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© FERNANDA MARSICO, 2022


Texto: Fernanda Marsico
Revisão: Maria José Marinho
Projeto gráfico: Fernanda Marsico
________________________________
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poder ser
reproduzida, arquivada em sistema de busca ou transmitida por qualquer
meio, seja ele eletrônico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia
autorização do detentor de direitos.

nandamarsico
Por que eu criei este e-book?

Desde que publiquei o meu primeiro livro, em dezembro de


2019, de forma totalmente independente, tenho recebido
inúmeras indagações sobre o processo de publicação e o que
é preciso fazer para publicar uma obra. Naturalmente, muitos
questionamentos feitos a mim eram os mesmos que eu tinha
no passado, quando o desejo de publicar um livro era apenas
um sonho.

Este material foi feito com o intuito de ajudar cada vez mais
pessoas a realizar o sonho de publicar a sua obra
infantojuvenil. É um compilado dos meus estudos nos
últimos anos e da minha experiência com a publicação dos
meus próprios livros. Com ele, espero contribuir para o
fomento da literatura nacional, dando voz a muitos escritores
iniciantes que não têm tido a oportunidade de serem “lidos”
pelas grandes editoras.

Chegou a hora de mostrar o seu trabalho ao mundo!


nandamarsico.com

Meu nome é Fernanda Marsico (lê-se


Mársico), mas pode me chamar de
Nanda.

Sou autora de 4 livros infantis que foram publicados em


menos de 2 anos: Corre-Corre e Voa-Voa (dez/2019, que já
está na sua 2ª tiragem); A menina que gostava de inventar
(ago/2020); Um Verdadeiro Tesouro (abril/2021); e
Cuidado com a Cuca (ago/2021). Todos são um verdadeiro
sucesso entre leitores de várias idades e adotados em
escolas de inúmeros estados brasileiros.

Tenho mais de 22 anos dedicados ao trabalho com a


Infância e Educação, colaborando na formação docente
para o exercício da literatura infantojuvenil em sala de
aula e na curadoria de livros.

Desde 2016, atuo no mercado literário e venho


intensificando os meus estudos em Escrita Criativa e
Publicação de Livros, principalmente os infantojuvenis.

Estou diariamente no Instagram @nandamarsico


compartilhando os meus estudos e as minhas histórias.
Aproveite para me seguir lá!

E, se você deseja uma ajuda mais personalizada, pode


contar com a minha consultoria. Clique aqui ou acesse
nandamarsico.com/consultoria
SUMÁRIO
06
MÓDULO 1: ESCREVENDO PARA A INFÂNCIA
Módulo dedicado à escrita criativa - texto infantojuvenil

29
MÓDULO 2: PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE
Módulo dedicado ao passo a passo para você publicar o seu livro

30
PASSO 1 : PREPARAÇÃO DO TEXTO

37
PASSO 2: ILUSTRAÇÃO

42
PASSO 3: DIAGRAMAÇÃO

51
PASSO 4: GRÁFICA
Escrevendo para a infância
Provavelmente, você já tem uma ou várias histórias prontas
que gostaria de publicar. De qualquer forma, neste módulo,
você refletirá sobre a sua própria escrita.

Se ainda não tem uma narrativa, ele também o ajudará a


criar uma história encantadora para crianças ou
adolescentes.

Este ponto é muito importante: nós, escritores


independentes, precisamos ter certeza de que estamos
oferecendo uma literatura de qualidade aos nossos leitores.

Como já dizia o escritor Isaac Bashevis Singer: “Escrever


para crianças é muito mais difícil que escrever para adultos”.

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Isso significa que essa atividade vai muito além do que
apenas contar uma história, visto que devemos nos
preocupar com o como essa narrativa está sendo contada, e
essa é a reflexão que proponho neste módulo. Não se trata
de listar aqui regras rígidas a serem seguidas. Recomendo
um olhar crítico sobre a própria produção literária, além de
uma ajuda àqueles que querem escrever um livro para
crianças, mas não sabem como começar a contar a história
que lhe ronda a mente.

O maior objetivo (bem, pelo menos o meu maior objetivo)


ao publicar um livro é despertar nas crianças a vontade de
quererem revisitá-lo mais de uma vez, ler ou ouvir a história
novamente, criar outras narrativas a partir da original,
imaginar, brincar... Mais do que isso: que os adultos, os quais
são os mediadores da leitura dessas crianças — ou seja, pais,
avós, professores etc. —, queiram ler ou indicar o livro para
elas.

Vale ressaltar que, aqui, darei ênfase ao texto em prosa.


Mas, se você escreve poesia, também pode se beneficiar
com o conteúdo deste módulo, sem falar nos assuntos do
módulo posterior, que o ajudarão nos processos de
publicação do seu livro.

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A estrutura da narrativa

A sua história pode ser narrada de diversas maneiras.


· Pode conter rimas ou não.

Aliás, quando escrevemos uma prosa


rimada — como no meu livro “Um
Verdadeiro Tesouro” —, podemos
chamá-la de narrativa poética.
Sabia disso?

· Pode conter também estrutura de repetição, ou seja, a cada


cena, repete-se o mesmo discurso com a alteração apenas
de um personagem ou elemento.

O livro “Bruxa, Bruxa venha à


minha festa” é muito conhecido por
essa estrutura de repetição, na
qual, a cada página, um novo
personagem é convidado para a
mesma festa.

Em “O Grúfalo”, a repetição
também acontece. A cada cena,
aparece um predador para o
ratinho que engenhosamente o
engana.

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· Pode ter também uma estrutura de acumulação e
progressão em que, a cada cena, um novo elemento aparece
e se acumula com os anteriores. Diferentemente da
estrutura de repetição, a acumulação não altera o elemento
da cena anterior, e sim o repete e acrescenta mais um.

No livro “A casa sonolenta”, vemos


bem essa estrutura de acumulação,
na qual, a cada cena, um
personagem novo vai aparecendo,
um em cima do outro, dormindo
em cima de uma cama.

Outra obra de que gosto muito e


que segue essa estrutura é “Uma
girafa e tanto”, de Shel Silverstein.

· Ou pode simplesmente conter a estrutura narrativa de uma


história sendo contada à maneira das narrativas de tradição
oral, com ou sem o “era uma vez” no início.

Os meus livros “Corre-Corre e Voa-Voa” e


“Cuidado com a Cuca” seguem essa estrutura
narrativa clássica. No primeiro, eu inicio com
o “era uma vez”, narrando em 3ª pessoa. No
segundo, o próprio personagem é o narrador,
isto é, ele conta a história em 1ª pessoa.

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Independentemente de qualquer estrutura narrativa que
você escolher para contar a sua história, não se esqueça de
que toda boa obra infantojuvenil faz uso do fantástico e do
maravilhoso, que encantam e cativam crianças e
adolescentes.

O enredo

A palavra enredo tem o sentido de rede ou trama, isto é,


denota um entrelaçamento de fatos que contam uma
história. Para que esse entrelaçamento faça mais sentido
para o leitor, podemos utilizar uma estrutura organizada.

Existem muitos modelos de estrutura de enredo, mas a que


vamos focar aqui é a mais utilizada nas histórias de tradição
oral, que também é a mais simples e mais bem
compreendida pela criança, já que sugere uma linearidade
de fatos. Ela está descrita no livro “A Poética”, de
Aristóteles, e desde a época dele (300 a.C.) tem sido muito
utilizada. Por isso, é conhecida como estrutura clássica.

Para escrever para adolescentes, você pode estudar uma estrutura


mais elaborada, até porque, geralmente, o texto será maior, dividido
em capítulos, como a “Jornada do Herói”. Muitos livros famosos, como
os de Harry Potter, seguem essa estrutura.

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A estrutura clássica é composta por 3 atos. Esses 3 atos são
chamados por Aristóteles de:

1- Prólogo (início).
2- Episódio (meio).
3- Êxodo (fim).

Se voltarmos aos tempos de escola, lembraremos que


nossas redações precisavam ter início, meio e fim, sem nem
mesmo imaginar que estávamos aprendendo a estrutura
clássica aristotélica.

Já o que marca a saída de um ato e a entrada em outro são


os pontos de virada.

Entre o ato 1 (prólogo) e o ato 2 (episódio), temos o 1º ponto


de virada.

Entre o ato 2 (episódio) e o ato 3 (êxodo), temos o 2º ponto


de virada.

Veja a representação na imagem a seguir:

Ato 1 Ato 2 Ato 3

1º ponto de virada 2º ponto de virada

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No ato 1, você faz a apresentação do seu protagonista e a
sua motivação, até que acontece o 1º ponto de virada, o qual
é, geralmente, marcado pelo aparecimento de um conflito
que vai fazer o seu protagonista partir para uma ação.

A partir daí, inicia-se o ato 2, no qual você descreve as


aventuras que esse personagem vai viver, ou seja, é a
história em si. Depois acontece o 2º ponto de virada,
marcado, geralmente, por uma tragédia ou grande tensão
que, ao ser solucionada, encaminha a história para o ato 3,
que é o desfecho, o final.

Vou colocar aqui dois exemplos de histórias com essa


estrutura narrativa para que fiquem mais claros os atos e os
pontos de virada. Um deles é sobre o meu primeiro livro, o
“Corre-Corre e Voa-Voa”. O outro é o clássico conto de fadas
“A Branca de Neve e os sete anões”, já que é bastante
conhecido por muitos de nós. Aliás, se você reparar bem, a
maioria dos contos de fadas segue exatamente essa
estrutura clássica.

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CORRE-CORRE E VOA-VOA A BRANCA DE NEVE

ATO 1 Apresentação da fazenda, das galinhas Apresentação da princesa, de suas


PRÓLOGO

e dos seus sonhos. Mostro como elas características e das circunstâncias em


se comportavam para conseguir torno dela: é órfã, tem uma madrasta
realizar seus sonhos enquanto os vaidosa e má que tem um espelho
outros animais zombavam delas. mágico.

Aparece um lobo na fazenda para A mando da rainha, o caçador leva


DE VIRADA
1º PONTO

devorar as ovelhas. Branca de Neve para a floresta e tenta


arrancar seu coração, mas não
consegue fazer isso e a deixa fugir.

ATO 2 A partir daí, as galinhas criam um plano, A partir de então, Branca de Neve
encontra a casa dos 7 anões e passa a
EPISÓDIO

convictas de que conseguirão realizá-lo e


salvar a fazenda do lobo. Tentam e se viver com eles na floresta. Porém, a
esforçam, mas não conseguem nem rainha descobre que a jovem está viva e
correr rápido, nem voar alto. decide resolver a questão
empreendendo seus próprios esforços:
disfarçando-se de velhinha.

Voa-Voa cai num sofá de molas soltas, é Branca de Neve se deixa enganar pela
DE VIRADA
2º PONTO

impulsionada ao céu, dá um cacarejo alto, madrasta e come a maçã envenenada.


acaba acordando os outros animais e
chamando atenção do lobo.

ATO 3 O que parecia o fim acaba fazendo com Os anões encontram Branca de Neve
ÊXODO

que as galinhas tenham êxito. A mola desacordada e presumem que ela está
contribui para que Voa-Voa voe, o morta. Colocam-na então em um
carneiro Zingo tropeça e ajuda Corre- caixão de vidro e velam por ela até
Corre a correr, e elas, por fim, aparecer o príncipe que salva a
conseguem salvar a fazenda como princesa com um beijo de amor
planejaram. verdadeiro. No final, eles se casam e
vivem felizes para sempre.

A partir disso, pegue outras histórias que você conhece e tente pensar nelas
como eu fiz neste quadro. Você vai perceber que essa estrutura clássica é muito
comum na nossa literatura.

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Menos é mais!

O escritor Stephen King narra no livro “Sobre a escrita” que,


quando ainda estava no colegial, foi persuadido a aceitar o
cargo de repórter esportivo de um jornal semanal. Ao
entregar o seu primeiro artigo, o editor passou o “pente
fino” no texto, cortando partes e palavras com a caneta
preta. King conta que, em nenhuma aula sobre literatura e
escrita feita antes e depois, ele aprendeu tanto quanto
naqueles 10 minutos diante de seu editor, que concluiu a
reunião, dizendo:

“Quando você escreve, está contando uma história para si


mesmo. Quando reescreve, o mais importante é cortar tudo
o que não faz parte da história”.

Esse relato do escritor best-seller nos mostra que é muito


comum nós, escritores, escrevermos em detalhes,
cometendo alguns excessos e enfeitando um pouco a
escrita. Mas esses excessos, como o próprio nome diz,
acabam se tornando inúteis à trama e atrapalhando o
núcleo da história. Portanto, revise o seu texto e elimine
tudo que não for imprescindível para o entendimento da
narrativa.

Lembre-se de que menos é mais!

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Evite explicar demais!

Sempre que possível, deixe lacunas para que as crianças e


os adolescentes tirem as suas próprias conclusões. Não
subestime o leitor! Explicar demais deixa a leitura
enfadonha.

Existe uma expressão em inglês muito falada no meio da


escrita criativa que é “Show, don’t tell!” (“Mostre, não
conte!”, na tradução literal), isto é, demonstre com ações
mais do que com explicações. Então, em vez de dizer “a
princesa ficou triste”, por exemplo, você pode escrever “a
princesa chorava dia e noite”; no lugar de “a menina era
muito linda”, você pode mencionar que outros personagens
ficavam fascinados ao vê-la pela primeira vez ou mostrar
como a menina chamava atenção por onde passava. Dessa
forma, você leva a criança a deduzir a partir das ações dos
personagens, deixando a história muito mais interessante.

Outro cuidado que você deve ter é com o uso excessivo de


adjetivos e advérbios, além dos diminutivos e aumentativos.
A não ser que seja proposital (quando você estiver criando
uma história na qual deseja imprimir a sonoridade, a
brincadeira com as palavras e a rima), deve evitar ao
máximo o uso dessas palavras, deixando o texto mais claro
e objetivo.

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Se você já leu o meu livro “Um
Verdadeiro Tesouro”, vai perceber que
utilizei propositalmente muitos adjetivos
e diminutivos, pois o meu objetivo era
trazer sonoridade e rima ao texto.

Por último, mas não menos importante, não finalize a


história com lição de moral.

Esqueça esta frase no final: “Então, ele/ela aprendeu que...”.


Ela, na verdade, acaba com o encantamento da criança pelo
que acabou de ler/ouvir. O leitor percebe quando a intenção
do autor é ensiná-lo e reconhece o ensinamento, em geral,
como uma bronca ou ameaça, afastando-se emocionalmente
da história.

Portanto, não subestime a criança! Ela consegue inferir a


moral do texto sem que você a deixe explícita. Sendo assim,
toque o leitor despertando suas emoções e provocando-o a
buscar suas próprias respostas.

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A caracterização dos personagens

Os personagens da história infantojuvenil precisam


despertar a empatia do leitor. Só assim a criança e o
adolescente vão conseguir se conectar com eles.

Não nos conectamos com personagens perfeitos porque


somos imperfeitos. Por isso, é muito importante que os
nossos personagens, principalmente o protagonista, tenham
características reais.

O protagonista, aliás, precisa ter sentimentos humanos.


Ainda que seja um herói, ele pode sentir medo ou cometer
um pequeno erro. Ele precisa mostrar certa vulnerabilidade
ou sentimentos conflitantes, como raiva e inveja, em algum
momento. Mesmo que se trate de um ser sobrenatural com
poderes mágicos, de um animal, de um E.T., de um monstro
etc., ele precisa ter características humanas. Pense nas
histórias de que você mais gosta e responda: os
personagens não demostraram certa fraqueza em algum
momento?

Quanto maior for a sua história, mais você deve conhecer o


seu personagem. Uma ferramenta que nos ajuda muito
nessa hora é o dossiê.
De acordo com o dicionário, dossiê é uma série de
documentos importantes que tratam, revelam a vida de um
ou mais indivíduos, de um país, de uma instituição etc.; a
pasta, arquivo ou fichário que contém estes documentos.

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O dossiê é uma poderosa ferramenta para que possamos
conhecer os comportamentos e as atitudes do nosso
personagem. Ele é indispensável para a manutenção da
coerência das histórias longas com muitos capítulos,
principalmente quando falamos de romances, trilogias ou
sagas.

O comportamento do meu personagem precisa ser coerente


do início ao fim, e, quanto maior a história, mais
personagens ela terá. Logo, a chance de o autor cometer um
equívoco, por menor que seja, fazendo o personagem se
comportar de maneira diferente da esperada, pode causar
um ruído enorme no texto e estranheza para o leitor.

Imagine, por exemplo, que você crie um personagem muito


egocêntrico. A menos que você mostre ao longo da jornada
dele a superação dessa característica como um arco
positivo, ele não poderá agir de maneira altruísta lá na
frente. Percebe?

Arco de personagem é a transformação que o


personagem sofre no decorrer da história. Isso
significa que, no início, ele está em uma
condição A, e os acontecimentos da história e
a sua jornada o fazem amadurecer, aprender
algo importante, chegando a uma condição Z
ao final. O arco de personagem nem sempre é
positivo; ele pode ser também negativo e até
linear. Pensamos no arco geralmente na
construção do protagonista, mas outros
personagens também podem ter um.

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No entanto, se a sua história é curta, com poucas linhas e
feita para crianças menores, não vejo necessidade de criar
um dossiê detalhado.

Nos dossiês que faço, sempre uso a


astrologia para me guiar. Não sei se você
DICA conhece os signos do zodíaco, nem sei se
DE OURO:
acredita (nem precisa), mas o fato é que
você encontra facilmente na internet a
descrição do comportamento de uma
pessoa que nasceu sob a regência de um signo específico. Isso
me ajuda na caracterização do personagem.

Um personagem pisciano agiria, em determinada situação,


totalmente diferente de um personagem virginiano, por
exemplo. Assim eu consigo perceber a coerência das atitudes
dos meus personagens na história.

Não revelo a ninguém o signo dos meus personagens,


tampouco coloco essa informação na história. Nem tudo que
está no dossiê precisa estar na trama, uma vez que ele serve
apenas para nos guiar.

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As preferências literárias de cada faixa etária

Você tem clareza sobre a que faixa etária o seu texto se


destina?

Para cada fase de desenvolvimento infantojuvenil, existe


uma linha de preferência, de interesses. Isso não precisa ser
algo engessado. São apenas regras gerais que nos dão um
norte na hora de definir o nosso público-alvo.

Se eu, por exemplo, desejo atrair o público pré-adolescente,


terei mais sucesso ao utilizar as preferências dessa fase de
desenvolvimento, e não se eu escrever como escreveria para
uma criança de 5 anos. Isso não significa dizer que um pré-
adolescente não vai apreciar uma história pensada para uma
criança de 5 anos, mas, com certeza, vai preferir narrativas
que sejam mais condizentes com a sua linguagem, entende?

Portanto, vale a pena conhecer um pouquinho as


preferências literárias de cada faixa etária.

Crianças de 0 a 3 anos

As crianças nessa faixa etária estão conhecendo o mundo à


sua volta e têm pouco tempo de atenção/foco em uma
história. Por isso, as narrativas mais curtas, com rimas e
versos, como os poemas, fazem bastante sucesso.

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É a fase de aquisição da linguagem, de ouvir, observar e
imitar. Por essa razão, as rimas agradam tanto. Além disso,
como estão conhecendo o mundo, fixam bem a nomeação
dos animais, dos objetos e dos seres da natureza. O som dos
animais também é algo que elas amam imitar.

Se você quer escrever para essa faixa etária, dê ênfase a


esses elementos.

Livros para inspirá-lo:

“Eu grande, você pequenininho”,


de Lilli L´Arronge.

“Muito cansado e bem acordado”,


de Susanne Straber.

“Jacaré, não!”, de Antonio Prata.

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Crianças de 4 a 7 anos

Essa é a fase do pensamento fantástico.

As crianças dessa faixa etária amam o maravilhoso e


apreciam histórias de animais personificados, castelos, reis e
princesas, com conflitos entre o bem e o mal.

Sentem, portanto, maior interesse por fábulas e contos de


fada.

Livros para inspirá-lo:

“Carona na Vassoura”, de Julia


Donaldson

“Meu reino por um cavalo”, de


Ana Maria Machado.

“As aventuras de Pedro Coelho”,


de Beatrix Potter.

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Crianças de 8 a 11 anos

Nessa fase, percebemos um aumento de interesse por


histórias mitológicas, de heróis e de guerreiros, assim como
pelas narrativas misteriosas, como as de detetives.

Se você deseja escrever para essa faixa etária, tenha em


mente que os leitores amam a mistura do real com o
maravilhoso. Entre eles, por exemplo, as histórias de
Monteiro Lobato fazem mais sucesso, já que combinam
muito bem esses elementos com seres folclóricos e
mitológicos.

É também nessas idades que as crianças vão aprimorando a


autonomia da leitura, dependendo cada vez menos da
mediação do adulto. A estrutura narrativa para essa faixa
etária pode ser um pouco mais complexa, muitas vezes, com
mais capítulos, os quais deixarão os leitores curiosos para
saber o que acontecerá no capítulo seguinte da história,
despertando, assim, ainda mais a sua autonomia.

Livros para inspirá-lo:

“Diário De Pilar Na Grécia”, de


Flávia Lins e Silva.

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“As Bruxas”, de Roald Dahl.

A partir de 12 anos

A adolescência é a fase do pensamento abstrato, cujos


leitores já se interessam por histórias mais complexas e
profundas, com enredos mais estruturados, cheios de
aventuras, mistérios e segredos. Aventuras no espaço, em
galáxias distantes, fazem o maior sucesso entre os jovens.

Se você deseja escrever para essa faixa etária, vale a pena


se aprofundar mais nos gêneros literários da fantasia e da
ficção científica.

É importante ressaltar que o fator “grupo” tem muita


importância para os adolescentes, visto que estão na famosa
fase gregária em que precisam se sentir pertencente a uma
turma. Dessa forma, eles vão se conectar mais a histórias em
que o protagonista tem a sua rodinha, o seu grupinho. Veja,
por exemplo, o sucesso que faz o trio Harry, Rony e
Hermione, na saga Harry Potter, ou o famoso grupinho “Os
Karas”, dos livros de Pedro Bandeira.

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Tenha repertório!

Para escrever para crianças, você precisa conhecer literatura


infantil. Em contrapartida, para escrever para adolescentes,
tem que estar familiarizado com livros que são referência
literária para essa faixa etária.

Leia com o olhar de escritor!

Inspire-se em livros que comoveram ou despertaram alguma


emoção, os quais divertiram você ou lhe trouxeram
reflexões importantes. Se for possível, leia-os para crianças
e observe as reações delas em cada parte. Se seu público for
pré-adolescente ou adolescente, proponha uma leitura
juntos e conversem sobre a história. Nesses momentos de
partilha, procure ouvir mais do que falar, faça perguntas
estratégicas, mas não induza as respostas que espera. Anote
as partes que encantaram você, a forma como o autor
descreveu aquela cena, perceba como a cena mobilizou a
imaginação... Tudo isso o ajudará a escrever cada vez
melhor!

Aproveite as sugestões que dei em cada faixa etária nos


tópicos anteriores. São livros que me inspiram e podem
inspirar você também.

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Publicação Independente
Sua história está pronta? Agora é hora de começar os
processos para transformá-la em um livro!
Para isso, siga o passo a passo a seguir.

Tire a sua
história da
gaveta!

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Passo 1: Preparação do texto

História pronta não é sinônimo de texto pronto, como pode


parecer a princípio.

Antes de você seguir em frente para publicar a sua obra,


precisa passar por duas etapas importantíssimas, as quais
vão preparar o texto do seu livro: a leitura crítica e a
revisão.

Nós, escritores, estamos emocionalmente ligados à história,


e isso acaba por nos deixar “cegos” para encontrar algumas
falhas no enredo ou até mesmo erros gramaticais e
ortográficos. É por isso que precisamos de outras pessoas
que serão grandes aliadas para deixar o nosso texto
redondinho.

Leitura crítica

A primeira etapa é a leitura crítica, feita por um leitor crítico


ou leitor beta.

Assim como o β é a segunda letra do alfabeto grego, o leitor


beta é a segunda pessoa que lerá o seu texto. O primeiro leitor
é você mesmo!

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Esse profissional é responsável por verificar se há alguma
falha no enredo, alguma incoerência na ação do
personagem, além de apontar os sentimentos que teve ao
ler o seu texto etc. Ele pode, inclusive, dar sugestões sobre
o que deve ser tirado ou acrescentado na sua narrativa.

Você deve estar se perguntando se algum parente ou amigo


pode ser o seu leitor beta. A resposta é sim. Porém, precisa
ter em mente que ele lhe dirá a verdade e não terá medo de
magoá-lo com o feedback. No entanto, há este detalhe a ser
observado: nem sempre familiares e amigos conseguem ser
sinceros, até porque se envolvem emocionalmente com o
seu texto também. Portanto, fique atento a isso!

Certifique-se também de que o leitor crítico que você


escolher atenda aos seguintes requisitos:

Tem repertório, ou seja, ele precisa ser um leitor


minimamente familiarizado com a literatura
infantojuvenil, já que esta tem suas
particularidades.

Tem familiaridade com crianças e adolescentes.


Pergunte-se se ele convive com crianças e/ou
adolescentes, se conhece seus interesses e se
compreende as etapas dos desenvolvimentos
infantil e juvenil.

nandamarsico.com 31
Por receber constantes pedidos para fazer leitura
crítica, além de questionamentos de dúvidas sobre
autopublicação, criei a minha consultoria. Nela, além
da leitura crítica do seu texto, faço com você um
atendimento on-line para orientações, a fim de
eliminar todas as suas dúvidas. Clique aqui ou acesse
nandamarsico.com/consultoria para saber mais.

Revisão

O revisor é o profissional de Língua Portuguesa que fará a


revisão gramatical e ortográfica do seu texto. Essa etapa é
indispensável!

Nós, escritores, podemos deixar passar algum errinho por


pura distração. Além disso, por estarmos emocionalmente
ligados ao texto, não vemos erros bobos e continuamos
lendo e relendo, muitas vezes, sem enxergá-los. Dessa
forma, é necessário que seu texto seja revisado por alguém
que tenha um olhar mais apurado e treinado.

Um revisor pode cobrar pelo serviço de diversas formas:


valor por lauda, por palavra, por caractere com espaço, por
caractere sem espaço ou até um valor fechado por livro. Isso
vai depender de cada profissional. Entre em contato,
converse e peça orçamentos.

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Atenção: não publique seu livro sem que ele tenha
passado por um bom revisor. Perceber um erro quando
você já investiu na tiragem do livro é muito
desanimador. Além disso, a errata em um livro infantil
não é muito bem-vista. Já vi um livro com uma história
incrível sendo recusado para a adoção em uma escola
simplesmente porque continha uma errata.

Registro do texto e direitos autorais

A Lei de Direitos Autorais, conhecida como LDA, é a Lei nº


9610/98. Ela regula os direitos autorais do autor de obras
literárias, bem como de outras obras intelectuais, artísticas,
científicas e culturais.
Vale dar uma olhada na Lei para conhecer os seus direitos e deveres.
Clique aqui ou acesse www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
e leia o documento na íntegra.

Fazendo aqui um breve resumo, é importante você saber


que os nossos direitos autorais são divididos em duas partes
ou dois direitos em um só: os direitos patrimoniais e os
direitos morais da obra.

Os direitos patrimoniais dizem respeito basicamente ao


direito de comercialização da obra. Essa é a parte que
podemos ceder a uma editora, por exemplo, e receber os
royalties de acordo com a venda dos livros.

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Os direitos patrimoniais perduram desde a criação da obra,
perpassando por toda a vida do autor e por 70 anos após o
seu falecimento (contados a partir de 1º de janeiro do ano
subsequente à morte). A partir daí, a obra vira domínio
público, ou seja, não há mais necessidade de autorização e
pagamento dos direitos autorais para os familiares do autor
para editá-la e comercializá-la.

Já os direitos morais do autor são inalienáveis e


irrenunciáveis. Eles não podem ser cedidos e garantem ao
autor, por exemplo, ter o seu nome associado à obra, além
de impedir qualquer alteração sem prévia e expressa
autorização. A decisão de publicar ou não é também um
direito moral do autor.

E como garantir esses direitos? De acordo com a LDA, é


autor da obra aquele que se identifica como autor desde
que não haja prova em contrário.

Veja os artigos a seguir:

Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o


criador da obra literária, artística ou científica
usar de seu nome civil, completo ou abreviado
até por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer
outro sinal convencional.

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Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual,
não havendo prova em contrário, aquele que, por
uma das modalidades de identificação referidas
no artigo anterior, tiver, em conformidade com o
uso, indicada ou anunciada essa qualidade na
sua utilização.

Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta


Lei independe de registro.

Registrar o texto não é obrigatório, fica a seu critério. Mas


eu considero isso muito importante. Lendo os artigos
mencionados anteriormente, você consegue perceber por
quê?

Se qualquer indivíduo pode se identificar como autor de


uma obra literária e ser considerado assim desde que não
haja prova em contrário, o ideal é criarmos essa prova,
entende? Se eu registro o meu texto, tenho a prova de que a
autoria dele é minha e, se acontecer de outra pessoa, agindo
de má-fé, publicar um livro com a minha história, alegando
ser de autoria dela, eu posso provar que não é.

O registro é uma prova temporal. Portanto, registre o seu


texto quanto antes! Qualquer pessoa pode pegá-lo e
registrá-lo como se fosse dela, criando uma prova antes de
você.

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Para registrar o seu texto, recomendo você utilizar os
seguintes órgãos:

Biblioteca Nacional
No site deles tem todo o passo a passo
explicadinho, mas não é totalmente on-line.
Você precisa preencher um formulário próprio,
anexar documentos e enviar pelos Correios, além
de pagar a taxa via GRU (cerca de R$ 20,00). O
certificado é enviado para a sua casa e demora, no
mínimo, 6 meses.

Câmara Brasileira do Livro - CBL


O processo é todo on-line, desde o pagamento
até o recebimento do certificado.
É também muito rápido. Quanto aos últimos
textos que registrei, recebi o certificado no dia
seguinte por e-mail. Custa R$ 69,90 por obra, e o
pagamento pode ser feito com cartão de crédito.

Este e-book que você está lendo, aliás, foi registrado na


Câmara Brasileira do Livro.

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Passo 2: Ilustração

Depois que seu texto estiver pronto, revisado, chegará a


hora de ilustrá-lo. A ilustração dará vida ao seu livro. Daí a
importância de escolher cuidadosamente o profissional que
fará isso.

Se você deseja escrever um livro para adolescente, pode


usar também a ilustração em algumas cenas, o que o
deixará bem mais interessante, assim como pequenas
ilustrações e/ou elementos gráficos no início ou fim de
cada capítulo. Porém, tendo em mente que a ilustração
da capa é ainda mais importante, não despreze o poder
de uma boa capa.

Escolhendo o ilustrador

Cada ilustrador tem seu estilo, seu traço, sua técnica, ou


seja, sua “marca registrada”. Alguns, por exemplo, gostam
de trabalhar com estilo cartoon; outros já preferem a
aquarela. Muitos escolhem desenhar diretamente no digital;
e existem aqueles que optam por criar as ilustrações no
papel ou em telas para depois digitalizá-las.

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Há ainda ilustradores que se utilizam de outras formas
artísticas para ilustrar o livro, como fotografias, materiais
como recorte e colagem, pintura, massinha de modelar,
sucata, brinquedos, maquetes etc.

Tudo isso deve ser levado em consideração quando for


escolher o ilustrador. Você e a sua história devem estar em
harmonia com o estilo desse profissional.

Para tanto, conheça o portfólio dele antes de optar pelo


serviço. Se, por exemplo, o ilustrador que você contratar
tiver um estilo de desenho cartoon, mas você tem em mente
uma ilustração mais aquarelável, será um processo
frustrante, tanto para você quanto para o ilustrador,
entende?

Então, conheça bem o trabalho dele antes de fechar


negócio. Pesquise muito, converse e veja de perto os livros
ilustrados por ele.

Uma sugestão é você mesmo fazer o desenho do seu livro


caso goste de desenhar. Faça o curso on-line do Guga
Thomé, o Brilharte, por meio do qual ele o ensinará todas
as técnicas e ferramentas de digitalização que vão
transformar os seus desenhos em uma ilustração
profissional. Clique aqui ou acesse brilharte.com e saiba
mais.

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Contratando o ilustrador

Antes de fechar com o ilustrador que você escolheu para o


seu livro, tire todas as suas dúvidas. Pergunte como é feita a
caracterização dos personagens (principalmente a do
personagem principal); indague-o sobre o tempo que ele
precisará para trabalhar nas cenas e a estimativa total para
a entrega do projeto; acorde quantas cenas serão ao todo;
questione como ele trabalha o processo de aprovação por
você; e verifique quantas vezes você pode pedir alterações
em um mesmo desenho. Por isso, informe-se! Sabendo que
cada profissional tem a sua própria forma de trabalho, é
importante obter essas informações para não criar
expectativas que não serão correspondidas depois.

O ilustrador é autor tanto quanto você.


Isso mesmo! As imagens que ele vai entregar
para você colocar no seu livro são de direito
autoral dele, garantido pela mesma lei que
assegura o direito autoral do escritor, a LDA, já
comentada neste e-book.

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Portanto, certifique-se de que o ilustrador fará com você um
contrato em que ficará tudo especificado, inclusive a cessão
dos direitos patrimoniais das ilustrações que ele está
fazendo.

Nesse contrato, além dos acordos de prazos de entrega e de


pagamento, deve estar especificado o período da cessão de
direitos, ou seja, por quanto tempo (geralmente de 5 a 10
anos) você pode utilizar as ilustrações dele no seu livro. E,
sim, findo esse prazo, você precisará de um novo contrato
caso queira reimprimir o seu livro.

Vale ressaltar que alguns ilustradores também são


diagramadores. Sendo assim, eles podem oferecer um
pacote com os dois serviços. Converse com o ilustrador
sobre essa possibilidade.

No próximo passo, vou detalhar melhor o processo de


diagramação para que você saiba exatamente o que esperar
do diagramador ou do ilustrador que também trabalha com
essa parte.

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“O texto escrito conta uma
história recheada de imagens
nas linhas e entrelinhas.
A imagem complementa e
enriquece esta história, a ponto
de cada parte de uma imagem
poder gerar diversas histórias.
O texto e a imagem juntos dão
ao leitor o poder de criar na sua
cabeça a única história que
realmente interessa.
A história dele.”
Passo 3: Diagramação

Essa é a etapa do projeto que vai transformar a sua história


em um livro de fato. Basicamente, ela vai unir o texto com
as ilustrações, criar as páginas e a capa do seu livro. Ao final
dela, você terá o arquivo fechado para enviar para a gráfica
e imprimir os seus exemplares.

Tenha muita atenção a esse arquivo fechado que


você receberá do diagramador. É ele que vai
garantir que o seu livro seja impresso com boa
qualidade e com as cores certas. É imprescindível
que o arquivo tenha a sangria correta, a resolução
de, no mínimo, 300 DPIs e o padrão de cor CMYK.
Fique atento!

A diagramação do livro é feita por um profissional de


design, o designer gráfico. Lembre-se de que o livro é uma
obra de arte, e, portanto, a apresentação dele é muito
importante, visto que é ela que vai despertar a curiosidade
da criança e a vontade de abri-lo para conhecer a história. A
narrativa pode ser incrível, mas, diante de tantas obras com
temas igualmente incríveis, ela só será lida se a
apresentação do seu livro chamar atenção e fizer crianças e
adultos sentirem vontade de manuseá-lo. Pense nisso!

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Elementos do livro infantil

O que o livro infantil precisa ter? Quais páginas? Quantas


páginas? Tem que ter folha de rosto? Como eu faço a ficha
catalográfica? E o ISBN? Como eu recebo muito essas
perguntas, vou detalhar aqui o que significa cada um desses
elementos e o que considero indispensável para que seu
livro tenha uma boa apresentação.

Capa e Contracapa

A capa é a primeira coisa que o leitor verá no seu livro. Ela


precisa despertar a atenção e a curiosidade dele, além de ter
uma harmonia gráfica nos elementos para não causar
poluição visual. Geralmente, o ilustrador faz a ilustração da
capa, e é na diagramação que inserimos os outros
elementos gráficos como: nome do autor, nome do
ilustrador, título e selo da editora (se houver).

Na contracapa, também chamada de quarta capa (a parte do


livro que se opõe à capa), devemos inserir as informações da
obra ou sinopse e o ISBN.

Lembre-se de que o ilustrador é autor das ilustrações


do seu livro. É um direito moral dele ter o seu nome
associado à sua obra. Por isso, identifique o ilustrador
do seu livro na capa!

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Orelha da Orelha da
1ª capa ou Lombada 4ª capa ou
1ª orelha 2ª orelha

2ª capa 3ª capa

Miolo

As partes de dentro da capa são chamadas de 2ª e 3ª capas.


Não deixá-las em branco tornará o seu livro mais atrativo,
mais charmoso. Nelas, você pode repetir uma imagem ou
cena da obra (causando curiosidade) ou colocar algum
desenho que lembre uma guarda, sabe?

No meu livro "Um Verdadeiro Tesouro", eu


repeti uma cena do livro que achei muito
bonita, fiz uma pequena alteração de cor e
amei o resultado.

Já em "A menina que gostava de inventar", o


diagramador inovou ao colocar a textura de
uma caixa de papelão com o desenho de
uma lâmpada, que tem tudo a ver com a
história.
Use a criatividade, converse com o ilustrador e com o diagramador.
Isso faz diferença!

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A orelha da capa é opcional, mas, se você fizer questão de
tê-la no seu livro, é nessa etapa da diagramação que deve
definir e acertar com o diagramador o que terá nela
(biografias, imagens, sinopse etc.). Eu não costumo colocar
orelha nos meus livros, pois, na minha opinião, é um item
que encarece muito a impressão e, apesar de ser linda, não
é tão importante e útil no livro infantil. Já em livros maiores,
com capítulos, eu acho importante e provavelmente a
colocaria. Avalie.

Miolo

O miolo é o corpo do livro, a parte de dentro, exceto a capa.


No miolo do livro infantojuvenil, geralmente tem:

• A folha de rosto, onde se repete o título, o nome do


autor, o nome do ilustrador, o selo da editora, a
edição e o ano de publicação (opcional). É a primeira
página do livro (não deve ser numerada).

• A página de créditos, geralmente é a 2ª página do


livro, atrás da folha de rosto. Contém, além da ficha
bibliográfica, algumas informações do livro, como
copyright, o nome de quem fez a revisão, o projeto
gráfico e uma pequena informação sobre os direitos
reservados e o impedimento de reprodução da obra.

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• A página seguinte é destinada, em geral, à
dedicatória, o que é totalmente opcional. Ela pode
ser somente do autor ou ter também a do ilustrador.

• Também é opcional haver uma página com uma


citação de algum trecho ou frase de outro autor,
geralmente muito utilizada em livros maiores como
os destinados a adolescentes.

• Se o livro for dividido em capítulos, o sumário deve


ser apresentado também nas primeiras páginas.

Tanto a dedicatória quanto a citação e o sumário


devem ficar em páginas ímpares, ainda que entre elas
tenha uma página totalmente em branco.

• As próximas páginas são dedicadas à história em si.

• Você pode utilizar as páginas finais do livro para


colocar atividades, curiosidades, agradecimentos etc.

• A última página do livro é destinada geralmente às


biografias do autor e do ilustrador. Se você tiver
optado por orelha, por exemplo, essas informações
podem ficar nela ou até mesmo na 3ª capa. Não se
esqueça de disponibilizar nesse espaço os seus
contatos, como sites e redes sociais para seus
leitores acharem você.

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Tipografia e contraste

Na etapa da diagramação do seu livro, você precisa dar uma


atenção especial à tipografia, principalmente se for uma
obra destinada a crianças.

Qual a melhor fonte para utilizar no meu livro? A mais clara


possível, que não tenha tanto desenho e que vai facilitar a
leitura. Você pode usar uma fonte mais desenhada na capa,
no título da história e/ou em pequenos destaques do livro,
mas não na história em si.

Meu livro “Corre-Corre e Voa-Voa” tem


no título uma fonte com asas, fazendo
referência às protagonistas que são
aves.

Já em “Um Verdadeiro Tesouro”,


escolhemos para o título uma fonte que
lembra o desenho de um caule de flor
nascendo, uma referência sutil ao girassol.
Mas, se tivesse utilizado essa fonte no
miolo do livro, ele ficaria visualmente
pesado, e a leitura se tornaria cansativa.

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Alguns cuidados ao escolher a fonte da história do seu livro
infantil:

• Prefira as fontes sem serifa, com curvas simples e


de fácil identificação das letras pelas crianças que,
muitas vezes, ainda estão conhecendo o alfabeto.
Evite letras de estilo manuscrito.

As crianças que estão aprendendo a ler ficarão


fascinadas por identificar no seu livro letras que já
conhecem ou até pequenas palavras. Isso tornará o
momento de leitura mais prazeroso.

• Se o seu livro é voltado para crianças em fase de


alfabetização, prefira o uso de maiúsculas — a caixa
alta ou letra bastão. Mas tenha este cuidado: se o
texto na página for muito longo, a leitura em caixa
alta pode ficar cansativa.

• Recomenda-se o uso de textos alinhados à


esquerda ou à direita, que não alteram o
espaçamento entre cada palavra como o
alinhamento justificado costuma fazer.

Outro ponto importante é o contraste. Procure deixar a


fonte com uma cor contrastante em relação ao fundo. Isso
facilitará muito a leitura.

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ISBN e ficha catalográfica

ISBN é a sigla usada para International Standard Book


Number, ou seja, padrão internacional de numeração de
livro. É como o RG do seu livro, que vai torná-lo
reconhecível em bibliotecas e sistemas de catalogação
nacionais e internacionais.

É uma sequência numérica composta de 13 números que


indicam o título, o autor, o país, a editora e a edição da obra.
No Brasil, o órgão que gera essa numeração é a Câmara
Brasileira do Livro (CBL).

Não há motivo algum para você pular essa etapa e publicar


o livro sem o ISBN. Solicitar o ISBN é muito prático e rápido.
Você vai precisar de algumas poucas informações, como o
número total de páginas do seu livro e o tamanho em que
ele será impresso. Por isso, somente na parte da
diagramação é que podemos fazer o pedido, pois é nessa
etapa que serão definidas essas informações. Assim que
você aprovar o projeto gráfico da sua obra, terá os dados de
que precisa e, a partir daí, pode solicitar o ISBN.

Para pedir o ISBN, você deve entrar no site da CBL. Tem


todas as informações aqui (www.cblservicos.org.br/isbn)
Você o solicita, recebe-o por e-mail em até 2 dias úteis e
envia as informações ao diagramador, para que ele possa
colocar o código de barras e a numeração na contracapa do
livro.

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A ficha catalográfica também é muito importante. É graças
ao conjunto de informações contidas nela que o
bibliotecário consegue catalogar e encontrar a sua obra na
biblioteca.

A ficha catalográfica contém o nome do autor, o título, o


assunto, a editora, o local, o ano de publicação, o ISBN e os
temas. Esses elementos são fundamentais para registrar e
organizar o seu livro em acervo.

Somente o bibliotecário pode fazer a ficha catalográfica.


Você pode solicitar também esse serviço pela CBL ou para
algum bibliotecário da sua confiança.

Eu geralmente peço à CBL junto ao ISBN. A ficha demora um


pouquinho mais para chegar, mas também a recebo por e-
mail. É um processo muito prático tanto quanto solicitar o
ISBN. Porém, como você precisa anexar o arquivo com as
páginas do livro, deve solicitar antes esse arquivo ao
diagramador.

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Passo 4: Gráfica

Com a diagramação concluída, você terá o livro pronto para


ser impresso. A partir daí, é só escolher a gráfica e se
preparar para ter seu exemplar em mãos.

Verifique na página 42 como deve


estar o arquivo que o diagramador o
entregará para que envie à gráfica.

Geralmente, essa é a etapa mais onerosa do projeto. O valor


da gráfica depende de muitos aspectos: da cor, do tipo do
papel, da gramatura do papel do miolo e da capa, se terá ou
não orelhas, lombada, guarda etc.

Não use papel brilhoso e prefira os


foscos, pois o brilho do papel
atrapalha muito a leitura.

Quanto ao tamanho da tiragem, avalie não só o


investimento que terá que fazer, como também o local que
você tem disponível para armazenar os livros. Quanto mais
exemplares você imprimir de uma vez, mais barata ficará a
unidade do livro. Porém, você terá mais livros para estocar.

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Diante disso, peça orçamentos de várias quantidades e
avalie.

Se você, neste momento, está pensando em como terá


dinheiro para pagar a gráfica, saiba que eu também me fiz
essa pergunta quando lancei o meu primeiro livro. A solução
que encontrei e que deixo aqui em forma de dica é fazer
uma pré-venda do livro num site de financiamento coletivo.
Eu fiz a campanha com parentes e amigos, que foram
compartilhando entre seus parentes e amigos. Deu tão certo
que consegui pagar tanto a gráfica quanto parte do
investimento que tinha feito contratando o diagramador.

Agora, ponha a mão


na massa!
Não deixe o seu
sonho parado!
Invista nele!
Estou torcendo por
você!

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CO NANDA MAR
ANDA MA MARS
MARSICO NAND
NANDA MARSI
O NANDA MAR
A MARSICO NA
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ARSICO NANDA
A MARSICO NAN
ARSICO NANDA
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