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Operações unitárias III

Fundamentos e aplicações de
transferência de massa
ICT-504

Aula 1 Secagem

Prof. Rodrigo Corrêa Basso


Mestrando Diego Valim
Definição:
Aplicação de calor sob condições controladas para remover, por
evaporação, a maioria dos componentes voláteis presente em uma
matriz sólida.
Meios de Secagem:

Ar, Vapor Superaquecido, Vácuo, Gás Inerte, Aplicação Direta de Calor,


etc.

Vantagens:

⇒Melhor conservação do produto → redução da atividade de água;


⇒Redução do peso e volume do produto;
⇒Processo de conservação econômico.
Equilíbrio de Fases → corpo entra em equilíbrio com o ar que o circunda

Deixando um corpo em contato com uma pequena quantidade de ar à


temperatura constante, atinge-se um estado de equilíbrio entre as 2
fases em contato.

Água distribui-se entre ambas as fases.

ar +
água (líquida)
 T constante → água no corpo
entra em equilíbrio com o vapor
d’água presente no ar.
sólidos +
água (líquida)
Curva de equilíbrio à temperatura constante

Umidade ligada Umidade não


1,0 ligada

(
* (Atividade  )
XA = de Água)



Umidade livre

*  
X A 
 ó
Conteúdo de Umidade em Base Úmida = (kg umidade / kg sólido seco + umidade)
Conteúdo de Umidade em Base Seca = (kg umidade / kg sólido seco) = X

∗ → umidade de equilíbrio → mínima umidade possível de ser obtida com o ar de


secagem utilizado
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água

⇒ Umidade absoluta:

"á$%  18,02 
! = = = 0,622 (kg vapor / kg ar
"& ( −  ) 28,97 ( −  ) ( −  ) seco)

⇒ Umidade relativa:
 
01(%) = 100  = 

 

 = pressão parcial do vapor d´água no ar, estando a água em um


dado corpo

 = pressão de vapor da água pura na temperatura T (= pressão de
vapor no ar saturado)
 = pressão total
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água

⇒ Calor úmido de uma mistura ar + água:

Calor úmido 34 é a quantidade de calor requerida para elevar a


temperatura de 1 kg de (ar + vapor d’água) em 1 °C ou 1 K.
Os calores específicos do ar + vapor d’água podem ser considerados
constantes na faixa de temperatura na qual ocorre os processos de
secagem.

Cs = 1005 + 1884.Y (Joule p/ mistura / kg ar seco.ºC)

C s = 0,24 + 0,45.Y (kcal p/ mistura / kg ar seco.ºC)

c p , ar = 1005 (J / kg ºC)
c p , vapor = 1884 (J / kg ºC)
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água

⇒ Entalpia total de uma mistura de ar-vapor d’água → entalpia da


mistura (ar + vapor d’água) mais a entalpia necessária para evaporar a
fração de água na mistura.
^
H = C sT + λo ⋅ Y ar

onde: C s = 1005 + 1884 ⋅ Y


^
H = (1005 + 1884 ⋅ Y ar )⋅ T + λo ⋅ Y ar
J para a mistura
kg de ar seco

onde: λ0 entalpia molar de vaporização


Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água

⇒ Saturação Adiabática → saturação do ar com vapor d’água

Gás entrada (G) Gás saída (G)

8 9:
7 ;9: ;<9= 8 <9=
7

Água de Reposição (L)

;<9= ;<9=
⇒ Considerando o processo acima:

A temperatura da água em recirculação atinge a temperatura adiabática


de saturação 56 . Se o gás entrando a temperatura T, tem umidade inferior a
de saturação 56 < T. Quando este gás atinge o equilíbrio, apresenta-se
saturado tendo umidade e temperaturas de Saturação, !4 e 56 .
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água
⇒ Saturação Adiabática:

Gás entrada (G) Gás saída (G)


8 9:
7 ;9: ;<9= 8 <9=
7

Água de Reposição (L)

;<9= ;<9=

Observações sobre o processo:

⇒ água usa temperatura do ar para evaporação;


⇒ ar atinge a temperatura da água quando está saturado;
⇒ quando a temperatura de referência escolhida for ;<9= → entalpia da
água assume valor zero.
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água

⇒ Saturação Adiabática:

Gás entrada (G) Gás saída (G)


8 9:
7 ;9: ;<9= 8 <9=
7

Água de Reposição (L)

;<9= ;<9=
→ Balanço de calor no processo
Hˆ total de entrada do gás = Hˆ total de saída do gás
*
C s (T ar − Ts ) + λsY = C s (Ts − Ts ) + λ sY S
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água

⇒ Saturação Adiabática:

Balanço de calor no processo (continuação)

C s (T − Ts ) + Y ar λs = C s (Ts − Ts ) + Ys λ*S
*
Ys − Yar C s 1005 + 1884 × Yar
=− =
Ts − Tar λs λs
Equação da linha de saturação adiabática
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água

⇒ Saturação Adiabática:

*
Ys − Yar Cs
=−
Ts − Tar λs

Ys Ys

Y Y

T
Ts
Relações Psicrométricas para o sistema Ar-Água
• Temperatura de Bulbo Úmido:

T > Tw

Ar T Y Ar T Y
Tw

T
Tecido
molhado
água
⇒ ar fornece calor para água do bulbo;

⇒ água evapora retirando calor do bulbo.


O Fenômeno de Secagem

A’
B
A
X C
D
E
tempo
Etapas de secagem

Primeira etapa → de A até B ou de >? até B

⇒ Ar cede calor ao sólido;

⇒ Se o sólido estiver a uma temperatura inicial menor que a temperatura


de bulbo úmido do ar de secagem (A), parte do calor é utilizado para
aquecer o sólido até esta temperatura e parte para evapora a umidade.
O Fenômeno de Secagem

A’
B
A
X C
D
E
tempo

⇒ Se o sólido estiver a uma temperatura inicial superior a temperatura


de bulbo úmido do ar de secagem (@? ), todo o calor do cedido pelo ar é
utilizado para evaporar a água, e o próprio sólido se resfria até a
temperatura de bulbo úmido, fornecendo energia térmica adicional para
evaporar a umidade.
O Fenômeno de Secagem
Segunda etapa → de B até C
A’
⇒ Umidade no sólido é não ligada,
B
A garantindo que a superfície do
sólido esteja sempre umedecida.
X C
⇒ Calor transferido pelo ar para a
D superfície do sólido evapora a água,
E transferindo-a na forma de vapor
para o ar.
tempo
⇒ Ar cede energia térmica, se resfriando, e recebe vapor d’água →
transferência de calor e massa com difusão de água no ar.

⇒ Sólido mantém a temperatura de bulbo úmido do ar de secagem


enquanto a umidade interna conseguir atingir sua superfície,
mantendo-a completamente umedecida.

⇒ Processo é controlado pela transferência de calor, não havendo


difusão no interior do sólido nesta etapa.
O Fenômeno de Secagem

Segunda etapa → de B até C


Calor transferido entre a o ar e a superfície:
A = B@(5& − 54% &CíE )
Taxa de água transferida para o ar na forma de vapor:
F & ⋅ @ = H @(!4% &CíE − !& )

Calor utilizado na evaporação da água:


A = F & ⋅ @ ⋅ Iá$%
Onde:
Iá$% = calor latente molar de vaporização na temperatura do sólido
54% &CíE = temperatura na superfície do sólido, que para a etapa de taxa
constante 54% &CíE = 5J%KJ ú EM
!4% &CíE = umidade do ar saturado (equilíbrio) junto a interface
do sólido, que para esta etapa é igual a umidade do ar
saturado na temperatura de bulbo úmido
O Fenômeno de Secagem

Igualando e substituindo as equações:

B@(5& − 54% &CíE )=H @(!4% &CíE − !& ) ⋅ Iá$%

V V
NOPQ RNST YWX N]P RNST YWX
=− → =−
UOPQ RUST Zá[\S U]P RUST Zá[\S
O Fenômeno de Secagem
Etapa de secagem decrescente → de C até E
A’
B ⇒ Nesta etapa a umidade do sólido cai a
A um valor de umidade crítica, ^ a partir do
qual o movimento interno de umidade no
X C
sólido não garante que sua superfície fique
constantemente úmida.
D
E
tempo

⇒ A difusão interna de água no sólido ou capilaridade passa a controlar o


processo.

⇒A temperatura do sólido começa a subir e tende a se aproximar da


temperatura do ar quente, enquanto a taxa de evaporação (secagem)
diminui.
O Fenômeno de Secagem
Etapa de secagem decrescente → de C até E
A’
B Etapa de secagem decrescente pode ser
A dividida em 2 sub-etapas:

X C ⇒1ª sub-etapa → parte da superfície do sólido


fica seca, mas água se difunde até a superfície
D para evaporar (de C até D).
E
tempo

⇒ 2ª sub-etapa → frente de secagem penetra no sólido e sua temperatura


tende a subir mais rapidamente (de D até E).

Secagem prossegue até que o sólido atinja a umidade de equilíbrio com


o ar de secagem →  ∗
Fenômeno da Secagem:  kg de água evaporada/tempo 
dX
 
Taxa de Secagem dθ  kg de sólidos 

A’ B A’
dX C dX C B
dθ dθ A
A D D
E
Tempo (θ) E X

A-B → Período de Acomodamento @? → 5 & > 5`aR&


@ → 5 & < 5`aR&
B-C → Período de taxa de secagem constante;
C-E → Período de taxa de secagem decrescente.
TA 834 – Operações Unitárias III

Perfil de temperatura para um secador contínuo operando em contra-


corrente

Pré-aquecimento
Zona I, Zona II,
taxa constante taxa decrescente
TG2 YG2
Zona de
TGC YGC
TS2 XS2
TG1 YG1
Temperatura

TS (sólido)
TS1 XS1 TSC XSC

Distância percorrida dentro do secador


Perfil de temperatura para um secador contínuo operando em contra-
corrente

Zona I: Zona de pré-aquecimento. O ar transfere calor para


aquecimento e pouca evaporação ocorre nesta fase.
ZONA II: O calor transferido pelo ar ao sólido é totalmente utilizado
para evaporar a água. Aqui há um equilíbrio entre a transferência de
calor e de massa.

A
Calor entre ar e superfície = B(5& − 54% &CíE )
@
A
Calor para evaporar a água = H (!4% &CíE − !& ) ⋅ Iá$%
@

ZONA III: A superfície de secagem não está saturada de água,


diminuindo a transferência de massa. Supondo que o coeficiente de
transferência de calor permaneça constante, irá transferir mais calor para
o sólido do que o necessário para evaporar a água, então o produto se
aquece.
Tipos de Equipamentos

A escolha dependerá:
• Forma desejada ao produto processado;
• Fator econômico;
• Condições de operação.
Equipamentos - Classificação

Classificação segundo o modo de transferência de


calor:
• Diretos:
Contato direto entre sólido úmido e o ar quente
- convecção
• Indiretos:
Transferência de calor através de paredes aquecidas
- condução;
- radiações (infravermelho, microondas);
- resistência elétrica;
- paredes refratárias, etc
Equipamentos - Classificação

Classificação segundo o modo de operação:


• Batelada/Semi-Batelada:
Operação intermitente ou cíclica (regime não
permanente);
• Contínuo:
Regime permanente com alimentação ininterrupta.
Tipos de Secadores

• Secadores Diretos Descontínuos


Exemplo: Secador de Bandeja (Cabine)
Tipos de Secadores
AR

• Secadores Diretos Descontínuos


BANDEJAS
SÓLIDAS
Exemplo: Secador de Bandeja (Cabine)
AQUECEDOR

AR

oo
oo
oo BANDEJAS
PERFURADAS
oo COM ALETAS
oo

AR

A
R
Ar
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Descontínuos
Exemplo: Secador de Bandeja (Cabine)
• Desvantagens:
- pouco eficiente, mão de obra
elevada, movimentação dos
tabuleiros;
• Vantagens:
pequena escala, bom para ciclos
longos (secagem demorada)
• % de recirculação de ar:
80 a 95%
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos

Exemplo: Secador de Túnel

Em média: 10-15 m de comprimento;


Vagonetes para conduzir a matéria-prima;
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos
Exemplo: Secador de Túnel
Aquecedor Soprador

ar CONTRA
CORRENTE
ambiente

material Material

úmido Seco
retirada
Vagonetes
parcial do ar

CO-CORRENTE
ar

ambiente

material Material

seco Úmido
Tipos de Secadores

• Secadores Diretos Contínuos


Exemplo: Secador de Túnel

Tipo de fluxo Vantagens Desvantagens


co-corrente Secagem inicial rápida. Dificuldade de remoção da
Menores danos causados pelo umidade final.
calor.
contra corrente Mais econômico do ponto de Possibilidade de danos
vista energético. térmicos.
Facilidade de remoção da Risco de deterioração, pois o
umidade final ar quente entra em
contato com sólido com
baixa umidade.
cruzado Flexibilidade de controle da Maiores custos fixo e
secagem devido à separação operacional.
das zonas de aquecimento,
levando a secagem uniforme
e rápida.
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos
Exemplo: Secador Rotativo
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos
Exemplo: Secador Rotativo

 Usado para materiais


particulados;
 Secadores rotativos:
• diâmetros na faixa de
0,75 a 3,5 m e com até 9
m de comprimento;
• velocidades de rotação
atingindo no máximo 24
rpm.
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos Indústria alimentícia,
Exemplo: Spray Dryer farmacêutica, ceramica,
detergentes, etc.
Fases:
• Atomização do liquído:
gotas (10–200 µm de
diâmetro) ;
• Contato do líquido com o ar
quente (150-300 ºC);
• Evaporação da água;
• Separação do produto em
pó do ar de secagem.
Pulverização:
• bicos ou discos
atomizadores;
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos
Exemplo: Spray Dryer
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos
Exemplo: Secador de Leito Fluidizado

Sistema Contínuo de
Secagem.
Fases:
• Material colocado em
uma esteira perfurada;
• Contato do material
com o ar quente pela
parte inferior →
movimentação similar a
um líquido em ebulição;
• Evaporação da água;
Tipos de Secadores
• Secadores Diretos Contínuos
Exemplo: Secador de Leito Fluidizado
Tipos de Secadores
• Secadores Indiretos
Exemplo: Secador de Tambor ou Rolo Secador
Constituído de 1 ou mais
tambores rotativos:
• diâmetro de 0,5-1,5 m;
Faca • comprimento 2-5 m;
Raspadora • velocidade 1-20 rpm;
• tempo de residência 2-20 s;
Vapor
Alimentação • consumo de vapor: 1,1 a 1,5
kg vapor/kg água evaporada;
• pressão atmosférica ou
reduzida (vácuo);
Produto Seco Usados para a produção de
1 1 L1 L2 flocos de batata, cereais pré-
= + + cozidos, melaços, purês de
U hconv k metal k a lim ento frutas.
Tipos de Secadores
• Secadores Indiretos
Exemplo: Secador de Tambor ou Rolo Secador
Tipos de Secadores
• Secadores Indiretos • Congela-se o alimento a
Exemplo: Liofilizador temperaturas inferiores ao
ponto triplo.
• Ponto triplo da água: 0ºC
e pressão de 4,7 mmHg;
• A água apresenta-se no
estado sólido.
• Sistema a vácuo (P abaixo
do ponto triplo da água);
• Fornece-se energia na
forma de calor para
sublimar o gelo;
• Propriedades químicas e
organolépticas mantidas;
• Uso da liofilização na ind.
de alimentos: café.
Tipos de Secadores
• Secadores Indiretos
Exemplo: Liofilizador

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