Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE PAULISTA

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

ALEXSANDRO REINALDO DA SILVA, RA: FR0DAF-0

BRENNDA SOUZA, RA: F1555J9

A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS PARA O


DESENVOLVIMENTO

São Paulo/SP

2021
Há séculos os contos de fadas acompanham as crianças e a infância, sendo um dos mais
viáveis meios da imaginação, a associação dos contos com o cotidiano levam as
crianças a se autoconhecerem através da literatura, que as transporta pelo mundo
mágico de reis, rainhas, dragões, castelos e reinos encantados.

“Contos de fadas são a pura verdade. Não porque nos contam que dragões e bruxas existem, mas porque
nos mostram que eles podem ser vencidos”

Gilbert Keith Chesterton

Longe da realidade que conhecemos em nossas vidas, e muitas vezes bem longe da
realidade em que a criança está inserida, os contos de fadas deixaram de ser somente
uma via de entretenimento para o mundo infantil, e cada vez mais assumem papel de
importância ao serem aplicados como instrumento de análise e desenvolvimento,
podendo trabalhar facilmente com a inserção psicossocial da realidade em que estamos
acompanhando, através de elementos mágicos e referências sutis temos a capacidade de
reabilitar conceitos pré-definidos que prendem as cabeças de crianças e adolescentes de
todas idades e principalmente aquelas em situações de fragilidade, mostrando que a
realidade vai muito além daquilo que elas conhecem, e que a capacidade pessoal de
cada um é uma grande espada para lutar contra o dragão das dificuldades diárias.
Nossa pesquisa baseia-se em autores como ABRAMOVICH (2006), BETTELHEIM
(1976), ARIÈS (1960), FOSTER (2003), e outros, utilizados para realizar a dissecção da
intenção de nossa tese que é descontruir o termo já conhecido dos contos de fadas, por
serem histórias fantasiosas, lúdicas e sem significado e reconstruir essa visão a partir de
conceitos sociais da família, transformando a criança em agente ativo de seu estudo, e
de sua vida, através da psicanálise e arquétipos de referência encontrados nos contos de
fadas.
“Os contos de fadas são tão ricos que têm sido fonte de estudo para psicanalistas, sociólogos,
antropólogos, psicólogos, cada qual dando sua interpretação e se aprofundando no seu eixo de interesse”.
(ABRAMOVICH,1994, p. 121)

“É exatamente a mensagem que os contos de fadas transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta
contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana, mas que se a
pessoa não se intimida, mas se defronta de modo firme com as opressões inesperadas e muitas vezes
injustas, ela dominará todos os obstáculos, e ao fim emergirá vitoriosa. ”

Bruno Bettelheim

Para nossa tese os contos e a literatura de inserção são ferramentas essenciais, pois
permitem diversos usos dentro das salas de aula para crianças e adolescentes, de
maneira que conseguimos aplicar algo que a educação tradicional e a sociedade já
aceitam e reconhecem como uma metodologia de comum uso nas salas de aula e trazer
aos alunos visões diferentes de como enfrentar situações reais através da fantasia e
imaginação.
Bettelheim nos mostra a verdadeira mensagem que pode ser passada através dos contos
de fadas, similar àquela que gostaríamos de passar em nossa tese, é importante que a
escola seja sempre um espaço onde influenciamos os alunos a compreenderem sobre a
vida real, e como lidar com ela, como educadores somos responsáveis por trazer a visão
do mundo para dentro das salas de aula, sabemos que no cotidiano e em algum
momento da vida, estas crianças, mais cedo ou mais tarde enfrentarão dificuldades,
julgamentos, e o enfrentamento de escolhas que podem mudar uma vida, o
enfrentamento destes obstáculos, e as escolhas feitas não dependem de nós professores,
mas podemos fazer uma grande diferença ao ter inserido o aluno no contexto de uma
realidade onde existem dificuldades e influenciado o mesmo a lidar com as mais
diversas questões, descobrindo um potencial, uma capacidade de solucionar eventuais
desconfortos.
Devemos nos atentar que na citação de Abramovich é possível observar um olhar mais
analítico e sintético sobre o assunto, onde a autora discorre sobre a importância da
literatura nos estudos de diversas áreas incluindo a psicanalise, área em que
trabalharemos durante nossa tese devido a facilidade que podemos obter ao utilizar da
interpretação ou conclusão de um conto de fadas através dos olhares dos alunos para
observar como esse comportamento é de certa forma um padrão, ou pode ser
influenciado a ser visto com outros olhos, já na citação de Bettelheim adquirimos uma
visão diferente da observação de Abramovich, ainda que o autor discorra também em
sua tese sobre a psicanalise dos contos de fadas, vemos uma visão de certa forma mais
lúdica, onde somos capazes de compreender a importância mencionada por Abramovich
além da analise teórica, relacionando o campo estrutural do gênero literário contos de
fadas, o autor demonstra a similaridade entre as histórias e a vida real, onde sempre
seremos capazes de observar damas e cavalheiros em uma jornada inesperada que ao se
confrontarem com o mal e resistirem em seus valores sairão sempre vitoriosos e mais
sábios, de diversas formas isso auxilia a visão dos alunos para com a realidade de nossas
vidas, influenciando os mesmos a lidarem com dificuldades e persistirem em seus
valores éticos e morais, assim adquirindo as mais diversas formas de conhecimento e
desenvolvimento da vida, que são peças chaves para o crescimento.
Nos aprofundamos em diversos conceitos teóricos para embasar nossa tese, e a partir
dos mesmos escolhemos trabalhar com três pontos principais durante o
desenvolvimento, estes três pontos escolhidos foram, primeiro a psicanálise, já
mencionada anteriormente, esta área serviu de grande apoio para nossas pesquisas e
para demonstrar os resultados procurados a partir dela, estes resultados são medidos
pela capacidade do aluno se autoconhecer e se identificar como agente ativo de sua
própria jornada, a partir disso desenvolvendo habilidades reais para problemas futuros,
ao relacionar o estudo do subconsciente na psicanalise com o autoconhecimento,
partimos para o segundo ponto característico de nosso estudo, os arquétipos de
referência da literatura, responsáveis por personificar acontecimentos, defeitos e
qualidades humanas, os arquétipos são ferramentas que podem ser utilizadas neste
contexto como referência para o autoconhecimento e a identificação do aluno com uma
persona compreendida e conhecida universalmente, e por último unindo estes dois
temas que auxiliam na visão e construção dos valores da criança ou do adolescente
temos o terceiro ponto, os contos de fadas como forma de prazer e magia que agregam
valores e ensinam as crianças a permanecerem fiéis a sua moral frente aos inimigos e
dificuldades, trabalhando a ética em relação a visão social da realidade em que estamos
inseridos atualmente.
Nosso primeiro ponto foi desenvolvido através da leitura do livro de BETTELHEIM, a
psicanálise dos contos de fadas, durante a leitura identificamos como o autor consegue
trazer contos de fadas e questões psicológicas como o trabalho no capitulo “A rainha
ciumenta em Branca de Neve e o mito de édipo” onde ele discorre sobre uma das
maiores dificuldades da infância e adolescência, a relação com os pais, o autor é
extremamente assertivo em observar que os contos de fadas lidam de maneira
imaginativa com as proposições mais importantes sobre o desenvolvimento em nossas
vidas (BETTELHEIM, 1976 P.21), conseguindo relacionar então os contextos
fantasiosos que partem de reinos mágicos e tão, tão distantes, com nossa realidade,
discorrendo sobre a história e o passado dos personagens somos capazes de obter a
visão do porquê por exemplo a Rainha Má odeia Branca de Neve, o mesmo pode ser
aplicado no nosso cotidiano dentro das salas de aula, como pedagogos temos o
conhecimento de que muitas características dos alunos partem de algo que eles já
viveram, e devido a este acontecimento criaram um mecanismo de defesa ou segurança,
a partir do estudo, aprofundamento e as vezes até reconhecimento desse trauma a
criança pode desenvolver uma compreensão maior e mais adequada do que está
passando e reconhecer que aquilo pode ser transmutado, como na história de Branca de
Neve, a relação com os pais por mais conturbada pode e deve ser superada.
Assim ocorre em todos os contos de fadas. A mensagem dessas histórias é que as dificuldades e
envolvimentos edípicos podem parecer sem solução, mas, lutando corajosamente com essas
complexidades emocionais familiares, podemos conseguir uma vida muito melhor do que a dos que nunca
se conturbaram com problemas graves.

BETTELHEIM, 1976 P.25

Também associado a psicanalise nosso segundo ponto trabalha com algo ainda
incomum neste tema, mas que auxilia muito os alunos a conhecerem suas capacidades,
os arquétipos de referência, onde reconhecemos que através de personagens ou
acontecimentos que facilitam a identificação dos alunos com este padrão universal que
se manifesta de maneira diferente e independente permanecendo significante para o
coletivo, no livro How to read literature like a professor de Thomas C. Foster ele analisa
a estrutura literária do gênero dos contos de fadas, trazendo os arquétipos presente em
todas as histórias como o herói, o pária, a donzela, a jornada, a missão, além de grandes
conflitos como Bem VS Mal e Luz VS Escuridão, e como podem ajudar os alunos a
utilizarem destes arquétipos como referência de suas próprias vidas, facilitando o
reconhecimento com personagens que enfrentam suas jornadas e saem vitoriosos.
Para nosso último ponto, buscamos unir as ferramentas que possuímos como a magia, o
lúdico, os arquétipos e a psicanalise para desenvolver nas crianças valores éticos e
morais em suas vidas, no âmbito social da infância e da família, partimos dos princípios
de ÀRIES para identificar a realidade em que estamos inseridos e os problemas sociais
que podem se apresentar, sabemos que atualmente enfrentamos um cenário de
desigualdade social muito alarmante, cada vez mais pessoas se encontram na linha da
pobreza, segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da
Saúde, em 2021, apenas 26% das crianças do Brasil entre os 2 e 9 anos de idade
realizam as três refeições (café da manhã, almoço e janta) todos os dias, ÀRIES
comenta sobre a dissociação da sociedade que ocorreu após o século 18 com a
separação de classes, as famílias burguesas já não aceitavam mais a mistura de seus
filhos com classes populares, e essa segregação atrapalhou a noção que antes englobava
diferentes idades e realidades (ÀRIES,1981, P.273), os contos de fadas apresentam
cenários de diferentes realidades, sendo a maioria medievais, apresentam dificuldades
que podemos encontrar até hoje e a apresentação destas dificuldades como desafios que
são passiveis de transformação são grandes formadores de valores éticos e morais,
através dos contos apresentamos as crianças a visão de que o bem sempre vence o mal,
e que o comprometimento com valores de bem sempre é recompensado.
A escola tem o papel de desenvolver cidadãos críticos e criativos para a
sociedade. E a literatura desempenha um papel importante na vida da criança e no seu
desenvolvimento, seja ele afetivo, cognitivo ou intelectual.

A literatura infantil abre portas para o universo da imaginação, incentivando a criança


desde muito cedo a praticar a leitura prazerosa. O hábito da leitura além de ser fonte de
lazer, é um aumento a proficiência da escrita e da própria leitura, contribuindo para a
formação de uma sociedade com cidadãos leitores, pensantes e crítico (PORTAL DA
EDUCAÇÃO, 2013).

A tecnologia se faz presente em todos os ambientes e cada vez mais no ambiente


escolar, no qual a proposta é compartilhar conhecimento. A cada dia os alunos chegam
às escolas com anseios e necessidades diferenciadas, citada em Santos.

A aprendizagem concebida apenas em ações como: transmitir ou depositar informação


revela-se “pouco” para os alunos dessa nova geração. Eles estão envolvidos de forma
efetiva no processo de ensino e de aprendizagem, por terem acesso a diversos tipos de
tecnologia digital (televisores, micro-ondas, digital versatiledisc (DVD), aparelhos de
vídeo) e equipamentos eletrônicos (celulares, computadores, notebooks, tabletes, jogos,
etc.) e por isso passam a questionar o modelo de escola vigente, por essa não atender a
demanda crescente de novos conhecimentos que normalmente não encontram na escola
(SANTOS, 2012, p.31).

Um desafio diário para os professores em sala de aula é tornar o seu ensino mais
estimulante e eficaz. Uma das alternativas é unir aquilo que os faz sentir bem às
atividades, aliando, o divertimento com a aprendizagem. Calvino (1993, p.11) afirma
que podemos vivenciar momentos envolventes e prazerosos ao ter acesso aos contos.
O encontro entre a criança e o livro literário provoca uma comunicação emotiva,
interrogativa, mágica e, por vezes, inesperada, pois o bom livro (um clássico, por
exemplo) não enuncia uma verdade pronta, única, acabada e imposta. Ele instiga
o leitor/estudante a buscar nele as respostas que procura [...].

Diante da leitura percebe-se que o os contos é muito mais do que um passatempo


para distrair, entreter ou relaxar. Ele pode ser usado como uma valiosa ferramenta que
tem inúmeros benefícios como: estimular a imaginação e a memória, trabalhar com a
sequência lógica dos fatos, a ludicidade, ampliação de vocabulário entre outras
possibilidades.

Para Cléo Bussato (2003), ao trazermos histórias de outros povos para dentro da
sala de aula, estamos contribuindo para a diversidade cultural e gerando na criança a
oportunidade de conhecer “aquele povo” por meio de um olhar poético que ele traz para
a sua realidade. A mesma autora ainda esclarece como é possível trabalhar a partir de
um conto narrado.

A partir de um conto narrado é possível trabalhar os conteúdos de linguagem oral e


linguagem escrita, desde a sintaxe até a semântica. Podemos fazer novas leituras deste
mesmo conto e traduzi-lo através de diversas linguagens, como a história em
quadrinhos, reportagem jornalística, texto teatral, poema (BUSSATO, 2003, p.38).

Podemos percebe-se a importância de trabalhar em sala de aula as narrativas,


independente do seu gênero, pois elas possuem inúmeras contribuições que vão além do
objetivo pedagógico.

A continuidade do processo real ao imaginário só se consolida num processo


extenso e tem como agente principal uma produção, que é muito vista nos contos de
fadas que possui uma narrativa que pode partir para uma ação descritiva e
consequentemente ao desenvolvimento da linguagem e do repertório infantil, que,
segundo Vygotsky estão seriamente interligados, o imaginário pode ser comparado ao
jogo lúdico que é dinâmico e permite acriança habitar seu próprio uni verso e também
podemos dizer que outro universo tem a possibilidade de se inserir no seu mundo.
As experiências realizadas sã o analisadas de forma inconsciente a partir de uma
ideia, comparações até o processo imaginário infantil e alguns agentes são consideradas
como injeções lúdicas como caso de algumas histórias que são contadas para crianças,
especificamente na história da fada madrinha que se utiliza da varinha e é referência a
uma invenção lúdica que traz a conexão do ato de pensar, passa pela seriação imagética
para a formação de algo concreto ou referencial e está atrelado ao desenvolvimento da
imaginação. A maioria das crianças tem seus primeiros feitos imaginários concretos
quando expressam seu pensamento em frases curtas e grande parte deste potencial é
derivado do contato lúdico com a literatura, em especial, com os contos de fadas.

Todos os elementos que permeiam o universo do imaginário não se restringem


ao prazer, como evidencia Vygotsky (1989), ou ao perder ou ao ganhar, mas
proporcionam outras experiências que ajudam em etapas posteriores de seu
amadurecimento enquanto ser social. Outro aspecto também complementa nessa
capacitação, como a possível habilidade de se comunicar das mais interessantes e
diversas formas, a estimulação do processo criativo, imaginário e social, como também
o impulso a experimentação. Segundo Emerique (1999: 192-3) evidencia o quanto o
imaginário é importante para o desenvolvimento natural do ser humano, pois:

[...] considerada a função ambivalente do jogo (que associa a norma e a sua


negação, o interdito e o autorizo, o sucesso e o fracasso, o ganhar e o perder, o real e o
fictício), conclui-se que não basta permitir ou dar o direito ao lúdico, sendo preciso
despertar e manter o desejo de brincar, pois a atividade humana resulta da motivação
proposta pela atividade e pela realidade onde a pessoa está inserida.

Diante de todas essas posições, acredita-se ser de extreme importância ampliar o


conteúdo lúdico para o desenvolvimento do imaginário, evidenciando os valores
inclusos em seu conteúdo, levando a todos os campos culturais, sociais e educacionais.
Em razão da constante redefinição dos valores conceituais do processo imaginário, a
atividade ultrapassa a importância de apenas incutir valores vigentes no contexto social,
inclusive dentre outros adicionais complementar a personalidade da criança,
propiciando um espaço de convivência crítica, favorecendo as todos os aspectos sociais,
psicológicos, culturais.
Os contos de bruxas malvadas, princesas presas em altas torres e cavaleiros
corajosos fazem parte das histórias repetidas por vários séculos e nunca deixam de ser
atuais. Todos os contos de fadas tratam de conflitos humanos (consigo e com os outros)
e trazem mensagens essenciais ao desenvolvimento da criança. Em todos eles
encontramos narrativas sobre nascimentos, rupturas de laços de família, sucessos e
fracassos. Quando a criança ouve essas experiências, ela se familiariza com tramas que
envolvem persistência e coragem, passa a compreender a dicotomia entre o b em e o
mal e é estimulada a superar dificuldades. Os exemplos estão em diversos personagens
como: Chapeuzinho Vermelho, Patinho Feio e Rapunzel. Para que a criança consiga
dominar seus problemas psicológicos ela precisa entender o que está passando dentro
dela mesma. Esta é uma habilidade que pode ser treinada através dos contos de fadas.

“...a criança necessita entender o que se está passando dentro de seu eu inconsciente. Ela
pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas, não
através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas
familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados - ruminando,
reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória em resposta a
pressões inconscientes. Com isto, a criança adequa o conteúdo inconsciente às fantasias
conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo. É aqui que os contos de fadas
têm um valor inigualável, conquanto oferecem novas dimensões à imaginação da
criança que ela não poderia descobrir verdadeiramente por si só. Ajuda mais importante:
a forma e estrutura dos contos de fadas sugerem imagens à criança com as quais ela
pode estruturar seus devaneios e com eles dar melhor direção à sua vida.
(BETTELHEIM, 1980, p. 16).

Os contos de fadas exercem um papel importante na formação da personalidade


da criança, pois ela não só se identifica com os personagens, como também aprende que
é possível vencer obstáculos e no final, saírem triunfantes, como os heróis das histórias.
“Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança
para a descoberta de sua identidade e comunicação, e também sugerem as experiências
que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter.

Os contos de fadas declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar
da adversidade – mas apenas se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca
se adquire verdadeira identidade”. (BETTELHEIM, 1980, p. 32).
De acordo com a análise dos dados, vale ressaltar que todas que o uso da
tecnologia em sua prática escolar e, oitenta e quatro por cento delas afirmam que a
contação de história auxilia no processo de alfabetização e letramento.
Dessa maneira, percebemos o quanto o uso das tecnologias e a ludicidade podem
contribuir para o desenvolvimento da criança, em especial o da alfabetização e
letramento. Sendo assim, essas práticas devem ser estimuladas e valorizadas nas escolas
ampliando as oportunidades de aprendizagem dos alunos e trazendo ganhos reais a
prática de ensinar. E, para isso, todo educador envolvido nessa temática necessita
aprimorar o processo de autoconhecimento: sua capacidade de interpretar a si mesmo a
partir do sentido que as mudanças passam a ter em suas vidas; qual a vantagem,
benefícios e mudanças resultantes da adoção de tais práticas psicopedagógicos:
tecnologia, inovação e mediação.
Para estudar o propósito da pesquisa sobre a ferramenta estudada: os contos de fadas, e
o papel que eles desempenham dentro da escola foram desenvolvidas uma série de
perguntas teóricas que juntas do acompanhamento ativa na escola resultaram em
algumas observações acerca do assunto trabalhado, com o objetivo de compreender
melhor as dificuldades enfrentadas dentro das salas de aulas e como os professores
lidam com a inserção da ferramenta dos contos de fadas, uma das mais populares e
utilizadas no meio da educação, além de procurar observar em quais metodologias esta
ferramenta pode ser utilizada, demonstrando a variedade de atividades que podem ser
desenvolvidas a partir do tema, existem muitas maneiras de implementar uma atividade
que trabalhe aspectos importantes que os contos de fadas podem trabalhar, o
desenvolvimento de valores e habilidades intrapessoais e interpessoais é um dos pontos
mais revisados durante este projeto, é possível perceber que a utilização de histórias de
aventuras fantasiosas podem ser transforadas em grandes lições de moral e valores
através da assimilação, e o que esta analise buscou mostrar é que os contos de fadas
podem desenvolver esse papel não somente teoricamente mas também na pratica,
mostrando que dentro das escolas e no dia-a-dia professores utilizam desta ferramenta
para além do conhecimento de um novo gênero ou produção textual, mas também como
formação de caráter e personalidade, é importante ressaltar que durante esta pesquisa
foram levados em conta livros e artigos que além de comprovar também se aprofundam
nas diversas vantagens obtidas através da aplicação dos contos de fadas como textos que
possuem valor ético para não só as crianças como também adolescentes, os quais podem
se identificar com os arquétipos dos contos e através dos mesmos compreenderem mais
sobre si mesmos desenvolvendo habilidades intrapessoais como a inteligência
emocional, essencial nos dias de hoje, e também compreender sobre o outro
desenvolvendo habilidades interpessoais como a comunicação e a cooperação, todas que
contribuem para o desenvolvimento de um ser social com características importantes e
de grande valor hoje em dia, provando que a escola não forma somente estudantes mas
também pessoas através do desenvolvimento de caráter.
A escola escolhida para o desenvolvimento da observação foi uma escola particular da
cidade de São Paulo, esta escola trabalha metodologias progressistas como Montessori e
Waldorf, a mesma conta com diversos locais e ferramentas que buscam tornar o ensino
lúdico e inclusivo, porém é necessário apontar que esta escola é uma exceção e que a
maioria da população não pode arcar com os custos desta educação, e por isso também
foi selecionado uma escola municipal da cidade localizada em um bairro periférico para
se aplicar a mesma pesquisa e observar a diferença de resultados entre as escolas
comparando as metodologias de ensino, lembrando que os professores foram escolhidos
de maneira aleatória, a fim de analisar o cenário de ensino atual.
As perguntas a seguir foram feitas para dois professores do ensino fundamental em
ambas escolas:
Pergunta 1- Você acredita que os contos de fadas podem influenciar no
desenvolvimento do caráter do ser social? Como?
Pergunta 2- Como você desenvolveria uma atividade com contos com o intuito de
promover habilidades intrapessoais e interpessoais?
Pergunta 3- Em quais aspectos você acredita que os contos de fadas contribuem para as
crianças?
Professora Angelica R., 37 anos, graduada em pedagogia e letras pela PUC, pós
graduada em psicopedagogia e formada na pedagogia Waldorf, trabalha na área da
educação há 15 anos.
1. Sim, os contos de fadas são poderosas ferramentas para auxiliar a criança a
reconhecer seu lugar no mundo, e o lugar dos outros.
2. Utilizando um conto escolhido pela turma, faria grupos e solicitaria que os
alunos criassem juntos uma história sobre o moral da história
3. Em diversos aspectos mas principalmente para o desenvolvimento da
criatividade e imaginação.
Professora Janaina M., 33 anos, graduada em pedagogia pela UFMG, graduada em
letras pela Mackenzie e formada na pedagogia Waldorf, trabalha na área da
educação há 12 anos.
1. Sim, através do reconhecimento de sua realidade em algumas histórias as
crianças desenvolvem empatia e outras qualidades necessárias para o
convívio social harmônico.
2. Faria um trabalho de apresentação das cenas mais marcantes da história
escolhidas pelos próprios alunos fazendo com que eles interpretassem em
primeiro plano as emoções sentidas pelo personagem principal
3. Os contos de fadas são se não o primeiro um dos primeiros gêneros
textuais introduzidos para a criança na infância, logo é mais fácil
trabalhar com os mesmos para desenvolver aspectos emocionais,
gramaticais, de produção e comunicação.
Professor Luiz Carvalho M., 47 anos, graduado em pedagogia pela USP, graduado em
letras pela PUC, pós graduado em sociologia da educação e cultura e mestre em
educação especial trabalha na área da educação há 23 anos.
1. Sim, acredito que os contos de fadas contem virtudes necessárias para as
crianças de todas as gerações pois os mesmos são atemporais e contem valiosas
lições.
2. Sugerindo uma leitura de alguma fábula sobre amizade, honestidade, alegria
entre outros, existem diversos livros que trabalham as virtudes e talvez a
produção de um texto com gênero como carta para o personagem conversando
sobre a sua história e o que eles acharam dela
3. Acredito que o maior aspecto trabalhado com os contos de fadas e um dos mais
importantes é a influência da leitura.
Professora Teresa C., 44 anos, graduada em pedagogia e letras pela UNESP
Alfabetização pós graduada em alfabetização e metodologias inovadoras na Educação
Básica, trabalha na área da educação há 18 anos
1. Acredito que os contos de fadas estão repletos de ensinamentos e valores
culturais inimagináveis, através de contos e lendas as crianças podem ser
transportadas para diferentes mundos e culturas.
2. Realizando uma atividade onde cada grupo escolheria um conto, pesquisando e
se aprofundando sobre a origem da cultura e lugar e época aonde este conto se
originou como eram as coisas e como isso influenciou no conto, conhecendo
diferentes culturas as crianças se tornam mais empáticas.
3. Acredito que a versatilidade de lições que podemos passar através dos contos de
fadas ensinam muito as crianças acredito que todas se sintam especialmente
tocadas com pelo menos uma história.
Ao analisar as respostas da pesquisa conseguimos observar as diversas propostas de
atividades e interpretações do mesmo assunto considerada pelos professores, tanto na
escola particular como na publica os professores concordam com o fato de que os
contos de fadas são importantes ferramentas para o ensino, observando também as
diferentes intervenções de atividades utilizando os contos, entre diferentes propostas
muito interessantes uma professora utilizou do teatro, outra de uma pesquisa através do
conhecimento da cultura e das origens daquele conto, mostrando a versatilidade de
atividades que podem ser desenvolvidas a partir de uma história, além da grande
contribuição para o habito da leitura que também é mencionado por um dos professores,
por ser um dos primeiros gêneros textuais apresentados para a criança já existe uma
familiaridade com os contos as crianças possuem mais interesse nas atividades
associadas a esse tema e conseguem também compreender melhor lições que
transmitem importantes valores, através dos contos pode se ensinar diversas vertentes e
trabalhar utilizando diversas matérias, não só o português mas também história,
geografia e interdisciplinares, além disso através dos arquétipos os alunos podem se
reconhecer dentro das histórias e compreender um pouco mais sobre si mesmo, ao se
ver em um personagem, além da representatividade que é muito importante também
sabe se que em todos contos o bem vence o mal e que o protagonista sempre passa por
um grande acontecimento e sempre consegue superar aquela dificuldade utilizando de
alguma lição moral, e através disso as crianças podem observar que existem diversas
maneiras de se lidar com uma situação.
Todos os professores fizeram algum trabalho dentro de suas salas utilizando o tema, e
foi observado o interesse das crianças nas histórias e nas fantasias, por serem contos que
contem drama, aventuras, magias e criaturas mitológicas prendem a atenção das
crianças e faz com que as mesmas tenham curiosidade e imaginem a cada parte da
história como será o desfecho deste conto, a importância do mesmo é reconhecida não
só teoricamente como também nas salas de aula.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Abramovich, F. (1993). Literatura infantil: Gostosuras e Bobices. São Paulo: Scipione.

Apenas 26% das crianças tem café, almoço e jantar diários, diz TV. (15 de Novembro de 2021).
Fonte: UOL Noticias:
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2021/11/15/fome-apenas-26-
das-criancas-no-brasil-tem-cafe-almoco-e-jantar-diarios.htm

Àries, P. (1975). História Social da Criança e da Família. Paris: Editions du Seuil.

Barbosa, E. R. (s.d.). CONTOS DE FADAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: como forma de prazer e


magia agregando valores morais e éticos. Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro,
14.

Bettelheim, B. (1976). A psicanálise dos contos de fadas. Viena: Paz e Terra.

Foster, T. C. (2003). How to read literature like a Professor. Nova York: Harper.

Quadros, E. A. (2010). Contos de fadas e elaboração de conflitos na infância .

Vygotsky, A. F. (2003). É importante que os contos de fadas sejam inseridos desde a educação
infantil. p. 41.

Você também pode gostar