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1. INTRODUÇÃO
A utilização de derivadas parciais na topografia é uma abordagem matemática fundamental que permite
analisar e compreender as características do terreno, bem como realizar cálculos precisos relacionados à
superfície da Terra.
A topografia é uma ciência que se dedica ao estudo das formas da superfície terrestre, representando-as em
mapas e cartas topográficas. Ao lidar com a complexidade das paisagens naturais e a necessidade de realizar
análises detalhadas para diversos fins, como engenharia civil, planejamento urbano, estudos ambientais e
geologia, a aplicação das derivadas parciais tornou-se essencial.
As derivadas parciais são uma extensão do conceito de derivada da matemática tradicional, mas aplicadas a
funções de várias variáveis. Na topografia, essas funções geralmente descrevem a variação da elevação do
terreno em relação a duas coordenadas, normalmente as coordenadas horizontais x e y.
Em resumo, a utilização de derivadas parciais na topografia oferece ferramentas matemáticas poderosas para
analisar e interpretar a morfologia do terreno, possibilitando uma abordagem mais precisa e detalhada em
uma variedade de aplicações práticas. A matemática, aliada à tecnologia, desempenha um papel crucial no
desenvolvimento de soluções eficazes para o planejamento e gestão do ambiente físico.
2. DESENVOLVIMENTO
Antes de apresentar a relação e aplicabilidade entre as derivadas parciais e a topografia, de modo mais
específico, é necessário expor alguns conceitos básicos envolvendo o cálculo diferencial em várias variáveis.
As derivadas parciais são um conceito fundamental da matemática aplicado a funções de várias variáveis.
Quando temos uma função com mais de uma variável, as derivadas parciais nos permitem calcular a taxa de
variação dessa função em relação a cada uma das variáveis independentes, mantendo as demais constantes.
Suponha que temos uma função f(x,y), onde x e y são variáveis independentes. A derivada parcial de f em
𝜕𝑓
relação a x, denotada por 𝜕𝑥 , representa a taxa de variação da função f em relação a x, considerando que y é
mantido constante.
𝜕𝑓
Da mesma forma, a derivada parcial de f em relação a y, denotada por 𝜕𝑦 , representa a taxa de variação da
função f em relação a y, enquanto x é mantido constante.
𝜕𝑓 𝜕𝑓
A razão entre altura e distância pode ser expressa como 𝜕𝑥 ou 𝜕𝑦 , dependendo do eixo que estamos
analisando. Se estamos interessados na inclinação da superfície em relação a uma direção específica no
𝜕𝑓
plano horizontal, podemos calcular 𝜕𝑥 . Se quisermos saber a inclinação em relação a uma direção específica
𝜕𝑓
no plano vertical, calculamos 𝜕𝑦 .
Os pontos críticos de uma função de várias variáveis são pontos onde as derivadas parciais se anulam. Em
outras palavras, são pontos onde a taxa de variação da função em relação a cada uma das variáveis
independentes é zero.
Para encontrar os pontos críticos de uma função f(x,y), por exemplo, devemos igualar as derivadas parciais
em relação a x e y a zero e resolver o sistema de equações resultante. Os pontos que satisfazem esse sistema
de equações são os pontos críticos.
Matematicamente, suponha que temos uma função f(x,y). Os pontos críticos são encontrados ao resolver o
seguinte sistema de equações:
𝜕𝑓
𝜕𝑥
=0
𝜕𝑓
𝜕𝑦
=0
Ou seja, os pontos (x,y) que tornam ambas as derivadas parciais iguais a zero são os pontos críticos da
função.
Uma vez que os pontos críticos são encontrados, é importante analisar o comportamento da função nesses
pontos para determinar se são mínimos locais, máximos locais ou pontos de sela. Para isso, pode-se usar a
matriz Hessiana, que é uma matriz que contém as derivadas segundas mistas da função em relação a x e y.
Se a matriz Hessiana for definida positiva no ponto crítico, então o ponto é um mínimo local. Se a matriz
Hessiana for definida negativa, o ponto é um máximo local. Se a matriz Hessiana tiver autovalores positivos
e negativos, o ponto é um ponto de sela.
É importante lembrar que nem todo ponto crítico é um extremo local, pois também podem ocorrer pontos de
sela, onde a função não tem mínimo nem máximo local, mas sim um ponto de inflexão.
Em resumo, para encontrar os pontos críticos de uma função de várias variáveis, calcule suas derivadas
parciais em relação a cada variável, iguale-as a zero e resolva o sistema de equações para encontrar os
pontos (x,y). Em seguida, use a matriz Hessiana para determinar a natureza desses pontos (mínimo, máximo
ou ponto de sela).
Para determinar a equação de Cc , precisamos encontrar os valores de x e y que satisfazem f(x,y)=c. Isso
significa que a função f(x,y) é constante ao longo dessas curvas.
𝜕𝑓 𝜕𝑓
Agora, para encontrar os pontos em Cc , podemos usar as derivadas parciais da função f. Seja 𝜕𝑥 e 𝜕𝑦 as
derivadas parciais de f(x,y) em relação a x e y, respectivamente.
Em outras palavras, precisamos encontrar os pontos onde a função f(x,y) tem um valor constante c e onde as
derivadas parciais em relação a x e y são iguais a zero.
Esses pontos, que satisfazem simultaneamente as três condições acima, são os pontos em que as curvas de
nível Cc cruzam. Portanto, ao encontrar as derivadas parciais da função f(x,y) e igualá-las a zero, podemos
determinar a localização desses pontos críticos e traçar as curvas de nível em torno deles.
Vale ressaltar que a existência e natureza das curvas de nível podem variar dependendo das características
da função f(x,y). Em algumas situações, pode haver várias curvas de nível para um mesmo valor c, enquanto
em outras, pode não haver curvas de nível para determinados valores. A análise das derivadas parciais e das
características da função é essencial para interpretar corretamente as curvas de nível.
A partir de agora, visto que já se foi passado uma breve fundamentação teórica, será apresentado o contexto
em que esses conhecimentos são apresentados e utilizados na topografia.
A declividade, também conhecida como inclinação ou gradiente, é uma medida da taxa de variação vertical
de uma superfície em relação a uma distância horizontal percorrida. É um conceito importante na topografia,
pois permite entender o relevo de um terreno e é frequentemente utilizado em projetos de engenharia,
arquitetura, cartografia, entre outros.
Existem várias maneiras de calcular a declividade em topografia, mas a mais comum é expressá-la como
uma porcentagem, graus ou ângulo. Vou explicar os métodos para calcular a declividade em porcentagem e
em graus.
Por exemplo, se você tiver dois pontos A e B em um terreno e a diferença de altura entre eles for de 5
metros, e a distância horizontal for de 50 metros, a declividade seria:
Declividade (%) = (5 / 50) * 100 = 10%
Para calcular a declividade em graus, você precisará usar trigonometria. A declividade é o ângulo formado
entre a superfície do terreno e a horizontal.
É importante lembrar que a declividade pode ser positiva ou negativa, dependendo da direção da inclinação.
Se a inclinação for ascendente na direção do movimento, a declividade será positiva. Caso contrário, será
negativa.
Em alguns casos, é comum usar uma escala para representar a declividade em graus, como por exemplo:
"declividade de 10 graus" ou "declividade de 5%".
Além desses métodos, existem também equipamentos topográficos, como o nível e o teodolito, que podem
auxiliar no cálculo preciso da declividade em trabalhos de campo.
Pontos de Máximos: Os pontos de máximos são os locais de maior elevação em uma determinada área ou
região. Eles correspondem aos picos, cumes ou qualquer outro ponto em que a altitude é maior em relação
aos arredores. Esses pontos podem ser relevantes para diversas finalidades:
• Comunicações: Pontos altos podem ser escolhidos como locais para torres de comunicação, antenas
de rádio ou telefonia, permitindo melhor alcance e cobertura de sinal.
• Observação e turismo: Áreas de grande elevação muitas vezes proporcionam vistas panorâmicas
impressionantes, tornando-se atrativos turísticos e mirantes.
• Geodésia e cartografia: Os pontos de máximos são frequentemente utilizados como referências em
levantamentos topográficos e geodésicos para estabelecer coordenadas e marcos geodésicos.
Pontos de Mínimos: Os pontos de mínimos são os locais de menor elevação em uma área ou região. Esses
pontos podem corresponder a vales, depressões ou áreas de acumulação de água. Eles também são
relevantes em várias aplicações:
• Drenagem: As áreas de menor elevação são naturalmente propensas a acumular água e, portanto, são
fundamentais para a análise de drenagem e o desenho de redes de escoamento.
• Planejamento urbano: Identificar os pontos de mínimos é importante para evitar o desenvolvimento
de áreas de risco de inundação e garantir uma adequada infraestrutura de drenagem nas zonas
urbanas.
• Hidrologia: As depressões e vales podem ser áreas de infiltração e recarga de aquíferos, sendo
cruciais em estudos hidrológicos e na gestão dos recursos hídricos.
A identificação dos pontos de máximos e mínimos é realizada por meio de levantamentos topográficos
detalhados, utilizando técnicas como levantamento com estação total, GPS, aerofotogrametria ou
escaneamento a laser (LiDAR). Essas informações são fundamentais para a realização de análises
geoespaciais e para o planejamento seguro e eficiente de projetos em terrenos com relevo variado.
Ao traçar as curvas de nível, é possível visualizar de forma clara e precisa a distribuição das elevações do
terreno, identificar áreas de maior ou menor inclinação e obter informações valiosas para diversos fins,
como planejamento urbano, projetos de engenharia, estudos ambientais, agrícolas, geológicos e muito mais.
Alguns pontos importantes sobre as curvas de nível são:
• Intervalo vertical: As curvas de nível são desenhadas com base em um intervalo vertical
predeterminado, que representa a diferença de altitude entre duas curvas consecutivas. Esse intervalo
é chamado de "equidistância" e é definido de acordo com a escala e a precisão do mapa. Por
exemplo, em um mapa com intervalo vertical de 5 metros, cada curva de nível representa uma
variação de 5 metros de altitude.
• Características das curvas de nível: As curvas de nível podem ser identificadas visualmente pelas
suas características. Curvas mais espaçadas indicam áreas planas ou suaves, enquanto curvas
próximas e concêntricas representam áreas íngremes ou montanhosas.
• Ponto mais alto e mais baixo: O ponto mais alto do terreno é representado pela curva de nível mais
alta, enquanto o ponto mais baixo é representado pela curva de nível mais baixa.
• Declividade: A distância entre as curvas de nível também pode fornecer informações sobre a
inclinação do terreno. Quanto mais próximas as curvas, mais acentuada é a inclinação.
• Curvas de nível fechadas: Em terrenos com depressões ou bacias, as curvas de nível podem formar
linhas fechadas, indicando que há uma área mais baixa cercada por elevações.
• Inclinação dos taludes: A orientação das curvas de nível pode indicar a direção dos taludes
(encostas) do terreno.
As curvas de nível são fundamentais para a criação de modelos digitais de elevação (MDE) e para a geração
de perfis topográficos. Para criá-las, são utilizados levantamentos topográficos em campo, com auxílio de
equipamentos como estação total, GPS e tecnologias de escaneamento a laser (LiDAR). Posteriormente,
esses dados são processados e representados em mapas topográficos que mostram a configuração detalhada
do relevo.
3. CONCLUSÃO
Dadas as utilidades das derivadas parciais na topografia que foram apresentadas, uma conclusão importante
é que o uso das derivadas parciais é fundamental para uma análise detalhada e precisa do relevo do terreno.
Essas ferramentas matemáticas permitem calcular inclinações, declividades, pontos críticos e outras
informações essenciais para o planejamento e execução de projetos de engenharia civil relacionados a
terrenos e superfícies irregulares.
Em resumo, o uso das derivadas parciais é uma abordagem poderosa e indispensável na topografia,
fornecendo informações essenciais que auxiliam engenheiros e profissionais a compreenderem a forma do
terreno, identificar possíveis problemas e tomar decisões informadas para projetos de construção,
terraplanagem, drenagem, entre outros.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS