Scrub with Scrub with soap & Wear
-low explosivos soap & water; Machine wash water, then rinse disposable Collect evidence with
-pipe bombs Inspect visually or dryclean with alcohol gloves disposable gloves

Post blast Scrub with Wear


high soap &water; Machine wash Use disposable disposable Collect evidence with
explosivos Inspect visually or dry-clean tools if possible gloves disposable gloves

Contamination Prevention
Wear Scrub with soap & Wear
Search warrant Wearclean
clean Wear clean
water, then rinse disposable Collect evidence with
-low explosivos Boots clothing
with alcohol gloves disposable gloves & change
or or gloves with each exhibit.
Search warrant Wear Package em vapor tight
Use disposable disposable
– high Tyvek Suits tools if possible containers
Boot Covers gloves
explosivos

No Effective Decontaminations

Explosivos Wear Wear Use ―Range


range work designated designated decontaminated gloves‖ ou Never package bulk
-bulk explosivos ―range boots‖ ―range ―range tools‖ disposable explosibes with post-blast ou
- RSP‘s apparel‖ gloves warrant evidence

420
Anexo E

Personnel Resources for the Bomb Scene Investigation

Team Leader

Assume control and ensure safety de personnel and security do scene.

Conduct an initial walk-through, with a bomb technician for the purpose de making
a preliminary survey and assessment, evaluate potential evidence, prepare a
narrative description do scene, and determine search patterns to be used.

Designate crime-scene command post and establish ou evaluate perimeters.

Determine level de investigative response necessários and make team


assignments.

Ensure sufficient supplies and equipment are available for personnel.

Ensure exchange de information between scene personnel and field investigators.

Control access to the inner perimeter and ensure that everyone is logged into the
scene.

Continually reevaluate the efficiency do search.

Depending on the magnitude do scene, designate personnel to conduct interviews


de witnesses at the scene.

Ensure that all evidence is properly collected, documented, preserved, and


inventoried.

Release the scene after the final survey and inventory do evidence is completed.

Coordinate with overall command post and other law enforcement agencies and
ensure a cooperative spirit is maintained.

421
Photographer and Photographic Log Recorder

Photograph entire area before the scene investigation begins. Photograph victims,
crowd, and vehicles.
Photograph entire scene with overall, medium, and close-up coverage, using
measurement scale when appropriate.
Photograph major evidence items before they are moved; coordinate with sketch
preparer, evidence recorder, and recovery personnel. Photograph all latent
fingerprint and other impression evidence before lifting and casting is
accomplished.
Obtain ou photograph blueprints, maps, and previous photographs do scene
before the incident, as necessários.
Prepare photographic log and photographic sketch.

Sketch Preparer

Diagram immediate area do scene and orient sketch north.


Set forth on sketch major items de evidence, if any, and coordinate evidence
numbers with evidence recorder and recovery personnel. Indicate adjacent
buildings, rooms, apartments, and furniture as needed.
In cooperation with team leader and evidence searchers, designate, label, and
provide nomenclature de areas to be searched. Obtain appropriate assistance
for taking measurements.
From sketch made at scene, prepare "finished" sketch following completion de
scene investigation.

Evidence Recorder/Custodian

Prepare evidence recovery log.


Receive and record all evidence.
Prepare and maintain chain de custody.
Coordinate numbering and designate areas to be searched with sketch preparer.
Coordinate evidence collection with sketch preparer, photographer, and other
forensic specialists.

422
Maintain custody and control de evidence.
Keep team leader and evidence searchers advised do progress de evidence
collection and recovery de significant items.
Coordinate transmittal de evidence to evidence storage location, to the
investigator responsible for the overall investigation, and/or to the crime
laboratory, according to agency guidelines as appropriate.

Evidence Recovery Personnel

Locate items de possible evidence.


Have significant items de evidence photographed before being collected. Keep
team leader apprised de significant items de evidence when found. Document
the collection de evidence found by initialing the evidence container and turn it
over to evidence custodian.
Coordinate evidence collection location with evidence recorder and sketch
preparer.
Ensure that established safety measures are followed with regard to personnel
protective clothing/equipment.

Bomb Technician

Assist na initial walk-through for the overall assessment do scene. Assist em


determining the seat do explosão.
Provide a security assessment do scene for secondary devices, unconsumed
explosivos, and other hazardous materials.
Assist em determining the type de explosão and whether it was accidental ou
criminal em nature.
Provide a technical evaluation de recovered evidence.

423
(Página em Branco)

424
Anexo F

Supplies and Equipment Resources for the Bomb Scene Investigation


on
General Office-Type Supplies Safety Equipment

Magnifying glass Protective footwear


Directional compass Coveralls
Pencils and erasers Disposable coveralls
Colored pencils Surgical gloves
Pens Work gloves
Permanent markers Hard hats
Grease pencil markers Breathing/eye protection
Writing paper First aid kit
Stapler and staples Water coolers/hydrating materials
Transparent tape and dispenser Heavy clothing — rain gear
Clipboards Portable tent — cover
Labels
Scissors
Crime scene security tape
Laptop computer

Evidence Documentation, Collection and Packaging, Diagramming

Laptop computer
Camera and accessories (digital and film)
Small audio tape recorder and batteries
Evidence securing tape
Transparent, reinforced, duct and black plastic tapes
Permanent markers Pens and pencils
Lined and graph paper with clip boards
Various lengths de measuring rulers and photographic scales
Heavy-duty paper bags
Plastic, zip-top bags, various sizes from small to large
Biohazard, red plastic bags
Extra large, heavy-duty trash bags
Nylon, heat closeable bags Roll de wrapping paper Static-free bags
One-gallon size paint cans, lined and unlined

425
Supplies and Equipment Resources for the Bomb Scene Investigation
(Continued)

Evidence Documentation, Collection and Packaging, Diagramming (Continued)


Sifting screens
Trace evidence vacuum
Evidence labels
Metal wire flag and wooden stakes
Measuring tapes, 100-foot and 50-foot lengths Handheld and roller magnets
Scene and evidence documentation forms Residue collection kit
Crime scene security and survey tape
Drawing compass

Specialized Materials
Casting material for tool marks, footwear, and tire-tread impressions
Fingerprint processing Shoeprint casting forms Explosivos field test kit

Tools
Various types de shovels (long- and short-handled spade and flat-nose spade)
Metal and plastic rakes Brooms with dust pans Small, handheld brooms Garden hand
tools
Wheelbarrows
Various types de buckets and trash containers (5 to 40 gallons)
Ladders
Portable lights with extension cords and generator
Flashlights and lanterns with extra batteries
Various sizes de plastic tarps Basic tool kit containing:
Metal scribe, screwdriver set, adjustable wrench, wrench set, drywall knife, hammers,
small and large prybars, files, glass cutter, various types de gripping and wire cutting
pliers, pocketknife, tongs, tin snips, set de allen wrenches, hatchet, rubber mallet,
scalpels, chisels

Heavy Equipment for Logistic Support on the Scene


Bobcat-type front-end loader Crane
Large front-end loader
Backhoe
Vehicle transporters
Dump truck
426
Anexo G

427
Administrative Worksheet
PAGE______
DATE ______

Location Personnel Involved in


Case Identifier Search and Their
Preparer/Assistant Respective Duties
Time and Date de Arrival
Persons Present at the Scene at Time de Arrival

Person em Charge de Scene at Time de Arrival Preliminary Survey/Evidence Evaluation

Control de Scene Obtained from

Time and Date de Control Acquisition

Condition de Scene on Arrival Special Observations ou Conditions


(Secured/Unsecured)
Lighting Conditions
Weather Conditions
Elements de General Description

428
Administrative Worksheet (Continued)
PAGE
DATE
Crime Scene Conference (Notes and Observations) Crime Scene Investigation Completed Name
and Release de Scene Authorized Title
Date
Time
Crime Scene Released to Name
Title
Date
Time

Final Survey (Notes and Observations)

Administrative Log:

Time Pertinent Description/Information

429
(Página em Branco)

430
ANEXO H

Narrative Description

PAGE _____ OF _______

Location __________________________________________________
Date _____________________________________________________
Case _____________________________________________________
Preparer/Assistant __________________________________________
_________________________________________________________

431
(Página em Branco)

432
ANEXO I

433
Evidence Recovery Log
PAGE _____ OF _______

Location ________________________________________ Personnel _________________________________


Date ___________________________________________ _________________________________
Case ___________________________________________ _________________________________
Preparer/Assistant ________________________________ _________________________________
_______________________________________________ _________________________________

Marking
(Direct - D Packaging Miscellaneous
Item # Description Where Found Recovered By Photo Indirect - I) Method Comments

434
ANEXO J

435
Latent Print Lift Log

PAGE _____ OF _______

Location ________________________________________
Date ___________________________________________
Case ___________________________________________
Preparer/Assistant ________________________________
_______________________________________________

Miscellaneous
Lift # Date Lifted Lifted by Observed By Photo Source Comments

436
ANEXO K

437
Photographic Log

PAGE _____ OF _______

Location ________________________________________ Camera __ _________________________________


Date ___________________________________________ Remarks ___________________________________
Case ___________________________________________ __________________________________________
Preparer/Assistant ________________________________ __________________________________________
_______________________________________________ __________________________________________

Description of
Photographic Subject
Sketch
Photo # Use de Scale

438
ANEXO L

Diagram / Sketch Log

PAGE _____ OF _______

Location ________________________________________
Date ___________________________________________
Case ___________________________________________
Preparer/Assistant ________________________________
_______________________________________________

439
(Página em Branco)

440
ANEXO M

Explosivo Residue Swab Kit Instructions

This kit is for the collection de organic ou inorganic explosivo residue at a


post-blast crime scene ou search from items ou surfaces too large to submit to a
laboratory. The best areas to swab are smooth nonporous surfaces tais como metal,
glass, painted wood, stone, ou plastic. For post-blast crime scenes select surfaces
facing the explosão.

Step 1: Remove the kit from the sealed box. You should have the following
packages de sealed items:

Bag 1: Two pairs de nonpowdered latex gloves with alcohol wipe packets
attached.

Bag 2: One Tyvek jumpsuit (with booties and hood) and two pairs de
nonpowdered nitrile gloves.

Bag 3: One folded length de brown paper (with attached two-sided tape),
one ballpoint pen, and one black marking pen.

Bag 4: "Control swab supplies" — bottle labels, two disposable forceps,


zip-top bag, and lengths de evidence tape.

Bag 5: "Sampling bottles" — two packs/ten glass bottles each containing


one cotton swab, two disposable forceps, two zip-top bags for collected
samples, bottle labels, and lengths de evidence tape. Control swabs
may be taken from either ten pack as needed.

Bag 6: One 4-oz glass jar containing additional sterile cotton balls

441
Step 2: Remove all watches, rings, etc. Sharp edges
could puncture the nitrile gloves. If possible,
take off jackets and roll up your sleeves.
Proceed to clean your hands using the alcohol
wipes attached em Bag 1.

Step 3: Open Bag 1. Avoiding contact with any other


part de your body and/or clothing, put on the
nitrile gloves.

Step 4: Open Bag 2. Put on the white Tyvek jumpsuit over your
clothing. From Bag 2, put on the other pair de nitrile gloves.
Put the gloves on over the first pair ou replace the first pair
with the new gloves.

442
Step 5: Select a location to stage your swabbing
supplies to provide a clean work surface.
Ideally, it should not be too far away from
where you
will be taking your swab samples.

Open Bag 3. Remove the folded square de brown


paper and place it on a flat work surface.
Remove the sticky-side tape protectors.

Step 6: Open Bag 4. Take control swabs de yourself and the work surface using
the following procedures:

Select a vial with cotton swab from a ten-pack. Using


one pair de disposable forceps, remove a cotton ball
from a bottle. Rub this swab over your gloved hands,
abdominal area, and the sleeves de your Tyvek suit.
Place this cotton swab back na same bottle and screw
the cap on. Write the documentation on a label and
apply it to the bottle indicating "suit/glove control‖.
Using the black marking pen, mark the evidence tape.
Ensure your initials overlap the evidence tape. This is
now a control swab. Label should include: initials do
person swabbing, date, file number, ou site identifier.

Using the second pair de forceps, remove the cotton


swab from the second bottle. Rub this swab
over the brown paper work surface. Repeat the
bottle capping and label documentation
indicating "work surface control‖. Seal the bottle
with evidence tape as above. This is the second
control swab.

Additional control samples can be taken if deemed appropriate. One bottle may be
submitted as a control sample without opening it. Do not reuse these forceps
for actual sampling.

443
Step 7: Ensure each control swab bottle i; properly and
accurately labeled, ini. tialed, and then sealed with
evidencf tape. Warning: The evidence tape will bf
difficult to apply wearing gloves.

Step 8: Place all used control swab bottles into the


evidence zip-top bag. Complete the needed
documentation on the evidence label. Mark the
label as "control sample‖. Attach the label to
the evidence bag. Seal this bag with evidence
tape. Initial the evidence bag, overlapping the
evidence tape seal. Put this evidence bag
aside away from the sampling swabs bottles.

Step 9: Open Bag 5 and remove the rest do


contents. Open the smaller bag containing the
two forceps. Using one pair de forceps, open one bottle and remove the cotton
swab. With the cotton swab, firmly rub the suspect surface. A circular rubbing
motion is recommended. Return that cotton swab into the bottle, cap and seal
the bottle with evidence tape. Number and record the descriptive data on the
provided label as you did on the control sample bottle. An extra pair de forceps
is provided if needed. Additional sterile cotton swabs are em a separate jar
(Bag 6) should they be needed.

Repeat this process, bottle by bottle, cotton swab by cotton swab, for each
suspect surface. Complete each bottle before opening another. Record the
documentation on each bottle label. Seal and initial the evidence tape on
each.

Step 10: After swabbing the suspect surfaces, review each bottle to ensure it is
properly labeled, initialed, and sealed. Place the sampling bottles used em a
zip-top evidence bag. Complete the evidence label; attach it to the bag, and
then seal and initial the evidence tape.

444
Notes:

Do not use any do remaining items em this kit for evidence collection purposes.
They may be contaminated. Properly dispose de all remaining kit items.
Use a kit for each single explosão. Different explosivos could have been used
em multiple explosões.

445
(Página em Branco)

446
ANEXO N
Standard Military Ordnance Color Coding System

Type de Munition Body Markings Band

High explosivo, except 30 mm Olive drab Yellow None


High explosivo, 30 mm and below Yellow Black None
Explosivo binary Olive drab Yellow Broken yellow
High explosivo antitank (HEAT) Black Yellow None
Antipersonnel and antitank mines Olive drab Yellow Yellow triangles
Incendiary Illuminating Light red Black None
(a) Separate loading Olive drab White White
(b) Fixed ou semi-fixed White Black None
Practice
(a) With low explosivo to indicate Blue White Brown
functioning
(b) With high explosivo to indicate Blue White Yellow
functioning
(c) Without explosivo to indicate Blue White None
functioning
Smoke Munição
(a) Filled with other than white Light green Black None
phosphorus
(b) Filled with white phosphorus Light green Light red Yellow
Inert/training Bronze, gold, ou brass Black None
Chemical
(a) Riot control agent Gray Red Red
(b) Incapacitating agent Gray Violet Violet
(c) Toxic other than binary Gray Dark green Dark green
(d) Toxic binary nerve agent Gray Dark green Broken dark green
Exceptions:
Small arms munição
Blank munição
Cartridge cases
Propelling charges
Fuses
Pyrotechnic devices
Demolition materials

447
(Página em Branco)

448
ÍNDICE

A method de loading, 400


rate de detonation, 400

Adhesives, 159 stability em storage, 400

Alfred Murrah Federal Building, Oklahoma use, 400


City. See Bombing(s), Murrah Ammonium picrate. See Explosivo "D"
Federal Building (1995) ANFO. See Nitrato de amônio and óleo combustível
Alkaline battery, 149 (ANFO)
Amatol Anthrax, 289
color, 400 Antiarmor grenade, 360
composition, 400 Antipersonnel grenade, 357
foreign names, 407, 411, 413, 414, 416 Antipersonnel mines, 365, 366, 367
hygroscopicity, 400 Antitank grenade, 357, 360
information sources, 400 Antitank mines, 368–369
method em
stability de loading,
storage, 400
400
rate de detonation, 400
B
use, 400
Ammonal Backpacks and bags, 135, 142–143
color, 400 Battery
composition, 400 alkaline, 149
foreign names, 411, 412, 414, 416 carbon/zinc, 149
hygroscopicity, 400 components, 147
information sources, 400 dry cell, 147–150
method de loading, 400 electrolytes, 149
rate de detonation, 400 holders, 150–151, 153
stability em storage, 400 lithium, 149
use, 400 mercury, 149
Ammonite, 407, 411 nickel-cadmium, 149
Nitrato de amônio, 63—67, 407, 411, 413, silver-oxide, 149
414, 415 Binary chemical, 329
Nitrato de amônio and óleo combustível (ANFO), Binary explosivos, 61, 85, 87, 88, 118, 405,
76—78 447
color, 400 HELIX
composition, 400 color, 405
hygroscopicity, 400 composition, 405
information sources, 400 hygroscopicity, 405

449
information sources, 405 Blast pressure explosão, 31, 33–35
method de loading, 405 negative, 33–35
rate de detonation, 405 positive, 31, 33
stability em storage, 405 Blasting agents, 76, 408, 412, 413, 414, 415,
use, 405 416
Kinepak Blood-borne pathogens, 179
color, 406 Boiling-liquid expanding-vapor explosão
composition, 406 (BLEVE), 29, 198
hygroscopicity, 406 Bomb(s)
information sources, 406 Características, 335
method de loading, 406 components, 389
rate de detonation, 406 sources for, 269–271
stability em storage, 406 crime scene, 174 (See also Explosão
use, 406 scene)
Biological materials, 287–296 how to collect evidence, 251–260
bacterial, 289–290 how to find evidence, 240–251
anthrax, 289 grid search, 243–244
bubonic plague, 289–290 line ou strip search, 244–246
cholera, 289 organized search, 242–248
pneumonic plague, 289–290 sifting, 248–251
tularemia, 289–290 spiral search, 246–248
classification de microorganisms, swabbing, 241–242, 441–444
288–296 vacuuming, 251
rickettsial, 290 where to find evidence, 237–240
toxins, 294–296 crater, 237
botulism, 294 outside de immediate crime scene,
ricin, 295–296 240
staphylococcal enterotoxin B, 294 target, 237
T-2 mycotoxins, 294–295 victims, 239–240
viral, 290–294 witness materials, 238–239
Ebola, 293–294 dispenser, 336–338
smallpox, 291–293 gravity, 336
Venezuelan equine encephalitis, 293 guidance systems, 335, 336
viral hemorrhagic fevers, 293 laser-guided, 337
Black blasting powder, 50 low-drag gravity, 336
Black powder, 49–51 pipe
color, 398 with black powder main charge, 11
composition, 398 with detonator initiator, 12
foreign names, 408, 411, 412, 413, 415, with electric match initiator, 11
416 with smokeless powder main charge,
granulation sizes of, 51 11
hygroscopicity, 398 smart, 337
information sources, 398 target, 237
method de loading, 398 technician, 43, 44, 87, 97, 248, 423
rate de detonation, 398 interview, 259
sporting, 50 victims, 239–240
stability em storage, 398 Bomber(s)
types of, 49–50 motives, 265–266
use, 398 serial, 390
Blast fragmentation, 127–128 signature, 374, 390–393

450
Bombing(s). See also UNABOM C
investigation; VANPAC
investigation
Murrah Federal Building (1995), 27, 95, Cannon fuse, battery,
Carbon/zinc 100 149

236, 277, 312 Cell phones, 154, 158


aftermath, 176, 195 Centers for Disease Control and Prevention,
bomb construction, 128 321
bomb containers, 135, 142 Central Intelligence Agency (CIA), 307
diagramming scene, 225 Chapman-Jourget plane, 10
Cheddite, 408, 411, 412, 413, 414, 415, 416
explosivos, 8, 17, 96, 125 Chemical agents, 296-304
first investigative team, 203 blister, 300-303
first responders, 181 Lewisite, 302
role de CVIN em investigation of, nitrogen mustards, 302
144-145 phosgene oxime, 302-303
search grids, 243-244 sulfur mustard, 301-302
Pan American Flight 103 (1988), 27, 89, blood, 303-304
143, 153 choking, 303
blast hole within fuselage, 247 incapacitating, 296, 304
circuit board recovered from nerve, 298-300
wreckage following, 156 formulations of, 299
investigation, 205, 247 poisoning with, therapy for, 299
search area resulting from, 244 types of, 298
Pentagon (2001), 176, 267, 277 Chemical compound, 5
suicide, 166, 167 Chemical explosão, 29, 30
transit system, 176, 268 Chemical Weapons Convention Treaty, 297
U. S. Embassy, 125, 277 Chlorine, 303
World Trade Center (1993), 125, 144, 277 Cholera, 289
aftermath, 180 charge, 128
Claymore effects, 25

investigation Clocks, 157, 159, 369


problems associated with, 195 Closure plugs, 114
teams, 203 Clothing, 135, 144
triangulation in, 236 Composition A, 408, 412, 413
World Trade Center (2001), 125, 144, Composition B
267, 277 color, 401

Booby trap device, 165 composition, 401


Booster(s), 17, 84-87 foreign names, 408, 412, 413, 414, 416
cast, 85 hygroscopicity, 401
nitroglycerin based, 85 information sources, 401
slip on, 85, 86 method de loading, 401
types, 85 rate de detonation, 401
stability em storage, 401
Botulism toxins, 294 use, 401
use, 401
Briefcases and suitcases, 135 Composition C, 408–409, 413, 415
Brisance, 10 Composition C-3
Bubonic plague, 289–290 color, 401
Bureau de Alcohol, Tobacco, and Firearms, composition, 401
25, 419 hygroscopicity, 401
BZ, 304 information sources, 401

451
method de loading, 401 D
rate de detonation, 401
stability em storage, 401 Date-plant-shift code, 25

use, 401 Deflagration, 6

Composition C 4, 92-94 Deflagration-to-detonation transition


color, 92, 401 (DDT), 14
composition, 92, 401 Department de Energia, 320-321
Defense, 321

hygroscopicity, 401 Department de Health and Human Services,


information sources, 401 321
method de loading, 401 Detasheet, 88-89, 94
rate de detonation, 92, 401 color, 401
stability em storage, 401 composition, 401
use, 401 hygroscopicity, 401
Confidential vehicle identification number information sources, 401
(CVIN), 144 method de loading, 401
Conical charge, 20, 21, 22 rate de detonation, 401
Containers, 61, 132-145 stability em storage, 401
backpacks and bags, 135, 142-143 use, 401
briefcases and suitcases, 135 Detection precursor, 27
clothing, 135, 144 Deterrents, 55, 56
glass and plastic bottles and jars, 135 Detonating cord, 102, 103
metal and plastic cans and drums, 135, Detonation, 8, 9
141-142 405 399, 400, 401, 402, 403, 404,
rate of, 398,

military ordnance, 135, 142 Detonator(s), 12, 13-14, 105-107


paper, plastic, and metal boxes, 135, 137, delay, 115
138, 139 electric, 111-113, 114
pipes, tubes, and fittings, 135, 136-137, figure-eight fold, 111
139-140 shunt, 113
propane and CO, cylinders, 135, 140-141 electronic, 113
vehicles, 135, 144-145 exploding bridgewire, 114-116
Cordless phones, 154 shock tube, 108-110
Crater, 194, 237. See also Epicenter types of, 13-14
Crime scene. See also Explosão scene Diagramming, 222-237
investigation, 174 Cartesian grid system, 236
team identifying information for, 226-228
command post, 188 obtaining building blueprints before,
entering and exiting, 188 224 225

photographing, 215 222 triangulation method, 230, 236


digital, 215 use and purposes, 223
general guide for, 222 of vehicle explosão, 231
log for, 216 Diazodinitrophenol
color, 399 (DDNP), 63

sketch, 218, 422 formula, 399


specificity in, 219 hygroscopicity, 399
Crime scene search. See Crime scene, information sources, 399
investigation method de loading, 399
Cyclo-trimethylene trinitramine, 69 rate de detonation, 399
Cyclonite, 69, 413 stability em storage, 399

452
use, 399 Emulsion explosivos, 81–84
Dirty bomb, 278, 286 color, 402
DNA analysis, 374, 388, 390 composition, 402
Dry cell battery, 147–150 hygroscopicity, 402
Dud, 328 information sources, 402
Dyes, 55, 56, 57 method de loading, 402
Dinamite(s), 5, 8, 43, 69–75 rate de detonation, 402
ammonia, 71–72 stability em storage, 402
brisance and, 12 use, 402
color, 401 Energetics, 55
composition, 401 Evidence
detonator-sensibilidade, 16, 61 collecting, 251–260
extra, 71–72 contamination, prevention of, 419–420
extra gelatin, 72 locating, 240–251
foreign names, 412 grid search, 243—244
granular and gelatin permissible, 72–73 line ou strip search, 244–246
high-ammonia nitrate gelatin, 72 organized search, 242–248
historical perspectives, 46–48 sifting, 248–251
hygroscopicity, 401 spiral search, 246–248
information sources, 401 swabbing, 241–242, 441–444
ingredients, 70 vacuuming, 251
method de loading, 401 recorder/custodian, 204, 422–423
packaging, 73–75 recovery
rate de detonation, 401 log, 210, 212, 213, 223
semi-gelatin, 72 personnel, 204, 423
stability em storage, 401 sites for, 237–240
straight, 71 crater, 237
straight gelatin, 72 outside de immediate crime scene,
types, 71–73 240
use, 401 target, 237
victims, 239–240
witness materials, 238–239
E Evidence Response Team, 320
Exploding bridgewire detonator, 114–116

Ebola virus, 293–294 Explosão(s), 28–39

Electric detonator, 111—113, 114 blast pressure, 31, 33—35


closure plugs, 114 negative, 33–35
figure-eight fold, 111 positive, 31, 33
identification tags, 114 boiling-liquid expanding-vapor
shunt, 113 (BLEVE), 29, 198
Electric matches, 116–117 chemical, 29, 30
Electrical explosão, 29 effects, 29–38
Electrical wiring, 145–147 ancillary, 37–38
multistrand copper, 146 blast pressure from, 31, 33–35
recovery, 146–147 negative, 33–35
single-strand copper, 147 positive, 31, 33
speaker, 148 fragmentation, 35
telephone type, 148 incendiary, 36–37
Electrolytes, 149 reflection, 38
Electronic detonator, 113 shrapnel, 35

453
thermal, 36–37 narrative description, 212
electrical, 29 packaging method, 214
combustível gas ou vapor from pooled liquid, 199 photography, 215–222
mechanical, 29 photos, 214
nuclear, 29 entering, 206–209
types, 28–29 final survey, 260–261
velocity of, 6 hazards, 179
Explosão scene, 174. See also Bomb crime blood-borne pathogens, 179
scene HAZMAT, 179
considerations em assessment of, 186–206 metal-glass debris, 179
documentation procedures for secondary explosivo devices, 179
evidence collection, control, and structural integrity, 179
chains de custody, 191 utilities, 179
entry and exit paths for members of investigation, 39 (See also Scene
crime scene investigation team, investigation)
188 investigative Características, 198
establishment de command post release, 262–265
location, 188 documentation of, 262
evaluation and establishment de scene submission de evidence to laboratory,
parameters, 187 263–265
identification de possible evidence, thermal imaging, 184–185
191–193 Explosivo(s), 5–18, 398–406, 399–400
level de investigative assistance and accessories, 17
resources necessários, 190 accountability, 25–28
locating epicenter de explosão, additional Características, 20–25
193–203 binary, 61, 85, 87, 88, 118, 405, 447
personnel, supplies, and equipment HELIX, 87–88
resources, 203–206 color, 405
procedures for entering and exiting composition, 405
scene, 188 hygroscopicity, 405
procedures for prevention de scene information sources, 405
contamination, 191 method de loading, 405
safety for entry by members de crime rate de detonation, 405
scene investigation team, stability em storage, 405
189–190 use, 405
staging areas for members de crime Kinepak, 87–88
scene investigation team, 189 color, 406
whether search warrant ou permission composition, 406
to search is necessários, 190 hygroscopicity, 406
documentation, 210–237 information sources, 406
tools for method de loading, 406
access-control log, 210, 212 rate de detonation, 406
administrative worksheet, stability em storage, 406
210–212, 428–429 use, 406
diagramming, 222–237 black powder, 49–51
evidence recovery log, 212–214 color, 398
interview reports, 215 composition, 398
foreign names, 408 (See also Black
latent print log, 210, 214, 436
powder, foreign names)
markings, 214 granulation sizes of, 51
miscellaneous comments, 214

454
hygroscopicity, 398 platter charge, 23, 24, 128
information sources, 398 primary, 15-16, 62-63, 399-400
method de loading, 398 diazodinitrophenol, 63, 399
rate de detonation, 398 hexamethylenetriperoxide diamine,
sporting, 50 399
stability em storage, 398 lead azide, 399, 409, 412, 414, 415
types of, 49-50 lead styphnate, 399, 412, 416
use, 398 mercury fulminate, 62-63, 400, 409,
brisance, 10 412, 413, 415
classification and sensibilidade, 14-17 triacetone triperoxide, 400
claymore effects, 25 production code, 26
conical charge, 20, 21 scene (See Explosão scene)
date-plant-shift code, 25 secondary, 15-16, 62-63, 400-405
defined, 5 amatol, 400, 407, 411, 413, 414, 416
detection, 25-28 ammonal, 400, 411, 412, 414, 416
precursor, 27 ANFO, 76-78, 400
emulsion, 81-84 booster, 17 (See also Booster(s))
epicenter, 193-203 composition B, 401, 408, 412, 413,
defined, 193 414, 416
foreign, 88-91, 407-416 composition C-3, 401
high, 6, 7-8 composition C-4, 92-94, 401
Características of, 8 detasheet, 88-89, 94, 401
commercial, 60-78 dinamite, 69-75, 401, 412 (See also
primary, 61, 62-63 Dinamite)
secondary, 61, 63-78 emulsion, 81-84, 402
history of, 44-48 explosivo"D”, 402, 407-408, 411, 412,
improvised, 95-97 415
linear charge, 21-22 HMX, 8, 102, 402, 409, 414
lot numbers, 26 nitrocellulose, 55-56, 59, 403, 409,
low, 6-7, 48-60, 398-399 412, 414, 415
black powder, 49-51 nitroglycerin, 403, 409, 411, 414, 415
color, 398 (See also Nitroglycerin)
composition, 398 nitrostarch, 403
foreign names, 408 (See atso Black PE-4,91, 403
powder, foreign names) PE-4A, 89, 91, 403
granulation sizes of, 51 pentolite, 403, 410, 413, 414, 415, 416
hygroscopicity, 398 PETN, 8, 10, 61, 69, 403, 410, 414, 415
information sources, 398 (See also Pentaerythritol
method de loading, 398 tetranitrate)
rate de detonation, 398 RDX, 8, 61, 69, 404, 410, 412, 413,
sporting, 398 415, 416
stability em storage, 398 semtex lA, 89-90, 404
types of, 49-50 semtex H, 89-90, 404
use, 398 tetryl, 404, 410
Características of, 7 tetrytol, 404
containers, 61 TNT, 92-93, 404, 410-411
photoflash, 52-53 torpex, 405, 411
smokeless powder, 53-60, 398, 399, tritonal, 405
410 (See also Smokeless powder) types of, 6-14
performance, 17-18 sheet, 88

455
slurry, 79–80 Fuze
smokeless powder, 53–60 (See also base-detonating, 329
Smokeless powder) defined, 328–329
taggants, 27 impact, 329
U.S. military, 92—94 influence, 329
water-based, 79–84 point detonating, 329
water gel, 8, 26, 63, 79–82, 118, 405 point-initiating, 329
Explosivo "D" proximity, 329
color, 402 self-destruct mechanism, 329
foreign names, 407–408, 411, 412, 415 types of, 333
formula, 402 Fuzing systems, 162–167, 332–333. See also
hygroscopicity, 402 Fuze
information sources, 402 active, 164
method de loading, 402 armed, 163
rate de detonation, 402 armed and functioning, 163
stability em storage, 402 chemical, 163
use, 402 command, 164
Explosivo-incendiary devices, 128, 129 command-initiated, 166
Explosivo ordnance, 329 defined, 163
determination of, 169
electrical, 163

FFasteners, 161–162 mechanical, 163


positive safety, 163327, 332–333
military ordnance,

Federal Bureau de Investigation (FBI), 320 time-delay, 164


Federal Emergency
(FEMA),Management
320, 321 Agency

Field investigation, 174, 265–272 G


where to start, incident
explosivos 267—272databases, Graphites, 55, 56

271—272 Grenade(s). See also Military ordnance


first responders, 268–269 40 mm, 327, 341, 342
medical treatment facility, 268 antiarmor, 360
neighborhood, 267–268 antipersonnel, 357
sources for bomb components, antitank, 357, 360
269–271 casualty-producing, 361
victim/subject associates and fragmentation, 357
relatives, 269 incendiary, 362
Fingerprint analysis, 383—384 launcher, 354
Fireworks powders, 50 nonfunctioning training, 362
Firing trains, 18–20 offensive, 357
Fixed munitions, 329 practice, 362
Flash suppressants, 55 rifle, 341, 354–356
Fragmentation-shrapnel, 158–159, 161 riot-control, 362
Combustível gas ou vapor from pooled liquid rocket-propelled, 326, 334, 349
explosão, 199 smoke, 360–362
Fuse, See Safety Fuse stick, 358, 359
Fuse caps, 107–108 types, 357
Fuse lighter, 100–101 Guided missiles, 350–353

456
H basic components of, 125
blast fragmentation, 127–128
Hand grenades, 363. See also Grenade(s); booby trap, 165

Military ordnance claymore charge, 128


fragmentation, 359, 362 closed, 130
simulator, 363 combination, 130
smoke, 360 components, 131–162
training-type, 142, 359, 362 electrical, 145–155
Hazardous Materials Response Unit, 320 battery, 147–151
HAZMATs, 178, 179, 180 solder, 151
Heat signature, 182 switches, 151–155
HELIX, 87, 88, 405 wiring, 145–147
color, 405 sources for, 270
composition, 405 containers, 132–145
hygroscopicity, 405 backpacks and bags, 135, 142–143
information sources, 405 briefcases and suitcases, 135
method de loading, 405 clothing, 135, 144
rate de detonation, 405 glass and plastic bottles and jars, 135
stability em storage, 405 metal and plastic cans and drums,
use, 405 135, 141–142
Hexamethylenetriperoxide diamine military ordnance, 135, 142
color, 399 paper, plastic, and metal boxes, 135,
formula, 399 137, 138, 139
hygroscopicity, 399 pipes, tubes, and fittings, 135,
information sources, 399 136–137, 139–140
method de loading, 399 propane and CO, cylinders, 135,
rate de detonation, 399 140–141
stability em storage, 399 vehicles, 135, 144–145
use, 399 device reconstruction, 381–383
Hexogen, 69 DNA analysis, 388, 390
HMX, 8, 102 document examinations, 385–386
color, 402 electrical components, 145–155
foreign names, 409, 414 battery, 147–151
formula, 402 solder, 151
hygroscopicity, 402 switches, 151–155
information sources, 402 wiring, 145–147
method de loading, 402 explosivo-incendiary, 128, 129
rate de detonation, 402 explosivo residue analysis, 383
stability em storage, 402 factors affecting construction, 123–124
use, 402 fastener, 161–162
Hobby radio control systems, 154 fragmentation-shrapnel, 158–159, 161
fuzing systems, 162–167 (See atso Fuzing
systems)
incendiary, 128–129
initiators, 132 (See also Initiators)
I
Improvised explosivo devices (IEDs), 43, investigation de explosões with, 167–170
123–162, 326, 380–390 laboratory examination, 380–390
active, 163 device reconstruction, 381–383
adhesive, 159 DNA analysis, 388, 390
appearance, 129–131 document examinations, 385–386

457
explosivo residue analysis, 383 entering and exiting, 188
latent fingerprint analysis, 383—384 field, 174, 265—272
materials analysis, 384—385 where to start, 267—272
metallurgical examinations, 387—388 explosivos incident databases,
tool mark examination, 386—387 271—272
latent fingerprint analysis, 383—384 first responders, 268—269
materials analysis, 384—385 medical treatment facility, 268
metallurgical examinations, 387—388 neighborhood, 267—268
in multiple attacks, 181 sources for bomb components,
nonelectrical wire, 162 269—271
open, 130 victim/subject associates and
paper, 160—161 relatives, 269
passive, 163—164, 165 process of, 167—170
platter charge, 128 incident phase, 168
primary effects scene, 39, 206—209
by blast, 126 key issues for weapons de mass
by type, 125—129
shaped charge, 127 destruction, 316—321
tape, 159 ] 60 address immediate life safety
timing mechanisms,
mechanical, 155, 155—158,
157 160 hazards, 318—319
determine if a WMD was used, 317
toolcommon use, 156 386—387
mark examination, contactscene
ensure appropriate
controloutside
and safety,
electrically
wood, 160 operated, 155 agencies for assistance, 319—321
317
Improvised nuclear device, 278, 286 ensure that appropriate protection
Incendiary devices, 128—129 methods are employed, 318
Incendiary grenade, 362 preserve potential evidence, 321
Sistemas de iniciação, 97 117 personnel resources, 421—423
Initiators, 99 117 bomb technician, 423
cannon fuse, 100 evidence recorder/custodian,
detonating cord, 102, 103 422 423
detonator, 105—107 evidence recovery personnel, 423
electric detonator, 111—113, 114 photographer, 422
electric matches, 1 16—1 17 photographic log recorder, 422
electronic detonator, 113 sketch preparer, 204, 220, 222, 422
exploding bridgewire detonator, 114—116 team leader, 421—422
fuse caps, 107—108 supplies and equipment resources,
fuse lighter, 100—101 425—426
hobby fuse, 100 stages, 175—272
for IEDs, 132 evaluation de explosão scene,
percussion lighter, 101 186—206 (Sec also Explosão
safety fuse, 99—100 scene, considerations in
shock tube, 102, 104 assessment)
shock tube detonator, 108—110 initial response, 175—186
squibs, 116 administering de lifesaving efforts,
Investigation 181
crime scene, 174 identifying and detecting presence
team of evidence, 185
command post, 188 identifying witnesses, 182

458
safety and security concerns use, 398
during, 177 Lead trinitroresorcinate. See Lead styphnate
scene documentation, 182 Letter de transmittal, 264
thermal imaging, 182–185 Linear charge, 21, 22, 23
World Trade Center bombing (1993) Lithium battery, 149
problems associated with, 195 Lot numbers, 26
teams, 203 LSD, 304
triangulation in, 236

K
M115A2 artillery projectile simulator, 363
color, 406
Kinepak, 87–88 Mail bomb,
M256A1 168 agent detector kit, 309
chemical

composition, 406 Mechanical explosão, 29


hygroscopicity, 406 Mercury battery, 149
information sources, 406 Mercury fulminate, 62–63
method de loading, 406 color, 400
rate de detonation, 406 foreign names, 409, 412, 413, 415
stability em storage, 406 formula, 400
use, 406 hygroscopicity, 400
information sources, 400
method de loading, 400
rate de detonation, 400
L
stability em storage, 400
Land mines use, 400
antipersonnel, 365, 366, 367 Metal-glass debris, 179

antitank, 368 Military ordnance, 325–369


antivehicular, 366, 368 categories, 334
claymore, 367 coding system, 447
Lead azide, 62 containers, 135, 142
color, 399 destructive capability, 327
foreign names, 409, 412, 414, 415 dropped, 334–356 (See also Bomb(s))
formula, 399 empty, 142
hygroscopicity, 399 fuzing system, 327, 332–333
information sources, 399 identification features, 333–369
method de loading, 399 inert, 328
rate de detonation, 399 main charge explosivo, 327
stability em storage, 399 physical Características, 330–333
use, 399 body, 331
Lead picrate, 409, 412 filler, 331–332
Lead styphnate, 62 fuzing system, 332–333
color, 398 markings and color coding, 333
foreign names, 412, 416 shape, 332
formula, 398 size, 330–331
hygroscopicity, 398 weight, 330
information sources, 398 placed, 364–369
method de loading, 398 projected, 339–356
rate de detonation, 398 types of, 341
stability em storage, 398 safe-arm device, 163

459
threats from, 3-26 rate de detonation, 403
thrown, 356–364 (Sec also Grenadc(s) ) stability em storage, 403
antipersonnel, 356 use, 403
antitank, 356, 357 Nonfunctioning training grenade, 362
miscellaneous, 356, 362–364 Nuclear explosão, 29
smoke, 356 Nuclear Incident Response Team, 321
types of, 356 Nuclear materials, 281–287
unexploded, 325, 326, 328 alpha particles, 282
Mixture, 5 beta particles, 282–283
Mortar projectiles, 348 decay, 281
Edifício Federal Murrah, Cidade de Oklahoma. gamma particles, 283
See Bombing(s), Murrah Federal half-life, 283
Building (1995) ionizing radiation, 282
lethal dose, 283
radiation, 281
National threat-level warning system, 308 rem, 283
N
Nerve agents, 298–300 sources, 284
formulations of, 299
O

poisoning with, therapy for, 299


types of, 298 Opacifiers, 55, 56

Nickel-cadmium battery, 149 Ordnance. See Military ordnance

Nitrocellulose, 54, 55, 56. 59, 70, 118 Oxygen balance, 5


color, 403
foreign names, 409, 412, 414, 415

formula, 403 P
hygroscopicity, 403
information sources,403
method de loading, 403 Pagers,
Pan 154 Flight 103 bombing (1988),
American

rate de detonation, 403 27, 89, 143, 153


stability em storage, 403 blast hole within fuselage, 247
use, 403 circuit board recovered from wreckage
Nitroglycerin, 5, 43, 67–68, 85 following, 156
color, 403 investigation, 205, 247
foreign names, 409, 411, 414, 415 search area resulting from, 244
formula, 403 Paper, 160–161
hygroscopicity, 403 PE-4, 91
information sources, 403 color, 403
method de loading, 403 composition, 403
rate de detonation, 403 hygroscopicity, 403
stability em storage, 403 information sources, 403
use, 403 method de loading, 403
Nitroguanidine, 55, 59, 118, 409–410, 414 rate de detonation, 403
Nitrostarch stability em storage, 403
color, 403 use, 403
formula, 403 PE-4A, 89, 91
hygroscopicity, 403 color, 403
information sources, 403 composition, 403
method de loading, 403 hygroscopicity, 403

460
information sources, 403 40 mm, 346
method de loading, 403 as main charges, 343, 344
rate de detonation, 403 metal fragmentation from detonation of,
stability em storage, 403 344, 345
use, 403 mortar, 348
Pentaerythritol tetranitrate (PETN), 8, 10, recovered artillery, 345
61, 69 without nose fuzes, 342
color, 403 Pyrodex, 51, 52
foreign names, 410, 414, 415 color, 399
formula, 403 composition, 399
hygroscopicity, 403 hygroscopicity, 399
information sources, 403 information sources, 399
method de loading, 403 method de loading, 399
rate de detonation, 403 rate de detonation, 399
stability em storage, 403 stability em storage, 399
use, 403 use, 399
Pentagon bombing (2001), 176, 267, 277
Pentolite
composition, 403
color,
foreign403
names, 410, 413, 414, 415, 416 Q
Qfever, 290
hygroscopicity, 403
information sources, 403
method de loading, 403 R
rate de detonation, 403
stability em storage, 403 Radiological dispersal device, 278, 286

use, 403 RDX, 8, 61, 69

Percussion lighter, 101 color, 404


PETN. See Pentaerythritol tetranitrate foreign names, 410, 412, 413, 415, 416
(PETN) formula, 404
Phosgene, 303 hygroscopicity, 404
Photography, 215-222 information sources, 404
digital, 215 method de loading, 404
general guide for, 222 rate de detonation, 404
log, 204, 210, 216, 422, 438 stability em storage, 404
sketch, 218, 422 use, 404
specificity in, 219 Ricin, 295-296
Physical evidence, 174 Rifle grenades, 341, 354-356
Picric acid, 410, 411, 412, 413, 414, 415, 416 Riot-control grenade, 362
Pipe bomb Rocket-propelled grenade, 326, 334, 349
with black powder main charge, 11 Rockets, 349, 350
with detonator initiator, 12
with electric
Plasticizers, 55 match initiator, 11
withcharge,
Platter smokeless powder
23, 24, 128 main charge, 11 Safety
S fuse, 99-100

Pneumonic plague, 289-290 Sarin, 298

Practice grenade, 362 Scene investigation, 39, 206-209


Production code, 26 key issues for weapons de mass
Projectiles, 329, 341-347 destruction, 316-321

461
address immediate life safety hazards, color, 404
318–319 composition, 404
contact appropriate outside agencies hygroscopicity, 404
for assistance, 319–321 information sources, 40
Army Medical Research Institute method de loading, 404
of Infectious Diseases, 321 rate de detonation, 404
Centers for Disease Control and stability em storage, 404
Prevention, 321 use, 404
Chemical and Biological Incident Separate loading, 329
Response Force, 320 Shaped charge, 127
Evidence Response Team, 320 Shock tube, 102, 104
Hazardous Materials Response Shock tube detonator, 108–110
Unit, 320 identification tags, 114
Nuclear Incident Response Team, Shunts, 113
321 Silver azide, 410
Office de National Preparedness, Silver-oxide battery, 149
321 Sketch preparer, 204, 220, 222, 422
Technical Escort Unit, 321 Slurry explosivos, 48, 79—82. See also Water
determine if a WMD was used, 317 gel explosivos
ensure scene control and safety, 317 Smallpox, 291–293
ensure that appropriate protection strains, 292
methods are employed, 318 classical, 293
preserve potential evidence, 321 hemorrhagic, 293
personnel resources, 421–423 mild varioloid rash, 293
bomb technician, 423 Smiths Model API) 2000 chemical agent
evidence recorder/custodian, detector, 310
422–423 Smoke grenade, 360–362
evidence recovery personnel, 423 Smokeless powder, 53–60
photographer, 422 color, 398, 399
photographic log recorder, 422 composition, 398, 399
sketch preparer, 204, 220, 222, 422 deterrents, 55, 56
team leader, 421–422 double-base, 56, 59, 398
supplies and equipment resources, dyes, 55, 56, 57
425–426 energetic materials, 55
Scientific method, 2–4 flash suppressants, 55
flowchart outlining, 4 foreign names, 410
Secondary explosivo devices, 179 geometry, 60
Self-contained breathing apparatus (SCBA), graphites, 55, 56
315–316 historical perspectives, 54
Semifixed munição, 329 hygroscopicity, 398, 399
Semtex I A, 89–90 information sources, 398, 399
color, 404 ingredients, 55
composition, 404 method de loading, 398, 399
hygroscopicity, 404 opacifiers, 55, 56
information sources, 40 perforations, 60
method de loading, 404 plasticizers, 55
rate de detonation, 404 rate de detonation, 398, 399
stability em storage, 404 single-base, 56, 398
use, 404 stability em storage, 398, 399
Semtex H, 89–90 stabilizers, 55

462
triple-base, 59–60, 399 composition, 404

types of, 54, 56 hygroscopicity, 404


uses, 54, 398, 399 information sources, 404
Soman, 298 method de loading, 404
Sporting black powder, 50 rate de detonation, 404
Squibs, 116 stability em storage, 404
Stabilizers, 55 use, 404
Staphylococcal enterotoxin B, 294 Thermal imaging, 182–185
Stick grenade, 358 advantages
U.S.fragmentation, 359 identification de evidence, 184–185
Structural integrity, 179 identification de heat and blast
Submunitions, 338—339 patterns, 184
armor-piercing, 340 surveillance em reduced visibility, 184
various types, 340 Timing mechanisms, 155—158, 160
Suicide bombings, 166, 167 TNT, 68–69, 92–93
Swabbing, 241—242 color, 404
kit, 441—444 foreign names, 410—411
Switches, 151–155 formula, 404
commercial, 152 hygroscopicity, 404
electrical, 151, 152 information sources, 404
improvised, 154 method de loading, 404
integrated circuit design, 152 rate de detonation, 404
mechanical, 151 stability em storage, 404
micro-, 154 use, 404
multiple, 152, 153 Torpex
remote-controlled, 154, 158, 166 color, 405
simple, 154 composition, 405
toggle-and-slide, 154 foreign names, 411
T
hygroscopicity, 405 405
method de loading,
information sources,405
rate de detonation, 405

T-2 mycotoxins, 294–295 stability em storage, 405

Tabun, 298 use, 405


Taggants, 27 Transit system bombings, 176, 268
Tape, 159–160 Triacetone triperoxide
Technical Escort Unit, 321 color, 400
Tetrazene, 63 formula, 400
Tetryl hygroscopicity, 400
color, 404 information sources, 400
foreign names, 410 method de loading, 400
formula, 404 rate de detonation, 400
hygroscopicity, 404 stability em storage, 400
information sources, 404 use, 400
method de loading, 404 Trinitrotoluene (TNT), 68—69
rate de detonation, 404 Tritonal
stability em storage, 404 color, 405
use, 404 composition, 405
Tetrytol hygroscopicity, 405
color, 404 information sources, 405

463
method de loading, 405 rate de detonation, 405
rate de detonation, 405 stability em storage, 405
stability em storage, 405 use, 405
use, 405 Weapons de mass destruction (WMD),
Tularemia, 290 275–323
biological, 287–296 (See also Biological
materials)
chemical agents, 296–304 (See atso
U Chemical agents)

U. S. Army Medical Research Institute of detection of, 305–313


Infectious Diseases, 321 biological agents, 310–311
U. S. embassy bombings, 125, 277 chemical agent, 308–309
U. S. Marine Corps Chemical and Biological electronic instruments for, 310–311
Incident Response Force, 320 equipment for, 308–312
UNABOM investigation, 161, 393–394 explosivo, 313
Urea nitrate, 411 miniaturization of, 311
Utilities, 179 kits for, 309
V hazards associated
nuclear with,
radiation, 304–305
310, 311
explosivos as, 277

indicators, 305–313
V agent, 298
VANPAC investigation, 375, 377–379, biological, 307
392 393 chemical, 306–307
bomber's signature, 392 circumstantial, 312–313
examination processes, 381, 385 intelligence as, 307 308
document, 385–386 radiological, 307
metallurgical, 387–388 types of, 305
tool mark, 386 387 key issues for investigating scene,
Vehicle(s), 135, 144—145 316—321
identification number (VIN), 144 address immediate life safety hazards,
Vehicle-alarm systems, 154 318–319
Velocity de detonation, 10 contact appropriate outside agencies
Velocity de explosão, 6 for assistance, 319 321
Venezuelan equine encephalitis, 293 Army Medical Research Institute
Viral hemorrhagic fevers, 293 of Infectious Diseases, 321
Chemical
Centers forand Biological
Disease Incident
Control and
w Response
Prevention,Force,
321 320

Water-based explosivos, 79–84. See atso Evidence Response Team, 320

Emulsion explosivos; Water gel Hazardous Materials Response


explosivos Unit, 320
Water gel explosivos, 8, 63, 79–82, 118 Nuclear Incident Response Team,
cartridges, 26 321
color, 405 Office de National Preparedness,
composition, 405 321
hygroscopicity, 405 Technical Escort Unit, 321
information sources, 405 determine if WMD was used, 317
method de loading, 405 ensure scene control and safety, 317

464
ensure that appropriate protection World Trade Center bombing (1993), 125,
methods are employed, 318 144, 277
preserve potential evidence, 321 aftermath, 180
nuclear, 281—287 (See also Nuclear investigation
materials) problems associated with, 195
protection methods, 314—316 teams, 203
distance, 314 triangulation in, 236
shielding, 314 316 World Trade Center bombing (2001), 267,
time, 314 277
types of, 276—280
Wire
electrical, 145—147
nonelectrical,
Wood, 160 162 Zone charge, 329

465

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