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Em uma renomada Clínica de desenvolvimento trabalha Cida, assistente

terapêutica recém formada em Psicopedagogia. Dentre suas inúmeras atribuições


na empresa, estão a de aplicar atividades e estímulos de acordo com o caso a ser
impetrado. Tal Clínica é referência em aplicação do método ABA tendo como
demanda média, 100 atendimentos semanais de Crianças em espectro Autista,
TDAH, entre outros.
Há pouco mais de 2 semanas, Cida se depara com o caso peculiar de
Robert, uma criança de 11 anos com alguns aspectos e comportamentos de TDAH e
um possível diagnóstico autista. Preventivamente, Cida faz seu planejamento, como
de costume, para averiguar o nível de desenvolvimento psicomotor, neural, questões
da fala e todas outras atividades intrínsecas à profissão. Dentre os objetos lúdicos
para as atividades a serem implementadas, está uma simples máquina fotográfica
de brinquedo. Entretanto, Robert ao se deparar com tal objeto entra rapidamente em
Crise de choro, mudando o semblante como se quisesse lembrar ou esquecer de
algo. Cida, experiente profissional ao observar tal atitude, abre o diálogo:

__ Olá Robert, você não gostou do brinquedo de hoje?


__ Eu Odeio Câmeras!
__ Mas você pode ser tornar um Fotógrafo Profissional, tirar fotos incríveis!
__ Não gosto de tirar fotos porque o Tio Brian (Familiar que o deixa na
Clínica) toda vez usa isso enquanto tomo banho.

Neste momento, Cida percebe que pode estar deparada com um clássico
caso de Violência Sexual intrafamiliar onde os abusos ocorrem dentro do seio
familiar. E prossegue na tentativa de elucidar tal fato:

__ não é legal ninguém nos vigiar enquanto tomamos nosso maravilhoso banho,
você sabia?!
__ Eu sei Tia, mas é que a mamãe gosta muito do Tio Brian e não quero deixá-la
triste.
__ E Você gosta do Tio Brian?
__ Sim. ele me dá muito brinquedos e tudo que gosto de comer. Eu só não gosto
quando ele me tranca banheiro e manda eu fazer aquelas coisas pra ele
(gesticulando atos libidinosos).
__ tudo bem. Vamos brincar do que você gosta.

Cida encerra o diálogo e imediatamente estuda o histórico familiar de Robert e


constata que ele é filho único de pais divorciados, recém chegado à cidade e muitos
outros traumas no decorrer de seu desenvolvimento. Como Excelente profissional
atualizada nas leis vigentes, conhece o procedimento descrito na Lei n°13.471 (Lei
da Escuta) que traz as diretrizes relacionadas ao processo desde a revelação da
Violência até a elucidação dos fatos. Tal Lei apresenta formas de atenuar a
Revitimização (Processo de expor a vítima a relembrar inúmeras vezes os fatos que
a traumatizaram).
A história aqui apresentada traz uma aplicação da Escuta Especializada
elencada na Lei citada anteriormente uma vez que aconteceu no local da primeira
revelação da vítima. Cabe ressaltar que um dos principais fundamentos esta Lei é
garantir a privacidade e ao bem estar da Criança.
Cida reporta tal situação à Coordenação da Clínica em que trabalha e decidem
seguir o rito de procurar os Órgãos competentes como o Conselho tutelar e à
delegacias especializadas. Após diligências e investigações foi constada a violação
dos direitos do pequeno Robert. Julie, mãe de Robert, passa a ser acompanhada
pelo Serviço de proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
(PAEFI), do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) que
é parte do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Os profissionais (Psicólogos, assistente social, etc.) do PAEFI terão o desafio de
trabalhar e conhecer com afinco a rede familiar para juntos fortalecerem e superar
esta violação. Robert poderá, por iniciativa do Conselho Tutelar ou por decisão
Judicial ser acolhido em instituições ou pela Família Acolhedora. Tal Família o
acolherá temporariamente até que esteja em condições do retorno do convívio
familiar. Caso o acolhimento seja institucional, caberá ao SUAS a tutela do pequeno
Robert.

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