Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TRIBUTÁRIO
ALFREDO AUGUSTO BECKER
CARNAVAL ./
TRIBUTAR!O
2ª Edição
2004
© Desta edição - 1999
LEJUS- LIVRARIA E EDITORA JURÍDICA SENADOR
Comércio e Importação de Livros Jurídicos
CEP 01501-060- Rua Conde do Pinhal, 70- São Paulo- Brasil
Fones: (011) 3104-2527-3105-1486- Fax: 3105-5357
Produção gráfica: VALENTIM RIGAMONT
Revisão: SIMONE
Diagramação: SoLANGE R. PALMEIRA
2• Edição - 1• reimpressão
2004
PRIMEIRA PARTE
CARNAVAL TRIBUTÁRIO
Prefácio à 23 Edição . ... ... .... .. ... ... .. . ... .... .. .. .. . ... .. .. ... .. .. .. .. .. . .. ... .. ... .. .. .. . .. ... . 9
SEGUNDA PARTE
TERCEIRA PARTE
QuARTA PARTE
CARNAVAL
TRIBUTÁRIO
CAPÍTULO I
CARNAVAL TRffiUTÁRIO
NAUFRÁGIO FISCAL
O ANJO E A BESTA
AS VÍTIMAS DA BESTA
Eu pergunto:
Poderá a vítima, com sua única e mísera cabeça, conven-
cer aquela multidão de cabeças?
Com apenas os seus dois braços, o triturado poderá movi-
mentar milhares de braços em omissão nociva e - simultanea-
mente - paralisar outros milhares de braços em ação infeliz?
Vítimas do Ministério do Planejamento e do Ministério da
Fazenda são o contribuinte e o próprio Ministro.
Ambos são vítimas, contudo não há igualdade entre as
suas respectivas condições de vitima. O contribuinte tem o sofrer,
ao passo que o Ministro tem o sofrer e o poder inerente à sua
funcão hierárquica. O Ministro é o único que tem o poder su-
ficiente para dominar a Besta Estatal nascida da hidra que amou
o polvo. Por isso, embora o Ministro não seja o autor, ele é o
responsável - perante o povo - por todos os atos infelizes e
omissões nocivas do seu Ministério.
O povo tem o direito de ver claro e fazer com que o seu
Ministro também veja claro.
OS MODOS DE COLABORAÇÃO
O MUNDO JURÍDICO
E O OUTRO
IV
CAPÍTULO
MICROBIOGRAFIA
O POETA E O LEGISLADOR
C'est une tâche, il est vrai, qui n 'a pas de fin. Mais
naus sommes là pour la continuer. ]e ne crois pas assez
à la raison pour souscrire au progres, ni à aucune
philosophie de l'Histoire. ]e crois du moins que les
hommes n'ont jamais cessé d'avancer dans la
conscience qu 'ils prenaient de leur destin. Naus
n 'avons pas surmonté notre condition, et cependant
naus la connaissons mieux. Naus savons que naus
sommes dans la contradiction, mais que naus devons
refuser la contradiction et faire ce qu 'i! faut pour la
réduire. Notre tâche d'homme est de trouver les
quelquesformules qui apaiseront l'angoisse infinie des
âmes libres. Naus avons à recoudre ce qui est déchiré,
à rendre la justice imaginable dans un monde si
évidemment injuste, le bonheur significatif pour des
peuples empoisonnés par le malheur du siecle.
Naturellement, c'est une tâche surhumaine. Mais on
appelle surhumaines les tâches que les hommes mettent
longtemps à accomplir, voilà tout.
Rubens:
Alfredo Augusto.
general Von Kluck, para Londres, por 6 meses, que era o tempo
que os otimistas achavam que a guerra ia durar. Ao fim de 6
meses, como a guerra não tinha jeito de acabar, voltamos para
o Brasil, sem dinheiro, com a viagem financiada pela Embaixa-
da. Existem até hoje nos arquivos familiares os documentos do
ltamaraty acusando o reembolso das despesas. Nunca mais voltei
a Bruxelas: lá irei em setembro, por causa do negócio da IFA
(vide adiante).
Que pretendia ser?: Oficial de Marinha. Fui recusado no
concurso de 1929 porque só enxergava dois palmos adiante do
nariz, e o mínimo era três palmos. Foi uma sorte: se não falhas-
se no exame físico, falharia irremediavelmente no seguinte, que
era de matemática. Até 1961, quando a Regina se casou, eu
dependia dela para fazer as 4 operações; desde então, não as
faço mais. Em seguida, tentei, em 1936, a carreira diplomática.
Com surpresa geral (principalmente minha) ganhei o concurso
e fui nomeado Cônsul de 3a classe. Como o Consulado mais
vagabundo é de 2a classe, os de 3a ficavam no Rio, aprendendo
o que se chama a carriere (em francês mesmo). Até que o então
Ministro Pimentel Brandão me chamou ao seu gabinete e me
perguntou: 'O Sr. tem fortuna pessoal?' Não. 'O Sr. tem apoio
político?' Não. 'Então aceite um conselho: peça demissão.' Pedi-
a, voltei para São Paulo e entrei para o escritório de um advo-
gado, já falecido, chamado Pelágio Lobo, extremamente inteli-
gente e grande admirador das óperas de Puccini (vício que me
ficou até hoje). (P.L. foi meu padrinho de casamento em 1938
e morreu de enfarte em 1954). Ele era advogado da Cia. Mogiana
de Estradas de Ferro. Nessa altura, o Estado cobrava um impos-
to sobre o capital das S.A.. Todas as estradas de ferro tinham
brigado, e perdido, alegando que sendo concessionárias federais
não podiam ser tributadas pelo Estado. A Mogiana perdeu como
as outras; de modo que na hora da apelação, Pelágio me deu os
autos e disse: 'faça; está perdido mesmo!'. De modo que me
deu uma idéia. Fui à Secretaria do Tribunal, li os autos e vi que
todas tinham alegado a mesma coisa, e perdido. Daí, inventei
um outro argumento (não tenho a menor idéia de qual era) e o
Tribunal, apanhado de surpresa, deu provimento. De modo que
CARNAVAL TRIBUTÁRIO 71
8. Albert Camus, Discours de Suede, 38. ed., Paris, Gallimard, 1958, p. 33-4.
9. Jean Grenier, A Propos de 1 'Humain, 4. ed., Paris, Gallimard, 1955, p.
148-9.
92 ALFREDO AUGUSTO BECKER
I. Jean Dabin, Une Nouvelle Définition du Droit Réel, Paris, 1961 (separata
da Revue Trimestrielle du Droit Civil, Paris, Sirey, 1962, n. 1, p. 43). As
palavras originais de Jean Dabin encontram-se transcritas em Alfredo
Augusto Becker, Teoria Geral do Direito Tributário, cit., p. 13.
2. Jean Grenier, A Propos de l'Humain, cit., p. 49.
112 ALFREDO AUGUSTO BECKER
UTILIDADE OU INUTILIDADE
DO JURISTA
-----~----
5. J. Grenier, L'Existence Malheureuse, 3. ed., 1957, Paris, p. 34.
6. E. Weil, Philosophie Politique, cit., p. 83; N. Bobbio, Teoria del/a Norma
Giuridica, Torino, 1958, p. 234.
7. L. Ofíate, La Certeza del Derecho, trad. esp., Buenos Aires, 1953, p. 74-6;
R. Savatier. Les Métamorphoses Économiques et Sociales du Droit Civil
d'Aujourd'hui, 2. ed., Paris, 1952, p. 14; na 2" série das Métamorphoses
(Paris, 1959), dedicada ao "Universalisme renouvelé des disciplines
juridiques", p. 72.
8. N. Bobbio, Teoria delta Norma Giuridica, cit., p. 3-34.
9. J. Haesaert, Théorie Générale du Droit, cit., p. 404-5, 453; Pontes de
Miranda, Tratado de Direito Privado, Rio de Janeiro, 1954, v. I, § 2, n. I,
b, e§ 6°, n. 3. Em sentido análogo: G. Burdeau, Traité de Science Politique,
Paris, 1949; v. 1, n. 270, p. 321-3, Kelsen, Teoria General dei Derecho y
dei Estado, 2. ed., México, 1958, p. 53-4 (edição original Berkeley, 1944).
CARNAVAL TRIBUTÁRIO 125
1. Albert Hensel, Diritto Tributaria, Milano, 1956, p. 63, 144-5 e 150, nota
167 (tradução italiana da 3• edição alemã de 1933).
2. E. Vanoni, Natureza e Interpretação das Leis Tributárias, Rio de Janeiro,
1952, p. 159 e 202 (tradução de Rubens Gomes de Sousa do original italiano,
Padova, 1932).
3. E. Vanoni, op. cit., p. 202-3.
132 ALFREDO AUGUSTO BECKER
12. E. Vanoni, op. cit., Introduzione, p. VI, in fine. Benvenuto Griziotti informa
que o período foi de dois anos, no Prefácio, p. IX, que escreveu para a
tradução italiana do livro de Hensel, Diritta Tributaria, cit.
13. Ver o Prefácio, p. IX, que Benvenuto Griziotti redigiu para a tradução
italiana do livro de Hensel, Diritta Tributaria, cit. (tradução italiana da 3•
edição alemã de 1933).
14. Albert Hensel, op. cit., Prefácio, p. XLVII.
CARNAVAL TRIBUTÁRIO 135
15. Grifou-se; Albert Hensel, op. cit., no final de seu Prefácio, p. XLVII-
XLVIII.
16. Ver o estudo do próprio Enno Becker, Applicazione de lia legge d 'imposta
secondo criteri economici obbiettivi nella giurisprudenza della Corte
Finanziaria de! Reich, Rivista di Diritto Finanziario e Scienza delle
Finanze, 1937, fase. 2, p. 220-5. Ver também o estudo de 1940 de Othmar
Bühler (dedicado a lembrar a extraordinária int1uência de Enno Becker
sobre a jurisprudência e doutrina) publicado na Rivista di Diritto
Finanziario e Scienza deite Finanze, cit., 4:43-6.
136 ALFREDO AUGUSTO BECKER
§ PNAZISMO
§ 22 FASCISMO
11. N. Bobbio, Teoria de/la Scienza Giuridica, cit., p. 235. Ver também nossa
Teoria Geral do Direito Tributário, cit., n. 18.
12. B. Cocivera, Principi di Diritto Tributaria, Mi1ano, 1959, v. 1, p. 13. Ver
também nossa Teoria Geral do Direito Tributário, cit., p. 15-6.
CARNAVAL TRIBUTÁRIO 145
CONCLUSAO