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1 Introdução
O estudo da discricionariedade judicial é de grande importância acadêmica,
trata-se de um elemento comum na obra de estudiosos do direito, como bem res-
saltado por Lenio Streck (2017, [s.p.]):
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Não se intenciona com esse argumento defender a teoria dworkiniana acerca da “única resposta correta”.
Aliás, esse é um ponto de conflito entre o pensamento de Luigi Ferrajoli e Ronald Dworkin. Luigi Ferrajoli
relaciona a referida tese ao objetivismo moral.
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Aqui se pode falar da proibição do non liquet, prevista no art. 140 do Código de Processo Civil brasileiro.
Eis o dispositivo: “art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico” (BRASIL, 2015). Elival Ramos in “Ativismo Judicial: parâmetros dogmáticos” faz um
interessante resgate histórico acerca da proibição do non liquet. Informa que o art. 3º do Capítulo V, do
Título III, da Constituição francesa de 3 de setembro de 1791 trazia a proibição expressa aos Tribunais de
se imiscuir nas atribuições do Poder Legislativo. A Lei 16, de 24 de agosto de 1790 estabelecia, inclusive,
a proibição direcionada ao juiz de decidir “quando a aplicação da lei suscitasse interpretação duvidosa,
cabendo-lhe aguardar a interpretação legislativa”. A proibição do non liquet foi inserida no ordenamento
jurídico francês apenas em 1804, com o Código Civil napoleônico, sendo expressamente estabelecido que
“o juiz que se recusar a julgar sob o pretexto do silêncio, da obscuridade ou da insuficiência da lei, poderá
ser processado como culpável de justiça negada” (RAMOS, 2015, p. 72).
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Ainda sobre o assunto, cita-se trecho do voto do Ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Brito nos
autos do HC 91352-1 SP, ressaltando que a opção de não agir também é concedida ao Poder Legislativo,
mas sempre negada ao Poder Judiciário: “se ao Legislativo não se pode impor a obrigação de legislar, ao
Judiciário se impõe, sim, a obrigação de julgar. É proibido, no âmbito do Judiciário, a formulação daquele juízo
de non liquet, de não resolver a causa. O juiz de qualquer instância, o Tribunal de qualquer natureza tem que
solver a questão, liquidar a questão para corresponder a esse prestígio máximo que a Constituição lhes deu
ao dizer que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 2008).
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Neste sentido, Conrado Hübner Mendes fazendo uso dos ensinamentos de Alexander Bickel.
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Aqui se pode entender que Conrado Hübner Mendes faz menção às lições de Dworkin, dividindo decisões de
princípios, ligados à atividade judicial, e questões de políticas, próprias dos poderes Legislativo e Executivo.
Sobre o tema, vide: DWORKIN, 2005, p. 26. Ver ainda: PEDRON, OMMATI, 2022.
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É importante registrar que Luigi Ferrajoli autodeclara-se filado ao positivismo jurídico. Em verdade, Luigi
Ferrajoli prega o positivismo jurídico crítico em contraponto ao que denomina positivismo dogmático. Combate
o dogma da obrigação do juiz de aplicar as leis vigentes, ainda que inválidas. Como leis inválidas, na sua
lição devem ser entendidas aquelas que se choquem, no aspecto substancial, com os valores morais
positivados nas Cartas Constitucionais. O que significa de fato que uma lei existe ou está em vigor? Significa
apenas que está expressa por um texto legislativo não anulado e pode ser, portanto, aplicada mediante
providências válidas relativamente a ela. Mas isto não tolhe que ela possa ainda não ser aplicada, toda
vez que o juiz a considere inválida. Em tal caso dever-se-ia mesmo dizer que estes devem não aplicá-la,
se não se tratasse de um dever puramente potestativo, isto é, dependente do juízo de invalidade por ele
mesmo operado. Em todo caso, já que os juízes têm o poder de interpretar as leis e de suspender-lhes a
aplicação se as consideram inválidas por contraste à Constituição, não se pode dizer, a rigor, que tenham
a obrigação jurídica de aplicá-las (FERRAJOLI, 2002, p. 701).
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São os chamados positivistas jurídicos exclusivos ou exclusivistas.
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Destacamos que a posição de Dworkin não é o objeto de investigação do presente texto, muito embora
seja um autor de enorme relevância para a Teoria do Direito atual.
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Dimitri Dimoulis tem pregação semelhante: “Os positivistas nunca tiveram o irrefreado otimismo de
considerar que as leis resolvem os problemas de forma mecânica, tornando o juiz uma espécie de máquina
de subsunção, que atuaria de forma previsível, guiado pela certeza normativa, tal como ocorre com uma
máquina programada a dar respostas fixas e preestabelecidas” (DIMOULIS, 2018, p. 186).
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Eis a constatação do autor: “a submissão de todos os aspectos potencialmente relevantes da decisão ao
contraditório apresenta-se como uma manifestação da percepção de que o poder do juiz no processo não
é absoluto (incontrolável protagonismo judicial), em face de sua falibilidade e do fato de que a discussão
será muito mais adequada (e legítima) se todos souberem os aspectos mais importantes da demanda”
(NUNES, 2009, p. 231).
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O referido termo constava dos arts. 379 (“O juiz apreciará livremente a prova constante dos autos,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de
seu convencimento”), art. 401 (“A confissão extrajudicial será livremente apreciada pelo juiz”) e 490 (“A
segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra”).
Com a sugestão dada por Lenio Streck e acatada pelo relator do projeto de lei, Deputado Federal Paulo
Teixeira, o termo “livremente” foi retirado do texto legal (STRECK, 2015, p. 33-34). Flávio Quinaud Pedron
apresenta-se também como um importante crítico ao livre convencimento do magistrado, veiculando
argumentos contrários à tese da existência de tal princípio com substrato na teoria dworkiniana do direito
como integridade (PEDRON, 2017).
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Por outro lado, elencada como terceira dimensão do poder judicial tem-se a
circunstância de que, além de decidir pela comprovação ou não de determinado
fato a ser inserido dentro da hipótese legal, o juiz deve conotar o plexo fático di-
ferindo-o dos demais, mesmo que abstratamente pertencente ao mesmo gênero
jurídico. Isso, porque não há possibilidade de a lei abstratamente prever toda a ri-
queza fática que ocorre no mundo real.
Nesse ponto, e trazendo especificamente para o campo penal, relata Luigi
Ferrajoli que esse poder de conotação pode servir, inclusive, para reduzir a inter-
venção estatal sobre a liberdade individual, atenuando a pena imposta diante da
comprovação de particularidades do caso:
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Verificar-se-á, mais à frente, que um dos elementos de discordância entre o constitucionalismo garantista e
constitucionalismo principialista é a opinião acerca da vagueza das normas constitucionais, com o constitu-
cionalismo garantista a condenando e o principialismo entendendo que, em certa medida, tal imprecisão é
salutar e recomendável. Afirma Lenio Streck que “Ferrajoli procura garantir o controle da decisão judicial: a
partir de uma linguagem rigorosa” (STRECK, 2017, [s.p.]). No mesmo sentido, André Karam Trindade para
quem “Ferrajoli evidencia a necessidade de se desenvolverem técnicas de formulação legislativa capazes de
garantir uma linguagem mais simples, mais clara e mais precisa” (TRINDADE, 2019, p. 83). A relação entre
maior vagueza legislativa e majoração de discricionariedade judicial também foi feita por Mauro Cappelletti:
“obviamente, nessas áreas abertas à atividade dos juízes haverá, em regra, espaço para mais elevado grau
de discricionariedade e, assim, de criatividade, pela simples razão de que quanto mais vaga a lei e mais
imprecisos os elementos do direito, mais amplo se torna também o espaço deixado à discricionariedade
nas decisões judiciárias. Esta é, portanto, poderosa causa da acentuação que, em nossa época, teve o
ativismo, o dinamismo, e, enfim, a criatividade dos juízes” (CAPPELLETTI, 1993, p. 42).
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Aqui se observa a relação entre os ensinamentos sobre a discricionariedade e a tese do não cognitivismo
moral. O constitucionalismo garantista, ao negar a tese semântica do objetivismo moral, entende que uma
suposta moral objetiva não pode ser utilizável como critério de validade das normas, justamente porque a
mesma não pode ser verificável ou falseável. Eis a lição de Luigi Ferrajoli sobre o assunto: “La diferencia de
los juicios de valor respecto de las tesis de la ciencia no consiste por ello en el hecho de que los primeros
sean, como en la objeción que tú rechazas, «altamente controvertibles y controvertidos», a diferencia de las
tesis de la ciencia, que no lo son. Consiste, a mi parecer, en la circunstancia exactamente opuesta: en el
hecho de que los juicios de valor no son ni verificables ni refutables empíricamente, es decir, con referencia
a lo que existe o sucede, a diferencia de las tesis de la ciencia que, por el contrario, sí lo son. Y esto se
debe simplemente a que los juicios de valor no son ni verdaderos ni falsos, dado que no consisten en
aserciones, sino en prescripciones, como tales argumentables con principios y juicios a su vez de valor, ni
verdaderos ni falsos. Por esto, si, por el contrario, juzgamos que las tesis éticas son verdaderas o falsas,
y evidentemente pensamos que son verdaderas las que sostenemos nosotros, no podemos tolerar, por
falsas, las tesis opuestas que no compartimo” FERRAJOLI, MANERO, 2012, p. 66).
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Disto resulta que enquanto a verdade (ou a falsidade) dos juízos sobre
vigor é predicável com base em simples verificações empíricas ou de
fato, o mesmo não se pode dizer dos juízos sobre a validade, os quais,
quando consistem na valoração da conformidade ou da deformação
das normas dos valores expressos pelas suas normas superiores,
não são, como escreve Bobbio, juízos de fato, mas juízos de valor, e,
como tais, nem verdadeiros nem falsos. [...] Obviamente, os juízos de
validade ou de invalidade das normas com base nos valores incorpo-
rados pelas normas superiores podem ser mais ou menos opináveis.
Seria dificilmente opinável, no nosso ordenamento, a invalidade de
uma lei penal anti-racial, claramente em contraste com o princípio
constitucional da igualdade dos cidadãos ‘sem distinções de raça’.
Na maior parte dos casos, contudo, os juízos de valor requeridos para
sufragar a validade ou invalidade substancial das normas não são
assim tão óbvios. Demonstram-no a permanente invalidação de leis
precedentemente declaradas válidas e, inversamente, a resistência
oposta, vez ou outra, por decênios, antes de sua anulação, pelas leis
sucessivamente declaradas inválidas. (FERRAJOLI, 2002, p. 701)
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São as palavras de Dworkin demonstrando a mesma dificuldade de verificabilidade da decisão baseada
em princípios: “É verdade que, em geral, não podemos demonstrar a autoridade ou o peso de um princípio
particular, da mesma maneira que às vezes podemos demonstrar a validade de uma regra reportando-a a
um ato do Congresso ou ao voto de um tribunal autorizado” (DWORKIN, 2002, p. 58).
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de uma decisão que lhe era devida por direito, como no caso de um
árbitro esportivo ou de um juiz de uma exposição. (DWORKIN, 2002,
p. 54-55)
5 Conclusão
Este trabalho procurou demonstrar que, na visão esposada por Ferrajoli, há
a existência de espaços insuprimíveis de discricionariedade judicial. Apontou, in-
clusive, que tais espaços são inelutáveis e, em certa medida, aceitáveis, ainda
que no sistema garantista.
A eleição do referencial teórico teve a intenção de demonstrar que, mesmo
pregando-se a redução do poder estatal, é inevitável certa parcela de discriciona-
riedade judicial. Contudo, o ideal concentra-se na busca pela redução, ao menor
patamar possível, desse espaço de discricionariedade, uma vez que ela não pode
ser enleada com arbítrio judicial baseado em meras subjetividades. Quando há de-
cisões judiciais eivadas com tal vício, há sempre o descumprimento da garantia
da legalidade estrita e/ou descumprimento do dever judicial da juridicidade estrita.
A intenção deste estudo foi expor o entendimento de Luigi Ferrajoli acerca da
discricionariedade judicial. Constatou-se a existência da discricionariedade judicial
com o fito de um melhor aprofundamento teórico quanto à forma de limitação dos
espaços de poder demonstrados. Isso, considerando que os juízes nunca poderão
ser “bocas da lei”, como queriam os iluministas, tampouco se conseguirá a entrega
da prestação da entrega judicial baseada em verdades absolutas. Aliás, conforme
defende Luigi Ferrajoli, a constatação deste defeito institucional, da impossibilidade
efetiva de se expurgar a discricionariedade judicial é um fato de saúde institucional
(FERRAJOLI, 2012a, p. 254). Alimenta-se, com tal aporia, o saudável hábito da dú-
vida, a consciência do erro sempre possível, a disponibilidade para escutar todas
as razões opostas, a prudência como modo correto da prática jurídica (FERRAJOLI,
2012a, p. 254).
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Resumen: La discreción judicial es un tema de gran importancia académica para la Teoría del Derecho.
Por otra parte, se trata de un concepto indiscutiblemente plurisignificante, lo que justifica la necesidad
de una delimitación teórica. El presente trabajo pretende exponer la comprensión de Luigi Ferrajoli
sobre el tema, incluso demostrando la existencia de espacios incontenibles de discreción judicial, bajo
la perspicacia del constitucionalismo garantizador. Para eso, especifica las dimensiones del poder
judicial, a saber: el poder de indicación, interpretación o verificación jurídica; el poder de prueba legal
o verificación de hecho; el poder de connotación o comprensión equitativa y el poder de disposición o
valoración ético-política.
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