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RESUMO
Objetivo: O presente trabalho apresenta uma análise comparativa abrangente dos diferentes
tipos de baterias mais utilizadas em sistemas de armazenamento de energia (SAE). O escopo
da análise se restringe a aplicações do tipo ponte de energia, atuando conjuntamente com re-
des elétricas e geradores distribuídos. Métodos: As seguintes tecnologias são consideradas:
a) Chumbo ácido (Pb-Ac); b) Níquel Cádmio (NiCd); c) Níquel Hidreto Metálico (NiMH) e d)
Lítio-íon (Li-íon). Para cada tipo, apresentam-se os desenvolvimentos tecnológicos e equa-
ções eletroquímicas características, exemplos de aplicações e aspectos econômicos. A se-
guir, um resumo das mais recentes normas internacionais que orientam a aplicações de
diferentes tipos de baterias é apresentada. Por fim, avaliações comparativas são efetuadas,
destacando-se as características mais marcantes associadas a cada bateria para diferentes
cenários de operação e critérios de projeto. Resultados: Estabelecimento de critérios de
comparação para os diferentes tipos de baterias, incluindo aspectos como maturidade, ci-
clos, vida-útil, densidade de energia, eficiência, impacto ambiental, custos e operação para
diferentes faixas de temperatura. Adicionalmente, discutem-se dois exemplos de aplicações
reais empregando baterias de Pb-Ac e NiCd. Conclusão: A presente análise auxilia a es-
tabelecer, por meio de critérios objetivos, os cenários mais adequados para o emprego de
cada tipo de tecnologia de bateria em sistemas de geração distribuída e traz insumos para
a condução de pesquisas relativas à aplicação de tais tecnologias nesses cenários.
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a bateria de Pb-Ac (FREITAS, DE MORAES, et al., 2016) e no início do século XX tem-se
o desenvolvimento das baterias de NiCd por Jungner (COLI e TUCK, 1991) (BERNDT,
1997). A partir da segunda metade do século XX tem-se o desenvolvimento das baterias de
NiMH (PUTOIS, 1995) e Li-íon (MU, WU, et al., 2012). Contudo, desenvolvimentos adicionais
em tais tecnologias precisam ser efetuados para viabilizar a integração desses dispositivos à
rede elétrica, em cenários de ponte de energia. Nesse sentido, os desafios atuais nessa área
estão relacionados com o ciclo de vida dos armazenadores, aspectos relacionados a custos
e manutenção, além da redução do impacto ambiental devido aos componentes químicos
empregados (AKINYELE e RAYUDU, 2014). Neste capítulo, realiza-se uma análise compa-
rativa abrangente das baterias de Pb-Ac, NiCd, NiMH e Li-íon. Apresentam-se as evoluções
tecnológicas, princípios de operação e principais modelos empregados para esses tipos de
baterias. Exemplos de aplicações relacionadas a SAE com baterias, no cenário internacional,
são apresentados e discutidos com maiores detalhes. A definição e apresentação de fatores
envolvidos com a determinação de custos é discutida, conjuntamente com a exposição das
principais normas regulamentadores para SAE com baterias. Finalmente, uma avaliação
comparativa entre os tipos de bateria, elencando as características mais interessantes de
cada tecnologia para diferentes contextos é efetuada.
MÉTODOS
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os principais modelos desenvolvidos nos últimos anos. Um resumo das principais carac-
terísticas de cada bateria está disponível na Figura 1, em que RTE (Round Trip Efficiency)
indica a porcentagem de energia elétrica utilizada durante a carga da bateria que é porte-
riormente disponibilizada em uma aplicação.
Pb + SO2−
4 − PbSO4 +2e
−
(1)
(2)
PbSO2 + SO2− + +
4 + 4H + 2e − PbSO4 + 2H4O
Baterias de NiCd
As baterias de NiCd foram desenvolvidas há mais de 100 anos, a partir dos trabalhos
desenvolvidos por Jungner (COLI e TUCK, 1991) (BERNDT, 1997). São amplamente uti-
lizadas em aplicações domésticas, ferramentas profissionais, no setor de comunicações
e sistemas de propulsão (PUTOIS, 1995), particularmente em veículos elétricos híbridos
(KÖHLER, ANTONIUS e BÄUERLEIN, 2004). As baterias de NiCd são caracterizadas por
não possuírem o eletrólito como integrante da reação química e por diferenciar o material
ativo da estrutura de suporte (aço). Além disso, possuem ampla faixa de operação térmica
(-30 ºC – 50 ºC), superior as baterias de Pb-Ac (0 ºC – 40 ºC) e maior tempo de vida útil
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(20 anos a 25 ºC) quando comparado com as baterias de Pb-Ac. Também possuem capa-
cidade de descarga profunda aliada com múltiplos ciclos de operação (GREEN, 1999) e
possuem baixa taxa de manutenção (VARTA BATTERIE, 1982). Todavia, os principais pro-
blemas associados com esse tipo de bateria residem na relativa baixa vida útil de ciclagem
(2000-2500), efeito de memória (CHEN, CONG, et al., 2009) e utilização de material tóxico
em sua composição (cádmio), o que ocasiona maiores riscos de contaminação ambiental
(AKINYELE e RAYUDU, 2014). Há dois tipos de modelos para baterias de NiCd: a) “Placa
de bolso” (pocket plate): apresenta construção robusta e longo ciclo de vida. O eletrodo
positivo é feito de hidróxido de níquel e o negativo feito de hidróxido de cálcio, inseridos em
tiras de níquel perfuradas, possuindo hidróxido de potássio como eletrólito; b) Liga plástica/
sinterizada de NiCd: Utilizada em sistemas de aviação. O eletrodo positivo é feito a partir de
um substrato de níquel sinterizado, misturado com hidróxido. O eletrodo negativo é feito de
cádmio e outros aditivos misturados, em um substrato de níquel. O eletrólito é uma solução
de potássio e hidróxido de lítio. Em (3) apresenta-se a reação reversível da bateria de NiCd
Baterias de NiMH
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de finalidades incluindo produtos de consumo portáteis, como câmeras digitais, telefones
celulares, até aplicações em veículos elétricos e híbridos, armazenamento de energia para
telecomunicações, fonte ininterruptas de energia e aplicações de geração distribuída e ener-
gia estacionária (PAXTON, 1997). Por outro lado, as principais limitações associadas a
bateria de NiMH residem no tempo de vida limitado, com deterioração após 200-300 ciclos,
armazenamento relativamente curto de até três anos; degradação de desempenho caso
seja armazenada a temperaturas elevadas, requerendo local fresco e a um estado de car-
ga de aproximadamente 40% e alta manutenção, exigindo plena descarga para evitar a
formação de cristais.
Baterias de Lítio-íon
Os primeiros estudos sobre a bateria de Li-íon foram efetuados em 1912, por Gilbert
Newton Lewis (FILGUEIRAS, 2016). Em 1979, John Goodenough introduz a bateria de lítio
oxido cobalto LiCoO2 e em 1991 inicia-se a comercialização das baterias de Li-íon
Figura 2. Relação entre Wh/kg e Wh/L, para baterias de Li-íon, NiMH, NiCd e Pb-Ac.
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considerações particulares devem-se ser tomadas a fim de se evitar a combustão do material
eletrolítico, prevenindo incêndio e explosão (PASSOS e MACÁRIO, 2017) (WANG, PING,
et al., 2012). O processo de carga e descarga do lítio é realizado através de uma reação
química reversível definida por (5).
(5)
6C+ LiCoO2 ↔ CoO! + 6CLi
DISCUSSÃO
Exemplos de Aplicação
Uma vez conhecidas as principais características de cada tipo de bateria, nessa se-
ção apresentam-se aplicações com SAE que utilizam baterias, em contextos diversos no
cenário internacional.
Figura 3. Planta fotovoltaica utilizada pelo Serviço Público Federal do Novo México – Aplicação 1.
Aplicação 1
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distribuídas consistindo em painéis solares, células de carga, cogeração e um sistema de
armazenamento de energia responsável por realizar deslocamento de pico ou suavização
de potência. O sistema de suavização de potência possui capacidade de 0.5 MW e capaci-
dade de armazenamento de 1 MWh, empregando baterias de Pb-Ac reguladas por válvulas
(VRLAU Pb-Ac), com presença de ultracapacitores para situações que exigem descarga
rápida. O sistema de deslocamento de pico emprega baterias de Pb-Ac (ACVRLA Pb-Ac)
com tecnologia ACB (Advanced Carbon Battery) o que proporciona maior ciclo de vida
compardo com as baterias Pb-Ac reguladas por válvula. O objetivo do emprego do sistema
de baterias é a de compensar a geração intermitente do sistema fotovoltaico - no caso de
dias nublados, por exemplo.
Figura 4. Diagrama unifilar para o SAE com baterias NiCd operado pela GVEA – Aplicação 2.
Aplicação 2
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estabilização do sistema de potência entre outras funções. A Associação Golden Valley
Electric (GVEA), organização responsável pela disponibilização de energia elétrica para a
região, estima uma redução de 65% do número de eventos de queda de energia vivenciados
pelos consumidores após a implementação do sistema (MCDOWALL, 2004).
Aspectos econômicos
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Normas
Muitos sistemas SAE baseados em baterias possuem os mesmos desafios que outros
sistemas baseados em outras tecnologias, embora algumas medidas de segurança espe-
cíficas sejam necessárias nesse contexto. As normas vigentes para diversos tipos de bate-
rias, tais como as normativas IEC 61056-2 para Pb-Ac, IEC 61951 para NiCd e NiMH e IEC
62133-2 para Li-ion, entre outras normas, servem como base para documentação e validação
de procedimentos de segurança, por meio do estabelecimento de novas metodologias e
critérios. Recentemente, novas normas e padrões vêm sendo estabelecidos para preencher
as lacunas existentes nas aplicações com SAE, envolvendo comissionamento e instalação
(CONOVER, 2019). O Protocol for Uniformly Measuring and Expressing the Performance of
Energy Storage systems (CONOVER, CRAWFORD, et al., 2014) dispõe diretrizes para ope-
rações relacionadas com regulação de frequência, microgrids ilhadas e redução de picos de
demanda, por meio da utilização de SAE baseados em baterias. As normas IEEE 1547-2018
e IEEE 2030.7-2017, que definem diretrizes para interconexão e interoperabilidade de fontes
de energia renováveis com sistemas elétricos de potência e microgrids, respectivamente,
vêm sendo revisadas para acomodar SAE com baterias. Por fim, o aumento de incidentes
envolvendo incêndios em vários locais do mundo, devido a proliferação desses sistemas,
promoveu o desenvolvimento de normativas internacionais, tais como a NFPA 855, que
dispõe sobre critérios a serem adotados para proteção contra incêndios independentemente
dos tipos de baterias utilizadas. Na Tabela 2 pode-se observar um sumário das principais
normativas associadas com a aplicação de baterias.
Análise Comparativa
Nessa seção, apresenta-se uma análise comparativa entre as baterias Pb-Ac, NiCd,
NiMH e Li-íon, considerando o conteúdo das seções anteriores. A bateria de Pb-Ac apresenta
a tecnologia mais madura, apresentando baixos custos e uma ampla gama de utilização.
Contudo, é a mais pesada quando comparada com as demais baterias, além de apresentar
baixo número de ciclos e materiais tóxicos em sua composição. As baterias de NiCd apre-
sentam desenvolvimento posterior a Pb-Ac, mas também possuem uma tecnologia madura.
São mais robustas, confiáveis e operam com ampla faixa de operação térmica, aliado com
capacidade de descarga profunda e são utilizadas em uma ampla gama de aplicações.
Porém, também apresentam materiais tóxicos em sua composição e são mais caras quando
se leva em consideração a sua capacidade de baixo número de ciclos. Em todo caso, tanto
as baterias de Pb-Ac quanto NiCd já foram empregadas em projetos de larga-escala, em
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aplicações relativas a fornecimento de energia, como se pode observar nas aplicações 1 e
2 apresentadas anteriormente.
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número de ciclos de operação oferece uma vantagem econômica a longo prazo. Um sumário
das avaliações efetuadas pode ser observado na Figura 6.
CONCLUSÃO
Agradecimentos
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os autores agradecem à FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Processo nº 2016/08645-9) pelo apoio financeiro essencial para realização dessa pesquisa.
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