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3 a 5 anos Pouco a pouco as histórias passam a ser mais elaboradas, com maior riqueza de voca-
bulário, embora simples e de fácil compreensão. A criança, nessa fase, ainda se assusta
com facilidade, por não separar completamente realidade de fantasia. É preciso tomar
cuidado com o tom de voz, os personagens malvados, fatos muito assustadores... Faz
parte de seu desenvolvimento essa fase do medo e, conhecendo-a,não devemos utilizá-la
como suporte para ensinamentos ou lições de moral.
Também é comum a leitura visual das imagens, onde a criança cria sua história a partir da
seqüência presente no livro, sem se prender ao código escrito.
6, 7 anos É um momento novo. Às vezes com dificuldade, as crianças começam a ler, decifrando
o código escrito e apropriando-se do texto. As histórias continuam curtas, com vocabulário
simples e usual, contendo assuntos que façam parte do cotidiano das crianças, mesmo
que subjetivamente.
8, 9 anos É a fase das histórias engraçadas, bem-humoradas. Os gibis são ótimos, pois aliam
essa característica à questão estética de um texto leve, de fácil compreensão, rápido de ler
e com personagens que fazem parte da realidade vivenciada de cada criança. A criança,
nessa idade, normalmente já domina a leitura e é capaz de fazer interpretações.
9, 10 anos A partir dessa idade, a criança passa a interessar-se por textos mais longos, com
histórias mais ricas e com maior número de personagens, diálogos e situações diversas.
Os temas mais atraentes a essa fase são as aventuras, as ficções fantásticas e histórias
reais.
11 anos em diante Os interesses vão crescendo dos fatos reais, polêmicos, à realidade social. Mas tam-
bém há interesse nas grandes aventuras, nas invenções e histórias de futuro, de séculos
posteriores e do fim do mundo.
A palavra-chave para transformar Não existe um roteiro preestabele- • confecção de maquetes com materiais
esse fato chama-se criatividade. Es- cido de atividades a serem desenvol- diversos;
colhido o texto, com um tema adequado, vidas em sala de aula, de acordo com • realização de desenhos, colagens, pin-
ilustrações ricas e vocabulário compre- o nível ou a série de aprendizado. turas, esculturas;
ensível, é criar, criar e criar, até esgota- Pode-se listar possibilidades de ação • desenvolvimento de atividades de ex-
rem-se todas as possiblidades de ativi- a serem selecionadas e desenvolvidas, pressão corporal, como mímica e jogos
dades prazerosas com essa leitura. por exemplo, de acordo com o tema, a teatrais;
A idéia é tornar essa tarefa sem- turma, a faixa etária, o objetivo cen- • criação de novos finais para mesma
pre interessante e divertida, para ser tral do trabalho. É premente que se história;
motivo de satisfação executá-la ou pontue que este trajeto ou roteiro não • criação de uma nova história com
vivenciá-la. se deve tornar um plano único, aplicá- mesmos personagens;
Em muitas salas de aula, as crian- vel a todas as histórias trabalhadas em • confecção de ilustrações novas para
ças lêem um livro para fazer, após, uma sala de aula. Variar técnicas e meto- um livro;
prova de interpretação, ou pior, um re- dologias de apresentação e desenvol- • seleção de palavras da história para
sumo ou resenha. Esse procedimento, vimento é necessário a expectativas criar outras histórias;
ao invés de despertar o interesse pela positivas de um grupo frente aos con- • criação de jogos educativos para tra-
literatura, transforma-a em uma obri- teúdos desenvolvidos. balho de ortografia, gramática e voca-
gação, uma tarefa maçante e repetiti- São propostas que podem e de- bulário – memórias, dominós, bingos,
va, sem sentido para o aluno e para uma vem ser adequadas a cada grupo, en- quebra-cabeças – com palavras e de-
real aprendizagem que seja significati- tre outras: senhos da história;
va para ele. • construção de fantoches com sucatas; • organização de um tribunal para de-
REVISTA DO PROFESSOR, Porto Alegre, 20 (77): 19-21, jan./mar. 2004
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Sem título-3 20 01/06/2006, 17:26
fender personagens opostos (bruxa e São inúmeras as sugestões que po- P montar o jornal mural das informa-
princesa, por exemplo); dem ser usadas para tornar o ato da ções da turma, podendo transformar-
• organização de novo texto a partir escrita uma tarefa gostosa de ser rea- se em espaço de troca entre turmas da
de pedaços de texto lido, porém lizada. Alguns anos atrás, durante a escola;
desordenados; palestra de um escritor infantil a um P criar um elo de troca de correspon-
• construção de texto coletivo sobre as grupo de alunos de uma instituição de dência com turmas de outras escolas,
percepções da leitura de livro; ensino superior da Grande Porto Ale- através de cartas ou correio eletrônico
• confecção de história seriada (his- gre, foi dito algo que, na época, cau- (e-mail), se a escola possuir laborató-
tória em quadrinhos), a partir de uma sou preocupação. Segundo ele, que rio de informática;
leitura; diferença faria a um professor corri- P trabalhar na criação de textos, ilus-
• organizaçãodeálbumdefigurinhas com gir ou não todos os textos que um alu- trações, colagens e confeccionar li-
a ficha pessoal de cada personagem; no produz? vros com as histórias criadas pelos
• construção de jogos de tabuleiro, com E acrescentou: "Escreva, escreva alunos, seja no coletivo ou individual.
ações segundo a seqüência dos dados bastante. Escrevendo se pratica. Apren- Uma sugestão testada e aprovada foi
e piões no mesmo; de-se a escrever, escrevendo. Faça-os a criação de um Livro das Produ-
• organização de um alfabetário de um escrever um texto por dia. Ao fim de ções Textuais do Ano onde, sema-
livro; um bimestre, corrija dois ou três de cada nalmente, no 1o semestre, e por duas
• realização de pesquisa sobre a vida e a aluno e terá toda sua evolução". vezes na semana, durante o 2o semes-
obra de autores trabalhados; Evidentemente era algo inusitado. No tre, os alunos produziram histórias,
• criação de rimas e poesias a partir de entanto, uma grande realidade. É a prá- ilustraram outras, concluíram textos
tema de livro. tica que nos dá segurança em expor o iniciados, formando um conjunto de
É fundamental que, durante este que pensamos, é na vivência do dia-a- produções que, encadernadas ao tér-
processo, as crianças – principais dia que automatizamos atividades a pon- mino do ano, deram vida a um livro
interlocutores dessa trajetória – sejam to de fazê-las sem precisar gastar gran- pessoal de cada criança;
ouvidas. Cada uma terá sua impressão de energia. Somente com o exercício P escrever coisas engraçadas da turma;
pessoal sobre a história, que nem sem- constante um músico aperfeiçoa-se na P elaborar listas de tarefas para a se-
pre será positiva, o que deve ser sem- arte musical. Escrevamos, então, dia- mana;
pre respeitado. Através da proposta de riamente: palavras, frases, bilhetes, tex- P elaborar listas de responsabilidades
trabalho delineada, é importante que tos, livros, poemas, crônicas, músicas... e combinações mensais do grupo, en-
cada um tenha a chance de recriar aqui- No artigo Produção textual (Re- tre tantas outras sugestões que cria-
lo de que não gostou, buscando novas vista do Professor n. 69) foram apre- mos, inventamos ou reproduzimos em
soluções para uma situação, observan- sentadas algumas formas para desen- nosso dia-a-dia como educadores.
do se, de alguma forma, essa situação volver, em sala de aula, o gosto pelo O que se espera com esse tipo de
está presente em sua realidade diária. falar e o escrever. Continuam valen- trabalho é descobrir novos e grandes
Apesar de privilegiar o trabalho de do e são fontes ricas de sugestões talentos, bem como prestigiar o es-
leitura, desenvolver o gosto, o apreço e para o trabalho com escrita. Não são, forço de outros. Ainda que para uns
a facilidade na escrita é dever de cada no entanto, regras ou metodologias não haja a plena identificação com a
professor, em relação a seus alunos, des- únicas. Cabe não esquecer propos- atividade escrita, aprenderão que, de
de a mais tenra idade. Apropriar-se do tas que conhecemos, mas que deixa- alguma forma, a leitura é fundamen-
código escrito e dominá-lo não compre- mos de lado após algum tempo de ma- tal e pode ser extremamente pra-
ende apenas a leitura, mas o desenvol- gistério, como: zerosa, independente da área de in-
vimento da escrita, na produção de pa- P criar histórias a partir de um dese- teresse, seja na ficção ou na reali-
lavras, frases e textos. nho específico; dade, pois é sempre um mundo sem
P sortear palavras de listas elaboradas fronteiras ou limites.
Interesse pela escrita pelos alunos e apresentá-las em uma
O mundo da escrita pode ser am- produção coletiva;
plo e múltiplo: cabe a nós apresentá-lo P fazer brincadeiras com rimas, crian- BIBL IOGRAFIA
da forma mais prazerosa possível ao do versos, poesias e letras de músicas;
P escrever sobre assuntos encontra- ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil:
convívio humano. gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1991.
dos em recortes de jornais e revistas;
Escrever não deve ser visto como P escolher um país para ser estudado ALENCAR, Eunice S. Como desenvolver o po-
uma tarefa chata e sem significado. e escrever uma história que se passe tencial criador: um guia para a liberação da
Do ponto de vista da aprendizagem, nesse ambiente; criatividade em sala de aula. Petrópolis: Vozes,
1990.
há mais valor em um bilhete cheio P selecionar frases soltas de várias his-
de desaforos a um terrível inimigo tórias e reuni-las formando uma histó-
do que em um texto sobre o que eu GARCEZ, Sabrina. Produção textual: situações
ria para louco; diversificadas e significativas enriquecem a co-
fiz nas férias de verão, pelo 4o ou 5o
ano consecutivo. P organizar um dicionário das palavras municação. Revista do Professor, Porto Alegre, v.
da turma; 18, n. 69, p. 14-15, jan./mar. 2002.