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06/06/2018 Atlas da Violência 2018: No Brasil, dois países: para negros, assassinatos crescem 23%.

scem 23%. Para brancos, caem 6,8% | Brasil | EL P…

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ATLAS DA VIOLÊNCIA 2018 ›

No Brasil, dois países: para negros,


assassinatos crescem 23%. Para brancos,
caem 6,8%
Atlas da Violência 2018 aponta que desigualdade racial
no Brasil "se expressa de modo cristalino no que se
refere à violência letal"

Homem assassinado em Natal. VICTOR MORIYAMA

GIL ALESSI

São Paulo - 5 JUN 2018 - 21:16 CEST

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O alagoano J.S, 21, infelizmente tinha contra si dois fatores. Era


jovem e negro. Em seu Estado isso significa que ele tinha as
mesmas chances de ser assassinado do que se morasse em El
Salvador, um dos países mais violentos do mundo com uma taxa de
homicídio de 60 mortos por 100.000 habitantes. Terminou baleado
caído na calçada no bairro Chã da Jaqueira, periferia de Maceió.
Destino diferente teve P. H. Z., 27. Apesar da pouca idade, o
conterrâneo de Silva foi aprovado em concurso para ser diplomata
pelo Itamaraty. Assim como Silva, ele é alagoano. Mas com uma
diferença: a cor de sua pele é branca. Para um homem branco em
Alagoas, as chances de ser morto são baixíssimas, as mesmas dos
Estados Unidos: 5,3 homicídios por 100.000 habitantes. A
Organização Mundial de Saúde considera epidêmicas taxas acima
de 10.

Os dados sobre violência no Brasil constam no


MAIS INFORMAÇÕES
Atlas da Violência 2018, organizado em
parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea). "É como se, em relação à
violência letal, negros e não negros vivessem
Na guerra de facções,
número de mulheres em países completamente distintos. Em 2016,
mortas no Ceará
por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi
explode
duas vezes e meia superior à de não negros
(16,0 por 100.000 habitantes contra 40,2)", diz
o texto. O relatório analisou os dados mais
recentes disponíveis, de 2016, fornecidos pelo
Ministério da Saúde. Os casos de Silva e
As execuções à luz
Zacarias foram encontrados pela reportagem
do dia na região
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metropolitana de no noticiário local alagoano. O caso de Alagoas,


Natal, a quarta mais
violenta do mundo
destaca o estudo, é "especialmente
interessante, pois o Estado teve a terceira
maior taxa de homicídios de negros (69,7 por
100.000 habitantes) e a menor taxa de
homicídios de não negros do Brasil (4,1)".

Prisões em massa, o
motor das facções Ao compilar uma década de homicídios de
que afetam a vida de
negros, o Atlas chega a conclusões sombrias,
metade dos
brasileiros que tornam impossível ignorar o racismo
existente no país. "Em um período de uma
década, entre 2006 e 2016, a taxa de
homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa
entre os não negros teve uma redução de 6,8%", diz o relatório. As
maiores taxas de assassinatos de negros no Brasil se encontra em
Sergipe (79 por 100.000 habitantes) e Rio Grande do Norte (70,5).
As menores taxas de homicídios de negros são a de São Paulo
(13,5), Paraná (19) e de Santa Catarina (22). "A conclusão é que a
desigualdade racial no Brasil se expressa de modo cristalino no que
se refere à violência letal e às políticas de segurança", afirma o
estudo. A situação das mulheres negras também é grave: a taxa de
homicídio entre elas "foi 71% superior à de mulheres não negras".
Os homens, no entanto, continuam sendo as maiores vítimas da
violência.

Em apenas um Estado brasileiro, o Paraná, a taxa de homicídios


entre não negros foi maior do que a de negros: 30,6 por 100.000
habitantes e 19, respectivamente. O Atlas também aponta que São
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Paulo se desta "por ser o Estado no qual as taxas de homicídios de


negros e de não negros mais se aproximavam (13,5 e 9,1,
respectivamente)".

Juventude morta a bala


Além da cor da pele, outro fator contribui (e muito) para que uma
pessoa seja assassinada no Brasil. A idade. "A vitimização por
homicídio de jovens (entre 15 e 29 anos) no país é fenômeno
denunciado ao longo das últimas décadas, mas que permanece
sem a devida resposta em termos de políticas públicas que
efetivamente venham a enfrentar o problema", diz o estudo. No
país, 33.590 jovens foram assassinados em 2016, sendo 94,6% do
sexo masculino. Esse número representa um aumento de 7,4% em
relação ao ano anterior. O dado é péssimo especialmente porque
em 2015 houve uma pequena redução ante 2014, de -3,6%.

Violência nos Estados


Com relação à violência nos Estados, onze deles apresentaram
crescimento gradativo da violência letal nos últimos 10 anos. Com
exceção do Rio Grande do Sul, todos ficam nas regiões Norte e
Nordeste do país. Sergipe lidera como o mais violento, com 64,7
homicídios por 100.000 habitantes em 2016, seguido pelo Acre,
com 54,2. Para efeito de comparação, São Paulo teve taxa de 10,9.
Em números absolutos a Bahia fica em primeiro lugar: foram 7171
homicídios em 2016, mais do que o Rio de Janeiro, que teve 6.053.

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Os destaques positivos do Atlas vão para a Paraíba e o Espírito


Santo, Estados que "mostraram diminuições gradativas nas taxas
de homicídios". Segundo o Estudo, isso se deve ao lançamento, em
2011, dos programas “Paraíba pela Paz” e o “Estado Presente”.
"Naquele ano, os dois estados ocupavam, nessa ordem, o lugar de
3ª e 2ª Unidades Federais mais violentas do país. Em 2016, eram o
18º e 19º mais violentos", diz o texto.

Já São Paulo São Paulo "continua numa trajetória consistente de


diminuição das taxas de homicídios, iniciada em 2000, cujas
razões ainda hoje não são inteiramente compreendidas pela
academia". Dentre os possíveis fatores elencados estão o maior
controle sobre armas de fogo, melhoria na organização policial,
redução demográfica no número de jovens e até mesmo a ação do
Primeiro Comando da Capital, grupo criminoso que teria ajudado a
brecar as mortes nas periferias.

Mortos pela polícia


A Polícia que mais mata no Brasil é a do Rio de Janeiro. Em 2016,
538 pessoas perderam a vida pelas armas das tropas do Estado,
quase o dobro do número registrado no ano anterior (281). No
total, 4.222 brasileiros foram mortos pela polícia naquele ano.

ARQUIVADO EM:

Segurança Pública · Violência policial · Ordem pública · Homicídios


· Segurança civil · Ação policial · Brasil · Racismo · Polícia · Governo Brasil

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