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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES


Curso de Jornalismo

Tatuagem: A arte a flor da pele

Mariana Torres Toledo


Michelle Elizabeth de Oliveira
Poliana de Castro Dias

São José dos Campos - SP


2004
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES

Tatuagem: A arte a flor da pele

Relatório Final apresentado como parte


das exigências da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso à Banca Avaliadora
da Faculdade de Comunicação e Artes da
Universidade do Vale do Paraíba

Universidade do Vale do Paraíba


2004

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA
Faculdade de Comunicação e Artes

Tatuagem: A arte a flor da pele

Mariana Torres Toledo


Michelle Elizabeth de Oliveira
Poliana de Castro Dias

Orientadora: Profª Msc Vânia Braz de Oliveira

Banca Avaliadora: Prof.ª Msc. Celeste Marinho Manzanete


Prof.ª Elizabete Mayumy Kobayashi

Nota do Trabalho:................................

São José dos Campos, Novembro de 2004

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AGRADECIMENTO

Agradecemos a todos que ajudaram no desenvolvimento do trabalho e acreditaram


em nós. Nossos pais, irmãos e irmãs, namorados e amigos. Em especial para professora e
orientadora Vânia Braz de Oliveira que nos ajudou na construção do projeto. Aos
tatuadores Angelina e K-belera, em especial para o body piercer Roberto de Roberto, que
nos concederam imagens, material e entrevistas. A assessoria de imprensa da 8ª Convenção
Internacional de Tatuagem, que nos forneceu material e entrada livre ao evento. A todas as
pessoas que nos permitiram fotografar e relatar sobre suas vidas. E obrigada à força
superior que nos rege e guia.

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RESUMO

No início, a tatuagem servia como uma forma primitiva de se expressar, sendo


símbolo de beleza, honra, sorte e coragem, dependendo da região, visando identificar
grupos. Com o tempo, o significado da tatuagem mudou, apesar de não ter perdido toda a
sua "essência". Hoje em dia a tatuagem já não tem muito do significado de rebeldia que
possuía e vem adquirindo um conceito de vaidade. Não são tatuados apenas caveiras,
dragões, mulheres nuas ou símbolos que identifiquem organizações como a tatuagem dos
membros da Yakuza (máfia Japonesa). Cada qual possui seu motivo pessoal para fazer uma
marca definitiva onde consegue encontrar de tudo, rebeldia, vaidade, paixão e até mesmo o
vício. A tatuagem segue um padrão de higiene e qualidade, além de estar protegida pela lei.
Atualmente os desenhos são os mais variados e o significado difere de pessoa para pessoa.

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ÍNDICE DE IMAGENS

Tab.1 - Dicas 33

Tab.2 - Remoção de tatuagem 34

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SUMÁRIO

Introdução 9

Capítulo I - História da tatuagem 12


1.1 Tatuagem no Brasil 14
1.2 Tatuagem como arte 15

Capítulo II - Fatores Psicológicos 17


2.1 Símbolos, Conceitos e Valores Sociais 17

Capítulo III - Sociedade x Tatuagem 21


3.1 Comportamento Jovem através dos anos 25

Capítulo IV - Saúde antes e depois da tattoo 32


4.1 Dicas práticas 33
4.2 Perigos dos tratamentos de remoção de tatuagens 34

Capítulo V - Tendências no mundo da tatuagem 36


5.1 Tipos de tatuagem 36
5.2 Tatuagem de henna 38
5.3 A arte do Tebori 39

Capítulo VI - Montagem da revista 40


6.1 Objetivo 40
6.2 Público Alvo 40
6.3 Construção de pautas e elaboração de matérias 40
6.4 Desenvolvimento 40
6.5 Pesquisa 40
6.6 Modalidade 41
6.7 Escolha das imagens 42

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6.8 Gráfico 42
6.9 Diagramação 42

Conclusão 43

Bibliografia 44

Anexo 49

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INTRODUÇÃO

A tatuagem é tão antiga que acompanhou a os homens desde sua formação até os
dias de hoje. Atualmente a tatuagem permanece em algumas tribos primitivas e também na
sociedade moderna, onde existe ainda o preconceito pela sociedade. Procuramos no
trabalho mostrar a tatuagem através da história e o preconceito que acompanhou a evolução
da arte.

Muitos veículos de comunicação como televisão, revistas e Internet, mostram a


tatuagem como se fosse algo comum, bem vista por todos. Diversas matérias tentam
convencer seu público de que não há preconceito, mas com base em pesquisa de rua,
depoimentos, entrevistas, e matérias jornalísticas que identificam a pessoa que usa
tatuagem como ‘marginais’, podemos mostrar que ainda há preconceito, e que a tatuagem
não é aceita por todos.

A tatuagem é uma arte a que acompanhou o homem em toda sua história evolutiva.
Vários estudos arqueológicos comprovaram que anos antes de Cristo a arte já existia e era
símbolo de status. Na Idade Média, com o começo do cristianismo, a tatuagem que antes
era aceita foi julgada como “obra do demônio” pelos homens do poder na época. Muitos
foram condenados a morte por sua tatuagem durante a inquisição. Esse pré-julgo fez com
que a tatuagem se tornasse algo “fora da lei” e mal visto pela sociedade, já que os mesmo
confiavam na Igreja.

Tatuagem e a mídia

Apesar de toda a história e fatos comprovados de que a tatuagem ainda é vista como
símbolo de rebeldia e marginalidade, muitos veículos de comunicação tentam passar a
mensagem de que não existe mais preconceito mostrando pessoas públicas e seus corpos
tatuados.

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Além do preconceito, as pessoas que usam tatuagem correm vários riscos como o da
contaminação pelo material utilizado e pela alergia de tintas não convencionais. A lei para
os ateliês existe, o ambiente tem que estar com a fiscalização da vigilância sanitária em dia
e não pode em hipótese alguma fazer tatuagens em menores de 18 anos.

Como todos sabem, nem sempre a lei é cumprida. Mesmo com a fiscalização e a
proibição de menores de idade, muitas pessoas que só visam lucro, fazem o trabalho sem
restrições, colocando a pessoa em risco.

A rejeição da sociedade ainda está evidente, principalmente quando há a associação


da pessoa tatuada com o marginal. Muitas pessoas que usam tatuagem sentem esse
preconceito, principalmente para arranjar emprego.

Quantos comerciantes, chefes de empresas e presidiários tatuados você já viu? A


associação da pessoa tatuada com o marginal existe, diminuindo as chances da pessoa ser
contratada. Tem contratantes que não deixa explícito esse preconceito, outros não
escondem e colocam como quesito não ter tatuagem.

Apesar da sociedade se “dizer” liberal o preconceito para quem usa tatuagem existe,
como em décadas anteriores. Até mesmo pessoas que usam tatuagem têm preconceito sobre
o assunto. É claro que há exceções. Existem pessoas que gostam de quebrar barreiras e
assumem seu gosto sem medo de ser recriminado pela sociedade.

Ainda não existe solução para uma tatuagem mal feita, ou para os que não a querem
mais. O que existe até agora são métodos que retiram uma parte da tatuagem, o que é caro e
doloroso. Vale ressaltar que a tatuagem pode ser um bem para as pessoas vaidosas,
principalmente para as mulheres. A tatuagem agora pode suavizar marcas de expressão,
manchas, refazer sobrancelhas e fixar uma “maquiagem”. Um método que dura a vida toda
e não é muito caro.

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Nosso trabalho jornalístico foi além da pesquisa, passando para a pauta e produção
das matérias para incorporar nossa revista. Coletamos informações em livros, Internet,
publicações e depoimentos, a fim de esclarecer o assunto, possibilitando analogias entre o
passado e o presente, além de mostrar as mudanças de valores socioculturais, padrões de
estética e influencia da mídia.

Tatuagem é uma arte que devemos primeiramente respeitar. A liberdade de


expressão é garantida por lei e respeitar as diferenças faz a convivência com o próximo
muito melhor.

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CAPÍTULO I - História da tatuagem

Não se sabe ao certo onde e quando surgiu a tatuagem. Muitos acreditam que a
tatuagem veio de vários lugares ao mesmo tempo e que a evolução do homem esteja ligada
a ela.

“Charles Darvin, quando escreveu o livro “A Descendência do Homem” em


1871, afirmava que do Pólo Norte à Nova Zelândia não havia aborígine que não se
tatuasse.
Para entender o conceito de multinascimento, alguns críticos supõem que a
tatuagem estava na bagagem das grandes migrações dos grupos humanos e por
isso passou de um povo para o outro”. (http://www.tattoogreco.kit.net/ )

O nome tatuagem vem da palavra “tattow”, som “tatau”, produzido durante a


execução das tatuagens.

A palavra foi reconhecida pelo capitão James Cook.

As marcas eram feitas com ossos finos e um martelo para introduzir a tinta na pele.

Acredita-se que o culto à tatuagem começou com os homens das cavernas, os quais
se orgulhavam e vangloriavam das cicatrizes propositais, sinônimos de coragem e poder.

Há provas arqueológicas de que tatuagens eram feitas entre 4000 e 2000 a.C. Foram
encontrados no Egito múmias com sinais parecidos com tatuagem, que segundo
pesquisadores, eram de prisioneiros. Nativos de diversas partes do mundo tatuavam seus
corpos, alguns ainda tatuam em rituais sagrados.

“Os primitivos se tatuavam para marcar os fatos da vida biológica:


nascimento, puberdade, reprodução e morte. Depois, os fatos da vida social: virar
guerreiro, sacerdote ou rei, casar-se, celebrar a vida, identificar os prisioneiros,

12
pedir proteção ao imponderável, garantir a vida do espírito durante e depois do
corpo. Tatuagem na era Cristã: Na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os
primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, com destaque
para a cruz. As letras IHS, abreviatura do nome Jesus; o peixe; letras gregas, etc”.
(http://www.tattoogreco.kit.net/)

Durante a idade média os desenhos corporais foram banidos da Europa por serem
considerados “coisa do demônio”. Até mesmo qualquer deformação na pele, como cicatriz
ou má-formação não era bem vista.

Já no século XVIII a tatuagem se tornou popular entre marinheiros e viajou o


mundo pelos mares.

No Japão, a arte da tatuagem é antiqüíssima e passou por diversas fases. Foi orgulho
para guerreiros, identificação de mafiosos e punição para criminosos, mas serviu para a
população se expressar contra a repressão.

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1.1 Tatuagem no Brasil

Antes da chegada dos portugueses no Brasil os índios já se tatuavam. Em algumas


tribos, esse costume permanece até os dias de hoje, pois dentro da cultura indígena a
pintura corporal é muito valorizada. Porém, são poucos os índios que fazem a pintura
permanente em seus corpos.

Um dos exemplos mais complexos da tatuagem tribal brasileira é o da tribo


Kadiwéu, que vive na fronteira do Brasil com o Paraguai. Os índios desta tribo possuem
uma arte refinada de seus desenhos geométricos. Eles são parte do que era a Nação
Guaikuru, os temíveis índios cavaleiros que dominaram a região e resistiram à colonização
por séculos.

“Os desenhos faciais e corporais destes guerreiros fascinaram muitos


exploradores”. (http://www.tattoonet.com.br/historiadatatuagem.htm).

Segundo o jesuíta José Sanches Labrador, que conviveu com os Guaikurus em


1.760, a pele era furada com espinhos até escorrer o sangue, quando colocavam cinzas de
folhas de palmeira ou tinta de jenipapo. Os desenhos eram exibidos com vaidade e como
prova de coragem.

Lévi-Strauss, Mestre da Antropologia contemporânea, no livro Tristes Trópicos de


1993, explica que a tatuagem era usada para diferenciar as classes sociais, divididas em
nobreza, guerreiros, e escravos ou plebeus. Segundo Lévi, os nobres ostentavam sua
posição por meio de pinturas corporais feitas com moldes ou por meio de tatuagens, que
eram equivalentes a um brasão.

A explicação dos índios da tribo Kadiwéu para os desenhos no corpo e rosto era que
se pintavam porque não eram bichos e porque a pintura era feita para diferenciar o homem
do animal, e também do estado bruto da natureza.

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As pinturas que saíam com o tempo, eram feitas com três tipos de corantes. O
pigmento preto do jenipapo era usado para os contornos e o vermelho do urucum, para o
acabamento do fundo. A cor branca vinha do polvilho de palmeira ou tabatinga, uma argila
de tom claro. Também usavam cinzas de carvão. Por superstição, durante as guerras,
pintavam o corpo inteiramente de negro, como camuflagem ou para aterrorizar o inimigo.
Já nas festas de iniciação das moças só era usado o urucum.

1.2 Tatuagem como arte

Para que a tatuagem seja avaliada como arte, antes é necessário que o tatuador tenha
um “projeto” ou um desenho, imaginação e sensibilidade para dar forma aos traços e
caracterizar como obra de arte.

O desenvolvimento da obra, no caso a tatuagem, é feita sobre a pele, envolvendo


técnicas, estilo, habilidade e domínio das próprias linguagens que envolvem o mundo da
tatuagem.

Os desenhos aplicados na pele possuem um conteúdo e o seu significado não é


compartilhado pelo tatuador e tatuado.

A estética da tatuagem é a expressão lúdica do autor materializada plasticamente na


pele. Para fazê-la não basta ter uma idéia inicial, é preciso que esta se prolongue durante a
execução do desenho e indique novos resultados a cada instante do processo.

O desenho que será tatuado não é feito diretamente na pele, antes o tatuador cria um
rascunho e oferece ao cliente, cabe a este aceitar ou não, podendo também dar sugestão de
modificações ou pedir o desenho de outra procedência.

Os componentes estéticos variam entre o conteúdo e a forma. Além disso, a


tatuagem também possui ordem, harmonia e perfeição.

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O conteúdo e a forma se fundem, propiciando o sentido de plasticidade da obra. Não
se trata de um trabalho belo, feio ou perfeito, mas de uma conquista relativa da perfeição. É
o sentir na plenitude o ajuste adequado entre o querer e o fazer.

O equilíbrio entre a harmonia, ordem e perfeição fazem com que apareça o valor
estético da tatuagem. A obra pronta é uma realização e término de um “desafio” para seu
criador. A tatuagem pronta sofrerá diversas interpretações, que muitas vezes diferenciarão
da vontade e opinião do autor.

“A apreciação é um complexo fenômeno social, e a tatuagem está


enquadrada na sociedade de maneira marginalizada, portanto não é vista como
arte por preconceito das pessoas”. (http://www.tattoogreco.kit.net/)

Como o primeiro tatuador profissional do Brasil disse: “A tatuagem é uma arte tão
antiga quanto a raça humana”. (http://www.solbrilhando.com.br)

A arte é vista de vários ângulos por todo o tipo de pessoa.

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CAPÍTULO II - Fatores Psicológicos

2.1 Símbolos, Conceitos e Valores Sociais

Nosso psicológico tende a associar tudo o que vemos com o que aprendemos
durante toda a vida. Os símbolos têm uma representação individual.

“A linguagem consiste em símbolos que contém significados, mais regras


para combinar aqueles símbolos, que podem ser usados para gerar uma infinita
variedade de mensagens (Ratner e Gleson, 1993)”.(Weiten, 2002, pag. 226)

A família tem uma grande responsabilidade pelo que somos, pensamos, acreditamos
e julgamos.
“As pessoas falam muito a respeito da personalidade, mas a maioria
encontra dificuldade para defini-la. Inclinam-se a dizer que a personalidade é algo
que um individuo ‘tem’, e a descrever as personalidades de determinadas pessoas
através de palavras como ‘amistosa’, ‘delicada’, ‘determinada’ e ‘agressiva’.
Portanto, o que elas podem querer dizer por personalidade é alguma maneira que
uma pessoa habitualmente aparenta ao comportar-se diante das outras”. (Morgan,
1915, pag 211).

A personalidade e os valores são formados por influência do convívio social e


principalmente o familiar. Estudos sobre personalidade são feitos e relatam que há uma
coincidência nos atos das pessoas, como se alimentar 3 vezes ao dia, por exemplo, mas não
é nisso que um estudo analisa a personalidade.

“Mas no estudo da personalidade, são importantes apenas as maneiras


pelas quais uma pessoa difere da outra. Se uma criança gazeia muito, ou se uma
pessoa se alimenta excessivamente ou pouco, estas são características distintivas da
personalidade”. (Morgan, 1915, pag 212).

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Hoje em dia o que difere uma pessoa da outra é a maneira de agir, de pensar e de
falar. Estas são características distintas da personalidade.

Os gostos pessoais fazem parte da personalidade. Não é necessário que todos


gostem da mesma coisa, nem mesmo os gêmeos idênticos têm os mesmos gostos. Cada
indivíduo tem discernimento do que é bom e ruim para si mesmo, assim como do que gosta
e do que não gosta.

Todos nós temos algo de bom, o que falta é oportunidade para demonstrar, com isso
acabamos “mudando” nossa personalidade e nos tornamos mais agressivos, e até mesmo
incapaz de querer crescer e recomeçar a vida.

“A personalidade é um organismo que vive em um meio natural e social e reage


pela conduta às suas necessidades internas e às influências ao ambiente”.
(Mielnik - Coleção sesi - Medicina Preventiva, pag 35).

Uma das coisas que interfere em nossas vidas desde de pequeno é o ambiente
familiar sendo tanto com influências negativas quanto positivas. O ambiente doméstico
influencia profundamente na formação da personalidade, dificultando muitas vezes seus
relacionamentos quando adulto. É muito difícil e às vezes impossível modificar um adulto
porque ele é um produto de seu ambiente familiar.

“Somos obrigados por um aprendizado mais ou menos dificultoso, a


considerar o ambiente e a respeitá-lo. Quanto mais amadurecido e mais
desenvolvido intelectualmente, melhor o funcionamento do ego, responsável pela
contensão dos impulsos de estabelecer uma conciliação entre o que o indivíduo
deseja fazer e aquilo que a sociedade considera possível e adequado”. (Mielnik -
Coleção sesi - Medicina Preventiva, pag 40).

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A personalidade se resulta em vários sentidos sendo em comportamentos,
pensamentos ou emoções. Quando estamos mais amadurecidos e mais desenvolvidos
intelectualmente, o melhor é o funcionamento do nosso eu, assim a personalidade flui com
mais força e determinação.

A influência do “mundo” exterior contribui para a formação da pessoa. Quando esse


indivíduo foge dos padrões estipulados, muitas vezes não é aceito pela sociedade e até
mesmo pela família.

“O indivíduo que age segundo padrões estranhos ao grupo a que pertence expões-
se a sofrer sanções que o meio adotará contra ele”.
(Mielnik - Coleção sesi - Medicina Preventiva, pag 51).

O ambiente e a hereditariedade consistem no que o individuo é, ou seja, são eles que


estabelecem limites para seu desenvolvimento. É uma relação de interação.

“Em parte, a personalidade depende de predisposições e habilidades


herdadas. É formada através do condicionamento clássico, do condicionamento
operante, e a moldagem por meio de aprendizagem por observação. Logo cedo na
vida, a família é a influência mais importante em ensinar respostas; mais tarde,
outras influências sócias se tornam mais importantes”. ( Morgan, 1915, pag 229).

Além dos fatores citados acima, o convívio que o indivíduo tem com a sociedade
faz com que tome posição a respeito da mesma.

“Os motivos sociais são aqueles que, de um modo ou outro, incluem outras pessoas.
Podem ser aprendidos ou não”. ( Morgan, 1915, pag 62).

A afeição, simpatia, respeito, entre outros convívios sociais contribuem para que
este se relacione perante aos outros, de acordo também com a necessidade própria.

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“A afeição e a sociabilidade são dois motivos sociais intimamente
relacionados, mas que podem ser distinguidos. O primeiro é o desejo de amar os
outros, que começa com nossa mãe; o segundo é um motivo para estar com
outros”. ( Morgan, 1915, pag 63).

Em entrevista com a psicóloga Sueli Vicentim Repulho, podemos observar que


baseado na sua experiência de vida ao longo de seus 19 anos de carreira, hoje em dia não
existe um único e maior motivo para se fazer tatuagem, e sim a soma de alguns deles.
Muitas vezes é a necessidade de chocar e/ou chamar a atenção, a dificuldade de
comunicação ou de se expressar e até mesmo por vaidade. Repulho acredita que, em
relação ao comportamento da sociedade, há no mínimo uma reação de surpresa ao ver uma
pessoa tatuada. A aceitação varia de acordo com a faixa etária e nível sócio-econômico, e
existe sim o preconceito no mercado de trabalho, principalmente em empresas de grande
porte onde há um largo grau hierárquico. Sueli Vicentim afirma também que não existe um
“perfil” pré-estabelecido para pessoas dispostas a fazer uma tatuagem, mas sim pessoas
suscetíveis, como no caso daquelas que mais demoram a atingir a maturidade em cada
aspecto da própria vida e que um comportamento comum nessas pessoas é a dificuldade de
adaptar-se e de obediência.

Uma opinião divergente e o da psicóloga Solange Maria Rosset. A psicóloga


formada em Curitiba - PR, declarou que hoje em dia muitas razões levam a pessoa a fazer
tatuagem. Uma das razões é o desejo de ser original e ter uma marca que a diferencie das
outras. Na opinião de Rosset, tatuagens pequenas e discretas são mais aceitas pela
sociedade, já as maiores ainda chocam. No mercado de trabalho onde as atividades são
mais tradicionais e se tem contato com pessoas mais conservadoras, as tatuagens podem
desabonar o candidato.

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CAPÍTULO III - Sociedade x Tatuagem

Segundo o dicionário Houaiss (http://houaiss.uol.com.br) a sociedade é o “conjunto


de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que
são unidas pelo sentimento de grupo”.

Cabe a sociologia estudar a sociedade, mas definir sociedade implica no estudo de


diversos fatores.

“Não estaria de todo errado concebê-la como uma associação de indivíduos


que vivem em coletividade num espaço determinado e com peculiaridade de
costumes comuns a todos”. “Em última análise, à sociologia cumpre o estudo do
homem e suas instituições "tão imparcialmente quanto a biologia estuda os animais
e o meio onde vivem, sem, contudo, prescindir das ciências sociais como um todo
(antropologia, economia, ciência política, história e psicologia) na medida em que
têm como objeto de pesquisa e estudo o "comportamento social humano e suas
várias formas de organização" .
(http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2474)

O estudo da sociedade não é tão simples devido às divergências culturais, raciais e


religiosas em toda parte do mundo. A tatuagem é associada a alguma tribo em cada parte do
planeta. Por exemplo, a suástica, símbolo usado pelo ditador Hittler durante o nazismo.
Quem tiver uma suástica tatuada estará associado com o movimento nazista. Assim como
os símbolos utilizados por “metaleiros” e punks, e pelos demônios tatuados por anticristãos.

Além da associação a tribos, a tatuagem é interpretada como parte da pessoa. Como


se ela tivesse mostrando um pouco de sua personalidade, vida e alma. Os estilos de
tatuagem nos ajudam a identificar a relação que o individuo tem com a sociedade.

21
A tatuagem com todos esses anos de existência, já foi tachada de várias maneiras.
Para muitas pessoas a tatuagem, seja qual for, ainda é símbolo de marginalidade. Vários
desenhos são atribuídos aos crimes cometidos, e dentro dos presídios brasileiros ainda
existe esse costume.

“No mundo da marginalidade a tatuagem também possui um significado


próprio. Nos presidiários brasileiros a tatuagem funciona com código entre os
detentos, e dependendo do desenho, os outros presidiários podem saber se a pessoa
é perigosa, digna de confiança ou homossexual, além de indicar que crime ele
cometeu. Na maioria das vezes essas tatuagens são feitas a força, principalmente
naqueles que são condenados por estupro ou crimes contra os costumes, que na
cela passam a ser tratados pelos outros como homossexuais de forma passiva. Os
materiais utilizados nessas ocasiões são rústicos, como pregos ou ponta de caneta,
e logo, não possuem um belo resultado.Se o detento possui uma sereia, flores ou
borboletas, significa que ele é "homossexual". O desenho de um punhal cravado no
cérebro, três sepulturas, a imagem da Nossa Senhora da Aparecida e a cruz de
carvalho significam que o preso é confiável, e que não delata um companheiro,
mesmo sob tortura. Esses desenhos também designam os detentos de alta
periculosidade, como assaltantes a mão armada e assassinos. O desenho de uma
cobra tatuada significa que o detento é um traidor”.
(http://www.tattoogreco.kit.net/)

A tatuagem sempre teve seu significado seja positivo, como coragem e bravura, ou
negativo. Claro que existem inúmeras razões pelas quais as pessoas fazem tatuagem, sendo
algumas delas banais ou sem sentido. Para muitos psicólogos e sociólogos que estudam o
comportamento humano, fazer uma tatuagem serve para auto identificação ou para
simbolizar a adesão a determinado grupo social, como, por exemplo, os metaleiros e os skin
heads. Esses grupos têm um padrão físico e comportamental para se sobressair entre as
demais pessoas, para deixar claro que eles fazem parte daquele grupo.

22
“A tatuagem também é usada como uma forma de expressar rebeldia e
inconformismo. Reprimida pôr uma considerável parcela da sociedade, que ainda
acha que tatuagem é sinônimo de bandido, drogado, subversivo, entre outros
adjetivos não muito agradáveis, ela serve como um grito de protesto contra o
sistema. A pessoa tatuada se sente diferente e, conseqüentemente, isso passa a ter
um valor contraditório e revolucionário”. (http://www.tattoogreco.kit.net/)

A sociedade contribui na formação de opinião e conduta das pessoas. A cultura de


uma determinada sociedade é compartilhada por diversos grupos inseridos nela.

“Em sentido científico, cultura significa costumes e tradição de um povo e


as atitudes e crenças que tem sobre aspectos importantes de sua vida. Em outras
palavras, cultura refere-se às maneiras de comportamento que foram aprendidas e
que são compartilhadas e transmitidas pelos membros de uma determinada
sociedade”. (Morgan, 1915, pag 282)

A diversidade de costumes e cultura em todo o planeta define a estrutura social.


Cada indivíduo tem um papel na sociedade, o que define seu desempenho e seu status. O
que diferencia o papel de uma pessoa na sociedade são os bens que a mesma possui, os
serviços produzidos e a influencia que têm. A posição social é alvo de críticas e almejado
por diversas pessoas, por estar em destaque. Todos querem reconhecimento.

“As culturas têm uma estrutura social que deriva dos vários status ocupados
e dos papéis desempenhados por seus componentes”. ( Morgan, 1915, pag 296)

O convívio em grupo influência às ações que individualmente não o fariam. Estar


em grupo diminui a responsabilidade individual e aumente a confiança da pessoa. O próprio
grupo tem regras que são seguidas, inconscientemente, pelas pessoas que fazem parte.
Essas atitudes, chamadas de comportamento de multidão, se tornam algo corriqueiro e
necessário para a vida diária. As pessoas se espelham no comportamento dos outros.

23
A influência social contribui para formar opiniões dos indivíduos e com isso seu
comportamento e atitudes perante a sociedade. Estamos nos “influenciando” diariamente,
simplesmente na conversa, na troca de experiências e crenças já estamos fazendo o outro
pensar a respeito daquilo que falamos e acreditamos. Acontece com a propaganda que
vemos, seja ela por televisão, rádio, revista ou Internet.

“A enorme soma de dinheiro gasta em propaganda demonstra a confiança na


possibilidade de as pessoas serem influenciadas”. (Rodrigues, Assmar, Jablonski - 1999 -
pag 179)

Nós não estamos sozinhos, estamos sempre em processo de socialização e


recebemos estímulos sociais, conhecemos pessoas, trocamos experiências e opiniões. Com
essa interação de informações fazemos um julgamento da pessoa. Ao conhecer a pessoa, de
imediato formamos uma opinião sobre ela, as primeiras impressões vão fazer com que
aceitemos ou não o que pré-julgamos sobre os mesmos.

“Assim, rotulamos pessoas e grupos (fulano é agressivo; judeus são avaros),


discriminamos com base em sexo ou idade (as mulheres são emotivas, não podem
exercer cargos de chefia; os velhos são conservadores), esperamos que
bibliotecários sejam meticulosos, atentos, ordeiros e pacientes, bem como
acharemos estranho se filósofos forem sociáveis, interessados em atividades
lucrativas, concretos e práticos”. (Rodrigues, Assmar, Jablonski - 1999 - pag 67)

Nós julgamos outras pessoas comparando com nossos próprios conceitos. Nosso
autoconceito é formado pela vivência em sociedade. As conseqüências muitas vezes desse
julgamento se transformam em preconceito, discriminação e criação de estereótipos.

O preconceito é muito antigo, acompanhou a história da humanidade. Muitos fatos


ruins aconteceram devido ao preconceito, e suas conseqüências foram algumas vezes
gravíssimas, como o Holocausto.

24
“E no meio do século, talvez o exemplo mais estarrecedor de todos: o
Holocausto, quando milhões de judeus foram massacrados na Europa. Como
salientou Goldhagen (1996), ‘não há fato comparável neste século, nem em toda a
história da Europa moderna’. Extermínio de populações judaicas inteiras, atos de
crueldade organizados e sistemáticos, operações premeditadas de matança com
requintes de crueldade: muitas vezes as palavras se mostram débeis para retratar o
horror do que realmente significou o Holocausto”. (Rodrigues, Assmar, Jablonski -
1999 - pag 148)

Existem vários níveis de preconceito, uns mais agressivos outros mais sutis. O
preconceito causa grandes males à sociedade em geral. Não existe um único grupo social
que seja alvo de preconceito, vários grupos podem ser vistos com discriminação, isso vai
depender de quem estiver julgando. Esse julgamento constrói um estereótipo do grupo e das
pessoas que estão inseridas nele. O estereótipo é definido como a base perceptiva do
preconceito, e com isso vemos as associações diversas que a sociedade faz entre pessoas
tatuadas e marginais.

3.1 Comportamento Jovem através dos anos

Anos 50

A Juventude Dourada, como eram conhecidos os jovens da década 50,


intranqüilizavam a cidade. Usavam seus carros para promover rachas, consumir bebidas
alcoólicas e se enturmar em determinados pontos com os condutores de lambretas.

“Como viver em uma época sem videocassete, sem tevê por cabo, sem
internet, microondas, fax ou celular? Diante dessas interrogações, a década de 50
parece-nos muito distante.Mas para traçar um verdadeiro retrato da época,
devemos lembrar que o suicídio de Getúlio Vargas em agosto de 1954 foi uma
tragédia que causou comoção geral. Em seu governo, surgiram campanhas

25
populares em favor da criação da Petrobrás com o lema ‘O petróleo é nosso’ ”. (do
Carmo, 1995, pag 19)

Para os garotos da época era comum a leitura das histórias em quadrinhos ou gibi, já
para as garotas eram as fotonovelas que faziam sucesso. Grande parte da juventude se
deparava com moda rebelde e descontraída de Marlon Brando. Se compararmos aos dias de
hoje, as drogas mal eram conhecidas, e muito menos consumidas, somente o lança-perfume
era a grande sensação do carnaval.

O Rock foi um grito musical na década 50. Esse gênero musical era capaz de
expressar todo o tipo de sentimento repreendido, como desesperança e rebeldia, associando
à delinqüência juvenil era inovador e irreverente. Os mais velhos ficaram escandalizados
com o fenômeno novo, atrevido e abusado.

Anos 60

A globalização começa a ser expandida através de comunicação via satélite, mas


tudo lentamente. Nos primeiros anos da década 60 criou-se o Cinema Novo e Centro
Popular de Cultura da União Nacional dos estudantes CPC/UNE, e a bossa nova se tornava
popular.

“Na década de 60, computador era chamado de cérebro eletrônico;


informática, de cibernética. Ninguém falava em globalização, ou pelo menos como
se fala hoje em dia. Mas ela já se expandia através do sistema de comunicação via
satélite.O canadense Marshall Mc Luhan, teórico da comunicação, dizia que o
mundo estava se tornando uma ‘aldeia global’ ”. (do Carmo, 1995, pag 40)

O rock tomou novo rumo nessa década. Com acesso aos sucessos norte-americanos,
jovens brasileiros fizeram suas próprias versões, surgindo assim a Jovem Guarda. Como
movimento musical teve entre seus intérpretes Tony e Celly Campello, além de Sérgio
Murilo e outros.

26
A sociedade pedia por uma mudança, queriam mais agito em suas vidas. As baladas
românticas faziam sucesso entre a garotada, a música era feita basicamente para cantar e
dançar. A rebeldia ficava nas roupas extravagantes da época, nas mini-saias, nos cabelos
compridos e nas gírias. Era muito comum os jovens da época usarem os termos brasa,
mora, papo-firme, entre outros.

“Podia-se notar então a entrada em cima do poder jovem, cada vez mais se
falava em conflito de gerações, da oposição jovem/adulto. “Não confiar em
ninguém com mais de trinta anos” era o lema”. (do Carmo, 1995, pag 42)

O conflito ganhou espaço na família, nos campi universitários, nas manifestações de


rua, na música, e em grandes movimentos sociais com os surgimento dos hippies. Eles
chocavam toda sisudez da sociedade com os cabelos longos, experiências com as drogas e a
luta pelo amor livre. Essa geração radical surgia no seio da educação liberal, causando
grande concentração de jovens num espaço favorável à discussão e ao questionamento.

“Nos anos 60, os estudantes de vários países da Europa, da América Latina,


dos Estados Unidos e do Japão destacaram-se no cenário político contestando a
sociedade, bem como seu sistema escolar e universitário. Puseram em questão a
cultura em seus variados aspectos: costumes, sexualidade , moral e estética.A
rebelião tinha a autoridade como seu alvo principal. Esse movimento de rebeldia
foi também marcado pela radicalização ideológica, na luta por ideais
revolucionários”. (do Carmo, 1995, pag 42)

Anos 70

Os anos 70 foram à ressaca dos agitos da década anterior, muitos fizeram viagens
alucinógenas ou pegaram carona na meditação através do misticismo oriental, ou
proliferaram todas as capitais do mundo vestindo roupas indianas, vendendo incensos e
divulgando suas crenças.

27
No Brasil, quando se fala em anos 70, nos vem a cabeça, além dos campeonatos de
futebol, o lema que fora pregado: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

“Na segunda metade da década de 70, as oposições começam a ganhar


força, com o Movimento Democrático Brasileiro (MDM) aumentando seus quadros
a cada eleição. Em 1977, o presidente Ernesto Geisel (1974 - 1979) fecha o
Congresso por alguns dias e cria os senadoreS “biônicos”(eleitos indiretamente).
Começaram a surgir críticas ao crescimento da dívida externa, ao arrocho salarial
e aos gastos com obras faraônicas (alusão às pirâmides dos faraós egípcios), que
enriqueciam empreiteiras. Por falta de dinheiro para a conclusão das obras,
algumas ficaram inacabadas,como a Ferrovia do Aço”. (do Carmo, 1995, pag 123)

As rádios têm grande participação na vida das pessoas pela manhã, várias notícias
são relatadas com detalhes como os crimes do esquadrão da morte. Mesmo havendo nesse
tempo o desprezo pela ordem legal, a atuação de policiais ligados a grupos de extermínio se
intensificou.

A noite é a vez da televisão mostrar a sua força. A tevê cresce com novelas e
programas de auditório.

Um desdobramento da contra cultura da década de 60, no Brasil ocorrido aos 70, foi
a opção pela vida simples. Muitos jovens sonhavam em sair de casa para serem livres e não
sofrer cobranças dos pais. Uma grande parte rejeitava a idéia dos pioneiros shoppings
centers, preferiam comprar roupas e adereços em brechós, feiras hippies e pegar carona.

O cinema nacional foi inovado, batia recordes de bilheteria os Trapalhões, e Dona


Flor e seus Dois Maridos. A linguagem das histórias em quadrinhos toma conta das ruas em
formas de grafites. Surgem também os skates e os patins.

28
O visual dos jovens é algo que muda e choca a sociedade. Agora eles são punks,
cabelos cortados estilo moicano e coturnos pesados. Os trajes têm simbolicamente o mesmo
significado anárquico e desesperado expresso nas letras de suas músicas: botas, couro,
correntes, tatuagens, símbolos nazistas ou comunistas. Era época de bandas de garagens,
fazendo empresários ganhar muito dinheiro.

Anos 80

“Na geração dos anos 80, pós abertura política, já não era tão cativada
pela música popular brasileira, que, muitas vezes, se expressava com letras
carregadas de denúncias social e lançando mão de metáforas para driblar a
censura da década anterior. O rock nacional que levava uma vida sossegada, de
sombra e água fresca, recebeu um ultimado para assumir a maioridade e sair do
estado de dependência paterna. Rita Lee, como uma ovelha desgarrada da família
musical brasileira, expressa uma prosa e verso como isso ocorreu:
Foi quando meu pai me disse:
Filha, você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir, e sumir...” (do Carmo, 1995, pag 139)

A geração dos anos 80, já não apreciava muito as músicas brasileiras. O Rock
nacional foi “substituído” pela música sertaneja, axé, pagode e outros ritmos.

Um marco na história da música que influenciou todo o mundo foi a criação da


MTV (Music Television) nos Estados Unidos. Era a primeira emissora da tevê com
videoclipe 24 horas por dia dirigida para um publico 12 a 34 anos idade. Apostando num
publico diferenciado o canal foi um sucesso entre a juventude difundindo o pop e o rock.

Os filmes da época contribuíram com a sociedade. O público passou a tomar


conhecimento de diversos problemas sociais como o drama do menor de rua.

29
O crescimento da literatura de esquerda e o sucesso da coleção primeiros passos da
Editora Brasiliense, evidenciavam a juventude ávida de saber tudo o que estava ocorrendo.

Na televisão, Xuxa é a grande atração da programação infantil, fica em evidencia


em todo tipo de mídia. Além de fazer shows e atuar em filmes. Bandas de garotos foram
grande sucesso na década como o grupo de porto-riquenhos Menudos, que marcou uma
geração com o sucesso “Não se reprima , não se reprima!”

As roupas usadas na época era singular, muitos grupos causavam estranheza e


despertavam curiosidades por serem diferentes das outras pessoas.

Anos 90

A década se iniciou com a crença de que o fascismo, nazismo e comunismo tenha


acabado, e que a democracia imperava no mundo. A globalização se torna alvo de
discussão, fica sendo a palavra mais usada para designar novos tempos. O mundo passou
por várias mudanças significantes, como a queda do Muro de Berlim.

Os anos 90 começaram com um marco na história do Brasil, o primeiro presidente


da República eleito depois de 1964, Fernando Collor de Mello. Com um discurso popular
prometia modernidade, acabar com os chamados marajás, e com os altos salários que
funcionários públicos recebiam. Mais tarde, diante da gravidade das denúncias e das
revelações que vinham à tona, os jovens resolveram dar um basta na corrupção do governos
Collor. Milhares de estudantes, com os rostos pintados de verde-amarelo foram as ruas
pedindo o impeachment do presidente. O evento reuniu estudantes de todas as classes
sociais. Devido às manifestações dos famosos “caras pintadas”, o presidente foi afastado de
seu cargo e da carreira política em 1992, assumindo a presidência então seu vice Itamar
Franco.

30
A juventude ganhou força nessa década, sabia que era capaz de se indignar com os
rumos que o país seguia e fazer diferença. Todo esse sentimento foi motivado pela
minissérie Anos Rebeldes, realizada pela tevê Globo.

“No Brasil, a partir dos anos 90, a música de protesto retorna intensamente
comum novo discurso e outra cadência. Mudou também de origem social. Na
década de 90, grupos de jovens universitários de classe média cultivavam um tipo
de música com a intenção de conscientizar o povo sobre as injustiças sociais”. (do
Carmo, 1995, pag 160)

A música muda de rumo, o rock é trocado por duplas sertanejas, grupos de pagode e
de axé music. A tevê a cabo se torna mais popular, ela oferece um mundo novo e fascinante
às pessoas. A Internet é a novidade do momento.

31
CAPÍTULO IV - Saúde antes e depois da tattoo

A pele é uma parte do corpo humano muito importante e sensível, e é também a


mais exposta. Qualquer lesão que soframos na pele atinge diversas funções do nosso dia a
dia, como por exemplo, um machucado no abdômen. Qualquer atividade que exija um
esforço físico maior, ou até mesmo ao sentar a pele do abdômen contrai e isso nos traz a
sensação de desconforto.

A pele necessita de muitos cuidados como a proteção contra raios solares,


ressecamento pelo vento e frio, e a hidratação constante. Toda disfunção de nosso
organismo reflete na pele sua conseqüência.

“Nos referimos à pele, quando nos reportamos às portas naturais de


entrada e saída do organismo. Maior órgão do corpo em área, a pele equivale a um
“terceiro rim” ou “terceiro pulmão” na atividade de eliminar resíduos tóxicos e
indesejáveis do organismo. Para o bom desempenho dessa função é necessário uma
circulação periférica adequada. Por meio da pele são absorvidas substâncias
nutritivas e tóxicas. A permeabilidade da pele permite que partículas vindas do
exterior penetrem no interior do organismo. Outra função da pele é a de
revestimento. Por ser impermeável, ela protege o organismo da desidratação. Um
dos grandes riscos das queimaduras é, justamente, a morte por desidratação. A pele
equivale à orla marítima, que mostra em suas areias a pureza ou impureza do mar.
O lixo jogado em alto-mar, mais cedo ou mais tarde, irá impregnar as praias,
traduzido pelo fluxo mais externo e visível da condição orgânica. O viço, o turgor,
a maciez, o brilho e a jovialidade da pele dependem da composição do sangue, do
nível de intoxicação orgânica, das reservas nutricionais, da circulação periférica e
das agressões externas, principalmente das causadas pela exposição exagerada ao
sol”. (Pyhn e Santos, 1999, pag. 109)

32
Antes de se fazer uma tatuagem é preciso ter consciência de uma série de coisas. O
desenho vai ficar na pele por toda a vida, portanto não pode ser algo momentâneo, um
desenho que vá arrepender ou enjoar. A escolha de um bom profissional é imprescindível,
além do desenho sair exatamente como queria, o material tem que ser de ótima qualidade.
Existem profissionais que só visam o lucro, cobram mais barato, e com isso coloca a saúde
de seus clientes em risco. O material esterilizado ou descartável previne doenças como
hepatite e HIV, e as tintas sendo de boa qualidade não infeccionam e ajudam na
cicatrização. Por ser um método agressivo, existe a dor no momento de fazer a tattoo, para
cada pessoa é diferente, depende da sensibilidade de cada um, mas é uma dor suportável.

A tatuagem é uma arte que agride a pele para ser feita. Um motor move a agulha
que penetra nas camadas da pele depositando a tinta. Com isso a pele fica sensível abrindo
uma passagem para germes e bactérias. Ao se fazer a tatuagem a pessoa precisa tomar certo
cuidado como não comer carne de porco, ovos, pimenta e frutos do mar, que são altamente
gordurosos e podem contribuir para infecções. Segundo o tatuador Giovani Almeida, para
garantir uma boa cicatrização, deve se usar pomada cicatrizante (Bepantol) até sair a casca
que se formará em alguns dias. A pessoa deve também evitar tomar muito sol, piscina, praia
e arrancar a casca. E ao sair ao sol passar protetor solar. A cicatrização completa leva em
média 30 dias, tudo vai depender do organismo de cada um.

4.1 Dicas práticas

Tabela 1
Cuidados com a tatuagem

√ Retirar a bandagem debaixo de água fria após 2 horas


√ Passar pomada Bepantol durante 3 dias
√ Não coçar e nem arrancar a casca
√ Não tomar banho de Sol, Piscina e mar durante 15 dias
√ Evitar comer carne de porco, camarão e pimenta durante 15 dias

33
4.2 Perigos dos tratamentos de remoção de tatuagens

Com a popularidade da tatuagem muitas pessoas fizeram, e uma parte delas se


arrependeram. Como na matéria divulgada no site http://www.tattoonet.com.br, nos Estados
Unidos de todas as pessoas tatuadas, cerca de 30% querem removê-la. Os motivos são
inúmeros, o preconceito da sociedade, mas o mais listado é da dificuldade de arranjar
emprego.

Não é tão simples a remoção de uma tatuagem, vários fatores contribuem para que o
trabalho seja difícil, como o das cores das tintas. Quando mais a tinta for próxima ao tom
da pele, como o amarelo e o vermelho, mais difícil é de tirar. Como os pigmentos tatuados
ficam na derme, com o decorrer dos anos o pigmento tente a se desbotar, localizando-se
mais profundamente na pele.

Existem vários métodos para remoção da tatuagem como o mecânico, químico,


térmico e laser. O médico Nuno Osório, coordenador do departamento de laser da SBD
explica esses quatro procedimentos.

Fonte: (http://www.tattoonet.com.br/tattoonet4/noticias/noticias.htm)

Tabela 2
Mecânico Entre os mecânicos o mais comum é a dermoabrasão com
lixa de diamante, e a salabrasão que é o mais antigo.
Ambos são trabalhosos, hemorrágicos e podem deixar
cicatrizes. A ressecção cirúrgica da área pigmentada
sempre deixa seqüelas.
Químico Quimicamente a aplicação de ácido tricoloracético a 90%
e nitrato de prata pode remover a tatuagem, embora
geralmente de uma maneira incompleta e com cicatrizes.
Térmico A lesão térmica foi usada grosseiramente através de ferros
em brasa na idade da pedra e mais recentemente através
de bisturis elétricos e de alta freqüência, ou lasers
contínuos que não respeitam o tempo de relaxamento
térmico da pele e o princípio da fototermólise seletiva
provocando alteração de cicatrização.

34
Laser O desenvolvimento dos lasers, que emitem pulsos
extremamente rápidos na ordem de nano segundos com
energias altas o suficiente para promover o rompimento
dos pigmentos e sua subseqüente fagotização, permitiu-
nos realizar a remoção das tatuagens de uma maneira
segura, mas pode ocorrer hipocromia transitória e
alterações de cicatrização.

Existem vários aparelhos a laser para retirar tatuagem, mas cada um é eficaz em
determinada cor, dificultando a remoção do desenho. Dependendo da tatuagem é necessário
de 3 a 12 sessões para tentar eliminar o desenho da pele. Qualquer tratamento para remoção
da tatuagem não é 100% garantido, em muitos casos o tratamento deixa cicatrizes piores
que a própria tatuagem.

35
CAPÍTULO V - Tendências no mundo da tatuagem

Surgem cada vez mais tipos de “adereços” para o corpo como piercing e tatuagem.
Cada um deles tem sua denominação e é adotada por um número maior de pessoas.

5.1 Tipos de tatuagem

Fonte: http://www.tattoogreco.kit.net/

Tradicional
Mais conhecida como tatoo de marinheiro. São aqueles desenhos que todo mundo está
cansado de ver, como uma âncora ou uma gaivota. Os marinheiros foram os grandes
divulgadores da tatoo pelo mundo.

Sumi
Técnica oriental de tatuar usando bambu. Dói muito, mais do que as feitas com agulhas.
Geralmente os desenhos são ricos em detalhes.

Realista
Desenhos que imitam o mundo real, como mulheres, pássaros e personalidades.

Estilizada
Como o próprio nome já diz, são desenhos estilizados.

Alto relevo
Muito difundida entre os índios. A pele é dissecada formando desenhos. Altamente
coloridas.

Belfaro Pigmentação
A maquiagem definitiva, como delineado, batom, etc.

36
Celta
Desenhos de origem celta com figuras entrelaçadas. Pode ser preta ou colorida.

Tribal
Desenhos em preto ou coloridos com motivos tribais. Podem ser desenhos de tribos norte-
americanas, maias, incas, astecas, geométricas ou abstratas.

Oriental
Trabalhos grandes, geralmente de corpo inteiro, como um painel. Os desenhos são com
motivos orientais, como samurais, gueixas e dragões. conhecido com Tebori

Psicodélicas
Trabalhos supercoloridos com desenhos totalmente malucos.

Religiosas
Trabalhos com personagens bíblicos, como um santo, uma cruz, etc.

Bold line
Desenhos das Comics e HQs com traços bem largos e cores berrantes.

Branding
Tatuagem marcada a ferro e fogo.

37
5.2 Tatuagem de Henna

A henna, originalmente chamada de MEHNDI na Índia, é uma coloração usada em


cerimônias para imprimir desenhos na pele. Ela é feita com ervas e óleos, e é apresentada
entre as cores marrom e laranja.

“É totalmente atóxica e é usada até em crianças, sem efeitos indesejados.


Hoje, é bastante utilizada na Europa e América do Norte em eventos como
casamentos, festas, comemorações e como adorno e destaque, por homens,
mulheres e crianças, pela beleza e originalidade dos desenhos utilizados”.
http://www.tattoo.hpg.ig.com.br/informacao3.html

A tatuagem de henna, uma arte oriental antiga, passou a ser conhecida no ocidente
após o vídeo-clip da cantora Madonna, Frozen, onde ela aparece com as mãos cobertas pela
tatuagem.

“Na cultura Hindu a henna é feita em todos os grandes festivais, especialmente em


matrimônios para desejar boa sorte, as mãos e os pés são decorados com a henna.
A henna na Índia é usada também como uma maneira de se refrescar contra o calor,
aplicada na palma da mão e na parte superior do pé, eliminando a sensação de calor. Foi
na Índia que esse tipo de arte se originou, a henna não é tóxica, ela é usada há séculos,
mas a henna original é marrom ou cor de ferrugem para ser exato.
Alguns usam corante preto, esse sim e muito tóxico. Ele penetra na pele deixando
resíduos de Chumbo e Mercúrio que são metais pesados e não são eliminados do corpo
nunca mais. A tatuagem de Henna feita com esses corantes é temporária também, mais o
veneno deixado por ela você leva para sempre”. (http://www.tattoogreco.kit.net/)

38
5.3 A arte do Tebori

Tebori é uma arte japonesa que significa tatuar com as mãos. É um método
tradicional que tem resultado mais suave do que as tatuagens feitas tradicionalmente. Ela se
diferencia por ser toda artesanal. Todo o material passa por um preparo especial, desde
agulhas (feita com hastes de bambu, madeira ou marfim) até as tintas. Além da habilidade
do tatuador, são utilizadas agulhas de diversas espessuras para consegui linhas mais finas
ou grossas.

“Uma tatuagem japonesa tradicional consiste em um tema principal que ocupa


geralmente grandes proporções na pele, como as costas, pernas e braços inteiros, com
flores, animais, dragões e samurais. O processo inteiro de uma grande tatuagem feita no
modo Tebori leva meses ou mesmo anos para se completar”.
(http://www.tattoogreco.kit.net/)

O novo tatuador que quer aprender a técnica do Tebori com um mestre japonês tem
que seguir algumas normas como: Nos primeiros 2 anos de aprendizado, são feitos apenas
trabalhos secundários. Depois o mestre ensina a tatuar aos poucos. O principal método de
aprendizagem é assistir o mestre tatuar, depois de alguns anos de aprendizagem o aprendiz
trabalha um ano como tatuador e depois repassa todo dinheiro ao mestre como pagamento.
A tatuagem japonesa no Brasil não é muito conhecida, mas alguns tatuadores brasileiros se
especializaram no método Tebori. Vários tatuadores brasileiros foram para o Japão
aprender a técnica da arte japonesa. É o caso de Eduardo, Cris e Shimada. No Brasil há
poucos tatuadores fazendo Tebori. Entre eles, Junior, do Bushido Irezumi Studio e o
tatuador Brinco do Estúdio 108.

39
CAPÍTULO VI - Montagem da revista

6.1 Objetivo
Nosso objetivo é divulgar a tatuagem como arte milenar, mostrar todos os aspectos
positivos e negativos que a englobam.

6.2 Público Alvo


Nosso público alvo é adulto e pós-adolescente com idades a partir de 17 anos para
que já tenha certa maturidade para discutir o assunto.

6.3Construção de pautas e elaboração de matérias


As pautas foram construídas pelos temas menos abordados pela mídia, os quais
deveriam ser de conhecimento geral e resultados de pesquisas bibliográficas.
Elaboramos as matérias com os dados recolhidos em entrevistas e pesquisas feitas
com profissionais de diversas áreas como psicologia, sociologia, dermatologia e demais
áreas. Essas pesquisas enriqueceram nossas matérias que podem ser avaliadas em nosso
projeto final.

6.4 Desenvolvimento
Fizemos pesquisa de campo para saber o preconceito existente entre as pessoas de
São José dos Campos, através de um questionário com seis perguntas relacionadas ao sexo,
idade e escolaridade. (ver anexo 1)
Foram feitas três entrevistas entre o mês de agosto e outubro, com as psicólogas
Sueli Vicentim Repulho, Maria Clara Lopes Machado Leme e Solange Maria Rosset para
enriquecimento de informação e discernimento de opiniões sobre comportamento humano.
(ver anexo 2). Também para coleta de dados utilizamos textos divulgados em revistas,
Internet e em livros que enriqueceram o conteúdo de nosso trabalho.

6.5 Pesquisa
Pessoas de diversos segmentos nos ajudaram respondendo a pesquisa feita para
verificar o tipo de preconceito em situações do cotidiano. (ver anexo 3)

40
“Este é um trabalho que deve ser lido a partir de uma dupla matriz. É um
estudo de metodologia que visa contribuir para os esforços que estão sendo
desenvolvidos sobre a investigação científica em Comunicação, e é um estudo de
enfoque histórico porque trabalha com o objeto Comunicação enquanto realização
histórica de fenômenos superestruturais na sociedade atual.O tratamento que
daremos ao objeto Comunicação e à metodologia de sua investigação delimita
nosso estudo no domínio dos fenômenos da cultura e da comunicação de massa no
Brasil”. (Lopes, 1990, pag. 13)

“Os problemas substantivos que a realidade cultural de nosso pais


apresenta para a pesquisa em Comunicação passam necessariamente pelos
processos de transformação cultural acarretados pela atuação da industria cultural
em presença de uma vasta população pertencentes às chamadas classes baixas. É
dentro dessa dinâmica cultural concreta e específica dos países capitalistas
periféricos que se insere o objeto de estudo da Comunicação entre nós. Esse objeto
é, em síntese, o domínio das relações entre Comunicação de Massa e Cultura das
classes sociais numa sociedade subdesenvolvida” (Lopes, 1990, pag. 15)

Outra pesquisa realizada com alguns tatuadores foi relacionada aos desenhos mais
procurados por homens e mulheres, mas sem elaboração de questionário.

6.6 Modalidade
Escolhemos a modalidade Revista por ser o meio mais completo para divulgar o
tema. Segundo o dicionário Michaelis, Revista é uma publicação periódica na forma de
uma brochura mais ou menos extensa, com escritos dedicados a uma só matéria ou de
formato maior, com escritos variados e geralmente ilustrada.
A escolha pela modalidade Revista nos permitiu escrever, montar quadros com
dicas e expor a tatuagem em todos os seus aspectos, tanto na arte e profissão quanto nos
problemas relacionados.

41
6.7 Escolha das imagens
As imagens foram analisadas e selecionadas uma a uma. A intenção de cada uma
condiz com a matéria postada, sem querer ofender ou chocar algum dos leitores.

6.8 Gráfico
Os gráficos foram elaborados de acordo com a diversidade de opiniões em relação a
tatuagem e os cuidados que se deve ter antes e depois de fazer a mesma. (anexo 4)

6.9 Diagramação
Foi escolhido o tamanho básico de revista, 21cm x 29,7 cm, com 40 páginas,
incluindo capa. Esse modelo é simples e tradicional para priorizar o conteúdo da revista,
sem desprezar a parte gráfica e artística.
A fonte “tahoma” foi escolhida pelo seu formato e simplicidade, sendo que as
imagens da revista devem chamar mais atenção do que a fonte. Em títulos foram usados
cores e negrito para evidenciar a matéria.
Várias fotos e imagens foram trabalhadas com o objetivo de atender o perfil
adequado para uma revista de tatuagem e seus possíveis leitores.
A diagramação, feita com os softwares Pagemaker e PhotoShop, nos proporcionou
criar uma revista séria e com conteúdo, mas que enfoca a parte artística da tatuagem e toda
sua beleza.

42
CONCLUSÃO

Concluímos que a tatuagem existe desde o começo da vida em sociedade e vários


fatores contribuíram para que essa arte fosse depreciada através dos tempos. A própria
passagem do homem, a briga por poder, o surgimento da igreja e outros dogmas, além das
punições por crimes, fizeram a diferença na história da tatuagem.
A tatuagem foi usada por muito tempo para marcar nos acusados os crimes que
cometera. Essa prática, ainda hoje, é vista nas penitenciárias, onde há um padrão de
imagens a serem tatuadas para cada crime.
O preconceito foi alvo de discussão durante a elaboração do trabalho. Vários fatores
nos mostraram que a sociedade ainda tem preconceito com a pessoa tatuada, associando-as
a marginais.
O propósito da revista foi mostrar a tatuagem como trabalho sério, protegido pela
lei, seguro, higiênico e também como arte.
É muito importante para nós, futuras jornalistas, defendermos um tema que não é
bem abordado pela mídia. Existem vários assuntos envolvendo tatuagem que pudemos
abordar como preconceito, arte, relação entre pais e filhos, correção de imperfeições,
emprego, entre outras.
Pelo fato de ser uma revista, nos enriqueceu muito na parte de diagramação e
comunicação visual. Assim, cremos que desenvolvemos na prática o que aprendemos
durante o curso na faculdade.

43
BIBLIOGRAFIA

LIVROS

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humano e renovação celular. Editora Senac - São Paulo, 1999

WEITEN, Wayne. Introdução a psicologia - temas e variações. Editora Pioneira - São


Paulo, 2002

Manual de Estilo - Editora Abril - 7ª edição. Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro RJ,
1990

MORGAN, Clifford T. Introdução à psicologia. Editora McGraw Hill - São Paulo, 1915

DO CARMO, Paulo Sérgio - Culturas da Rebeldia. Editora Senac - São Paulo, 1995

MIELNIK, Dr. Isaac. Curso de orientação psicológica. Coleção sesi - Medicina Preventiva
- n°12

LOPES, Maria Immacolata Vassallo. Pesquisa em Comunicação. Edições Loyola - São


Paulo , 1990

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RODRIGUES, Aroldo & ASSMAR, Eveline Maria Leal & JABLONSKI, Bernardo.
Psicologia Social. Editora Vozes - Rio de Janeiro, 1999

APLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Editora Objetiva - Rio de Janeiro 1995

FRANÇA, Fábio & FREITAS, Sidnéia Gomes. Manual da qualidade em projetos de


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RIBEIRO, Dr. Lair. Comunicação Global - O poder da influência. Editora Leitura - São
Paulo, 2002

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DA SILVA, Francisco Carlos Teixeira. O século sombrio. Editora Campus - Elsevier - São
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- Tatuagem - A Galera Ilustrada.


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- O surgimento da Tatuagem nos 4 (Quatro) Cantos do Mundo


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Acessado em: 18/outubro/2004

REVISTAS

- FERNANDES, Tony. A história da tatuagem (1ª parte). Revista Só Tattoo. Ano I, Volume
1. São Paulo, Ed. Sampa. Pág. 7-10.

- Sem assinatura. Significados dos símbolos. Revista Metalhead Tattoo. Ano III, n°18. São
Paulo, Ed. Escala. Pág. 14-15

- PASCHOAL, Guto. A tatuagem que desaparece com o tempo. Ano I, n°11. São Paulo,
Ed. Empório Editorial. Pág. 60-63

48
ANEXOS

49
Anexo 1
Questionário

Pesquisa - Tatuagem
Sexo: feminino ( ) masculino ( )
Idade: ____
Escolaridade: ___________________________________________

1.Você possui tatuagem? Por que?

2. Você se consultaria com um médico ou dentista que tivesse tatuagem? Por que?

3. Como proprietário de uma empresa, você contrataria alguém que possui tatuagem?

3.1. Caso não, explique o porque.

4. A tatuagem por muito tempo foi tida como sinal de rebeldia, marginalidade. Na sua
opinião, o que representa hoje, uma pessoa com tatuagem?

5. Em relação a sua saúde, o que você faria antes de fazer uma tatuagem?

6. Quais medidas você tomaria se seu filho quisesse fazer uma tatuagem nos dias de hoje.

50
Anexo 2
Entrevista na íntegra

1.1
Psicóloga Sueli Vicentim Repulho
CRP 06/22554-6

O que leva, hoje em dia, uma pessoa a decidir fazer uma tatuagem?
R: Não acredito que exista um único ou maior motivo; e sim uma soma de alguns deles ou
todos: necessidade de chocar e/ou chamar a atenção, sentir-se em evidencia, destaque,
vaidade, necessidade de transgredir (a tatuagem não é ilegal socialmente, mas na família é
comum ser condenada), insatisfação, agressão, dificuldade de comunicação e expressão.

Qual é o comportamento da sociedade diante de um indivíduo que possui uma


tatuagem? Há ainda um estereótipo, ou a sociedade já "aceitou"?
R: Acredito que a sociedade no mínimo se surpreende quando vê uma tatuagem em
alguém conhecido. Quanto à aceitação, acredito que ainda depende da faixa etária e do
nível socioeconômico. Adolescentes sempre acham lindo, não importa a qualidade, bom
gosto e discrição.

Atualmente, como é tratado um indivíduo que possui uma tatuagem no mercado de


trabalho? Existe ainda o preconceito que privilegia os mais "conservadores", que
ainda não possuem tatuagem?
R: Existe esse preconceito sim, principalmente em empresas de grande porte, onde existe
um largo grau de hierarquia e possibilidade de crescimento profissional. Eu particularmente
não chamaria de preconceito, pois se levarmos em consideração os motivos que levam a
fazer uma tatuagem, isso traça um perfil a ser avaliado pela empresa e se condiz com o tipo
de funcionário que ela esta buscando.

51
Existe algum tipo de "perfil" da pessoa que provavelmente faria uma tatuagem?
R: Não sei se exatamente um perfil, mas são mais propensas a fazer, as pessoas que mais
demorarem a atingir a maturidade em cada aspecto da própria vida.

Existe um "perfil" de comportamento das pessoas que desejam fazer uma tatuagem?
R: Como tudo acima, baseado totalmente na minha experiência de vida e de trabalho, um
comportamento comum é a dificuldade de adaptar-se e de obediência.

52
Entrevista na íntegra

1.2
Psicóloga Maria Clara Lopes Machado Leme
CRP 14/00490-8

O que leva, hoje em dia, uma pessoa a decidir fazer uma tatuagem?
R: Hoje em dia as pessoas estão muito voltadas para as informações em massa que a mídia
tem nos colado diariamente. Estamos em uma fase que fazer tatuagem hoje em dia está na
moda.

Qual é o comportamento da sociedade diante de um indivíduo que possui uma


tatuagem? Há ainda um estereótipo, ou a sociedade já "aceitou"?
R: O comportamento da sociedade está em mudança, mais não totalmente, pois a tatuagem
pequena e discreta é vista de forma mais natural como um adereço, a tatuagem de corpo
inteiro já é vista como uma opção extravagante, e também de irreverência e protestos, e
isso assusta um pouco as pessoas mais conservadoras.

Atualmente, como é tratado um indivíduo que possui uma tatuagem no mercado de


trabalho? Existe ainda o preconceito que privilegia os mais "conservadores", que
ainda não possuem tatuagem?
R: Pessoas tatuadas no mercado de trabalho, vai depender do tipo de trabalho que ele vai
buscar, se for em uma empresa mais conservadora, e ele tiver muitas tatuagens visíveis,
provavelmente será uma dificuldade para ele( a ), mais se for uma tatuagem pequena com
certeza não terá empecilhos.

Existe algum tipo de "perfil" da pessoa que provavelmente faria uma tatuagem?
R: Perfil de pessoas que fariam uma tatuagem: pessoas mais curiosas com a vida e mais
contestadoras, elas querem de alguma forma serem vistas diferenciadas, aí se tatuam o
corpo inteiro é como demonstração de irreverência.

53
Existe um "perfil" de comportamento das pessoas que desejam fazer uma tatuagem?
R: Um perfil, acho que depende muito do tipo de tatuagem que a pessoa está querendo
fazer para que possamos determinar um perfil nestas escolhas, como já disse tem pessoas
que fazem tatuagens pequenas, outras na metade do corpo ou no corpo inteiro, outras para
demonstrar o amor ou a paixão que sentem um pelo outro, só que aí quando o
relacionamento termina, a tatuagem passa a ser um transtorno, que terá que ser modificado
de alguma forma, enfim o ser humano é por natureza carente e insatisfeito, e a tatuagem
entrou como mais um recurso para que ele possa de alguma forma estar no mundo e deixar
seu registro ou sua marca.

54
Entrevista na íntegra

1.3
Psicóloga Solange Maria Rosset
CRP 08/0204
Site: http://www. srosset.com.br

O que leva, hoje em dia, uma pessoa a decidir fazer uma tatuagem?
R: Muitas razões, entre elas: desejo de ser original, de ter uma marca pessoal que a
diferencie das outras pessoas.

Qual é o comportamento da sociedade diante de um indivíduo que possui uma


tatuagem? Há ainda um estereótipo, ou a sociedade já "aceitou"?
R: A maior parte das pessoas já aceita as tatuagens pequenas e discretas, mas ainda fica
chocada com tatuagens muito grandes ou muito agressivas.

Atualmente, como é tratado um indivíduo que possui uma tatuagem no mercado de


trabalho? Existe ainda o preconceito que privilegia os mais "conservadores", que
ainda não possuem tatuagem?
R: Isso depende do tipo de atividade. Nas atividades mais tradicionais, mais elitizadas, e
que tem contato com o público mais conservador, a existência de tatuagens pode desabonar
o candidato.

Existe algum tipo de "perfil" da pessoa que provavelmente faria uma tatuagem?
R: Pessoas que gostam de mostrar o corpo, que se identificam com o corpo que têm.

Existe um "perfil" de comportamento das pessoas que desejam fazer uma tatuagem?
R: Idem ao anterior.

55
Anexo 3
Pesquisa

A pesquisa foi feita com 79 pessoas. Com a faixa etária entre 17 e 67 anos.

Gráfico 1.

50
40
30
20
10
0

Mulheres 48
Homens 31

Pelo gráfico pode-se observar que a quantidade de mulheres é relativamente maior


do que a quantidade de homens entrevistados. Por isso, nos gráficos seguintes haverá uma
comparação entre homens e mulheres, e seguindo uma comparação geral para analisar
sobre o preconceito e informações de cada um sobre tatuagem.

Pessoas com tatuagens:

Gráfico 2.

6
5
4
3
2
1
0

Mulheres 6
Homens 3

56
Podemos comparar os dois primeiros gráficos que mostram o número de pessoas,
separando-as por sexo. O primeiro gráfico mostra a quantidade de pessoas entrevistadas, já
o segundo gráfico identifica o número de pessoas entrevistadas que têm tatuagem.

Portanto, em relação a tatuagem, somente 11 % das pessoas entrevistadas têm


tatuagem.

Gráfico 3.

11%

Tem tattoo
Não tem tattoo

89%

Tatuagem - comparativo homem x mulher

Gráfico 4.

50

40

30

20

10

0
Com tattoo Sem tattoo
Mulher 42 6
Homem 28 3

57
Pode-se observar pelo gráfico que a quantidade de pessoas que têm tatuagem é
muito baixo, tanto para homens quanto para mulheres.

Seguindo pelos gráficos 5 e 6 abaixo, podemos observar que mulheres têm mais
tatuagens do que os homens. Com um comparativo individual vemos que dos entrevistados,
13% das mulheres têm tatuagem, enquanto somente 10% dos homens têm a pele
desenhada.

Gráfico 5.

Homem

10%

Não tem tattoo


Tem tattoo

90%

Gráfico 6.

Mulher

13%

Não tem tattoo


Tem tattoo

87%

58
Médico ou dentista que usam tatuagem

Gráfico 7.

23%

Sim
Não

77%

Pode-se observar pelo gráfico 7 que 23% dos entrevistados não se consultariam com
médico ou dentista que tivessem tatuagem.

Contratação de funcionários tatuados

Gráfico 8.

46%
Sim
54%
Não

Pelo gráfico 8 podemos concluir que mais da metade das pessoas entrevistadas têm
preconceito em relação a pessoas tatuadas no mercado de trabalho. Dos 54% que têm
preconceito, não contratariam um individuo com tatuagem para trabalhar em sua empresa
ou comércio.

59
Filhos x Tatuagem

Gráfico 9.

15% 22%

Permite

Com restrições

Não permite

63%

Podemos observar no gráfico 9 que uma minoria de 15 % tentaria impedir seus


filhos de fazer tatuagem. Enquanto a grande parte, 63%, só aconselharia, explicaria dos
riscos e preconceitos, e ajudaria a procurar um bom profissional. Dos entrevistados somente
22% seriam “pais liberais”, que deixaria sem restrição alguma seus filhos fazerem
tatuagem.

60

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