Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Verdade Sobre as
Testemunhas de Jeová
Copyright © da Versão Impressa: 2004
William do Vale Gadelha e Cid de Farias Miranda
__________________________
ISBN 85-904070-1-2
__________________________
Sumário
Parte I
1 Por Que Examinar os Erros da Sociedade Torre de Vigia
2 O Que a Organização Afirma de Si Mesma
3 As Falsas Profecias do Corpo Governante
4 A Especulação “Profética” para 1975 e a “Geração de 1914”
5 Como o Corpo Governante Encara Seus Erros
6 Ensinos Que o Vento Levou
7 Questões de Vida ou Morte
8 Como o Corpo Governante Confunde as Pessoas
9 Desassociação - Como a Bíblia Determina?
10 O Uso do Nome “Jeová”
11 A Sociedade Torre de Vigia e Sua Versão das Boas Novas
12 Será Realmente o “Escravo Fiel e Discreto”?
13 Os 144 Mil e a “Grande Multidão” - Quem São?
14 A Volta de Cristo - Visível ou Invisível?
15 Testemunhas de Jeová, Aniversários e Alianças de Casamento
Parte II
1 Descobertas Que Chocam
2 Apostasia - Contra Quem ou O Quê?
3 Cartas de Dissociação Por Motivo de Consciência
4 Para Quem Havemos de Ir (João 6:68)
5 O Que Faltou à Sociedade Torre de Vigia?
6 Audiências Judicativas
7 Ensinamentos das Testemunhas de Jeová - Uma Ameaça ao Tecido
Sócio-Familiar
8 Mudanças ou Novas Luzes - Seus Efeitos Sobre as Testemunhas de
Jeová
9 Atraindo Adeptos
10 Mitos e Crendices Entre as Testemunhas de Jeová
11 Há Vida Fora da Organização
12 Experiências que a Organização não Relatou
13 Proibições, Conselhos Amorosos e Similares
14 Unidade ou Conformidade de Grupo?
15 O Que Dizer da “Religião Verdadeira”?
Prefácio
Optar por uma religião quando já somos conscientes e ainda jovens é
um fato marcante na vida. Pode ser um ato de emancipação, uma busca
de altos ideais, preocupação com o próximo, arroubo da juventude.
Tomar a decisão de deixá-la, após mais de duas décadas, pode assumir
significado ainda maior.
Este é o nosso caso. Buscamos aquilo que acreditávamos ser o
caminho para uma vida feliz, uma orientação segura, um radiante e
iminente futuro de paz, prosperidade e eterna juventude, não só para
nós, mas para toda a humanidade. Tudo isto nos prometia, e para breve,
a organização conhecida como Testemunhas de Jeová, dirigida pela
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (hoje também chamada
Associação das Testemunhas Cristãs de Jeová), originada nos Estados
Unidos e expandida para todos os demais países ao longo do último
século. Mas, mais que tudo isso, ela nos oferecia a oportunidade ímpar
de fazer parte da única religião verdadeira na face da terra, e de
estabelecer, por meio dela, um vínculo com o Criador como, fora dela,
ninguém mais poderia usufruir.
Chegou, porém, o dia em que a luz agora tênue do sonho teve de
confrontar-se com o brilho irrefutável dos fatos, o clarão ofuscante da
verdade.
Deixamos as Testemunhas de Jeová.
Mas não o fizemos por conveniência egoísta, interesses escusos,
busca de alvos materiais ou simples fadiga espiritual. Não. Fizemos isso
por concluirmos que, de posse de informações que provavam além de
qualquer dúvida, que a organização religiosa que um dia abraçamos não
era, e não podia ser, aquilo que tão constantemente apregoava, não
podíamos prosseguir em apoiá-la. Estaríamos, em primeiro lugar,
violando nossa consciência, sendo cegos diante do dano causado,
silenciando em face do erro, fazendo da hipocrisia um modo de vida.
Isso era algo acima do suportável.
Não o fizemos sem considerável custo humano e emocional.
Significou para nós a perda de preciosos vínculos de amizade, amizades
de toda uma vida. Resultou em doloroso rompimento, involuntário de
nossa parte, com parentes chegados e amados, irmãos e irmãs, sobrinhos
e sobrinhas, cunhados e cunhadas.
Estamos, todavia, em paz com a consciência, e mais que isso,
estamos em paz com Jeová, o Deus cujo nome a organização da Torre
de Vigia adota como se fosse propriedade exclusiva.
Propusemos-nos, nesta obra, a esclarecer pontos vitais, já que não
pudemos fazê-lo perante aqueles que tinham o direito de saber, a quem
tínhamos como irmãos na fé. Alguns se referiram a nós como traidores,
apóstatas, vira-casacas espirituais. Somos, até o dia de hoje, caluniados
e difamados entre as Testemunhas de Jeová, sem podermos nos
defender diante da grande maioria. Alguém chegou a dizer a nosso
respeito: “Eles cuspiram no prato em que comeram.” Considerando-se
que as Testemunhas de Jeová dedicam, em média, cerca de 10 horas por
mês ao serviço de sua religião, divulgando seus ensinos, livros e revistas
de casa em casa, e trabalhando gratuitamente, além disso, em diversas
outras atividades relacionadas com a administração das congregações,
construção e manutenção dos Salões do Reino (locais de reunião),
preparação e realização de três congressos anuais, a acusação
certamente é injusta em relação a qualquer dos adeptos que resolva
deixar a religião. No nosso caso, já que éramos anciãos (dirigentes
locais, não remunerados), a tudo isso se acrescentam horas de preparo
de reuniões, dar discursos, dirigir estudos de livro e saídas para o
serviço de campo, pastoreio e disciplina dos membros e muitas outras
coisas que podiam ser imprevisíveis, inclusive contribuir com tempo e
dinheiro para as necessidades da organização, a acusação torna-se ainda
mais injusta. Se alguém deve realmente a alguém, quem deve de fato a
quem?
Deixamos a organização das Testemunhas, mas não deixamos o
nosso Criador, Deus. Saímos do convívio daqueles que se julgam os
únicos cristãos autênticos da terra, mas não deixamos a prática de uma
vida cristã. Não mais aceitamos muitas das interpretações bíblicas que a
Sociedade Torre de Vigia inculcava em seus membros, mas
continuamos a crer na Bíblia Sagrada como a Palavra inspirada de Deus,
em Jeová como nosso Criador e em seu Filho Jesus como nosso Messias
e Salvador.
Nossa obra é de esclarecimento, nosso trabalho visa ajudar, provendo
a versão integral dos fatos aos que estão nas fileiras das Testemunhas e
àqueles que ainda poderão, sem a visão e o conhecimento de que hoje
dispomos, vir a filiar-se a elas.
Nossa obra não é de ódio e rancor, mas pretende poupar a muitos dos
dissabores de continuar ou de passar a viver em engano, provando que
as ilusões, por mais belas que sejam, terminam acordando para duras
realidades. A ilusão impede a visão clara, estorva projetos realistas de
vida, obscurece a tomada de decisões benéficas. Não achamos
proveitoso viver iludidos por mais de duas décadas de nossas vidas.
Logo, não desejamos isso para os outros.
Nossa obra visa expor o erro, não recorrendo, no entanto, a
falsidades, meias-verdades e distorções. Assumimos plena
responsabilidade pelas informações que veiculamos, e diante de Deus
afirmamos: É tudo verdade, verdade documentada, procedente e
confirmável.
Estamos abertos à crítica fundamentada, ao questionamento racional,
e até, se for o caso, a alguma possível correção do texto. Admitimos
inclusive, que alguém discorde de nós, pedindo, todavia, que não o faça
sem inteirar-se plenamente da informação que ora transmitimos.
Antecipadamente agradecemos a leitura e a atenção dada a nossa
obra, convictos de que a publicamos no interesse da verdade, e em
harmonia com o desejo do Deus da Verdade.
Os autores
Parte I
10
Por Que Examinar os Erros da Sociedade Torre de Vigia 11
O Que a Organização
Afirma de Si Mesma
17
18 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Portanto, a Sociedade diz que “Jeová é quem está por trás” de sua
atividade profética. Logo, ela não poderia cometer erros ao “revelar
suas [de Jeová] verdades”, pois Dele a Bíblia afirma “A Rocha,
perfeita é a sua atuação”. (Deuteronômio 32:4)
O Que a Organização Afirma de Si Mesma 23
As Falsas Profecias
do Corpo Governante
33
34 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Tradução:
Em vista desta forte evidência bíblica concernente aos Tempos dos
Gentios, consideramos como uma verdade estabelecida que o final
definitivo dos reinos deste mundo, e o pleno estabelecimento do Reino
de Deus estarão cumpridos por volta de fins de 1914 A.D. Então a
oração da Igreja, feita desde a partida do Senhor - “Venha o teu Reino”
- será respondida; e debaixo dessa administração sábia e justa, a terra
inteira se encherá da glória do Senhor - com conhecimento, justiça e
paz (Sal. 72:19; Isa. 6:3; Hab. 2:14); e a vontade de Deus será feita “na
terra como é feita no céu.”
Note aqui a expressão “verdade estabelecida”. A linguagem foi
clara e nada inequívoca. Havia “forte evidência bíblica”. Todavia, os
“reinos deste mundo” continuam de pé 90 anos após 1914.
Livro Thy Kingdom Come (Venha o Teu Reino, mencionado no
Proclamadores, página 53, rodapé.), de 1891, página 153:
As Falsas Profecias do Corpo Governante 35
Tradução:
A queda, as pragas, a destruição, etc., preditas que viriam sobre a
mística Babilônia, foram prefiguradas pela grande aflição e destruição
nacional que vieram sobre o Israel carnal, e que terminaram na
completa destruição daquela nação em 70 A.D. E o período da queda
também tem um paralelo, pois da época em que nosso Senhor disse,
“Vossa casa vos é deixada desolada,” 33 A.D., até 70 A.D, passaram-
se 36 anos e meio. E, com o fim de 1914 A. D., aquilo que Deus chama
de Babilônia e os homens chamam de Cristandade, terá passado,
conforme já demonstrado pela profecia.
Há alguma dúvida sobre o que aqui se predizia para 1914? Notou as
palavras “conforme já demonstrado pela profecia”?
The Watch Tower (A Sentinela), 15 de janeiro de 1892, página 23:
Tradução:
Embora nos pareça uma agradável surpresa (em vista dos
sensacionais relatos contrários tantas vezes publicados) descobrir que a
situação na Europa conforme descrevemos aqui - em harmonia com o
que as Escrituras nos levavam a esperar - assim mesmo, tão grande é
nossa confiança na Palavra de Deus e na luz da verdade atual que
brilha sobre ela, que não poderíamos ter duvidado de seu testemunho
quaisquer que fossem as aparências. A data do encerramento dessa
“batalha” está definitivamente marcada nas Escrituras como sendo
outubro de 1914. Ela já está em andamento, seu início tendo se dado
em outubro de 1874. Até agora tem sido mais uma batalha de palavras
e uma época para se organizarem as forças - o capital, o trabalho, os
exércitos e as sociedades secretas.
36 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Tradução:
Agora, em vista dos recentes problemas trabalhistas e da ameaça de
anarquia, nossos leitores estão escrevendo para saber se não pode
haver um erro na data de 1914. Dizem que não vêem como as
condições atuais possam manter-se por mais tempo debaixo de tanta
tensão.
Não vemos razão para mudar os números - nem poderíamos mudá-
los, se quiséssemos. Estas são, acreditamos, datas de Deus, e não
nossas. Mas tenham em mente que o final de 1914 não é a data do
início, mas do fim do tempo de aflições. Não vemos razão para mudar
nossa opinião expressa no conceito apresentado na SENTINELA de 15
de janeiro de ‘92. Aconselhamos que a leiam novamente.
Reparem na expressão “datas de Deus”. O leitor é cada vez mais
levado à certeza destas predições para 1914. Quem ousaria duvidar das
“datas de Deus”? Também é interessante observar que hoje a
Sociedade ensina que 1914 marcou o início do tempo do fim, época de
maiores aflições, e não do seu encerramento.
O Fracasso da Profecia para 1914
O que aconteceu em 1914 foi o início da Primeira Guerra Mundial,
que, de fato, não resultou em nada do que era predito nas citações
acima. A profecia humana fracassou, e, desde então, as publicações
têm desviado o foco da questão, enfatizando “o fim dos Tempos dos
As Falsas Profecias do Corpo Governante 37
Mas, como “os maiores dos profetas”, se o fim do mundo não veio
em 1914? A guerra durou quatro anos e o mundo continuou!
40 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Tradução:
42 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Tradução:
16:20. E toda ilha fugiu. — Até as repúblicas desaparecerão no
outono de 1920.
E não se acharam os montes. — Todos os reinos da terra
passarão, serão tragados pela anarquia.
As igrejas não foram destruídas, nem as repúblicas desapareceram,
nem os reinos da terra foram tragados pela anarquia. Tanto as igrejas
quanto as repúblicas e os reinos continuam de pé, mais de 80 anos após
1918 e 1920. Foi ou não foi uma falsa profecia?
Este livro continha tantas idéias erradas, que hoje está fora de
circulação. Mesmo assim, a Sociedade ainda se refere a ele como “um
poderoso comentário sobre Revelação e Ezequiel”. (Clímax de
Revelação, página 165, parágrafo 16) Como se pode afirmar que os
autores deste livro tinham orientação divina?
Com justiça aplicam-se aqui as palavras de Deuteronômio 18:21,
22:
E caso digas no teu coração: “Como saberemos qual a palavra que
Jeová não falou?” quando o profeta falar em nome de Jeová e a palavra
não suceder nem se cumprir, esta é a palavra que Jeová não falou. O
As Falsas Profecias do Corpo Governante 43
Tradução:
A EUROPA É UM CALDEIRÃO FERVENTE
A Áustria é tomada pelo pânico, e espera-se mais uma revolução
para qualquer dia. Na Itália os revolucionários ameaçam derrubar o
governo, e o temor apossou-se de todos que estão no poder. Toda a
Europa, de fato, é como uma panela em ebulição, com um calor de
intensidade cada vez maior. Se qualquer um que tenha estudado a
Bíblia puder viajar pela Europa e não se convencer de que o mundo
terminou, e que o dia da vingança de Deus está aqui, e que seu reino
Messiânico está às portas, então foi em vão que ele leu a Bíblia. Os
fatos físicos mostram, além de dúvida, que em 1914 os tempos dos
Gentios terminaram; e como o Senhor predisse, a velha ordem está
sendo destruída pela guerra, fome, pestilência e revolução.
A data de 1925 é ainda mais distintamente indicada pelas Escrituras
porque foi fixada pela lei que Deus deu a Israel. Considerando a atual
situação da Europa, é de se perguntar como será possível reter-se a
explosão por mais tempo; e que até mesmo antes de 1925 se alcançará
a grande crise, podendo esta ser ultrapassada. As condições atuais
estão fortalecendo a fé do cristão. Seu coração geme, juntamente com
os outros da criação, ansiosos para ver o Príncipe da Paz trazer do caos
ordem e bênçãos para o povo.
Que privilégio é agora concedido aos seguidores de Cristo! Que
oportunidade bendita para manter-se à parte da luta e da turbulência da
As Falsas Profecias do Corpo Governante 47
Tradução:
PERGUNTA E RESPOSTA
Pergunta: Deu-se ordem, oito meses atrás, para que os Peregrinos
[viajantes] parassem de falar sobre 1925? Temos nós, em comparação
com Noé, mais razão ou menos razão para acreditar que o Reino será
estabelecido em 1925 do que Noé tinha para acreditar que haveria um
dilúvio?
Resposta: É de surpreender como os relatos circulam. Jamais houve
qualquer intimação aos irmãos Peregrinos para que parassem de falar
sobre 1925. A pessoa que tiver declarado que tal instrução foi emitida,
o fez sem qualquer autorização, pretexto ou motivo.
Nossa idéia é que 1925 está definitivamente estabelecido pelas
Escrituras, marcando o fim dos jubileus típicos. O que acontecerá
exatamente nessa época ninguém pode dizer com certeza; mas
esperamos um clímax tal nos assuntos do mundo que as pessoas
começarão a perceber a presença do Senhor e seu poder do reino. Ele
já está presente, conforme sabemos, tomou para si seu poder e
começou seu reinado. Ele veio ao seu templo. Está esmiuçando as
nações. Cada cristão deve ficar contente, então, de fazer o que suas
48 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
mãos acharem para fazer, sem parar para sofismar sobre o que vai
acontecer numa certa data.
Quanto a Noé, o cristão tem agora muito mais em que fundamentar
sua fé (até onde revelam as Escrituras) do que Noé tinha para
fundamentar sua fé num vindouro dilúvio.
O próprio Jeová declarou a Noé que haveria um dilúvio. Mesmo
assim, o Corpo Governante tinha mais certeza do estabelecimento do
Reino em 1925 do que Noé tinha a respeito do dilúvio!
The Way to Paradise (O Caminho Para o Paraíso) foi publicado
pela Sociedade em 1924. Apesar de pouco conhecido atualmente, ele é
mencionado no Anuário de 1987, página 140. Aparece também numa
foto da página 88 do Proclamadores, na primeira linha, a sétima
publicação da esquerda para a direita, capa cinza. Eis o que ele dizia na
página 224:
As Falsas Profecias do Corpo Governante 49
Tradução:
ANTES de sua morte o Juiz Rutherford fez o pedido simples de que
seus restos fossem sepultados em algum lugar do terreno de 40
hectares em San Diego, Califórnia, mantido em fideicomisso para os
Príncipes da Nova Terra. À casa que lá foi construída ele chamou de
‘Bete-Sarim’; sua escritura foi passada a esses príncipes. Em 14 de
março, mais de dois meses após ele ter recebido seu prêmio, em 8 de
janeiro, a Comissão de Planejamento do Município de San Diego deu a
conhecer sua decisão de que os ossos dele não poderiam repousar em
parte alguma do terreno.
“Fideicomisso”, mencionado acima, é a “disposição testamentária
em que um herdeiro ou legatário é encarregado de conservar e, por sua
morte, de transmitir a outrem a sua herança ou o seu legado.”
Muitos anos antes, The Golden Age (A Idade de Ouro, primeiro
nome de Despertai!), de 19 de março de 1930, na página 406, dizia:
Tradução:
Tanto o outorgante como o outorgado, dito JOSEPH F.
RUTHERFORD, estão plenamente convictos pelo testemunho da
Bíblia, que é a Palavra de Jeová Deus, e das evidências adicionais, de
que o reino de Deus está agora em vias de estabelecer-se, e que ele
resultará em bênçãos para os povos da terra; que o poder e as
autoridades governantes serão invisíveis aos homens, mas que o reino
de Deus terá representantes visíveis na terra, que estarão encarregados
dos assuntos das nações sob a supervisão do governante invisível,
Cristo; que entre esses que assim serão representantes fiéis e
governantes visíveis do mundo estarão Davi, que outrora foi rei sobre
Israel; e Gideão, Baraque, Sansão, Jefté e José, antigo governante do
Egito, e Samuel, o profeta, e outros homens fiéis cujos nomes a Bíblia
menciona com aprovação em Hebreus, capítulo onze. A condição
estabelecida neste documento é que a dita SOCIEDADE TORRE DE
VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS manterá o referido título
perpetuamente em fideicomisso para o uso de algum ou de todos os
homens acima mencionados como representantes do reino de Deus na
terra, e que tais homens ficarão com a posse e o usufruto da referida
60 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Mais uma vez citou-se o livro Salvação, e afirmou-se que a casa era
“prova tangível de que existem pessoas... crendo que os fiéis da
antiguidade serão brevemente ressuscitados... e se encarregarão dos
negócios visíveis da terra.” Esta parte ainda é ensinada pela Sociedade.
O detalhe que faltou foi exatamente que se esperava que os fiéis
ressuscitados ocupassem a casa, conforme foi mostrado nas páginas
anteriores. As palavras “brevemente ressuscitados” foram escritas em
1939. Mais de 60 anos se passaram. O que entende a Sociedade por
‘brevemente’? Tampouco a nota de rodapé especificou o detalhe. Disse
que aqueles homens “serão ressuscitados depois do Armagedom,” mas
nada sobre eles residirem em Bete-Sarim. Trata-se de uma admissão de
erro disfarçada?
Falsa Profecia Sobre as Nações Unidas
Uma das profecias mais conhecidas e destacadas do Corpo Governante
refere-se a Revelação 17:3, que diz:
E ele me levou no poder do espírito para um ermo. E avistei uma
mulher sentada uma fera cor de escarlate, que estava cheia de nomes
blasfemos e que tinha sete cabeças e dez chifres.
Este texto é explicado em A Sentinela, 1º de novembro de 1975,
página 654:
A Bíblia apresenta “Babilônia, a Grande”, como montada numa
“fera” cor de escarlate. Esta fera simboliza a organização mundial de
paz e segurança conhecida agora como Nações Unidas. É chamada de
“oitavo rei”, de Oitava Potência Mundial da profecia bíblica. — Rev.
17:1-11.
A fera cor de escarlate, portanto, era a Organização das Nações
Unidas. Explicando o papel dessa fera, o livro Conhecimento Que
Conduz à Vida Eterna, página 106, diz:
15
Como este sistema acabará? A Bíblia prediz uma “grande
tribulação” que começará com um ataque desferido pelo elemento
político deste mundo [isto é, a ONU] contra “Babilônia, a Grande”, o
império mundial da religião falsa . . . Depois, Satanás, chamado de
“Gogue da terra de Magogue”, usará homens corruptos para fazer um
ataque total ao povo de Jeová. Mas Satanás não será bem-sucedido,
porque Deus salvará Seus servos.
66 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Tradução:
Os fatos inquestionáveis, portanto, mostram que o “tempo do fim”
começou em 1799; que a segunda presença do Senhor começou em
1874; que a colheita seguiu-se daí em diante e uma luz maior veio
sobre a Palavra de Deus. Em relação a isto, pois, observemos as
palavras de Jesus: “Quem é o servo fiel e prudente, a quem o Senhor
fez governante sobre sua casa, para dar-lhes alimento na época devida?
Bendito é aquele servo, a quem seu senhor, quando vier, o achar
fazendo assim.
Depois, isto foi mudado para 1914. Confira no livro A Verdade Que
Conduz à Vida Eterna (1968), página 94:
70 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Tradução:
A profecia bíblica mostra que o Senhor devia aparecer pela segunda
vez no ano de 1874. A profecia cumprida mostra além de dúvida que
ele de fato apareceu em 1874. As profecias cumpridas podem também
ser chamadas de fatos físicos; e estes fatos são incontestáveis. Todos os
observadores sinceros estão familiarizados com estes fatos, conforme
estabelecidos nas Escrituras e explicados na interpretação pelo servo
especial do Senhor.
Estes fatos explicados “pelo servo especial do Senhor” estavam
“além de dúvida”, mas depois isto foi mudado para 1914. Veja o livro
Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (1983), página 147:
72 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Tradução
Tem sido exatamente assim nesta colheita: A presença de nosso
Senhor como Noivo e Ceifeiro foi reconhecida durante os primeiros
três anos e meio, de 1874 A.D. a 1878 A.D. Desde essa época, tem
sido enfaticamente manifesto que em 1878 A.D. chegou o tempo em
que deveria começar o julgamento real da casa de Deus. É aqui que se
aplica Rev. 14:14-20, e nosso Senhor entra em cena como o Ceifeiro
coroado. Sendo o ano 1878 A.D. o paralelo de sua tomada de poder e
autoridade de modo típico, claramente assinala o tempo para a
verdadeira tomada do poder como Rei dos reis pelo nosso presente,
espiritual e invisível Senhor — o tempo dele assumir seu grande poder
para reinar, o que, na profecia, está intimamente associado à
ressurreição de seus fiéis e ao começo da aflição e da ira sobre as
nações. (Rev. 11:17, 18.)
74 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Depois, isto foi mudado para 1914. Livro Poderá Viver Para
Sempre no Paraíso na Terra (1983), página 141:
As Falsas Profecias do Corpo Governante 75
A Especulação “Profética”
para 1975 e a
“Geração de 1914”
78
A Especulação “Profética” para 1975 e a “Geração de 1914” 79
“... o pouco tempo que resta antes de findar o mundo iníquo”. Isto
foi escrito há quase 30 anos! O tempo é o grande problema do falso
profeta.
CHEGOU 1975! Mais um pouquinho de expectativa em A Sentinela
de 15 de março de 1975, página 189:
“olhando para certa data” - Quem foi que trouxe uma “certa data”
à atenção, para que todas as Testemunhas de Jeová “olhassem” para
ela?
“por não ter sido a palavra de Deus que falhou” - O parágrafo diz
o óbvio, que não foi a Palavra de Deus que falhou ou desapontou
ninguém. Ela nunca deu base alguma para 1975! Então, quem foi que
falhou? Veja a resposta:
“seu próprio entendimento baseado em premissas erradas” - Passa-
se a idéia de que a culpa foi dos próprios leitores, as Testemunhas de
Jeová em geral, do “próprio entendimento” delas! Eram deveras
“premissas erradas”, mas como teriam tratado os anciãos das
congregações aqueles que dissessem, antes de 1975, que as premissas
estavam erradas?
“os que tinham que ver” - Este foi o mais próximo que o Corpo
Governante conseguiu chegar da admissão do erro. Os leitores deviam
ter sido informados de que “os que tinham que ver” eram os membros
do Corpo Governante. A humildade deles não foi suficiente para uma
admissão direta de culpa.
A Especulação “Profética” para 1975 e a “Geração de 1914” 99
(1968), que durante anos foi usado para dirigir estudos com
interessados, dizia na página 95:
diminuía. Este método de criar falsas expectativas não foi deixado por
Jesus!
Na verdade, nada disso se baseava nas Escrituras, mas numa
distorção das Escrituras. Nunca houve base bíblica alguma, e alguns
dos que já estavam na organização naquela época percebiam isso. Se
você, porém, estivesse lá em 1984, e dissesse que não havia base
bíblica para este ensino, se advertisse que desconsiderar as palavras de
Jesus em Atos 1:7 poderia levar a uma grande decepção, o que lhe teria
acontecido?
Você teria sido acusado de ser “espiritualmente fraco”, de ter
“pensamento independente”, de ser “orgulhoso” por não acatar a
orientação do “canal provido por Jeová” e de outras coisas. Se você
persistisse no seu modo de pensar certamente teria sido chamado a
uma comissão judicativa, sob acusação de apostasia, e teria sido
desassociado.
O Fracasso da Profecia sobre a “Geração de 1914”
Em 1995 a “geração de 1914” atinge os 81 anos de idade. O Corpo
Governante dá-se conta de que não poderá sustentar seu ensino não-
bíblico por muito mais tempo e prepara cuidadosamente o terreno para
a mudança do “entendimento”, uma “nova luz”. Aquilo que durante
tantos anos foi uma verdade está prestes a tornar-se falsidade.
Durante muitos anos, cada número da Despertai! afirmava que o
começo de um novo mundo antes do fim da “geração de 1914” era
uma promessa do Criador! Veja a Despertai! de 22 de outubro de
1995, página 4:
119
120 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
O Corpo Governante mostra estar bem a par dos motivos que levam
alguém a não querer admitir o erro (orgulho, manter aparências,
insegurança) e afirma francamente que devemos admitir quando
estamos errados. Será que ele cumpre estas sábias palavras com
relação aos próprios erros? Ou terá manifestado, exatamente e pelos
mesmos motivos, a posição oposta? Acredita ele no que ensina na
página 30 da mesma revista?
Que dizer se ocupamos posição de responsabilidade? Bem, a
disposição de admitir que estamos errados pode ganhar o respeito de
nossos subordinados.
O Corpo Governante e Outros Falsos Profetas
Observe, na revista abaixo, como o Corpo Governante sabe
perfeitamente identificar uma falsa profecia quando ela é feita pelos
outros.
Como o Corpo Governante Encara Seus Erros 121
135
136 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
A “luz” teria avançado novamente? Será que desta vez está certo?
Quem pode garantir?
Para responder à pergunta deste tópico, o Corpo Governante
primeiro disse NÃO, seis anos depois disse SIM; seis anos depois de
dizer SIM pela última vez, ele finalmente disse NÃO. Logicamente,
Jeová não orientou nenhum destes entendimentos. O Corpo
Governante não tem orientação divina.
Enquanto o grupo de homens que declara estar sob a direção de
Deus mostrou ter um ponto de vista bem variável de um assunto
bíblico, a Bíblia, em Tiago 1:17, afirma:
Toda boa dádiva e todo presente perfeito vem de cima, pois desce
do Pai das luzes [celestiais], com quem não há variação da virada da
sombra.
Na questão dos mortos de Sodoma o Corpo Governante deixou,
com certeza, de refletir o texto acima.
144 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
E na página 23:
Tradução:
Sabendo ser este o propósito de Deus, nem Jesus nem os apóstolos
interferiram de algum modo nos assuntos dos governos terrestres. Pelo
contrário, eles ensinavam à igreja a submeter-se a estes poderes, muito
embora amiúde sofressem debaixo do abuso deles. Ensinavam à Igreja
a obedecer às leis e a respeitar os em autoridade por causa do seu
cargo, mesmo que não fossem pessoalmente dignos de estima; a pagar
os impostos estipulados, e, exceto onde entrassem em conflito com as
leis de Deus (Atos 4:19; 5:29), a não oferecer resistência a quaisquer
leis estabelecidas. (Rom. 13:1-7; Mat. 22:21) O Senhor Jesus e os
apóstolos, bem como a primitiva igreja, todos acatavam as leis, embora
se mantivessem separados e não participassem nos governos deste
mundo.
Um trecho deste parágrafo pode ser conferido na Sentinela de 1o de
maio de 1996, página 13, parágrafo 12
Livro Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus
(1993), página 190:
Comentários ao parágrafo 6:
“...atividade que sua consciência agora talvez permita.” -
Correção: “...que a consciência do Corpo Governante agora
permite.”
“Um irmão talvez ache agora...” - Não, não dependia do que cada
irmão achava. Quem sempre achou alguma coisa foi o Corpo
Governante. Os irmãos apenas obedeciam!
“...sem violar sua neutralidade cristã” - A neutralidade cristã
nunca foi violada pelo serviço alternativo, quer antes quer depois de
1996.
Comentários ao parágrafo 7:
“Foi injusto da parte de Jeová deixá-lo sofrer...?” - O Corpo
Governante quer dar a impressão (sem dizer) que foi Jeová quem
deixou os irmãos sofrerem em vão. Mas Jeová nada teve a ver com
isso.
“...aquilo que agora poderia fazer sem conseqüências.” -
“conseqüências”, isto é, a desassociação, embora a pessoa não tivesse
feito realmente nada de biblicamente condenável.
“A maioria dos... não pensam assim.” - Como pode o Corpo
Governante saber o que a maioria pensa de ter sofrido por uma coisa
que de fato nunca foi errada, e que agora, sem nenhuma explicação,
foi mudada? E que dizer dos que agora, conscientes de terem sofrido
em vão por terem antes acatado um mero conceito humano, decidiram
deixar a organização?
“Que motivo poderia alguém ter para lamentar...?” - Que motivo?
Prisão, maus tratos, tortura, perda de precioso tempo da juventude, que
poderia ter sido empregado em tantas coisas proveitosas. E tudo isto
por terem adotado “uma posição firme a favor” das ordens sem base
bíblica do Corpo Governante. Isto é pouco? Parece aplicar-se aqui o
dito popular de que “pimenta nos olhos alheios é refresco.”
“como os entenderam... por seguirem os ditames da consciência...”
- Os irmãos jovens que rejeitaram o serviço alternativo seguiram, de
fato, não o próprio entendimento, nem os “ditames da consciência”
162 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
frações, ela diz que não se classificam na mesma categoria que beber
sangue e tomar sangue ou plasma de sangue por meio de transfusões,
“embora tenhamos feito isso no passado”. A Sociedade estava, então,
liberando o uso de frações de sangue, depois de havê-lo condenado no
passado.
Três anos depois, o Corpo Governante muda de opinião (sempre
alegando a lei divina) e volta a condenar o uso de frações de sangue.
A Sentinela, 15 de março de 1962, página 174, parágrafos 16 e 18:
187
188 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
“Não pode haver duas verdades” - Não pode haver duas verdades,
uma verdade “passada” e uma verdade “atual”. Se os ensinos atuais do
Corpo Governante acerca de todos os assuntos aqui abordados são
verdadeiros, a conclusão lógica é que, no passado, ele transmitiu
ensinos falsos, tal como as religiões da cristandade que ele tanto
condena. Deu abundante evidência de que não é dirigido por Jeová.
Tampouco se pode hoje ter certeza de que certos ensinos em vigor são
verdadeiros, quando lhes faltar pleno apoio bíblico.
“Qual deve ser sua reação caso se lhe apresente prova de que
aquilo em que crê é errado?” - Bem, a principal crença errada das
Testemunhas de Jeová é que o Corpo Governante é dirigido por Deus.
As “testemunhas ungidas” que o compõem fizeram profecias que não
se cumpriram. O que dizer da mudança da Sociedade quanto à
interpretação “bíblica” sobre ‘o Rei do Norte e o Rei do Sul’
(Abundantemente usada em várias publicações dos anos 50 a 80 e
agora apenas levemente pincelada no novo livro Preste Atenção à
Profecia de Daniel, de 1999) e, portanto, no momento “engavetada”
após a morte de seu autor, Frederick Franz? Será alguma vez
desengavetada? É possível? A guerra fria entre o Rei do Norte (Rússia)
e o Rei do Sul (potência mundial dupla anglo-americana) acabou.
Acabou-se com ela também a interpretação da Sociedade?
Todas as questões deixam a dúvida de que algo que é “verdade
atual” pode ser mudado: será que Cristo foi empossado em 1914? Já se
realizaram mesmo todas estas profecias ou uma “nova luz” dirá no
futuro que não foi assim? As Testemunhas saem para pregar de casa
em casa, mas podem elas ter certeza de que tudo o que estão pregando
será verdade daqui a dez anos? Deveriam mesmo pregar que o Reino
de Deus foi estabelecido no céu em 1914? O que ocorreu nos céus
“invisíveis” é mais difícil ou mais fácil de ser provado para as pessoas?
No que se relaciona com as questões de saúde, é justo que pessoas
sejam dramaticamente afetadas e que apenas lhes digam que devem
“esperar em Jeová, que no tempo devido Ele consertará tudo,” como se
Ele fosse o próprio Orientador de tal vai-e-vem de erros em questões
tão sérias que envolveram a saúde e as vidas dos irmãos?
Se o erro foi de homens imperfeitos e falíveis, como puderam esses
antigos ensinos e orientações ser passados adiante como coisa oriunda
190 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Desassociação –
Como a Bíblia Determina?
202
Desassociação – Como a Bíblia Determina? 203
Observe ainda que 1 Coríntios 5:11 não fala de pessoas que lêem e
acatam a Bíblia, raciocinam com ela, vivem segundo seus padrões de
moral. O texto não se refere a pessoas que, usando a Bíblia, discordam
de ensinos que a mesma, de fato, não traz.
Será que este texto incluiria não cumprimentar a pessoa? Para
entender este ponto, leia 2 Tessalonicenses 3: 14, 15:
Mas, se alguém não for obediente à nossa palavra por intermédio
desta carta, tomai nota de tal, parai de associar-vos com ele, para que
fique envergonhado. Contudo, não o considereis como inimigo, mas
continuai a admoestá-lo como irmão.
204 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
2Te 3:14* Lit.: “ponde sinal neste”. 14# Lit.: “não vos
mistureis com”.
Portanto, o que a Bíblia diz é que o tratamento dispensado tanto aos
“removidos” (desassociados) por conduta imprópria, como aos
“anotados” é o de “não se misturar com eles”, isto é, não ter com eles
Desassociação – Como a Bíblia Determina? 205
Do mesmo modo, não é por alguma coisa ser ensinada pelo Corpo
Governante das Testemunhas de Jeová que ela se torna,
automaticamente, uma verdade bíblica. As crenças de qualquer
organização que se considere cristã deveriam estar, de modo cristalino,
em harmonia com a Palavra de Deus, nada lhe acrescentando ou
retirando. A Bíblia, esta sim, deveria ser a única fonte de verdade
indiscutível. A Sociedade Torre de Vigia se jacta de ser a única
religião que segue totalmente a Bíblia, enquanto acusa os membros das
demais religiões da cristandade de serem “seguidores de homens”.
Observemos, então, a respeito disso, algumas declarações feitas em
publicações da Sociedade:
Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, página 106:
uma declaração direta da Palavra de Deus! Foi exatamente por isso que
Jesus, certa vez, condenou os fariseus de seu tempo. Mateus 15:9 diz:
É em vão que persistem em adorar-me, porque ensinam por
doutrinas os mandados de homens.
Os que não aceitam tais crenças oficiais, humanas, da Sociedade,
são considerados como promotores de ensinos falsos, de apostasia! Se
aqueles que atualmente deixam a organização da Torre de Vigia por
discordarem dessas crenças são apóstatas, certamente que Russell,
Rutherford, Knorr e Franz teriam sido apóstatas também, apóstatas em
relação às suas anteriores religiões. Afinal de contas, segundo um
dicionário de Aurélio Buarque, apostasia é:
1. Separação ou deserção do corpo constituído ao qual se pertencia.
2. Abandono da fé de uma igreja.
E apostatar é:
1. Desertar (da fé). 2. Mudar (de religião ou de partido). Exemplo:
Apostatou da religião de seus pais.
Webster’s New Collegiate Dictionary diz que “apostasia” é “1:
renúncia de uma fé religiosa, 2: abandono duma anterior lealdade”.
Segundo estes dicionários, a “apostasia” pode ocorrer em qualquer
religião. Ou adotamos este conceito amplo de apostasia, admitindo
assim a existência de apostasias católica, batista, presbiteriana,
adventista, das Testemunhas de Jeová (e neste caso, toda TJ que já fez
parte de outra religião é apóstata), ou nos apegamos ao conceito
bíblico de que apostasia é o abandono de qualquer doutrina ou
ensinamento definitiva e inquestionavelmente expresso na Palavra de
Deus.
Os Motivos do Corpo Governante
Apropriadamente vem a pergunta: Por que adota o Corpo Governante
essas normas tão autoritárias de desassociação que vão além do que a
Bíblia diz?
Explica Raymond Franz, ex-membro desse Corpo Governante, em
seu livro Em Busca da Liberdade Cristã (em inglês), página 342:
Por meio da norma que proíbe falar com aqueles a quem ela
arbitrariamente designa como ‘apóstatas’, a organização da Torre de
214 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Estes dois irmãos “se deram conta” de que deviam tratar de modo
desamoroso a mulher que os carregou no ventre por nove meses,
alimentou e cuidou. Depois de reafirmar seu “amor”, este homem
anunciou-lhe a “punição” por ter saído da chamada “organização de
Desassociação – Como a Bíblia Determina? 217
219
220 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Vigia, seria difícil de entender porque ele não aparece nas cópias mais
antigas disponíveis das Escrituras Gregas.
Chega-se à conclusão, portanto, de que não é por levar um rótulo,
uma etiqueta ou um diferencial de marketing religioso, que alguém
pode hoje reivindicar para si a posição de “única religião aprovada por
Deus.”
Em uma de suas publicações (Poderá Viver Para Sempre, página
185, parágrafo 6) a Sociedade Torre de Vigia pergunta: “Se você falar
a seus vizinhos e amiúde referir-se a Jeová, usando Seu nome, com que
organização acha que eles o associarão?”
Além da resposta óbvia, pode-se acrescentar o seguinte:
Eles o associarão a uma religião que ficou conhecida por marcar
datas para o fim do mundo sem que este fim viesse; uma religião que
por muitos anos negou a seus adeptos o direito à vacina; que até 1980,
negou-lhes o direito a um transplante de órgão; eles o associarão a uma
religião cujos membros preferem morrer ou deixar seus filhos e entes
queridos morrerem a receber uma transfusão de sangue integral,
enquanto libera o uso de certas frações do sangue, separadamente; eles
o associarão a um grupo de pessoas que até dezembro de 1999
vendiam (consulte um dicionário sobre o termo “vender”)
insistentemente livros e revistas de porta em porta (de janeiro de 2000
em diante, solicitam “donativos”), e finalmente, poderão associá-lo
também à religião que desassocia (expulsa) seus membros pelo único
pecado de não concordarem com os ensinos sem base bíblica
decretados pelo seu “papa coletivo”, o Corpo Governante, negando-
lhes um simples cumprimento, afastando-os dos vínculos de amizade,
destruindo relações de pais com filhos, irmãos com irmãos,
transformando o amor em ódio. Para muitas pessoas que conhecem de
perto essa religião e sua história oculta, esta é a imagem (não
divulgada nas revistas da Sociedade) que se tem das Testemunhas de
Jeová.
Sem dúvida alguma, um grande vitupério foi trazido sobre o Deus
Altíssimo por parte da Sociedade Torre de Vigia. O nome divino que
ela usa como um rótulo não a livrou de cometer tantos erros, de
acumular inclusive culpa de sangue pelos que morreram em resultado
de suas orientações, não a refreou de ir “além das coisas escritas” e de
232 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
233
234 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
estes números que a Sociedade tem tido êxito em fazer suas “boas
novas” chegarem a “toda a terra habitada”, a “todas as nações”?
Não resta dúvida de que em algumas partes da terra (América do
Norte, Europa, Japão, América Latina) tem havido uma boa cobertura
do território visado. Todavia, está longe de a organização poder dizer
que atingiu todas, ou sequer a metade das pessoas de “toda a terra
habitada”. (Mat. 24:14) Uma olhada mais atenta no Anuário de 2002,
leva a interessantes conclusões. Segundo esse relatório, na Índia, por
exemplo, havia UM publicador para cada 44.815 habitantes! Na Líbia,
havia apenas UMA Testemunha de Jeová ativa para 192.032
habitantes. No caso do Paquistão, havia UM publicador para 232.727
pessoas! No caso de Bangladesh (com uma população de 129 milhões
de habitantes e apenas 105 Testemunhas), a proporção é de UM
publicador para 1.230.048 habitantes! Quanto tempo ainda será
necessário para cada um dos publicadores de Bangladesh contatar sua
quota de 1.230.048 pessoas?
E isso sem falar na China, com mais de um 1.200.000.000 de
habitantes, e um pequeno punhado de Testemunhas de Jeová. Embora
não saibamos quantos publicadores há na China, o Anuário de 2002
relata o número de 9.914 publicadores em cerca de 28 países que não
são alistados por nome. Mesmo que estes 9.914 publicadores
estivessem todos na China (e não estão), ainda seriam insignificantes
em número em relação àquela imensa população. Quantos, deste
número de mais de um bilhão e duzentos milhões de chineses, já
ouviram as “boas novas” da Sociedade Torre de Vigia?
Com esses números, como se pode crer que a Sociedade chegou a
“toda a terra habitada” com a pregação de suas “boas novas”?
A conclusão, já que estamos bem avançados no tempo do fim, é que
o alcance dessas “boas novas diferentes” ainda deixa muito a desejar,
para que se chegue ao ponto de dizer que pelo menos a metade das
pessoas destes países e de muitos outros (principalmente os países
árabes e muçulmanos) já as escutou.
A Qualidade da Pregação
Quanto à qualidade desta pregação, certamente todos os publicadores
concordarão que não pode ser medida pelo número de horas, pois é
fato amplamente conhecido que grande parte deste mais de um bilhão
A Sociedade Torre de Vigia e Sua Versão das Boas Novas 243
Será Realmente o
“Escravo Fiel e Discreto”?
Note que tudo isso aconteceu em 1918. Se Jesus fez realmente uma
inspeção naquele ano encontrou os membros da organização em
“violação da neutralidade cristã”, participando em “orações pela vitória
na guerra” e alguns chegando até a pegar em fuzis e baionetas e
tentando desarmar o “inimigo”.
Se a Sociedade considera, nos dias de hoje, que as religiões que
agem de modo similar (como os adventistas) não têm a aprovação de
Jeová, como puderam eles receber, lá em 1918, essa aprovação, e
ainda mais, uma designação de escravo fiel e discreto?
5) Até os anos 20 os membros da organização comemoravam não
só aniversários como também o Natal. O Anuário das Testemunhas de
Jeová de 1976, página 147, parágrafos 2 e 3, diz:
Tradução:
A bandeira americana foi adotada como um símbolo de liberdade.
Ela é um símbolo nacional. Enquanto alguns têm insistido em que
agora ela representa a guerra, isto dificilmente se harmoniza com os
fatos. Ela pode representar guerra para aqueles que desejam a guerra,
mas para os que amam a liberdade e a paz a bandeira representa
liberdade e paz... Desde que o Lar de Betel foi fundado, em um canto
da Sala de Visitas, vem sendo mantido um pequeno busto de Abraham
Lincoln com duas bandeiras americanas hasteadas sobre ele. Isto é
considerado altamente apropriado, tendo em vista o que o Sr. Lincoln
fez pelo governo e pelo povo dos Estados Unidos, e nisto nada vemos
de incompatível com o dever de um cristão.
Além do visto acima, havia também nessa época um considerável
culto à personalidade em torno de Charles T. Russell, fundador e
Será Realmente o “Escravo Fiel e Discreto”? 267
Página 356:
E no parágrafo 52:
Há textos como Hebreus 13:7, 17, 24, que se referem aos homens
que tomavam a dianteira nas congregações, mas não falam num
280 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
285
286 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Vale ressaltar que na gravura das páginas 202 e 203, os dois grupos
aparecem usando coroas, embora o texto de Revelação informe que
apenas os 24 anciãos têm coroas.
Por outro lado, Revelação 14:3 diz que, mesmo estando presentes os
24 anciãos, ninguém, exceto os 144 mil, podia aprender o “novo
cântico”. Torna-se realmente, nesta base, muito difícil para a
Sociedade sustentar, de modo coerente, que os 144.000 sejam
obrigatoriamente um número literal em meio a tantos contextos
figurativos.
Ainda falando dos números de Revelação, podemos citar os 7
espíritos (1:4), as 7 estrelas (1:16), os 10 dias (2:10), os 24 tronos e as
7 lâmpadas (4:4, 5), as 4 criaturas viventes (4:6, 7), os 7 chifres e os 7
olhos do Cordeiro (5:6), a quarta parte da terra (6:8), os 4 anjos e os 4
cantos da terra (7:1), a terça parte das árvores, das criaturas e dos rios
(8:7-12). Todos estes são apresentados pela Sociedade como sendo
figurativos. Por que também não podem ser figurativos os 144.000?
“Diante do Trono”
O ensino oficial da Sociedade Torre de Vigia a respeito dos 144 mil é,
conforme vimos, de que apenas estes irão para o céu enquanto que os
da “grande multidão” ficarão na terra. Será que há na Bíblia
fundamento para tal crença? Será que a Bíblia ensina a existência de
duas classes distintas de cristãos?
Para deixar que a própria Bíblia fale, é necessário examinar os
textos que o Corpo Governante aplica ao que ele entende como sendo
um grupo no céu e outro na terra.
A “grande multidão” é mencionada em Revelação 7:9:
Depois destas coisas eu vi... uma grande multidão.
Em Revelação 19:1, lemos:
Depois destas coisas ouvi o que era como a voz alta duma grande
multidão no céu.
A Sociedade aplica arbitrariamente as palavras de Revelação 5:9
aos 144.000, dizendo que são comprados “dentre toda tribo, e língua e
povo e nação”. A mesma coisa, porém, se diz a respeito da “grande
Os 144 Mil e a “Grande Multidão” – Quem São? 295
O Pequeno Rebanho
Há ainda o texto de Lucas 12:32, que a Torre de Vigia acredita referir-
se também a um número fixo de 144.000 pessoas. O que ele diz?
Não temas, pequeno rebanho, porque aprouve a vosso Pai dar-vos o
Reino.
Na crença da Sociedade, o “pequeno rebanho” contrasta-se com a
“grande multidão”. É preciso, no entanto, haver apoio bíblico para
este entendimento, e tal apoio não existe. Esta passagem, bem como as
que falam dos 144 mil, não estão no mesmo contexto. Em parte
alguma da Bíblia se faz ligação entre Lucas 12:32 e Revelação 7:4 e
14:1. Tampouco é difícil entender o que Jesus quis dizer com estas
palavras, “pequeno rebanho”.
A quem Jesus tinha diante dele quando as proferiu? Lucas 12:22
nos informa que, naquele momento, Jesus se dirigia aos “seus
discípulos”, os discípulos que ele tinha na ocasião, e estes eram
poucos, constituíam um grupo pequeno. Nada mais apropriado, então,
que, ao encorajá-los com a promessa do reino, ele os chamasse de
“pequeno rebanho”. Caso se pretenda dar a estas palavras um alcance
maior do que o daquele momento, e aplicá-las aos cristãos de todas as
épocas, podemos lembrar-nos do que o próprio Jesus ensinou em
Mateus 7:13, 14:
Entrai pelo portão estreito; porque larga e espaçosa é a estrada que
conduz à destruição, e muitos são os que entram por ela; ao passo que
estreito é o portão e apertada a estrada que conduz à vida, e poucos são
os que o acham.
Em relação aos “muitos” que rejeitariam segui-lo, preferindo a
“larga e espaçosa estrada da destruição”, seus seguidores, que acham o
“caminho estreito e apertado da vida”, seriam sempre “poucos”. A
própria “grande multidão” torna-se pequena em comparação à
população total da terra que perde a oportunidade de entrar no rebanho
de Cristo.
Conclusão
Como vimos, quase todos os textos que se aplicam aos 144 mil
também se aplicam à “grande multidão”.
302 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Contudo, só dos 144 mil é que a Bíblia fala como “selados” (Rev.
7:4), que eles estão de pé no monte Sião (Rev. 14:1) e que só eles
podem aprender o novo cântico (Rev. 14:4). É verdade que não se diz
isto da “grande multidão”.
Por outro lado, não é dos 144 mil que ela diz que “hão de reinar
sobre a terra”, em Revelação 5:9, 10. Não há menção aos 144 mil no
capítulo 5, embora a Sociedade insista em dizer que estes dois
versículos se aplicam a eles. A Sociedade deixa de levar em conta que
os mencionados em Revelação 5:9, 10 são “comprados dentre toda
tribo, língua, povo e nação”. Revelação só afirma a mesma coisa a
respeito da “grande multidão” (Rev. 7:9). É destes, de toda tribo, povo,
língua e nação, que se faz um “reino e sacerdotes” (Rev. 5:10). Em
momento algum, no capítulo 5 de Revelação, se relaciona isto aos 144
mil.
No capítulo 20, versículo 6, diz-se, sobre os que têm parte na
primeira ressurreição, que “serão sacerdotes de Deus e do Cristo, e
reinarão com ele [durante] os mil anos.”
A Sociedade também aplica isto aos 144 mil, mas, novamente, os
144 mil não são mencionados neste capítulo. Igualmente, não se fala
dos 144 mil como sentados em tronos e como usando coroas de
ouro; isto só é dito a respeito dos 24 anciãos (Rev. 4:4). A Sociedade
ensina que os 24 anciãos representam os 144 mil, mas em Revelação
14:4 fala-se deles como grupos separados, um diante do outro
(Clímax de Revelação, páginas 202, 203).
Se tomarmos o texto de Revelação só pelo que ele diz, os 144 mil
não reinarão com Cristo. Mas, se pensarmos bem, levaremos também
em conta o que ele não diz! Como assim? Revelação não diz que os
144 mil não reinarão com Cristo, como também não diz que a “grande
multidão” está na terra. Revelação diz que os 144 mil estão no Monte
Sião, mas não diz que os da “grande multidão” não estão. Revelação
não diz que os da “grande multidão” não são selados. Em muitos
casos, Revelação afirma coisas mas não nega outras!
Se aceitarmos os 144 mil como número literal, temos de aceitar
também como literais as parcelas tribais de 12.000, e as próprias tribos
de Israel em Revelação 7:4-8 como sendo literais, carnais. E assim
mesmo, eles não seriam os únicos a ir para o céu, pois Revelação,
Os 144 Mil e a “Grande Multidão” – Quem São? 303
como já vimos, retrata a “grande multidão” como estando lá. Esta não
é, obrigatoriamente, a interpretação correta, mas é, pelo menos, uma
interpretação coerente.
Se, por outro lado, considerarmos os 144 mil como mais um
número figurativo dentre tantos outros números figurativos de
Revelação, poderemos muito bem entendê-los como representativos de
todos os que vão para o céu, do mesmo modo que os 24 anciãos
podem representar a totalidade dos 144 mil. Poderíamos entender os
144 mil como simbólicos, um número ideal, a soma completa de todos
os que se tornam israelitas espirituais, independentemente de
quantos eles venham a ser. A “grande multidão”, neste caso, poderia
simplesmente representar também os israelitas espirituais, vistos do
ponto de vista da realidade, o cumprimento do ideal simbólico
representado pelos 144 mil. Esta é, também, uma interpretação
coerente com os simbolismos de Revelação.
Antiga Crença da Sociedade
A própria Sociedade, outrora, considerava a “grande multidão”
também como classe celestial (livro Proclamadores, página 161),
vindo a mudar sua interpretação em 1935, por meio de um discurso
que Joseph Rutherford proferiu em Washington em 31 de maio
daquele ano (Proclamadores, páginas 166-168, e A Sentinela de 1o de
março de 1988, página 12). Ele, Rutherford, sozinho, proveu esta
interpretação, à qual, nem as Testemunhas de Jeová daquela época,
nem as da atualidade é permitido refutar.
Não temos aqui a pretensão de Rutherford e do Corpo Governante
atual, de sermos porta-vozes de Deus, ou “seu canal exclusivo”.
Tampouco achamos que somos “dirigidos pelo espírito santo”, como
se auto-proclama a Sociedade Torre de Vigia, mesmo tendo já
cometido inúmeros e graves erros no campo das profecias, das
doutrinas e das normas sobre terapias médicas.
O que aqui apresentamos é uma opinião humana (como as da
Sociedade), formada com base na leitura de vários textos bíblicos. Que
os que a lerem, possam julgar por si próprios quanto à sua procedência
ou não.
304 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
A Volta de Cristo –
Visível ou Invisível?
305
306 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Em “Luz Inacessível”
O Corpo Governante, porém, em seu afã de manter seu próprio ensino
de uma volta invisível apela para o texto de 1 Timóteo 6:15, 16:
Esta manifestação, o feliz e único Potentado mostrará nos seus
próprios tempos designados, ele, o Rei dos que reinam e Senhor dos
que dominam, o único que tem imortalidade, que mora em luz
inacessível, a quem nenhum dos homens tem visto nem pode ver.
Estes versículos, no entanto, não excluem e nem contradizem
Mateus 24:30 e Revelação 1:7, já que, quando Paulo escreveu estas
palavras, ele se referia a Jesus enquanto morando “em luz inacessível”,
nos céus, que era a situação do Filho de Deus no momento em que
Paulo escreveu estas palavras.
Note que 1 Timóteo 6:16 também diz que “nenhum dos homens tem
visto” Jesus, mas já que Jesus foi visto pelos homens não só antes de
sua morte como depois da ressurreição, o que se declara neste
versículo 16 só pode aplicar-se à condição de Jesus enquanto nos
céus. Foi para o céu que Jesus subiu, e é onde ele está agora, em “luz
inacessível”, fora do alcance de nossa vista. Situação diferente se dará
na ocasião de sua segunda vinda, quando então, à altura das nuvens,
“todo olho o verá”. (Revelação1:7)
“Da Mesma Maneira”
Deixemos agora que a própria Bíblia fale e esclareça como será a
forma da vinda de Jesus, em Atos 1:9, 11:
E, depois de dizer estas coisas, enquanto olhavam, foi elevado e
uma nuvem o arrebatou para cima, fora da vista deles... e estes [os
anjos] disseram: “Homens da Galiléia, por que estais parados aí
olhando para o céu? Este Jesus, que dentre vós foi acolhido em cima,
no céu, virá assim da mesma maneira em que o observastes ir para o
céu.”
Segundo o relato, os discípulos “olhavam” enquanto Jesus se
elevava no céu. Eles viram Jesus subir, até um ponto em que já havia
nuvens (o que é uma altura considerável), e só depois disso é que uma
nuvem o arrebatou e não puderam mais vê-lo. Aí, os anjos fizeram
uma pergunta aos discípulos (Atos 1:11) quando estes estavam
“parados... olhando para o céu”, isto é, eles estavam vendo Jesus
308 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
subir! Daí, foram informados de que Jesus viria “da mesma maneira”
em que o tinham observado subir. Não se pode contradizer este
versículo.
Ora, uma “volta” é o processo inverso de uma “ida”. Se a ida de
Jesus para o céu tivesse sido gravada numa fita de vídeo, o que
veríamos se fizéssemos a fita voltar enquanto a assistíssemos?
Veríamos primeiro as nuvens, sem Jesus. Em seguida veríamos, aos
poucos, Jesus começar a aparecer, até que ficasse plenamente visível,
nas nuvens, mas visível a “todo olho”, tal como diz a Palavra de Deus,
literalmente, já que nenhum outro texto bíblico diz o contrário.
Jesus voltar da mesma maneira em que se foi só poderia ser assim;
jamais como afirmam as explicações da Sociedade, e, se as explicações
da Sociedade estivessem corretas, Jesus JÁ teria voltado, E DE
OUTRA MANEIRA, e a Bíblia é que estaria errada.
Nuvens e Invisibilidade
O livro Raciocínios à Base das Escrituras, página 435, explicando
Revelação 1:7, faz a pergunta: “O que é indicado por 'nuvens'?” E,
arbitrariamente responde: “Invisibilidade.” Não cita nenhum
argumento em apoio, mas faz uma ilustração:
Quando um avião está numa densa nuvem ou acima das nuvens, as
pessoas na terra geralmente não o vêem, embora possam ouvir o
barulho dos motores.
Pretende mostrar que as “nuvens” indicam que a volta de Jesus é
invisível. Aproveitando, no entanto, a mesma ilustração, podemos
dizer que quando o avião decola nós podemos vê-lo até uma grande
altitude. Só depois que ele ultrapassa as nuvens é que não o vemos
mais; também antes de aterrissar o avião só começa a ser visto quando
está à altura das nuvens, não antes, mas é plenamente possível vê-lo
quando ainda está bem alto nos céus, não é verdade?
O Argumento “Geográfico”
Certamente tomando como base o fato de a terra ser redonda e levando
em conta o movimento de rotação, o livro Raciocínios à Base das
Escrituras, páginas 435, 436, declara:
Se Cristo fosse aparecer visivelmente nos céus, é óbvio que nem
“todo olho” o veria. Se ele aparecesse sobre a Austrália, por exemplo,
A Volta de Cristo – Visível ou Invisível? 309
não seria visível na Europa, nem na África e nem nas Américas, não é
mesmo?
Diante deste argumento lembramos o que o próprio Corpo
Governante afirma, no livro A Bíblia — Palavra de Deus ou de
Homem, página 74, parágrafo 8:
311
312 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Mateus 2:11:
“E, ao entrarem na casa, viram a criancinha com Maria, sua mãe, e
prostrando-se, prestaram-lhe homenagem.”
Lucas 24:52:
“E prestaram-lhe homenagem e voltaram para Jerusalém com
grande alegria.”
Revelação 3:9:
“Eis que darei os da sinagoga de Satanás, que se dizem judeus, e
que não são, mas estão mentindo - eis que os farei vir e prestar
homenagem diante dos teus pés... [refere-se a um ser humano]”
Honra ou homenagem, como vimos, pode ser corretamente prestada
a seres humanos. Isto é o que se faz nas festas de aniversário. Ninguém
supõe estar prestando adoração a ninguém numa festa de aniversário.
Ninguém vai a uma festa de aniversário como quem vai a uma
celebração religiosa.
Contradição
E o que são as festas de casamento entre Testemunhas de Jeová? O que
são as festas de despedidas de anciãos, pioneiros e outros que estão de
mudança (tão comuns entre as TJ)? O que são as festas de bodas de
papel, algodão, prata e ouro de casais Testemunhas? E as festas de
formatura e “doutor do ABC” de jovens e crianças das Testemunhas?
O que são todas estas, senão ocasiões em que “pessoas imperfeitas”
recebem “atenção especial”, onde se canta, dança, come, bebe, onde se
tiram fotografias, dão-se presentes e às vezes fazem-se até discursos,
tal como nas festas de aniversário? Por que o Corpo Governante não
condena tais celebrações que incluem tanta “atenção especial a pessoas
imperfeitas”? Não constitui tudo isso uma grande incoerência, típica
das coisas humanas?
A Sociedade acha que não é por acaso que as duas únicas
referências a aniversários na Bíblia sejam de pagãos e que duas
pessoas tenham sido mortas durante a celebração: acha que deste modo
Jeová expressa sua condenação. Isto, logicamente, é uma mera
conjectura. Poderíamos, por outro lado, raciocinar que se não festejar
aniversários fosse de fato uma questão tão crucial, tão importante aos
olhos de Deus, se ele visse isso como algo que faria a diferença entre a
318 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
321
322 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Visão Embaçada
Mas será verdade que as Testemunhas de Jeová, mesmo se dizendo
cristãs, vêem a Cristo de modo embaçado? Sim. Seus líderes, os
homens do Corpo Governante, teimam em usurpar o lugar sagrado de
Jesus por se estabelecerem como outro mediador entre Deus e os
humanos (1 Tim. 2:5). Durante a leitura desse livro, o leitor pode obter
várias provas cabais para essa afirmação.
A agência oficial de doutrinas e ensinamentos das Testemunhas de
Jeová é seu Corpo Governante. Tudo o que aqueles homens escrevem
desde Brooklyn, NY, é encarado pelas Testemunhas de Jeová como
“alimento espiritual no tempo apropriado”. Esses homens alegam que
tal “alimento” chega a eles por meio da “orientação do espírito santo
de Deus”, entendida como a “força ativa” Dele. Quando esse “alimento
espiritual”, provido através das revistas A Sentinela e Despertai! e de
outras publicações da organização, é então servido às Testemunhas, ele
exerce poderosa influência em cada aspecto da vida das Testemunhas
de Jeová ao redor do mundo. Encontramos na revista A Sentinela de 1º
de agosto de 1982, pág. 27, uma das muitas presunçosas afirmações
desse “corpo governante” nesse sentido:
“A menos que estejamos em contato com este canal de
comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não
importa o quanto leiamos a Bíblia.”
Outro número da revista, A Sentinela de 1º de outubro de 1994, pág.
8, endossou:
“A grandemente diversificada sabedoria de Deus só pode ser
conhecida através do canal de comunicação de Jeová, o escravo fiel e
discreto”.
Desse modo, uma Testemunha de Jeová só consegue conceber sua
relação com Deus, ou mesmo conhecer as coisas sagradas Dele, por
meio das publicações lançadas pelo Corpo Governante.
Muitas Testemunhas sinceras, no entanto, quando refletem sobre
essa atitude de superioridade e arrogância demonstradas nas
afirmações acima, comparando-as com a afirmação categórica de Jesus
em João 14:6, “eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao
Pai senão por mim”, elas não conseguem manter-se neutras quanto a
quem, de fato, não estão sendo leais. (Compare com Gálatas 1:10;
Descobertas que Chocam 323
Salmos 146:3) Esse tem sido um dos motivos de consciência pelo qual
muitos têm deixado a organização religiosa das Testemunhas de Jeová.
Tal decisão quase sempre é seguida de duras perdas no âmbito
familiar, social e profissional, dado o súbito afastamento de parentes,
amigos e até mesmo empregos de longas datas.
Avaliações
O que acontece depois que a Testemunha consegue limpar sua visão e
ver mais claramente EM QUE de fato andou crendo? Ter ficado tanto
tempo envolvido com a organização das Testemunhas faz com que
alguns possam sentir-se “sem direção” ao sair, e isso é absolutamente
compreensível visto que as grandes mudanças que se seguem causam
enorme impacto. Dedicamos um capítulo sobre esse assunto com o
título: “Há vida fora da organização?”
Basicamente, o que ocorre é que uma Testemunha de Jeová aprende
a aplicar João 6:68 à organização da Torre de Vigia e não à pessoa de
Cristo. O texto bíblico trata da pergunta que Pedro fez a Jesus:
“Senhor, para quem havemos de ir?” A organização sugere que se deva
ir a ela, a hodierna “arca de salvação”, embora a resposta dada pelo
próprio Pedro a seguir, tenha sido: “Tu (Cristo) tens declarações de
vida eterna”.
O choque da saída pode ser grande porque, como Testemunhas,
queríamos crer que tudo que aprendíamos lá dentro vinha apenas da
Palavra de Deus. Assim, quanto maior o tempo e o investimento
feitos ali dentro, maior o desapontamento, e mais difícil e
traumática é a saída.
Essa saída, no entanto, pode não trazer maiores abalos quando a
Testemunha já se preparou bastante para ela, lendo e aprendendo sobre
a versão que sua organização não contou. Também, ajuda muito
quando a Testemunha se conscientiza de que as promessas da
Palavra de Deus não são propriedade particular de nenhuma
religião e continuarão disponíveis para ela, caso ela ainda deseje ser
cristã (Veja Rom. 15:4; Atos 10:34, 35 e Mateus 18:20). Isso a motiva
a sair “de bem com a vida”, pois sabe que não precisará perder sua fé
em Deus ou em Sua Palavra Sagrada, a Bíblia. Quando a saída se dá
desse modo, muitos se sentem mais próximos de Deus e finalmente
encontram paz e tranqüilidade em suas vidas.
324 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Apostasia –
Contra Quem ou O Quê?
325
326 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Cartas de Dissociação
Por Motivo de Consciência
341
342 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
condenação pela própria Palavra de Deus e pela lei secular que punem
os que difamam ou caluniam pessoas inocentes.
Os artigos nas publicações da organização em que ela condena e
ensina seus membros a condenarem os que saem, rotulando-os do
modo acima, é uma metodologia intimidatória que visa prevenir a
evasão que já ocorre em vários países do mundo.
Um fato curioso é observar como os “anciãos” (dirigentes locais)
das Testemunhas de Jeová mostram-se perfeitas cópias de seu Corpo
Governante em Brooklyn, NY, seguindo um sistema inquisitorial e
soberano que regimenta as vidas de seus co-associados. E por que isso
é “curioso”? Porque esses são os “homens da dianteira” sobre os quais
a própria organização ensina que serão os “futuros príncipes da terra”.
A organização ensina que eles serão alguns dos “justos que herdarão a
terra”. Ora, ao lermos o incrível relato de Raymond Franz, ex-membro
desse conselho central (o Corpo Governante) das Testemunhas, e
depois vermos tantas pessoas passando por tudo isso ali dentro, fica
claro que esse é realmente um padrão mundial de legalismo, de
autoritarismo e abuso de poder.
O mais chocante é eles terem convicção de que agindo desse modo
cruel, injusto e anticristão, estão promovendo e executando a justiça
divina.
Lamentamos profundamente que as coisas continuem assim nessa
organização, tão longe do espírito amoroso, excelente, mostrado por
Cristo! (Mateus 11:28-30) Que pena é ver o desperdício de recursos
humanos e de tempo precioso! (Mateus 15:9)
Mas, afinal de contas, é realmente o “senso de justiça” aquilo que
leva esses “homens da dianteira”, muitos deles sinceros em sua
vontade de agradar a Deus, a investigar até mesmo o que seus
companheiros cristãos lêem em seus lares? A aterrorizar seus
associados com ameaças de expulsão ao menor indício de
discordância, tachada de “apostasia”? Ou será apenas o empenho
frenético e desenfreado de uma organização humana que teima em
manter esterilizado seu ambiente (dito “teocrático”) por controlar
informações que não devem ser dadas aos membros? Por que teme o
escrutínio essa organização que diz levar “a verdade”?
Conceitos de Supremacia Religiosa
346 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Contudo, não quero aqui tirar o mérito de tal modalidade nem acho que
ela não possa existir. O problema é O QUE, além das “Boas Novas” estamos
levando; O QUE foi acrescentado ao longo de nossa história. Penso nas
centenas de milhares de irmãos que foram e têm sido prejudicados através
do que aprendem nas publicações da Sociedade Torre de Vigia, ou a
organização (termo que inclusive parece soar muitas vezes como sinônimo
de Jeová):
02. O não ao serviço alternativo (agora permitido) que levou a muitos
serem presos, torturados, etc. e que ainda assim, a Sociedade diz (por eles,
é claro) que “estão felizes porque agiram de acordo com suas consciências”
mas que de fato agiram conforme a “consciência” da própria Sociedade.
03. Os transplantes de órgão e frações do sangue permitidas e proibidas
já por várias vezes, (ver “Visita de Pastoreio”, em anexo) colocando a
Sociedade na condição de “culpada de sangue” tanto quanto ela acusa
outras religiões.
04. As datas que têm sido marcadas mudando as vidas de muitos e que
por tantos anos foram pregadas, divulgadas e fortemente incentivadas como
certas.
05. As “comissões judicativas” sem precedentes bíblicos.
06. O processo da “desassociação” e dissociação (palavras e idéias que
também se encontram sem precedentes bíblicos), inventados por Frederick
Franz, com a aplicação do texto “removei o homem iníquo dentre vós” a
todos os que, mesmo que por motivo de consciência, resolvam sair, fazendo
com que as TJs sejam a única religião do mundo em que não se possa sair,
em nenhum caso, de forma honrosa.
07. O modo desamoroso em que muitos pioneiros especiais, até mesmo
os que professam ser ungidos (como conheço casos), são tratados quando
não podem mais servir ficando sem aposentadoria, etc., e o duplo critério
aos ungidos brasileiros e de outras nações como se fossem “ungidos do 3º
mundo e de 3ª categoria” — quando os ungidos da sede em Brooklyn
recebem todos os cuidados necessários e amorosos, etc.
08. O ensinamento que nos faz realmente diferentes das outras religiões:
1914 e minha certeza de que em 1914 nada do que é dito cegamente com
relação à entronização de Cristo ocorreu, pois há registros de que Charles
Taze Russel havia lido escritores mais antigos nos quais baseou todos os
seus cálculos (principalmente na Grande pirâmide de Gizé a que ele visitou e
estudou, pois ele era um piramidólogo - Veja a foto do túmulo de Russel
anexa).
09. Uma das coisas que mais me chocou foi saber que a Sociedade
escondeu a questão sobre os duplos critérios aplicados aos irmãos em
Malauí e México, questão esta que está muito bem documentada nas cartas
da Sociedade em Crise de Consciência de Raymond Franz, ex-membro do
Cartas de Dissociação Por Motivo de Consciência 349
Corpo Governante. Mentiras? Se fosse assim, acredito que ele estaria preso,
pois no EUA difamar ou caluniar alguém daria cadeia, com certeza. No
entanto, a Sociedade nada poderá fazer se encontramos sua “assinatura”
nestas cartas e o livro se encontra publicado desde 1983 em inglês e em
outras línguas.
10. A Sentinela 01/08/82, pág. 27: “A menos que estejamos em contato
com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na
estrada da vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia.” Compare esta
afirmação com João 14:6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém
vem ao Pai senão por mim.” Isto me leva a crer o que afirmo no final do
ponto 1 sobre a autoridade do “Corpo Governante” (termo sem base bíblica
sendo uma única reunião de anciãos registrada em Atos 15:29) como
professo instrumento legítimo usado por Jeová Deus.
11. Passei muito tempo me fazendo estas perguntas:
A. Tem Deus uma “organização” na terra — uma do tipo aqui em questão
— e que usa um Corpo Governante para dirigi-la? Onde faz a Bíblia tais
declarações?
B. Que a esperança celestial não está disponível a toda e qualquer
pessoa que a adote, que ela tem sido substituída por uma esperança terrena
(desde 1935) e que as palavras de Cristo com relação ao pão e o vinho
emblemáticos, “Fazei isto em memória de mim”, não se aplicam a todas as
pessoas que depositam fé em seu sacrifício resgatador? Que textos bíblicos
fazem tais declarações?
C. Que o “escravo fiel e discreto” é uma “classe” composta só de certos
cristãos, que não pode ser aplicado a indivíduos, e que esta opera por meio
de um Corpo Governante? Novamente, onde faz a Bíblia tais declarações?
D. Que os cristãos estão divididos em duas classes, com uma relação
diferente com Deus e Cristo, com base num destino terreno ou celestial?
Onde se diz isto?
E. Que os 144.000 em Revelação devem ser entendidos como um
número literal e que a “grande multidão” não se refere, e nem pode se referir,
a pessoas que servem nas cortes celestiais de Deus? Em que parte a Bíblia
diz isto?
F. Que os “últimos dias” começaram em 1914, e que quando o apóstolo
Pedro (em Atos 2:17) falou dos últimos dias como se aplicando de
Pentecostes em diante, não queria dizer os mesmos “últimos dias” que Paulo
mencionou (em 2 Timóteo 3:1)? Onde?
G. Que o ano civil de 1914 foi o ano em que Cristo foi oficialmente
entronizado pela primeira vez como Rei sobre toda a terra e que essa data
do calendário marca o início de sua parousia? Onde?
350 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
H. Que quando a Bíblia diz em Hebreus 11:16 que homens tais como
Abraão, Isaque e Jacó estavam “procurando alcançar um lugar melhor, isto
é, um pertencente ao céu”, não há possibilidade alguma disto significar que
eles teriam vida celestial? Onde?
Assim, meus irmãos, nenhum único ensino da Sociedade aí considerado
pode ser apoiado por qualquer declaração óbvia e direta das Escrituras.
Cada um destes exige por sua vez explicações complicadas, combinações
complexas de textos e, em alguns casos, o que se poderia considerar como
uma ginástica mental, na tentativa para apoiá-lo. Mesmo assim, estes
ensinos foram usados para julgar o cristianismo das pessoas, foram
apresentados como base para determinar se as pessoas que tem devotado
suas vidas no serviço a Deus são apóstatas!
Assim, reafirmando meu amor por todos os meus irmãos, vou orar para
que todos vocês façam seu próprio julgamento sobre o que aqui coloco
sinceramente. Continuo acreditando e jamais vou deixar de acreditar, em
tudo aquilo que a Bíblia diz e não me considero um “apóstata”. Mas, por
motivo de consciência, e convicto de que, embora esta organização ensine
muitas coisas boas e produza ainda muitas pessoas honestas, (compare
com a revista Veja 14/10/98 pág. 34, anexo) peço o meu total desligamento
e vínculo com a Sociedade Torre de Vigia e despeço-me daqueles com os
quais tenho convivido, não porque não mais desejo sua boa associação,
mas por saber que não mais me será permitido falar com os mesmos, nem
me associar livremente com todos.
Atenciosamente,
Cid de Farias Miranda.
Carta 2:
De: William do Vale Gadêlha
Data: Fortaleza, 22 de outubro de 1998.
Ao Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste,
Após muitos meses de cuidadosa análise e pesquisa com relação a
inúmeras dúvidas sobre os erros da organização, cheguei às conclusões que
passo a expor:
A Sociedade Torre de Vigia (ou Corpo Governante) cometeu diversos
erros, ao longo dos anos, quando se pronunciou sobre assuntos como
vacinas, transplantes de órgãos, frações de sangue, serviço civil alternativo e
datas para o fim do sistema de coisas (1874, 1914, 1925 e 1975).
Em alguns destes casos, houve a mudança de posição para depois se
retornar à anterior, evidenciando a falta de base para a posição. Muitas
destas posições foram impostas à comunidade mundial das Testemunhas de
Cartas de Dissociação Por Motivo de Consciência 351
Jeová, sem que para isso houvesse UMA SÓLIDA RAZÃO BÍBLICA (ex.:
serviço alternativo).
O Corpo Governante afirma ser DIRIGIDO ou GUIADO por Jeová, o que
é impossível, já que, sob ORIENTAÇÃO DIVINA, não se pode chegar ao
erro. (Deut. 32:4). Os apóstolos também eram imperfeitos, como homens,
mas INSPIRADOS POR JEOVÁ, transmitiram por meio das escrituras uma
orientação segura.
Creio sinceramente que o ÚNICO MEIO pelo qual Jeová dirige as
pessoas hoje em dia é a BÍBLIA SAGRADA. As pessoas individuais ou
organizações religiosas são guiadas por Deus na exata proporção em que
tomam decisões baseadas nas ESCRITURAS.
Por ter causado, no passado, mortes e danos em função das orientações
relacionadas a vacinas, transplantes de órgãos e frações de sangue, a
Sociedade se tornou CULPADA DE SANGUE, bem como trouxe vitupério a
Deus e à sua Palavra por causa das profecias HUMANAS não cumpridas.
Neste século, centenas de milhares de pessoas TROPEÇARAM por causa
disso, muitas perdendo a fé não apenas na organização, mas também em
Deus e na Bíblia. (Mat. 18:7)
Afirma-se que Deus tem de ter uma organização, e no entanto, durante
MAIS DE QUINZE SÉCULOS, não há qualquer registro de alguma
organização tal como a hoje dirigida pela Sociedade Torre de Vigia, tendo
Jeová, durante todo esse tempo, tido seus adoradores individuais (livro
Proclamadores, pág. 44 - quadro)
Creio em Jeová, Cristo e na Bíblia e em todos os ensinos CLARAMENTE
DELINEADOS NA PALAVRA DE DEUS. Não me sinto obrigado aos
ENSINOS DA SOCIEDADE que foram “ALÉM DAS COISAS ESCRITAS.”
Tampouco me considero “apóstata”, pois pedi a dois homens maduros e
experientes da organização (que foram à minha casa) que me mostrassem
BIBLICAMENTE a minha culpa de apostasia; qual o ensino bíblico apostólico
contra o qual eu me rebelei. NENHUM DELES CONSEGUIU FAZÊ-LO.
O que me restava? De início pensei em evitar o curso que me levaria à
perda de amigos queridos, a quem continuarei a amar, angariados ao longo
de 24 anos passados na organização. Mas logo ficou evidente que seria uma
vida de fingimento que não faria bem nem a mim, nem aos outros. Poderia
também ter considerado apenas algumas coisas boas e proveitosas
(BASEADAS NA BÍBLIA) que a Sociedade ensina.
Mas ela mesma destaca que é preciso concordância total, “100% de
certeza” da parte de alguém para permanecer em sua religião (Despertai! 8
de setembro de 1987, págs 8-11). No mesmo artigo, destacou-se que o
membro de uma religião partilha da responsabilidade por tudo que ela ensina
e faz. Não quero mais partilhar da responsabilidade por tudo que aqui foi
mencionado.
352 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Quero expressar também que o meu amor ao meu querido Deus Jeová
continua inabalável e minha fé “exclusivamente bíblica” continua firme e
forte.
É triste depois de tantas amizades, ver que sair dessa organização é um
processo bastante doloroso, pois temos que nos afastar daqueles a quem
amamos sem que nenhum de vocês possa biblicamente me mostrar que
pecado cometi para tal julgamento, que com certeza não vem do Pai.
E quando vejo bem clara a frase tão proferida em tantos discursos: “não
julgueis para não serdes julgados”, percebo que enquanto estive nessa
organização, inúmeras vezes se fez o contrário do que se proferia e assim
lembro-me dos Fariseus que estavam aparentemente “limpos por fora, mas
imundos por dentro...”
Quero também expressar que os meus sentimentos de carinho e gratidão
para com muitos irmãos continuam guardados no meu coração e não os
culpo por não enxergarem a trave que está em seus olhos, mas pediria que
fizessem uma auto-análise para realmente em sã consciência nos seus
pensamentos verem se realmente não tenho razão.
Sei que em prol desta organização muitos deixaram famílias, trabalhos,
faculdades e depois de tanta abdicação é difícil voltar atrás.
Acredito que independentemente de religião, o esforço de cada um de
vocês será contado por este Pai amoroso que percebe as motivações de
cada coração que quer servi-lo, assim como eu que desde pequena, o quis e
continuarei com este pensamento até o fim dos meus dias, e sei que por
mais humildes que tenhamos de ser, sempre existe uma vaidade de se
ocupar um lugar de destaque, seja dentro da religião ou em qualquer outro
lugar no qual nos sintamos valorizados e isso também pesa bastante para
nos prendermos a esses lugares.
Quero dizer também que aprendi muitas coisas boas das quais levarei
como ensinamento para o resto de minha vida, pois não divergem das
Escrituras. Em qualquer lugar que formos ou qualquer pessoa que
venhamos a conhecer, sempre poderemos absorver o que de melhor elas
têm para nos oferecer para com certeza sermos pessoas melhores, e foi isso
que tentei e tento fazer apesar da minha imperfeição.
E agora, agradeço a Jeová por saber que apesar de todos vocês
desejarem ser advogados das minhas convicções, minha liberdade de
pensamento e faculdade de raciocínio, seus julgamentos se limitam apenas
a esta religião, pois sabemos que só quem conhece o meu será Jeová Deus.
Este pode me julgar com perfeição. Assim, me sinto feliz por saber que não
estou mais debaixo de julgamentos puramente humanos, falíveis e
imperfeitos e assim me lembro do exemplo de Maria Madalena do qual
Cristo disse que atirassem a primeira pedra quem não tivesse pecado.
358 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
NOTAS CONCLUSIVAS
Outras Pessoas Têm Saído por Motivo de Consciência
Logo depois de nossa saída, Tancy, uma senhora bondosa, casada e
mãe dedicada de duas lindas crianças (coleguinhas de meus filhos), foi
desassociada. Seu “pecado terrível”? Havia chamado William Gadêlha
para conversar em sua casa e indagou o motivo dele ter saído. Ao ser
investigada por dois anciãos, ela confirmou isso e disse que não se
arrependia desse ato simples de receber uma visita em sua casa,
alguém por quem ela ainda tinha carinho e admiração.
Muitas outras Testemunhas de Jeová recebem o mesmo tratamento
e os casos aumentam.
Logo depois do que ocorreu à Sra. Tancy, mais dois jovens
Testemunhas de Jeová que foram flagrados em visita à minha casa,
foram chamados para comparecer diante de comissões judicativas e
terminaram sendo desassociados também.
360 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
361
362 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
“Amos da Fé”
Paulo certa vez declarou:
“Não é que sejamos AMOS de vossa fé, mas somos colaboradores
para a vossa alegria...” (1 Cor. 1:24)
Devemos ir a uma organização que retrata um Deus que impõe
regras inflexíveis as quais muitas vezes culminam em produzir inteiras
congregações de “co-cristãos” que se tornam “AMOS DA FÉ” dos
outros, vigias uns dos outros, juízes e, por vezes, até mesmo “grilos-
falantes” (consciências) uns dos outros? (Leia Rom. 14:10-12)
Tudo isso, por incrível que pareça, é o que tem ocorrido, mesmo
que tais pessoas estejam cientes de que a “fé não é propriedade de
todos” e que servir aos interesses da “organização” não é o mesmo que
“buscar os interesses do Reino” mencionados por Cristo. (Mateus 6:33;
2 Tes. 3:2)
Legalismos nossos de Cada Dia
À guisa de exemplo, podemos nos lembrar aqui de alguns “amorosos
conselhos” que com o tempo transformaram-se inexoravelmente em
regras de fabricação puramente humana entre as Testemunhas (no
capítulo 13, iremos delinear mais especificamente sobre “proibições,
conselhos amorosos e similares”).
Como deve alguém se comportar em uma congregação das
Testemunhas de Jeová, mantendo a conformidade do grupo, a fim de
poder ser bem aceito nele?
1. Os varões devem usar gravatas no estudo de livro ao dirigi-lo (ou
apenas ser o leitor). Adicionalmente, deve usá-las em todas as reuniões
também;
2. Coisas como o comprimento das saias das irmãs, ou uma forjada
submissão aos varões, etc., podem servir de “fé-mômetro” delas para
anciãos e outros, além de revelar substancialmente quão modestas ou
não, quão espirituais ou não, quão “cogitáveis” para um casamento ou
não, etc., elas realmente poder ser;
3. Um irmão solteiro realmente “teocrático” não deve ficar saindo
“ao campo” com irmãs solteiras (mesmo que o território ou a área a ser
366 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Quanta presunção humana! Não foi e nem é por meio de uma “mãe”
dessa espécie que o povo de Deus tem sido ajuntado através dos
séculos, pois Atos 10:34, 35 declara explicitamente:
“Em cada nação, o homem que teme o verdadeiro Deus e faz a sua
justiça lhe é aceitável.”
Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante das
Testemunhas de Jeová tendo servido por mais de 40 anos a essa “mãe”,
escreveu certa vez sobre os que buscam responder a pergunta-tema
desse capítulo, livrando-se do controle dessa “matriarca”:
“... Eles se dão conta, mais do que nunca antes, do relacionamento
íntimo que usufruem com seu Amo e Dono como discípulos dele, por
quem são tratados como amigos pessoais, não como ovelhas que
homens confinam em massa num aprisco, mas como ovelhas a quem o
Pastor dedica atenção e cuidado individuais, pessoais. Seja qual for a
idade deles, o espaço de tempo que levou para chegarem a esta
conclusão, o sentimento que têm se harmoniza com o ditado bem
conhecido: ‘Hoje é o primeiro dia do resto de minha vida.’ Sua
perspectiva é tanto feliz como positiva, pois suas esperanças e
aspirações dependem, não de homens, mas de Deus.
Sentir-se dessa maneira não implica deixar de reconhecer que existe
realmente um rebanho de Deus, uma congregação chefiada por Cristo
Jesus. O Filho de Deus deu a garantia de que teria verdadeiros
seguidores, não apenas no primeiro século ou neste século XX, mas em
todos os séculos intermediários, pois ele disse: ‘Eis que estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos.’ (Mateus 28:20) Embora
entremisturados com todas as ervas daninhas que estavam destinadas a
surgir, ele saberia quem eram estes discípulos genuínos, não por
pertencerem a alguma organização mas pelo que eram como pessoas.
Onde quer que estivessem, por mais imperceptível que possa ter sido
do ponto de vista humano a participação deles em sua congregação, ele
os tem conhecido e guiado através dos séculos como seu Cabeça e
Amo. Diz-nos seu apóstolo: ‘Contudo, o sólido fundamento posto por
Deus permanece firme, marcado com o seguinte selo: o Senhor
conhece os que são seus’ (2 Tim. 2:19 LEB) Por que deveríamos
duvidar de que este continua a ser o caso até o tempo atual? A Palavra
de Deus mostra que não compete a homens - nem mesmo é possível
para homens - separar as pessoas de modo que digam que tem agora
ajuntado todo o trigo nitidamente num só celeiro. As Escrituras deixam
370 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Audiências Judicativas
O livro bíblico de Tiago (5:16) declara:
“...Confessai ABERTAMENTE os vossos pecados uns aos
outros...” (Tradução do Novo Mundo)
Esse texto bíblico se contrapõe à prática comum de certas religiões
que exigem que seus adeptos relatem seus pecados a pastores
encarregados do rebanho, de forma privativa, secreta.
“Privativa”? “Secreta”?
Isso pode soar estranho para algumas pessoas mas é exatamente o
que ocorre, por exemplo, aos membros “transgressores” da
organização Torre de Vigia, as Testemunhas de Jeová que apelidaram
seus confessionários de “audiências judicativas”.
Quando um membro batizado incorre em erro sério, há então um
“caso de comissão judicativa”. Três anciãos [dirigentes locais] que, na
maioria dos casos, pertencem à mesma congregação desse membro
‘infrator’, se auto-revestem de autoridade e convocam o transgressor
para um julgamento no qual será decidida a permanência dele como
“membro aprovado” da organização ou se haverá expulsão,
desassociação.
O que causa essa situação? Que procedimentos são adotados?
Quando há “casos de comissão” como fumar, fornicar, receber
sangue por meio de uma transfusão (de modo voluntário), fazer
juramento à bandeira nacional, comemorar o Natal, Halloween (e
outras festividades “pagãs”), prática do espiritismo, adultério,
empenhar-se em conduta (sexual) desenfreada, “apostatar”, etc., três
homens da dianteira de determinada congregação (anciãos), juntam-se
para uma sessão (ou sessões) de julgamento a portas fechadas com o
transgressor (pecador). As várias instruções sobre os inúmeros casos
379
380 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
que devem ser levados a uma audiência judicativa são dadas no manual
“secreto” dos anciãos (dirigentes locais) intitulado Prestai Atenção a
Vós Mesmos e a Todo o Rebanho (KS), páginas 92 a 102.Em casos
considerados muito “complexos”, até 4 ou 5 anciãos podem ser
convocados (KS página 109, parágrafo 9).
Um dos avisos que se dá na página 101, parágrafo 2 deste manual,
é: “Antes de iniciar uma audiência judicativa, os anciãos designados
para servir na comissão judicativa devem recapitular as orientações
delineadas nas Unidades 5(a), 5(b) e 5(c) — (que tratam de tais
comissões), bem como examinar textos bíblicos e referências
pertinentes nas publicações da Sociedade. Devem certificar-se de
proceder em harmonia com as informações atuais publicadas em ‘A
Sentinela’ e nas cartas da Sociedade.”
E quais são os objetivos de tais tribunais humanos que determinam
se a Testemunha de Jeová infratora merecerá (ou não) a expulsão da
organização religiosa Torre de Vigia, ficando assim sujeita a uma total
e completa exclusão sócio-religiosa? Ora, manter o ambiente
esterilizado, “diferente das outras religiões (falsas) que são
permissivas”; “evitar que outros sejam contaminados pela influência
perniciosa”; “manter a unidade”, etc.
Como os dirigentes das Testemunhas de Jeová justificam tais
sessões de julgamento, os castigos e/ou o banimento de transgressores
impenitentes ou daqueles que simplesmente resistiram aos ensinos da
organização?
Entendendo os Mecanismos
A organização das Testemunhas de Jeová, na revista Despertai! de 22
de dezembro de 1981, página 17, mostra que havia alguns tipos de
julgamentos de pessoas no antigo Israel de Deus, Sua Nação Santa.
Decerto, a Bíblia fala de tais julgamentos (Deuteronômio 16:18-20 e
Êxodo 18:25, 26) e também mostra que havia juízes autorizados por
Deus, devidamente capacitados e sob Sua designação divina. Afinal de
contas, é mostrado na Bíblia que Ele, Deus, é quem dirigia aquele povo
“diretamente”.
Temos hoje em dia tal arranjo dirigido “diretamente” por Deus?
Não. Mas as Testemunhas de Jeová acreditam que todas as instruções
de seu Corpo Governante em Brooklyn NY, EUA, têm “orientação
Audiências Judicativas 381
que outros cuidem de sua relação pessoal com Deus, algo que só
caberia à própria pessoa cuidar?
5. Não coíbe essa eterna ameaça de comissões judicativas o uso das
“faculdades para se discernir tanto o certo quanto o errado”, como diz
a Bíblia em Hebreus 5:11-14?
6. Não produz tudo isso, muito mais aflição e devastação nas
mentes e corações dos mais sensíveis ou de personalidade fraca?
7. Mais importante ainda, onde se diz na Bíblia que os cristãos
deveriam, no que se refere aos seus pecados, proceder passo a passo
como delineado no caso de uma audiência judicativa, chegando o réu a
dar detalhes íntimos e embaraçosos como: “quando fez, se houve toque
ou carícias em áreas erógenas, se houve penetração, se houve orgasmo,
onde se fez isso ou aquilo, durante quanto tempo continuou no pecado,
se o pecado foi voluntário, se a pessoa faria de novo, se ela aceita a
‘repreensão pública’ (que será dada da tribuna) e a imediata ‘perda de
todos os privilégios’ como ‘disciplina da parte de Jeová’, etc.?
8. Onde manda a Bíblia que se descreva o pecado (às vezes com
riqueza de detalhes) em pedaços de papel (formulários S-77-T e S-79-
T que às vezes seguem para a sede nacional junto com uma carta
descritiva adicional)? Onde manda a Bíblia que se guardem essas
“fichas” em arquivos na congregação local e na sede nacional da
organização?
9. Onde fica a questão dos direitos humanos dados pela constituição
do país?
Em conclusão, lembro as palavras do apóstolo Paulo a todo cristão
que estiver lendo esse livro e que talvez tenha passado ou
testemunhado alguém sofrer por causa de tal ensino desamoroso e não-
bíblico:
“Ora, para mim é um assunto muito trivial o de eu ser examinado
por vós ou por um tribunal humano. Até mesmo eu não me examino a
mim mesmo. Pois não estou cônscio de nada contra mim mesmo.
Contudo, não é por isso que eu seja mostrado justo, mas quem me
examina é Jeová.” (1 Coríntios 4:4, 5 Tradução do Novo Mundo).
Capítulo 7
395
396 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
O Processo de Indução
Incontáveis milhares de indivíduos têm sofrido dores emocionais e
psicológicas infligidas por diversos ensinos da organização das
Testemunhas de Jeová. Vejamos as razões para essa afirmação nos
parágrafos seguintes.
A maioria das pessoas está familiarizada com as Testemunhas de
Jeová apenas pelo fato de serem acordadas nos fins de semana por seus
zelosos recrutadores de prosélitos. Há, porém, ainda muito mais por se
saber.
A Torre de Vigia é um movimento religioso americano do século
XX, que tem afetado de modo adverso as famílias em todo o mundo,
pondo em erosão tanto a coesão como a unidade de uma família, uma
vez que um dos membros seja iniciado na fase de doutrinação advinda
do processo de recrutamento.
A fase de recrutamento acontece por meio de um estudo sistemático
das verdades teológicas subjetivas da organização Torre de Vigia que,
com o tempo, tornam-se a única verdade aceitável.
Nos primeiros estágios desta fase de doutrinação, diz-se ao novo
recruta que ele deve esperar certa oposição da família. Vários textos
bíblicos são usados em apoio desse argumento. O que o “estudante”
não imagina é que, neste ponto, os laços familiares já começaram a ser
cortados. Esta programação sutil é feita por meio da produção de
crenças que atuam como filtros mentais, que conduzem a uma
percepção míope, deficiente. Isto se faz por meio de uma linguagem
hipnótica a qual apenas um lingüista experiente poderia detectar. A
programação sutil é feita através de terminologias (nomenclaturas
especiais e clichês) e supergeneralizações com as quais se alimenta o
incauto prosélito.
A dieta de palavras conduz a um modo de pensar radical, que é
muito generalizado e, que, com freqüência, está fora de contexto. Uma
vez colocados os filtros, a pessoa doutrinada olha para si mesma, para
a família e para os outros através de um ponto de vista extremista.
Neste ponto, tudo passa a ser visto como preto ou branco, certo ou
errado, “nós contra eles”, “Deus ou Satanás”. A essa altura, qualquer
desaprovação da família à Torre de Vigia, é percebida como uma
Ensinamentos das Testemunhas de Jeová – Uma Ameaça ao Tecido Sócio-Familiar 397
408
Mudanças ou Novas Luzes – Seus Efeitos Sobre as Testemunhas de Jeová 409
Atraindo Adeptos
As Testemunhas de Jeová, assim como outros movimentos religiosos,
utilizam eficientes mecanismos de fins proselitistas e retenção de
membros. Vários deles são, até certo ponto, exageradamente
controladores.
Obviamente, alguma medida de controle e de regras, é necessária.
Algumas regras são vitais para o bom funcionamento de uma
organização, pois do contrário teríamos de conviver em sistemas
anárquicos ou simplesmente apostar na utopia de um caos que se auto-
organizasse dentro das instituições do mundo.
Não parece razoável sermos contra a existência de organização, de
certo controle e disciplina em uma religião. No entanto, é sufocante
fazer parte duma “organização religiosa” de modelo legalista e de
autoridade central soberana e auto-eleita como o canal de comunicação
de Deus na terra, com um “Corpo Governante” a governar sobre
milhões de vidas humanas.
Todavia, as Testemunhas de Jeová não são a única religião a possuir
esse tipo de estrutura. Muitas igrejas ditas cristãs também têm suas
organizações dominadoras. Portanto, a pergunta natural que algumas
pessoas reflexivas fazem é: estão as organizações religiosas neste novo
milênio cumprindo o dever cristão de servir às pessoas ou usam seu
poder para dominá-las?
Parece até que algumas religiões aprenderam de empresas
comerciais, suas técnicas de persuasão e fidelização de “clientes” ou
“consumidores”, pois utilizam um marketing muito bem elaborado,
magnético. São expedientes e artimanhas que têm funcionado
eficazmente, como observaremos nos próximos parágrafos. O objetivo
desse capítulo é analisar e refletir sobre os processos de domínio
mental do homem sobre o homem (Eclesiastes 8:9). Durante sua
413
414 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
leitura, que cada leitor possa por si mesmo discernir até que ponto sua
vida tem sido absorvida pelas esponjas psicológicas de um cativeiro
religioso e o quanto, ou até que ponto, já permitiu que sua liberdade
cristã individual tenha sido afetada. A análise pretende ser apenas uma
modesta tentativa de lembrar aquilo que o apóstolo Paulo aconselhou
em 1 Coríntios 7:23: “Parai de vos tornardes escravos de homens”.
Podemos estar sabotando nossa felicidade e destruindo nossa
própria identidade ao escolhermos uma religião excessivamente
controladora. Por isso, mostrarei a seguir algumas das abordagens que
são semelhantes na maioria das organizações religiosas, ditas cristãs,
incluindo a das Testemunhas de Jeová.
Controle Além do Recomendado pela Bíblia
A maior parte das religiões monitoram a vida de seus membros lhes
determinando o que é bom ou ruim, e o que é condenável de se ver e
fazer no mundo hodierno. Controlam o que seus membros deveriam ou
não ler, ouvir, ver, falar e esses vigiam sobre a vida uns dos outros.
Aquele que se rebela e se torna crítico do sistema religioso, é
considerado como herege ou apóstata — alguém a ser evitado. Tal
membro “fraco” é posto de lado. Argumentos contrários ao sistema são
combatidos e os mais intelectualizados, que vêem os erros e
desmantelos do sistema religioso, do conjunto de artigos de fé, etc., são
isolados, ilhados.
Terminologias Especiais e Jargões
Impactantes que Impressionam
Terminologias tais como “doutrina sã”, “a verdade”, “verdadeira
felicidade”, “mundanos”, “novo mundo de Deus”, “verdadeira igreja
de Cristo”, “Corpo Governante”, etc., são termos fabricados para
limitar o raciocínio e manter as rédeas do sistema sempre bem
apertadas e curtas. Tais termos servem como elementos facilitadores
sempre que surgem questionamentos ou críticas ao sistema. Eles
propiciam uma saída fácil e de certo modo, “tranqüila”. Frases do tipo:
“não fale do Corpo Governante, os irmãos de Cristo”, ou “não fale
contra a Igreja de Deus”, “não destrua a obra de Deus”, “não se torne
apóstata, cuspindo no prato em que comeu...”, etc., são recursos
verbais táticos de intimidação que funcionam como algemas
atitudinais.
Atraindo Adeptos 415
422
Mitos e Crendices Entre as Testemunhas de Jeová 423
desconhecidos para elas. Ficam elas assim, à mercê dos redatores dessa
“história cândida” e imparcial. Poucas vezes vi uma versão mais
“saneada” e menos “objetiva” dos fatos. Sua descrição da história da
organização e de seus procedimentos pinta um quadro que em boa
medida difere da realidade.
Para citar apenas alguns exemplos dentre muitos:
Com respeito à identificação do “servo fiel e prudente” de Mateus
24:45-47, este livro finalmente admite (nas páginas 142, 143, 626) que,
“por vários anos” a revista A Sentinela expressou o conceito de que
Charles Taze Russell era aquele escolhido “servo fiel e prudente”, e de
que de 1896 em diante, o próprio Russell reconheceu “a aparente
razoabilidade” deste conceito. O livro não reconhece o fato de que
Russell não apenas considerava como “razoável” a aplicação feita a um
indivíduo (ele próprio) como o especialmente escolhido “servo fiel e
prudente”, mas que (nos números de A Sentinela que o livro alista ao
pé da página) ele efetivamente argumentou em favor disso como uma
verdadeira aplicação do texto, ao invés da posição que havia assumido
em 1881. Em vez disso, continua-se a enfatizar a declaração de Russell
em que ele aplicava o termo ao inteiro “Corpo de Cristo”.
O livro não informa seus leitores que na edição de 1 de outubro de
1909 de A Sentinela Russell descreveu como seus “opositores” aqueles
que aplicassem o termo “servo fiel e prudente” a “todos os membros da
igreja de Cristo”, em vez de a um indivíduo. Tampouco conta a seus
leitores que a edição especial de “A Sentinela” de 16 de outubro de
1916 afirmava que, embora não reivindicasse abertamente o título,
Russell “admitia isso em conversa particular”.
E embora finalmente reconhecendo que durante anos após sua
morte, a revista A Sentinela promovia o conceito de que Russell era
aquele “servo”, o livro não dá ao leitor nenhuma idéia da insistência
com que isto era feito, como quando se afirmou que todo aquele que
tivesse conhecimento do plano divino de Deus deveria admitir
verazmente que “derivou esse conhecimento de seu estudo da Bíblia
em conexão com o que o irmão Russell escreveu; que antes desse
tempo, ele nem sequer sabia que Deus tinha um plano de salvação”; ou
quando se descreveram aqueles que questionassem qualquer ensino de
Russell como tendo “rejeitado o Senhor” por terem rejeitado seu servo
especial. (Veja páginas 179 a 183 deste livro; também em sua
seqüência In Search of Christian Freedom (“Em Busca da Liberdade
Cristã”), páginas 78-84).
430 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Bênçãos Singulares?
As Testemunhas crêem que seu crescimento é maior do que o de outras
religiões e que as “bênçãos” se abatem sobre “o pequeno que se torna
mil” em cumprimento de Isaías 60:22. Alegam também que “sem a
mão de Jeová, não seria possível tal crescimento e progresso da obra”.
Mas basta o leitor olhar para outras religiões que verá crescimentos
quer maiores em tamanho ou em riqueza. Se estudassem o
impressionante crescimento de igrejas como Assembléia de Deus,
Universal, Mórmons, etc., as Testemunhas sentiriam que várias outras
religiões do mundo também podem alegar exatamente a mesma coisa:
“bênçãos divinas” estão sendo igualmente “derramadas sobre os
umbrais de nossa adoração do verdadeiro Deus”.
Apenas como inferência para o leitor, vejamos o que ocorreu com
os percentuais de “crescimento” da “Obra do Tempo do Fim” depois
das duas grandes mudanças (novas “luzes” ou “entendimentos) em
1995. Mas antes de mostrarmos esses percentuais, recordemos
novamente as duas mudanças feitas naquele ano (1995):
Mudança Um: a geração que presenciou os acontecimentos de 1914
veria o fim deste sistema de coisas e o início de uma nova ordem de
coisas na terra — A Verdade Que Conduz à Vida Eterna, página 95;
esse ensino foi anulado em A Sentinela 1/11/95, página 19, par. 12;
Mudança Dois: a obra de separação de ovelhas e cabritos estava em
andamento até aquele ano (1995) à medida que as “Boas Novas” da
Sociedade Torre de Vigia eram pregadas - Livro “Poderá Viver...”,
página 183, par. 22,23; esse ensino foi mudado em A Sentinela,
15/10/95, página 23, par. 26.
Observe, então, como oscilam os relatórios, evidenciando uma clara
diminuição dos percentuais de crescimento dos últimos seis anos de
serviço de 1995 a 2001:
1995 = 5%
1996 = 4,4%
1997 = 3,6%
1998 = 3,6%
1999 = 2%
Mitos e Crendices Entre as Testemunhas de Jeová 445
2000 = 2,3%
2001 = 1,7%
Doutrinas Exclusivas?
São únicas as doutrinas das Testemunhas de Jeová? Esse é outro mito.
Os Adventistas do Sétimo Dia, a Igreja Mundial de Deus, e outras
também acreditam na proximidade do Armagedom e no reinado
milenar de Cristo e no estabelecimento do paraíso terrestre. Essas
crenças são encontradas em diversos grupos de “Estudantes da Bíblia”
tais como “Associação da Aurora”, “Movimento da Casa Missionária
do Leigo”, etc. A religião dos Cristadelfos não acredita na Trindade,
nem no tormento eterno, nem na destruição da terra; não dão/recolhem
dízimo, não vão à guerra (os Quakers também não); afirmam basear
suas crenças unicamente na Bíblia e a consideram como sendo
inteiramente inspirada por Deus; não votam nem se unem a sindicatos
de espécie alguma; são contra o fumo, o divórcio e não se casam com
pessoas de fora; rejeitam as diversões mundanas e não tem clérigo
assalariado nem distinção entre clero e leigos. (Fonte: A Sentinela de
15 de janeiro de 1963). Semelhantes aos Cristadelfos, há outras
religiões que defendem várias doutrinas e modos de vida semelhantes
às das Testemunhas de Jeová que nutrem a ilusão de ter o único
conjunto da “Verdade de Deus”. Se por um lado a organização talvez
tenha de uma só vez, vários ensinos com os quais alguém concorde, ela
também, de uma só vez, terá vários ensinos dos quais essa mesma
pessoa poderá discordar.
Pureza Cristã Ímpar?
Povo limpo, moralmente santo - uma proteção para as Testemunhas?
Esse mito tem sido enfatizado nos discursos públicos, literaturas e
conversas informais entre as Testemunhas de Jeová. O que ocorre na
verdade é que, por causa da super proteção à imagem da organização,
os membros são incentivados a não comentar para os de fora o que
acontece de errado lá dentro, para que não se dê “mau testemunho da
verdade” e se cause “vitupério” para o “nome de Deus” (da
“organização”, é claro). Assim, quando ocorre algum caso sério, este é
logo abafado e vetado ao consumo externo. Porém, quando alguém que
saiu ou um “clérigo da cristandade” é exposto, o alarido é estrondoso e
rapidamente usado com desdém pelas Testemunhas.
446 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
453
454 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Porém, quão verdadeiro é crer nisso? Qual a base bíblica para tal
alegação? Existe vida fora da organização das Testemunhas de Jeová?
Podem as Testemunhas de Jeová sair de sua organização e continuar
vivendo bem no presente, mantendo a perspectiva de uma vida futura
melhor?
A leitura a seguir poderá ser de proveito para muitas pessoas
envolvidas com a organização Torre de Vigia das Testemunhas de
Jeová.
Perspectivas
Quando uma pessoa devota muito tempo de sua existência — às vezes
seus mais preciosos anos — e renuncia a todos os outros alvos na vida
e toda a sua perspectiva futura em prol de um único objetivo, pode
estar se expondo ao risco de um colapso fatal caso o objeto de sua luta
e devoção perca repentinamente o valor.
Mundo afora, amontoam-se cenas de infelicidade geradas por
repentinas mudanças de perspectivas ou a perda do objetivo na vida. É
amplamente sabido que coisas assim ocorrem com:
• alguém que sofreu uma grande desilusão amorosa ou rompeu um
relacionamento antigo no qual havia apostado toda a sua felicidade;
• pessoas imersas em dívidas oriundas de um estilo de vida ou, quem
sabe, de um empreendimento no qual investiram demais;
• pessoas mergulhadas em crises existenciais profundas causadas por
orientações espirituais que eram tudo para elas, mas que, com o passar
do tempo, provaram-se vazias ou fúteis;
• pessoas que por longos anos deram dedicação integral a uma empresa,
fizeram disso sua razão de viver e mais tarde perderam seus empregos
de uma hora para outra, ou viram o valor de todo o seu empenho e
trabalho sem nenhuma importância, reconhecimento ou utilidade;
Resumindo, a infelicidade pode bater à porta de qualquer pessoa
que apostou demasiadamente em alguma coisa de natureza efêmera,
transitória e passageira. Pode sobrevir a alguém que sofreu
bruscamente excruciante desengano, insuportável desapontamento ou
humilhante derrota. Obviamente, a lista acima poderia ser infindável se
outras fatalidades terríveis, como por exemplo, a perda de um ente
querido, fossem incluídas nesse tema. Contudo, essas não estarão
456 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
base mais freqüente e muito mais regular que outros que saem mais
tranqüilamente. Ou até procurem ajuda médica profissional.
Uma Vida sem o Medo de Homens
Por mais surpreendente que isso pareça, a verdade é que muitas
Testemunhas morrem de medo de tomar decisões e se tornarem
responsáveis por seus atos. A Sociedade estimula essa atitude de
dependência ao designar homens para “ajudar os irmãos a tomarem
decisões sábias” (anciãos, superintendentes de circuito, etc.). Ela
mesma responde a milhares de correspondências de irmãos em busca
de “orientação” sobre que decisão tomar em inúmeros aspectos da vida
— inclusive os mais íntimos e pessoais.
Quando se sai, não há mais quem dite as regras do jogo da vida mas
é bastante sábio e prudente estabelecer limites adequados e não perder
o senso de valores morais e éticos. Caso a pessoa queira se apegar ao
que for estritamente bíblico, a Palavra de Deus poderá, POR SI SÓ,
exercer poder sobre as decisões da pessoa quanto ao certo ou errado,
bom ou mau sem se limitar a uma visão totalmente maniqueísta e
inflexível de todos os aspectos da vida.
Um senhor de iniciais M. R., da região sudeste do Brasil certa vez
escreveu algo interessante em relação ao subtópico acima:
“Os primeiros passos fora do berço da organização foram difíceis
pois eu me sentia exatamente como um bebê aprendendo a engatinhar
e logo depois desejoso de andar com meus próprios pés. Ai meu Deus,
como caí e me levantei inumeráveis vezes até ganhar equilíbrio e
maturidade suficiente para andar sem o apoio de muletas...!
Uma coisa de que logo me apercebi foi que não havia motivo para
que eu continuar a desprezar a Deus no meu dia-a-dia depois de sair da
organização visto que eu O havia colocado num mesmo julgamento
negativo daquela organização que se dizia Dele..., mas Ele
simplesmente não era culpado de nada.
Por vários anos, eu nutri muito medo de um imaginário “fundo de
poço” com o qual a organização me ameaçara, mas à medida que o
tempo passava e nada disso acontecia, tornei-me cada vez mais forte e
muito mais feliz.
A cada dia, sentia-me também mais humano e mais igual aos meus
semelhantes. Aprendi a me sensibilizar com a dor alheia sem dar as
Há Vida Fora da Organização? 473
costas por achar que não caberia a mim resolver as mazelas do mundo,
mas só a Jeová. Conseguia sentir mais pena dos desafortunados e dos
pobres da humanidade e essa atitude mental me parecia mais cristã
pois me levou a reconsiderar que, o significado do verdadeiro ‘amor ao
próximo’ não poderia se resumir em ‘colocar’ uma revista para um
pobre ou ‘trocá-la por um item de sua favela — um sabonete, uma
fruta...’, como faziam alguns ‘pioneiros’ e ‘publicadores’.
Com o tempo, descobri que havia sido a própria organização que
me fizera crer que sem ela, eu me tornaria um ser repugnante diante de
Deus. Ao contrário dessa maldição, hoje eu me sinto muito mais capaz
de humilhar-me aos olhos misericordiosos Dele e de me considerar
muito mais responsável pelo uso de minha consciência e atos.
Não mais tenho medo de homens, e essa é uma das preciosas
bênçãos que me faz cultivar cada vez mais respeito e apreço por
Deus.”
O Que Mostram os Fatos
Mudar nem sempre é fácil e pode demandar grandes ajustes, equilíbrio,
uma nova visão e mentalidade como acabamos de ler. Mas mudar
exige também que um conjunto de fatores seja pesado e que todo o
custo-benefício da mudança seja calculado; é importante que se saiba,
por exemplo, como as coisas irão funcionar depois do momento de
decisão. Um bom planejamento deve preceder qualquer investimento
(Mateus 14:28-30) e deve basear-se em realidades que agreguem
valores tanto no campo moral como no espiritual. Mudanças
inconseqüentes e precipitadas podem arruinar o curso de uma vida
inteira.
A vida pós-organização pode ser serena, sem grandes surpresas.
Aquelas “pessoas do mundo”, por exemplo, agirão com um ex-
membro da organização tão naturalmente como antes e quem sabe, até
mais receptivamente agora que sabem que não terão de “suportar”
conviver com alguém que passava a impressão de querer ser superior e
que só se interessava em pregar para os de fora.
A verdade é que o mundo não se acaba, nem precisam se acabar as
esperanças que estiverem claramente expressas na Bíblia. Não
desaparecem da Bíblia, por exemplo, as promessas de Deus quanto a
fazer Sua intervenção nos assuntos da terra. Tudo que estiver escrito na
Palavra de Deus continuará lá depois da saída da organização e Suas
474 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Por fim, veio aquele estalo que eu não era o melhor por ser TJ,
numa aula na faculdade onde foi feita uma dinâmica onde todos
deviam passar uma mensagem para quem mais gostava na sala de aula
e ali eu vi, mães sofrendo por terem seus filhos com algum tipo de
problema, vi moças chorando de alegria por alguém tê-las ouvido num
momento de extrema dificuldade, vi seres humanos, com seus
problemas e fraquezas, com suas alegrias e sinceros sentimentos de ver
o próximo melhor! Perguntei-me: Senhor Jeová, o Senhor, em tão
grande sabedoria, vai virar o rosto para esses seus filhos? O fato de não
serem Testemunhas os faz piores em algo? Se nosso planeta é um
minúsculo grão de areia no universo, essas pessoas vão ser julgadas
por menos que isso?
Com certeza NÃO! E a partir daí, vi que Deus não está preso a uma
ideologia ou religião! Apego-me a uma frase: “prefiro acreditar no
Deus que criou os homens, do que acreditar no Deus que os homens
criaram”!
A senhora Andréa G., da região Nordeste do Brasil, expôs a
seguinte reflexão:
“...Entrei na organização porque sempre amei a Deus e continuo
temente a Ele, mas não consegui ser feliz tentando servi-Lo dentro do
salão do Reino. Eram muitos os meus questionamentos não só em
relação ao sistema opressivo (da organização) mas principalmente com
respeito às crenças que pareciam muito fantasiosas como a volta
invisível de Cristo em 1914 e aquela “geração de 1914” que
presenciaria o fim do sistema de coisas.
Meu marido ‘mundano’ tentava me mostrar as incoerências mas eu
fazia vista grossa em nome do ‘conjunto de verdades mais
fundamentais...’ Hoje em dia sou muito mais feliz por não mais ser
escrava de ensinos e regras humanas (Mateus 15:9). Tento sempre
estar em paz com minha consciência diante de Deus e só sinto tristeza
quando recordo dos meus amigos que ficaram presos lá dentro,
vivendo sob pressão e pensando estar servindo a Deus...; A vida fora
da organização me tem trazido a harmonia e a paz que há muito me
tinham roubado lá dentro; na saída, recuperei o que era meu e sagrado
— a paz mental, algo bom que havia perdido no dia em que entrei.
Todos os conflitos se encerraram no dia em que assinei minha carta de
dissociação...”
Um senhor de iniciais C.F. declarou:
Há Vida Fora da Organização? 477
ver cada uma delas com muita oração a Jeová. Não vou deixar você
sozinho nessa. Jeová é um Deus bom e amoroso e cuidará de nós dois,
mais uma vez...’
Hoje está fazendo um ano que ela disse essas palavras. Saímos da
organização apenas no espírito pois não nos separamos dela
‘burocraticamente’. Nós nos dissociamos mas somente no íntimo.
Nossos filhos e amigos, você entende, não é mesmo?! De coração,
agradecemos a todos vocês que trabalham na Internet e trazem os
frutos de suas descobertas até nós...
E o que resultou de tudo isso? Acaso nos tornamos menos tementes
a Deus ou menos amorosos com nossos irmãos? Ao contrário. Nosso
amor a Deus aumentou pois hoje sabemos separar muito bem aquilo
que é de Deus daquilo que é apenas para homens. Também mudei
minha atitude com meus irmãos: não sou mais aquele homem áspero,
nem severo, nem intolerante com eles. Deixei o cargo de ancião há
algum tempo e somos apenas rostos amigos no salão — ‘irmãozinhos
que ficaram fracos na fé e que assistem a algumas reuniões’. Não sei
por quanto tempo iremos permanecer assim. Mas, de uma coisa temos
certeza: somos mais felizes desse modo e temos mais paz em nossas
vidas. Conseguimos entender melhor o que Deus realmente requer de
cada um de nós e compreendemos mais o Seu grandioso amor e
misericórdia por todos os seres humanos que estão dentro e fora da
organização.
Obrigado...”
É surpreendente ver como cresce o número de pessoas que preferem
continuar tendo fé em Deus mesmo depois do impacto das dolorosas
constatações, de concluírem que estiveram dando crédito a homens
mais do que a Deus. Talvez isso se deva especialmente ao fato de que
Jeová Deus não é propriedade particular e exclusiva de uma
organização humana mas o ser supremo que se coloca à disposição de
todos que por Ele “buscam seriamente”, “embora, de fato, não esteja
longe de cada um de nós”. (Veja Hebreus 11:6, Atos 17:24-28 e Isaías
55:6-7)
Amigos Leais - A Visão de Dentro da Organização...
“Há companheiros dispostos a se fazerem mutuamente em pedaços,
mas há um amigo que se apega mais do que um irmão.” (Prov. 18:24)
484 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Uma frase de uma velha canção de Bob Dylan diz: “Se você não
acredita que haja preço por esse doce paraíso, apenas me lembre de
mostrar-lhe as cicatrizes.”
O atual “paraíso espiritual” tão celebrado entre as Testemunhas
cobra um preço alto. Os dispostos a pagá-lo continuam lá dentro pois
se supõem plenamente satisfeitos com isso. Por outro lado, os que
saem da organização podem levar algum tempo para se recompor do
pagamento.
Cuidar bem das cicatrizes pode incluir não ficar abrindo feridas por
se nutrir ódio a ex-companheiros quando eles mostram que nos
desprezam. Tentar entender que muitos desses são obrigados a fazer
isso, embora não o desejem de coração, é bem mais recompensador.
Cabe às vezes lembrar que essa atitude ensinada nada mais é que
uma velha e acintosa “vingança” da organização contra os que se
rebelam contra seu legalismo e autoritarismo. É um legado maldito que
ela passa aos seus filhos e isso tem se constituído no “feitiço contra o
feiticeiro”, pois à medida que avançamos no século 21, tal expediente
se transforma mais e mais num desserviço à ela mesma. E por quê?
Porque essa é sua forma mais retrógrada de reprimir as críticas a seus
ensinos que desonram ao Deus de amor. É uma fórmula cada dia mais
caduca e com efeito contrário.
As cicatrizes talvez jamais desapareçam totalmente mas elas
certamente cumprem seu papel, o de lembretes inapagáveis dos fardos
humanos que nos foram impostos no passado.
Quanto maior a alegria, a paz e a tranqüilidade de uma vida
equilibrada longe dos longos tentáculos da organização, tanto mais
rápida a cicatrização e regeneração do tecido emocional.
Fora da Organização, Dentro do Amor de Deus
“Que diremos, então, quanto a estas coisas? Se Deus é por nós, quem
será contra nós? ...Quem nos separará do amor do Cristo? Acaso
tribulação, ou aflição, ou perseguição, ou nudez, ou perigo, ou
espada? ...pois estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem
anjos, nem governos, nem coisas presentes nem coisas por vir, nem
poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criação
será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso senhor.” (Romanos 8:31, 35, 38-39)
Há Vida Fora da Organização? 489
Rutherford.” Para minha surpresa, ela respondeu que não. Por fim,
afirmei que eu mesmo já havia achado tais críticas muito “engraçadas”
e corretas, mas tentava não mais usar essa abordagem desrespeitosa,
pois algo me dizia que eu devia me referir respeitosamente à fé dos
outros e não julgar o cristianismo alheio de forma intolerante e
fanática. Agir com respeito poderia contribuir para que eu me
aproximasse do amor de Deus. Pouco depois ela desligou menos
“confusa”, como se descreveu no final.
Outra TJ (ativa) e que se dizia muito “antiga” na organização,
escreveu-me bastante irritada, e ordenou no final de seu e-mail:
“... E pare de correr atrás dos meus irmãos para lhes tirar da
organização por mostrar os erros passados dela...! O que você tem de
melhor para oferecer para eles? Tem outro caminho? Descobriu outra
verdade?”
Ao quê, respondi-lhe:
“Prezada leitora,
...E jamais corri atrás de seus irmãos para lhes tirar de algum lugar.
Não existe isso na Internet. As pessoas que vêm até nós. Agora, VOCÊ
e outras Testemunhas talvez estejam ‘correndo atrás das pessoas’ no
próximo final de semana, em visitas não solicitadas. Ou não é esse o
objetivo final do serviço de porta em porta - tirar alguém de algum
lugar? Quanto aos erros, quer ‘passados’ quer presentes, você bem
sabe que alguns não se interessam por eles. Uma considerável parte das
Testemunhas nem mesmo se importam se a organização está certa ou
errada — querem simplesmente ficar aí como você está, e pronto. Já
ouvi isso de muitas Testemunhas de uns tempos para cá. Uma delas
chegou a me dizer que, se a Sociedade liberasse o sangue para
transfusões, por exemplo, ela acharia isso ‘apenas mais um avanço da
luz que brilha mais e mais’. ...Muitas delas têm seus motivos pessoais
para ficar onde estão. Talvez não vejam vantagens que compensem
‘mexer no que está quieto’, não é verdade? Você deve conhecer outros
que ficam porque apreciam usufruir o poder dos cargos ou ‘privilégios’
que a organização lhes confere e que, provavelmente fora dela, jamais
teriam. Você deve saber que há também os que apreciam o destaque e
a “segurança” providos pela organização e sua mega-estrutura. Por
fim, deve também deduzir que existam outros que realmente acreditam
em tudo que a organização lhes diz vir da Bíblia. Olha, para ser muito
franco, cara leitora, disponibilizo as informações apenas para pessoas
Há Vida Fora da Organização? 491
Experiências que a
Organização Não Relatou
“Por fim, irmãos, todas as coisas que são verdadeiras, todas as coisas
que são de séria preocupação, todas as que são justas, todas as que são
castas, todas as que são amáveis, todas as coisas de que se fala bem,
toda virtude que há e toda coisa louvável que há, continuai a considerar
tais coisas.” (Filipenses 4:8)
“Se aquilo que você estiver prestes a dizer, irmão, não for edificante,
então NÃO DIGA”. Terminada a frase, o orador convidou a assistência
a acompanhar a leitura do texto de Efésios 4:29a., no qual Paulo
admoesta:
495
496 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
É Hora de Falar!
Experiências Reais
O Começo de Tudo
Retaliações
Descobertas e Impasses
Conclusão
É engraçado! Olhando para trás, parece que tudo foi um pesadelo. Sinto
uma sensação de vácuo e a impressão de que não vivi 10 anos ali dentro pois
as pessoas dali me parecem apenas estranhas, e no momento em que relato
minha experiência de envolvimento com a Torre, ainda lamento muito essa
terrível falta de educação, de ética e de amor delas para com todos os que dali
resolvem sair. Como podem pessoas que anteriormente freqüentavam nossa
casa, diziam-se nossos “irmãos na fé”, “companheiros leais, dispostos a dar a
vida por nós...”, virar-nos o rosto agora? Tenho pena deles pois são produtos
da alienação humana; não possuem consciência ou vida própria; são
504 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
“dançar” — tudo entre “irmãos”. Mas até isso depois nos foi proibido, pois
os anciãos achavam que nosso comportamento era “mundano”.
A Revolta
Eu era jovem, queria usufruir minha adolescência, queria ser uma jovem
normal, mas isso não era permitido para uma TJ.
Comecei a namorar um rapaz TJ, mas ele era muito jovem e minha mãe
não permitiu o namoro. Como dentro da organização não se podia quase
NADA, comecei a me afastar, e como dizia minha mãe “a seguir os passos do
mundo”.
A Desassociação
Quando fui para o hospital para dar à luz, minha mãe estava junto comigo.
Tive problemas no parto e uma hemorragia na qual perdi muito sangue. O
médico pediu autorização a minha mãe para fazer uma transfusão e solicitou
que ela chamasse os familiares para saber se alguém poderia ser doador, visto
que meu tipo sangue era negativo. Mas ela não autorizou a transfusão (e
também não avisou ninguém), mesmo com o médico lhe dizendo que sem
transfusão eu morreria.
506 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Após mais ou menos 1 ano depois que meu filho nasceu e eu ter voltado a
assistir às reuniões regularmente, e também ter uma boa conduta de acordo
com as normas da organização, resolvi pedir minha readmissão. Escrevi uma
carta à comissão e fiquei aguardando uma resposta — resposta esta que
nunca vinha.
Minha vida foi virada de ponta-cabeça e “monitorada”. Certos irmãos me
seguiam na rua para ver aonde eu ia e com quem eu conversava. Sentia-me
como se fosse uma criminosa sendo investigada pela polícia.
Daí então comecei a perceber a diferença no tratamento dado aos que
eram desassociados, pois eu tinha uma amiga que tinha sido desassociada
quase na mesma época e pelo mesmo motivo, com a diferença de que ela
havia se casado e eu não, e ela foi readmitida alguns meses depois que o filho
nasceu.
Ficava muito triste pois tinha perdido todos os meus amigos, pessoas que
me eram muito queridas; queria muito ser readmitida para poder conviver
com aqueles que me eram estimados, que eu julgava meus verdadeiros
amigos e irmãos.
Quanta tristeza, quantas lágrimas! Ver as pessoas que eu amava
sinceramente, virando o rosto, muitas vezes dentro de meu próprio lar!
Quantas vezes eu me recolhia em meu quarto quando chegava algum irmão
para almoçar ou jantar em minha casa...! Esperava até eles irem embora para
depois ir comer, com medo de constrangê-los com minha presença. Quantas
vezes ouvi minha mãe me dizer que muitos dos irmãos não vinham à nossa
casa por minha causa...! Quanta, quanta dor!
Fiquei com uma ferida enorme no coração, que só aumentava com a
demora da resposta ao meu pedido de readmissão. Comecei a perder as
esperanças; começaram a aparecer as dúvidas e comecei a questionar “a
verdade”.
Como poderia um Deus que era chamado de “Pai Amoroso”, infligir tanto
sofrimento? Depois compreendi que não era nosso Pai, mas sim aqueles que
diziam seguir os ensinamentos Dele.
Passei então a desacreditar em tudo, e a me afastar novamente.
Até que um dia, voltando de um congresso, um irmão de uma
congregação vizinha perguntou por que eu ainda não tinha pedido minha
readmissão, visto que eu continuava a freqüentar as reuniões e os congressos.
Expliquei a ele que eu já havia feito isso mas não havia obtido qualquer
Experiências que a Organização Não Relatou 507
O Presente e o Futuro
O Casamento
A Separação
Outro Dilema
O Envolvimento
Depois do Vendaval...
Quero ser feliz como todo ser humano normal. Mas não se precisa de
muito para sermos felizes, só das necessidades básicas, saúde, paz e... muito
amor!
Estou muito bem com a minha filha, sempre nos demos bem e a dolorosa
revelação fora de hora que o pai dela fez, a abalou na ocasião mas não
destruiu o amor que ela tem por mim. Valeu apenas ter dado tanto amor a ela,
desde o ventre. Não foi fácil, mas com muito diálogo, ela superou tudo, e
voltamos a ser o que éramos, grandes amigas.
Ela também vê que não mudei — que continuo a mesma. Levo uma vida
digna, e que não aconteceu o que o pai dela tentou fazer com que ela
acreditasse sobre mim. Apesar de não estar dentro da organização, sim, eu me
considero uma mulher de muita fé.
A Vida Pós-Organização
É não achar que aqueles por quem Cristo morreu, serão destruídos.
É não ser a dona da verdade.
É não impor meus conceitos, mesmo que para mim eles estejam
biblicamente corretos.
É não menosprezar a fé de outros.
É não ridicularizar a sua religião.
É não deixar de amar a quem quer que seja, pois este é o segundo maior
mandamento.
É não ter medo, nem vergonha de ser feliz ou de buscar a felicidade.
É não estar competindo em sofrimento com os demais, como se o
sofrimento provasse que somos mais cristãos do que os outros, ou que,
pelo sofrimento, merecemos mais as recompensas divinas do que os
outros.
É ter certeza que “nada, nem ninguém, pode nos separar do amor de Deus
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
É ter certeza que Deus é maior que os nossos corações, e do que os nossos
pensamentos, e do que o nosso ínfimo conhecimento, e que Ele está acima
de qualquer organização humana, seja ela Comercial, Política ou
Religiosa.
das depressões e problemas dos outros. Tanto que, quando me afastei e disse
que estava “fraco”, ninguém acreditou!
Lembro de uma vez que em um Congresso de Distrito, minutos antes de
subir à tribuna para discursar, eu falei a um ancião que eu estava muito
desanimado. Ele simplesmente deu gargalhadas de minha cara, não
acreditando no que estava escutando.
Voltando então ao ponto em que me afastei, fiquei nove meses sem ter
NINGUÉM que me visitasse ou procurasse saber o que estava acontecendo.
Para minha esposa, alguém chegou a dizer: “Ele deve ter feito alguma coisa
errada e por isso se afastou!” Ouvi isso algum tempo depois da boca de dois
anciãos que apareceram lá em casa. Onde estava o amor e a empatia ensinada
por meio das revistas e discursos da tribuna? Na prática, pude sentir que este
amor simplesmente não existia.
Aprendendo a Sobreviver
Sentimentos
Tenho sentido, e outros também, que minha vida mudou para melhor. A
família de minha esposa que é toda TJ, fica perguntando para ela o que
aconteceu comigo, pois sou animado e alegre em tudo o que faço.
O interessante é que todos conversam comigo e visitam minha casa; só
não tocam em assuntos bíblicos.
Sinto-me alegre e percebo que minha esposa nota isso. A princípio ela
ficou incomodada comigo, mas agora, depois de certo tempo e de algumas
“estocadas” que dei, ela passou a duvidar de certos ensinamentos da Torre.
Tenho todas as informações guardadas em meu computador e não me
surpreenderia se ela os estiver verificando. Há mais de um ano ela não vai ao
Salão do Reino.
Sinto com toda a certeza que Deus está comigo. “De modo algum te
abandonarei!”, diz o Criador!
Também, lembro da promessa de que “Deus não é injusto para se
esquecer de suas boas obras e do amor que demonstraste.”.
Sinto na pele as palavras de nosso salvador Jesus Cristo: “E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará!”
Esta é a minha vida! Só agora consegui pôr nela um pouco de liberdade
que só o amor de Deus proporciona.
Hoje em dia, sinto-me muito grato por ter aprendido tudo que aprendi em
páginas da Internet e por intermédio do relato de Raymond em seu livro. As
informações me põem em débito com os que ajudei a colocar lá dentro pois o
fato de eu saber o quanto eles trabalham sob pressão e estressantemente, ou o
quanto se (des)gastam todo dia para satisfazer os requisitos da programação
organizacional, pensando estar agindo em prol dos interesses do Reino
tratado em Mateus 6:33, é para mim algo dramático e um dos motivos de eu
escrever sobre minha experiência.
Os longos anos lá dentro se mostraram muito mais preenchidos de
sacrifícios e renúncias do que de alegrias ou genuína felicidade. As
tribulações, na maioria das vezes, provinham de uma única fonte: as
imposições humanas — quantas horas pregar com regularidade semanal,
quantas reuniões assistir por semana, quantas atividades congregacionais
cumprir sem quase deixar espaço para minha família (esposa e filhos), sem
contar com tantas outras atividades extra-congregacionais como discursos
“fora”, congressos e assembléias (com tarefas adicionais para os anciãos),
cursos de anciãos, treinamento de pioneiros, “sair de pioneiro”, comissões de
ligação de hospitais, comissões de construção, etc.
No entanto, não lamento pelos anos passados na organização no que se
refere às energias gastas ou o uso de minhas habilidades e talentos pois eu
lutava pelo que acreditava ser “a verdade” de Deus. O que lamento é ter, por
exemplo, aprendido a ser dependente de diretrizes humanas, dependência
essa à qual minha mente e corpo se condicionaram. O trabalho, os
“privilégios congregacionais” e toda a estrutura da organização quase criaram
um cordão umbilical com a organização em muitos assuntos da vida. Ainda
hoje encontro alguma dificuldade para achar saídas apropriadas para conciliar
conflitos ou tomar certas decisões. O que não percebia é que o enganoso
“suporte” da “mãe-organização” nos fazia proceder como crianças
obedientes, dependentes. De vez em quando ainda me pego com medo da
liberdade que de repente abracei ao sair da organização. Mas sou muito grato
a Deus de que as conquistas e vitórias até agora estejam em número bem
maior do que os eventuais atropelos com os quais todos nós normalmente nos
deparamos na vida.
Tinha de dar no que deu. Fui desassociado e, dois meses depois, foi a vez
de minha esposa. Meu filho pediu dissociação junto com ela. Meu outro filho
não era batizado e também deixou de freqüentar o salão do Reino.
Embora muito rapidamente, achei melhor assim. Não teria sido bom
aumentar a angústia e sofrimento de minha família. Nessas horas, precisamos
ser fortes e corajosos para tomar decisões desse tipo. Minha esposa e eu não
gostamos de ações covardes e insinceras. Não queríamos ficar fingindo crer
em coisas que não mais faziam sentido em nossas vidas.
Não precisei contender com meus amigos Testemunhas que, estupefatos
me viram sair tão subitamente. Não criei confusões desnecessárias com eles.
Saí “de bem com a vida” e com meus ex-parceiros de fé. Alguns poucos
ainda me ligam e chegam a conversar demoradamente comigo sobre seus
dramas na organização, enquanto outros fogem de mim quando me
encontram por aí. O padrão de sempre...
O fato de eu ter sido um “irmão calmo e bondoso”, como algumas irmãs
idosas me chamavam, atraiu a atenção inicial das pessoas para os motivos de
518 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
minha saída, mas logo se espalharam boatos difamantes para denegrir minha
imagem, a ponto de durante o tempo que se passou entre minha saída e a de
minha esposa, eu a pegar chorando. Isso a deixava muito revoltada e nervosa.
Para Concluir...
Que Sociedade é essa que diz ser a verdadeira religião e não cumpre o
segundo maior mandamento que nos manda “amarmos o próximo como a nós
mesmos?” (Lucas 10:25-28; João 15:12)
Sentimentos Cristãos
Estou livre como Jesus disse que seus seguidores estariam quando
conhecessem a verdade. (João 8:32)
Sinto compaixão e pena dessas pessoas sinceras que, iguais a mim, um dia
entraram por aquelas portas, receberam fartos sorrisos de boas-vindas,
tapinhas gentis nas costas mas que agora não conseguem sair com medo das
pressões e dos atritos familiares que advirão de tal escolha que deveria ser
confortável e livre mas que se torna um pesadelo pois não há modo honroso
nem digno de se sair da organização Torre de Vigia, a “Watchtower” que de
um tempo para cá deseja parecer mais cristã para o mundo ao mudar seu
nome para “Associação Cristã das Testemunhas de Jeová” (ACTJ).
Mas que o leitor sincero me responda, então: que tipo de cristianismo
praticam as Testemunhas “cristãs” de Jeová ao olharem para sua história, seu
passado manchado de sangue humano inocente por causa de mudanças fatais
em seus ensinos?!
Dou graças a Deus por estar livre de mordaças e poder contar ao mundo
sobre tudo isso e outras coisas pelas quais passam muitos ali dentro. Meus
sentimentos cristãos são de amor a essas pessoas e ao mesmo tempo de
tristeza por vê-las escravas de um movimento religioso punitivo, austero e
preconceituoso.
Dou graças a Deus porque hoje sou feliz e por finalmente descobrir que o
único “caminho, a verdade e a vida” é a pessoa maravilhosa de Cristo (João
14:6); ele é a causa de nossa felicidade e o único canal legítimo através de
quem podemos nos achegar ao Pai dele, o Criador de tudo que existe no
universo. Ele deve ser a única fonte de onde podemos retirar forças para tudo
que quisermos fazer de bom em nossas vidas, conforme nos diz Paulo em
Filipenses 4:13.
Submissão à Organização
A Hora do Pesadelo II
ônibus a cada reunião. Meu marido fincou o pé e não aceitou que isso fosse
deliberado assim, pois aquelas pessoas já tinham de lidar com a deficiência
auditiva. Avisou ao pioneiro e ao “super” que eles não iriam aderir ao arranjo
e que isso era uma decisão unânime. Imagine o leitor o que tal atitude
provocou! Suscitou grande ira no pioneiro e no Superintendente responsável,
fazendo com que eles se sentissem justificados a juntar provas falsas de
“rebeldia” e “insurreição” por parte de meu marido aos “arranjos
teocráticos”. Na época em que eles divulgaram isso, meu marido estava
doente e havia viajado para cuidar de um sério problema de pneumonia,
adquirida devido ao intenso frio daquela cidade onde desenvolvíamos o
trabalho com os deficientes auditivos.
Mas o negócio não parou por aí. Mais tarde, seríamos surpreendidos pelas
represálias daqueles homens da organização. Saberíamos então o que
significava desagradar homens poderosos e de destaque dessa organização.
Sentiríamos toda a carga da autoridade que essa organização opressiva lhes
concedia. Acredite se quiser, mas esses homens covardemente desassociaram
meu marido à revelia enquanto ele ainda estava viajando. A ele, nem mesmo
foi dada a chance de comparecer a uma audiência judicativa para se defender.
Tal coisa foi feita tão rapidamente e de modo tão frio e sem amor que, para
nós, na época, tudo parecia um grande pesadelo!
O Dia Seguinte
Como imagina o leitor que estou agora? Como ficou tudo aquilo que
aprendi sobre amor ao próximo, “sinal identificador do verdadeiro
cristianismo”? Ora, não suportei tanta falsidade! Como fui vítima de tudo
isso, resolvi me afastar dessa religião. Retornei para nossa cidade onde meu
marido já estava se tratando. Infelizmente, tive de deixar o emprego secular
que me dava melhores condições. Isso resultou em maiores dificuldades em
sobreviver ao “dia seguinte” do pesadelo. Mas embora a luta hoje seja muito
árdua, estou contente de não estar mais nas garras de uma organização
arrogante que se julga no direito de expulsar seus membros através de
homens pretensiosos que desse modo representam-na tão bem.
Temos um filhinho. Ele estava muito traumatizado pela vida que levava
quando éramos ainda parte da organização. Uma pioneira que ficava com ele
enquanto meu marido e eu trabalhávamos, trancava as portas e batia
severamente nele. Nessa época, ele tinha apenas 6 aninhos de idade e chegou
a precisar de terapia por causa dos maus tratos sofridos. Hoje ele está
melhorzinho e nos preocupamos em lhe dar todo o carinho de que um filho
precisa.
Experiências que a Organização Não Relatou 525
Quanto ao meu serviço secular, tive de descer o padrão de vida pois com a
mudança para essa cidade, ganho apenas um terço do que ganhava na
anterior.
Quanto a mim, às vezes penso que sou uma sobra de vida de um universo
de fantasias, cor de rosa. O que essa organização me fez por meio de seus
representantes foi muito doloroso; abriu uma ferida profunda que não irá
cicatrizar rapidamente. Vivo para cuidar de nosso filho. Meu marido e eu
estamos fazendo faculdade. Começamos em fevereiro de 2002. É uma
tentativa de juntarmos os cacos, começando tudo do zero.
Jamais serei aquela menina crédula que um dia, aos 12 anos de idade
mergulhou no universo róseo idealizado pela organização das Testemunhas
de Jeová.
Às vezes, sinto uma sensação estranha como se eu estivesse estado
sentada numa cadeira de rodas por muito tempo e que meus músculos, agora
atrofiados, não me permitem caminhar normalmente.
Para mim, meu cérebro foi fritado e não consigo mais crer em muita coisa.
Estou na luta para recuperar minha fé nas coisas de Deus sem ter de ir a uma
organização religiosa. Uma das coisas que mais desejo no momento é apenas
sobreviver, já que 21 anos de minha vida foram jogados pela janela daquele
mundo enganoso. Tenho meu marido e filho que precisam muito de mim e eu
deles. Eles são as pessoas que me mantêm viva e com forças para continuar
pela longa jornada da vida.
Estou escrevendo essa experiência no mês de março de 2002 e ainda estou
na organização pois não fui dissociada nem desassociada. Estou afastada.
Não mais freqüento as reuniões porque não mais creio que a organização seja
“o canal de comunicação de Deus”. Em breve terei de tornar conhecida essa
minha posição aos membros de minha família que ainda estão lá e às
Testemunhas de Jeová que me conhecem.
Tenho certeza de que jamais aceitarei o modo em como tudo foi feito
conosco pela organização que se diz de Deus. Não desejo o mal para
ninguém dali (Romanos 12:17-21) e o que mais quero hoje em dia é ter saúde
e vigor para continuar de cabeça erguida, vencendo todas as dificuldades que
ainda poderemos enfrentar em nossas vidas.
Capítulo 13
Proibições, Conselhos
Amorosos e Similares
Vós fostes comprados por um preço; parai de vos tornardes escravos
de homens. (1 Cor. 7:23)
Se ainda estivesse agradando a homens, não seria escravo de Cristo.
(Gal. 1:10)
526
Proibições, Conselhos Amorosos e Similares 527
O leitor lerá agora sobre várias regras que julgará (ou não) irem “além
das coisas escritas” na Palavra de Deus (1 Cor. 4:6) e que são convicta
e renitentemente adotadas pelas Testemunhas como parte do “conjunto
da verdade”. Naturalmente, não incluiremos nessa lista, proibições que
normalmente são condenadas por lei na maioria dos países do mundo
como roubo, extorsão, crimes, fraudes, pedofilia, adultério, e por todas
Proibições, Conselhos Amorosos e Similares 529
A Longa Lista
(Nota: Os grifos são nossos)
Um Parecer Adicional
ÍNDICE
Aborto 78
Adoção 14
Adultério, Evidência 27, 28
Afiliação a Várias Organizações 83
546 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
Anciãos 33-35
`’ , Anteriormente Desassociados 64
`’ , Transgressão
Aniversário 22, 23
Anulações, 31, 32
Apostasia 4
Arma, Emprego com Arma 47, 48
Assassinato 68
`’ , Culpa de Sangue 12
Auto-defesa 102
Bandeira, Exibição 55
Bandeira, Saudação e Hinos Nacionais ou Escolares 54, 55
Batismo 5-8
`’ , Pessoa Retardada 7
`’ , Serviço Militar 86a
Bebidas Alcoólicas 1
Bônus do Governo 60a
Calças, Mulheres 15
Casamento 75-77, 113, 114
`’ , Anulação 31, 32
`’ , com Descrente 35, 49, 50, 75, 76
`’ , com Pessoa Desassociada 6, 7
`’ , Consuetudinário 16
`’ , de Pessoa Desassociada 21,
`’ , Divórcio, Decreto Interlocutório 30
`’ , Salão do Reino 70
Chá de Baby, Panela 114
Cidadania 89
Cobrir a Cabeça 66
Comemoração 84, 85
Comissão de Apelação 64, 65
Comissão, Necessidade 61
Conduta com Pessoas do Sexo Oposto 17, 18
Conduta Desenfreada 17, 18
Confissão 62
`’ , Adultério 25, 28
`’ , de Ancião 34
Consensual, “Casamento” 29
Consuetudinário, Casamento 16
Controle de Natalidade 52
Cuidar de Casos de Transgressão 61-65
Culpa de Sangue 12, 34
Proibições, Conselhos Amorosos e Similares 547
`’ , Privilégios 63, 64
Rebatizar-se 7
`’ , Anciãos 34
Recreação 95
Registrar-se Para Votar 94
Relações Sexuais, Pessoas Divorciadas 30, 31
Religioso, Envolvimento 96, 97
Restituição 23
Retardados Mentais 51
`’ `’ , Batismo 7
`’ `’ , Transgressões 63
Reuniões 82
`’ , Pessoa Desassociada
Salão do Reino, Casamentos 70
`’ , Comprar de Igreja 96
`’ , Desassociados 22
`’ , Filhos Freqüentam 51
`’ , Financiamento 71, 72
`’ , Vender para Igreja 96
Servo Ministerial, Anteriormente Desassociado 64
Sangue 9-11
Segregação 101
Sexo, Mudança de 104, 105
Sexual, Conduta 103-105
Sindicatos, Afiliação e Atividades 111, 112
Sociedades Comerciais 34
Soros 9
Subornos 13
Suicídio 57
Tabaco 108-110
Transexual 104, 105
Travestir-se 105
Transplantes de Órgãos 81
Tribunal 73
Uniforme 69
Vestimenta que é Apropriada 15
Viúva, Pensão 77
Votar 94
`’ , Sindicatos 111
Unidade ou Conformidade
de Grupo?
“Portanto, eu, o prisioneiro no Senhor, suplico-vos que andeis
dignamente da chamada com que fostes chamados..., diligenciando
observar a UNIDADE do espírito no vínculo unificador da paz...”
(Efésios 4:1, 3 — Tradução do Novo Mundo)
551
552 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
O Que Dizer da
“Religião Verdadeira”?
O que se segue é um ponto de vista oriundo de algumas pesquisas
modestas que obviamente jamais fizeram ou farão parte de algum
“conjunto de verdades divinas” ou da “verdade revelada de Deus”, ou
coisas desse tipo.
559
560 A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová
lhes inflige através de pastores que lhes ditam regras de conduta além
das contidas na Bíblia. Para tais “ovelhas”, essa espécie de casulo
religioso exclusivista se justifica no uso de Heb. 10:24, 25, embora
esses versículos não digam em que igreja esse requisito seria cumprido
o próprio Cristo tenha garantido que bastariam “2 ou 3 membros em
nome dele” para que ele estivesse no meio deles.
Enquanto alguns se esforçam em lutar pela liberdade cristã
responsável, muitos fazem questão de buscar “freios” — de que
supõem precisar — numa “religião verdadeira”. Com o tempo,
contudo, tais “freios” tornam-se algemas mentais e espirituais, frutos
da convivência com companheiros “cristãos” que constantemente se
transformam em juízes e “amos da fé”.
O que resta, então? Seguir aquela que parece ser “a melhorzinha”?
Simples e comodamente aderir à tradição religiosa familiar,
recolhendo-se às “herdadas” conchas de complacência religiosa? Ir
levando de qualquer jeito, sem mexer em nada? Manter os corações
imperfeitos e desesperados (Jer. 17:9) na camisa de força de uma
organização religiosa? Uma que seja austera, inflexível, rigorosa e que
“ajude a manter a sobriedade cristã, a guardar os requisitos bíblicos e
cumprir zelosamente as obrigações teocráticas”?
(Esse foi o motivo dado por um amigo Testemunha, 8 meses depois
de minha saída, para continuar como membro da Torre de Vigia).
Doutrinas e Conduta
Eis outra razão pela qual não se prescreve nesse livro uma nova
“verdade revelada por Deus” nem se sugere uma nova opção de
religião organizada. Eis mais um motivo pelo qual não há aqui a
pretensão dos dois escritores desse livro de fundarem qualquer novo
movimento religioso.
Mas, como se resolvem as questões do tipo suscitado na mensagem
acima? Será que não há mesmo como resolvê-las?
Pessoas em geral, mesmo as Testemunhas de Jeová que se dizem
possuidoras da “Verdade” ou como “estando na verdade há X tempo”,
debatem-se nas mesmas questões fundamentais ou se conformam com
respostas simplistas. E mesmo neste último caso, nem sempre aceitam
tudo que se lhes é dito por meio de sua agência “autorizada” de
informações, seu Corpo Governante. Muitos escondem suas dúvidas
com medo de represálias e estigmas habituais do tipo “irmão fraco na
fé”.
Obviamente, algumas respostas básicas são dadas na Bíblia e essas
deveriam bastar. (Romanos 15:4) No entanto, as pessoas preferem
digladiar e afastar-se umas das outras por causa de uma excessiva
importância a doutrinas e crenças com as mesmas perguntas de
sempre: há inferno ou não? A alma é imortal ou não? Vamos para o
paraíso no céu (Heb. 11:13-16) ou para um paraíso terrestre (Salmos
37:11)? Etc. A inquietude da alma humana não lhes deixa outra opção.
Alguns, no entanto, preferem deixar os destinos de suas vidas nas mãos
de Deus a ir em busca de crenças fabricadas por homens com suas
centenas de milhares de interpretações diferentes da Bíblia e de outros
livros considerados “sagrados”. Eis aí o motivo pelo qual a
humanidade tem presenciado a proliferação de movimentos religiosos
sectários, dogmáticos e fundamentalistas.
As religiões hodiernas, que inicialmente parecem dar todas as
respostas, não conseguem resolver todas as questões existenciais de
modo satisfatório e plenamente convincente, embora cada uma se auto-
recomende como “a verdadeira”, como no caso específico da Torre de
Vigia. E quando reflito em quão desapontadora e grandemente
dolorosa tem sido a experiência de muitas Testemunhas de Jeová com
a Torre de Vigia ao descobrirem que as afirmativas dela de ser a
O Que Dizer da “Religião Verdadeira”? 569
fará, não penso que seja assunto para especulações (Veja Atos 1:7). Ele
cuidará de tudo do melhor modo e nossa obrigação como criação dele
é confiar em seus julgamentos justos. (Eclesiastes 12:13,14)
Muitos que têm saído da organização por motivo de consciência,
descobriram quão bom é poder apontar a amigos e parentes, a pessoa
simples e maravilhosa de Cristo, o Filho de Deus, que não tinha uma
organização religiosa nem dirigia um “corpo governante”. Isso os faz
desenvolver apreço natural em mostrar às pessoas que ele promete que
a “carga dele é leve e seu jugo é benévolo” (Mateus 11:30). Há maior
prazer em compartilhar desse modo, sentimentos cristãos com outros,
no sentido de que TODOS podem se achegar a Deus e ao seu filho sem
precisar seguir normas humanas, prescritas por alguma organização
religiosa que se auto-proclama “defensora e continuadora da
Verdadeira Igreja de Deus”.
Finalmente, no dia-a-dia, pode ser de indizível valor louvar a Deus
por aplicar com humildade o conselho divino registrado no livro
bíblico de Provérbios 3: 1-7: