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Núcleo Educação Física

Coordenadores(a) Nilene Matos, Amanda Raquel


Bolsista Jair da Silva Cruz
Semestre Letivo 5° Semestre

FICHAMENTO
O TRABALHO DOCENTE: ELEMENTOS PARA UMA TEORIA DA DOCÊNCIA
COMO PROFISSÃO DE INTERAÇÕES HUMANAS

Introdução pg:7
1. O trabalho docente hoje: elementos para um quadro de análise. Pg:15
2. A escola como organização do trabalho docente. Pg:55
3. Da classe ao sistema escolar. Pg:81
4. A carga do trabalho dos professores. Pg:111
5. Os trabalhos e os dias. Pg:163
6. Os fins do trabalho docente. Pg:195
7. Os fundamentos interativos da docência. Pág.: 231

INTRODUÇÃO

Há cerca de quatro séculos, essa atividade social chamada instruir


vem-se constituindo, progressivamente, numa dimensão integrante da
cultura da modernidade, sem falar de seus importantes impactos sobre a
economia e os demais aspectos da vida coletiva, sobretudo políticos, tanto
é verdade que o conceito moderno de cidadania é impensável sem o de
instrução.
Marx afirmava que "o homem é a raiz do homem": pode-se,
portanto, parafrasear sua célebre fórmula, afirmando que "a criança
escolarizada é a raiz do homem moderno atual", ou seja, de nós mesmos.
Nos Estados Unidos, desde o início dos anos 1980, milhares de
pesquisas têm sido realizadas diretamente nos estabelecimentos
escolares e nas classes, a fim de analisar in situ o processo concreto da
atividade docente nos seus diversos aspectos.
Além disso, todo o campo da ergonomia está atualmente em pleno
desenvolvimento, particularmente na Europa Francófona; esta abordagem
fornece aos pesquisadores instrumentos de análise bastante completos
para estudar o trabalho dos agentes no contexto escolar.
É, pois, a análise do trabalho interativo dos professores que
constitui o objeto desta obra, destacando algumas questões diretivas que
orientam todo o nosso percurso.
Esta obra se empenha em responder a estas e a outras questões do
mesmo gênero.Sua ambição é conseguir descrever, analisar e
compreender o trabalho docente tal como é desenvolvido, a um tempo
conforme as representações e situações de trabalho vividas e
denominadas pelos próprios atores e segundo as condições, os recursos e
as pressões reais das suas atividades cotidianas.
Nas ciências sociais é evidente que uma pesquisa com base
empírica, por mais imponente e rica de informações que seja, é,
essencialmente, local: não existem dados universais, na medida em que os
"fatos sociais" estudados pertencem a uma situação social particular
dentro da qual eles são histórica e socialmente produzidos.
A obra inicia com a apresentação e a discussão do guardo teórico
que
Fundamenta o desenvolvimento analítico (capítulo 1), Com efeito, como
nossa abordagem teórica se diferencia da maioria das perspectivas
utilizadas tradicionalmente no estudo da docência, parece-nos necessário
justificá-la e mostrar sua pertinência e fecundidade.
O capítulo 2 analisa as relações entre algumas características sócio-
organizacionais da escola e as formas de realização e de organização do
trabalho docente e, mais amplamente, do trabalho escolar, ou seja, do
conjunto de tarefas realizadas pelo conjunto de agentes escolares.
O capitulo 3 dá prosseguimento na análise da organização do
trabalho escolar, encarando seu desenvolvimento recente através da
crescente burocratização, da multiplicação de equipes de agentes
escolares e a divisão/ especialização do trabalho dentro de sistemas de
ensino.
No capítulo 4, analisamos as condições de trabalho dos docentes.
Nesse momento, nos interessam questões como o tempo de trabalho, a
dificuldade e a diversidade da carga de trabalho e as tensões que ela gera
nos professores.
O capítulo 5 enriquece e completa está análise da organização do
trabalho escolar, enfrentando os dispositivos e as rotinas básicas da
docência nas escolas: nosso propósito é articular, aqui, a análise do
contexto do trabalho com as atividades que, ao mesmo tempo, o
encarnam e o reproduzem.
Em suma, esta obra propõe uma visão panorâmica do trabalho dos
professores hoje, mas nutrida e, esperamos, enriquecida e matizada pela
pesquisa de campo nas escolas, nas classes e junto aos profissionais da
docência a quem demos a palavra para que nos dissessem com suas
próprias palavras o que eles fazem, vivem, pensam e sentem.

1. O trabalho docente hoje: elementos para um quadro de análise.

Por que estudar a docência como um trabalho?


Cinco espécies de motivos situados em diferentes níveis de análise
fundamentam nossa abordagem da docência como um trabalho
interativo. Iremos expô-los longamente, visto que a perspectiva que
preconizamos não atraiu, até agora, a atenção dos pesquisadores. É
necessário, portanto, justificar e mostrar sua pertinência e sua
necessidade
Panorama do trabalho interativo e reflexivo.
Tanto os marxistas como os funcionalistas e os liberais, passando
pelos psicólogos e os engenheiros do trabalho e os agrônomos, tiraram os
modelos teóricos do trabalho largamente da esfera das atividades
humanas sobre a matéria e sobre os artefatos técnicos.
Essas relações sociais de produção, por sua vez, eram vistas como o
coração mesmo da sociedade, e o trabalho produtivo, como o setor social
mais essencial, aquele pelo qual se garantiam ao mesmo tempo a
produção econômica da sociedade e seu desenvolvimento material. Na
verdade, é ainda a mesma visão que está por trás, hoje, das ideologias
desenvolvimentistas e neoliberalistas.

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