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Com altas temperaturas, demanda

por energia deve bater recorde para


meses de setembro
Estimativa de demanda por energia é do
Operador Nacional do Sistema (ONS). Além da
onda de calor, aceleração da economia também
influencia consumo.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

24/09/2023 10h14 Atualizado há uma hora

Temperaturas passaram dos 40ºC. — Foto: Bruno Rezende/GOV-MS


Em meio à onda de calor registrada no país, o Operador Nacional do
Sistema (ONS) estimou nesta semana que a demanda por energia
elétrica deve bater recorde para meses de setembro.
Além das altas temperaturas, que impulsionam por exemplo o uso de
ar condicionado, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, avaliou
que a aceleração da economia também tem influenciado a demanda
por energia em setembro.
A primavera começou na madrugada deste sábado (23), e deve seguir a
tendência de muito calor das últimas semanas. A previsão aponta para
novos recordes de temperatura neste primeiro fim de semana da nova
estação, o que tende a manter em alta a demanda por energia.
Apesar disso, a área técnica do Ministério de Minas e Energia avaliou não
ser necessário retomar em 2023 o horário de verão - que está suspenso
desde 2019. A avaliação é que a situação dos reservatórios e a oferta
de fontes renováveis são suficientes para garantir o fornecimento de
energia. A decisão final sobre uma eventual retomada, no entanto, não
cabe à pasta.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) enviou uma
carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo o retorno do horário de
verão. Segundo a entidade, o horário de verão gera impacto direto no
faturamento dos bares e restaurantes, com alta estimada de 10% a
15%.
Altas temperaturas
Neste domingo (24), doze capitais devem ter temperaturas acima de 35ºC,
segundo dia da primavera no Brasil, segundo o Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet). Em Cuiabá, a temperatura pode bater 42ºC. Já
em Campo Grande e em Palmas, os termômetros podem marcar
39ºC.
A onda de calor atípico começou na segunda-feira (17), últimos dias
de inverno. O aumento da intensidade da onda de calor que tem
resultado em temperaturas acima da média para 11 estados e o
Distrito Federal fez o Inmet ampliar o alerta de "grande perigo".
De modo geral, um alerta vermelho, segundo o instituto, é emitido
quando é esperado um fenômeno meteorológico de "intensidade
excepcional, com grande probabilidade de ocorrência de grandes
danos e acidentes, com riscos para a integridade física ou mesmo à
vida humana". O alerta é válido até as 18h de terça (26).

Alerta vermelho calor extremo — Foto: Reprodução


Bloqueio atmosférico
Tecnicamente, os meteorologistas dizem que há um "bloqueio atmosférico"
em atuação: uma área de alta pressão no centro do país que está
ganhando força e que impede a entrada das massas de ar frio.
Mas bloqueios atmosféricos são comuns. O que faz o atual virar
motivo de preocupação são os fatores listados abaixo:
 El Niño atípico: o fenômeno que está mais intenso neste ano: ele
aquece as águas do Oceano Pacífico e freia a atuação de
frentes frias no Brasil; ele dá força para o bloqueio atmosférico;
 Aquecimento global: especialistas afirmam que a queima de
combustíveis fósseis torna eventos extremos (ciclones,
enchentes e etc.) mais prováveis, e que ondas de calor recentes
na Europa teriam sido praticamente impossíveis sem as
mudanças climáticas;
 Setembro: é naturalmente um mês de altas temperaturas no
centro do Brasil devido à combinação do final do período seco e
ao aumento da radiação solar.
Economia aquecida
Na semana passada, os economistas do mercado financeiro elevaram a
previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desse ano de 2,64%
para 2,89%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O
indicador serve para medir a evolução da economia.
A previsão de um crescimento maior da economia acontece após o
anúncio de que o PIB do segundo trimestre deste ano teve alta de
0,9%, resultado que foi três vezes maior do que o esperado.
"As considerações do cenário econômico recente, associadas às
informações meteorológicas do período são fatores que explicam o
comportamento da carga durante o mês de setembro de 2023",
informou o ONS, em relatório.

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