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Os olhos estavam fixados na forma flutuante que emergia da varinha do Ministro da

Magia, Rudolph Mortimer. A luz arroxeada revelava uma imagem muito vívida de um
homem de cabelos loiros, vestido impecavelmente com um terno risca de giz e um chapéu
coco, muito utilizado entre os trouxas nos últimos tempos. Seus olhos semicerrados,
alinhados com o chão, fitavam o vazio. Sua boca, igualmente semiaberta, provavelmente não
conseguira emitir a palavra que o salvaria daquela situação. A varinha lhe escapava entre
os dedos longilíneos da mão esquerda.

__ Chega! __ Soou a voz grave de Tristan, o maior caçador de bruxo das trevas de
sua época. Seu nome, causava arrepios em seus amigos e pânico nos seus rivais. O ministro
desfez o feitiço e o olhou por sobre o ombro.

__ É uma calamidade meu amigo. __ Seus olhos esbugalhados fitavam o visitante, à


procura de uma solução imediata para seus problemas. __ Este é o quinto sangue puro que é
encontrado morto em tão pouco tempo. O parlamento já começou a duvidar de minha
capacidade de governar nosso país. Isso é algo inédito Tristan. Precisamos resolver isso.
Você precisa me ajudar. __ Sua voz trêmula não escondia o temor que sentia.

__ Meu caro Ministro __ Cada palavra proferida pelo Auror parecia uma ameaça.
Sua sonoridade era baixa e sutil, isenta de emoção. __ Seu temor é perder o governo ou ser o
próximo alvo? __ Tristan exibiu seu sorriso perfeito e manteve o silêncio, aumentando ainda
mais a agonia do homem a sua frente que, geralmente imponente, demonstrava-se tão
assustadiço quanto uma criança solitária num quarto escuro.

__ Obviamente tenho pensado em nosso governo e nossos bruxos, que não tem mais
tranquilidade em caminhar nas ruas. Ninguém seria tolo o suficiente de atacar o ministro e,
ainda que fossem, sou bem protegido. Seria uma loucura sem tam...

Tristan, ainda sorrindo, interrompeu o ministro com uma gargalhada alta e histérica.
O ar chega lhe faltou por uns instantes. Sem entender, Rudolph ficou em silêncio até que o
pânico cresceu em seu interior, como se algo terrível fosse lhe acontecer. Instintivamente,
sua mão ágil chegou até a varinha que estava sobre a mesa do escritório e a apontou para
Tristan, só para ver sua varinha ser arremessada pela janela, atrás de si.
__ Expelliarmus, soou a voz baixa de Tristan. __ os olhos se encontraram. A boca do
ministro estava seca e entreaberta. A gravata parecia querer sufocá-lo. __ Veja ministro, não
foi difícil, foi? Se fosse um feitiço de morte, estaria agora jazendo no chão, como aconteceu a
pouco com Leonard Malfoy. Mas, fique tranquilo, não sou o assassino. Quis apenas te
mostrar o quão vacilante é a sua segurança. Cheguei até a sua sala sem qualquer tipo de
verificação por parte dos subalternos. Não há magias de proteção e nem rituais. É fácil
chegar aqui. Refaça sua segurança Milorde. E perdoe-me pelos modos, se não sentisse um
medo real, não tomaria as medidas necessárias. Agora, devo partir, enquanto as pistas ainda
estão frescas.
Sem olhar para trás e sem se despedir, o Auror abriu a ruidosa porta da sala do
ministro e saiu. Seus passos ecoavam até ser interrompido por um estampido de
desaparatação. Finalmente o ministro voltou a respirar e de olhos ainda esbugalhados fitava
o quadro do ministro anterior.

__ Tem razão antigo ministro. Ele é assustador.

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