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IX Encontro Regional Sudeste de História Oral

DIVERSIDADE
E DIÁLOGO
16 a 18 de agosto de 2011
Universidade de São Paulo
Diversidade e Diálogo: Textos completos

Anais do IX Encontro Regional Sudeste de História Oral: “Diversidade e Diálogo”

16, 17 e 18 de agosto de 2011


Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Universidade de São Paulo

ISBN: 978 85 62959 17 2


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Organização

Coordenação Comissão científica


Valéria Barbosa de Magalhães Adelia Miglievich
Ricardo Santhiago Ana Maria Dietrich
Antonio Vicente Marafi oti Garnica
Comissão organizadora Benito Bisso Schmidt
Alice Beatriz da Silva Gordo Lang Fabíola Holanda Barbosa Fernandez
Leland McCleary Juniele Rabelo de Almeida
Maria de Lourdes Mônaco Janotti Luciana Quillet Heymann
Ricardo Santhiago Marcos Montysuma
Sara Albieri Maria Paula Nascimento Araújo
Valéria Barbosa de Magalhães Rodrigo Patto Sá Motta
Suzana Lopes Salgado Ribeiro
Tania Regina de Luca
Zeila de Brito Fabri Demartini

Realização:
Associação Brasileira de História Oral - Regional Sudeste
GEPHOM - Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória

Apoio:
Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Departamento de História - FFLCH-USP
Programa de Pós-Graduação em História Social - FFLCH-USP
EACH - Escola de Artes, Ciências e Humanidades
CERU - Centro de Estudos Rurais e Urbanos
CAPH - Centro de Apoio à Pesquisa Histórica

___________________________________________________________________________________
Associação Brasileira de História Oral

Diretoria Gestão 2010-2012


Presidente: Maria Paula Nascimento Araújo (UFRJ)
Vice- Presidente: Benito Bisso Schmidt (UFRGS)
Tesoureiro: Marcos Montysuma (UFSC)
Secretária Geral: Tânia Regina de Luca (UNESP)
Segunda Secretária: Regina Faria (UFMA)

Diretorias Regionais:
Região Norte: Pere Petit (UFPA)
Região Nordeste: Francisco Alcides do Nascimento (UFPI)
Região Centro-Oeste: Giovani José da Silva (UFMS)
Região Sudeste: Valéria Barbosa de Magalhães (EACH/USP)
Região Sul: Lorena Almeida Gil (UFPEL)

- O conteúdo e a redação dos textos aqui apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores -
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A expansão escolar em Ermelino Matarazzo

Adriana Santiago Rosa Dantas

Na primeira etapa deste trabalho, realiza-se uma pesquisa sobre a história do bairro e uma pesquisa exploratória sobre
a expansão dos estabelecimentos de ensino em Ermelino Matarazzo a partir de fontes documentais e revisão
bibliográfica. Este bairro está localizado na zona leste da cidade de São Paulo, há aproximadamente 20 Km de
distância do centro da capital, às margens do Rio Tietê, fazendo divisa com o município de Guarulhos. Em 2005,
recebeu a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), conhecida como USP Leste, onde essa pesquisa está
sendo realizada.

A história da oferta de educação desta região, não pode ser compreendida fora da história do bairro que está associada
à expansão populacional na cidade de São Paulo, particularmente na segunda metade do século XX e à
industrialização da região. O objetivo desta etapa inicial é entender a lógica da instalação das escolas nesta região da
cidade, relacionando-a a chegada de novos habitantes ao bairro e ao cenário político e educacional da cidade de São
Paulo. Isto porque, parte-se do pressuposto, de que uma análise social deva ser relacional colocando em evidência o
maior número de fatores que constituíram para configuração de determinada realidade. (BOURDIEU, 2010, p.31)

Para reconstruir, nesse primeiro momento, a oferta educacional de Ermelino Matarazzo, começamos levantando o
histórico de crescimento populacional do bairro, a partir de dados oficiais da Prefeitura de São Paulo (2011). A este
dado acrescentamos os dados obtidos sobre o crescimento de estabelecimentos de ensino na região, a partir da
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (2011). No sítio da Prefeitura de São Paulo foram coletados dados
comparativos de um recenseamento do município por décadas a partir de 1950. Esta data é propícia para o estudo, pois
o bairro de Ermelino Matarazzo fazia parte do bairro de São Miguel Paulista, tornando-se um distrito independente a
partir de 1959 segundo Paulo Fontes (FONTES, 2008, p. 127). Os dados sobre a fundação das escolas foram
inicialmente retirados do sítio da internet Central de Atendimento da Secretaria da Educação (2011) e de contatos
posteriores por email com essa central. O resultado desta primeira etapa é o gráfico 1 sobre o crescimento
populacional ao longo das décadas de 1950 a 2010:

Gráfico 1. Crescimento da População

Fonte: PREFEITURA DE SÃO PAULO (2011)

Esta comunicação pretende apresentar notas da pesquisa de mestrado do projeto intitulado “Estratégias educativas em família de grupos populares”.
Esta pesquisa, financiada pela Capes, começou em março de 2011, por isso encontra-se em fase inicial.

Mestranda do Programa de Estudos Culturais da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP) sob
orientação da Prof. Dra. Graziela Serroni Perosa.
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Entre a década de 1950 e 1970, a população do bairro de Ermelino Matarazzo cresceu cinco vezes, foi de 10 mil para
50 mil habitantes em 20 anos. Segundo Azevedo (1945, p. 26-28), o crescimento de São Paulo na primeira metade do
século XX se deu pela expansão cafeeira, a multiplicação das vias férreas, a imigração especialmente italiana,
somados com a criação dos parques industriais e do loteamento de grandes propriedades. Para este autor, os subúrbios
paulistanos orientais, onde se encontra Ermelino Matarazzo, passaram a ter a função residencial e industrial. Naquela
época, devido a expansão da industrialização, São Paulo tornou-se um dos destinos da migração interna de nordestinos
e mineiros, os quais se instalaram, em grande número, nesses subúrbios (FONTES, 2008). Esse crescimento
populacional, especialmente nas regiões periféricas, não foi acompanhado por um planejamento prévio pelo Estado e
Prefeitura o que resultou em muitas invasões de terra, criações de favelas e casas sem documentações oficiais.
(MARCÍLIO, 2005, p. 102).

Entre a década de 1970-1980, a população cresceu de 50 mil para 80 mil habitantes. Naquela década houve um novo
fenômeno para a explicação do crescimento populacional. Com o declínio das indústrias nas regiões de via férrea, nas
regiões de várzea em relação ao Rio Tietê, estas indústrias foram deslocadas para as regiões de estrada de rodagem.
Assim, a industrialização na região de Ermelino Matarazzo foi se encerrando, tornando o bairro preferencialmente
residencial. Azevedo (1945) informa que havia na região de São Miguel, longe das várzeas, nas colinas próximas,
alguns núcleos que se constituíram a partir da rodovia São Paulo-Rio sem muita influência da região férrea ou
industrializada. A partir da década de 1970 e principalmente na década de 1980, a região de alta colina de Ermelino
Matarazzo, próxima à Avenida São Miguel foi alvo de loteadores que venderam os terrenos da região para construção
de residências. Por outro lado, na região de várzea, perto das indústrias, houve grandes mobilizações sociais por
moradia liderados pela Igreja Católica que marcaram a região (IFFLY, 2010). Nas décadas seguintes, de 1980 a 1990,
o bairro teve um crescimento de 18%; de 1990 a 2000, o aumento populacional foi de 11% e, por fim, de 2000 a 2010,
houve um crescimento de 6% demonstrando o declínio na densidade demográfica e a estabilização desse crescimento.
As mudanças podem ser vistas na valorização dos imóveis da região e o início da verticalização das moradias, com as
construções de prédios para a região, tanto pela falta de espaço de terrenos disponíveis quanto pela demanda de
moradia para o bairro.

Esse contexto histórico caracterizou o bairro de Ermelino Matarazzo. Ao longo de seu crescimento como um bairro
marcado pela industrialização, migração e imigrações, mobilizações sociais, loteamentos, dentre outros, a oferta
educacional se configurou dessa forma ao longo dos anos:

Gráfico 2: Crescimento de estabelecimentos de ensino, entre 1950 e 2010.

Fonte: SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO (2011)

Entre 1956 e 1970 em Ermelino Matarazzo, foram fundadas 10 (dez) escolas públicas, a primeira em 1956, 3 (três) na
década de 1960 e 6 (seis) nos anos de 1970.

A primeira escola da região, segundo dados oficiais, foi uma escola municipal fundada em 1956. O cenário político na
cidade, conforme descreve Spósito (2002), estava representado pelo populismo, na atividade da sua figura principal na
capital o prefeito e mais tarde governador Jânio Quadros (idem, p. 177-197). Outra esfera importante era a municipal
que na década de 1950 disputava com o Estado a construção de escolas para a cidade. Aquela década é importante
para esta pesquisa, pois “a 2 de agosto de 1956, Wladimir de Toledo Piza assina o decreto de criação do Ensino
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Municipal” (idem, p. 219). A primeira escola fundada oficialmente em Ermelino Matarazzo foi a Escola Municipal
Octávio Mangabeira em 16 de novembro de 1956 e somente quatro anos depois foi fundada a primeira escola estadual,
já não mais no governo de Jânio Quadros (mandato: 14/03/1947 a 31/01/1959) e sim do governador Carvalho Pinto
(mandato: 31/01/1959 a 31/01/1963)18. Enquanto, outros bairros, a partir de 1955 com a chegada daquele governador
estavam sendo contemplados com escolas estaduais, foi o município que disputava com o governo que fundou a
primeira escola em Ermelino Matarazzo.

Na década de 1960, 3 escolas estaduais foram fundadas, duas no mandato de Carvalho Pinto e uma no governo de
Adhemar de Barros (mandato: 31/01/1963 a 05/06/1966). Também foi fundada uma escola privada, o SESI em 1964.
De acordo com o relato oral de uma funcionária da secretaria da escola coletado no ano de 2011, a função inicial dessa
escola era de alfabetizar os operários das fábricas do entorno. Segundo Paulo Fontes, em um levantamento de 1962,
60% dos trabalhadores que se transferiram para São Paulo, no contexto de migração interna, eram considerados
analfabetos (FONTES, 2008, p. 64), corroborando com a explicação da funcionária sobre o motivo da instalação dessa
primeira escola privada da região.

Nos anos de 1970 houve uma explosão de escolas estaduais no bairro, ao todo foram 6 estabelecimentos. A primeira
escola fundada foi em 1971 no governo de Abreu Sodré (mandato 15/03/1967 a 15/03/1971) e todas as outras 5 foram
no final da década entre os anos de 1977 a 1979 nos governos de Paulo Egydio Martins (mandato: 15/03/1975 a
15/03/1979) e Paulo Salim Maluf (mandato: 15/03/1979 a 15/05/1982). Essa explosão pode ser explicada, a partir da
Lei 5692/71 que reformou o ensino de 1º e 2º grau, tendo a questão da profissionalização do ensino médio como uma
das suas principais vertentes, segundo Freitas & Biccas (2009, p .273-286). Segundo estes autores, a educação
brasileira nos anos da ditadura foi marcada pelo tecnicismo, tendo como ideologia a Teoria do Capital Humano que
associava a educação ao desenvolvimento econômico trazendo prejuízos para nossa história educacional, culminando
numa escola pública tida de baixa qualidade e para os menos favorecidos economicamente.

Em 20 anos, entre 1950 e 1970, num crescimento populacional de 500%, o número de escolas fundadas foi de 1100%,
passando de 1 para 11 novas escolas em Ermelino Matarazzo. O número de fundação de escola foi o dobro em relação
ao crescimento populacional. Todas as escolas, com exceção do SESI, foram públicas, na sua grande maioria estadual.
Apesar do crescimento de oferta escolar nas periferias da cidade de São Paulo, entre as décadas de 1960-1970, essa
oferta não foi feita a partir de um planejamento adequado por parte dos poderes públicos, ocasionando muitas
deficiências de infra-estrutura.

Uma das hipóteses levantadas nessa pesquisa é de que a oferta escolar da cidade de São Paulo seria um dos fatores
determinantes para a vinda de migrantes nordestinos para capital. Tradicionalmente o fator socioeconômico é tido
como o fator explicativo da migração nordestina sem levar em conta a agência dos migrantes no processo (FONTES,
2008). Como demonstrou a pesquisa de Fontes, vários motivos atraíam os migrantes para a cidade e um deles era a
oportunidade de dar aos filhos uma oportunidade de se escolarizar, o que era muito mais difícil nas regiões de origem
em geral, marcadas por poucas oportunidades de escolarização: “’Na Bahia’, lembrava uma mãe de família também
entrevistada no início da década de 1950, ‘não se podia dar boa educação aos filhos. A escola fica longe. Aqui [em
São Paulo] há mais facilidades’” (idem, p 48). Esta “facilidade” relatada pela mãe nordestina pode ser vista no número
de crescimento das escolas durante as décadas de 1950-1970 que caracterizaram a migração nordestina. A hipótese de
que a educação também foi um dos fatores determinantes para a vinda dessa população para São Paulo será
comprovada ou não a partir de relatos orais.

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Todos os dados de mandato dos governadores citados foram extraídos do site do Governo do Estado de São Paulo: GALERIA DOS
GOVERNADORES. Acessado em 10 de maio de 2011. Disponível em http://www.galeriadosgovernadores.sp.gov.br/07govs/govs.htm
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Na década de 1980 apenas 2 escolas estaduais são fundadas nos governos de Franco Montoro (mandato: 15/03/1983 a
15/03/1987) e Orestes Quércia (mandato: 15/03/1987 a 15/03/1991). A primeira escola privada destinada para toda
população, e não apenas para os operários como foi o SESI, foi fundada em 1982.

Começa um novo fenômeno no bairro de Ermelino Matarazzo, nos anos de 1990, o surgimento de escolas privadas,
são fundadas 6 delas e apenas 5 públicas. Das públicas, 2 são municipais fundadas pelos prefeitos Paulo Maluf
(mandato: 01/01/1993 a 31/12/1996) e seu sucessor Celso Pitta (mandato:01/01/1997 a 25/05/2000)19. As outras 3
escolas públicas são estaduais, fundadas por Orestes Quércia e Mario Covas (mandato: 10/01/1999 a 06/03/2001).

O fenômeno das escolas privadas se acentua ainda na mais na virada do século XXI, com a fundação de 6 escolas
privadas a partir de 2001 e apenas uma municipal, o primeiro CEU da região em 2008, sob o mandato de Gilberto
Kassab (mandato: 31/03/2006 atual). Nesses últimos 30 anos, de 1980 a 2010, temos as décadas das escolas privadas
no distrito e um destaque para as escolas municipais. Segundo Cury (1992), a Constituição de 1988 e a Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 trouxeram uma explicitação sobre o ensino privado enquanto produto de relações
capitalistas, segundo uma concepção neoliberal em que a educação para a iniciativa privada pode ser comercializada
pelo mercado. E essa inovação na sociedade brasileira também está representada no bairro de Ermelino Matarazzo que
também se tornou um local em que a iniciativa privada investiu para oferecer serviços de educação para a população
local.

Diante do aumento populacional e educacional desde a década de 1950, um outro fator interessante em relação à
expansão escolar na região é o geográfico. O distrito de Ermelino Matarazzo é dividido em vários bairros que foram
influenciados, ora pela industrialização, ora pela estrada de rodagem que permitiu um novo núcleo habitacional
servido pelos transportes públicos e não pelo trem. Até aproximadamente a década de 1970 a industrialização marcou
o crescimento do bairro. As indústrias Celosul e Cisper foram instaladas na região de várzea do Rio Tietê, próximas a
linha do trem que atende a região. Bairros foram formados na região de várzea e baixa colina. Com o declínio do
momento industrial da região, a partir da década de 1980, houve grandes loteamentos na região, especialmente perto
da estrada de rodagem, na região de alta colina. Esta parte do bairro estava ligado à antiga estrada São Paulo-Rio, que
atualmente chama-se Avenida São Miguel. Várias casas foram construídas e vendidas para famílias que viram na
região a oportunidade de adquirir sua casa própria. Com essa característica mais residencial, pessoas com maior poder
aquisitivo foram se instalando nessa nova parte do bairro. Diante desta proposta, divido os bairros da seguinte forma:

1. Os bairros de Várzea, influenciado pela linha de trem e indústrias (Jardim Guaraciara/Keralux, Jardim
Verônia, Jardim Piratininga)

2. Os bairros de baixa colina, influenciado pelas indústrias com conexão com os bairros de Várzea (Jardim
Matarazzo, Jardim Belém, Vila Cisper, Vila Paranaguá)

3. Os bairros de alta colina, influenciados pela estrada de rodagem, sem muita conexão com os bairros 1 e 2
(Parque Boturussu e Vila Robertina,)

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Todos os dados de mandato dos prefeitos citados foram extraídos do site da Prefeitura de São Paulo: Os prefeitos de São Paulo. Acessado em 06 de
maio de 2011. Disponível em http://ww1.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/organogramas/index.php?p=574
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Os bairros de (1) e (2) foram influenciados pelas indústrias são caracterizados por uma forte politização, devido aos
movimentos dos trabalhadores por moradia e direitos trabalhistas. Já os moradores dos bairros (3) surgiram
influenciados pelas estradas que ligavam São Paulo ao Rio de Janeiro. Por isso, pela facilidade de transporte por
rodas foram construídas casas, especialmente na década da carestia dos aluguéis em SP, década de 1970-80 ao longo
da estrada de São Miguel. Assim, vieram para o bairro pessoas com um maior poder econômico se comparado com os
da migração nordestina, contribuindo para o aumento populacional do bairro. Migraram para a região dos bairros de
alta colina muitas famílias paulistanas que compraram seu imóvel próprio, e não necessariamente os migrantes
nordestinos. A hipótese é que essa nova população influenciou o quadro educacional, especialmente em relação às
escolas privadas. O quadro a seguir mostra o histórico de fundações das escolas do bairro. Na última coluna, o bairro
estará assinalado com (1), (2) ou (3) de acordo com a caracterização acima proposta, (1) bairro de várzea, (2) baixa
colina e (3) alta colina.

Quadro 1:
Distribuição das
Escolas nos Bairros
de Ermelino
Matarazzo

Bairro Municipal Estadual Privada

Jardim Condessa Filomena Matarazzo


Colégio Conexão (1999)
(1960)
Matarazzo
(2) Professor Lucio De Carvalho
Marques (1977)

Professor Joaquim Torres


Santiago (1985)

Parque Ecológico (1999)

Parque Professor João Sesi 074 Centro


Cisper (2) Jornalista Francisco Mesquita Educacional (1964)
Franzolin Neto
(1977)
(1994)

Deputado Januario Professor Dr. Geraldo Campos


Colégio Forth (2001)
Mantelli Neto (1997) Moreira (1977)

CEU Rosangela
Colégio Pedro Peralta
Rodrigues Vieira
(2004)
(2008)

Parque Octavio Mangabeira Professora Eunice Laureano da


Boturussu Colégio Floresta (1982)
(1956) Silva (1961)
(3)
Professora Leonor Rendesi Colégio Sena De Miranda
(1979) Unidade I (1997)

Therezinha Aranha Mantelli


Colégio Integracão (1998)
(1988)

Colégio Inovação -
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Unidade II (1998)

Colégio Amorim (2000)

Vila Colégio Abílio Augusto


Paranaguá (1997)
(2)
Colégio San Marino (2006)

Jardim Sena de Miranda Colégio


Ermelino Matarazzo (1971)
Belém (2) Unidade II (2001)

Vila Pedro de Alcântara Marcondes


Colégio Argumento (1992)
Robertina Machado (1979)
(3)
Professor Umberto Conte Colégio Mont Martre
Checchia (1990) (2002)

Jardim
Irmã Annette Marlene
Keralux
Fernandes de Mello (2000)
(1)

Jardim
Professora Benedita de Rezende Centro Educacional Nova
Piratininga
(1963) Jornada (2005)
(1)

Fonte: SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO (2011)

Diante da localização geográfica das escolas, vemos algumas preferências do setor público quanto do setor privado.
As escolas públicas estão preferencialmente nas áreas (1) e (2), especialmente as municipais que se instalaram
preferencialmente na Vila Cisper e as escolas privadas dessa região surgiram preferencialmente a partir dos anos 2000.

Já as escolas privadas se instalaram primeiramente na região (3), tendo o Parque Boturussu como o principal lugar de
suas instalações, inclusive a primeira escola privada em 1982. Está é a única região que tem 5 escolas privadas que
foram fundadas na década de 1990, com exceção de 1. Outra curiosidade sobre o Parque Boturussu é que a primeira
escola pública foi fundada neste local em 1956, mesmo não abrigando a maioria dos moradores que se concentravam
na região (1) e (2) naquela época. Segundo Sposito (idem), os vereadores tiveram papel fundamental nas articulações
de escolha dos lugares em que as escolas eram fundadas, por isso a hipótese é de que as relações de clientelismo
tenham sido parte da história de fundação das escolas públicas na região. No Brasil, segundo Almeida (1996), a
implantação de prédios escolares está associada à própria educação, permitindo aos poderes públicos utilizar esse
recurso para conseguir votos em trocas de favores por meio de clientelismo. Esta hipótese deverá ser investigada por
fontes documentais e orais.

Pelas poucas fontes históricas documentadas da região, faz-se necessário o resgate da história oral dos moradores que
ainda possuem a memória do que aconteceu no bairro, como justificativa de parte de técnica de coleta de dados para
minha pesquisa de mestrado (ALBERTI, 2005). Além disso, para se confirmar ou não algumas das hipóteses
levantadas nessa etapa inicial de abordagem quantitativa, é necessário levantar por parte dos moradores da região os
relatos orais de abordagem qualitativa. É importante salientar que ouvir a história de Ermelino Matarazzo por parte
dos seus moradores é ouvir parte da história da cidade de São Paulo. Nenhuma outra cidade do país teve uma explosão
populacional nas décadas de 1940-1970 como aconteceu na capital paulistana, recebeu tanta migração interna que
mudou o cenário da zona leste, e também caracterizou um cenário educacional específico para a região.
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Referências bibliográficas:

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora, FGV, 2005. 236p.

ALMEIDA, Ana Maria F. O Jogo com a Regra: Clientelismo na administração da educação pública. In Educação e
Sociedade, Campinas, v. XVII, n. 54, p. 52-69, 1996.

AZEVEDO, Aroldo Edgard. Subúrbios orientais de São Paulo. Tese (concurso à cadeira de Geografia do Brasil) –
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1945, 184 f.

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 14ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 322p

CURY, Carlos Roberto Jamil. O público e o privado na educação brasileira contemporânea: posições e tendências. In
Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 81, p. 33-44, maio 1992.

FREITAS, Marcos Cezar de & BICCAS, Maurilane de Souza. História Social da Educação no Brasil (1926-1996).
São Paulo: Cortez, 2009. 372p.

FONTES, Paulo. Um nordeste em São Paulo: trabalhadores migrantes em São Miguel Paulista (1945-66) – Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2008. 346p

IFFLY, Catherine. Transformar a metrópole: Igreja Católica, territórios e mobilizações sociais em São Paulo 1970
2000. São Paulo: Editora UNESP, 2010. 361p.

MARCÍLO, Maria Luiza. História da Escola em São Paulo e no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo: Instituto Fernand Braudel, 2005. 485p

CENTRAL DE ATENDIMENTO DA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Disponível em


http://escola.edunet.sp.gov.br/ Acessado em 09 março 2011

PREFEITURA DE SÃO PAULO. População Recenseada e Projetada Município de São Paulo, Subprefeituras e Distritos
Municipais. Disponível em http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/index.php?cat=7&titulo=Demografia Acessado em
19 maio 2011

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO (2011). Email:


<Lucia.Rezende@edunet.sp.gov.br> Assunto: RES: Escolas em Ermelino Matarazzo Anexo: Escolas de
Ermelindo Matarazzo.xls Para: <novadrica@gmail.com> Em: sexta-feira, 8 de abril de 2011 09:16
SPOSITO, Marília Pontes. O povo vai à escola. A luta popular pela expansão do ensino público em São Paulo. 4ª Ed.
São Paulo: Edições Loyola, 2002. 253p.

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