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Este e-book surgiu de um desafio feito com um

aluno. Surgiu como que na brincadeira. Era fim de


ano, e eu fiz alguns paralelos entre o filme “Os
Fantasmas de Scrooge (2009)” e o papel da Gran-
de Literatura em nossas vidas. Quem conhece a
história sabe que o filme é baseado na obra de
Charles Dickens (1812-1870), em que Scrooge, um
velho ranzinza, tem sua vida transformada após
ser visitado por três fantasmas. São os fantasmas
do Natal Passado, do Presente e do Futuro.
Eu disse, ao meu aluno: “Pois com a literatura é
idêntico: sem os efeitos especiais de Hollywood,
ela é que tem esse poder de nos fazer viajar no
tempo. Com os grandes autores aprendemos a
descrever e ressignificar nosso passado. Isso nos
permite uma instalação melhor no nosso presen-
te. O que, por fim, nos permite fazer projeções de
um futuro melhor, escrito por nós mesmos e não
por forças adversas e confusas”.
Eu vi, nos olhos do aluno, que aquilo fez muito
sentido. Ele já havia assistido ao filme, e a com-
paração caiu como uma luva! Depois daquele dia,
me lembrei de outros filmes que também servem
mais ou menos como metáfora do efeito que os
livros podem exercer em nossas vidas. Adiante eu
detalho 5 filmes. O mais curioso é que nenhum
deles trata diretamente da literatura. Mas todos
servem como uma parábola perfeita da vida do
leitor
Afirmo que pouca gente se deu conta disso, afi-
nal, nunca vi nenhuma crítica ou resenha que fizes-
se tais paralelos. Seja como for, também haveria
mais do que os 5 filmes que seguem, certamente.
Mas eles bastam para o exercício proposto. Além
disso, os 5 contemplam propositalmente uma
gama bem sortida de estilos e datas. Ou seja, eles
atendem a todos os gostos.
Por fim, vale notar que eu decidi chamar este
e-book de “A Lâmpada da Literatura” fazendo uma
tripla referência:

1. A luz da lâmpada remete, simbolicamen-


te, ao próprio cinema, que é uma arte incrível
para a reeducação da nossa sensibilidade e do
nosso imaginário.
2. O símbolo universal da “lâmpada mágica”,
já que com este exercício você vai tomar cons-
ciência de que a Grande Literatura é o verda-
deiro gênio da lâmpada, como algo que corres-
ponde a um artefato mágico.
3. O significado óbvio da luz, como aquilo
que ilumina os caminhos que Deus coloca em
nossas vidas.

Agora, meu desejo é que você finalize este e-book


convencido do poder que a Grande Literatura tem
em sua vida. Naturalmente, espero que você as-
sista (ou reassista) os filmes com esta ótica, e
que isso também ajude você a fixar tais valores
em seu coração e em sua consciência. Então, va-
mos às obras...
1.
A Felicidade
Não se Compra (1946)

Você assiste em:


Globoplay ou Primevideo

Um clássico do diretor Frank Capra. Em sua vida


George Bailey, o protagonista do filme, chegou ao
ponto do desespero e da tentativa de suicídio. Até
que um anjo aparece e mostra para ele como se-
ria a realidade de sua família e de sua cidade,
caso Bailey não tivesse existido. Então, tudo se
realinha e o protagonista passa a ver como são
minúsculos os problemas que antes soavam gi-
gantescos. No fim, Bailey chega a abraçar alguns
policiais e comemorar o fato de que será preso
por estelionato. Afinal, isso é menos mal do que
nem sequer existir, não é mesmo? Como diz o
poeta João Filho: “Podia ser pior/ e não ter nem
nascido”...
Ora, com a Grande Literatura é idêntico. Ela é
que nos permite fazer esse tipo de exercício, por
meio de suas aprendizagens. Por exemplo, as da
reabilitação do imaginário, da sensibilidade e do
ideário, tal como ensino com meu Método do Me-
lhor Leitor do Mundo (MLM). Tudo isso nos habi-
lita a realmente imaginar nossa vida por ângulos
inusitados.
Aliás, pergunto: como seria a realidade de sua
própria família, caso você não tivesse existido?
Faça esse esforço de imaginação, talvez até mes-
mo por escrito, e você verá que o resultado é uma
narrativa parecida com um conto, uma crônica.
Ou mesmo um longo poema, se você for mais ou-
sado. Também assim, quanto mais você tiver lido
na vida, melhor será a resposta do exercício, con-
corda? Isso mostra como os livros, se bem lidos,
trazem autoconhecimento. Eis aí o poder da Gran-
de Literatura, que pode não ser o anjo de George
Bailey, mas faz os mesmos milagres por nós!
2.
Os Fantasmas
de Scrooge (2009)

Você assiste em:


Disney+

Animação com Jim Carrey, baseada no clássi-


co de Dickens. Aqui temos Ebenezer Scrooge, um
velho egoísta e azedo que não considera a beleza
e a amplitude da vida. Ele só pensa em si mes-
mo. Até que os três Espíritos Natalinos aparecem,
levando-o numa viagem mágica ao passado, ao
presente e ao futuro. E eis que isso muda tudo,
restabelecendo a hierarquia das coisas e ajudan-
do Scrooge a resgatar uma visão positiva acerca
da vida...
Como eu disse antes, com a Grande Literatura
é idêntico. Os melhores autores nos ensinam a
descrever e ressignificar o nosso passado. A partir
disso, conseguimos nos instalar melhor em nosso
presente. Depois, por fim, começamos a projetar
um futuro que faça mais sentido, e que seja es-
crito por nós, não por forçar adversas ou alheias
à nossa vocação neste mundo.
Sendo mais específico, só conseguimos lidar
com os eixos de tempo da vida por meio de nar-
rativas e de imaginação. Sem isso não teríamos
memórias sobre o passado, nem sonhos para o
futuro. Por isso, quanto mais lemos, melhor se-
remos em memorizar e em sonhar. Afinal, esses
são também os pilares de toda boa obra, seja ela
em poesia ou prosa. Aí é que descobrimos o que
eu chamo de “norte biográfico”, que é o que nos
dá a força vocacional de que precisamos para en-
frentar a vida!
3.
Quero Ser Grande (1988)

Você assiste em:


Primevideo ou HBO Go

Aqui Josh Baskin, um menino de 12 anos, torna-


-se um adulto de 30 anos. Isso graças à máquina
cigana chamada Zoltar, que deveria ser apenas
uma espécie de pinball, mas se revela muito mais.
A versão adulta de Josh é vivida por Tom Hanks. A
história mostra de modo comovente como se dá
a adaptação da criança às demandas de um adul-
to, como as do trabalho e de um namoro. No fim
tudo volta ao normal, mas ficamos marcados por
essa sensibilidade que é a de ver o mundo com
outros olhos. E a maior das mágicas, que só uma
boa narrativa pode gerar: a criança que assiste
se imagina um adulto, e o adulto se imagina uma
criança...
Como dizia Ezra Pound: o esforço do poeta é o
de ser “um outro” que não ele mesmo. De fato,
não apenas um jovem de 12 anos pode “vestir as
roupas” de um adulto, como este pode voltar a
ser criança por meio de uma boa leitura. Quem
já abriu “O Pequeno Príncipe” e “O Meu Pé de La-
ranja Lima” sabe bem do que estou falando, não
é mesmo?!
Aliás, não só eu mesmo já vivi isso, como já vi
meu filho mais velho, João Miguel, fazendo o mes-
mo. No caso dele, colocando-se no lugar de heróis
adultos, durante as leituras que fazemos juntos –
e a resposta das crianças a esse tipo de esforço
criativo (e moral) é realmente incrível. Elas nos
deixam de queixo caído!
4.
Click (2006)

Você assiste em:


Netflix ou Primevideo

Vivido por Adam Sandler, aqui o protagonista re-


visita temas do “A Felicidade Não se Compra” e da
história do Scrooge. Só que agora o recurso mági-
co não é um anjo e sim um controle remoto, que
permite que o protagonista manipule a passagem
do tempo. Por exemplo, pular os dias de doença,
de trabalho excessivo e de briga com a esposa.
De repente, ele pulou tanta coisa “ruim” que, jun-
to com elas, perdeu tudo. Agora, ele já está ido-
so, doente e no leito de morte. Quando a história
volta magicamente à estaca zero, o homem re-
começa com um novo senso de proporções e de
prioridades...
Novamente, a Grande Literatura nos dá esse po-
der mágico de lidar melhor com os eixos do tem-
po. Inclusive, é curioso que esse conceito está
por trás da biblioterapia, que nada mais é do que
o tratamento de doenças da alma e da psique por
meio dos livros. Hoje há “biblioterapeutas” espa-
lhados pelo mundo todo.
A convicção deles é esta mesmo: o tempo não
para de correr, o que gera ansiedade, angústia e
problemas psicológicos em todos nós, sobretudo
no sentido de perdermos o fio da meada e a ca-
pacidade de “narrar nossa própria vida”. Assim, as
narrativas literárias nos devolvem o poder de do-
minar o passado, o presente e até o futuro!
5.
Efeito Borboleta (2004)

Você assiste em:


HBO Max ou Primevideo

Com Ashton Kutcher, aqui o recurso mágico está


em um diário poderoso. São os cadernos em que
o protagonista toma notas sobre várias épocas de
sua vida. Depois, ao ler os relatos, ele descobre
que pode “retornar” magicamente a essas épo-
cas. O problema são as consequências que isso
traz...
Há quem considere que o filme defende a “teo-
ria do caos”, no sentido de que não teríamos o
menor controle sobre nosso destino. Ora, pelo
contrário: são as escolhas dos personagens que
alteram drasticamente suas histórias. Veja, por-
tanto, a responsabilidade que temos diante de
nossa própria biografia. Quem vai escrevê-la, afi-
nal? Portanto, o tema deste filme é o mesmo dos
anteriores: cada detalhe do que fazemos pode
desencadear uma linha enorme de consequên-
cias. Boas ou ruins.
Aproveito para lembrar do exercício que já pro-
pus algumas vezes, do “Diário do Melhor Leitor do
Mundo”. A proposta dele é justamente que você
tome nota das suas leituras e tudo que elas des-
pertam, de pensamentos e emoções até memó-
rias e meditações que você vai fazendo. Hoje a
Psicologia já sabe que esse exercício é tão bené-
fico quanto alguns fármacos, especialmente no
que diz respeito ao controle da ansiedade, do es-
tresse e da depressão!
É isso, 5 filmes e 5 artefatos/elementos mági-
cos:

1. Um anjo;
2. Três Fantasmas;
3. Uma máquina cigana;
4. Um supercontrole remoto;
5. Um diário poderoso.

No fundo, o poder por trás da Grande Literatu-


ra. Por isso, volto a recomendar a leitura diária de
poemas, contos, crônicas e afins. Isso faz mila-
gres, especialmente quando seguimos pelo Méto-
do do Melhor Leitor do Mundo (MLM).
Com esse pequeno esforço diário, o que apren-
demos é a realinhar nossa ótica existencial, perce-
bendo como são pequenos alguns dos problemas
que às vezes consideramos gigantescos, como
ocorreu com George Bailey. Aprendemos a resta-
belecer a hierarquia das coisas, como fez Scroo-
ge. E a vestir as roupas do adulto ou da criança,
quando ainda somos criança ou adulto, tal como
fez Josh Baskin. Ou ainda, a recuperar o senso de
proporções e prioridades na vida, como vimos em
“Click”. E, por fim, a convicção de como nossas
ações têm um poder gigantesco para o bem ou
para o mal, tal como vemos no “Efeito Borboleta”.
Portanto, você não precisa de anjos cinemato-
gráficos ou fantasmas natalinos, nem de máqui-
na cigana, controle remoto ou caderno mágico.
A Grande Literatura é a verdadeira lâmpada que
indica o melhor caminho a tomar na vida. Por isso
mesmo é que eu costumo fazer este convite, ago-
ra dirigido a você:

Seja uma pessoa melhor:


seja o Melhor Leitor do Mundo!

Agora, um último aviso importante...



ATENÇÃO

Este e-book é parte integrante da Masterclass


“Literatura & Sentido da Vida: como se curar das 4
Síndromes do Leitor Brasileiro”. Enquanto o evento
não chega, você pode ir assistindo um (ou alguns) dos
5 filmes indicados aqui.

E não se esqueça, o evento será 100% gratuito, mas


só para quem estiver no grupo de WhatsApp que
informamos por e-mail (qualquer dúvida, entre em
contato). Vai ser no dia 14 de agosto, segunda-feira,
às 20h. Nos vemos lá!

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