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BANDA EXPERIMENTAL:
Formação e Desenvolvimento de Repertório
ENGENHEIRO COELHO
2016
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BANDA EXPERIMENTAL:
Formação e Desenvolvimento de Repertório
ENGENHEIRO COELHO
2016
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APROVAÇÃO
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Gerson Stencel Arrais
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Dedicatória
Agradecimentos
Lista de tabelas
Lista de figuras
Exemplo 2 - Sergei Prokofiev, Peter and the Wolf, Op.67, p. 04, compasso 23:
representação do pássaro pelas flautas .............................................................. p. 23
Exemplo 3 - Sergei Prokofiev, Peter and the Wolf, Op.6, p. 17, em 14: representação
do gato pelo clarinete ............................................................................................p. 24
Exemplo 4 - Sergei Prokofiev, Peter and the Wolf, Op.6, p. 18, em 18: representação
do avô pelo fagote ............................................................................................... p. 24
Exemplo 5 - Igor Stravinsky, The Rite of Spring, p. 12, em 13: uso percussivo das
trompas................................................................................................................ p. 26
Exemplo 6 - Carl Maria von Weber, Der Freischütz, Op.76, p. 66: trompas com
motivo percussivo ............................................................................................... p. 27
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Resumo
Abstract
This work stems out of the following problem: a lack of repertoire brazilian music for
beginning bands. A good portion of the repertoire for bands is made up of military
marches and doubled rhythms, which requires an intermediate level musician at the
very least to be able to play them. A musician who is a beginner will have little
domain of his or her instrument to perform these pieces. The interest in developing
this work stemmed from this framework. Through literary research, I present the
history and development of bands in Brazil and abroad, as well as their importance to
society. Then, I bring general information about the instruments that make up a band,
such as each timbre and its place within the band. I present a brief chapter
addressing the current situation of bands in the United States and in Brazil. Based on
manuals and articles on orchestration, I present tips that the arranger must use in
order to write for a beginning band; details such as the key of a specific piece and the
range of each instrument. At the end, I propose a repertoire made up of Brazilian
music, sacred pieces and film themes that have been elaborated and arranged by
me specifically for beginning bands. The goal of this work is to provide materials for
beginning bands, thus helping in the development of the musician.
Sumário
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
2 METODOLOGIA .................................................................................................. 12
3 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 13
3.1 Breve Histórico das Bandas Militares e Civis ................................................... 13
3.2 Formação e Prática no Brasil ........................................................................... 15
3.3 Instrumentos que Constituem uma Banda ........................................................ 21
3.3.1 Madeiras ........................................................................................................ 22
3.3.2 Metais ............................................................................................................ 24
3.3.3 Percussão ...................................................................................................... 28
3.4 Obras para Bandas e Cenário atual ................................................................. 29
3.5 Níveis de Dificuldade ........................................................................................ 31
3.6 Arranjos ............................................................................................................ 34
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 37
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 38
6 ANEXOS .............................................................................................................. 41
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1 Introdução
Porém existe uma realidade no meio das bandas jovens: falta de repertório
para músicos iniciantes no repertório brasileiro. A maioria do repertório para bandas
é de origem americana, e o nível das peças requer um músico de nível intermediário
no mínimo para executar.
O interesse por esse tema surgiu quando um professor amigo apresentou
essa situação numa das nossas conversas, e que seria de notório valor desenvolver
um trabalho nessa área. Com isso, através de várias leituras sobre o assunto e
opiniões de professores da faculdade, determinei o seguinte trabalho: propor um
repertório para banda iniciante.
O objetivo desse trabalho é de prover músicas para bandas iniciantes, em que
seus componentes tenham o domínio de executar, além de contribuir para produção
de repertório de música brasileira.
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2 Metodologia
Dentre elas existem bandas para fanfarra, marcial, de coreto, e outros. Todas
essas formações estiveram presentes no Brasil e ainda é uma prática musical usada
em várias regiões do país. Sua contribuição além de enriquecimento musical para a
nação, também serve a atividades de entretenimento no âmbito geral, além de
atividades religiosas e cívicas (COSTA, 2011; 242).
As bandas se apresentavam em festas promovidas pela família real e
imperial, desde casamentos e aniversários, e além de eventos do estado como
aclamações, celebrações cívicas-políticas.
O que levou a banda se desenvolver e obter sucesso no Brasil, é fruto das
bandas militares que obteve estrutura e grande apoio por parte da família real, que
ao vir para o Rio de Janeira em 1808, a prática de música em formato de um grupo
formado por sopros e percussão começou a ser vista como caráter simbólico
representando a nação, e de infraestrutura.
Antes de vermos a história das bandas no Brasil, é preciso olhar seu trajeto e
desenvolvimento no velho continente, a Europa.
Segundo Camus (1976), a banda militar tinha entre suas funções quatro: a)
desenvolver o espírito de corpo e o moral da tropa, b) auxiliar nas tarefas de campo,
c) prover com música cerimônias militares e d) prover com música atividades sociais
e recreativas.
1In Europe the wind and percussion band is descended from the ‘high’ or ‘loud’ groups of the medieval
period and from the civic waits or the Stadtpfeifer, who generally performed outdoors and therefore
used predominantly loud brass and percussion instruments. Bands were often mobile, had a
vernacular appeal (they usually performed lighter forms of music, often to a non- paying audience; as
such they have also served as useful propaganda tools, or at least assisted in promoting nationalistic
or patriotic fervour), and were often associated with specific military or civic duties and were thus
uniformed. The Orchestra, on the other hand, is descended from the medieval ‘low’ or ‘soft’
instruments (strings and softer wind instruments), and usually plays indoors. It was originally
associated with the church or the nobility, and later with formal concerts of more ‘serious’ and
sophisticated music for which audiences paid.
2 Choromela ou charamela ́ um termo de origem francesa – chalumeus que se designa a um
Além das bandas terem presença nas grandes cidades, também ganharam
espaço em lugares distantes das cidades, as fazendas. As fazendas eram
localizadas distantes das cidades tendo uma grande quantidade de moradores que
acabavam não tendo contato constante com a cidade. Assim, os senhores da
fazenda acabam criando suas bandas como atividade para a comunidade que ali
vivia (TINHOR̃O, 1972).
A música era executada pelos próprios moradores das fazendas e até mesmo
escravos integravam o grupo. Eles eram responsáveis por animarem as festas que
contava com um repertório vasto e instrumentação simples. Trombetas, charamelas,
sacabuxas3 e marimbas4 eram a instrumentação comum da época.
Ño havia festa em que se passasse sem isso; era coisa reputada,
quase t̃o essencial como o serm̃o; o que valia, poŕm ́ que nada
havia mais fácil de arranjar-se; meia-dúzia de aprendizes ou oficiais
de barbeiros, ordinariamente negros, armados, este com um pistom
desafinado, aquele com uma trompa diabolicamente rouca formavam
uma orquestra desconcertada, poŕm, estrondosa, que fazia as
deĺcias dos que ño cabiam ou ño queriam estar dentro da igreja
(ALMEIDA, 1965; 88).
Binder diz:
5 A Guarda Nacional foi uma força paramilitar organizada por lei no Brasil durante o período
regencial, em agosto de 1831, para servir de "sentinela da constituição jurada", e desmobilizada em
setembro de 1922.
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A partir daí, houve um salto no número de bandas civis nos centros urbanos,
assim como as bandas militares. Com a guerra do Paraguai (1864-1870), soldados
voltaram com espírito militar mais pulsante trazendo esse teor para dentro das
bandas civis. Foi observado que as bandas civis as vezes eram tão parecidas com
as bandas militares devido ao fato dos músicos civis marcharem idênticos aos civis.
O repertório também foi outro item de troca entre esses dois grupos, onde a música
popular teve a sua vez. (CARVALHO, 2009: 40).
Na primeira metade do século XIX, as bandas tiveram papel mais ativo no
povo deixando a música mais acessível ao grande público. Vale destacar aqui a
criação da banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro em 1896, grupo fundado
e regido por Anacleto de Medeiros (1866-1907), negro e filho de escrava liberta, fez
dessa banda a mais famosa da época tocando em vários eventos e até participando
de gravações da Casa Edison no Rio de Janeiro.
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O repertório escrito para banda até o ano de 1950 era pouco em nível
mundial, “[...] havia poucas fontes onde houvesse um tratamento orquestral na
instrumentação e mesmo uma preocupação em destacar o grupo como um meio de
expressão artística de conotação sinfônica.” (JARDIM, 2008; 16). O material que
tinha disponível era o seguinte:
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3.3.1 Madeiras
Isso é algo que pode ser gerenciado pelo arranjador quando estiver
escrevendo, ele sabendo o nível de performance de cada instrumentista, poderá
colocar solos ou não para determinado instrumento. Caso o arranjador queira
duplicar a melodia, pode apropriar de técnicas de dobramento de instrumentos de
diferentes timbres, mas que somados fornecem uma ótima sonoridade.
O tratamento que os compositores e orquestradores dão às madeiras, é
observado certa semelhança com a escrita das cordas em momentos em quando
toda a orquestra executa um trecho. Flautas e picollos normalmente dobrando os
violinos; clarinetes dobrando violas assim como violino II; fagote dobrando cello.
Uma característica que as madeiras possuem que os metais e cordas não
tem, é o som carregado de inúmeras representações, especialmente a voz humana e
também de animais. Exemplo visto em Choros nº 10 (exemplo 1) de Villa-Lobos,
onde são encontrados trechos melódicos que represente o som do pássaro. Em
Pedro e o Lobo de Sergei Prokofiev onde as flautas (exemplo 2) representam o som
dos pássaros, o gato representado pelo clarinete (exemplo 3), o avô de Pedro
representado pelo fagote (exemplo 04) devido ao seu som grave e aveludado.
Exemplo 2 – Sergei Prokofiev, Peter and the Wolf, Op.67, p. 04, compasso 23:
representação do pássaro pelas flautas.
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Exemplo 3 – Sergei Prokofiev, Peter and the Wolf, Op.6, p. 17, em 14: representação do gato
pelo clarinete
Exemplo 4 – Sergei Prokofiev, Peter and the Wolf, Op.6, p. 18, em 18: representação do avô
pelo fagote
“Na função melódica dada às madeiras, observa-se uma ampla utilização dos
registros tanto graves quanto mais agudos possíveis.” (LUCAS, 2011, p. 39). Tal
observação é resultado de que as madeiras são instrumento mais maleáveis e
dinâmicos para executar movimentos mais rápidos. Desde o fagote até o flautim,
fazer escalas em movimento ascendente e descendente em andamento rápido, é um
exercício que flui de maneira mais natural que se fosse fazer em outros instrumentos
da família dos metais, como o trombone e a tuba.
Tirando a flauta e flautim (picollo), que sua física é caracterizada por um
orifício onde o instrumentista sopra através deste, os restantes são divididos em dois
grupos: palheta simples, e palheta dupla. A palheta consiste numa lamina de madeira
ou de plástico, que fica acoplado a boquilha do instrumento, onde o instrumentista
sopra por meia dessa palheta que irá vibrar com a passagem de ar.
Os instrumentos de palheta simples são: clarinete, requinta, clarone, sax
soprano, sax alto, sax tenor, sax barítono, sax baixo e alguns tipo de gaita-de-foles.
Já os de palheta dupla são: oboé, corne-inglês, fagote, contra-fagote, gaita-de-foles.
3.3.2 Metais
8 Trompete Piccolo - É menor do que as outras trombetas e possui sonoridade uma oitava acima das
demais. É geralmente sintonizado em si bemol Ele tem quatro pistões, embora existam modelos com
três pistões. O quarto pistão desempenha o papel de transposição e redução de 5 semitons.
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Exemplo 5 – Igor Stravinsky, The Rite of Spring, p. 12, em 13: uso percussivo das trompas
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Exemplo 6 – Carl Maria von Weber, Der Freischütz, Op.76, p. 66: trompas com motivo percussivo
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3.3.3 Percussão
9 Rimsky-Korsakov, Nikolay. Principles Of Orchestration: With Musical Examples Drawn From His
Own Works In Two Volumes Bound As One. Dover: Dover Publications, 1964, p.32. “Instruments in
this group, such as triangle, castanets, little bells, tambourine, switch or rod (Rute. Germ.), side or
military drum, cymbals, bass drum, and chinese gong do not take any harmonic or melodic part in the
orchestra, and can only be considered as ornamental instruments pure and simple. They have no
intrinsic musical meaning, and are just mentioned by the way.”
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10 Berlioz, Hector; Strauss, Richard. Treatise on Instrumentation. Traduzido por Theodore Front. New
York: Edwin F. Kalmus, 1948, p.371. “For many years composers complained about the impossibility
of using the kettledrums in chords in wich neither of their two tones appeared, because of a lack of a
third tone. They had never ask themselves whether one kettledrummer might not be able to
manipulate three kettledrums. At last, one fine day they ventured to introduce this bold innovation after
the kettledrummer os the Paris Opera had shown that this was not difficult at all.”
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Métrica: compassos simples (2/4. 3/4, 4/4 e outros) são indicados para os
níveis 1 e 2. Já compasso composto, é recomendável para o nível 3 em diante.
Armadura de clave e tonalidade: esse item é de extrema importância e deve
ser observado pelo regente devido a natureza dos instrumentos de sopro, por isso,
as músicas devem ter de 1 a 5 bemóis distribuídos em cada nível. Sustenidos a
partir do ńvel 4. “[...] a escolha das tonalidades deve favorecer as mais fáceis, o
suficiente para permitir que os alunos se concentrem em tocar afinado, com
musicalidade e boa sonoridade.” (REAL, p 32, 2003)
Andamento, tempo: os andamentos mais lentos e intermediários são
recomendáveis para os níveis iniciais, já andamentos rápidos nos níveis avançados.
“́ muito importante notar que a relã̧o entre a forma de compasso e andamentos
mais rápidos pode tornar determinadas passagens muito mais difíceis que o seu
nível básico, o que aumenta o nível técnico da obra.” (SOTELO, p 40, 2008).
Figuras: a progressão de figuras de maior duração para a mais curta, vão
sendo aplicadas a cada nível, e está atrelado ao andamento da peça assim como
ritmo.
Ritmo: introdução de ritmos com síncopes podem ser aplicados a partir do
nível 2 em diante, mas com bastante cuidado. “Este ́ um fator essencial a ser
considerado pelo compositor e arranjador brasileiro, tendo em vista a diversidade do
uso destes elementos rítmicos na música brasileira.” (SOTELO, p 41, 2008). As
sincopes estão
Dinâmicas: elas vão sendo adicionadas a cada nível alcançado, porém requer
cuidado ao aplicar dinâmicas contrastantes numa mesma peça, como o pp e o ƒƒ,
que exigem um nível técnico mais avançado.
Duração da obra: segundo Sotelo (2008), três fatores estão relacionados a
esse item: 1. Capacidade de realização técnica do músico; 2. Concentração musical
e 3. Resistência física do músico. A música pode ser compatível ao nível do
instrumentista tendo domínio de todas as melodias e ritmos presentes, mas se for
uma peça muito longa, poderá prejudicar o resultado sonoro. Além de que esses
fatores estão ligados a elaboração de concertos, que necessita de peças que se
enquadre na duração do concerto.
Tessitura: instrumentos que tem seu brilho nas regiões agudas ou graves, as
notas extremas vão sendo adicionadas a cada nível.
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3.6 Arranjos
Neste capítulo será discorrido análises dos arranjos elaborados por mim,
levando em consideração os seguintes itens: tonalidade, tessitura e figuras rítmicas.
Música: Asa Branca
Compositor: Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
É observada nesse trecho dos metais a tessitura que esta de acordo com a
tabela do capítulo anterior, a tonalidade que está em si bemol, e as figuras rítmicas
que não é complexo.
4 Considerações finais
5 Referências
ADLER, Samuel. The Study of Orchestration. 2ª Edĩ̧o. New York: Norton, 1989.
LIMA, Carlos Alberto Rodrigues. Estudo para a ampliação do uso dos recursos
trimbrísticos no repertório de bandas de músicas no Brasil. Campinas, 1999.
POLK, Keit et al. Band. In: Grove Music Online. [s.l.]: Oxford University Press,
[2001]. Disponível em: <http://www.grovemusic.com>. Acesso em: 2 out. 2002.
6) ANEXOS