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A CHAVE

DO
APOCALIPSE

Um estudo moderno, amplo e


científico sobre o Apocalipse

CAIRO CÉSAR
Obras do autor:

ESTIGMA – Romance – 1977


SUBLIMAÇÃO – Poesia – 1982
A CHAVE DO APOCALIPSE – 1986 – 1ª Edição
A CHAVE DO APOCALIPSE – 2010 – 2ª Edição

E-mail: cairocesarb@hotmail.com

Capa:
Criação: Cairo César
Designers: Wellington Cley e Vivaldo Silva Souza

Revisão Gramatical
Raquel Mecenas Libonati
Shirlene Costa Mendes

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998, artigo


29 e seus incisos. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito
do autor poderá ser produzida ou transmitida sejam quais forem os meios
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfico, gravação ou quaisquer outros.

Reservados os direitos de reprodução e tradução para todos os países


NOTA DA 3ª EDIÇÃO

A primeira edição deste livro, em 1986, veio a lume


com o título O MUNDO ACABOU, conforme as
Escrituras...
Para a segunda edição, em 2010, após ouvir vários
leitores, acolhi a sugestão de alterar o nome para A Chave
do Apocalipse, por melhor representar o objetivo da obra.
Além do que, houve um considerável acréscimo de
conteúdo devido a ter se passado vinte e seis anos, e nesse
tempo ocorreram praticamente os fatos restantes do
Apocalipse antes da volta de Jesus, exceto a terceira guerra
mundial.
Agora, nesta terceira edição, os acréscimos são
mínimos, o que significa dizer que praticamente não falta
ocorrer mais nada antes da manifestação pessoal de Jesus,
a não ser, como já disse, a terceira guerra.
De tudo o que pude verificar no Livro do Apocalipse
posso afirmar que, sem sombras de dúvidas, o tempo
chegou!

O autor
“Ao ler o Apocalipse, precisamos sempre resistir à tentação
de forçar o extravagante e, ao mesmo tempo, negar o
óbvio”

(Scott Hahn)

“As profecias são a história prevista no espaço e a história


são as profecias realizadas no tempo”
(Hass Gonçalves)

“Se num dos pratos da balança se pusesse toda a angústia


do mundo e, no outro, toda a sua culpabilidade, por certo a
agulha permaneceria em repouso”

(Schopenhauer)
ÍNDICE
01 - Introdução
02 - Apocalipse: pessimismo ou realismo?
03 - Apocalipse: o mapa da esperança
04 - Planeta terra com lotação esgotada: uma necessidade do fim
05 - Como nos dias de Noé
06 - Apocalipse, o livro aberto no céu
07 - Apocalipse, o livro fechado na terra
08 - O Apocalipse para a Igreja primitiva
09 - A busca da interpretação das figuras
10 - O Apocalipse ensina a ler o Apocalipse
11 - O porquê da linguagem enigmática (figuras) do Apocalipse
12 - Prova de que o Apocalipse é um relato de acontecimentos e coisas na
história
13 - Prova de que a profecia do Apocalipse se refere ao futuro
14 - Apocalipse e profecias do Antigo Testamento: concordância, e não
repetições
15 - As figuras no Apocalipse não são propositais
16 - A temporalidade das figuras
17 - Sinais, e não símbolos
18 - É o Apocalipse um castigo de Deus?
19 - Apocalipse: o livro doce e amargo
20 - Apocalipse: apoteose das Sagradas Escrituras
21 - Sequência das revelações
22 - Recordando os aspectos das figuras
23 - A chave do Apocalipse
24 - O porquê do símbolo do selo
25 - O primeiro selo
26 - O segundo selo
27 - O terceiro selo
28 - O quarto selo
29 - O quinto selo
30 - O sexto selo
31 - O sétimo selo
32 - O porquê do símbolo da trombeta
33 - A primeira trombeta
34 - Segunda trombeta
35 - A terceira trombeta
36 - A quarta trombeta
37 - A quinta trombeta
38 - A sexta trombeta
39 - A sétima trombeta
O Dragão
A Besta
O Profeta da Besta
O Número 666
O Chip
40 - O porquê do símbolo da taça
41 - A primeira taça
42 - A Segunda taça
43 - A terceira taça
44 - A quarta taça
45 - A quinta taça
46 - A sexta taça
47 - A sétima taça
48 - Os eventos de número 6
6ª Taça
6ª Trombeta
6° Selo
49 - A volta de Jesus
50 - O Juízo Final
51 - O inferno eterno
52 - O paraíso eterno
53 - A ciência coloca datas nos eventos do Apocalipse
54 - Bibliografia
PRIMEIRA PARTE

CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES
01
INTRODUÇÃO

Muito se tem tentado entender o Apocalipse. No


entanto as diversas interpretações se contradizem desde
que foi escrito. Este universo de ideias apontando em todas
as direções, não leva a lugar algum. Existem tantas
interpretações quantos são os autores.
A opinião mais oficial que se tem é a que defende ser
o Apocalipse um relato de acontecimentos ocorridos nos
primórdios da Igreja, ainda no tempo dos apóstolos, sob a
forma de “carta enigmática” para tapear o governo daquele
tempo.
Como não há quem tenha a verdade em suas
interpretações e ainda, como cada intérprete se julga dela
apossado, não existem meios de comprovação. Assim, fica-
se impossibilitado a alguém emitir um veredicto final.
Devido a essa babel de ideias, quem quer que se
aventure a analisá-lo, corre o risco de cair na
incredibilidade. Isto leva à indiferença das pessoas sobre o
assunto e é motivo mais que suficiente para se desejar
abandonar a intenção de tratar do tema.
Mas, mesmo assim, diversas pessoas se interessam e
se esforçam por entendê-lo.
No meu ponto de vista, de conformidade com a
vontade Divina, a partir de meados do século XIX,
começaram a existir as condições para se ir clareando as
mensagens do Apocalipse.
Ainda que ninguém pudesse compreendê-lo
conscientemente, inconscientemente todos dele tomariam
conhecimento, como apenas a causas naturais da história e
da natureza.
Após anos de estudos, de pesquisa das diferentes
religiões e filosofias, acho-me no dever e no direito de vir
publicar o resultado do meu trabalho, numa humilde
contribuição à monumental tarefa da interpretação correta
do Apocalipse. E, para tanto, alicerço-me nos Artigos 906 e
907 do Catecismo da Igreja Católica (1997), que diz, falando
a respeito dos fiéis leigos:

906 – Os leigos que forem capazes e que se formarem para isto


podem dar sua colaboração na formação catequética, no ensino das
ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social.

907 - De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que


gozem, têm o direito e, ás vezes, até o dever de manifestar aos
pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da
Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a
reverência para com os pastores, e levando em conta a utilidade
comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa opinião
também aos outros fiéis.

Sei que a interpretação correta se processa com a


comparação com outras interpretações particulares ao redor
do Globo e ao longo das etapas na moderna história da
humanidade. Estou ciente que posso estar equivocado em
alguns pontos, como acredito que posso estar certo na
maioria deles. Declaro, textualmente, não me julgar com
toda a verdade, mas penso estar com parte dela. Declaro,
também, que inúmeras vezes abandonei o projeto de
escrever este livro, contudo, não pude conter o ímpeto; para
ver-me livre do dilema e para descansar de vez, tive de
fazê-lo.
Muitos anos de estudos e pesquisas foram-me
necessários para chegar a uma conclusão, e talvez à
certeza. Chegar a uma conclusão é muito mais cômodo do
que chegar a uma certeza. Contudo, se uma conclusão for
verdadeira, qual a diferença de uma certeza? Prefiro chegar
a uma conclusão porque nunca tive qualquer revelação
sobrenatural; nunca recebi a anjos, nunca tive “visões da
noite” nem nunca fui “arrebatado em espírito”. Considero-
me extremamente humilde em estudos teológicos e
filosóficos. Devido a esta minha extremada pequenez é que
não me atrevo a considerar certeza qualquer uma de
minhas conclusões. Um homem tem que acreditar em
alguma coisa; tem que ter definições; tem que formular sua
própria opinião. O que não significa, necessariamente, que
aquilo que ele conclui e crê seja a Verdade. Mas que,
também, pode ser. Não deve e não pode crer naquilo que
outro crê por considerá-lo mais culto e inteligente; este
homem deve crer naquilo que ele mesmo conclua que deva
crer, mesmo que sua conclusão coincida com a daquele que
lhe possibilitou a chegar à sua própria. Do contrário, as
pessoas, na sua maioria, seriam apenas simples
marionetes.
Há conclusões que são privilégio de um número
reduzido de pessoas; outras, passam a ser do conhecimento
de todos. Outras, são estritamente de condição pessoal. Há
conclusões que, embora escapem à capacidade de
compreensão e aceitação do Homem é comum a todos por
determinação extra homem; a isto chamamos de revelação
Divina (embora que a própria conclusão de aceitação de um
Ser Divino seja relativa).
Alguém pode chegar a uma conclusão através de
experiências próprias e/ou de terceiros. Nestes dois casos,
elas podem ser falíveis, ou não. Quando não vêm de
experiência própria, mas, sim, de terceiros, e se este
terceiro for alguém infinitamente perfeito, infinitamente
sábio, suas conclusões já não são conclusões, mas, sim,
verdades claras e imutáveis, as quais não carecem mais de
ser postas em discussão e julgamento. E este “terceiro”, no
meu caso, é Deus, e me apoio exclusivamente em Suas
revelações através de Seus servos, os profetas, conforme as
Escrituras.
Acredito no Apocalipse porque creio em Jesus Cristo
como Deus. Tenho o Apocalipse como um livro editado no
ano 96 descrevendo acontecimentos dos séculos XIX, XX e
XXI. Isto porque, uma vez procurando os fatos ali relatados,
só fui encontrá-los neste período a que me refiro, com
exceção das sete cartas que são relatos da própria época
em que foi escrito. Chequei todas as possibilidades que me
pareceram necessárias em todas as épocas, a partir
daquele ano até os dias atuais, e somente aqui é que fui
encontrá-los, integralmente, o que equivaleria a se ter uma
chave e mil fechaduras para se abrir e não houvesse outro
meio de encontrar a única certa, a não ser testando uma a
uma.
Creio no Apocalipse porque na época atual (fins do
século XIX, século XX e XXI) todos os acontecimentos
batem cem por cento com o Livro. E não são apenas uns e
outros, porém todos.
Alguns teólogos classificam minhas conclusões como
“concordismo”. Contudo, se os fatos, na história atual, não
concordassem com o Livro, é evidente que eu não
acreditaria nele. Mesmo que concordasse com sua quase
totalidade, eu não acreditaria porque aí suspeitaria que as
partes concordantes fossem apenas coincidências. Mas
agora, que a coincidência chega a cem por cento, até mais
que isso, tenho que crer nas minhas conclusões (que
obtiveram a ajuda das conclusões de algumas outras
pessoas), até prova em contrário. E se alguém me
mostrasse, com fatos concretos, indiscutíveis, que alguma
outra interpretação diferente da minha é que fosse a
verdadeira, eu não teria nenhum problema em mudar de
opinião. No entanto, já em 2016, ocasião desta terceira
edição, encontro-me mais convicto do que nunca.
02
APOCALIPSE:
PESSIMISMO OU REALISMO?

Não são poucos aqueles que taxam o meu ponto de


vista de pessimista e derrotista. E fico deveras
preocupado: – será que não estou enxergando o lado
positivo da esperança? Será que sou um fanático em
destruição e não consigo ver esperança em parte alguma?
Remoendo estas dúvidas atrozes é que passo a analisar o
todo, parte a parte e a considerar as situações. No entanto,
ao fim de cada reflexão, vejo-me no ponto de partida, mais
seguro, ainda, do que antes. Senão, vejamos alguns
exemplos:

a – QUANTO À ALIMENTAÇÃO NO MUNDO: A cada dia


vejo máquinas e mais máquinas sendo inventadas e sempre
mais aperfeiçoadas para a preparação do terreno, para
adubar, semear, cultivar, colher, transportar, armazenar e
preparar a refeição do Homem. Noto a aplicação de
produtos químicos que eliminam os insetos e as ervas
daninhas. Tudo dentro dos mais rápidos, eficientes e
seguros meios de produção. Isto é altamente positivo (não
considerando, aqui, o desastre ecológico causado pelos
defensivos químicos), é uma beleza! Contudo, este
progresso técnico-científico não me tira o desapontamento
diante de mais de 2/3 da humanidade passando fome,
morrendo de fome.
Enquanto o progresso for das/nas máquinas, mas o
homem estiver sofrendo retrocessos em sua alimentação;
enquanto a maioria das pessoas estiver morrendo por falta
de comida, a análise realista deste quadro é pessimismo? A
análise nua e crua é pessimismo só porque é cruel demais?
Pouco me importa o otimismo técnico-científico se as
pessoas estão morrendo de fome. Para mim, otimismo não é
construir máquinas modernas e eficientes, mas ver todos os
homens de todo o Globo, bem alimentados, sadios, robustos
e felizes.
Quando publiquei este livro em agosto de 1.986,
várias pessoas importantes no cristianismo disseram que eu
sofria de grande pessimismo. Estou curioso para saber o
que elas estão a dizer, agora, da “Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil – CNBB” sobre o tema da Campanha da
Fraternidade de 2.008 que é: “Fraternidade e defesa da
vida” com o lema: “Escolhe, pois, a vida”. Na oração desta
Campanha, um dos versos diz o seguinte: “Nosso egoísmo
muitas vezes desfigura a obra de vossas mãos, causando
morte e destruição. Junto aos avanços, presenciamos
tantas ameaças à vida”. [Grifos meus].

b – NO MEIO AMBIENTE: Como não ficaria preocupado


com a sujeira dos rios, lagos, fontes e mares? Com a sujeira
do ar, com a extinção das florestas? Só um mentecapto não
percebe que o ecossistema está em agonia mortal! E o pior
é que, praticamente, todos os programas de restauração
de regiões destruídas fracassaram, porque a natureza
possui um relógio biológico a que não se pode adiantar nem
atrasar os ponteiros. Não se consegue, por exemplo, que
uma criança se torne adulta em duas semanas ou em um
ano. É muita pretensão querer recuperar uma floresta que
gasta centenas, milhares de anos para se formar, em
questão de décadas. E dizem que sou pessimista quando
afirmo que um reflorestamento não dá certo via homem.
Além do que, estes reflorestamentos são sempre
patrocinados por interesses que desejam reaproveitar o
mais breve possível a nova floresta, tão logo esta se torne
industrializável e lucrativa.
No jornal Diário da Manhã (Goiânia, fevereiro de
2008), numa referência elogiosa da ONU ao programa de
biocombustíveis do Brasil, temos a seguinte colocação:

A segunda menção de Steiner ao Brasil, veio no início da tarde, em


entrevista coletiva. Para ele, o enfrentamento das mudanças
climáticas não deve ser visto como um inconveniente para os
governos e empresários, mas uma oportunidade de negócios.
Nesse sentido, Steiner disse ver o modelo de exploração
econômica do biodiesel como um exemplo de inclusão social.
[Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 21 de fevereiro de 2008,
seção Brasil/mundo, página 7).

A grande maioria dos resíduos industriais (físicos e


químicos) leva centenas e até milhares de anos para se
decompor naturalmente, e, aí, quando isso ocorre, quanto
tempo mais seria suficiente para que a Natureza os reunisse
e os trabalhasse novamente? Primeiro, gasta-se o tempo da
decomposição e depois, só depois, é que ficam disponíveis
naturalmente.
Não podemos esquecer que a Terra é um organismo
vivo, um corpo vivo, onde um determinado foco de
destruição põe em risco o todo, através de um processo de
reação em cadeia.

c – NA SAÚDE: A medicina moderna notícia que,


praticamente, só não tem cura para o câncer. Afirma que
todas as doenças, inclusive o câncer em sua fase primária,
tem cura. Belíssima notícia. No entanto, regiões inteiras,
continentes inteiros, são atacados por epidemias que um
simples vermífugo resolveria. O aumento de pessoas que
contraem câncer é algo fantástico, sem falar no stress, nas
doenças cardíacas e no diabetes. Cresce no mundo inteiro
os índices das doenças sexualmente transmissíveis e a
doença novíssima, a Aids, dezenas de vezes mais mortal
que o câncer, aliás, até agora, cem por cento mortal, com
um agravante a mais sobre este, o de ser altamente
contagiosa.
Com o avanço da medicina, as doenças antigas já
deveriam ter desaparecido e não haveria de surgirem
novas, e piores. O progresso da medicina foi para melhor, é
verdade, mas nem por isso a doença deixou de piorar.
Quando afirmo que o mundo está cada vez mais podre
e doente, chamam-me de pessimista e derrotista. Estes
falsos otimistas adoram o progresso da medicina como a um
bezerro de ouro, e ignoram o progresso da doença. Afirmam
que sou pessimista e derrotista porque têm a ciência e a
medicina evoluídas, capazes de proezas como os bebês-de-
proveta e os corações de plástico.
Se digo que a doença progrediu para pior, com os
vírus se modificando rapidamente e as bactérias se tornado
resistentes aos antibióticos, fazendo surgir as temíveis
infecções hospitalares, querem que eu me sinta otimista
com o programa de controle da família que distribui
anticoncepcionais de efeitos colaterais surpreendentes.
Otimismo, para mim, não é substituir um ou outro
coração natural por um de plástico, nem poder gerar bebês
em proveta. Otimismo é ver todas as crianças nascidas,
sadias, robustas e felizes; é ver todos os adultos, sem
anemia, sem vermes, sem stress, sem alto nível de
colesterol. Otimismo, pelo entendo, é ver as fábricas e os
campos cheios de homens e mulheres, sadios e contentes.
O que temos é um quadro mórbido, doente e
moribundo, e não é pessimismo, nem derrotismo, é a
realidade nua e crua para qualquer um conferir.
E, assim, poderia ir analisando, um a um, todos os
segmentos da vida humana para constatar que o progresso
é para pior. Gostaria que alguém pudesse me contradizer
com provas, com fatos concretos e não com hipóteses, nem
com programas possíveis de serem implantados.
A realidade é a realidade; boa ou ruim, a realidade é a
realidade.
03
APOCALIPSE:
O MAPA DA ESPERANÇA

Posso comparar o Apocalipse a um mapa perfeito; não


um mapa comum que se ocupa apenas de regiões físicas,
mas um que determina fatos-acontecimentos através do
tempo. Então, não é espacial, mas, sim, temporal.
Quando se fala em tempo, a primeira ideia que se nos
ocorre é a de datas. O Apocalipse não determina nenhuma
data, conforme podemos notar em Mt 24, 38-39:

“... até o dia em que Noé entrou na arca, e não perceberam nada
até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na
vinda do Filho do Homem”.

Nestes versículos de Mateus percebe-se que a


humanidade não tem informação oriunda das Escrituras, a
respeito de uma data precisa, pois os tempos se sucedem
sem que os homens percebam nada até o dia, ou seja, a
data exata do fim.
É uma incógnita o dia da volta de Jesus. Não se sabe o
motivo para a falta de revelação desta data. No entanto,
são inúmeras as informações de acontecimentos próximos e
posteriores a ela.
Então, é preciso prestar atenção nos acontecimentos
pois, senão não haveria razão para Jesus recomendar, no
mesmo capítulo de Mateus, que os observássemos: “Da
mesma forma também vós, quando virdes todas estas
coisas, sabei que ele está próximo, às portas”.
Para se orientar pelo mapa a que me refiro é preciso
sair pela história (tempo) buscando os acontecimentos
(sinais) ali descritos.
A grande dificuldade reside exatamente aí:
reconhecer na história o fato descrito no Livro através das
figuras. A dificuldade existe na medida em que as figuras
possam ter interpretações sinônimas. E um outro grande
obstáculo é a bipolarização de opiniões que quer situá-lo, de
um lado, à época da Igreja primitiva, e de outro, à época da
Igreja contemporânea – o que é o meu caso.
A respeito do tempo (dia e hora, mês, ano) final (a
volta de Cristo) não há razão nenhuma para qualquer tipo
de especulação, uma vez que a declaração de Jesus em
Mateus 24,36 é taxativa: “Daquele dia e da hora, ninguém
sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai”.
Portanto, no que se refere à data, estamos
descansados; não há necessidade de nenhum esforço
teológico para tentar determiná-la. Qualquer vaticínio que
aponte algum número é absolutamente falso.
Como estabeleço que as figuras determinam
acontecimentos no tempo e não datas, e levando-se
ainda, em conta que este tempo é o da Parusia, porque
acredito nela, ou seja, se o tempo que considero é o “tempo
do fim”, então preciso, primeiro, seccionar na história o
período, aproximado, que me interessa. E, então,
convencionado este período, resta-me penetrá-lo e ir
buscando nos acontecimentos, os descritos no Apocalipse.
Uma vez que o Apocalipse permite o estabelecimento
de um mapa de tempo, e como preciso identificar um
determinado período, posso fazer um gráfico, conforme
segue:
1 – Período da Criação, que começa na Eternidade e
termina em Adão, onde inicia-se a humanidade.
2 – Criação do Homem. O momento exato em que Adão é
criado.
3 – Nascimento de Jesus Cristo. Ano 4.000. De Adão a
Jesus, quatro mil anos. Ano “0” de nossa era. “A plenitude
dos tempos”.
4 – Ano 4.033 ou ano 33 de nossa era. Morte e
ressurreição de Jesus Cristo.
5 – Ano 4.096 ou ano 96 de nossa era. Nesta data o
Apocalipse foi revelado e publicado.
6 – Ano 5.500 ou ano 1.500 de nossa era. Descobrimento
do Brasil.
7 – Ano 5.986 ou ano 1.986 de nossa era. Ano da
publicação deste livro “A CHAVE DO APOCALIPSE”,
primeira edição.
8 – Parusia e Juízo Final.
9 – Período em que, provavelmente, o Apocalipse se
realiza: segunda metade do século XIX à primeira metade
do século XXI, ou um pouco mais. Daí em diante entra-se
na eternidade, não havendo mais informações.
04
PLANETA TERRA COM LOTAÇÃO
ESGOTADA: UMA NECESSIDADE
DO FIM

Uma questão que passa despercebida é a lotação


máxima da Terra. Quando do seu planejamento o Projetista
tem que ter estipulado o número fechado para cada
espécie, sob risco de ocasionar um desequilíbrio fatal para
todo o conjunto dos organismos vivos. E este número
fechado, também estipula quantos seres humanos podem
viver com plena qualidade de vida sobre o planeta.
Como se sabe, cerca de ¾ da superfície da Terra é
coberto por água, e ¼ é sólido. Isto, para a configuração
atual, tal como a conhecemos. Realmente há a inalienável
necessidade de se ter um número certo para a habitação
humana no planeta.
Tenho como referências seguras deste número
fechado, acabado, que não pode ser ultrapassado,
principalmente três passagens das Escrituras:

Se de um princípio único fez todo o gênero humano para habitar


sobre a superfície da terra, se fixou tempos determinados e os
limites do habitat dos homens...
( At 17, 26 )

A cada um deles foi dada, então, uma veste branca e foi-lhes dito,
também, que repousassem por mais um pouco de tempo, até que
se completasse o número dos seus companheiros e irmãos, que
iriam ser mortos como eles. ( Ap 6, 11 )
Com efeito, na ressurreição, nem eles se casam e nem elas se
dão em casamento, mas são todos como os anjos no céu. ( Mt 22,
30 )

Para que haja um perfeito equilíbrio ecológico, onde


todos os elementos (“poderes dos céus”) e as espécies de
vidas possam coexistir em harmonia, exige-se uma
distribuição geograficamente seletiva, quantitativa e
qualitativa. Todos os seres vivos coexistindo
harmoniosamente, sem invadirem um o espaço do outro.
Cada ser dentro do conjunto efetua troca com o todo de tal
forma a usufruir o máximo sem nada afetar negativamente,
mas nessa troca retribui também beneficamente no
máximo, de modo que se estabeleça um ciclo perfeito e
autossustentável, eternamente autossustentável, onde
retira-se da natureza o necessário a cada dia (“O pão nosso
de cada dia...”), sem precisar fazer imensos estoques, numa
atitude predatória. Por isso não pode nascer seres humanos
indefinidamente, sob risco de se invadir todos os demais
habitats destruindo-os e levando à extinção as outras
espécies, tal como ocorre presentemente.
Ao planejar o planeta Terra, o Criador levou em conta
o total de km2 da sua superfície e aí distribuiu a vida, cada
espécie em seu lugar determinado, considerando o espaço
confortável para cada uma delas; o seu território, o seu
habitat.
Como no Gênesis a ordem é “crescer, multiplicar e
povoar a terra”, e lá não determina um número final (“até
que se complete o número”) para que, quando atingido, se
cesse a reprodução, a humanidade ficou sem esta
informação, e até hoje nunca ouvi alguém a indagar por ela.
Atualmente vejo países como o Japão, a China e a Índia,
entre outros, preocupadíssimos com a superlotação de seus
territórios, inclusive com medidas políticas para conter o
aumento populacional.
Se Adão e Eva não tivessem pecado, a morte não teria
entrado no mundo. Consequentemente, a população no
planeta contaria, hoje, com todas as pessoas nascidas e,
qual seria o número? Considerando que atualmente somos
uns sete bilhões e que já não estamos mais cabendo no
planeta, se ninguém tivesse morrido a situação seria
apertadamente insuportável.
Os atuais desmatamentos e as buscas por produção
de alimentos, por energia e espaços para sustentar e
acomodar a todos, provocam o desequilíbrio que
presenciamos. E a população continua a aumentar. Das
duas uma: ou Deus cometeu um erro de cálculo
imperdoável (o que não ocorreu) que levará à derrocada
irreversível, ou o número estipulado de pessoas a habitarem
o planeta ainda não se completou. E por que ainda não se
completou? Porque nem todos habitarão a futura Terra,
conforme está escrito: “Nela jamais entrará algo de
imundo, e nem os que praticam abominação e mentira.
Entrarão somente os que estão inscritos no livro da vida
do Cordeiro”. (Ap 21,27).
Se as pessoas continuam a nascer e a morrer, e existe
um número para se atingir, e este número ainda não foi
completado, porque quando completar virá o fim, deduz-se
que estamos numa etapa de seleção.
Quando o número final for atingido, não nascerá mais
ninguém, pois “Nem eles se casam e nem elas se dão em
casamento”. E isto de fato tem sentido e prova que o
Criador não cometeu nenhum erro de cálculo, pois quando
se completar o número não há mais nascimento. E nem
poderia haver, pois do contrário a situação desembocaria
como na atual, com o desequilíbrio já avançado e
caminhando para a catástrofe completa.
Atualmente os espaços estão reduzidos para o ser
humano. A busca por habitação, por produção de alimentos
e acesso à água está se encaminhando para conflitos
desesperados. Uma prova disto é o MST, Movimento dos
Sem Terra. De um lado, os que se apoderam da terra com
unhas e dentes, e de outro, os que estão fora, mas dela
necessitam para sobreviver. Só que, a meu ver, ambos os
lados estão numa luta cega e sem conhecimento real e mais
amplo da situação. A luta, agora, já não deve ser apenas por
terra. A luta atual, não deve mais ser de uns contra os
outros, mas de todos juntos, pois a causa é muito maior do
que pensam. E a sigla de todos nessa nova luta conjunta,
doravante não será mais MST, mas MSP: Movimento dos
Sem Planeta. Pois de agora em diante o movimento é dos
sem-terra, sem água, sem geleiras, sem ar, sem estações,
sem florestas, sem animais, sem...
05
COMO NOS DIAS DE NOÉ

Algo que muito me intriga no que diz respeito à volta


de Jesus, é o fator surpresa. As Escrituras estão recheadas
de relatos sobre Sua volta. Ele mesmo confirma isto em
diversas passagens nos evangelhos. O Novo Testamento
inteiro está direcionado para este momento. E mesmo assim
há esta afirmação de Jesus:

Como nos dias de Noé, será a vinda do Filho do Homem. Com efeito,
como naqueles dias que precederam o dilúvio, estavam eles
comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o
dia em que Noé entrou na arca, e não perceberam nada até que
veio o dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do
Filho do Homem. ( Mt 24, 37-39 )

“Não perceberam nada” é realmente intrigante. Como


pode ser isto, quando milhões de pessoas possuem a Bíblia
e nela está escrito que Ele vai voltar e contém uma
infinidade de descrições de acontecimentos que ocorrerão
na iminência da volta?
Acho eu que, talvez os conhecedores das profecias
nas Escrituras estejam esperando acontecimentos
sobrenaturais, fora daquilo que consideram normal no dia a
dia para depois acreditarem. Talvez estejam esperando o
aparecimento de “gafanhotos com couraça de ferro e
caudas de escorpiões para ferir as pessoas”, e “fera com
sete cabeças e dez chifres, com corpo de pantera, pés de
urso e boca de leão, para devorar a humanidade”. Nada
disso, como imaginam, acontecerá, pois as figuras precisam
ser interpretadas corretamente. Se ocorrer qualquer fato
extraordinário, sobrenatural, isto anulará o fator surpresa.
Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando o seu ramo se torna
tenro e as suas folhas começam a brotar, sabeis que o verão está
próximo. Da mesma forma também vós, quando virdes todas
estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas. Em
verdade vos digo que esta geração não passará sem que tudo isso
aconteça. ( Mt 24, 32-34 )

E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como


testemunho para todas as nações. E então virá o fim. ( Mt 24, 14 )

Meditando nisto, na indiferença sobre as profecias a


respeito da volta de Jesus, procurando uma explicação,
notei que fato semelhante ocorreu quando de Sua vinda.
Cheguei à conclusão que, agora que os acontecimentos
descritos para Sua volta estão a ocorrer, também acontece
algo que chamo de “como nos dias dos Reis Magos”.
A narrativa dos Magos, toda a sua presença no bojo
dos fatos referentes ao nascimento do Messias, esclarecem-
me bastante sobre a similitude nos tempos atuais. Quem
eram os Magos? Não eram judeus, não habitavam a nação
dos judeus, não adoravam o Deus dos judeus. O que é um
mago, então? Bem, façamos uma consulta ao Dicionário
Aurélio (1988):

Mago. S. m. 1. Antigo sacerdote zoroástrico, entre os medos e


persas. 2. Ant. Astrólogo, adivinho. 3. Homem que pratica a magia
(1). [Sin... nesta acepç.: feiticeiro, bruxo, mágico. (impr.) necromante
e nigromante. 4. Cada um dos três reis que foram a Belém adorar o
Menino Jesus. Adj. 5.Fig. V. mágico (3).

Pois bem, o que ocorreu no palácio de Herodes e em


Jerusalém é exatamente o que está a ocorrer nos dias
atuais.
Quando os Magos, esperançosos, perguntaram: “Onde
está o rei dos judeus, recém-nascido? (Mt 2, 2)”, o rei
Herodes e toda Jerusalém ficaram alarmados (surpresos).
Como nos dias atuais todos eles tinham conhecimento
da Bíblia e que ela indicava a vinda do Messias, o Rei por
excelência de todos eles. Mas, não obstante, foram
surpreendidos.
O mais impressionante, a meu ver, não foi a surpresa,
mas a reação pós-surpresa.
Mandar Herodes convocar os chefes dos sacerdotes (o
clero) e os escribas do povo (teólogos), em Mt 2, 4, foi a
única ação lógica e sábia dos judeus nesta questão. O
restante é uma completa aula de falta de fé, desinteresse e
crueldade.
Imagino a conversa dos Magos a caminho de Belém:
“– Puxa vida, que povo mais desinteressado e sem fé! Nós
viemos de muito longe para recepcionar, homenagear e
adorar o Rei deles e nenhum se prontificou a vir conosco!”.
Realmente, por serem os guardiões das Escrituras
Sagradas, por lerem e meditarem-na dia e noite, a reação
deveria ter sido outra. O correto seria os chefes dos
sacerdotes e os escribas, além de informar a Herodes a
localização exata do nascimento do Messias, sugerir a ele a
formação de uma comitiva oficial israelita para, junto com
os estrangeiros, irem à Belém recepcionar o Messias.
E mesmo que o rei não financiasse nenhuma comitiva,
deveriam lançar mão do tesouro do Templo para enviar nem
que fosse uma meia dúzia deles. E, se nem isso fosse
autorizado, alguém deveria ter tido o impulso de ir por
conta própria, e cravar seu nome para sempre no
Evangelho.
Mas, a misericórdia Divina não esqueceu o seu povo.
Para substituir os sacerdotes e os doutores da lei, Deus
enviou seus anjos aos humildes e analfabetos pastores nos
arredores da gruta de Belém, e eles foram, e em nome de
Israel, receberam o Salvador.
Imagino a conversa dos Magos, surpresos, quando a
caminho de sua pátria, voltando de Belém: “– Puxa vida,
que povo mais cruel! Se o Deus deles não nos avisa em
sonho para desviarmos o caminho de volta, viriam para
matar o menino que é o seu Rei, o Rei de todos os reis do
mundo! ”.
Fico a me perguntar, caso ainda fossem vivos, se
vieram a saber que O mataram depois de adulto!
Outro ponto que considero ser um motivo para a
indiferença do cerne do cristianismo a respeito dos “sinais
que antecedem a volta de Cristo e, consequentemente, o
fim deste mundo” (Mt 24, 3), talvez seja a declaração de
Jesus na sequência deste versículo:

Jesus respondeu: “Atenção para que ninguém vos engane. Pois


muitos virão em meu nome, dizendo: ‘O messias sou eu’, e
enganarão a muitos. Haveis de ouvir sobre guerras e rumores de
guerra. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que
aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra
nação e reino contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os
lugares. Tudo isso será o princípio das dores.
Nesse tempo, vos entregarão à tribulação e vos matarão, e sereis
odiados de todos os povos por causa do meu nome. E então muitos
ficarão escandalizados e se entregarão mutuamente e se odiarão
uns aos outros. E surgirão falsos profetas em grande número e
enganarão a muitos. E pelo crescimento da iniquidade, o amor de
muitos esfriará. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será
salvo. E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro,
como testemunho para todas as nações. E então virá o fim. ( Mt
24, 4-14 )

Na verdade, é necessário se tomar todo o cuidado.


Ninguém prega que se deva acreditar em qualquer besteira
que se diga por aí. Mas, tem que se ter o bom senso de não
deixar que o medo de errar anestesie e paralise a
necessidade de se observar as profecias da volta do Senhor,
inclusive Suas próprias admoestações, tais como: “Da
mesma forma também vós, quando virdes todas estas
coisas, sabei que ele está próximo, às portas”.
E as profecias já se cumprem na sua quase totalidade.
O norte-coreano, sediado nos Estados Unidos, Sun Myung
Moon, o conhecidíssimo Reverendo Moon, afirma
claramente que é o Messias das Escrituras Sagradas que
deveria vir e que já está no meio de nós, e ele tem milhões
de seguidores ao redor de todo o planeta. Aqui no sul do
Brasil tem um tal de Inri que afirma ser Jesus Cristo que
deveria vir e já está conosco, e possui milhares de fiéis
seguidores. Isto, para citar apenas dois, entre vários outros.
Jesus nos dá uma pista preciosíssima da iminência de
Seu retorno. Uma pista que, segundo o meu modo de
pensar, mesmo que não houvesse outras, que fosse a única,
para mim seria plenamente suficiente, conforme está em
Mateus, 24,14: “E este Evangelho do Reino será proclamado
no mundo inteiro, como testemunho para todas as nações.
E então virá o Fim”.
Pronto! Não há mais motivos para se ter medo de
errar. Está claro e límpido. Assim que o Evangelho se tornar
conhecido em todas as nações, virá o fim!
Jesus, neste versículo 14 do capítulo 24 de Mateus,
está retirando das autoridades de todo o cristianismo, a
responsabilidade sobre o falarem a respeito de Sua volta e
do fim deste mundo. Podem elas constituir suas comitivas
para recepcionarem a Cristo em Sua volta, sem medo de
errar, e podem, também, divulgar isto, abertamente, em
todos os meios de comunicação. Se houver erro, o erro será
de Jesus, e não delas! É só invocarem este versículo. Senão
vejamos: enquanto o Evangelho não se espalhar por todas
as nações, não há o fim; mas, no momento em que isto
ocorrer, o fim é certo e garantido. Ora, a condição para o
fim, segundo Jesus, é a universalização do Evangelho.
Aconteça o que acontecer, não aconteça o que não for para
acontecer, o Evangelho universalizou-se, vem o fim!
Faço, agora, um questionamento a todos: – Será que,
nos dias atuais, o Evangelho ainda não é conhecido em
todas as nações, ou que pelo menos já não está faltando
muito pouco para isto?
Pensemos corretamente. Várias nações, hoje, proíbem
severamente o cristianismo, inclusive punindo com
perseguição e morte. Mas, e daí? Os judeus tentaram
aniquilar! Roma adotou as mesmas medidas proibitivas. Os
santos mártires e muitos outros não tiveram medo e
espalharam o Evangelho de Jesus Cristo pelo império. Hoje
em dia milhares de missionários cristãos estão infiltrados
anonimamente em todas as nações hostis ao cristianismo,
tal qual seus “irmãos e companheiros na tribulação” (Ap 6,
11) fizeram no império romano, nos primeiros dias.
Acho praticamente impossível que os governantes
destas nações consigam impedir o cumprimento da ordem
de Jesus em seu meio. O próprio ato de proibir já implica a
presença e a possibilidade de se expandir.
Em Roma, nossos irmãos evangelizadores não
dispunham das modernas tecnologias de comunicação que
utilizamos atualmente: telefone, satélites, computadores,
mídias portáteis, criptografias, internet, rádio e outros.
Por tudo isso, não se pode repetir o erro ocorrido no
palácio de Herodes, nos dias dos Reis Magos.
Desse modo, não se pode repetir o erro dos
contemporâneos de Noé, que, não crendo, foram
surpreendidos pelas águas do dilúvio.
Não é por acaso que Jesus faz, não ao mundo, mas ao
cristianismo (principalmente aos “chefes e escribas”) um
forte desafio: “Mas quando o Filho do Homem voltar,
encontrará a fé sobre a terra?” (Lc 18, 8b).
SEGUNDA PARTE

A CHAVE DA
INTERPRETAÇÃO
06
APOCALIPSE, O LIVRO ABERTO
NO CÉU

É preciso entender bem o porquê das figuras. Aliás,


isto é essencial. É condição indispensável. Muitos têm medo
do Apocalipse justamente por causa das figuras. E, de fato,
sem entendê-las, se forem tomadas no sentido literal
indubitavelmente causam pavor. No entanto, uma vez
compreendidas corretamente, o Apocalipse torna-se fácil,
de leitura agradável e atraente, isento de qualquer medo, a
não ser aqueles do dia a dia, que rolam pelos noticiários.
Antes de se iniciar o processo de decifrar as figuras é
indispensável o conhecimento da origem do Livro que já
existia (“escrito” por Deus) muito antes de ser revelado a
João.
Já nos evangelhos Jesus faz uma alusão à sua
existência:

Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem


o Filho, mas só o Pai. ( Mt 24, 36 )

No primeiro versículo do Apocalipse tem-se a


confirmação de Mt 24,36:

Revelação de Jesus Cristo: Deus lha concedeu para que mostrasse


aos seus servos as coisas que devem acontecer muito em breve. (
Ap 1,1 )

Logo, para que o Apocalipse pudesse chegar aos


legítimos destinatários, o mesmo seguiu e segue uma
formalidade litúrgica, saindo das mãos de Deus Pai, que o
entrega ao seu filho Jesus, depois Jesus convoca um anjo
para repassá-lo a João, e aí, João o transforma no livro que
está na Bíblia e o entrega à Igreja, aos bispos.
Após os bispos o livro ainda necessita do “Leitor”, do
intérprete, para só então poder chegar ao entendimento dos
“servos”.
Quando o livro chegou às mãos dos intérpretes
ocorreram opiniões divergentes e até contraditórias, que
seguem quatro linhas de interpretações diferentes. Isto
exige ainda a necessária intervenção de um último
personagem antes do livro tornar-se totalmente
compreensível e sem divergências: aquele, ou aqueles, que
vai interpretar corretamente o Apocalipse. Quando chegar o
tempo e o livro for interpretado sem nenhuma dúvida, todos
saberão.
Vejamos, então, a sequência desta liturgia:

Vi depois, na mão direita daquele que estava sentado no trono


[Deus pai], um livro [livro do Apocalipse] escrito por dentro [o
conteúdo] e por fora [na capa, o título: Revelação] e selado com
sete selos [segredos que só o Pai conhecia].
Vi então um anjo poderoso, proclamando em alta voz: “Quem é
digno de abrir o livro, rompendo seus selos”? Mas ninguém no céu
[nenhum anjo], nem na terra [nenhum ser humano] ou sob a terra
[nenhum demônio] era capaz de abrir nem de ver o livro.
Eu chorava muito, porque ninguém foi considerado digno de abrir
nem ver o livro. Um dos Anciãos, porém, consolou-me: “Não chores!
Eis que o leão da tribo de Judá [Jesus], o Rebento de Davi, venceu
[A cruz] para poder abrir o livro e seus sete selos”.
Com efeito, entre o trono com os quatro Seres vivos e os Anciãos, vi
um Cordeiro [Jesus] de pé [Ressuscitado], como que imolado [Com as
marcas da crucifixão]. Tinha sete chifres e sete olhos, que são os
sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. Ele veio então
receber o livro da mão direita daquele que está sentado no
trono. ( Ap 5, 1-7 )
Vi depois outro anjo, forte, descendo do céu: trajava-se com uma
nuvem e sobre a cabeça estava o arco-íris; seu rosto era como o sol,
as pernas pareciam colunas de fogo, e na mão segurava um
livrinho aberto [O livro do Apocalipse, já aberto por Jesus e
entregue ao anjo]. [...] A voz do céu [voz de Jesus] que eu tinha
ouvido tornou então a falar-me: “Vai, toma o livrinho aberto da
mão do anjo que está em pé sobre o mar e a terra.” Fui, pois, ao
anjo e pedi que me entregasse o livrinho. Ele então me disse:
“toma-o e devora-o [receba o Apocalipse, escreva-o e o repasse à
Igreja]; ele te amargará o estômago [conterá dificuldades], mas em
tua boca, será doce como mel [todas as bem-aventuranças e
bênçãos]. Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei... ( Ap
10, 1-10 )

Não são relatados os momentos em que Jesus entrega


o Livro ao Anjo e nem quando João o entrega aos bispos.
Provavelmente através de um mensageiro que o visitava em
Patmos.
Os bispos, ao anexá-lo à Bíblia, o disponibilizaram a
todos. E todos, no que diz respeito ao futuro, na realidade,
são intérpretes; candidatos ao Leitor.
Assim que algum intérprete apresentar a
interpretação verdadeira, definitiva, incontestável, será este
o Leitor referido no versículo 3 do capítulo primeiro do
Apocalipse.
Quando surgir o Leitor, far-se-á necessário que os
Bispos o reconheçam publicamente, devido a grande
quantidade de interpretações divergentes.
Após o Leitor, finalmente o Apocalipse chegará aos
seus legítimos destinatários, os servos e, por extensão, a
todo ser humano.
07
APOCALIPSE, O LIVRO FECHADO
NA TERRA

O Apocalipse esteve, provavelmente, nas mãos de


todos os papas, com exceção dos três primeiros (Pedro, Lino
e Anacleto, pois quem governava a Igreja no ano 96 era o
Papa Clemente), nas mãos de todos os bispos, padres,
freiras, santas e santos, doutores da Igreja, teólogos cristãos
de toda denominação, enfim, de todos aqueles que tiveram
acesso a um exemplar completo da Bíblia, e ninguém jamais
pôde compreendê-lo.
Julgo, na minha imensa insignificância, que seria um
ato inútil da parte de Deus se Ele empreendesse todo o
trabalho necessário até a finalização do Livro, mandasse
João publicá-lo:

Depois disso, tive uma visão: Havia uma porta aberta no céu, e a
primeira voz, que ouvira falar-me como trombeta, disse: Sobe até
aqui, para que eu te mostre as coisas que devem acontecer
depois destas. ( Ap 4,1 )

Escreve, pois, o que viste: tanto as coisas presentes como as


que deverão acontecer depois destas. ( Ap 1,19 )

Não retenhas em segredo as palavras da profecia deste livro,


pois o tempo está próximo. ( Ap 22,10 )

Pois deveria ser conhecido por toda a Igreja, por todos


os seus servos, mas, numa linguagem que ninguém
pudesse entendê-lo!
Assim, na busca de resolver esta questão, pude
observar no conteúdo do Apocalipse uma dica preciosa; a
palavra carta. O Apocalipse foi escrito em forma de carta.
As mensagens às sete igrejas são cartas; sete cartas. Tudo
aquilo que se relacionava ao futuro, futuro muito distante
para aquelas primeiras comunidades, seguiu como anexo às
cartas. Assim, em anexo a cada carta seguiu uma cópia
comum, de mesmo conteúdo. Desse modo pode-se admitir
que o anexo fosse parte integrante da carta, por isto,
também carta.
Acontece aí o seguinte: o conteúdo de cada carta era
diferente, individualizado, e endereçado ao entendimento
de cada uma das sete igrejas locais (os três primeiros
capítulos). O anexo, de mesmo conteúdo, era endereçado a
toda a Igreja dos séculos XIX ao XXI (os demais dezenove
capítulos).
Sendo o anexo uma carta, e esta endereçada ao
futuro, legalmente só os destinatários do futuro é que
podem ter acesso ao seu conteúdo. Assim, o Livro seguiu
selado até nossos dias. Isto explica o porquê de o anexo
permanecer incógnito, fechado, durante o seu trajeto no
tempo e só agora poder ser entendido corretamente.
08
O APOCALIPSE PARA A
IGREJA PRIMITIVA

No Apocalipse, o que se refere especificamente aos


acontecimentos do ano 96 são as cartas às sete Igrejas. Aí
sim, o Livro trata de coisas e fatos da Igreja recém-fundada.
Todo o restante se refere aos cristãos e ao mundo do futuro,
do tempo do Fim.
Antes de João subir ao céu, através da “porta aberta”,
o verbo ver está no presente do indicativo: “Escreve o que
vês num livro e envia-o às sete Igrejas: a Éfeso, Esmirna,
Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia” (Ap 1, 12).
O que vês: o que está acontecendo agora, no seu
tempo. No futuro ele irá ver, também. Mas, aqui, na ordem
cronológica do texto, no conjunto, o que vês dá-nos uma
conotação do presente, do ano 96. Isto nos fica claro logo
após ele terminar de escrever todas as ocorrências de sua
época; de imediato, declara: ”depois disso...” (Ap 4, 1).
Disso: dos acontecimentos presentes. Dos fatos de
sua época; da Igreja primitiva. Depois disso: após anotar
tudo o que o Anjo lhe revelara das Igrejas naquela época.
Depois disso há uma mudança fundamental no
quadro. Até então, João relatara tudo, estando ainda Terra,
no Tempo e Espaço. No seu tempo; no seu espaço. Agora,
muda-se por completo o ambiente:

Havia uma porta aberta no céu, e a primeira voz, que ouvira falar-me
como trombeta, disse: Sobe até aqui, para que eu te mostre as
coisas que devem acontecer depois destas. ( Ap 4, 1 )
Ora, ele já havia visto o que tinha de ver a respeito
das situações de seu tempo. Observou e anotou todas as
virtudes e todas as fraquezas da Igreja de sua época. Então,
depois destas coisas, agora, ele veria outras coisas que
iriam (deveriam) acontecer depois destas, no futuro.
Outra análise nos confirma esta dedução; nas sete
cartas às Igrejas são relatadas situações com nomes
presentes à época do ano 96. Nomes de pessoas que viviam
naquele tempo:

Sei onde moras: é onde está o trono de Satanás. Tu, porém, seguras
firmemente o meu nome, pois não renegaste a minha fé, nem
mesmo nos dias de Antipas, minha testemunha fiel, que foi morto
junto a vós, onde Satanás habita. ( Ap 2, 13 )

Reprovo-te, contudo, pois deixas em paz Jezabel, esta mulher que


se afirma profetisa: ela ensina e seduz meus servos a se
prostituírem, comendo das carnes sacrificadas aos ídolos.
( Ap 2, 20 )

A finalidade das sete cartas às sete Igrejas é única:


confortar, revigorar na fé. Jesus havia ascendido ao Céu; a
maioria dos apóstolos, praticamente os outros onze, havia
morrido – martirizados. A quase totalidade dos discípulos e
das pessoas que conviveram com Jesus, havia morrido; a
nova geração de cristãos estava sem os primeiros discípulos
e terrivelmente perseguida pelos romanos e judeus. Uma
infinidade de seitas e conceitos falsos permeava as
comunidades. Nasciam as primeiras escolas teológicas, e
consequentemente, as primeiras divisões.
A maneira, o estilo como Jesus escreve às sete Igrejas
é um estilo forte, direto e extremamente personalizado, tão
personalizado que dava a certeza que Ele estava no meio
deles, vivendo o dia-a-dia com eles. Esta certeza da
presença atuante e cuidadora de Jesus no meio das Igrejas
foi passada pelo Apocalipse, com as sete cartas.
O estudo das Igrejas primitivas é belo e útil, contudo,
no momento, na presente obra, trataremos da Igreja do
tempo do fim. Deixaremos de lado, no momento, a Igreja
do primeiro século, para ocuparmo-nos com a Igreja dos
séculos XIX ao XXI.
09
A BUSCA DA INTERPRETAÇÃO
DAS FIGURAS

Fui buscar na “iniciática”, nas mitologias e na própria


cultura hebraica toda a luz possível para absolutisar e
relativizar cada figura. Queria encontrar o valor místico-
transcendental de cada uma delas. Nesta pesquisa e nesta
busca, sentia-me cada vez mais confuso e perdido. Grande
parte do meu tempo e muita energia gastei em tentar
decifrar as figuras. Não obtive nenhum sucesso por esta via.
No entanto, eu não tinha como desistir de entender o
Apocalipse. Não podia acreditar que Deus mandasse que se
escrevesse este Livro para não ser entendido. Além de não
entendido, percebia e percebo até hoje, que as pessoas
adquiriram por ele um grande temor! Quando pergunto a
razão disto, me dizem que ele só tem desgraças, monstros e
maldições. E que as autoridades bíblicas recomendam a sua
não leitura, justamente para que os interessados não
entrem em pânico.
Durante toda minha busca por entendê-lo, ao
presenciar estas situações, ficava perplexo. Não batia. Não
tinha lógica. Alguma coisa estava errada, e eu tinha certeza
de que não era com o Apocalipse!
Eu lia, relia e lia mais ainda. Toda vez que abria o
Livro, sentia que a interpretação estava ali, bem à minha
frente, como que se oferecendo ao meu entendimento.
Pressentia que faltava pouco, apenas um ou outro
detalhezinho.
As literaturas as quais tive acesso, na sua grande
maioria, contribuíram para me ensinar o que o Apocalipse
não dizia. Mas, para ser honesto, aqui e ali, um ou outro
autor apresentava um lampejo de interpretação que a meu
ver podia estar correta. Eu as utilizei com muita alegria, e
sempre as tive no mais alto conceito. Estão citadas em meu
livro, conforme o rigor da metodologia científica. Mas, elas
ainda não compunham a chave para o entendimento de
todo o Apocalipse.
Após diversas buscas, inúmeras tentativas
infrutíferas, seguindo modelos e padrões de pesquisas
teológicas, decidi estabelecer um roteiro de análise
completamente novo, bem diferente daqueles que eu havia
aprendido, daqueles tradicionais que havia utilizado até
então.
Todas as minhas conclusões são apoiadas
exclusivamente nas revelações das Sagradas Escrituras. As
demais literaturas que li, foram filtradas pelas Escrituras.
De repente, como por um milagre, o Livro apresentou-
se a mim de forma simples, direto e totalmente desenvolto
daquele véu de mistério e profundidade inatingíveis. Podia,
agora, compreender com clareza cada figura, cada cena,
enfim, o entendimento tão almejado.
Quão verdadeira a afirmação do Apocalipse 1, 3:
“Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia, se
observarem o que nela está escrito, pois o tempo está
próximo”.
Como uma técnica tão simples e direta põe em
alvoroço a inteligência humana! A técnica do Apocalipse,
embora simples e direta, é muito mais atualizada e muito
mais precisa do que qualquer manchete de jornal.
Foi aí que descobri que João não é profeta; João é
jornalista. Eficientíssimo repórter. Aí descobri que o
Apocalipse não é um livro de profecias, mas um livro de
reportagens.
João só se tornou profeta e o Apocalipse profecia,
porque as reportagens foram publicadas com quase dois mil
anos de antecedência dos fatos. Daqui compreendi (concluí)
que o Apocalipse somente pode ser entendido após os fatos
acontecerem na história. Assim, o Apocalipse não é
interpretável, mas, sim, comparável. Disso decorre o
porquê do Apocalipse permanecer incógnito durante
dezenove séculos.
10
O APOCALIPSE ENSINA A LER
O APOCALIPSE
COMO ENCONTRAR NA HISTÓRIA O
CORRESPONDENTE A CADA FIGURA

O próprio Apocalipse, no capítulo primeiro, ensina-nos


a encontrar na história o correspondente a cada figura.
A figura no Apocalipse:

Na mão direita ele tinha sete estrelas... ( Ap 1, 16 )

Voltei-me para ver a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete


candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém
semelhante a um filho de homem... (Ap 1, 12)

Vejamos agora, como o mesmo Apocalipse interpreta,


isto é, compara a figura com o “objeto” na história:

Quanto ao mistério das sete estrelas que viste em minha mão


direita e aos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os
anjos das sete Igrejas, e os sete candelabros as sete igrejas. (
Ap 1,20 )

É certo que a maioria dos leitores não tem o


conhecimento correto do que sejam sete anjos e sete
igrejas, neste texto; então, passo a relatar: As sete Igrejas
são as sete comunidades, as sete divisões, dioceses ou
paróquias daquele tempo: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira,
Sardes, Filadélfia, Laodicéia; os sete anjos são os sete
vigários ou bispos. Daqui parte a chave para se converter
em fato histórico cada figura do Apocalipse.
Como João utilizou os conhecimentos do ano 96 para
descrever coisas e fatos que só viriam a existir e ocorrer nos
séculos XIX-XXI é que o Apocalipse ficou repleto de figuras.
Fato semelhante, ocorrido há não muito tempo, temos com
os indígenas que entravam em contato com a civilização
branca. Eles chamavam ao homem branco de “cara-pálida”;
ao trem de ferro, de búfalo de aço; ao avião, de pássaro
metálico; aos fuzis, de “vara-que-cospe-fogo”, e assim por
diante.
Com João ocorreu o mesmo; ia vendo as coisas e
como não sabia o nome, comparava-as com algo que
conhecia. Daí a presença das figuras. O que era comum a
todas as épocas ele descreve normalmente; o que não era,
compara.
Por causa disto, quem tenta ler o Livro ao pé da letra,
cai no insucesso. Exatamente por este motivo, os teólogos
tradicionais não obtiveram sucesso querendo vestir o
império romano e suas ações com as figuras do Apocalipse.
Não conseguiram porque ainda não tinha chegado o tempo
certo.
A providência Divina mais uma vez nos ajuda a ler o
Apocalipse, ensinando-nos a técnica correta e segura a
partir do próprio Apocalipse; propicia-nos a converter as
figuras em fatos históricos:

Figura:

Um dos Anjos das sete taças veio dizer-me: Vem! Vou mostrar-te o
julgamento da grande prostituta que está sentada à beira de
águas copiosas... ( Ap 17, 1 )

A promessa de interpretação:

O Anjo, porém, me disse: por que estás admirado? Eu te explicarei


o mistério da mulher e da besta com sete cabeças e dez chifres que
a carrega. ( Ap 17, 7 )

A interpretação:

As águas que viste onde a prostituta está sentada são povos e


multidões, nações e línguas... ( Ap 17, 15 )

Então, tínhamos até agora uma figura: água.


Águas copiosas: água em grande quantidade; um
oceano.
Poderíamos pensar e pensávamos em alguém sentado
sobre grande quantidade de água. Mas, se a nossa água
não é água, então o quadro inteiro precisa ser refeito. Se a
água não é água, a prostituta não é uma donzela de vida
fácil, mas é outra coisa bem diferente, aqui, e que
precisávamos descobrir o quê.
O texto nos revela, com clareza, o que significa água:
uma multidão imensa de pessoas, milhares, bilhões, com
gente de todas as nações da Terra. Uma reunião de tanta
gente junta vista de certa distância, se parece exatamente
com um grande oceano.
Outra interpretação do Apocalipse que nos auxilia e
nos ensina o método de estudar as figuras:

As sete cabeças são sete montes... ( Ap 17, 9 ).

São também sete reis... ( Ap 17, 9 ).

Ora, na figura original só tínhamos sete cabeças.


Agora, sabemos que cabeça é monte, e também rei.Mais
fascinante ainda é quando se chega a rei e nos deparamos
com esta revelação incrível:
Dos quais cinco já caíram, um existe e o outro ainda não veio,
mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo. ( Ap 17, 10
)

Assim é o proceder necessário de quem lê o Apocalipse:


converter as figuras em coisas e fatos históricos concretos.
Negar isto é negar o próprio Apocalipse que nos ensina que
é assim.
Para esta monumental tarefa de localizar na história
as figuras descritas no Apocalipse, é necessário muito mais
que fé, oração, piedade e humildade: “Aqui é necessário a
inteligência que tem discernimento...” (Ap 17, 9) e “Aqui
é preciso discernimento! Quem é inteligente calcule o
número da Besta, pois é um número de homem...” (Ap 13,
18).
Por se tratar de eventos universais, que abrangem
toda a geografia e toda a história do planeta, para se
identificar as figuras, é necessária uma imensa erudição,
uma cultura acima do normal. E não somente em história e
geografia geral, mas em todas as áreas do conhecimento
humano, da inteligência humana: teologia, filosofia,
ecologia, astronomia, física, química, vários idiomas,
economia, política, estratégia militar, medicina,
comunicação, enfim, todo o conhecimento possível.
Nem todos conseguem ler este Livro; o texto em si
não é a própria mensagem, mas antes, uma chave, um
código para se ler nos sinais (pontos de referência; fatos
escolhidos ao longo da história: a verdadeira mensagem).
Por isso, continuo reafirmando: o Apocalipse somente pode
ser compreendido após o fato (sinal) por ele mencionado,
ocorrer na história. Nunca antes. Impossível antes. Poderia
até compará-lo a um grande quebra-cabeça completamente
indecifrável no início; mais fácil na metade, e possível de
compreender o todo, mesmo antes de se colocar todas as
peças faltantes.
A fé, a piedade e a humildade são extremamente
necessárias, mas não são essenciais, ou melhor, não são
suficientes. Isto porque a leitura do Apocalipse é muito mais
técnica do que moral. Temos o Evangelho que é
exclusivamente moral, sem qualquer conotação técnica. O
Apocalipse é essencialmente técnico, mas não
exclusivamente; quando se chega à plenitude da leitura
técnica a mensagem moral que nos é passada transcende a
toda expectativa humana.
11
O PORQUÊ DA LINGUAGEM
ENIGMÁTICA
(FIGURAS) DO APOCALIPSE

Considerando que João saíra do tempo-espaço e


entrara na eternidade (através da porta aberta no céu), a
situação se configura, agora, da seguinte forma:

A – NO MUNDO ESPIRITUAL:

a – As pessoas e coisas espirituais não são iguais às


da Terra que dependem de tempo-espaço-matéria.

b – Todo o ambiente celeste, espiritual, está infuso em


leis completamente diversas das do mundo físico.

c – Em consequência, a descrição, a narração e a


dissertação deles torna-se difícil para o homem acostumado
a padrões estritamente físico-temporais.

d – O homem, no caso João, conhecendo apenas


padrões físico-temporais, ignorando, por completo, os
padrões espirituais, vai descrevê-los, narrá-los e dissertá-los
com os padrões de que dispõe. Vai descrever o mundo
espiritual, com os padrões do mundo material.

e – Daí, é que em todo o Apocalipse temos palavras


ou expressões de comparação: semelhante... como...
tinham o aspecto... era como... palavras ou expressões
estas que, na maioria dos casos, na totalidade dos leigos e
numa grande parte dos especializados, são tratadas como
tal e acabam partindo para o tradicional pé da letra.
Ter aspecto de jaspe não significa que seja jaspe. É
outra “coisa” totalmente diferente, só que o Apóstolo não
sabendo o que, e como precisa anotar, descrever, narrar
e dissertar, utiliza o padrão que tem, o código de
comparação de que dispõe, a saber, o padrão de
conhecimento do mundo material.

f – Devido a estar na eternidade, fora das leis físicas


tempo-espaciais, o conjunto de todo o Apocalipse se nos
parece, à primeira vista, fora de ordem, fora de cronologia.
Fato este, completamente normal no mundo espiritual, mas
não no nosso, onde tudo segue uma estreita e perfeitíssima
lei de ordem cronológica. A redação geral do texto, em
termos jornalísticos pode-se dizer que o redator não fez o
copidesque. Mas a verdade é que a disposição do mesmo
não poderia ser diferente.

B – NO MUNDO MATERIAL:

Não esquecendo que João continua na eternidade,


fora do tempo-espaço e de lá, a ver os acontecimentos na
Terra na proporção de quem olha para a rua, estando no
décimo andar de um edifício, por exemplo, temos as
seguintes considerações:

a – Ele pode ser deslocado para o passado e para o


futuro da Terra, à vontade.

b - Os acontecimentos da Terra, na Terra, estão dentro


de seu padrão de conhecimento apenas aqueles de sua
própria época e os que conhecia de épocas passadas,
através de narrações, o que no geral ocorre com qualquer
pessoa.
c – Se, de repente, ele é movido para um passado
remoto, antes de Adão e da descrição do Gênesis, mesmo
em se tratando de fenômenos normais, no plano material,
colocam-no em dificuldades para descrevê-los, narrá-los e
dissertá-los, porque transcende à sua cultura.

d – Igualmente, se fosse deslocado para um futuro


distante e lá encontrasse coisas e fatos fora de seu padrão
de conhecimento, ele se sentiria outra vez em dificuldade
para compreendê-los.

e – Tanto no passado, como no futuro, ele teria


dificuldade para descrever, narrar e dissertar os
acontecimentos, pois tanto em um caso como no outro, só
poderia utilizar os padrões de seu tempo e de sua cultura.

f – A ordem dada foi para ver e anotar tudo em um


livro: um autêntico repórter cobrindo a maior reportagem
jamais sonhada por qualquer jornalista.

g - A situação exata de João, quando fora de seu


próprio tempo, é: “Vou a algum lugar, ver o não sei o quê e
anotar, não sei como!”.

h - Tem que ficar bem entendido que João, enquanto


com Jesus no ano 96 e depois no futuro está,
simultaneamente, nos mundos espiritual e material.
Interage com os dois ambientes ao mesmo tempo,
descrevendo e narrando os dois mundos no mesmo
contexto. Quando descreve, por exemplo, os anjos e suas
ações, está falando do mundo espiritual; e cada ação
provoca ou mostra um acontecimento na Terra. Ou seja, a
ação no Céu corresponde à ação na Terra. A humanidade
em geral só pode ver os acontecimentos na Terra, mas João
os presencia ao mesmo tempo.
Destas considerações é que podemos estabelecer um
novo método de análise do Apocalipse.
12
PROVA DE QUE O APOCALIPSE
É UM RELATO DE
ACONTECIMENTOS
E COISAS NA HISTÓRIA

Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia se


observarem o que nela está escrito, pois o tempo está próximo. (
Ap 1, 3 )

De acordo com o dicionário do Aurélio (1988), o verbo


observar tem quatro sentidos centrais:

1 – Olhar = ver, enxergar, examinar...

2 – Obedecer = cumprir, realizar, fazer...

3 – Advertir = chamar a atenção...

4 – Vigiar = as próprias ações...

OBSERVAR. (Do lat. observare) v.t.d. 1 - Examinar minuciosamente;


olhar com atenção; estudar: “Paras aqui, observas uma árvore nova
que nasce”. (Carlos Magalhães de Azevedo, Odes e Elegias, p. 15. 2 -
Espiar, espreitar: “Furtivamente, os soldados observavam as
manobras inimigas”. 3 - Cumprir ou respeitar as prescrições ou
preceitos de; obedecer a; praticar: “observa rígida descrição”. 4 -
Atentar em; notar; advertir: “O conferencista pediu que observassem
aquele aspecto de sua palestra”. 5 - Ponderar, replicar. T.d. e i. 6 -
fazer ver; advertir. “Observou-lhe que a resposta não estava certa’’.
Int. 7 - Examinar atenta, minuciosamente, a(s) pessoa(s) e/ou o
ambiente que o cerca(m): “neste lance passou um espanhol, ... bem
montado numa égua preta. Parou a observar” (Alberto Braga, nossos
contos, p. 81. P. 8 - Vigiar as próprias ações; ser circunspecto. 9 -
Vigiar-se reciprocamente.

Do Aurélio, pinçamos uma frase fundamental na


aplicação para o desenvolvimento da chave de
compreensão do Apocalipse: “7 – examinar atenta,
minuciosamente, a(s) pessoa(s) e/ou o ambiente que
o cerca(m)...”.
Todos os sentidos se aplicam no Apocalipse. No
entanto, o que convencionamos de n° 1, que é, examinar,
olhar, é o que tem maior ênfase, é o que se aplica mais:
olhar, examinar, nos acontecimentos da história, os
sinais antecipados.
O segundo caso, obedecer, não tem, especificamente,
no Apocalipse, novidade. Quando, ali, se refere à
advertência de obediência a Deus, esta advertência fica
subentendida ao Evangelho e ao restante das Escrituras.
Como já disse, anteriormente, o Livro é
predominantemente técnico.
Senão, vejamos: “Que o injusto cometa ainda a
injustiça e o sujo continue a sujar-se; que o justo pratique
ainda a justiça e que o santo continue a santificar-se”. (Ap
22, 11).
Aqui o Livro não adentra em um tratado moral sobre
Justiça e injustiça. O “continue”, deixa claro que o leitor já
está previamente conscientizado sobre o que seja justiça ou
injustiça. Então, o verbo observar, já que defendo ser o
Apocalipse um livro técnico, tem seu sentido mais aplicado
ao ver, enxergar, notar, examinar e estudar. Também, o
terceiro caso, advertir, fazer ver, tem grande importância.
Quem olhou, quem viu, quem entendeu, fica na obrigação
de conscientizar aos demais; por isso, é que o texto
distingue duas classes de pessoas: o que lê (o Leitor; no
texto está no singular) e os que ouvem (os demais; no texto
está no plural).

Feliz o leitor e os ouvintes. ( Ap 1, 3 )

O quarto caso, vigiar as próprias ações, tem elevada


distinção, pois de outra forma, de que vale a advertência se
a pessoa não toma uma atitude concreta?
13
PROVA DE QUE A PROFECIA DO
APOCALIPSE SE REFERE AO
FUTURO

No livro do profeta Amós, há uma taxativa declaração


acerca das previsões que Deus faz do futuro: “Pois o Senhor
Iahweh não faz coisa alguma sem revelar o seu segredo
a seus servos, os profetas” (Am 3, 7).
No Apocalipse temos a comprovação desta verdade:

Revelação de Jesus Cristo: Deus lha concedeu para que mostrasse


aos seus servos as coisas que devem acontecer muito em
breve. ( Ap 1, 1 )

Disse-me então: “Estas palavras são fiéis e verdadeiras, pois o


Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu Anjo para
mostrar aos seus servos o que deve acontecer muito em
breve. ( Ap 22, 6 )

Pelo contrário, nos dias em que se ouvir o sétimo Anjo, quando ele
tocar a trombeta, então o mistério de Deus estará consumado,
conforme ele anunciou aos seus servos, os profetas. ( Ap 10, 7
)

Negar que Deus dá a conhecer aos seus servos


acontecimentos do futuro é negar a própria Escritura. Está
escrito. Está claro. Não há como haver erro de
interpretação.

Escreve, pois, o que viste: tanto as coisas presentes como as que


deverão acontecer depois destas. ( Ap 1, 19 )
14
APOCALIPSE E PROFECIAS DO
ANTIGO TESTAMENTO:
CONCORDÂNCIA, E NÃO
REPETIÇÕES

Muitos teólogos afirmam que João fez uma montagem


de textos dos profetas do Antigo Testamento., devido as
figuras serem coincidentes:

Daniel:

Eu continuava contemplando, quando foram preparados alguns


tronos e um Ancião sentou-se. Suas vestes eram brancas como a
neve; os cabelos de sua cabeça, alvos como lã. Seu trono eram
chamas de fogo com rodas de fogo ardente. ( Dn 7, 9 )

Apocalipse:

Fui imediatamente movido pelo Espírito: eis que havia um trono no


céu, e no trono, Alguém sentado... ( Ap 4, 2 )

Os cabelos de sua cabeça eram brancos, como lã branca, como


neve... ( Ap 1, 14 )

Poderia citar todos os textos semelhantes. Muitos


deles são completamente iguais. Mas, não significa que o
segundo copiou o primeiro, e que o terceiro copiou o
segundo e assim por diante. Não há uma repetição, mas
uma concordância. Se dez pessoas, em épocas diferentes,
virem uma bicicleta, é impossível que alguma dentre elas
descreva um automóvel enquanto vê a bicicleta; a não ser
por má fé.
Se os textos se repetem, embora escritos em épocas
distintas, por outras pessoas, não significa,
necessariamente, uma cópia. Para mim, ocorreu que todos
eles, cada qual em sua época, viram os mesmos fatos e
objetos. Embora homens e tempo sejam outros, as coisas e
os fatos são os mesmos. As verdades de Deus são eternas,
inabaláveis.
Há duas passagens em Daniel que me dão a força
desta certeza, de que são concordantes, e não repetitivas:

Quanto a ti, vai tomar teu repouso. Depois te levantarás para


receber a tua parte, no fim dos dias. ( Dn 12, 13 )

A visão das tardes e manhãs, tal como foi dita, é verídica. Mas tu,
guarda silêncio sobre a visão, pois ela se refere a dias
longínquos. ( Dn 8, 26 )

Primeiro o Anjo diz que as visões se referem a dias


longínquos, depois diz a Daniel que ele irá repousar (morrer)
e depois levantar (ressuscitar) no fim dos dias.
Para João, no Apocalipse, o Anjo diz “as coisas depois
destas”, e o “tempo está próximo”.
Em ambos os casos, as profecias estão para frente, só
que para Daniel estavam muito “longe”, e para João, já bem
mais “próximo”.
Há outras considerações importantíssimas entre
Daniel e João, mas não vêm ao caso no momento. No
entanto, para elucidar melhor o aspecto dos símbolos dos
selos, faremos mais uma comparação; desta vez, contraste:

Daniel:
Mas tu, guarda silêncio sobre a visão, pois ela se refere a dias
longínquos.
( Dn 8, 26 )

“Quanto a ti, Daniel, guarda em segredo estas palavras e mantém


lacrado o livro até o tempo do fim...”. ( Dn 12, 4 )

Apocalipse:

“Escreve o que vês, num livro e envia-o às sete Igrejas...”. ( Ap 1, 11


)

“Não retenhas em segredo as palavras da profecia deste livro,


pois o tempo está próximo”. (Ap 22, 10 )

Em Daniel a ordem é manter segredo; não divulgar;


não publicar. No Apocalipse a ordem é ao contrário:
publicar; não guardar segredo.
Qual a razão deste contraste? Simples. Quem é o
único que poderia abrir o Livro e romper os selos? Somente
Cristo, conforme o atesta o Apocalipse. Em Daniel os
segredos jamais poderiam ser compreendidos; nem o
próprio Daniel compreendeu o que viu. Mas, quando Jesus
Cristo se imolou na cruz, quando o “Rebento de Davi
venceu”, então os selos puderam ser revelados aos cristãos.
Desta forma, os textos são semelhantes,
concordantes, mas nunca repetições. Como demonstrado,
há até contrastes e divergências fundamentais entre eles.
15
AS FIGURAS NO APOCALIPSE
NÃO SÃO PROPOSITAIS

As figuras não são propositais.


No ano 96, o apóstolo João estava exilado na ilha de
Patmos:

Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, na realeza e na


perseverança em Jesus, encontrava-me na ilha de Patmos, por
causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus. ( Ap 1,9 )

Num domingo, talvez andando pela ilha:

No dia do Senhor fui movido pelo Espírito, e ouvi atrás de mim


uma voz forte, como de trombeta, ordenando... ( Ap 1,10 )

Aí começa toda a redação do Apocalipse. Quando o


Livro, enfim, é publicado, vem repleto de figuras e de
estórias incríveis, com monstros inenarráveis e com
passagens surrealistas. Não fosse João quem era,
provavelmente o Livro teria sido queimado na fogueira mais
próxima.
Muitas daquelas figuras e passagens eram
coincidentes com a narração de vários profetas há mais de
quinhentos anos ou bem mais. Outras, no entanto,
totalmente inéditas.
Uma ala de teólogos afirma que as figuras são
resultado de um estratagema que João bolou para camuflar
uma mensagem de certeza de condenação para os romanos
e uma certeza de salvação para os cristãos fiéis. De acordo
com esta ala da teologia, ele teria raciocinado o seguinte:
“Escrevo em código, em figuras, e assim o Livro poderá
circular sem nenhum problema em meio aos romanos que
nada suspeitarão, mas “os irmãos na tribulação” entenderão
facilmente”. Este raciocínio me parece muito improvável,
uma vez que o Livro é aberto nos seguintes termos:
“Revelação de Jesus Cristo...” (Ap 1,1). O nome de Jesus
Cristo, tão odiado e perseguido pelos romanos e judeus,
está claro e límpido em suas primeiras palavras.
Se João tivesse montado o Apocalipse em código para
torná-lo irreconhecível aos romanos e judeus, a meu ver ele
perdeu todo o seu trabalho, abrindo-o com o nome de Jesus
Cristo. Além do que, ele que estava ali exilado, porque era
um apóstolo de Jesus, testifica claramente que Jesus enviou
um anjo a ele, João, prisioneiro romano, exilado em Patmos
(cita até sua ilha-prisão), e que devia enviar as cartas às
sete Igrejas, fato este que denunciaria nominalmente
aquelas comunidades. Também, acho pouco provável que o
apóstolo dileto tivesse se acovardado com medo dos
perseguidores. Como acho, ainda, menos provável que a
recomendação de camuflar a mensagem tivesse partido do
Alto, pois Jesus já havia ordenado a seus discípulos e
apóstolos a saírem pelo mundo inteiro anunciando e
testemunhando a Boa-Nova do Reino a toda criatura, povos
e reinos.
Todos os homens de todas as épocas e lugares eram e
são os destinatários da Boa-Nova do Reino, inclusive
romanos e judeus.
A razão mais forte e clara para que eu não creia na
camuflagem consciente, intencional, está no capítulo 22,
versículo 10: “Não retenhas em segredo as palavras da
profecia deste livro, pois o Tempo está próximo”.
João não escreveu em linguagem camuflada, apenas
viajou dois mil anos para o futuro e relatou o que via, com
sua cultura do ano 96, utilizando as comparações
necessárias, num esforço de se fazer entendido da melhor
maneira possível. Talvez desejasse que seus
contemporâneos entendessem o que escrevera, o que era
simplesmente impossível. Só os legítimos destinatários
poderiam tomar conhecimento, com clareza, de sua
brilhante reportagem!
16
A TEMPORALIDADE
DAS FIGURAS

No capítulo 4, versículo 1, temos:

Depois disso tive uma visão: havia uma porta aberta no céu, e a
primeira voz, que ouvira falar-me como trombeta, disse: sobe até
aqui, para que eu te mostre as coisas que devem acontecer
depois destas.

No capítulo 1, versículo 1, vem:

Revelação de Jesus Cristo: Deus lha concedeu para que mostrasse


aos seus servos as coisas que devem acontecer muito em breve.

Se as coisas devem acontecer muito em breve é


porque não estavam ocorrendo e muito menos já haviam
acontecido naquela época, ou antes.
Depois destas indica um indeterminado período de
tempo e não de lugar.
Em breve e depois destas a mim me indicam um
futuro qualquer, mas nunca o presente. Apontam-me
qualquer período após e não fatos daquele tempo. E qual
era o presente então? O ano 96.
João já havia visto e descrito a sua época e agora iria
presenciar outras realidades, depois. Resta-nos ler seu
depoimento, e a partir de seu tempo, procurá-las pela
história. É aí que eu digo: tem-se que pegar a narração dos
acontecimentos e procurá-los ao longo do tempo.
Como o texto diz depois destas, acho um absurdo a
teimosia de se afirmar que era durante estas. Durante
nunca foi sinônimo de depois. Prefiro ficar com o texto;
prefiro ficar com depois destas.
Isto me joga para frente do ano 96. Aí, a partir do ano
97 comecei a procurar, na história cristã e universal os fatos
que João vira e que estão escritos no Apocalipse,
aparentemente através de figuras. E, devido a estas
aparências de figuras e não descrições diretas, primeiro
precisava resolver as dificuldades das figuras; precisava
entendê-las; necessitava traduzir para o meu português
corrente o sentido de cada figura. Era este o grande desafio.
Após esgotar todas as possibilidades de que dispunha,
não encontrei outros períodos em que pudesse situar o
depois destas do Apocalipse, a não ser entre a segunda
metade do século XIX e a primeira do século XXI, mais ou
menos (conforme o gráfico da esperança). E fiquei bastante
tranquilizado com este período, quando descobri na
primeira encíclica do papa João Paulo II, esta declaração
profética:

O mundo da época nova, o mundo dos voos cósmicos, o mundo das


conquistas científicas e técnicas, nunca alcançadas antes, não será
ao mesmo tempo o mundo que “geme e sofre” e “espera
ansiosamente a revelação dos filhos de Deus?” [Grifos meus]. (Papa
JOÃO PAULO II. Encíclica Redemptor Hominis, 04 de março de 1979,
parágrafo II, item 8).

Esta sua desconfiança, que julgo ser uma profecia,


coloca, a meu ver, o mundo moderno como palco do
Apocalipse.
17
SINAIS, E NÃO SÍMBOLOS

Ele a manifestou com sinais... ( Ap 1, 1 )

No dicionário do Aurélio (1988), temos:

SINAL - do latim vulgar - signale - s.m. 1 - Aquilo que serve de


advertência, ou possibilita conhecer, reconhecer ou prever alguma
coisa... 2 - Expediente convencionado para se transmitir à distância,
por meios visíveis ou auditivos, ordens, notícias, avisos, etc... 8 -
Marca, traço, vestígio... 9 - Sintoma...

Vamos colocar em evidência as palavras-chave que


nos interessam: transmitir à distância - prever - conhecer -
reconhecer - vestígios - sintomas - visíveis - auditivos.
Os sinais manifestos pelo Anjo, no Apocalipse, têm por
finalidade possibilitar aos cristãos (aos seus servos), a
reconhecerem os vestígios de acontecimentos históricos
concretos (visíveis) para conhecerem a verdade e saberem
que foram previstos com grande antecedência: “Pois o
Senhor Iahweh não faz coisa alguma sem revelar o seu
segredo a seus servos, os profetas” (Am 3, 7).
No livro da Sabedoria 8, 8, vem:

A Sabedoria conhece o passado e adivinha o futuro. Conhece o


torneio das máximas, a solução dos enigmas, prevê sinais e
prodígios, o desenrolar das épocas e dos tempos.

No Livro do Eclesiástico 42, 18-19:

Ele sondou as profundezas do abismo e do coração humano,


penetrou os seus segredos. Porque o Altíssimo possui toda a ciência
e vê o sinal dos tempos: é Ele que anuncia o passado e o futuro e
revela o fundo dos segredos.

Dos textos acima, podemos, agora, ter uma ideia mais


clara do Apocalipse 1,1:
Revelação de Jesus Cristo: Deus lha concedeu para que mostrasse
aos seus servos as coisas que devem acontecer muito em
breve. Ele a manifestou com sinais por meio de seu Anjo, enviado
ao seu servo João...

Visível = acontecimento histórico concreto.

... o qual atesta tudo quanto viu... ( Ap 1, 2 )

Visível: do verbo ver, enxergar. João viu os


acontecimentos na história. Para acabar de vez com a
dúvida e a teimosia dos escolásticos, João fez uma
declaração que a partir daí, só não entende quem não tiver
a fim: “Eu, João, fui o ouvinte [auditivo] e a testemunha
ocular destas coisas [visível]. Tendo-as ouvido e visto,
prostrei-me para adorar...” (Ap 22, 8).
Testemunha ocular tira, para mim, qualquer
conotação de dedução, inspiração ou força de expressão
literária.
Testemunha ocular, a meu ver, cancela a hipótese de
João ter, por inspiração Divina, montado um texto literário
com figuras escolhidas, trabalhadas, selecionadas e
camufladas, para denunciar as injustiças romanas e
confortar os cristãos em extremas dificuldades. A citação
testemunha ocular dos sinais me dá bases sólidas para
questionar a teologia tradicional a respeito, uma vez que os
sinais por ele vistos, que são fatos concretos na história,
não foram por mim encontrados naquela época e não pude
nem mesmo reconhecê-los ligados ao império romano,
como ensina a teologia clássica e a interpretação histórica,
mesmo porque, conforme o próprio Jesus afirma em
Mat.24,14 e Mc.13, 10:

... primeiro este Evangelho do Reino será pregado em todo o


mundo, como testemunho para todas as nações, então virá o fim.

Um dos próprios sinais é a pregação (divulgação)


universal do Evangelho; o fim só virá depois disto; os
demais sinais do fim descritos por Jesus nos sinóticos só
têm razão de ser a partir do momento em que o Evangelho
começa a ser anunciado no mundo inteiro. É querer ser
bastante teimoso insistir em procurar os demais sinais do
fim antes que o Evangelho venha a se tornar conhecido em
todo o mundo. Após o Evangelho ser anunciado em todas as
nações, então, a partir daí, depois daí é que virá o fim. E
basta lembrar que a América só foi descoberta na última
década do século XV.
Conforme veremos adiante, em detalhes, João captou,
com uma precisão impressionante, acontecimentos e
objetos comuns na nossa civilização atual.
Todos os fatos, os objetos e as situações anotadas por
ele são de fácil conhecimento e acesso a todos os homens
em toda a Terra.
É incrível como não é utilizado nenhum fato, nenhum
objeto e nenhuma situação que não seja ou que não possa
vir a ser do conhecimento de qualquer pessoa,
independentemente de sua localização geográfica, histórica
e de sua condição cultural. Ninguém poderá alegar
ignorância. Ninguém poderá alegar não ter nada a ver com
o Apocalipse; todos: grandes e pequenos, ricos e pobres,
cultos e analfabetos, estão no bojo do contexto de
responsabilidades do Apocalipse.
É extraordinária a universalidade deste livro, e é
muito mais impressionante, ainda, como ele coloca cada
homem no centro de responsabilidade do todo.
18
É O APOCALIPSE UM
CASTIGO DE DEUS?

Uns dizem que sim, outros dizem que não. Eu digo


que sim e que não.
Não há efeito sem causa e causa sem efeito. E se
cada causa produz um efeito, supõe-se uma lei prévia.
Havendo uma lei prévia, alguém a determinou. E se está
determinada e não pode ser burlada, então quem a
decretou é o que dirige os acontecimentos. Contudo, se
dentro da lei de causa e efeito aqueles que estão a ela
obrigados têm no mínimo duas opções, o Bem e o Mal,
então assim são responsáveis pelos resultados benéficos ou
maléficos que vierem a ocorrer sobre si. Não há uma
terceira possibilidade, assim como também não é possível
não se incluir em uma das duas. Por isso eu digo que o
Apocalipse é e não é um castigo de Deus.
No livro do Eclesiástico sanamos todas as nossas
dúvidas a respeito: “Não digas: ‘É o Senhor que me faz
pecar’, porque ele não faz aquilo que odeia” (Eclo 15, 11).
Em assim sendo deduzo que não existe punição ou
recompensa, só escolha:

“Desde o princípio ele criou o homem e o abandonou nas mãos de


sua própria decisão. Se quiseres, observarás os
mandamentos: a fidelidade está no fazer a sua vontade. Ele
colocou diante de ti o fogo e a água; para o que quiseres
estenderás a tua mão. Diante dos homens está a vida e a
morte, ser-te-á dado o que preferires. É grande, pois, a
sabedoria do Senhor, ele é todo-poderoso e vê tudo. Seus olhos
veem os que o temem, ele conhece todas as ações do homem. Não
ordenou a ninguém ser ímpio, não deu a ninguém licença de pecar”.
( Eclo 15, 14-20 )

No Apocalipse, podemos entender o porquê da


advertência do Anjo a respeito de se alterar as Escrituras:

Se alguém lhes fizer algum acréscimo, Deus lhe acrescentará as


pragas descritas neste livro. E se alguém tirar algo das palavras do
livro desta profecia, Deus lhe tirará também a sua parte da árvore da
Vida e da Cidade Santa, que estão descritos neste livro. ( Ap 22, 19 )

O Apocalipse é um livro doce e amargo. Doce da parte


de Deus e amargo da parte de satanás e do Homem. O que
se escolher, isto se terá. A Deus pertence elevar e glorificar,
como também condenar e destruir. A nós, nos cabe esperar
confiantemente a Salvação, como também não nos cabe
esforçar para suprimir a Justiça de Deus.

Iahweh é paciente, mas grande em poder. Mas a nada deixa Iahweh


impune.
( Na 1, 3 )

O Apocalipse deve ser lido e entendido no todo, ainda


que neste todo haja passagens terríveis e cruéis. Há uma
palavra, bem no seu início, que tem um valor e uma
profundidade imensa:

... para que mostrasse aos seus servos as coisas que devem
acontecer muito em breve. ( Ap 1, 1 )

Por que devem e, não, deverão? Será que Deus


tinha alguma dúvida sobre os acontecimentos futuros? Por
que utilizou o verbo no condicional, no presente do
indicativo, e não, no futuro do presente? Não é por alguma
limitação Divina! É um voto de esperança (confiança) à
humanidade. Deus deve ter ficado sobremaneira admirado
da grande irresponsabilidade do homem, ao ver em seu
longínquo futuro: a extinção do verde; a poluição ambiental;
a desestabilidade do ecossistema; o incrível índice de
violência; o crescimento total do materialismo; o grave
declínio da fé; a escassez de amor; o inacreditável potencial
do armamento nuclear, capaz de destruir todo o planeta,
várias vezes!
Um quadro horripilante, “para deus nenhum botar
defeito”. O Criador viu e preferiu não acreditar. Preferiu não
querer acreditar. Optou por dar um voto de confiança à
humanidade. Por isto é que escreveu devem.
Ao analisar o futuro negro e mortal da raça humana e
do próprio planeta que criara com tanto amor e carinho,
com infinita sabedoria e perfeição, admirou-Se de que o
Homem pudesse produzir tanta morte. No entanto, os fatos
nos mostram que os Seus votos de confiança foram em vão.
Tudo nos prova e nos confirma que O MUNDO
ACABOU, conforme as escrituras... e que, de fato,
estamos na fase dos funerais, que serão pelo processo de
cremação.
19
APOCALIPSE: O LIVRO DOCE E
AMARGO

Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia, se


observarem o que nela está escrito, pois o tempo está próximo. ( Ap
1, 3 )

Feliz é igual a Bem-Aventurado. Logo, o ler e o


ouvir o Apocalipse e a sua observação, é uma bem-
aventurança.
E pergunto: – Por que é que este Livro se tornou
temido, aterrorizante, maldito e proibido? A grande maioria
da cristandade foge do Apocalipse como o diabo foge da
cruz!
– Quem induziu a temer o “consolo de Deus aos seus
servos?”.
– Quem foi que decretou infeliz no lugar de feliz?
O Apocalipse é a conclusão dos planos de amor de
Deus para com seus “servos”, seus “eleitos”. É, igualmente,
a execução da Justiça divina contra todos aqueles que se
fazem seus inimigos e inimigos de seus “servos”.
– Quem fomentou o menosprezo pela justiça Divina e
a encobrir os pecados dos perversos, e a considerar Deus
duro demais para com todos aqueles que, conscientemente,
não o querem amar?

Serpentes! Raça de víboras! Como haveis de escapar ao juízo da


geena? Por isso vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis
e crucificareis, a outros açoitareis em vossas sinagogas e
perseguireis de cidade em cidade. E assim cairá sobre vós todo o
sangue dos justos derramado sobre a terra, desde o sangue do justo
Abel até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes
entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo: tudo isto
sobrevirá a esta geração.
( Mt 23, 33-36 )

Tomei o livrinho da mão do Anjo e o devorei: na boca era doce como


mel; quando o engoli, porém, meu estômago se tornou amargo. ( Ap
10, 10 )

O Apocalipse é ao mesmo tempo um livro que causa


grande medo e dá grande paz e confiança. Causa tristeza e
alegria. Tudo depende do que a pessoa escolher. E só
existem dois lados possíveis:

E serão reunidas em sua presença todas as nações e ele separará as


ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à
sua esquerda. ( Mt 32 – 33 )

E dirá o rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu
pai... (Mt 25, 34)
Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda: apartai-vos de
mim, malditos, para o fogo eterno... ( Mt 25, 41 )

Quem não crê em Jesus Cristo, ao ver os


acontecimentos (sinais) terríveis do mundo, se entristece,
pois não tem esperança. Os que creem, presenciando os
mesmos fatos (sinais) terríveis, se alegram, pois sabem que
o seu Senhor está chegando e com Ele a recompensa, a
salvação eterna.

Quando começarem a acontecer estas coisas, erguei-vos e


levantai a cabeça, pois está próxima a vossa libertação. ( Lc 21, 28
)
Não há momento mais esperado para os filhos de
Deus do que a volta de Jesus Cristo. Com ela, a imortalidade
e a felicidade para sempre. O próprio Apocalipse incentiva
os “servos” do Senhor a orar insistentemente por Sua volta
gloriosa: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20).
Os que não creem levarão um tremendo susto com
sua volta repentina, entrarão em pânico e grande medo:

Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem e todas as tribos


da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vindo sobre as
nuvens do céu com poder e grande glória.
( Mt 24, 30 )

O Apocalipse é assim um misto de alegria e tristeza.


Cabe ao Homem escolher uma ou outra coisa.
20
APOCALIPSE: APOTEOSE DAS
SAGRADAS ESCRITURAS

Ora, o Salvador do Evangelho é uma pessoa humilde,


pobre, capturado, sentenciado e morto da forma mais
vergonhosa possível... depois, alguns diziam tê-lo visto
ressuscitado e, após, ascendido ao céu. Cá, ficaram os
cristãos, juntos com toda a humanidade, escravizados pelos
romanos, pelos ingleses, espanhóis, portugueses,
americanos, russos e outros. Restava uma pergunta a ser
respondida: – qual é a moral de tudo isto e o seu desfecho?
Aí entra o Apocalipse em cena concluindo a história dos
filhos de Adão. E é absolutamente verdadeiro, uma vez que
é coerente com todo o enredo das Sagradas Escrituras e as
finaliza numa apoteose monumental, desvelando à
humanidade o caminho do Jardim do Éden, o Paraíso, de
onde fora expulsa (por culpa própria) há mais de seis mil
anos.
Então, o Apocalipse é o momento sublime em que
Deus aposenta o querubim e retira a espada de fogo da
porta do Paraíso. Esta porta, agora, se abre para a
humanidade. E só sabem o seu caminho e a encontram de
fato, os que creem e que vivem Jesus Cristo, porque é Ele, a
própria porta do Paraíso:

Quem crê no Filho tem a vida eterna. Aquele, porém, que recusa crer
no Filho não terá a Vida e a ira de Deus permanece sobre ele. ( Ap 3,
36 )

Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao pai a não ser


por mim.
( Jo 14, 6 )
Sem o Apocalipse, a História Sagrada seria como um
romance em que estivessem faltando as últimas páginas.
No entanto ele é o extraordinário happy-end deste sistema
de Adão à Parusia; é o grande debut dos irmãos de Jesus, os
filhos de Deus, na eternidade...
Entretanto, satanás, desesperado nos dias do
Apocalipse, “sabendo que lhe resta pouco tempo”, agirá
como nunca agiu, desde o começo do mundo e nem agirá
depois. Ele provocará aquilo que Jesus chama de “A grande
Tribulação”.
Serão dias difíceis, como nunca houve antes e nem
haverá depois.
Os filhos de Deus devem compreender o
recrudescimento do mal, nestes dias. Sem desesperar, sem
perder a fé, sem se abaterem, porque:

Pois naquele tempo haverá uma grande tribulação, tal como não
houve desde o princípio do mundo até agora, nem haverá jamais. E
se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma vida se salvaria.
Mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados. ( Mt 24,
21-22 )

Os homens desfalecerão de medo, na expectativa do que ameaçará


o mundo habitado, pois os poderes dos céus serão abalados. E,
então verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com poder e
grande glória. Quando começarem a acontecer estas coisas, erguei-
vos e levantai a cabeça, pois está próxima a vossa libertação. ( Lc
21, 26-28 )

Nos momentos de maiores sufocos e dores, com a


sensação de que não poderá haver nada de pior, que não
há mais esperança, que todos serão terrivelmente
martirizados, então, é justamente nesta situação que “os
dias serão abreviados”. E quando Deus fala de abreviação,
podemos ter a certeza de que é um período extremamente
curto.
As dores, os desesperos, a sensação de que nunca
termina, terão um lapso de tempo curtíssimo.
Assim, podemos calcular a volta de Jesus pelo
agravamento da Tribulação generalizada. Como é inevitável,
por ironia, poder-se-ia dizer que, para os eleitos, quanto
pior, melhor!
E, já faz tempo que “estou de pé, com a cabeça
erguida!”.
21
SEQUÊNCIA DAS REVELAÇÕES

João, que está no mundo espiritual é deslocado, na


Terra, desde a segunda metade do século XIX até,
provavelmente, a metade do século XXI, ou um pouco mais.
E tudo o que vê e ouve, passa a descrever, narrar e
dissertar, com o seu padrão de conhecimento, os de sua
época, do ano 96.
Tudo o que viu e ouviu, dentro do referido período,
dividiu em sete etapas. Nomeou a cada uma de selo; são
sete selos; sete etapas. Os selos estão mais relacionados
com a história geral.
Subdividiu o sétimo selo em sete partes, ou etapas, e
as chamou de trombetas; sete trombetas. As trombetas
apontam para o meio ambiente, a ecologia.
O mesmo ocorre com a sétima que é, também,
dividida em sete partes ou etapas, que nominou de taças.
São sete taças. As taças tratam das dores e dos
sofrimentos humanos.
Tanto os selos, como as trombetas e taças, não
apenas se sucedem, mas vão se sobrepondo e se
depositando, na história, de uma forma progressiva e
irreversivelmente catastrófica, exceto a descrição do
paraíso.
22
RECORDANDO OS
ASPECTOS DAS FIGURAS

O Apocalipse é composto por vinte e dois capítulos. O


primeiro é prólogo e introdução, o segundo e o terceiro
tratam especificamente da igreja primitiva, e os outros
vinte, da Igreja do futuro. Estaremos ocupados, doravante,
com estes vinte capítulos.
Recordemos os aspectos de dificuldades que temos:

– João é um homem do ano 96, deslocado para os


séculos dezenove a vinte e um.

– Ele descreve, narra e disserta com sua cultura


normal.

– Os fatos e objetos são de nosso tempo, modernos.

– João não sabe o nome do que vê e por isto não


nomeia, mas compara com o que conhece.

– Ele está na eternidade, por isso o texto parece fora


de ordem, fora de cronologia.

– Mesmo sendo um livro destinado a todos os cristãos


e a todo ser humano, conserva muito de pessoal de João.

– Devemos ter sempre em mente que ele escreveu


sob tensão emocional e que, por isso, algumas expressões
são de seu foro íntimo.

– Nossa capacidade pessoal é humilde e limitada.


– O Apocalipse é para ser estudado sob diversos
aspectos.

– As figuras só podem ser compreendidas após os


fatos acontecerem na história.

– Muitos fatos aconteceram e ainda não os podemos


reconhecer.

– Inúmeros outros estão ocorrendo à nossa volta e


precisamos de tempo para compreendê-los.

– Diversos outros estão ainda por ocorrer e não há


como antecipá-los.
23
A CHAVE DO APOCALIPSE
POR QUE JOÃO É REPÓRTER E
O APOCALIPSE REPORTAGEM

Considerando que João saíra do Tempo e Espaço e


entrara na Eternidade:

Depois disso, tive uma visão: havia uma porta aberta no céu, e a
primeira voz, que ouvira falar-me como trombeta, disse: “sobe até
aqui, para que eu te mostre as coisas que devem acontecer depois
destas”. ( Ap 4, 1 )

Esta uma porta aberta indica uma passagem


dimensional. Ela permite o trânsito do mundo material
(Terra, o universo e o Homem) para o mundo espiritual
(onde há seres exclusivamente espirituais: os anjos e Deus).
Uma, porque é única, exclusiva: não há similar.
Aberta, com o sentido de que João não provocou a
abertura.
Quem a abriu foi Alguém não de cá, do mundo
material, mas de lá, do mundo espiritual.
A porta está no céu, fora do alcance humano.
Sobe até aqui deixa mais claro que a porta estava
acima, além do humano. Indica, também, que a condução
do diálogo e da ação parte do alto, é de iniciativa superior.
Não é obra do Homem, mas divina. Isto prova que o
Apocalipse não é uma inspiração humana.
João, apenas segue as ordens e as instruções que
recebe, não tendo, portanto, nenhum tipo de iniciativa.
Fui imediatamente movido pelo espírito: eis que havia um trono
no céu, e no trono, Alguém sentado... ( Ap 4, 2 )

Ao dizer “fui movido”, comprova a condução celeste


dos eventos.
João é um agente passivo no contexto. “Pelo espírito”
equivale-se a dizer, por Deus, pelo Espírito Santo de Deus.
João é envolvido, absorvido pelo mundo Espiritual.
Como preciso determinar que João é um repórter e o
Apocalipse uma reportagem, o texto básico para comprovar
esta conclusão está no capítulo 4, versículo 1:

Sobe até aqui, para que eu te mostre as coisas que devem


acontecer depois destas.

“Mostre” é mostrar, simplesmente, assim como


alguém que mobilia seu apartamento e convida a um seu
amigo para lhe mostrar. Ou, como quem está a procura de
um determinado lugar e alguém se prontifica a lhe mostrar
o mesmo.
E também no capítulo 1, versículo 11:

Escreve o que vês, num livro e envia-o às sete Igrejas...

Como é que chamamos, em linguagem jornalística, a


alguém que vai a algum lugar presenciar (ver) um
acontecimento e anotar, por escrito, o que vê e publicar o
que viu? A uma pessoa assim denominamos de repórter.
Ao que ela escreveu e publicou, chamamos reportagem.
Unindo o versículo 1 do capítulo 4 com o versículo 11
do capítulo 1, temos a prova perfeita desta afirmação:

... sobe até aqui, para que eu te mostre as coisas que devem
acontecer depois destas. Escreve o que vês num livro e envia-o
às sete Igrejas.
Sem nenhum medo de errar, no que se refere ao
Apocalipse, posso afirmar que João é repórter. E, em assim
sendo, nada mais natural do que considerar o que um
repórter escreve, como reportagem.
TERCEIRA PARTE

A POSSÍVEL
INTERPRETAÇÃO
24
O PORQUÊ DO SÍMBOLO DO
SELO

Toda correspondência oficial utiliza selo. Não pode ser


violada. Até que o destinatário a receba e abra, só o
remetente é quem sabe o seu conteúdo. O mensageiro, ou
correio, ou carteiro, ou qualquer terceiro, em nenhuma
hipótese pode violar qualquer correspondência.
Selo é sinal de segredo.
O Apocalipse é uma “carta”, aliás, “sete cartas” (às
sete Igrejas). Uma expressão popular assenta perfeitamente
aqui: “trancado a sete chaves”.
Quem é seu remetente? Está claro na abertura do
Livro: “Revelação de Jesus Cristo. Deus lha concedeu” (Ap 1,
1).
Logo, o remetente, indiscutivelmente, é Deus.
Quem é seu destinatário?

... para que mostrasse aos seus servos... ( Ap 1, 1 )

Seus servos: servos de Jesus Cristo; os cristãos.


Remetente: Deus.
Destinatário: Os cristãos.

O restante da humanidade, os não “seus servos” não


são destinatários diretos, mas indiretos, através dos
cristãos. Este “aos seus servos” me deixa crer que o
Apocalipse não é um livro de alerta à humanidade; de
conselho à humanidade; de ultimato à humanidade. O
alerta, o conselho e o ultimato, é o Evangelho.
O Apocalipse é dirigido aos cristãos. Para o mundo, ele
não tem importância. Se para o mundo, Cristo não importa,
muito menos o Apocalipse. E vemos, logo no seu início, que
ele é endereçado aos cristãos:

... para que mostrasse aos seus servos as coisas que devem
acontecer muito em breve. ( Ap 1,1 )

Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos,


batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e
ensinando-as a observar tudo quanto vos ensinei... ( Mt 28, 19 – 20 )
Ide por todo o mundo, proclamai o evangelho a toda criatura.
Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer
será condenado. ( Mc 16, 15 – 16 )

E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro como


testemunho para todas as nações. E então virá o fim. ( Mt 24, 14 )

O Evangelho não caducou a ponto de Deus


providenciar um substituto.
Estou convencido de que se deve pregar o Evangelho,
da porta da Igreja para fora, e o Apocalipse, da porta da
Igreja para dentro!
O Apocalipse é um livro de consolo, de conforto “aos
seus servos” que estão atravessando o período mais difícil
da história da humanidade: “O fim dos Tempos”.
Os selos estão mais diretamente relacionados com a
história dos séculos XIX ao XXI, faz-se necessário repetir
isto!
Então, os cristãos deste período são os únicos que
podem “abrir a carta”, isto é, entender o Apocalipse.
25
O PRIMEIRO SELO

Vi quando o Cordeiro abriu o primeiro dos sete selos, e ouvi o


primeiro dos quatro Seres vivos dizer como o estrondo de um trovão:
“Venha!” Vi então aparecer um cavalo branco, cujo montador tinha
um arco. Deram-lhe uma coroa e ele partiu vencedor e para vencer
ainda. (Ap 6, 1-2 )

O cavaleiro do cavalo branco empunhava um arco. E


saiu como vencedor e para tornar a vencer, o que indica
que seja um guerreiro. Que está em guerra. O arco é um
instrumento rudimentar, primitivo, de guerra; é
considerado uma arma branca, o que significa que esta
guerra, comparada com as seguintes, é menos evoluída.
Como tudo no Apocalipse é universal, mundial, nos
relatos deste período (séculos XIX a XXI) podemos
interpretar o primeiro selo como sendo a primeira guerra
mundial.
26
O SEGUNDO SELO

Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo Ser vivo dizer:


“Venha!” Apareceu então outro cavalo, vermelho, e ao seu montador
foi concedido o poder de tirar a paz da terra, para que os homens se
matassem entre si. Entregaram-lhe também uma grande espada. (
Ap 6, 3-4 )

Ao cavaleiro do cavalo vermelho foi dado tirar a paz


da terra, fazendo os homens matar uns aos outros. O
contrário de paz é guerra. Matar uns aos outros é guerra. Ao
dizer “da terra”, significa do mundo inteiro, mundial. Ele
empunha uma espada. Em comparação com o arco do
primeiro cavaleiro, a espada representa uma grande
evolução tecnológica. Então, fica evidenciado que João
percebeu que esta guerra mundial foi muito mais evoluída
que a anterior, e que por isso mesmo, muito mais sangrenta
e mortal.
O segundo selo é a segunda guerra mundial.
27
O TERCEIRO SELO
Quando abriu o terceiro selo ouvi o terceiro Ser vivo dizer: “Venha!”
Eis que apareceu um cavalo negro, cujo montador tinha na mão uma
balança. Ouvi então uma voz, vinda do meio dos quatro Seres vivos,
que dizia: “Um litro de trigo por um denário e três litros de cevada
por um denário! Quanto ao óleo e ao vinho, não causes prejuízo”. (
Ap 6, 5-6 )

O cavaleiro do cavalo negro, preto, empunha uma


balança. Ele está a medir e a tabelar o preço dos alimentos
da cesta básica (para a cultura de João, trigo e cevada; para
os brasileiros corresponde ao arroz e feijão), aqueles
alimentos minimamente necessários para a alimentação do
ser humano.
A presença da balança pesando quilo a quilo indica
um racionamento, pois a medida aqui estipulada representa
a refeição diária de uma pequena família. Isto sugere falta
de alimento e que uma providência de racionamento é
efetivada.
O óleo (azeite de oliva) e o vinho, não fazem parte da
cesta básica do pobre. Eles podem ter como
correspondentes modernos como indicadores de riqueza, o
champanhe e o caviar, estes presentes apenas nas mesas
dos ricos.
Ao dizer para não prejudicar o alimento dos ricos, fica
claro que o mundo está divido em ricos cada vez mais ricos
e pobres cada vez mais pobres. “Não prejudicar” dá a
entender a não partilha dos alimentos por parte dos ricos.
Tem um ditado que diz que a fome é negra. A cor do
cavalo do terceiro selo.
Então, o terceiro selo, por todos os motivos, é a fome
que se alastra pelo mundo, no período referido.
28
O QUARTO SELO

Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto Ser vivo que dizia:
“Venha!” Vi aparecer um cavalo esverdeado. Seu montador chama-
se “a Morte” e o hades o acompanhava. Foi-lhe dado poder sobre a
quarta parte da terra, para que exterminasse pela espada, pela
fome, pela peste e pelas feras da terra. ( Ap 6, 7-8 )

O quarto selo enumera um conjunto de diversas


formas de sofrimento e morte que ocorrem no planeta:
conflitos e guerras regionais disseminados pelas nações;
epidemias localizadas e as pandemias (diversas gripes, aids,
ebola, infecções hospitalares, dengues, câncer). E mais
uma vez a referência à fome que grassa pelo mundo. Todas
estas coisas gerando muito sofrimento e morte.
29
O QUINTO SELO

Quando abriu o quinto selo, vi sob o altar as vidas dos que tinham
sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que
dela tinham prestado. E eles clamaram em alta voz: “Até quando, ó
Senhor santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando nosso
sangue contra os habitantes da terra?”. A cada um deles foi dada,
então, uma veste branca e foi-lhes dito, também, que repousassem
por mais um pouco de tempo, até que se completasse o número dos
seus companheiros e irmãos, que iriam ser mortos como eles. ( Ap 6,
9-11 )

O quinto selo ocorre unicamente no Céu, no mundo


espiritual. Lá, João presencia a súplica angustiante dos
mártires a Deus. Foram cruelmente martirizados:
queimados vivos, devorados por feras famintas em
espetáculos públicos, crucificados, degolados, baleados.
Somente porque amaram a Deus e ao próximo.
Também, o pedido deles expressa o desejo de todos
os mortos que se encontram no céu, ansiosos pela
ressurreição, para poderem retornar à vida na Terra.
Nenhum ser humano foi criado para viver separado do
corpo! Esta é uma condição anormal para o Homem, mesmo
que esteja salvo no Céu.
Deus não os deixa sem resposta. Pede para
aguardarem um pouco mais de tempo, pois o número dos
Seus filhos que habitarão a Terra para sempre ainda não
está completo. E, o “vesti-los com roupas brancas” significa
um conforto especial enquanto durar aquela situação.
30
O SEXTO SELO

O sexto selo será analisado adiante junto com a sexta


trombeta e a sexta taça. Tratam do mesmo evento e se
completam. Por causa disto resolvi chamá-los de “os
eventos de número seis”.
31
O SÉTIMO SELO

O sétimo selo, como já foi dito, é dividido em sete


partes, e cada uma delas é chamada de trombeta. Então, o
sétimo selo são as sete trombetas, que serão analisadas a
seguir.
32
O PORQUÊ DO SÍMBOLO
DA TROMBETA

Naquela época, a de João, não havendo os meios de


comunicação modernos (televisão, rádio, jornal, internet),
havia, em condições precárias, o correio.
Quando o governante queria notificar algo à
população, uma notícia ou um decreto, ele enviava seus
emissários, a cavalo, de cidade em cidade.
O emissário levava por escrito o decreto ou a notícia
e, em se chegando a uma cidade, este percorria suas
principais ruas, tocando uma trombeta e depois se dirigia à
praça principal. Todo o povo, quando ouvia a trombeta,
corria para lá, pois já sabia que do rei vinha novidades.
Logo, trombeta significa AVISO.
São Paulo, escrevendo aos romanos, observa que não
só a natureza, mas toda a criação sofre as consequências do
pecado, tanto do original como dos pessoais, da raça
adâmica:

Pois a criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de


Deus. De fato, a criação foi submetida à vaidade - não por querer,
mas por vontade daquele que a submeteu - na esperança de ela
também ser liberta da escravidão da corrupção para entrar na
liberdade da glória dos filhos de Deus. Pois sabemos que a criação
inteira geme e sofre as dores de parto até o presente. ( Rm 8, 19-22
)

Como já disse, as trombetas se referem ao meio


ambiente, a natureza. Nelas, João relata a situação da
ecologia nos períodos cobertos pelo Apocalipse.
33
A PRIMEIRA TROMBETA

E o primeiro tocou... Caiu então sobre a terra granizo e fogo,


misturados com sangue: uma terça parte da terra se queimou, um
terço das árvores se queimou e toda vegetação verde se queimou. (
Ap 8, 7 )

Antes de fazermos uma análise técnica desta


trombeta, é de suma importância atentarmos para um
detalhe impressionante entre este versículo do Apocalipse e
as reportagens atuais.
Apocalipse:

... uma terça parte da terra se queimou, um terço das árvores...

O jornal Diário da Manhã (Goiânia, julho de 2007), traz


uma reportagem sobre um relatório da ONU, mais
precisamente de um de seus departamentos, a “Rede
Internacional sobre Água, Meio Ambiente e Saúde”. Este
relatório é fruto de uma conferência internacional realizada
em dezembro de 2.006 na cidade de Argel, na qual cerca de
200 especialistas estudaram as políticas internacionais para
combater a desertificação. Entre outras coisas, diz o
seguinte:

O que é mais grave é que a desertificação pode afetar nos


próximos anos 2 bilhões de pessoas, um terço da população total do
planeta. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 9 julho de
2007, caderno brasil/mundo, página 8).
A quantidade de destruição, em ambos os casos é de
“um terço”.
Será que estes 200 especialistas, quando fizeram o
seu relatório, tinham em mãos o livro do Apocalipse e o
meu, e de comum acordo decidiram usar as mesmas
afirmações, só para concordarem com minha interpretação,
apoiando-me contra os ataques dos teólogos que dizem ser
ela um mero concordismo? Claro que não!
Passamos, então, em primeiro lugar, a analisar os
aspectos técnicos. É inegável que tanto o frio intenso
(geada) e o calor (seca) são inimigos naturais da vegetação.
Algo que aparece como novidade aqui é o sangue. Ora, o
sangue nos animais tem paralelos funcionais e estruturais
com a seiva das plantas. Isto sugere algo interno às plantas.
Se na geada e na seca o ataque é externo, no caso da
comparação com o sangue, indica um ataque interno. Uma
reação que interfira, internamente, no seu metabolismo.
Isto leva a considerar a chuva ácida. Adiante, trataremos
em detalhes da chuva ácida.
A extinção do verde avança a passos largos e está à
vista de qualquer um. Por várias formas ela se processa.
Entre as quais:

– Grandes desmatamentos para a agricultura e


pecuária.

– Grandes desmatamentos para a exploração de


minérios.

– Grandes desmatamentos para a industrialização da


madeira.

– Grande imersão de áreas verdes e florestas em


lagos artificiais para o abastecimento potável e as
hidrelétricas.
– Grandes desmatamentos para a ocupação civil –
cidades.

– Grandes incêndios naturais e criminosos.

Estes são apenas alguns dos processos de extinção do


verde. Os mais tradicionalmente conhecidos.
Modernamente, muito em nossos dias, surge outro
novíssimo meio: a chuva ácida. Já que o apóstolo fez
comparação com o sangue, eu digo que a chuva ácida está
para o vegetal assim como a AIDS está para o homem.
Também, deve-se considerar que, com o advento da
era industrial que cria máquinas sofisticadas, a rapidez de
manipulação da madeira e dos vegetais tornou-se muitas
vezes maior do que a capacidade de reposição natural da
área verde devastada. Para isto, basta se indagar: quantos
anos são necessários para que uma árvore, a partir da
semente, cresça e atinja sua plenitude? Com as máquinas
modernas, quantas árvores se consegue destruir, no mesmo
tempo que esta nova árvore gasta para se tornar plena?
Isto, se a área destruída fosse imediatamente replantada.
Mas, quem se ocupa em gastar dinheiro com o replantio de
uma floresta que consumiu, sabendo que o lucro obtido não
é suficiente para replantar e “cultivá-la” e, ainda mais,
sabendo que esta nova área só poderia ser consumida após
dezenas de anos? E assim por diante...
Muitos governos, principalmente os dos países ricos,
na velha Europa, que praticamente já extinguiu quase toda
a área verde natural, preocupam-se em demarcar as áreas
florestais restantes para, assim, protegê-las do extermínio
total. Estes governos criam leis e cercas que impedem o
“machado” de entrar nas florestas. Julgavam esta medida
satisfatória, o suficiente para a preservação de suas
relíquias florestais. Para ilustrar que esta atitude é
insignificante na cicatrização da mãe-natureza, citarei, a
seguir, um artigo da revista Reader’s Digest (fevereiro de
1985), que trata, particularmente, sobre a chuva ácida:

A chuva ácida está cobrando um tributo assustador por toda a


Europa, e urge iniciar uma ação conjunta antes que seja tarde
demais.
Atualmente ela já afetou quatro milhões de hectares de florestas, ou
seja, cerca de 15% dos bosques do velho continente, e a destruição
prossegue.
A chuva ácida é uma mistura de gases tóxicos (principalmente
anidro carbônico e diversos ácidos de nitrogênio proveniente de
caldeiras de combustão a carvão e a óleo, e dos motores dos carros)
que reagem com a umidade natural, formando os ácidos sulfúricos
nítricos. Ao sabor do vento os gases tóxicos, lançados na atmosfera
pelas grandes chaminés e pelo calor que se eleva das cidades,
podem depositar-se ao longo de centenas de quilômetros, muitas
vezes atravessando as fronteiras nacionais. Como é natural, esta
precipitação é interceptada pelas florestas das encostas (No Brasil as
encostas da serra do Mar, para as indústrias de Cubatão), e estes
produtos químicos corrosivos fabricados pelo homem acumulam-se o
suficiente para matar peixes nos lagos, envenenar árvores e
corroer edifícios.
Poucos países foram poupados. Na Áustria, 9% das florestas estão
“doentes” e 14% das da Suíça vêm perecendo, inclusive as
resistentes espécies alpinas que ajudam a impedir as avalanchas
(idênticas às da Serra do Mar em Cubatão).
Na Bélgica, na Holanda e na França os pinheiros já foram atingidos.
Um terço das árvores da Alemanha Ocidental está moribundo. O
primeiro sintoma é a diminuição das agulhas (nos Tennenbaum),
tornando os ramos menos densos e frondosos. Depois, elas
começam a amarelecer. Nesta altura, as copas das árvores, então de
crescimento reduzido, parecem ninhos. Gradualmente, à medida que
a árvore perece, a casca greta e ela, apodrecida, sucumbe
facilmente aos insetos, ao fogo e às tempestades. A raiz também
apodrece e dezenas de árvores quase que tombam, empurradas pelo
vento. [Grifos meus]. (REVISTA SELEÇÕES-RIDER´S DIGEST. Rio de
Janeiro, 1985).

Muitas medidas técnicas e científicas estão sendo


tomadas, mas estas seriam o equivalente a recolher um
balde de leite derramado em terreno seco. Seria menos
complicado, no caso do leite, recolher toda a terra onde o
mesmo se derramou e por processos de decantação, de
centrifugação e químicos, separar o leite, da terra.
Quando se pensa que todo o mal que podia acontecer
sobre as plantas já ocorreu, surge, agora, uma possível
terrível ameaça: o desaparecimento de abelhas. O jornal
Diário da Manhã (Goiânia-maio-07), traz esta preocupante
matéria:

Um assunto tem dominado os principais órgãos de imprensa dos


Estados Unidos: o desaparecimento das abelhas. O fato provoca
prejuízos de bilhões de dólares aos apicultores, responsáveis por 2,4
milhões de colmeias, informa o jornal The New York Times. A
principal preocupação dos produtores não é com a queda da
produtividade, mas com os perigos futuros: a abelha é uma das
principais responsáveis pela polinização das plantas.
O grande cientista Albert Einstein (1879-1955) declarou: – Se as
abelhas desaparecerem da face da Terra, o homem terá apenas mais
quatro anos de existência. Sem abelhas, não há polinização, não há
reprodução da flora”.
As abelhas simplesmente desaparecem e não deixam uma única
suspeita, mas várias. Elas não aparecem mortas. A incógnita é que
simplesmente desaparecem. As operárias apresentam uma
desorientação e não retornam mais para as colmeias, onde ficam as
rainhas.
Podem ser vários os fatores para explicar o desaparecimento destes
insetos. Uso de defensivos agrícolas, aquecimento global, ondas
eletromagnéticas provocadas pela utilização de celulares, entre
outros. A teoria mais forte recai na hipótese de que algum parasita
desconhecido esteja atacando os animais.
O apicultor americano Greg Mucky, proprietário da fazenda Terra
Viva em Corralitos, na Califórnia, afirma ao Diário da Manhã, por
telefone, que os animais estão desaparecendo de forma cada vez
mais rápida, apesar de possuírem bom pólen, boa reserva, e ótimo
clima.
O desaparecimento das abelhas já recebeu até mesmo um nome
para identificar o fenômeno: Desordem de Colapso de Colônias (CCD,
em inglês). (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 1° de maio de 2007, seção
Cidades, página 9).

Fica provado, assim, com apenas alguns exemplos,


que a primeira trombeta é a extinção do verde. Este é
o primeiro aviso de Deus. Duvidar é negar a fé no
Apocalipse, pois não se pode negar a extinção do verde.
Antigamente costumava-se negar a interpretação: hoje, a
partir de hoje, quem quiser negar tem que negar o Livro,
porque a história é inegável.
Devemos lembrar, para aqueles que esperam a
extinção total do verde para só depois acreditar, que o Livro
diz “um terço da terra”, “um terço das árvores”, para
significar que a extinção, embora grande, não será total.
Isto, porque, se Deus permitisse a extinção total do verde, a
vida animal extinguiria simultaneamente.
Haverá de restar verde para os incrédulos... a intenção
primeira de Deus é a conversão de todos, e não a sua
destruição. Haverá verde para os eleitos e para os
incrédulos, até o dia último determinado, pois os fiéis
estarão na Terra aguardando o seu Senhor!
34
A SEGUNDA TROMBETA

E o segundo Anjo tocou.... Algo como uma grande montanha


incandescente foi lançado no mar: uma terça parte do mar se
transformou em sangue, pereceu um terço das criaturas que viviam
no mar e um terço dos navios foi destruído.
( Ap 8, 8-9 )

João viu alguma coisa imensa, grande, sobre as


águas do mar. E era incandescente, estava em brasas, ou
seja, em chamas, queimava.
Para alguma coisa se queimar na água, é preciso duas
condições básicas: que flutue e/ou que com ela não se
misture. Quem conhece os três elementos de composição
do fogo sabe do que estou falando.
A presença deste algo nas águas do mar torna grande
parte dele em sangue, o que vale dizer, sem vida, morta,
fazendo com que enorme quantidade de criaturas do mar
seja morta.
A linguagem é sempre “um terço”; uma grande
quantidade, mas que não chega, necessariamente, à
metade.
Ora, conhecemos o que é assim tão imenso e
diretamente relacionado com altíssimo poder de combustão:
os transatlântico-petroleiros e as plataformas de petróleo
marítimos. Vistos de certa distância, estes gigantes
equipamentos petrolíferos se parecem com um monte;
verdadeiras montanhas a deslizar sobre as águas.
Muitos não valorizam esta ideia, dizendo que o mar é
imenso e a poluição nele atirada se dissolve de alguma
forma. Esta afirmação, além de incorreta, não leva em conta
as correntes marítimas e as ondas que remetem a poluição
de volta ao continente. Há uma lei no mar que faz com que
tudo aquilo que não afunde e nem seja absorvido, retorne
ao continente. Sabemos que o petróleo e seus derivados
são mais leves que a água e com ela não se misturam.
Sendo assim, em alguma praia serão depositados.
Quando o Apocalipse fala de “um terço”, podemos
concluir que este “um terço” seja, principalmente, a parte
do mar na orla dos continentes; justamente nas regiões
mais ricas em fauna e flora marítimas. Exatamente de onde
o homem retira grande parte de sua alimentação.
Esta trombeta está mais que comprovada diante dos
acidentes com navios e plataformas de petróleo ao longo
das costas dos oceanos no mundo inteiro, não obstante a
técnica de recolhimento do combustível vazado.
Pode parecer uma interpretação forçada, no entanto,
estou apto a considerar qualquer outro algo que vier a
flutuar e queimar sobre as águas do mar que não sejam os
navios-petroleiros, as plataformas de exploração, e os
demais navios, conforme o próprio texto acrescenta.
Além dos esgotos não tratados, a segunda trombeta é
a poluição do mar pelo vazamento de petróleo das
plataformas e navios petroleiros. Quase sempre nestes
desastres ocorrem explosões e muito incêndio.
35
A TERCEIRA TROMBETA

E o terceiro Anjo tocou... Caiu do céu uma grande estrela, ardendo

como uma tocha. E caiu sobre a terça parte dos rios e sobre as

fontes. O nome da estrela é “Absinto”. A terça parte da água se

converteu em absinto, e muitos homens morreram por causa da

água, que se tornou amarga. ( Ap 8, 10-11 )

O Jornal Diário da Manhã (Goiânia, dezembro de


2006), apresenta a seguinte reportagem:

Segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (Pnud), publicado em novembro, aproximadamente

dois milhões de crianças morrem por ano, devido à escassez de

água. Um terço da população Ásia/Pacífico não dispõe de

saneamento básico. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 30

de dezembro de 2006, secção Brasil/mundo, pág.11).

Na terceira trombeta temos a relação com uma


estrela. “Ardente como tocha” significa brilhante, nítida.
Estrela, sempre significou ponto de referência. Antes da
invenção da bússola a orientação da navegação era feita
principalmente através das estrelas.
Quando João realça a nitidez desta trombeta, quer dar
um enfoque especial de segurança à interpretação correta.
Quer afirmar que esta trombeta é extremamente percebível,
visível, notável, porque envolve diretamente todas as
pessoas, sem exceção.
A primeira ocorre nas selvas e florestas. A segunda,
nos mares e oceanos. Em ambas, “distante” da maioria
absoluta da população. Com a terceira, não; ela acontece no
dia a dia de qualquer um; fácil de ser vista e constatada.
Daí sua ênfase em compará-la com a estrela e a tocha
brilhante.
Esta trombeta se relaciona com as águas dos rios,
lagos e fontes.
A maior parte da água potável da humanidade é
extraída dos rios, lagos e fontes. Nestes casos, ela está a
céu aberto.
“Fontes” significa as nascentes, poços, cisternas,
cacimbas e os lençóis freáticos.
Quero ressaltar que a palavra “fonte” está
estritamente ligada à pureza, cristalinidade e potabilidade
das águas. Fonte é sinal de nascimento, de vida.
Estrela é referência, sinal.
No caso, o texto diz que o que caiu sobre as águas
potáveis, puras, tem um nome: “Absinto”. E que, nela
misturado, transforma-a em “Absinto”.
Vejamos, no dicionário do Aurélio (1988), o que seja
“Absinto”:

1. Pequena erva aromática europeia, da família das compostas


(Artemísia absinthum), dotada de propriedades amargas, e cujas
sumidades floridas são empregadas no licor de absinto, muito
conhecido por suas propriedades tóxicas... [grifos meus].

Embora de grande utilidade, o dicionário não


esclarece muito sobre as propriedades da planta, pois é
óbvio que esta não é sua finalidade primeira, mas traz uma
palavra chave: tóxica.
O absinto é uma erva composta, ou seja, exala odor e
tem sabor. Em terras brasileiras o absinto tomou o nome de
losna. Uma vez na água, esta se torna bastante amargosa,
além de exalar um aroma forte e desagradável.
Absolutamente correta a descrição de João, pois a
poluição torna as águas sujas e contaminadas (tóxicas).
Nelas são jogadas todas as imundícies e podridões. Estas
imundícies e os lixos, na água, fermentam e exalam
horríveis odores, nauseabundos.
A poluição faz as águas dos rios e lagos ficarem sujas
e fétidas. A comparação com o absinto é exatíssima, pois a
sua cor esverdeada e o seu amargor, as tornam
indesejáveis ao paladar, o que se equivale à sujeira da água
poluída que ninguém sente desejo de beber; o aroma forte e
desagradável da planta e grandemente rejeitado pelo olfato
equivale-se ao fedor intenso por elas exalado.

Tendo olhos, não veem; tendo ouvidos não ouvem. ( Mt 13, 13-15 )

Eu digo: – tendo tato, não tocam; tendo olfato, não


cheiram!
Ora, a água Deus a criou para saciar a sede do
homem e dos animais. 75% do Homem é água. E Ele a criou
sem nenhum gosto e odor percebidos. No entanto, a criou
saborosa.
Grande é a magnificência criadora de Deus que fez a
água extremamente deliciosa, ainda que sem sabor e
perfume.
Grande é a irresponsável e mortal capacidade
destruidora do homem que adiciona à água um gosto
intragável e um fedor insuportável.
A terceira trombeta é a poluição das águas potáveis.
36
A QUARTA TROMBETA

E o quarto Anjo tocou... um terço do sol, um terço da lua e um terço


das estrelas foram atingidos, de modo que uma terça parte deles se
ofuscou: o dia perdeu um terço de sua luz, bem como a noite. (
Ap 8, 12 )

O Jornal Diário da manhã (Goiânia-jan-05), num artigo


realmente intrigante, diz o seguinte:

Cientistas acreditam que a Terra está recebendo uma quantidade


cada vez menor de energia solar - e que, paradoxalmente, isto
pode ser resultado do aquecimento global. Os pesquisadores
chegaram a esta conclusão após terem analisado medições da luz
solar colhidas nos últimos 50 anos. Eles acreditam que a redução
do nível da luz solar se deva à poluição atmosférica. Partículas
sólidas lançadas ao ar por poluentes – como cinza e fuligem –
refletem a luz de volta para o espaço.
O fenômeno está sendo chamado de “turvação global”.
O primeiro cientista a observar o fenômeno da redução do nível de
luz solar foi o britânico Gerry Stanhill, que comparou dados obtidos
em Israel na década de 1950 com medições mais recentes e
encontrou uma queda de 22%.
A partir daí, ele procurou dados semelhantes sobre outros países e
observou que a redução também se observava em vários outros
lugares. Em partes da antiga União Soviética, ela chega a 30%, na
Grã-Bretanha, a 16%, nos Estados Unidos, a 10%.
Embora a variação seja grande de lugar para lugar, a estimativa é
que o declínio tenha sido de 1% a 2% por década em um período de
50 anos. Seu trabalho, publicado em 2001, não teve grande
repercussão, mas os resultados foram reforçados agora por uma
equipe de pesquisadores australianos que utilizou métodos
totalmente diferentes para avaliar a quantidade de luz solar que
chega à terra”. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 26 de
janeiro de 2005, seção Brasil/mundo, página 12).

Para mim, que moro numa região não industrializada,


fica difícil querer acreditar nesta trombeta. Aqui, o céu
durante o dia é azul e limpo, e a noite claro e pontilhado de
estrelas. No entanto, é só perguntar aos moradores de
Cubatão e de outras cidades brasileiras industrializadas se
não é verdade o que diz esta trombeta. E não só no Brasil,
mas em inúmeras regiões industriais do mundo: durante o
dia o sol se parece com um tomate e, à noite, a visualização
das estrelas é inexistente.
O texto é extremamente exato: “uma terça parte
deles se ofuscou...”. A forma de se ofuscar o sol e as
estrelas, a partir da superfície da Terra, é a poluição
atmosférica. Gases, poeira, fumaça, fuligem e outros
corpos são lançados continuamente ao ar e em quantidade
que elevam a milhares de toneladas e, com isto, ofuscam o
sol, a lua e as estrelas.
Então, a quarta trombeta trata da poluição do ar.
37
A QUINTA TROMBETA

E o quinto Anjo tocou... Vi então uma estrela que havia caído do céu
sobre a terra: foi-lhe entregue a chave do poço do Abismo. Ela
abriu o poço do Abismo, e dali subiu uma fumaça, como a fumaça de
uma grande fornalha, de modo que o sol e o ar ficaram escuros
por causa da fumaça do poço. E da fumaça saíram gafanhotos pela
terra, dotados de um poder semelhante ao dos escorpiões da terra.
Disseram-lhes, porém, que não danificassem a vegetação da terra,
nem o que estivesse verde e as árvores, mas somente os homens
que não tivessem o selo de Deus sobre a fronte. Foi-lhes dada a
permissão não de matá-los, mas de atormentá-los durante cinco
meses com um tormento semelhante ao do escorpião, quando fere
um homem. Naqueles dias, os homens procurarão a morte, mas não
a encontrarão; desejarão morrer, mas a morte se lhes fugirá.
O aspecto dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos preparados
para uma batalha: sobre sua cabeça parecia haver coroas de ouro e
suas faces eram como faces humanas; tinham cabelos semelhantes
ao cabelo das mulheres e dentes como os de leão; tinham couraças
como que de ferro, e o ruído de suas asas era como o ruído de carros
com muitos cavalos, correndo para um combate; eram ainda
providos de caudas semelhantes a dos escorpiões, com ferrões: nas
suas caudas estava o poder de atormentar os homens durante cinco
meses. Como rei tinham sobre si o Anjo do Abismo, cujo nome em
hebraico é “Abaddon” e, em grego, “Apollyon”. ( Ap 9, 1-11 )

Sem dúvida alguma, estamos diante de um dos


momentos fortes do Apocalipse. Nenhum outro texto, neste
Livro, é tão completo em detalhes, movimentos e preciso
nas suas descrições.
É incrível a capacidade literária de João ao montar um
quadro tão resumido, mas ao mesmo tempo riquíssimo em
detalhes, movimentos e situações.
Devemos nos recordar, aqui, para bem fixar, que ele
está descrevendo e relatando coisas e fatos do século
dezenove ao vinte e um, com a sua cultura do primeiro
século, um lapso de tempo considerável, quase dois mil
anos de diferença. Daí, utilizar coisas concretas de seu
tempo para descrever coisas concretas do futuro, uma vez
que só lhe foi dado ver e ouvir e, praticamente nada lhe foi
contado. Então, separaremos do texto, para tornar mais
forte, e de uma forma visual, esta afirmação, as seguintes
sentenças:

– Semelhante ao do...

– O aspecto dos...

– Parecia haver...

– Eram como...

– Como os do...

– Como que de...

– Semelhante à dos...

– Como rei...

Tudo está comparado. Ele vê o objeto, não sabe o seu


nome, então o compara com o que conhece.
Para a leitura clara e direta do texto precisamos dar o
nome do objeto, o nome que João não sabia. Assim, como se
estivéssemos traduzindo um texto do chinês para o
português, por exemplo. Nunca se pode esquecer que ele é
um homem do primeiro século, narrando, dissertando e
descrevendo fatos e objetos que somente estão presentes
vinte séculos à frente.
Mário Sanchez, o mais atualizado estudioso do
Apocalipse de todos os que pesquisei, ainda em O
Apocalipse Interpretado (1980), nos abre a visão para a
leitura correta deste texto. Vejamos as principais citações:

Aqui se descrevem as duas guerras mundiais de 1914 e 1939, em

caricaturas tão perfeitas que se ouve a metralha e o ronco dos

aviões. [...] Mas, vejamos a descrição: “abriu-se a caverna do Abismo

(minas do sub-solo) e da caverna (altos fornos) subiu fumaça como

de grande fornalha. Escureceu o sol e o ar (poluição atmosférica). Do

meio da fumaça do ar saíram gafanhotos (veículos blindados, aviões,

helicópteros, foguetes). [...] Portanto, não se tratava de gafanhotos,

mas de armas de guerra... A sua mordedura dói como a do escorpião

quando fere o homem (eis como podia descrever o vidente os feridos

a bala contorcendo-se de dor...) ”.

“Nesses dias, buscarão os homens a morte e não a encontrarão:

desejarão morrer, mas a morte fugirá deles”. Assim vê o profeta os

médicos e hospitais de recuperação de feridos na Segunda Guerra

Mundial; gente que está gritando que quer morrer para parar de

sofrer, que está cego, mutilado, paralisado, inutilizado, e que a

medicina faz quase reviver para continuar em vida para sofrer mais

um pouco.

São João releu o que escreveu e não achou que explicou bem os tais

gafanhotos (aviões e helicópteros em confusão com outros veículos

terrestres) e volta a descrevê-los com mais detalhes, para melhor

compreensão: “aqueles gafanhotos pareciam cavalos prontos para a


batalha, tinham sobre as cabeças coroas (círculos) doiradas (hélices

girando...) [...] e vestiam couraças de ferro e o ruído de suas asas

(motores) se assemelhava ao estrépito de numerosos carros de

batalha indo à peleja”.

Finalmente lê o nome escrito no maior desses aviões e descreve:

“Têm acima de si (como rei ou maior) o anjo do abismo (foguete do

espaço) com o nome grego de Apollo”. (MÁRIO SANCHES. O

Apocalipse Interpretado,1980, p-60-61).

A partir desta visão de Mário Sanchez podemos passar


para a pesquisa do texto e depois compará-la com os
objetos e situações atuais.
Numa primeira fase, separarei os objetos e coisas
concretas que João utilizou neste texto:

– Estrela

– Chave

– Poço do abismo

– Fumaça

– Fornalha

– Sol e ar

– Escuro

– Gafanhotos

– Escorpiões
– Cavalo preparado para batalha

– Coroa

– Face humana

– Ouro

– Cabelo de mulher

– Dentes de leão

– Couraça de ferro

– Asas

– Carros com muitos cavalos

– Combate

– Cauda de escorpião

– Ferrão

– Rei-Apollyon

– Abismo

Desta lista, será conveniente fazer os seguintes


esboços do que algumas delas eram para João, no seu
tempo:

ABISMO: Para os Judeus e os povos antigos, abismo


era todo vale profundo, buraco, poço e tudo o mais que
tivesse maior profundidade na terra a partir da superfície.
Abismo, também era o espaço sideral, a imensidão espacial
para além das nuvens; todo o espaço para muito longe da
superfície terrestre.
Neste texto, abismo aparece com os dois sentidos
distintos.

CAVALO PREPARADO PARA BATALHA: Além do arreio e


dos demais equipamentos convencionais, para a guerra, os
cavalos eram revestidos com outras peças específicas:
fortes malhas de couro ou de ferro; peiteiras reforçadas
para se evitar as pontas de lanças nos flancos dianteiros do
animal; viseiras, também dos mesmos materiais,
especificamente metálicas, para proteger a cabeça do
animal, e outros.
De cavalo, quase não se via nada, mas um bloco
compacto. Esta descrição é compatível com os modernos
tanques de guerra.

CARROS COM MUITOS CAVALOS, COM RUÍDOS NAS


ASAS: Nós, hoje, pensaríamos em diversos automóveis
puxados por uma grande tropa. Na realidade, carro era uma
espécie de biga; o equivalente às carroças, charretes –
bastante reforçada e puxada por um ou mais cavalos,
dependendo do tamanho.
Devido ao seu peso, mais o tropel dos cavalos quando
em corrida, produzia um barulho muito grande.
O objeto que João compara com gafanhoto produz um
imenso ruído (altos decibéis). O que quer que esteja
emitindo os ruídos possui grande força. E estes ruídos estão
sendo produzidos exatamente em suas asas. Sem dúvidas,
o local em que se instalam os motores e as turbinas nos
aviões. E é visivelmente notório o imenso ruído que
provocam.
MUITOS CAVALOS: Aquilo que produz o ruído de altos
decibéis, João detalha que possui a força de muitos cavalos.
Sabemos que a unidade para medir uma força motriz
(motor, turbina) é chamada de CV: Cavalo-Vapor. Ou HP, em
inglês, que significa a mesma coisa: Horse-Power. Horse:
Cavalo; Power: Força.

COURAÇA COMO QUE DE FERRO: Couraça, a parte


externa do gafanhoto, no lugar da pele, do couro.
De ferro, metálico. O “como que de ferro” expressa
que não era, necessariamente, ferro. Pode ser qualquer
outro metal: por exemplo, alumínio e duralumínio, materiais
usados no revestimento dos aviões.

ESTRELA: Como já visto, é sinal de referência.


Também, tem outra interpretação, como veremos adiante.

CHAVE: A figura da chave é exatíssima, uma vez que


alguma coisa oculta, guardada, só possa vir ao
conhecimento quando se tem acesso onde se encontra.
Mas, que coisa é esta que João descreve que precisa de uma
chave para ser acessada? Não podemos esquecer que tudo
é comparado.
Pois bem, os cientistas dizem que a síntese de
fermentação de animais e vegetais, que se encontram no
subsolo da Terra, ao longo de milhões, talvez bilhões de
anos, em condições de temperatura e pressão apropriadas
se fundem, formando o petróleo e os gases.
É de nosso conhecimento que a maioria dos lençóis
petrolíferos se encontra a grandes profundidades no subsolo
e, para se chegar até lá é necessário o acesso, que se dá
perfurando o terreno. Esta perfuração é realizada em
formato de buracos, por onde passam as brocas.
Toda porta tem fechadura. Toda fechadura tem um
furo. Em todo furo se introduz a chave. E a chave abre,
pondo em ligação os ambientes.
Em minha opinião, para um homem de dois mil anos
atrás, a sua descrição comparativa me leva a concluir que:

Ambiente a ser acessado = lençol petrolífero no


subsolo.

Meio de acesso = buraco, poço.

Fechadura = o buraco e os tubos.

Chave = as brocas de perfuração.

COMO A FUMAÇA DE GRANDE FORNALHA: A expressão


grande fornalha indica intensa queima, grande
combustão, muito fogo.
Aquilo que sai do poço é petróleo, e gás. Altamente
inflamáveis.
Fornalha, no texto, significa queima de combustível. E
é só isso que sai de um poço de petróleo: combustível.
A única coisa que sai de um poço de petróleo é
combustível; repito mais uma vez para aqueles que taxam
meu ponto de vista de “concordismo”. Também, sai água
dali água misturada com petróleo. Mas, para que aproveita?
Dizer que o sol e o ar ficaram escuros por causa da
fumaça e da poluição atmosférica, fica agora parecendo
brincadeira.
Vemos que, na visão de João, foi da fumaça que
saíram gafanhotos para a terra, ou seja, a partir da
fumaça, por causa da fumaça, após a fumaça. Com isto,
temos a certeza absoluta de que a existência dos
gafanhotos depende de poço, porque a fumaça saiu de lá.
Sem o poço, não haveria fumaça. Então, os gafanhotos
precisam do poço.
Em suma, os gafanhotos dependem da existência do
combustível que sai do poço, e a fumaça é resultado da
queima do combustível.
Antes de analisarmos as ações dos gafanhotos,
veremos as suas descrições.
Não só aviões, mas todos os veículos automotores
utilizam os derivados de petróleo como combustível. Ainda
que nos primórdios das invenções fossem utilizados outros
tipos de combustível, mas isto, a bem da verdade, ainda
estava na área das experiências. O que prevaleceu mesmo
foram os derivados de petróleo. Mesmo o advento da
solução brasileira do álcool, não empana esta verdade.
Muitas pessoas nunca viram um gafanhoto na vida. E
mesmo os que já viram, talvez não tenham uma noção
nítida. Para entender de forma correta as figuras dos
gafanhotos no Apocalipse, seria interessante dar uma boa
olhada num gafanhoto de verdade, ao vivo.
Um gafanhoto possui as asas longas, e estas, ao
serem abertas em par, dão a ele um quase indiscutível
aspecto de avião. Quase, porque um gafanhoto tem a
cauda reta e a do avião é curvada para cima. Então, para se
fazer um gafanhoto totalmente parecido com um avião, é
necessário providenciar que sua cauda fique voltada para
cima.
João, numa saída inteligentíssima em sua descrição,
anexou à cauda do gafanhoto uma cauda de escorpião.
Sabemos que a cauda do escorpião é naturalmente
curva para cima. Então, em cortando-a e anexando na do
gafanhoto, temos uma aparência irrefutável de avião. E
avião era realmente o que João via, e por não saber o nome,
descreveu: “... eram ainda providos de caudas semelhantes
a dos escorpiões”.

Desse modo, João descreve na 5ª trombeta os poços


de petróleo e os aviões.
E não é somente isto. Falta identificar o rei dos
gafanhotos: “Como rei tinham sobre si o Anjo do Abismo,
cujo nome em hebraico é ‘Abaddon’ e, em grego, ‘Apollyon’
“.

COMO REI: O superior a todos. O mais rico e mais


caro. De tecnologia muito sofisticada.

ANJO: Anjo é mensageiro. Aquele que é enviado em


missão.

DO ABISMO: Se o objeto é o rei dos gafanhotos, isto é,


dos aviões, é sabido que nenhum avião pode voar acima da
atmosfera. Portanto, nunca saem das proximidades da
Terra. Não podem adentrar o espaço sideral, ou seja, o
abismo celeste. Mas este rei pode.

APOLLYON: João vê o nome escrito no objeto. Na


língua dos judeus, o hebraico, é Abaddon, e no grego, língua
em que o Apocalipse foi escrito, é Apollyon. Se João
soubesse o português, o nome seria Apolo.
Bem resumido e simplificado, mas de bastante
utilidade para este estudo, veremos no dicionário do Aurélio
(1988), como ele define o substantivo Apolo: “APOLO: (Da
mit. Apolo, deus greco-romano, o mais belo dos deuses)”.
E o adjetivo de Apolo:

APOLÍNEO: (Do lat. Apollineu) Adj. Relativo a, ou próprio de Apolo,


deus da luz, das estrelas e da adivinhação, que personifica o Sol;
apolínico. 2. Que, pela beleza, lembra esse deus. 3. Que caracteriza
pelo equilíbrio, sobriedade, disciplina, comedimento: as qualidades
apolíneas que se exigem para um chefe de Estado.

“Rei” significa o maior, o mais poderoso, o mais forte,


o mais perfeito. Que está acima de todos, que sobressai,
notoriamente, sobre o restante. De tão especial, João leu
seu nome, mas o nome é grego, pois Apolo é um deus
greco-romano.
Para não haver nenhuma possibilidade de erro na
futura interpretação, João anotou o nome que estava escrito
no objeto – “Apollyon” – e o traduziu para o hebraico –
“Abaddon”. Assim, não poderia haver dúvidas, pois o
testemunho de dois “é seguro”.
Traduzido para o latim, e depois para o português
atual, o nome é Apolo.
Então, fica facílimo procurar nas marcas e nomes dos
aviões aquele que se chama Apolo. E se é o mais elevado
entre eles, a procura deve ser entre os de técnica mais
apurada.
Sabe-se que a mais alta tecnologia em aviação é
desenvolvida pela NASA e por sua similar soviética. E é
justamente na NASA que se encontra o mais avançado dos
veículos de navegação aérea com o nome de Apolo. E o que
se constituiu como um marco histórico universal foi a nave
espacial Apolo XI, com a qual o homem pisou a lua pela
primeira vez.
Quando me lembro que o dicionário do Aurélio diz que
Apolo é o deus das artes, admito que a engenhosidade da
ciência acaba se tornando uma arte. Uma arte científica.
A referência que João faz com este veículo espacial é
de “O Anjo do Abismo”. E para ele, abismo é a imensidão do
espaço sideral.
Acredito, piamente, sem sombra de dúvidas, que João
está a descrever a nave espacial Apolo, porque é o único
dos gafanhotos que ele chamou de “Anjo do Abismo”. “Anjo
do Abismo” é, literalmente, “Mensageiro do Espaço”. E traz
o nome de Apolo escrito.
Também, no Aurélio, vemos que Apolo é o deus da
luz, e que personifica o sol. Está relacionado com os astros
e estrelas.
Ora, sabemos que a lua reflete a luz do sol. Sabemos
também que a nave espacial Apolo foi enviada à lua.
“Concordismo” de minha parte? Coincidência? Não! É
justamente por isso que os cientistas norte-americanos
batizaram aquelas naves de Apolo. Por causa da perfeição,
beleza, equilíbrio, precisão; por serem consideradas
verdadeiras obras de arte; por ser uma missão de
exploração; por se relacionar com os astros, com a
lua, com o sol.
38
A SEXTA TROMBETA

A sexta trombeta, como já foi dito, será analisada


adiante junto com o sexto selo e a sexta taça, pois se
complementam nos chamados “os eventos de número seis”.
39
A SÉTIMA TROMBETA

A sétima trombeta, é dividida em sete partes, e cada


uma é chamada de taça.
Antes dos sete anjos derramarem suas taças são
descritos os três personagens malignos que causam toda a
dor, destruição e morte na humanidade e no planeta. Por
agirem em total unidade em suas sanhas destruidoras
podem ser denominados de “a trindade maligna”. São o
Dragão, a Besta e o Profeta da Besta.
O Dragão e a Besta, astuciosos em enganar os
descendentes de Adão e Eva, geraram este ente
extremamente habilidoso na arte da sedução, o Profeta da
Besta. E como um liame entre sedutores e seduzidos está o
afamado e temido número 666.
Então, antes de analisarmos as taças, faz-se
necessário um perfeito entendimento da “trindade maligna”
e do número 666.
O DRAGÃO

O Dragão batalhou, juntamente com seus Anjos, mas foi derrotado, e


não se encontrou mais um lugar para eles no céu. ( Ap 12, 7b-8 )

Foi expulso o grande Dragão, a antiga serpente, o chamado Diabo ou


Satanás, sedutor de toda a terra habitada – foi expulso para a terra,
e seus Anjos foram expulsos com ele.
( Ap 12, 9 )

Não há dúvida:

Dragão = serpente = diabo = satanás.

Este Dragão nos dá a ideia de um ser altamente poderoso, forte e


grande que imaginou que poderia vir a ser outro
inteligente. Tão
Deus. Se consideramos Deus Todo-poderoso, um ser para
ter a pretensão de se apossar de parte de seu império, não
deve ser alguém realmente pequeno. Mas, eu diria: apenas
grande na ambição, pois na inteligência ficou provado que
não era tanto assim! O poder de Deus é muitíssimo maior,
basta lembrar que o próprio Dragão, a antiga serpente, é
uma criatura, e que, originalmente, era perfeita, ao ponto
de Deus lhe confiar grandes poderes. Mas o fato é que
houve dificuldades no mundo espiritual e Deus precisou
usar de sua força para derrotá-lo.
Dragão é Lúcifer, o diabo, satanás. Ele é o senhor
de inúmeros seguidores, os anjos decaídos; mas no mundo
espiritual, num lugar de exclusão, privados e destituídos de
toda a felicidade. E esta sua condição é para toda a
eternidade. Não obstante, de alguma forma, não sem o
controle divino, atuam na Terra sobre os seres humanos,
fazendo proselitismo em seu favor.
O Dragão e seus anjos são chamados de diabo,
satanás, demônio. À sua exclusão eterna denomina-se
inferno.
A BESTA

Depois de conhecido o Dragão, passamos a identificar


a Besta:

Vi então uma Besta que subia do mar. Tinha dez chifres e sete

cabeças; sobre os chifres havia dez diademas, e sobre as cabeças

um nome blasfemo. A Besta que vi parecia uma pantera; seus pés,

contudo, eram como os de um urso e sua boca como a mandíbula de

um leão. E o Dragão lhe entregou seu poder, seu trono, e uma

grande autoridade.

( Ap 13, 1-2 )

O Dragão já está identificado. Agora, ele transfere seu


poder, seu trono e confere grande autoridade. Coloca
outrem para governar em seu nome, sob seu domínio.
Em todo o texto, as qualidades da Besta não são
próprias, mas lhe são outorgadas. No contexto, sempre se
vê que a Besta está a serviço do Dragão.
Um ditado popular assenta com perfeição aqui:
“Quando o diabo não vem, manda representante”.
Nestes dois primeiros versículos do capítulo 13, nota-
se que o Dragão conseguiu arranjar um representante à
altura.
O poder de morte da Besta é total: “parecia uma
pantera”.
As panteras são muito fortes e de extrema agilidade.
Seus dentes são afiadíssimos e maiores que os do leão. Seu
dote principal, entre as feras descritas nestes versículos, é a
versatilidade, agilidade, esperteza e rapidez.
“Seus pés eram como os de um urso”. Algumas
espécies atingem um porte enorme e são todas
perigosíssimas. Por possuir uma elevada estatura e um peso
considerável, necessita ter bastante resistência nos pés. É
um animal relativamente lento, mas muito firme e de garras
afiadíssimas. Dos três animais descritos, seu dote principal
é a firmeza e a resistência.
“E possui a boca como a mandíbula de um leão”, que
é um animal carnívoro por excelência. Atinge quase dois
metros e setenta de comprimento e pode pesar cerca de
duzentos e cinquenta quilos. É considerado o rei dos
animais. Sua característica principal entre os demais na
descrição da besta, é o poder de devorar, estraçalhar.
“Sobre a cabeça possuía um nome blasfemo”. A
blasfêmia é insubordinação, rebelião e menosprezo contra
Deus; a marca registrada do Dragão.
Isto prova que a Besta continua com os mesmíssimos
propósitos e desígnios do Dragão: o de ser eternamente
contrário a Deus:

Foi-lhe dada uma boca para proferir palavras insolentes e


blasfêmias, e também poder para agir durante quarenta e dois
meses. Ela abriu então a boca em blasfêmias contra Deus,
blasfemando contra seu nome, seu tabernáculo e os que habitam o
céu. ( Ap 13, 5-6 )

No capítulo 17, João volta a tratar sobre a Besta:

A Besta que viste existia, mas não existe mais... ( Ap 17, 8 )


Aqui é necessário a inteligência que tem discernimento: As sete
cabeças são sete montes...
( Ap 17, 9 )

São também sete reis... ( Ap 17, 9 )

... dos quais cinco já caíram, um existe e outro ainda não veio,
mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo. ( Ap 17,
9-10 )

Ora, nesta sequência de versículos, nota-se uma


predominância para o fator tempo; para uma medida de
tempo. Senão vejamos:

MONTES: Dá a ideia de volume, de quantidade, de


medida. Se considerarmos que à época de João o relógio
mais comum que existia era a ampulheta e que, nela, após
escorrer toda a areia do vaso superior para o inferior, forma
um monte com um pico, uma cabeça.

CAÍRAM: Não significa apenas que desapareceram ou


que foram tomados, conquistados, mas dá uma forte ideia
de que passaram, de que são períodos de tempo.

UM EXISTE: Um dos sete. Mas, qual deles? O sexto.


Então, o sexto existe e cinco já passaram. O que existe, o
atual: o sexto tempo.

O OUTRO: Se cinco já passaram e o sexto é o atual, o


outro só pode ser o sétimo.
Pois bem, quem está a dizer a João a sequência dos
números é o Anjo. E se ele diz que cinco caíram, um existe e
o outro ainda não veio, por uma questão de lógica, deduzo
que toda a óptica está se desenvolvendo no sexto tempo,
pois dos sete é o único que existe, uma vez que cinco já
passaram e o sétimo ainda não veio. Donde sou levado a
crer que o desenrolar dos acontecimentos do Apocalipse se
dá na sua quase totalidade no sexto período, em nenhum
dos antecessores, e no breve tempo do sétimo. Então, a
consumação de todas as coisas vai, do final do sexto a
pouca duração do sétimo, perfazendo, em minha
opinião, um período aproximado de duzentos anos.
Devido a esta dedução, sou levado mesmo, a
considerar os sete reis e os setes montes, como sendo sete
períodos de tempo. Mas, que tempo? Dentro da minha
análise geral, cheguei à conclusão de que cada período
corresponde a um milênio, mil anos.
De acordo com as Escrituras, a cronologia das idades
na árvore genealógica de Jesus, de Adão a Jesus temos
quatro mil anos. Entre Adão e Jesus se passaram quatro
milênios. De Jesus até nós (1986) é fácil, quase dois mil
anos. Quatro mil até Jesus, com dois mil depois de Jesus,
nos dá um total de seis mil anos. Convém lembrar aos
menos avisados que o milênio se conta a partir do primeiro
ano, e não do último; assim, em 1.986, estamos no
finalzinho do sexto, e não do quinto, já com um pé no
sétimo milênio. E, o sétimo deverá ter pouca duração.
Esta afirmação de pouca duração é do Apocalipse.
Mas, no Evangelho também temos uma declaração a
respeito. O próprio Jesus fez referência à curta duração do
sétimo milênio: “E se aqueles dias não fossem
abreviados, nenhuma vida se salvaria...” (Mt. 24, 22).
Embora a teologia clássica aplique este versículo à
destruição do templo em Jerusalém no ano 70 e a dispersão
dos judeus, não posso concordar, pois o texto diz que:
“Haverá uma grande tribulação, tal como não houve desde
o princípio do mundo até agora...”(Mt 24, 21).
Ora, se o texto diz que não houve, então a aplicação à
destruição do templo e a dispersão no ano 70 não pode ser
a referida por Jesus, uma vez que no passado, o templo
original foi completamente destruído e o povo disperso pelo
mundo e os príncipes levados cativos para Babilônia. O que
ocorreu no ano 70 já havia acontecido, nas mesmas
proporções, no tempo do cativeiro na Babilônia.
Então, se o fato não se aplica ao ano 70, pois houve
similar no passado, acredito que está ainda por ocorrer. E
que, de fato ocorrerá no curto período do fim do sexto e
início do sétimo milênio.
Outra referência, que dá base a esta afirmação, é: “A
Besta que existia não existe mais. É ela o oitavo e também
um dos sete, mas caminha para a perdição” (Ap 17, 11).
Numa outra tradução, na de João Ferreira de Almeida,
o mesmo texto ficou assim: “E a Besta que era e não é,
também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha
para a destruição” (Ap 17, 11).
Assim, posso concluir que a Besta, aqui tratada
especificamente de sua duração, é o período de tempo de
sete milênios, sendo o sétimo de curta duração. O procede
dos sete, nos dá a seguinte opção:

– Procede, não significa que os sete milênios sejam


exclusivamente malignos, mas que o mal está contido
neles. Que veio se processando, se aperfeiçoando desde o
primeiro e que culminou no sétimo seu mais alto grau de
maldade, de morte.
Ao dizer que “é também o oitavo e vai à perdição”
leva-me a raciocinar o seguinte:

– O mal continuará a existir, pois, do contrário, não


teria sentido afirmar a existência de um oitavo período.

– A afirmação de que “vai à perdição”, me sugere que


o mal embora existindo, será completamente vencido e
isolado, a tal ponto de não mais surtir efeito algum sobre o
Homem e a criação.

Nas Sagradas Escrituras, a palavra perdição tem um


sentido absoluto, total, definitivo, irrevogável, eterno. Então,
pode-se deduzir que o mal será isolado, erradicado para
sempre, por toda a eternidade. Poderá até continuar
existindo, mas de forma tal que para aqueles que estiverem
fora (salvos) será como se não mais existisse (Para muitos
teólogos o inferno será “descriado” por Deus).
Nesse ponto, concluo que a Besta é o mal contido
durante os sete períodos.
O Apocalipse diz que a Besta está no lugar do
Dragão, e que este é o demônio, satanás. E, segundo minha
interpretação, a duração da Besta, do mal, é de sete
milênios, sendo que o sétimo dura pouco. Também, é sabido
que a Besta é altamente mortal. Precisamos, a partir de
agora, na história, determinar o que seja, realmente, a
Besta.

Vi então uma Besta que subia do mar. Tinha dez chifres... sobre os
chifres havia dez diademas... ( Ap 13, 1 )

Os dez chifres que viste são dez reis que ainda não receberam um
reino. Estes, porém, receberão autoridade como reis por uma hora
apenas, juntamente com a Besta. ( Ap 17, 12 )

Chifre, para o povo Judeu, era sinal de poder, de


poder político. Sendo poder político, resta-nos indagar
qual tipo de Governo.
De acordo com o texto, o regime de governo sugere
ser a monarquia, pois temos as indicações claras: chifres -
reis - diademas.
Naquela época, um rei tinha poderes quase divinos.
Ou melhor, muitos deles se declaravam deuses, com culto
de adoração e tudo o mais.
A Besta é, então, um regime de governo autoritário,
absolutista. É um sistema de governo, um tipo de
governo. Mas, fica a pergunta: qual o país ou países destes
dez reis? Qual a época, na história, que governaram, ou que
governam?
Observando bem o capítulo 17, versículo 12, tem-se a
resposta: “São dez reis que ainda não receberam reino”.
Ora, um rei sem um reino não tem graça. Ou então,
são herdeiros aguardando. Ou, como é o correto, são reis
reinando sem um reino definido, definitivo, sob condições
que lhes são adversas, impedindo-os de assumirem
definitivamente, plenamente. Embora não tenham ainda um
reino definitivo, estão a reinar: “Estes, porém, receberão
autoridade como reis por uma hora apenas, juntamente
com a Besta” (Ap 17, 12).
Em primeiro lugar, vê-se que o poder é outorgado,
recebido de outro. E este poder tem limite de tempo: “por
uma hora apenas”.
Esta uma hora tem um significado de restrição,
limitação. Não se pode considerar que seja uma hora de
sessenta minutos.
Se a autoridade, o poder que receberão, é limitada,
restrita, é juntamente com a Besta, pode-se deduzir que o
seu poder durará enquanto durar a Besta, isto é, sete
milênios.
Daí pode-se chegar à conclusão final sobre o que seja
o Dragão e a Besta:

Dragão = demônio, satanás, Lúcifer.

Besta = sistema de governo, político, autoritário,


absolutista, a serviço do demônio. E que, por estas
características, é contrário a Deus e altamente mortal para
o homem.
E não só para o ser humano, como também para a
natureza, para toda a criação.
A mim me parece que o Dragão, Lúcifer, colocou em
seu coração que, se não dava para se apossar, em
definitivo, da criação e da humanidade, iria destrui-las. E
com este intento, pôs-se a executá-lo.
Não há definição melhor para a Besta do que a de
Frederico Nietzsche em “Assim falava Zaratustra”, no
capítulo denominado Novo Ídolo:

Ainda em algumas partes há povos e rebanhos; mas entre nós,


irmãos, entre nós há estados.
Estados. Que é isso? Vamos! Abri os ouvidos, porque vos vou falar da
morte dos povos.
Estado chama-se o mais frio dos monstros.
Mente também friamente, e eis que mentira rasteira sai da sua boca:
“Eu, o estado, sou o Povo”.
É uma mentira! Os que criaram os povos e suspenderam sobre eles
uma fé e um amor, esses, eram criadores: serviam a vida.
Os que armam laços ao maior número e chama a isso um estado,
são destruidores; suspendem sobre si uma espada e mil apetites.
[...] Uma confusão das línguas do bem e do mal: é este o sinal
do estado.
[...] “Na terra nada há maior do que eu: eu sou o dedo ordenador de
Deus” – assim grita o monstro. E não só os que têm orelhas
compridas e vista curta que caem de joelhos! [...]
A vós outros quer ele dar tudo, se o adorardes.
Assim compra o brilho da vossa virtude e o altivo olhar dos vossos
olhos. [...]
Vede pois, esses adquirem riquezas, e fazem-se mais pobres.
Querem o poder, esses ineptos, e primeiro de tudo o palanquim do
poder: muito dinheiro!
[...] Todos querem abeirar-se do trono; é a sua loucura – como se a
felicidade estivesse no trono! – Frequentemente também o trono
está no lodo. [...] Assim falava Zaratustra. [Grifos meus]. (Disponível
em www.eBooks.org, acessado em 27-12-2009).

Assim, a Besta é todo o sistema de governo sem


Deus. E quem a empossou sobre a criação e os homens,
conforme o Apocalipse, foi o Dragão.
Uma indagação nos vem à mente: - Como e quando o
Dragão se tornou senhor dos reinos da Terra? Esta sua
condição está afirmada no Evangelho e não foi contestada
por Jesus:

O diabo, levando-o para mais alto, mostrou-lhe em um instante todos


os reinos da terra e disse-lhe: “eu te darei este poder com a glória
destes reinos, porque ela me foi entregue e eu a dou a quem eu
quiser”. ( Lc 4, 5-6 )

Quem entregou o governo do mundo ao diabo? Por


certo que não foi Deus. As Escrituras afirmam que o
governo do mundo foi entregue por Deus ao Homem, logo
que foi criado:

Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele os criou,


homem e mulher os criou. Deus os abençoou e lhes disse: “Sede
fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a; dominai
sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que
rastejam sobre a terra”. ( Gn 1, 27-28 )

Quando vejo o céu, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que
fixaste, que é um mortal, para dele te lembrares, e um filho de Adão,
que venhas visitá-lo? E o fizeste pouco menos do que um deus,
coroando-o de glória e beleza. Para que domine as obras de tuas
mãos sob seus pés tudo colocaste. ( Sl 8, 4-7 )
Infelizmente, quando lá no Gênesis o Homem aceitou
se submeter ao diabo, à sua vontade e condução, ali
desfilhou-se de Deus e filhou-se ao Dragão, entregando-lhe,
então, o governo do mundo, e de si mesmo.
Esta nova condição é confirmada por Jesus:

Vós fazeis as obras do vosso pai. Disseram-lhe, então: “Não


nascemos da prostituição; temos só um pai: Deus”. Disse-lhes Jesus:
“Se Deus fosse vosso Pai, amar-me-íeis, porque saí de Deus e dele
venho; não venho por mim mesmo, mas foi ele que me enviou. Por
que não compreendeis minha linguagem? É porque não podeis
escutar minha palavra. Vós sois do diabo, vosso pai, e quereis
realizar os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o
princípio, e não permaneceu na verdade, porque nele não há
verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso e pai da mentira. Mas, porque digo a verdade, não credes
em mim. Quem dentre vós, me acusa de pecado? Se digo a verdade,
por que não credes em mim? Quem é de Deus ouve as palavras de
Deus; por isso não ouvis: porque não sois de Deus”. ( Jo 8, 41-47
)

Disso tudo posso concluir que a Besta é o Estado, ou


seja, todo tipo de poder sem Deus.
Quando lembro do diabo dizendo a Jesus que toda a
glória dos reinos do mundo lhe pertence, fica subtendido
que tudo o mais também está sob seu domínio, caso
contrário, não seria toda a glória, mas apenas parte dela.
Jesus reconhece a soberania diabólica de satanás ao
chamá-lo de príncipe deste mundo. E como não pode haver
dois senhores simultâneos, no mesmo reino, com poderes
diametralmente opostos, declara que o seu reino é outro.
Que está presente no mundo, mas não é o deste mundo:
É agora o julgamento deste mundo, agora o príncipe deste
mundo será lançado fora... ( Jo 12, 31 )

Jesus respondeu: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino


fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para eu não
ser entregue aos Judeus. Mas meu reino não é daqui”. ( Jo 18, 36
)

Uma vez constituído um governo, quer seja pelo voto


numa democracia, ou num regime monárquico, ou numa
ditadura, fica extremamente difícil destituí-lo. São
sustentados por potentes forças militares e jurídicas. Esta é
a comparação com a firmeza dos pés do urso.
Os governos dispõem de um aparato estatal para
agirem com grande prontidão e agilidade. Contam com
ramificações de poderes espalhados por todo o seu
território e um eficiente sistema de interação entre eles.
Todo empreendimento privado precisa ser cadastrado,
autorizado e fiscalizado o tempo todo, pelo estado. Esta é a
comparação com a agilidade da pantera.
Quando o estado se sente ameaçado, por qualquer
natureza, age com o rigor da força que o sustenta. E, em
casos em que a ameaça é grande e iminente, utiliza até
mesmo métodos ilegais e mortais. Esta é a comparação
com a mandíbula do leão.
Então, a Besta é o estado, o governo; toda forma de
poder, sem Deus.
O PROFETA DA BESTA

Vi depois outra Besta sair da terra: tinha dois chifres como um


Cordeiro, mas falava como um dragão. Esta exerce toda a autoridade
a serviço da primeira Besta, fazendo com que a terra e seus
habitantes adorem a primeira Besta, cuja ferida mortal tinha
sido curada. ( Ap 13, 11-12 )

Primeiro, temos o Dragão, que é o próprio demônio.


Depois, a Besta, que é o poder material, o sistema político-
social-econômico-ideológico, contra Deus.
O Dragão é o demônio, e a Besta é o reino do
demônio sobre a Terra, é todo o sistema que encarna a
mentalidade do demônio. Este sistema seduz, doutrina e
manipula a humanidade. Mas, não é absoluto, não é único
no mundo; não tem pleno poder, porque a misericórdia de
Deus ofereceu e oferece ao mundo (o mundo que é
governado pela Besta a serviço do Dragão), a salvação,
Jesus Cristo.
Como o poder da Besta não é absoluto, precisa se
divulgar, se anunciar, se propagar. Também, o reino de
Deus não é absoluto na Terra, não tem poder pleno, “até
que se cumpram as palavras de Deus”. Igualmente, o Reino
de Deus precisa se divulgar, se anunciar, se propagar:
precisa ‘Ir por todo o mundo e proclamar o evangelho a toda
criatura’ ” (Mc 16, 16).
À Igreja foi dada a missão de anunciar, divulgar e
doutrinar o mundo. E todo o ensinamento que à Igreja foi
dado anunciar, é o Evangelho; a “boa notícia que Jesus
trouxe ao mundo”. A notícia de salvação para o mundo, se o
mundo renunciar ao Dragão e se submeter a Deus, crendo
em Jesus.
O Evangelho foi trazido por Jesus. E se Jesus veio de
Deus, como está escrito: “No princípio era o verbo e o verbo
estava com Deus e o verbo era Deus” (Jo 1, 1), então, o
Evangelho não foi produzido na Terra, não foi gerado pela
mentalidade humana, mas veio do alto, do Céu, de Deus.
Já o anúncio da Besta, que é o pensamento do
demônio governando a Terra, pode se dizer, no sentido
literal, que foi produzido na terra: “Vi depois outra Besta
sair da terra...” (Ap 13, 11).
Se na Terra impera a mentalidade do Dragão, é lógico
que aí há clima para se produzir e criar artifícios que sejam
do seu interesse.
O demônio não dita suas leis em tábuas de pedra. Ele
utiliza a própria lei de Deus e induz o Homem não só a
desobedecê-la, mas a “obedecê-la ao contrário”.
E isto se processa de uma maneira tão sutil que
imensa multidão de pessoas serve ao Maligno a vida inteira,
convencidos de que estão sendo da mais elevada
obediência a Deus:

Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos
Céus. (Mt 7, 21)

O demônio faz o anúncio do seu reino concedendo à Besta capacidade


de criar mecanismos de divulgação que sejam considerados pela
humanidade como algo grandemente benéfico, necessário e maravilhoso.

“... tinha dois chifres como um Cordeiro, mas falava como um


dragão”. ( Ap 13, 11 )

A antítese entre cordeiro e dragão denuncia a astúcia


e a sutileza da Besta, que divulga venenos mortais em
“embalagens maravilhosas” de produtos “bons ao apetite,
formosos à vista e desejáveis para adquirir...”.
O cordeiro é uma ovelha nova, mansa, tratável, com o
qual até as crianças brincam sem qualquer dano.
Aparentemente o anunciante da Besta se faz passar
por inofensivo, inocente; esta é sua relação “como um
cordeiro”. Contudo, sua consequência final, tanto no que é
explícito quanto naquilo que está em nível subliminar, é
altamente mortal; esta é sua relação “como dragão”.
Esconde numa aparência inofensiva o veneno mortal de sua
sedução.
Os adoradores da Besta, encantados e seduzidos pela
aparência inocente do seu Falso Profeta, vão, sem perceber,
fazendo sua vontade e se distanciando cada vez mais, para
longe de Deus.
As verdades divinas são substituídas pelas do Dragão,
de forma lenta, progressiva. Até que se mude por completo,
com tudo parecendo normal; ao ponto de não se perceber
mais que o mal é mau.

Esta exerce toda a autoridade a serviço da primeira Besta, fazendo


com que a terra e seus habitantes adorem a primeira Besta, cuja
ferida mortal tinha sido curada.
( Ap 13, 12 )

“A serviço da primeira Besta”: está claro que é um


meio de divulgação do sistema.
A primeira Besta chamaremos, doravante, de sistema.
Então, o sistema demoníaco cria um veículo de
divulgação de si mesmo: “... fazendo com que a terra e
seus habitantes adorem a primeira Besta...” (Ap 13, 12).
João chamou a este veículo de divulgação de outra
Besta, uma segunda Besta, isto, por seu caráter maligno.
Sua função é fazer a humanidade adorar a primeira Besta;
adorar o sistema demoníaco. Em outras palavras diretas,
fazer a humanidade desobedecer a Deus para obedecer ao
demônio.

Ela opera grandes maravilhas... ( Ap 13, 13 )

Com o advento deste meio de divulgação, coisas e


fatos extraordinários ocorrem, maravilhando a humanidade.
Operar grandes maravilhas não significa, necessariamente,
que nela mesma, mas à sua volta.

Graças às maravilhas que lhe foi concedido realizar a serviço da


Besta, ela seduz os habitantes da terra, incitando-os a fazer uma
imagem em honra da Besta que tinha sido ferida pela espada, mas
voltou à vida. Foi-lhe dado até mesmo infundir espírito à imagem
da Besta de modo que a imagem pudesse falar e fazer com que
morressem todos os que não adorassem a imagem da Besta. ( Ap
13, 14-15 )

Nestes versículos, noto uma particularidade


surpreendente, algo que desviou minha atenção da análise
moral do texto para uma análise estritamente técnica.
Dentro da análise técnica percebo que é da área
eletroeletrônica. E, deixando de lado, momentaneamente, a
análise moral e partindo para a análise técnica,
especificamente na eletroeletrônica, descubro que o texto
está repleto de objetos da mais avançada tecnologia do
século XX.
Sublinhei as palavras imagem e falar.
Notei que a imagem surgiu primeiro e que a fala foi
adicionada à imagem.
Imagem não quer dizer exclusivamente escultura,
mas, pintura, tela.
Ora, o que vem a ser a fala? A fala é som. Então,
temos agora dois termos técnicos atualíssimos em nosso
século: som e imagem. E se considero que a imagem
surgiu antes do som, isto me leva a admitir o cinema mudo.
Muitos, nesta geração, lembram-se do cinema mudo. Basta
citar apenas um exemplo universal: Charles Chaplin. Lá,
tínhamos a imagem, mas não tínhamos o som. Somente
algumas décadas depois é que surgiu o cinema sonoro,
quando o som foi adicionado à imagem. No entanto, as
demais descrições não colocam o cinema em evidência no
texto, mas a televisão; senão, vejamos:

... tinha dois chifres como um Cordeiro... ( Ap 13, 11 )

Foi-lhe dado até mesmo infundir espírito á Imagem da Besta, de


modo que a imagem pudesse falar. ( Ap 13, 15 )

Faz também com que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres,


livres e escravos... ( Ap 13, 16)

Dois chifres: antenas, principalmente as internas.

Infundir espírito: dar vida, mover, fazer falar, adicionar


o som.

Pequenos e grandes: crianças e adultos.

Ricos e pobres, livres e escravos: a televisão está nos


palácios, nas favelas e prisões.

Em suma, a televisão é vista, em igualdade de


condições por intelectuais e analfabetos, pois ver e ouvir é
uma característica inata de todos os homens, não
importando qual seja sua condição social, cultural, política e
econômica. Pode ser vista e entendida por adultos e
crianças; a televisão nivela a humanidade.
A televisão está presente em aldeias nas mais
remotas florestas do mundo, e nos confins do cosmo.
Muitos teólogos taxam a minha interpretação de
concordismo. Alguns consideram até mesmo um chute
desaforado de minha parte.
Faço, aqui, um desafio a todos eles e a quaisquer
outros interessados: – Encontrem e mostrem-me na face da
Terra, um similar para a televisão. E, é claro, não vale o
cinema e seus derivados, nem os derivados da televisão;
pois formam o complexo de aprimoramento da TV. Tem que
ser algo que utilize simultaneamente o som e a imagem e
que não tenha nenhum dos componentes que entram em
sua composição, nem de seus derivados.
Agora, sei que muitos estão bravos por eu taxar a
televisão de Profeta da Besta. Declaro que todas as
minhas opiniões amadureceram ao longo de vários anos de
meditação e estudos, e que, não cheguei sozinho a esta
conclusão; muita gente boa e inteligente viu na televisão
um terrível mal para a humanidade.
As Nações Unidas instituíram uma comissão para
estudar os meios de comunicação e divulgação na
década de 80, cujo tema foi “Nova ordem mundial para
informações e comunicações”. Na assembleia geral deste
evento, o presidente desta comissão foi enfático em acusar
a mídia ocidental de dominar, controlar e manipular as
opiniões das populações dos países pobres:
“Os países desenvolvidos e poderosos dominam o fluxo e o
conteúdo das informações e das comunicações devido a seus
amplos recursos econômicos e tecnológicos”, disse o
embaixador filipino Luis Moreno Salcedo. [Grifos meus].

Arthur da Távola escreveu, em O Popular (Goiânia,


abril de 1.983), o seguinte:
A essencialidade do ser – digo eu – é ao mesmo tempo a sua
explicitação e o seu mistério. De tempos imemoriais a arte visual
aproxima-se da figura humana e animal com ânsia de traduzir-lhe
evidências e mistérios... A tevê alimenta-se de figuras humanas que
representam ideias e padrões. Precisa, portanto, (platonicamente)
do simulacro e da verossimilhança (cópia). O que ocorrerá com as
sociedades na medida em que, ao lado das demais influências atue
uma outra, peculiar, a televisão, portadora das mensagens que a
emoção, a dor, a alegria ou a tragédia expressam nos rostos? A meu
juízo ocorrerá uma expansão ilimitada do mecanismo empático.
Televisão educa pela expansão ilimitada do mecanismo empático.
Televisão educa pela empatia... O ator é portador dessa infinidade e
dessa inerente possibilidade de antagonizar os ditames do
sistema produtor para o qual trabalha. [Grifos meus]. (ARTHUR
DA TÁVOLA. O Popular. Goiânia, 23 abril de. 1983, caderno 2, p.16).

Do mesmo jornal O Popular, Eduardo Jordão escreve:

O mundo, como num passe de mágica, engraçado e surpreendente,


está mudando para ligths... A partir deste instante, não é mais
preciso se angustiar por falta de amor, por um bom relacionamento
com os outros, nem chorar a confiança e a amizade perdidas.
Vamos para ligths com nossas máquinas possantes, nossas roupas
blue jeans, feita com legítimo índigo, soltar o corpo, saltar barreiras,
atravessar rios em motos ou camionetas, viver minutos em alta
velocidade, consumindo, consumindo como um porco na ceva, até se
regalar de bens móveis, imóveis e eletrodomésticos. Afinal, lá em
ligths, tem uma indústria que fabrica coisas tão maravilhosas que
todas as virtudes humanas ficam para trás, tornam-se autênticas
peças de museu, coisas do tempo em que o homem atrasado,
coitado, ainda fazia boa música, cantava, encenava, cuidava da
família, lutava contra a poluição, falava em preservação da natureza,
acreditava nos livros e nos políticos eleitos pelo povo, como imagens
moralizadoras do poder. [Grifo meu]. (EDUARDO JORDÃO. O Popular.
Goiânia, entre 1982 e 1986 [data exata perdida]).
Alex Abrão Abdalla, empresário da moda em Goiânia, com bastante
experiência, tendo começado como balconista e, hoje, mantêm sua
própria loja, fala da influência das novelas na preferência de sua
clientela: “Sem dúvida nenhuma, a moda programada para o visual
dos artistas das novelas da Rede Globo acaba sendo assimilada
pelo público que, logo em seguida passa a copiá-la. E a influência
não fica apenas na vestimenta, vai ao estilo dos cabelos, as cores
para a estação, os detalhes, os costumes das personagens e, em
alguns casos, até as gírias usadas..”. [Grifos meus]. (EDUARDO
JORDÃO. O Popular. Goiânia, 28 novembro de 1982. Caderno 2, p.1).

Dentro destas análises de como a televisão induz,


convence, apela e até obriga o cidadão a adotar hábitos,
costumes e pensamentos, nesta mesma reportagem de
Eduardo Jordão, ao tomar o depoimento de um empresário,
posso ter a certeza máxima daquilo que atesto:

Juscelino Araújo, modelo de propaganda, manequim e empresário da


moda Summer Jeans, comentou: “ Pelo que temos observado
aqui na loja e no convívio diário com o público jovem, a moda usada
pelas personagens das novelas influencia bastante a preferência
do público para essa ou aquela marca. Isso é decorrência natural,
pois quando a novela vai ao ar já temos em estoque aquilo que,
segundo as confecções, o público vai preferir... As confecções nos
dão o toque com antecedência e, então, formamos o estoque. E, a
partir daí as pessoas chegam à loja e pedem a roupa que viu no
vídeo e gostou”. [Grifos meus]. (EDUARDO JORDÃO. O Popular.
Goiânia, 28 novembro de 1982. Caderno 2, p.1).

Então, se analisarmos que os produtores, os autores e


as personagens são um grupinho de algumas dezenas de
pessoas, que as novelas vão ao ar em horários nobres
atingindo milhões de telespectadores e que, de acordo com
o depoimento acima, que é a pura verdade, no dia seguinte
as pessoas estão a reagir de acordo com o que viram e
ouviram na televisão. Isto, ao ponto desta prática sucessiva
possibilitar a antevisão, a previsão da reação do público.
Conclui-se que este mesmo público pode ser, e é,
manipulado, controlado, conduzido e explorado sob todos os
aspectos possíveis: comercial, psicológica, moral, política,
social e espiritualmente, tudo de acordo com a vontade de
quem pagar mais, de quem puder mais.
A relação direta entre a televisão e o comércio é
inegável, incontestável. Este vínculo é fundamental para se
entender a Besta, o seu profeta e o número 666, que
veremos adiante.
De fato, se o sistema, a Besta, está a reinar no mundo
dos Homens, por inspiração do demônio, ela utiliza o seu
Falso Profeta para, por sedução, levar a humanidade a
substituir as verdades Divinas pelas falsidades do Dragão.
Devemos recordar que quando o Dragão, a antiga
serpente, convenceu Eva a pecar, ele o fez através da
propaganda (comercial) de um produto: o fruto proibido da
Árvore do Bem e do Mal.
E, como acontece hoje em dia, Eva, seduzida, fez
propaganda boca-a-boca para seu marido, que também
“adquiriu” a ideia e o produto.
Disto tudo concluímos, mais ainda, com a
comprovação do dia-a-dia, que a televisão trabalha a favor
do sistema, patrocinada pelos poderes políticos,
econômicos, militares, culturais, “religiosos” e psicológicos.
Daí vemos que João captou muito bem a relação da
televisão com o comércio.
No capítulo 18, versículos de 11 a 13, ao descrever o
lamento de todos os materialistas ao verem a Terra
destruída, a denominada Babilônia, João realça qual o
motivo de suas dores:
Os mercadores da terra também choram e se enlutam por sua causa,
porque ninguém mais compra suas mercadorias: carregamento de
ouro e de prata, pedras preciosas e pérolas, linho e púrpura, seda e
escarlate, todo tipo de madeira perfumada, de objetos de marfim, de
madeira preciosa, de cobre, de ferro, de mármore, canela e amomo,
perfumes, mirra e incenso; vinho e óleo, flor de farinha e trigo, bois e
ovelhas, cavalos e carros, escravos e vidas humanas... ( Ap 18, 11-13
)

No 28° Congresso Mundial de Publicidade, segundo a


Revista Briefing (junho de 1982), Homero Icaza Sanchez,
diretor de análise e pesquisa da Rede Globo de televisão
disse:
A televisão, por diversos motivos, é um meio extraordinário não só
para a venda de produtos, mas também para a transmissão de
programas ideológicos (NR.SIC) ou de todas as formas de que o
homem necessita para informar e convencer o seu
semelhante. [Grifos meus]. (REVISTA BRIEFING. São Paulo, junho de
1982).

No mesmo congresso, Luiz Melnik, da Volkswagen


argentina, observou:

Não quero ver a publicidade usando imperativos: venha... já...


imediatamente... vá... compre... são ordens que não devem existir
no relacionamento entre os homens, quando nesse relacionamento
não há subordinação. Há um excesso de publicidade interferindo na
vida da gente... Revela falta de imaginação. Não quero ver a
publicidade usando nossos jovens como objetos... objetos vazios e
ociosos. Lembremos que nos comerciais, durante a maior parte do
tempo os jovens estão dançando, cantando, brincando, patinando...,
mas nunca trabalhando, nunca criando... eu gostaria de ver uma
publicidade audaciosa, mas não sem pudor. Agressiva, mas não
insultante. Exagerada, mas não mentirosa. [Grifos meus].
(REVISTA BRIEFING. São Paulo, junho de 1982).
Melnik disse que gostaria de ver. O verbo está no
futuro do pretérito, no condicional. É sinal que no presente
está ocorrendo o pior, a ponto de levá-lo a querer ver, um
dia, a melhora.
Estas declarações são de um representante de uma
das maiores empresas do mundo e também publicitário.
Com estas palavras, ele dá testemunho contra si próprio e
contra o poder que representa de que a publicidade é sem
pudor, insultante e mentirosa.
Assim, podemos concluir, sem maiores dificuldades,
que o Falso Profeta a serviço da Besta é a televisão.
O Papa Bento XVI, em sua “Mensagem para o 42° Dia
Mundial das Comunicações Sociais”, entre outros tópicos,
destacou os seguintes:

[...] Graças a uma vertiginosa evolução tecnológica, os referidos


meios foram adquirindo potencialidades extraordinárias, ao mesmo
tempo que levantam novas e inéditas interrogações e problemas.
[...] infelizmente, é bem real o risco de, pelo contrário, se
transformarem em sistemas que visam submeter o homem a
lógicas ditadas pelos interesses predominantes de momento.
É o caso de uma comunicação usada para fins ideológicos ou para
a venda de produtos de consumo mediante uma publicidade
obsessiva. Com o pretexto de se apresentar a realidade [Imagem
da Besta], de facto tende-se a legitimar e a impor modelos de
vida pessoal, familiar, ou social. [...] por isso, há que interrogar-
se se é sensato deixar que os instrumentos de comunicação social se
ponham ao serviço de um protagonismo indiscriminado ou acabem
em poder de quem se serve deles para manipular as
consciências. Quando a comunicação perde as amarras éticas e se
esquiva ao controle social, acaba por deixar de ter em conta a
centralidade e a dignidade inviolável do homem, arriscando-se a
influir negativamente sobre a sua consciência, sobre as suas
decisões, e a condicionar em última análise a liberdade e a própria
vida das pessoas. [...].
É preciso evitar que os media se tornem o megafone do
materialismo econômico e do relativismo ético, verdadeiras
pragas do nosso tempo.
[...] Invoquemos o Espírito Santo para que não faltem comunicadores
corajosos e testemunhas autênticas da verdade que, fiéis ao
mandato de Cristo e apaixonados pela mensagem da fé, “saibam
tornar-se intérpretes das exigências culturais contemporâneas,
comprometendo-se a viver esta época da comunicação, não como
um tempo de alienação e de confusão, mas como um período
para a investigação da verdade e para o desenvolvimento da
comunhão entre os povos” (João Paulo II, Discurso no congresso
Parábolas Mediáticas, 9 de Novembro de 2002). [Grifos meus]. (Papa
BENTO XVI. Mensagem para o 42° Dia Mundial das Comunicações
Sociais. Domingo, 04 de maio 2008).

Um versículo todo especial está inserido no texto que


fala do Falso Profeta a serviço da Besta: “Ela opera grandes
maravilhas: Até mesmo a de fazer descer fogo do céu
sobre a terra, à vista dos homens” (Ap 13, 13).
De uma forme ou de outra, a televisão é, apenas, “a
ponta do iceberg” daquilo que João denominou de “a Besta
que sai da terra”. Por suas características extraordinárias
acabou por assumir em si, o título. É bem verdade que a
televisão é o centro, mas não o todo. A este todo denomina-
se de tecnologia.
Então, a tecnologia, no seu todo, é ela a Besta que sai
da Terra.
Mário Sanchez, no mesmo livro, “O Apocalipse
Interpretado”, percebeu a origem da tecnologia moderna,
que nos tempos atuais aflora com toda força, criatividade e
diversidade, deixando a todos maravilhados, hipnotizados:
“As forças negativas da mente humana (fera do mar) que dominam
nesta época têm como auxiliar a força material da técnica e da
ciência (a fera que sobe da terra)”: [Grifos meus].
Na época em que o Apocalipse foi publicado, fazer
descer fogo do céu à Terra era um atributo exclusivo de
Deus, ou deuses (conforme a crença). Primeiro, porque
naquele tempo o só subir acima das nuvens era
simplesmente impossível aos humanos. Depois, subir, e
ainda carregando uma grande quantidade de fogo, quer
seja em lenha, quer seja em piche para de lá atirar à Terra,
era algo jamais sonhado. Mas João viu fogo ser atirado do
céu sobre a Terra. Ele estava no futuro e vendo isto ocorrer.
E não é linguagem figurada, nem invenção; é o fato puro e
simples.
Então fui buscar na história contemporânea onde
fosse possível, de alguma forma, encontrar algo que
pudesse fazer com que o fogo fosse lançado do céu à Terra.
Não é difícil, para uma pessoa do ano 96 dizer que viu fogo
caindo do céu, estando nos séculos vinte a vinte e um, ao
observar, numa guerra, bombas convencionais, ou
atômicas, sendo detonadas.
Também, a visão dos mísseis nas diversas guerras no
oriente médio, dão uma perfeita ideia de fogo sendo
lançado do céu à terra.
Esta é uma interpretação das mais fáceis, pois é do
conhecimento universal, uma vez que as guerras modernas
são transmitidas ao vivo para o mundo todo.
O NÚMERO 666

Faz também com que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres,


livres e escravos recebam uma marca na mão direita ou na
fronte, para que ninguém possa comprar ou vender se não tiver a
marca, o nome da Besta ou o número do seu nome. Aqui é
preciso discernimento! Quem é inteligente calcule o número da
Besta, pois é um número de homem: seu número é 666! ( Ap 13, 16-
18 )

Mário Sanchez, ainda em O Apocalipse Interpretado


(1980), compreendeu assim:

Fez com que todos levassem uma marca na mão direita (um cartão
de CPF, CGC, RG, etc.) ou na fronte (na memória). Trata-se de algo
que nós já conhecemos. Trata-se de um número que todos devem
conhecer e sem o qual ninguém pode comprar nem vender sem dar
este número. [...] nós recordamos que São João viveu na era
Romana, com cultura grega. Tanto na Grécia como em Roma,
Jerusalém, Alexandria ou Patmos, os números se escreviam com
letras.
São João foi levado em desdobramento até a era do fim do ciclo de
Peixes (nossa época) e aqui viu tudo e descreveu ao pé-da-letra o
que viu. Viu CGC, CPF, CCCP, URSS, USA, e tantas outras siglas
necessárias ao pobre homem de hoje, viu cifras e algarismos (que
não existiam no seu tempo) e tentou contar o que viu para seu
tempo. Melhor do que isto que temos é querer demais! 666 é CGC,
CPF, etc., o número que a imagem da Besta (o computador) tem
registrado para permitir comprar ou vender. (MÁRIO SANCHES. O
Apocalipse Interpretado, 1980, p-77-78).

Desconheço outro documento, além de CGC e CPF


que seja exigível para comprar ou vender. E, é claro, não
vale cartões, código de barras, duplicatas, promissórias,
cheques e títulos, pois tudo isto é derivado e remete a um
cadastro.
De acordo com a lei, nenhuma transação mercantil é
permitida sem o devido registro: a nota fiscal. E em toda
nota fiscal é obrigatório, por lei, constar o CGC e/ou o CPF,
de quem vende e de quem compra.
Sem isto, entra-se na ilegalidade, clandestinidade, nos
chamados crimes de lesa-majestade, com severas
restrições e punições e, dependendo do governo, até com
pena capital.
Façamos um estudo, em detalhe, das expressões:
marca, nome e número.
No dinheiro, na cédula que chamamos papel-moeda,
que é mais popular, tem-se:

MARCA: os desenhos, os símbolos, os traços, as


legendas e, principalmente a efígie.

Vejamos no dicionário do Aurélio (1988), a definição


de EFÍGIE:

(Do lat. efígie.) s.f.l. Representação plástica da imagem de uma


pessoa real ou simbólica (especialmente em vulto ou relevo): “A sua
efígie (da Rainha Vitória), no cunho de suas moedas, é, em toda a
Terra, a mais preciosa representação da riqueza” (Eduardo Prado,
Coletâneas I. p. 254). 2 Representação da figura convencional de
uma personagem real ou fictícia, de uma divindade, etc: Os
romeiros adoravam a efígie da santa. c. imagem, figura, retrato (de
pessoa), (cf. efêgie, do v. efigiar.). [Grifos meus].

Nota-se que o dinheiro traz, sempre, as efígies dos


poderosos, dos governantes, dos reis, heróis, dos ricos, de
todos os que representam o sistema, o poder, o governo,
a riqueza e a glória do mundo.
Ninguém pode comprar ou vender se não tiver a marca, o nome da
Besta, ou o número do seu nome.

NOME: no dinheiro, papel-moeda, temos o nome do


país, o nome da casa da moeda, o nome da instituição que
o controla, o nome da efígie, e outros nomes, além de trazer
assinaturas.

Ninguém pode comprar ou vender se não tiver a marca, o nome da


Besta, ou o número do seu nome.

NÚMERO: no dinheiro, o número entra em destaque


especial. Na maioria das notas os números estão em
evidência nos seus quatro cantos, frente e verso, além de
vir escrito por extenso. O primeiro detalhe que nos chama a
atenção numa nota são seus números. Além do número que
indica o valor de cada nota, temos o seu número de série,
com pelo menos duas impressões em cada uma delas.

Ninguém pode comprar ou vender se não tiver a marca, o nome da


Besta ou o número de seu nome.

Sendo o dinheiro o símbolo máximo de expressão de


poder, de riqueza e glória, nada, além dele, deveria
aglutinar os três elementos descritos: marca – nome –
número.

... pois é um número de homem...

Esta expressão dá a entender que cada homem seja


numerado; que cada um tenha um número ou uma marca a
identificá-lo.
Um número, é indeterminado, dando a noção de algo
individual, pessoal.
Há um conceito no imaginário popular, sobre o
número e a marca da Besta, acreditando que as pessoas
serão marcadas como o gado.
Sobre o 666, o padre Flávio Cavalca de Castro, no seu
livro O “Apocalipse, Hoje” (1979), tem uma expressão
definitiva sobre sua interpretação: “Claramente estamos
diante de uma adivinhação”.
Sim, e continua:
Agora estamos diante de uma das passagens mais espetaculares do
Apocalipse. Talvez poucos trechos da Escritura Sagrada tenham dado
tantas oportunidades para a imaginação e para cálculos como este.
(Pe. FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO. O Apocalipse, Hoje, 1979, p-148).

No entanto, seu ponto mais brilhante sobre o tema é:

Resta, porém, uma possibilidade de interpretação para o número


666. Toda a mensagem do Apocalipse deixa claro que os esforços do
poder do mal jamais poderão vencer o povo de Deus. Serão inúteis
todos os esforços do dragão. Para indicar isto mais uma vez, usando
agora uma linguagem cifrada, João diz que o monstro tem um nome
correspondente ao número 666. Aí temos o algarismo “6” repetido
três vezes. O monstro é “o 6 em pessoa”, “o 6 por excelência”. O 6
que, por mais que se esforça nunca chega a ser “7”. Sete é o
número da perfeição, da força, da totalidade, do bem, da vitória.
Dizendo que o número do monstro é 666, João lembra que o dragão
é, afinal, um poder humano, frágil, que nunca poderá vencer os fiéis
de Cristo. (Pe. FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO. O Apocalipse, Hoje,
1979, p-149).

No meu ponto de vista, a despeito de todas as


interpretações apresentadas para o polêmico 666, ele se
relaciona única e exclusivamente com o comércio. Não tem
nada a ver com um suposto Anticristo, com política,
políticos, ou líderes de qualquer natureza. Não está ligado a
mais nada; não interfere em mais nada; não serve para
mais nada. Só é obrigatório unicamente para vender e
comprar.
A obrigatoriedade é universal. Toda pessoa terá que
usá-lo quando for vender ou comprar. É impossível, em
condições normais, que algum ser humano passe pela vida
sem comprar alguma coisa.
E depois que se exigiu a identificação legal de quem
vende ou compra, ela é utilizada. Não importa a situação
econômica, idade, estado civil, condição social.
Se fosse o CPF/CNPJ, o verdadeiro Número da Besta e
todos os têm, então ninguém se salvaria: papa, bispo,
padre, pastor, rabino, todos os líderes e fiéis de todos os
credos ou mesmo os sem crenças. Isto seria um absurdo;
não haveria pessoas salvas!
Quando concordo com a interpretação do escritor
Mário Sanches, é preciso ficar entendido que
compreendemos que João relaciona o CPF/CNPJ à Besta e ao
Anticristo ao ter uma visão geral, universal, da busca do
homem por ostentação, poder, posse e prazer. Justamente
tudo o que Jesus recusou quando Satanás Lhe ofereceu nas
tentações do deserto.
O uso do CPF/CNPJ relacionado com o comprar e
vender, ou seja, a sede de ter, ostentar e desfrutar dos
prazeres, egoisticamente, vai contra a caridosa partilha que
é exigida no Juízo Final.
Para vender ou adquirir, todos precisam usar CPJ/CNPJ.
Foi isto que João, no geral, viu e descreveu, um consumismo
desenfreado e egoísta.
Com os juízos divinos, na destruição da “Babilônia”,
sendo ela a “glória e o poder dos reinos do mundo”, os
adoradores da Besta choram, à distância, o fim definitivo e
eterno de seu festim:
Postados à distância, por medo do seu tormento, dirão: "Ai, ai, ó
grande cidade, ó Babilônia, cidade poderosa, uma hora apenas
bastou para o teu julgamento!"
Os mercadores da terra também choram e se enlutam por sua
causa, porque ninguém mais compra suas mercadorias:
Carregamentos de ouro e de prata, pedras preciosas e pérolas, linho
e púrpura, seda e escarlate, todo tipo de madeira perfumada, de
objetos de marfim, de madeira preciosa, de bronze, de ferro, de
mármore, canela e cinamomo, perfumes, mirra e incenso; vinho e
óleo, flor de farinha e trigo, bois e ovelhas, cavalos e carros,
escravos e vidas humanas...
Os frutos pelos quais tua alma anelava afastaram-se para longe de
ti; tudo o que é opulência e esplendor está perdido para ti, e nunca,
nunca mais será encontrado!
Os mercadores destes produtos, que se enriqueceram graças a ela,
postar-se-ão à distância, por medo do seu tormento; e chorando e
enlutando-se dirão: "Ai, ai, ó grande cidade, vestias linho puro,
púrpura e escarlate, e te adornavas com ouro, pedras preciosas e
pérolas: numa só hora tanta riqueza foi reduzida a nada! ( Ap 18,
10-17ª )

Como separar, então, os adoradores de Deus e os da


Besta, se todos portam CPF/CNPJ? Simples! O critério é o
Evangelho, a Palavra de Deus! Não é o documento que
determina a destinação eterna do portador, mas a sua
opção em seguir a Cristo ou a Satanás. As pessoas não
estão separadas geograficamente entre fiéis e infiéis a
Deus. Jesus disse que o joio e o trigo devem crescer juntos
até à colheita. Assim, uns usam CPF/CNPJ e são adoradores
de Deus; outros usam o mesmo documento e são
adoradores do Diabo.
Noutra passagem Jesus disse que se deve dar a César o
que é de César (ao Estado), e a Deus o que é de Deus. Os
filhos de Deus fazem isto, mas os infiéis não dão nem a
César (se o fazem é a contragosto, e sonegando ao
máximo) e nem a Deus (adoração, amor, dízimo, partilha,
caridade, esmolas) pois que pensam só em si mesmos, e
em sendo assim, dão tudo ao Diabo, até mesmo a sua
destinação eterna.
O fato de se ser cadastrado no CPF/CNPJ não determina
a fé de alguém. Estes documentos apresentam diversos
dados da pessoa ou instituição, mas nenhum que verse
sobre crença. No caso do Número da Besta, se por ventura
vier a existir, ele conterá, explicitamente, uma conotação de
crença.
O texto do Apocalipse afirma que a pessoa portará, na
testa ou na mão direita, o nome ou o número da Besta. No
caso do CPF/CNPJ este traz, além da identificação do
emissor, o nome e o número do portador, do indivíduo, do
cidadão, e não o da Besta. E são emitidos pelos países e
estados. Países estes de diferentes religiões e crenças, o
que não confere ao documento uma universalidade. Isto
contraria as interpretações particulares, uma vez que
afirmam ser a Besta e o Anticristo um poder mundial.
O CHIP

Faz também com que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres,


livres e escravos recebam uma marca na mão direita ou na
fronte... ( Ap 13,16 )

Outro Anjo, ainda, o terceiro, segui-os, em alta voz: “Se alguém


adora a Besta e a sua imagem, e recebe a marca sobre a fronte
ou na mão, esse também beberá o vinho do furor de Deus,
derramado sem mistura na taça da sua ira; será atormentado com
fogo e enxofre diante dos santos Anjos e diante do Cordeiro. A
fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos: os que
adoram a Besta e a sua imagem, e quem quer que receba a
marca do seu nome nunca têm descanso, dia a noite... Nisto
repousa a perseverança dos santos, os que guardam os
mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. ( Ap 14, 9-12 )

A marca da Besta sobre a fronte ou na mão vem


causando, principalmente nos últimos dias, grande pavor no
meio cristão.
Algumas interpretações particulares que a ligam ao
Anticristo são responsáveis por isto, ao dizerem que as
pessoas serão marcadas à força, senão, morrerão de fome,
porque os alimentos só serão vendidos a quem tiver a
marca. E, pior, dizem, ao ser marcado, mesmo contra a
vontade, passa-se a ser adorador da Besta e do Dragão e,
ainda que fora, até ali, fiel a Deus, torna-se um traidor, um
condenado.
Vários filmes sobre o tema têm espalhado o terror e,
como não há uma informação correta, mesmo porque as
autoridades competentes para um veredicto também não a
têm, o medo vai crescendo.
Agora, a coisa toma a forma de pânico, com notícias
ou boatos de que alguns países começam a projetar o
implante de chips em seus cidadãos.
Para analisar, em profundidade, esta questão,
primeiro faz-se necessário buscar fontes seguras, oficiais,
de que, realmente, isto está ocorrendo. Tem-se que ficar à
margem de especulações meramente teológicas. A verdade
se apresenta com clareza irrefutável quando teologia e
ciência são equivalentes.
A maneira mais prática de se pesquisar, no momento,
sobre tal assunto, é no Google:
Notícia afirma que o Presidente dos Estados Unidos aprovou lei que
obriga o uso de microchip implantado na pele até 2013. Será que
essa história é real? Veja o que descobrimos!
Em abril de 2012, a notícia começou a circular via e-mail, pelas redes
sociais e por blogs e sites: “O Presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama aprovou uma lei que obriga que seja implantado um
microchip em cada um dos norte-americanos!”
Será que essa história é verdadeira ou farsa [sic]?
O texto tem todas as características de um bom boato virtual:
- Não cita fontes confiáveis
- É confuso e incoerente
- Aproveita-se do emocional do leitor
- Pede para ser repassado
- Possui tom conspiratório
Apenas como exemplo, vamos pegar um trecho da “notícia”: “Obama
aprovou a implantação de microchip nos EUA como reforma sanitária
para 2013 (em abril)”.
De onde o autor tirou essa notícia? Qual é o número da lei? Em que
dia a lei foi aprovada?
Não sabemos! Isso não foi informado pelo autor do texto…
O E-farsas buscou no Google sobre a tal lei aprovada, mas foram
encontradas apenas blogs e sites que copiaram o mesmo texto.
Procurando em sites de jornais online como o Estadão e a Folha de
São Paulo, também não encontramos nada a respeito.
Uma notícia desse porte, que irá mexer com a vida de toda a
população dos EUA, teria que sair em algum veículo de comunicação.
Ou não? (http://www.e-farsas.com/microchip-implantado-na-pele-
sera-obrigatorio-nos-eua-em-2013.html, acessado em 28-04-2015).

Também, há boatos sobre a questão do chip, aqui no


Brasil:

Notícia afirma que a presidente Dilma Rousseff teria aprovado uma


lei obrigando o uso de um chip de identificação em todos os
brasileiros! Será verdade?
O assunto apareceu na web em abril de 2015, se espalhando através
das redes sociais e sendo publicado em inúmeros sites e blogs. De
acordo com o texto, acompanhado de um vídeo de um
pronunciamento da própria presidente, Dilma teria afirmado que
todos os brasileiros passariam a ser identificados unicamente
através de um chip, que seria implantado sob a pele.
[...] Também desmentimos aqui um rumor de 2012 que afirmava que
os EUA iria “chipar” toda a população norte-americana no ano
seguinte e outro, afirmando que todos os bebês nascidos na Europa
já iriam ter que sair da maternidade com o implante sob a pele.
É claro que os anos se passaram e nada disso aconteceu de fato!
Mas voltando à notícia, Dilma não sancionou nenhuma lei sobre o
implante de microchips nos brasileiros. O que ela está falando no
discurso mostrado no vídeo é a respeito de um novo documento de
identificação que substituirá o RG até 2019, segundo o Governo
Federal.
O novo cartão se chama Registro de Identidade Civil (RIC) e possui,
sim, um chip interno (semelhante ao que muitos brasileiros possuem
em seus bilhetes usados para se pagar passagens de ônibus) onde
serão gravadas diversas informações do cidadão, tais como nome,
sexo, data de nascimento, impressão digital, foto, filiação,
assinatura, data de expedição e de validade. Aprovado em 1997, o
novo sistema de identificação está em processo de implantação
desde 2010, mas ainda não saiu da fase de testes e, segundo dados
do Ministério da Justiça, por causa de “problemas internos” a
previsão é que o RIC esteja disponível para todos os brasileiros
somente em 2019!
[...] Se o Governo não consegue fazer funcionar nem a distribuição
de um simples cartão de identificação, imagina se teria condições de
gerenciar o implante cirúrgico de mais de 150 milhões de
brasileiros…
[...] A foto da presidente assinando um documento também não tem
nada a ver com leis de implantação de chips na população. Essa
fotografia foi tirada pelo fotógrafo oficial da Presidência, Roberto
Stuckert Filho, no dia 23 de abril de 2014, quando a presidente
estava sancionando o Marco Civil da Internet.
[...] não acredite em tudo o que você lê na internet. Nenhum governo
no mundo está obrigando ninguém a utilizar microchips sob a pele.
Isso é um boato antigo e recorrente na web que não deve ser levado
a sério. (http://www.e-farsas.com/dilma-aprova-a-implantacao-de-
chip-nos-brasileiros-em-2015.html, acessado em 28-04-2015).

Disto se conclui que pessoas mal-intencionadas, ou mal informadas,


estão adiantando uma situação que, de fato, não existe. Além do que,
demonstram um conhecimento insatisfatório, incompleto, das Escrituras. Pois,
são muitos os fatores necessários, indispensáveis, para que a implantação real
da marca da Besta, na mão ou na testa das pessoas, ocorra. No momento, maio
de 2015, nenhum deles existe ainda. Entre eles, citarei alguns:

- Seria necessária a existência física, pessoal, do Anticristo.

- Ele seria empossado num governo mundial. Assentaria num trono


universal, onde todos os governos da Terra lhe seriam submissos. Na prática,
não existiria mais nenhum governo nacional.

- De acordo com as interpretações particulares sobre o Anticristo, para


que ele fosse reconhecido como tal, teria, obrigatoriamente, que se assentar no
trono do templo em Jerusalém (no lugar de Deus). Até esta data não existe
nenhum templo em Jerusalém, apenas ruínas do antigo.
- Para que isto ocorresse, todas as divergências
políticas, religiosas e ideológicas teriam que ser zeradas. O
que não parece ser uma tarefa fácil, mesmo para um
Anticristo. Nem Deus viola o livre-arbítrio humano. E Ele não
permite isto a ninguém.

- Imagine um judeu renunciando, por completo, a


Iahweh e a Moisés; um muçulmano, renunciando a Alá e seu
profeta Maomé; um cristão renunciando a Jesus. E todos
eles indo a Jerusalém e se prostrando aos pés do Anticristo,
em adoração.
Para que se configure aceitação, submissão e
adoração à Besta, seria condição sine qua non, que a ordem
para se executar a sua marca fosse dada, pessoalmente,
pelo Anticristo, e a pessoa a ser marcada deveria estar
ciente da situação. E a marcação teria que ser apenas na
testa ou na mão direita.
Esta estória de que o Anticristo agiria ocultamente,
invalidaria as interpretações particulares quando dizem que
ele seria uma pessoa pública. Portanto, não seria fruto das
ações do hipotético movimento Illuminati, pois este agiria
ocultamente, conforme é conhecido assim:

Nos tempos modernos, também é usado para se referir a uma


suposta organização conspiratória que controlaria os assuntos dos
vários Estados secretamente, normalmente como versão moderna
ou como continuação dos referidos Illuminati bávaros, como
sinónimo e cérebro por trás dos acontecimentos que levarão ao
estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial, com os objetivos
primários de unir o mundo sob uma espécie de tirania global.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Illuminati. Acessado em 10-05-2015).

Mesmo que houvesse a ação deste movimento no


sentido de influenciar as mudanças políticas mundiais, seria
apenas mais um, entre inúmeros no passado, no presente e,
com certeza no futuro.
Sempre houve pessoas ou movimentos ideológicos
que desejaram ver suas ideias aplicadas mundialmente: os
grandes impérios ávidos por se expandirem ao infinito; o
povo judeu que acredita que Iahweh lhes submeterá todas
as nações do mundo; os muçulmanos, com a mesma
intenção; o próprio cristianismo que ensina que todas os
povos devam se converter ao governo de Cristo.
A diferença é que, aqueles que agem ocultamente não
têm respaldo profético para gerarem o Anticristo, a menos
que venham ao conhecimento público, como as demais
ideologias.
Em suma, toda esta vasta gama de pensamentos e
doutrinas está inserida na situação a que chamamos de luta
entre o Bem e o Mal.
Para que estas interpretações particulares venham a
se cumprir, a marca tem que ser visível, tanto na testa
como na mão direita. Não seria possível a João relatar o que
não estava vendo. A ordem de Jesus era para que “tudo o
que vês, anota-o em um livro”.
De forma alguma ele poderia enxergar um chip
escondido sob a pele. Sendo assim, a referida marca teria
que ser visível na pele.
Como já tratei, anteriormente, a marca da Besta, no
meu entender, é um número que todos precisam ter para
comprar e/ou vender. No caso, seriam o CPF para a pessoa
física e o CNPJ para a pessoa jurídica. João viu estes
documentos nas mãos das pessoas, e notou que eram
dispensáveis quando se sabia o número de cor. Neste caso o
número, por ser emitido pelo governo, que na minha
interpretação, no Apocalipse é chamado de Besta, está
relacionado unicamente com o comércio, numa forma que
se tem para medir a produção de riquezas e arrecadar
impostos.
Enquanto for utilizado para este fim, o número não
tem nenhuma conotação religiosa, apenas, repito,
comercial.
Além do mais, tem-se que perguntar qual o conteúdo
de informações que o possível chip levaria. Segundo o que
se sabe, ele poderá conter o nome da pessoa, filiação,
nacionalidade, endereço, CEP, data de nascimento, sexo,
altura, peso, número de identidade, CPF, título de eleitor,
profissão, tipo sanguíneo, alergias, indicações de doenças
permanentes, marcas individuais, como pintas ou algum
defeito, até mesmo número de telefones para contato.
Enfim, informações úteis para o dia-a-dia e para possível
emergência.
Isto, todos nós já fazemos, a muito temo. Achamos útil
e necessário. E nunca vinculamos estas coisas à “marca da
Besta”. Por que passaríamos a vincular, se são as mesmas
informações que iriam para dentro de um chip? A menos
que se ficasse declarado que a pessoa tivesse que renegar
a Deus e se submeter ao demônio!
Até aqui, nada demais. A coisa começa a complicar
quando alguns pretendem colocar nele um dispositivo que
possibilita o rastreamento do cidadão, via antena ou
satélite. Os que defendem isto alegam segurança em caso
de sequestro e facilitaria o rastreamento de estrangeiros em
cada território, o que seria o “sonho de consumo” dos
países que sofrem com atentados terroristas.
Os defensores dos direitos humanos alegam invasão
de privacidade, uma vez que a pessoa passaria a ser
monitorada em sua vida particular e em seus momentos
íntimos, inclusive dentro de sua residência, que é um
recanto inviolável. Esta situação fere as constituições de
inúmeros países.
Também, como todos serão rastreados, o que fazer
das autoridades? Presidentes, reis, políticos, pessoas
famosas, milionários? Quando se trata de mundo digital, a
segurança é inexistente. O caso Edward Snowden, que
revelou a espionagem americana sobre líderes políticos da
Europa, da América Latina, de empresas como a Petrobrás,
onde se grampeou conversas de reis e presidentes pelo
mundo a fora, comprova que neste meio tecnológico não
existe lei, ética e nem segurança. Esta é uma terra de
ninguém. E não há melhor lugar para criminosos, de toda
natureza, do que uma “terra” sem lei, sem princípios e sem
nenhum controle e segurança. Os criminosos rastreariam
suas vítimas.
Assim, os quase certos terríveis efeitos colaterais da
implantação de chips o inviabilizam.
Hoje, o chip se encontra mais no imaginário teológico
e nas disputas filosóficas, políticas e técnicas, do que no
mundo da realidade.
Mesmo depois destas considerações tenho a ressaltar
que, caso surja uma pessoa empossada num governo
mundial, que vier a se assentar no trono do templo em
Jerusalém (o templo deverá ser construído, pois no
momento não existe), que determinar o uso obrigatório de
um novo documento (diferente de CPF/CNPJ) contendo seu
nome ou seu número e quem não usar, além de não ter
acesso à comida ainda será morto, a situação é “pegar ou
largar”. Nessa condição, para os adoradores de Deus a
única decisão correta possível seria idêntica à da família
Macabeu. Hoje em dia o Estado Islâmico está agindo igual,
ou pior do que o descrito proceder da Besta e do Anticristo.
A boa notícia é que a Besta com o seu Anticristo, se
vier a existir literalmente, só lhe será permitido agir,
também literalmente, por três anos e meio, conforme
Apocalipse 13,5. E Jesus nos assegura que “por causa dos
eleitos aqueles dias serão abreviados”.
40
O PORQUÊ DO SÍMBOLO
DA TAÇA
No Apocalipse, taça significa absorver, receber em si
as consequências de algo. Tanto pode ser bom, significando
alegria, festa e vida, como pode ser ruim, veneno, com o
significado de sofrimento, dor e morte.
Então, as taças mostram, especificamente, a dor e o
sofrimento que incidem diretamente sobre o Homem, no
período dos dois séculos referidos.
Estas dores e sofrimentos são frutos do somatório das
ações erradas e egoístas dos relacionamentos interpessoais
e com a natureza, que desequilibrada pela ação humana
sob influência maligna, passa a agir desordenadamente,
não podendo mais proporcionar um ambiente aconchegante
para a vida.

Um dos sete anjos que tinham as sete taças aproximou-se e me


disse: Venha, eu lhe mostrarei o julgamento da grande prostituta que
está sentada sobre muitas águas, com quem os reis da terra se
prostituíram; os habitantes da terra se embriagaram com o vinho
da sua prostituição. [...] A mulher... segurava um cálice de ouro,
cheio de coisas repugnantes e da impureza da sua prostituição.
[...] Vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos, o
sangue das testemunhas de Jesus. Quando a vi, fiquei muito
admirado. (Ap 17, 1-6)

Taça é sofrimento de toda ordem no período descrito:


degradação ambiental, doenças, epidemias, calor, sede,
fome, falência das instituições, violência e morte.
41
A PRIMEIRA TAÇA

O primeiro saiu e derramou sua taça pela terra. E uma úlcera


maligna e dolorosa atingiu as pessoas que traziam a marca da
Besta e as que adoravam a sua imagem. ( Ap 16, 2 )

As taças relatam o afetamento direto das pessoas,


os selos, a deterioração histórico-política, e as trombetas
descrevem o definhamento mortal da natureza.
Num primeiro momento a nossa interpretação é de
que esta “úlcera maligna” seja apenas o câncer. E o
diagnóstico para câncer é exatamente “um tumor maligno”,
e, também, por ser uma doença mundial.
Nas pragas do Egito notamos a mesma praxe. As
primeiras pragas ocorrem sobre a natureza, atingem as
pessoas através da natureza. A última incide diretamente
sobre o Homem, matando todos os primogênitos.
Fico a me perguntar por que João não diagnosticou
esta úlcera maligna e dolorosa? Para seu tempo, a descrição
seria absolutamente aplicável à lepra. Mas, a lepra ele
conhecia de sobra. Se esta úlcera, que descreve, fosse a
lepra, o texto seria assim redigido: “E uma grande epidemia
de lepra atingiu as pessoas...”.
Mas ele não diagnosticou, “não definiu”. Disse “uma”
úlcera. Indefinida. Mesmo porque, ela, na visão de João, não
ocorria apenas externamente ao corpo, pois se assim fosse,
o correto seria descrevê-la como lepra. Por que não a
nomeou de lepra?
Considerando que as pragas são os últimos
acontecimentos da história humana, é uma questão de
lógica buscá-las no futuro. E esta epidemia de “uma úlcera
maligna que atinge as pessoas”, verdadeiramente existe
nos dias atuais.
Ela surgiu, nasceu, apareceu nos últimos tempos, no
início dos anos oitenta. Nunca houve antes. Não há registro
na medicina, nem na história universal. Seu nome é AIDS.
A revista FATOS (agosto de 85) traz uma matéria
sobre a AIDS. Entre outras considerações, cita:

Estudos da Sociedade Real de Medicina, de Londres, adverte que a


AIDS poderá se converter na maior epidemia jamais registrada na
história da humanidade.
O imunologista Fernando Samuel Sion, do Hospital Gaffree Guinle
(um dos centros de pesquisa da doença no Estado do Rio de Janeiro),
afirma que, se não forem tomadas medidas urgentes no sentido de
conter a propagação da AIDS, estaremos diante de uma tragédia
mundial, possivelmente a pior de todas as guerras registradas pela
história da humanidade, a guerra contra o reino da AIDS.
Na sua fase inicial, a AIDS se manifesta através de febre, diarreia,
prostração, surgimento de ínguas e emagrecimento acentuado. Na
fase posterior, surgem infecções oportunistas (que se manifestam
em organismos indefesos) e tumores malignos.
Não existe um tratamento específico devido à multiplicidade de
infecções oportunistas que o paciente pode apresentar.
A morte é segura após dois anos em 70 por cento dos casos e cem
por cento após quatro anos da doença, esclarece o Dr. Cláudio
Amaral.
Mesmo com o avanço nas pesquisas do vírus de AIDS, num espaço
relativamente curto (1981-1985) em que os cientistas definiram a
doença... [Grifos meus]. (REVISTA FATOS, 12 de agosto de 1985, n°
21).

A AIDS não é, necessariamente, uma úlcera. É uma


doença que tira por completo a resistência do organismo
humano contra todas as doenças.
O corpo humano possui os anticorpos, encarregados
de fazer a limpeza interna do organismo contra a invasão
por vírus, bactérias, vermes, parasitas e outros,
imobilizando-os, neutralizando ou devorando, eliminando-os
do organismo. Não fosse o trabalho de defesa deles,
ninguém conseguiria sobreviver.
Quando ficamos doentes, principalmente por
Infecções, a quantidade de micróbios, vírus ou bactérias que
se multiplicam no organismo fica bastante elevada, ao
ponto dos anticorpos naturais se verem em menor número e
impossibilitados de vencerem o inimigo. Por isso é que
tomamos os antibióticos e as vacinas.
A AIDS é um “processo” adquirido, arranjado,
arrumado, conseguido, transado, pois o corpo humano não
a tem naturalmente.
É o resultado de um conjunto de agressão, abusos e
desrespeito ao organismo. Ela, simplesmente, acaba, de
vez, com o trabalho honroso e eficiente daquela substância
de defesa.
Uma simples gripe, sem as devidas providências,
pode se torna mortal.
Até a data presente, não existe cura, nem vacina,
embora muita pesquisa esteja sendo feita. Os
antirretrovirais dão, apenas, uma sobrevida aos
soropositivos. E as expectativas da ciência quanto à cura,
são bastante sombrias presentemente (1986). Conforme a
mesma revista, a cura para esta doença é muitíssimo
remota, hoje: “As pesquisas já realizadas geram um fio de
esperança, mas a cura ainda é uma miragem à distância”.
A AIDS tem uma grande “vantagem” sobre o câncer,
pois este não é, necessariamente, contagioso, e nas fases
preliminares, e até secundárias, é possível de ser curado. A
AIDS é muito contagiosa, transmissível, não obstante todas
as declarações políticas em contrário. Transmite-se mais nas
agulhas de injeção (principalmente nas agulhas
compartilhadas por usuários de drogas), na transfusão de
sangue, nas relações sexuais, e de outras formas. Confiar
numa tal “massa crítica” é um desrespeito à virose.
A AIDS não tem barreiras. Ainda a revista Fatos,
preteritamente citada, traz a declaração de uma
especialista:

Mas a AIDS não se transmite somente através do ato sexual ou de


transfusão de sangue. A Dra. Regina Célia Haine Monte Alegre, chefe
do Serviço de Dermatologia da Secretaria da Saúde do Município do
Rio de Janeiro, enviou ao Conselho regional de Odontologia carta
aberta fazendo recomendações aos cirurgiões-dentistas quanto ao
tratamento dentário de portadores de AIDS. Ela recomenda o uso de
luvas, máscaras e proteção ocular em caso de procedimento
cirúrgico.
Lembra também que instrumentos usados na boca dos pacientes –
como espelhos, sugadores não descartáveis, etc, – devem ser
esterilizados após o uso, em autoclaves ou formol, e as superfícies
devem ser limpas com solução hipoclorito de sódio a dez por cento,
ou álcool a 25 por cento. [Grifo meu]. (REVISTA FATOS, 12 de agosto
de 1985, n° 21).

O Jornal O Popular (Goiânia, julho de 1985), traz um


tópico referente a grande capacidade de contágio da AIDS,
inclusive entre os profissionais da saúde que tratam dos
pacientes contaminados:

São Paulo – Funcionários dos seis hospitais da Grande São Paulo,


responsáveis pelo atendimento de pacientes portadores da Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida (AIDS) estão em estado de pânico e
ameaçando suspender este tipo de tratamento, segundo o
coordenador do programa de controle à AIDS da Secretaria Estadual
da Saúde, Paulo Roberto Teixeira.
De acordo com o médico, esta reação foi desencadeada por uma
denúncia feita sexta-feira pelo bacteriologista do HC, Ricardo
Veronesi, que disse ter identificado anticorpos da doença em duas
faxineiras daquele hospital que trabalham em contato com
pacientes da AIDS. O bacteriologista acredita que elas tenham sido
contaminadas ao se picar com agulhas usadas por estes pacientes,
encontradas no lixo. [Grifos meus]. (O POPULAR. Goiânia, 16 de julho
de 1985, Caderno Nacional, p-10).

A AIDS é uma doença nova, aliás, novíssima. É a


caçulinha das modernas doenças humanas. E não estava
escondida nas profundezas dos polos, nem veio do espaço
exterior. O homem, para conseguir a AIDS, teve que
batalhar duro.
Para adquiri-la teve que fazer proezas inenarráveis.
Mas, conseguiu. Foi um longo e complicado processo, mas
conseguiu.
Restava-se saber qual a procedência de tão imensa
desgraça. A fonte, a origem, é a primeira pergunta que os
cientistas fazem para poder iniciar uma pesquisa de
combate. A resposta que tiveram não me é surpreendente,
pois algo tão miserável só podia ser gerado numa fonte
idem. E, quando começaram a ser publicados os primeiros
resultados sobre os nascedouros dessa terrível e mortal
doença, logo surgiram os defensores de plantão dos
“direitos de gêneros” dizendo que aquelas declarações
eram homofóbicas e preconceituosas.
O jornal O Popular, numa de suas primeiras manchetes
sobre a doença, traz:
O simpósio Internacional de Antibioticoterapia, a se realizar no Rio,
de 10 a 14 de maio, convocado pela Associação Médica Brasileira e
presidida pelo próprio presidente da entidade, professor Mário
Barreto Corrêa Lima, ganha maior interesse desde que se anunciou a
vinda do professor Harold C. Neu, o cientista, pesquisador de
doenças infecciosas da Universidade de Colúmbia (NY) que virou
celebridade a partir da descoberta da nova e mortal doença
chamada de Síndrome de Deficiências Imunológicas Adquiridas –
AIDS...
Todos se lembram que o “Fantástico” fechou um de seus mais
recentes programas com um relato completo feito sobre a doença e
que já foi apelidada de câncer dos homossexuais. A doença, ainda
de causa desconhecida, sem cura e que provoca uma morte lenta e
dolorosa em dois ou três anos, ganhou esse apelido por se
constatar que oitenta por cento dos casos registrados foram
em homossexuais. [Grifos meus]. (O POPULAR. Goiânia, entre 1982
e 1986 [data perdida]).

Ainda a mesma revista Fatos confirma esta verdade:

A AIDS foi relatada pela primeira vez em homossexuais


masculinos e em viciados no uso de drogas endovenosas...
No Rio Grande do Sul, a Secretaria de Saúde colocou o telefone 26-
31-00, ramal 129, à disposição dos interessados. Todos os casos
notificados de AIDS naquele estado foram de homossexuais e
a faixa predominante é dos 30 aos 40 anos de idade. [Grifos meus].
(REVISTA FATOS, 12 de agosto de 1985, n° 21).

Com os dados científicos disponíveis poderia escrever


um livro, um tratado sobre os pais, o berço e o
nascimento da AIDS. São tantas as “transas” diabólicas
que geraram esta maldição, que se torna impossível entrar
nos detalhes técnico-científicos neste presente livro.
Resumindo: a principal fonte infeliz donde surgiu esta
doença é, pela ordem: homossexualidade masculina,
feminina; prostituição, adultério; viciados em drogas;
produtos químicos utilizados para estimulação sexual,
incluindo as drogas; sexo anal, sexo oral, sexo com animais.
Isto, muitíssimo resumido!
Neste caldeirão do diabo surgiu o vírus da AIDS. E, ao
contrário do que se pensa, a principal classe a que
pertencem estas pessoas, na origem da AIDS, em seus
momentos iniciais, é a classe rica (e não os pobres africanos
em quem tentam pôr a culpa), conforme atestam todas as
pesquisas.
Com estas breves considerações, finalizamos o estudo
da primeira das sete pragas.
Após concluir estas presentes pesquisas sobre a AIDS,
adquiri uma suspeita muitíssimo grande de que Sodoma e
Gomorra foram destruídas por Deus, através de fogo que
caiu do céu sobre elas, porque, segundo as narrativas,
aqueles fatos me levam a considerar que a situação
presente naquelas cidades tinha tudo o que se tem hoje,
deste “caldeirão do diabo” da AIDS. As semelhanças são
visíveis.
Se a minha suspeita for certa, Deus nada mais fez do
que “esterilizar” o mundo, da AIDS, àquela época.
Então, a primeira taça é a AIDS.
42
A SEGUNDA TAÇA

O segundo derramou sua taça pelo mar... E este se transformou em


sangue, como de um morto, de modo que todos os seres que viviam
no mar morreram. ( Ap 16, 3 )

Diferente da segunda trombeta que relata a morte de


um terço do mar, esta taça ressalta o agravamento da
situação ao dizer que o mar transformou-se em sangue
fazendo perecer todo ser que nele vivia.
Isto é extremamente sério, pois indica que para se
atingir um terço de degradação da vida marinha o processo
é relativamente mais lento, mas daí em diante até o
completo aniquilamento, ocorre bem acelerado.
Muito recentemente os cientistas detectaram que o
aquecimento global, com o consequente aumento da
temperatura das águas dos mares e oceanos está matando
os corais e os plânctons, dois elementos essenciais para a
vida marinha. Os plânctons são a base da cadeia alimentar
de grande parte dos seres marítimos. Se o aquecimento
global, que está aumentando paulatinamente, eliminar o
plâncton, todos os que dele dependem morrerão de fome.
A segunda taça é a morte dos seres nos mares e
oceanos.
43
A TERCEIRA TAÇA

O terceiro derramou sua taça pelos rios e pelas fontes... E


transformaram-se em sangue. Ouvi então o Anjo das águas dizer:
“Justo és ‘Aquele-que-é e Aquele-que-era’, ó Santo, porque julgaste
estas coisas; pois estes derramaram sangue de santos e profetas, e
tu lhes deste sangue para beber. Eles o merecem!” Ouvi então que o
altar dizia: “Sim, Senhor, Deus todo-poderoso, teus julgamentos são
verdadeiros e justos”. ( Ap 16, 4-7 )

Nesta taça vê-se claramente que os sofrimentos


humanos são causados por seus pecados; “Eles o
merecem”. O julgamento de Deus é justo e verdadeiro. Ele
colocou diante do homem a vida e a morte. O homem
deveria fazer somente o certo. Mas nesta taça a loucura
humana transformou a água em veneno mortal. Ou dela
bebe e morre, ou não bebe e morre de sede.
A terceira trombeta descreve que o homem joga nas
águas potáveis, lixos, produtos químicos e esgotos diversos.
Na terceira taça é indicado que mesmo aqueles
reservatórios apropriados para o consumo irão faltar, por
outro motivo (e diversos estudos científicos atuais o
confirmam): o declínio da precipitação pluviométrica, o que
provocará o esgotamento de nascentes e reservatórios.
O ser humano, na sua grande maioria, terá que beber
da água poluída. Se não, deverá procurar outras difíceis a
caríssimas alternativas.
A falta d’água provocará mortes, emigrações e
guerras.
Sem água no planeta a humanidade dura pouco. Este
fato é importante para se determinar a proximidade da
volta de Cristo!
A terceira trombeta relata o princípio da falta de água
potável. A terceira taça descreve, agora, a sua aproximação
do fim.
44
A QUARTA TAÇA

O quarto derramou sua taça sobre o sol... E a este foi permitido


abrasar os homens com fogo. Os homens, então, abrasados por
um calor intenso, puseram-se a blasfemar contra o nome de Deus,
que tem poder sobre tais pragas. Mas não se converteram para lhe
tributar glória... ( Ap 16, 8-9 )

Este particular, o surgimento de um calor intenso, não


poderia ser algo de normal dentro dos parâmetros da
termologia atmosférica.
A Terra, como sabemos, dependendo de sua
inclinação, latitude e longitude, e de mais alguns fatores,
possui, naturalmente, climas frios, temperados e quentes.
Há lugares onde estes três estados climáticos são
quase perenes, não sofrendo variação notória. Tem,
também, outras regiões onde se podem encontrar,
alternadamente, a variação destas temperaturas.
Para o povo hebreu, de localização geográfica
desértica e semidesértica, o clima é semiárido e quente,
com a predominância, do clima do deserto; extremamente
quente durante o dia, e extremamente frio durante a noite.
Os beduínos são nativos deste clima.
Em meu ponto de vista, o Apocalipse tem abrangência
universal – repito. Então, para que João pudesse relatar um
“calor intenso” ele se refere a um aumento de temperatura
geral, ao redor do globo terrestre.
Um discreto aumento de intensidade de calor no sol
não “afetaria” a Terra, uma vez que o calor que aqui chega
é trazido por diversos tipos de raios, e a camada
atmosférica possui determinados elementos gasosos que
filtram a luz e os demais raios, permitindo que apenas uma
quantidade de calor destes incida sobre a superfície do
planeta. Além do mais, a distância entre o sol e a Terra faz
com que esta se situe dentro de um leque de raios de
quantidade constante. No caso, o que poderia variar, e
varia, é a intensidade e a qualidade dos raios. Fato este
conhecidíssimo pelos especialistas, por ocasiões de grandes
explosões solares.
No episódio do relato desta taça, não há razão para se
buscar alguma anomalia no sol, mesmo porque os cientistas
atestam que este continua o mesmo, com alterações
mínimas.
As Sagradas Escrituras não falham.
Qualquer pessoa percebe que o clima “anda muito
estranho”, muito mudado, ultimamente. E a previsão do
Apocalipse, editado há dois mil anos, é exatamente igual às
constatações e às pesquisas científicas modernas, no que
diz respeito ao aumento de temperatura. Não somente isto,
mas sobre todas as realidades do meio ambiente atual.
O que João chamou de “abrasar com um calor
intenso”, os cientistas denominam de efeito estufa.
Vejamos como estes esclarecem o efeito estufa. São
muitas as declarações sobre a elevação do aquecimento.
O jornal Diário da Manhã (Goiânia-out-83) traz um
importante tópico a respeito das desastrosas alterações
climáticas:

Rio — As alterações climáticas que a humanidade terá de enfrentar a


partir de 1990, segundo a previsão de 100 cientistas norte-
americanos, contratados pela “Agência para a Proteção do Meio
Ambiente”, foram confirmadas pelo diretor do Observatório Nacional,
Rogério Mourão. Segundo ele, o efeito estufa, fenômeno natural
causado pela formação de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera
que permite que os raios solares atinjam a superfície terrestre, mas
impede que parte do calor seja dissipado no espaço, deverá mesmo
ocorrer no final do século, com consequências drásticas. O aumento
de CO2 na atmosfera que se deve ao alto índice de poluição
causada pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão
e gás natural, junto com as consequências do desmatamento e das
queimadas, provocará uma série de reações climáticas, entre as
quais a elevação da temperatura da terra, a elevação do nível
das águas, devido ao degelo das calotas polares, e o da incidência
de chuvas ácidas”. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 21 de
outubro 1983. Caderno Opinião, p.3).

E continua, noutra edição:

A partir de 1.990 a produção de alimentos será drasticamente


prejudicada, haverá grandes inundações pela elevação do nível das
águas nas regiões costeiras e o gelo polar se derreterá. A
advertência foi feita, na última terça-feira pelo governo dos Estados
Unidos, num relatório divulgado pelo jornal “New York Times”. O
relatório adianta que esta mudança climática é inevitável e
potencialmente catastrófica.
O estudo foi realizado pela “Agência de Proteção Ambiental” dos
EUA, sublinhando que é urgente a necessidade de planejamento de
medidas que permitam à humanidade enfrentar estas alterações
profundas a curto prazo. Esta mudança climática será determinada,
segundo o estudo, pelo aumento de bióxido de carbono na
atmosfera, chamado também de efeito estufa.
Segundo os especialistas da Agência a situação é muito grave. Não
é trivial e irá se apresentar a curto prazo. E a catástrofe está
prevista para o final do século XXI. Eles asseguram que agora
não é possível evitar o fenômeno, pois mesmo uma proibição
drástica do uso de petróleo e combustíveis fósseis, que são as
principais fontes de bióxido que impede a expulsão do calor para o
espaço, de nada adiantaria. Isto se viesse a ser posto em prática, só
ajudaria a protelar o problema, na opinião dos especialistas.
Segundo o diretor do Departamento de Estudos Estratégicos da
Agência norte-americana, John Hoffman, do ano 1990 ao ano 2000
haverá grandes mudanças e teremos que nos preparar para conviver
com elas. Segundo o estudo, as médias de temperatura da Terra irão
aumentar em 1,9 graus por volta do ano 2.040, em cinco graus por
volta do ano 2.100, triplicando-se esses aumentos nos polos, onde as
calotas de gelo poderão derreter-se. O documento termina com um
apelo dramático para que se iniciem, imediatamente, pesquisas e
desenvolvimento de programas para afastar o perigo desta
calamidade já prevista. Apesar da advertência dos Estados Unidos,
centenas de cientistas em todo o mundo estão envolvidos em
pesquisas sobre a possibilidade de aumento de quase 2,0 graus
centígrados na temperatura do globo terrestre, a partir de 1990. No
Brasil, cientistas entendem que o relatório é alarmista, mas o perigo
de fato existe. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 20 de
outubro de 1983. Caderno Internacional, p.7).

Há, ainda, outra ameaça de grande e terrível aumento


de temperatura. Cientistas confirmam que a camada de
ozônio que envolve o planeta, responsável pela filtragem e
retenção dos raios ultravioletas, principalmente, está
parcialmente destruída e continua num rápido processo de
destruição, fazendo com que enormes “buracos” surjam na
atmosfera, por onde estes raios passam intactos, atingindo
a natureza terrestre, de cheio.
As pessoas, os animais e os vegetais expostos a estes
raios sofrem queimaduras severas e intensas (sendo um
fator importantíssimo no desenvolvimento de câncer de
pele), além do que, podem causar incêndios e explosões,
quando encontrarem condições favoráveis.
Com tal intensidade de calor incidindo sobre a
superfície da Terra, sem poder se dissipar rapidamente para
o espaço exterior, pois a camada de CO2 impede que isto
ocorra, o efeito estufa fica, de fato, muito mais quente,
elevando a temperatura a índices insuportáveis.
E tudo isto não é hipótese, nem fantasia. Qualquer pessoa
pode, com certa facilidade até, confirmar, em qualquer
centro de pesquisa científica, confiável, mais próximo.
As dificuldades de se ter certeza residem em dois
extremos: os daqueles que exageram tudo e que, partindo
de um dado insignificante criam um alvoroço como se o
mundo fosse acabar em minutos; e os daqueles que,
escondidos detrás de interesses escusos e ridículos
escondem problemas realmente sérios e mortais, até
fazendo deles caçoadas e motivos de risos, enquanto o
problema está a crescer e a se avolumar em proporções
desesperadoras.
Mas, sendo a natureza um lugar-comum, e impossível
de ser exagerada ou minguada em seus efeitos, sem que
todos possam constatar na pele, a melhor receita é a de dar
ouvidos às mudanças bruscas e não naturais do clima.
E isto não é lá tão difícil de se fazer, como bem nos
mostra outra reportagem do Diário da Manhã (Goiânia,
janeiro de 198484), numa observação não muito importante
para muitos, mas extremamente verdadeira e real:

É famoso o ditado sobre o clima espanhol: três meses de inverno e


nove meses de inferno. Aqui, em Goiás, nossa situação é algo
parecido, mas para pior: atualmente, oficialmente no inverno, mas já
vivendo um veranico brutal, o goianiense está sofrendo o que se
poderia denominar de “Síndrome das monções”.
Os dias começam frios ou frescos, geralmente com chuva. Depois sai
um sol causticante, jogando a temperatura para mais de 30 graus, e
que, com a umidade dos temporais, transforma o ambiente em
estufa. À tarde, a temperatura costuma tornar a cair. Há noites
enregelantes ou sufocantes. Nas primeiras, se dorme de touca e
cobertor; nas segundas o desejo é ressonar na geladeira.
Em suma, estamos sendo climaticamente pasteurizados. (DIÁRIO DA
MANHÃ. Goiânia, 13 de janeiro de 1984. Caderno Opinião, coluna
Café da Manhã, p.3).

A partir de 2008, quando da revisão deste livro para a


2ª edição, passei a acrescentar notícias atualizadas, sobre
as consequências do aquecimento global, como esta do
Jornal Diário da Manhã (Goiânia, janeiro de 2007):

PAISAGEM PERTO DO FIM

Da Agência Estado, de Viena.


As geleiras terão praticamente sumido dos Alpes até 2.050,
advertiram cientistas, baseando-se no acúmulo de evidências de um
derretimento lento, mas contínuo, dos glaciares continentais.Na
província austríaca do Tirol, o gelo vem encolhendo em média 3% ao
ano, o que significa uma perda anual de cerca de um metro, diz
Roland Psenner, do Instituto de Ecologia da Universidade de
Innsbruck.
E 2.050 é uma perspectiva otimista, disse ele: se o índice de
derretimento continuar como está, a maioria das geleiras já terá
desaparecido até 2.037.
“A densidade média dos glaciares nos Alpes é 30 metros; então,
parece praticamente certo que não haverá mais geleiras, exceto
algumas muito altas, que estão acima dos 4.000 metros”, afirmou.
Participantes de uma conferência regional sobre os Alpes, que ocorre
anualmente em Alpbach, não chegaram a culpar diretamente o
aquecimento global, mas pediram uma revisão das medidas
preventivas para proteger os moradores dos vales, que poderão ser
inundados.
Correntezas formadas pelo degelo causaram graves enchentes que
devastaram parte da Suíça no verão de 2.006.
O degelo é um problema global, de acordo com o Serviço Mundial
de Monitoração de Glaciares, baseado em Zurique.
O grupo acompanha a “saúde” de 30 geleiras em nove cordilheiras
do mundo e diz que a massa média está desaparecendo de modo
consistente.
As geleiras são a maior fonte de água doce do mundo, atrás
apenas do gelo polar, que também está derretendo, segundo
cientistas”. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 23 janeiro de
2007, caderno brasil/mundo, p- 8).

Assim, a quarta taça é o aquecimento global, ou efeito


estufa. Esta situação se inicia lá na quarta trombeta com a
poluição do ar.
45
A QUINTA TAÇA

O quinto derramou sua taça sobre o trono da Besta... E o seu reino


ficou em trevas: os homens mordiam a língua de dor, e blasfemavam
contra o Deus do céu por causa de suas dores e úlceras. Mas não se
converteram de sua conduta... ( Ap 16, 10-11 )

Vemos que o trono da Besta é atingido. E que, ao ser


atingido, torna-se em trevas, isto é, em confusão,
dificuldades e impasses sem solução.
Como eu havia, anteriormente, considerado a Besta
como o sistema político-econômico que predomina no
mundo, e que este sistema é essencialmente materialista e
egoísta, “qualidades” essenciais do demônio a quem ela é
subordinada, então, o centro, ou seja, o trono de onde
emanam todas as políticas econômicas, é o Fundo
Monetário Internacional – FMI.
O que existe de mais radicalmente materialista no
Mundo é o dinheiro. E o sistema, a Besta, gira em torno do
dinheiro, a partir do dinheiro e para o dinheiro.
Do FMI sai o controle e as decisões de quanto deverá,
ou não, ser o salário de cada pessoa.
O que vem a ser o FMI? Apesar de muito falado é
pouco conhecido, principalmente pelos mais humildes.
O FMI é um caixa monetário que os países associados
mantêm para o caso de algum dentre eles se ver em apuros
financeiros. Caso isso ocorra, o fundo lhe emprestará o
dinheiro necessário e o ajudará, tecnicamente, a superar e a
sair de sua crise.
Com a grande diferença estabelecida Norte/Sul, no
que se refere a distribuição das riquezas e ao progresso, o
Norte se tornou rico e progredido, e o Sul, pobre e
subdesenvolvido.
Com isto, a “caixinha” do FMI passou a ser sustentada
pelos países mais ricos do Norte. Um grupinho fechado,
acabado, impenetrável, riquíssimo, composto de apenas
sete países, é quem controla a política, o progresso e a vida
de centenas de outros países pobres. Daí pode-se dizer que
o FMI é o trono onde se assenta um governo formado por
uma junta de sete governantes ditadores, diante do qual se
ajoelham centenas de países e nações como súditos dóceis
e escravos.
Estes sete países sugam a riqueza produzida na
centena de países pobres, via empresas multinacionais, e os
deixa em verdadeira situação de miséria.
Consequentemente, estes países empobrecidos necessitam
ir aos sete países ricos para pedir dinheiro emprestado. E
eles emprestam. E emprestam grandes quantidades,
mesmo sabendo que os devedores não terão condições de
lhes pagar. Assim, os países ricos ficam com a centena de
países pobres “nas mãos”. Os pobres não dão conta de
pagar a dívida; os juros aumentam tanto que exorbitam o
capital inicial. Não encontrando saída, voltam a eles para
pedirem mais empréstimo, agora, para lhes pagar apenas
parte dos juros da dívida.
Quando um país pobre vai ao FMI, do qual é
associado, e tem todo o direito de se apossar da caixa para
solucionar seus problemas monetários, acontece o seguinte:
o dinheiro que lá está depositado pertence aos ricos para os
quais o país pobre está devendo até à alma; então, os
países ricos se tornam donos e senhores do Fundo, e, para
que o associado pobre pegue o dinheiro, o Fundo lhe impõe
condições das mais rigorosas e sufocantes e vai lhe
repassando os recursos em suaves prestações, e isto se o
país pobre estiver obedecendo, ao pé-da-letra, às suas
imposições.
Desse jeito, o dinheiro acaba não dando nem para
pagar parte dos juros da dívida. Resultado: o país pobre se
vê em condições ainda piores que antes, porque uma vez
devendo mais, não poderá sacar outra vez, ou se isto
ocorre, é em condições extremas.
Este processo de se ir ao FMI era um tanto quanto
normal, e até escasso, antes da crise econômica mundial
causada pelas exorbitantes altas dos preços do petróleo e
da quebradeira dos bancos e bolsas. Naquela ocasião, com
o colapso econômico mundial, todos os países pobres e os
que já estavam em bom estado de desenvolvimento,
entraram em pane econômica, simultaneamente.
A corrida de pedido de empréstimos ao Fundo foi uma
verdadeira avalanche. As reservas financeiras da instituição
se viram insignificantes diante de tanta necessidade. Os
sete países ricos fizeram depósitos extras, de emergência, o
que não deu para resolver satisfatoriamente, e os países
pobres passaram a fazer longa fila de espera.
Esta situação fez com que o Fundo Monetário
Internacional se tornasse em trevas, e se viu sem
condições de atender e resolver tantos problemas. Criou-se
uma situação desesperadora e sem solução. Ainda mais,
com a ameaça de vários países pobres de não pagarem
suas dívidas anteriores.
Atualmente, a situação exata do FMI é “estar em
densas trevas”. Por isso, vem agindo com rigor com os
devedores, mandando-os pararem de progredir (recessão).
Param as indústrias, a construção e a agropecuária. Milhões
de trabalhadores perdem o emprego e outros tantos que
precisam começar a trabalhar, não têm onde e nem como.
Tudo o que continua funcionando, o Fundo determina
um controle extremado sobre a produção e o salário. Para
ele, o país devedor só conseguirá pagar a dívida se produzir
cada vez mais, gastando cada vez menos. Impõe um alto
índice de produção e um baixíssimo índice de salário. E
induz os governantes, seus capachos, a fazerem
propaganda em cima de propaganda de que é preciso
produzir sempre mais, e o trabalhador e o povo precisa se
conformar em ganhar menos, afinal, é até um ato heroico
de patriotismo morrer de fome e doente, enquanto se
trabalha e produz cada vez mais, para o país saldar
“honrosamente” a sua dívida. Dívida esta que os próprios
trabalhadores e o povo pobre nunca receberam um único
centavo furado. E se matam para pagar.
E assim, o homem cai na desgraça, sob o domínio de
forças e de ideologias demoníacas. Começa a surgir os
cortes nos salários, nas consultas e nos exames da
previdência social, e desse modo a humanidade moderna
está a viver na mais completa desgraça, a dezenas de anos,
e não há quem a socorra.
A cada segundo aumenta o número da população
mundial. E a máquina fantástica da Besta, que é seu
profeta (a televisão e os meios de divulgação), imbeciliza a
bilhões levando-os a acharem que tudo está certo como
está e até aplaudem seus governantes, que são sempre os
mesmos durante toda a vida. Têm-nos como verdadeiros
ídolos e heróis. Este é o grande “serviço” prestado à
humanidade pela televisão e pelos meios de divulgação.
Então, ocorre o seguinte: “... os homens mordiam a
língua de dor, e blasfemavam contra o Deus do céu por
causa de suas dores e úlceras” (Ap 16, 10-11).
A televisão, imbecilizando as pessoas, tornando-as
incapazes de verem e de julgarem a realidade, faz com que
transfiram a Deus a responsabilidade por todo este estado
de miséria em que se encontram, e Lhe dirijam as suas
indignações em blasfêmias e xingatórios terríveis.
No fim de tudo, o demônio consegue fazer o homem
responsabilizar o Santo dos Santos, o Senhor Deus do
Universo, o Pai da Vida, como o responsável pela desgraça
humana atual; e lá no meio do seu inferno dá gargalhadas
estridentes de alegria satânica, ao se deparar com bilhões
de homens imbecilizados, gritando contra Deus nos Céus,
dirigindo-Lhe as mais terríveis pragas por uma culpa que
não é Sua.
Mas, no fundo, no fundo, todos são adoradores do
dinheiro e, por isso, prostram-se ajoelhados diante do
profeta da Besta, diante da Besta e diante do próprio
demônio. No fundo, no fundo, “eles o merecem...”, a menos
que se convertam e aceitem a Jesus Cristo, a única opção
de vida plena que Deus deu à humanidade. Fora disto, não
há salvação.
Para ilustrar o que acabo de dizer, citarei este trecho
do jornal O Popular (Goiânia):

Buenos Aires – o Governo argentino enviou ao fundo Monetário


Internacional (FMI) uma Carta de Intenção adicional à remetida em
11 de junho passado na qual anunciou a manutenção de
congelamentos de salários quanto seja necessário e uma
política flexível sobre preços e tarifas. [Grifos meus]. (O
POPULAR. Goiânia, entre 1982 e 1986 [data perdida).

Traduzindo para o nosso dia a dia, vem:

a – CARTA DE INTENÇÃO: nome dado a um documento


no qual o governo promete, de mãos postas, obedecer tudo
o que os credores ricos quiserem. Ou obedecem, ou não
recebem mais nenhum empréstimo, o que torna a situação
um caos.
b – ADICIONAL: adicional, porque as primeiras
penosas promessas não pareceram suficientes para
satisfazer a sanha econômica dos ricos.
c – MANUTENÇÃO: continuar não dando folga e nem
moleza aos trabalhadores; continuar duro e cruel como já
vinha fazendo há bastante tempo.
d – CONGELAMENTO DOS SALÁRIOS: manter os
salários nos índices mais baixos possíveis e não permitir que
aumentem de jeito nenhum.
e – QUANTO SEJA NECESSÁRIO: o quanto seja
necessário para agradar aos países ricos, e não os
contrariar em nada, mesmo que para isso seja preciso usar
a força bruta para conter alguma revolta dos espoliados.
f – E UMA ROTINA FLEXÍVEL SOBRE PREÇOS: flexível,
significa deixar os preços livres: alimento, remédio, escola,
habitação e tudo o mais à vontade dos donos dos bancos,
das indústrias e dos comerciantes. Desse modo, podem
aumentar os preços como entenderem, que o Governo não
vai fazer nada para impedir. Isto, levando-se em conta que
grande parte das indústrias, do comércio e dos bancos
pertence as multinacionais de países ricos.
g – UMA POLÍTICA FLEXÍVEL SOBRE TARIFAS: tarifas,
em geral, significam juros, contas de água, energia,
telefone, etc. Então, os juros estarão liberados à vontade
dos banqueiros e das financeiras. A média de lucros anuais
dos bancos eleva-se a percentuais astronômicos.
Arrochado assim, o trabalhador pobre terá de
trabalhar mais para poder tentar, desesperadamente,
aumentar o rendimento, pois o salário está congelado, mas
os juros sobem como foguete. Não vai conseguir o
necessário para a manutenção de sua família e, não tendo
dinheiro para comprar à vista, cai na armadilha dos juros
exorbitantes, onde se diz na gíria popular que, “quem
comprar uma casa do BNH nunca vai conseguir pagá-la”.
E o texto do jornal, continua: “A carta foi elaborada
pelas autoridades econômicas argentinas e membros de
uma comissão técnica do FMI que recentemente esteve no
País”.
No outro lado do mundo, as coisas não andam
melhores. Segundo o jornal O Popular (Goiânia, julho de
1985):

Addis Abeba — O Presidente da Tanzânia, Julius Nyerere, prometeu


ontem, que a África não permitirá que seus filhos morram de fome
para pagar sua dívida externa, ao falar diante de outros líderes
do continente, durante a abertura da 21º reunião da OUA. A reunião
ocorre no momento em que a África é afetada por uma dívida
externa de 170 bilhões de dólares e em que 500 milhões de pessoas
sofrem de escassez de alimentos e com a fome. [Grifos meus]. (O
POPULAR. Goiânia, de 20 de julho de 1985, Caderno Internacional, p-
9).

E assim, os países pobres encontram-se em situações


de extremas dificuldades, dificuldades estas que não
sensibilizam os países ricos. E a situação tem efeito cascata,
e sem sombras de dúvidas acabará por atingir também
aqueles.
Nos dias de hoje a desordem econômica grassa pelo
planeta. Países ricos do chamado primeiro mundo estão
com sérios problemas econômicos e mergulhados em
convulsões sociais. O FMI está enfraquecido e sem
condições de solucionar, pois quem financia este organismo
são justamente as grandes potências que já não estão mais
dando conta de cuidarem nem de si mesmas.
Assim, a quinta taça se refere à desestruturação e
falência da economia mundial.
46
A SEXTA TAÇA

A sexta taça, a sexta trombeta e o sexto selo, os


eventos de número 6, serão analisados juntos, a seguir,
uma vez que se referem aos mesmos acontecimentos.
Faz-se necessário relembrar que os selos se remetem
ao conteúdo histórico, as trombetas ao meio ambiente e as
taças à situação de sofrimento do ser humano dentro de
toda esta realidade.
47
A SÉTIMA TAÇA
A sétima taça trata dos últimos eventos da presente
humanidade. Juntos com ela estão contidos os
acontecimentos de todos os selos, de todas as trombetas e
das seis taças anteriores. Ela inicia-se com a eclosão da
Terceira Guerra, desde seus preparativos, como veremos a
seguir nos eventos de número 6, e se estende até os
primeiros dias dos filhos de Deus no paraíso eterno. Por este
motivo será analisada em cinco itens:
1º = Juntos, o sexto selo, a sexta trombeta e a sexta
taça: os eventos de número 6.
2º = A volta de Jesus.
3º = O Juízo Final.
4º = O Inferno Eterno.
5º = O Paraíso Eterno.
48
OS EVENTOS DE NÚMERO 6
1° ITEN DA 7ª TAÇA

6° Selo - 6ª Trombeta – 6ª Taça

O Apocalipse descreve três guerras mundiais: a


primeira, a do Cavalo Branco, com o arco e a flecha; a
segunda, a do Cavalo Vermelho, com a espada; e a Terceira,
descrita pelos eventos de número 6, que ainda não ocorreu,
a nuclear, onde as armas são os mísseis atômicos.
De posse de todas as interpretações anteriores,
podemos agora, nos situar dentro do Apocalipse, entre o
que já ocorreu e está ocorrendo e aquilo que ainda falta
para acontecer. Estamos, no momento, exatamente entre as
duas grandes guerras já ocorridas e a terceira que, ao que
tudo indica, está prestes a explodir.
A humanidade pressente, apavorada, a terceira
guerra. E este terror é alicerçado nos imensos e modernos
arsenais de destruição em massa, nas relações
internacionais calcadas no egoísmo, na intolerância política
e religiosa, e num ódio explicito entre os povos.
As taças são os últimos momentos de agonia da
humanidade. Após estes, não haverá outros: “Pois com
estas o furor de Deus estará consumado”. (Ap 15,1).
Devemos nos recordar que estamos, presentemente,
no início da sexta taça. E que, entre o momento atual
(eventos de número 6) e a volta de Jesus (sétima taça) falta
ocorrer apenas a terceira guerra mundial.
Desde que com as sete taças se “consuma”, termina,
então posso concluir que, de fato, são os derradeiros
episódios na história da humanidade, antes da intervenção
pessoal e direta de Deus.
Para mim, que creio nas escrituras, vejo, claramente
no Apocalipse, como será detalhado a seguir nos eventos de
número 6, a Terceira Guerra descrita, em detalhes.
Se o Apocalipse diz que “com estas estará
consumado”, não creio, de maneira alguma, que após,
ainda nos últimos momentos, os mais precários antes da
manifestação de Deus, a humanidade inteira se converta.
Não acredito que reconheçam seus crimes e a destruição do
seu habitat, e peçam perdão a Deus e comecem a recuperar
a Terra, a reflorestar o paraíso, e a restituir todas as vidas
animais extintas.
Jamais... jamais... jamais, ocorrerá uma conversão
em massa, instantânea, como querem muitos teólogos.
Jamais, um processo a longo prazo realizará uma conversão
total da humanidade, como querem outros.
Uma linha teológica moderna força um paraíso
instantâneo ou, pelo menos, a curto prazo, pregando a luta
de classes. Creem estes que se a maioria dos homens “está
no inferno” por culpa de uma minoria insignificante,
privilegiada, então, em se havendo uma reviravolta, se a
maioria reagir em bloco, em massa, o paraíso se implanta
de imediato. Isto é mais que utopia; é falsa doutrina. É
semelhante a um pai cruel que, em plena floresta se depara
com um tigre feroz e manda seu filhinho de apenas dois
anos ir acariciar o “gatinho”. É falta de fé e completo
desconhecimento das Sagradas Escrituras, principalmente
do Apocalipse, quando diz: “Os outros homens, que não
foram mortos por estes flagelos, não renunciaram sequer
as obras de suas mãos” (Ap 9, 20).
Isto prova que quem não aceita a Deus e a seu Cristo,
não se converte nem por bem, nem por mal; nem com
carinho, nem com chicote; e depois vem esta falsa
teologia (pelo menos em parte), e coloca a humanidade a
“dois passos do paraíso”.
Se os homens não se submetem a Deus, que paraíso
haverá? Ou, o que haverá neste paraíso?
A verdade é uma só: a raça adâmica passa por um
processo seletivo. Esta seleção se faz a partir do
Evangelho. Ela é geral e gratuita por parte de Deus, mas
Individual e opcional, por parte do Homem.
Há um número fechado, acabado, de pessoas que se
autosselecionam para habitarem a Terra para sempre.
Há um dia determinado, marcado por Deus, para Sua
intervenção pessoal na história humana e para homologar
tal seleção (Juízo final). Esta Terra atual será destruída; uma
nova terra será criada por Deus.
Toda teologia que constrói o paraíso por meio de mãos
humanas é excelente quanto à intenção, mas falsa, quanto
à verdade. Tal teologia só seria possível em tese: se todos
optassem por Cristo e se convertessem, instantaneamente,
ou mesmo a longo prazo. Mas, as Escrituras nos mostram,
no passado, no presente e com certeza no futuro, que a
grande maioria não opta por Deus. E o tempo presente, a
história que fazemos e da qual somos parte, nos confirma
isto.
O Fim do Mundo, o Juízo Final, com a intervenção
pessoal de Deus e de Seu Cristo, é a verdade, e está
bem claro no Catecismo da Igreja Católica (1997), artigo-
677:
Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo ascendente, mas
por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do
mal, que fará sua Esposa descer do Céu. O triunfo de Deus sobre a
revolta do mal assumirá a forma do Juízo Final depois do derradeiro
abalo cósmico deste mundo que passa: [Grifos meus].
Em meu entendimento este “derradeiro abalo
cósmico” é a “descriação” do planeta Terra. Ele começa
exatamente com a Terceira Guerra, que é o
“desencadeamento último do mal”, antes da intervenção
direta divina. E por ser “derradeiro”, é só o que falta antes
da volta de Jesus, que assumirá esta “forma de Juízo Final”.
A sexta taça abre a sequência dos eventos de número
6.

6ª Taça

O sexto derramou sua taça sobre o grande rio Eufrates... E a água do


rio secou, abrindo caminho aos reis do Oriente. Nisto vi que da boca
do Dragão, da boca da Besta e da boca do falso profeta
saíram três espíritos impuros, como sapos. São, com efeito,
espíritos de demônios: fazem maravilhas e vão até aos reis de
toda a terra, a fim de reuni-los para a guerra do grande Dia do
Deus todo-poderoso. (Eis que eu venho como um ladrão: feliz aquele
que vigia e conserva suas vestes, para não andar nu e deixar que
vejam a sua vergonha). Eles reuniram então no lugar que, em
hebraico, se chama “Harmagedôn”. ( Ap 16, 12-16 )

A sexta taça possui três momentos centrais, distintos.


Primeiro: a taça derramada sobre o rio Eufrates seca-o
e, uma vez seco, abre caminho para a passagem dos reis do
oriente. Esta figura dá-me a ideia de escassez de uma
determinada fonte de riqueza localizada na região
circundante do rio Eufrates.
A água, para os hebreus, simbolizava uma riqueza
infinita; representava a própria vida.
Secar é o mesmo que acabar, esgotar. Daí a ideia que
tenho de que uma fonte de riqueza na região se esgotará.
Poderia até ser o esgotamento do petróleo, pois se sabe que
as jazidas petrolíferas são estáticas e que, inevitavelmente
se esgotam. Mas, acredito que seja um bem maior: a água.
Com a escassez e o esgotamento, os reis do oriente se
inquietam e têm de se locomover em busca de alternativas
que gerem recursos econômicos.
Como o rio Eufrates banha uma extensa região com
muitos reinos, estes terão, e isto é inevitável, que entrar em
luta, buscando cada qual a sua própria sobrevivência.
A revista Mundo Em Foco (2007), traz uma apropriada
reportagem intitulada “Tesouro Líquido”, que em um
parágrafo diz o seguinte:

A escassez de água tende a se tornar motivo de disputa entre


nações. Um relatório do Banco Mundial emitido em 1995 alerta para
o fato de que “as guerras do próximo século serão por causa de
água, não por causa do petróleo ou política”. Em vista das previsões,
a afirmação não soa exagerada. Em cerca de 30 anos, a
quantidade de água disponível por pessoa em países do oriente
médio e do norte da África estará reduzida em 80%. A projeção
que se faz é de que, nesse período, 8 bilhões de pessoas habitarão a
Terra, em sua maioria concentrada nas grandes cidades. Será
necessário, então, produzir mais alimentos e mais energia,
aumentando os consumos domésticos e industrial de água. Essa
água será buscada além das fronteiras dos países, com risco de
deflagrar guerras. [Grifos meus]. (REVISTA MUNDO EM FOCO, 2007,
Ano 2, n° 2, p-23).

Segundo momento: três espíritos impuros que saem


da boca do Dragão, da boca da Besta e da boca do Profeta
da Besta e vão a todos os reis de toda a Terra incitando-os,
instigando-os e convidando-os para a Grande Guerra, a
Guerra do grande Dia do Deus todo-poderoso. É uma fase
na história, de corrida armamentista, sem precedentes.
É inegável a ânsia belicista de todos os países.
Saiu, em O Popular ou no Diário da Manhã (Goiânia), a
seguinte matéria:

SINAL DOS TEMPOS: Se existe hoje uma preocupação continental


com o problema da segurança - tanto que Brasil e Argentina iniciam
conversação a propósito –, divulga-se que o pequeno emirado do
Kwait acaba de adquirir nada menos que cem mísseis Exocet,
modelo-terra. Adquiridos da França pelo Governo Kwaitiano, os
mesmos poderão ser lançados de helicópteros Puma, também de
fabricação francesa, incorporados há pouco à aviação militar da
minipotência. O mundo está se armando. [Grifos meus]. (O
POPULAR ou DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, entre 1982 e 1986 [data
perdida]).

E ainda mais:

Nunca os homens buscaram tanto a paz como nos dias atuais.


Quanto mais a buscam mais distanciada ela fica.
Qual seria a razão de tantos erros e de tantas dores que cometem as
nações e os indivíduos? (O POPULAR ou DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia,
entre 1982 e 1986 [data perdida]).

No jornal Diário da Manhã (Goiânia, dezembro de


1983), saiu este artigo:

O MUNDO ESTÁ A TRÊS MINUTOS DA CATÁSTROFE: O ponteiro do


“Doomsday Clock”, do relatório do juízo final, avançou um minuto.
Está agora a três minutos da meia-noite, da catástrofe atômica. Não
se trata de misticismo ou de brincadeira de amadores, mas de um
relógio gráfico movimentado por cientistas ligados à revista
especializada “Bulletin of the Atomic Scientists”. Em 51, dois anos
depois de criada a revista, começou a ser publicado o relógio como
um “indicador confiável dos riscos de guerra atômica”. Durante todo
esse tempo ele tem sido reconhecido como tal pela comunidade dos
cientistas que o regulam monitorando a corrida nuclear e o confronto
entre Estados Unidos e União Soviética.
Desde 47 o ponteiro do Doomsday Clok só foi movimentado nove
vezes, o que dá a medida do rigor de seus reguladores.
Começou faltando sete minutos para o juízo final e já esteve a dois
minutos. Está agora a três, o que significa uma caminhada de volta à
situação extremamente crítica. O movimento de agora é mais um
alerta da comunidade científica.
CLIMA: Os dois minutos datam de um dos períodos mais negros da
guerra fria, a década de 53 a 63. Nele, os Estados Unidos e União
Soviética testaram com êxito a bomba de hidrogênio. Os dois
superpoderes começavam a dispor de arsenais capazes de destruir
um ao outro e também as conquistas maiores da civilização
ocidental. Em 63 e 72 o relógio retrocedeu a 12 minutos, em ambos
os casos celebrando a assinatura de acordos e desarmamentos. Em
63 o tratado de limitação parcial (e parcial continua até hoje) dos
testes atômicos. Em 72 o primeiro acordo de limitação das armas
estratégicas, negociado entre Brejnev e Nixon.
Entre estes dois marcos o relógio andou tocado pelas vicissitudes do
clima internacional. Foi a sete minutos com as bombas da França e
China. Recuou a dez com o tratado de não-proliferação nuclear.
Avançou para nove com a bomba da índia, sete com o fracasso do
Salt-Il e quatro diante da doutrina da guerra atômica “possível”.
Estava em quatro minutos desde 1981. Apesar do clima
envenenado das relações internacionais, sobretudo entre
Estados Unidos e União Soviética, os cientistas evitavam mexer no
ponteiro. Viam como contrapeso importante o crescimento dos
movimentos pacifistas. A decisão oficial tomada de avançar para três
minutos traduz a terrível convicção de que o pacifismo é batido
pelo belicismo. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 23
dezembro de 1983, p-7, coluna de Newton Carlos).

Apenas quero ressaltar o último grifo: ainda que seja


bastante conscientizador e reivindicador, o movimento
pacifista não utiliza armas, nem a força – seria uma
contradição de si mesmo; e a corrida belicista utiliza a força
das armas, sem escrúpulos e sem piedade, por isso é que o
belicismo vence o pacifismo, infelizmente.
Todos sabem que uma guerra nuclear generalizada
pode provocar a extinção da vida em questão de poucos
anos, ou meses.
Nelson Figueiredo, no jornal O Popular (Goiânia,
novembro de 1984), traz em sua coluna a seguinte matéria:

Vivemos uma dicotomia singular no mundo atual. As superpotências,


que constituem o núcleo privilegiado dos países desenvolvidos, não
são mais apenas o centro irradiador de valores, modismos,
comportamento e padrões econômicos e sociais para o restante das
nações do globo. Passaram a responder pelo destino que possa
ser dado - a qualquer momento, - à espécie humana, daqui
por diante. Até mesmo em termos de sobrevivência ou
extinção, pura e simplesmente. A concentração do poderio bélico
em níveis sequer jamais imaginados pelo homem, bastante para
eliminar mais de 10 vezes toda a vida existente na terra e pelo
menos 60 vezes a população do mundo, é motivo mais que
suficiente para que os “superdotados” tenham seus passos
acompanhados com atenção e temeridade.
[...] Vista por este ângulo, a paz mundial parece ser uma aspiração
longínqua. Ou pelo menos frágil e insegura. O egoísmo e a
predominância de interesses econômicos imediatos, presentes cada
vez mais como valores absolutos nas sociedades capitalistas, indica
que as escolhas dos governantes, cada vez menos, estarão na
dependência de padrões éticos, morais ou espirituais. [...] enquanto
a indústria bélica cresce, expandindo sua importância nos números
da economia mundial, as negociações de paz esbarram em sutis
obstáculos. Países não desenvolvidos comemoram alegremente o
ingresso à categoria de fabricantes de armas ou detentores de
armas atômicas. [...]
Einstein, em seu livro “Como vejo o mundo” [...], constata: “As
nações, participando da corrida geral de armamentos e não
querendo perder, concebem e executam os planos mais
detestáveis. Precipitam para a guerra. Mas hoje, a guerra se
chama ‘o aniquilamento da humanidade’ “. [Grifos meus]. (O
POPULAR. Goiânia, 18 de novembro 1984, Caderno 2, p-26).

Então, vejo que o Apocalipse, na sexta taça, é


extremamente exato e preciso. Ele descreve, ao pé da letra,
uma verdadeira corrida armamentista: “São, com efeito,
espíritos de demônios: fazem maravilhas e vão até aos
reis de toda a terra a fim de reuni-los para a guerra”.
Quem ignora isto, ignora a própria realidade. Quem
assim o faz, não mora na Terra, mas no “mundo da lua”.
Terceiro momento: o terceiro momento indica que a
Terra está pronta, completamente armada e preparada para
a Grande Guerra.
Harmagedôn é o nome de um vale muito conhecido
pelos judeus, por ser um local de batalha, um campo de
guerra. Ali foram travadas as suas mais nefastas guerras.
Inclusive foi lá que sofreram as piores e terríveis derrotas.
Como para o Apocalipse tudo tem dimensões amplas
e universais, o Harmagedôn significa que na Terra inteira
todos os reinos se dividem em apenas dois blocos que irão
lutar entre si. E, representa também, um enorme vazio
entre eles; uma impossibilidade total de entendimento e
paz.
O Mundo inteiro está preparando a batalha final. E
temos que nos recordar que todos os reis estão
participando ativamente.
Assim, no terceiro momento vemos que a Terra está,
de fato, completamente apta a ser palco de uma terrível
Guerra Mundial. E que se fica esperando, apenas, o
momento exato para isto.
6ª Trombeta
E o sexto Anjo tocou... Ouvi então uma voz que provinha dos quatro
chifres do altar de ouro, colocado diante de Deus, e dizia ao sexto
Anjo, que estava com a trombeta: “Liberta os quatro Anjos que estão
presos sobre o grande rio Eufrates”. Os quatro anjos, que estavam
prontos para a hora, o dia, o mês e o ano, foram então libertos
para matar a terça parte dos homens. O número de cavaleiros do
exército era de duzentos milhões: ouvi bem seu número. Na minha
visão, os cavalos e os cavaleiros tinham este aspecto: vestiam
couraças de fogo, de jacinto e enxofre; a cabeça dos cavalos era
como de leão e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. Uma terça
parte dos homens foi morta por causa destes três flagelos: o
fogo, a fumaça e o enxofre que saíam da boca dos cavalos. O
poder dos cavalos, com efeito, está em sua boca e nas caudas; de
fato, suas caudas parecem serpentes: têm cabeça com as quais
causam dano.
Os outros homens, que não foram mortos por estes flagelos, não
renunciaram sequer às obras de suas mãos, para não mais adorar os
demônios, os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de
madeira, que não podem ver, nem ouvir ou andar. Não se
converteram também de seus homicídios, magias, fornicação e
roubos. ( Ap 9, 13-21 )

A sexta trombeta apresenta dois quadros expressivos


neste contexto de últimos sofrimentos. No primeiro, temos o
relaxamento da retenção do mal. Até então os textos
indicavam e confirmavam que a degeneração maligna
estava sendo retida por Deus. A ordem é para soltar os
quatro Anjos que estavam presos, ou seja, retidos,
guardados, adiados.
Sabemos que estamos no segundo “Ai”. E nos
recordamos que a Águia gritava bem alto no meio do céu
nos advertindo que os três “Ais” seriam terríveis. Pois bem,
já estamos no segundo.
Após soltar os quatro Anjos, ocorre uma mortandade
instantânea que atinge “um terço da humanidade”. E este
“um terço” morre repentinamente, numa hora de um dia
qualquer, de um mês ignorado, de um ano por vir. Esta
referência de um tempo “determinado” nos é feita pelo
próprio Senhor: “Daquele dia e hora ninguém sabe, nem o
filho, somente o Pai” (Mc 13, 32).
A certeza que tenho é que haverá uma mortandade
repentina. E Jesus confirma o Apocalipse. Podem todos os
teólogos de todas as religiões ignorarem e falsificarem as
verdades do Apocalipse. Para mim, é suficiente, e bastante,
a confirmação de Jesus. E é sabido que esta tentativa de
minimizar as pragas descritas neste Livro será efetivada por
muitos. No entanto, o texto é claro e direto sobre a
extensão das mortes: “... Foram então libertos para matar
a terça parte dos homens” (Ap 9, 15).
Se esta frase for numa linguagem figurada, não sei o
que mais ela significaria. Com que poderia eu comparar a
matança de um terço da humanidade, assim num lapso de
tempo? E se, de fato, ocorrer, o que é a pura verdade, resta-
me saber o que vem a ser, em quantitativo inteiro, este “um
terço” da humanidade.
Se de fato a humanidade não abrir mão da terceira
guerra mundial e se esta ocorresse nos dias atuais (segunda
década do século XXI), morreriam cerca de mais de dois
bilhões e trezentos e cinquenta milhões de pessoas. Este é
o número aproximado de um terço dos seres humanos neste
período.
Dois bilhões e trezentos e cinquenta milhões de
pessoas morreriam, comparativamente, quase que dentro
do mesmo tempo que gasto para estalar os dedos. Em
números redondos assim, muita gente não tem uma noção
exata. Significaria matar todos os brasileiros quase umas
vinte vezes.
A sexta trombeta, no que se refere ao seu primeiro
quadro, trata do extermínio de um terço da humanidade.
Esta carnificina é provocada por uma guerra. Não é por
nenhum acontecimento natural ou epidemia. É na guerra,
onde cerca de um terço de pessoas morreria rapidamente.
Temos a referência desta guerra: “O número de cavaleiros
do exército era de duzentos milhões” (Ap 9, 16).
O que poderia matar, numa hora apenas, tanta gente?
Uma guerra nuclear! E o uso destas armas deveria ser
moderado, caso contrário não restaria um único
sobrevivente.
A rádio do Vaticano, noticiando um sério relatório
futurista de cientistas europeus e americanos, por ocasião
do 37° aniversário do ataque atômico a Nagasaki, no Japão,
entre outros dados, citou os seguintes, conforme o Jornal
Diário da Manhã (Goiânia, agosto de 1982):

Os cientistas partem do princípio que a guerra nuclear se limitaria ao


Hemisfério Norte. Em menos de 24 horas, o arsenal atômico à
disposição das duas superpotências causaria a morte de 750
milhões de pessoas e deixaria seriamente ferida 350 milhões de
outras.
Os sobreviventes estariam expostos às radiações e perderiam
rapidamente toda resistência às doenças epidêmicas. De cada cinco,
um sobrevivente seria incapaz, física e psicologicamente, de ajudar
os outros, mesmo os membros da família. Logo nas primeiras
semanas, de sete a vinte por cento dos sobreviventes morreria.
O destino inevitável de cerca de 80 por cento das pessoas expostas
seria o câncer. Dos vinte por cento restantes, cerca de dois por cento
seria estéril e o resto transmitiria mutações genéticas para as
próximas gerações. Haverá a formação de nuvens escuras de
poeira e fragmentos em consequência da guerra, que
esconderia o Sol durante meses, destruindo as culturas agrícolas do
Hemisfério Sul.
De acordo com o estudo, apenas roedores, especialmente os
camundongos, seriam capazes de suportar as radiações e se
multiplicariam a uma velocidade espantosa, dominando o mundo
que se teria tornado quase um deserto. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA
MANHÃ. Goiânia, 10 agosto de 1982, Caderno Internacional, p-10).

O relatório do Vaticano fez a previsão de que se a


guerra nuclear se limitasse apenas ao Hemisfério Norte e se
ela ocorresse em meados de 1985, em menos de 24
horas morreriam 750 milhões de pessoas e 350
milhões ficariam gravemente feridas, vindo a falecer
rapidamente. Isto se equivale a dizer, praticamente, “um
terço da humanidade” de 1985, pois neste ano os seres
humanos eram quase quatro bilhões.
E devemos saber que os cientistas fazem um relatório
levando-se em conta todas as medidas de segurança
possíveis. E o fazem considerando que funcionem
eficientemente.
Ponderam, ainda, que somente parte dos arsenais
será utilizada, pois se for empregada carga total, não
sobrará nem sombra de nada vivo na superfície da Terra.
Por tudo isto, pondo na ponta do lápis, vemos que o
relatório dos cientistas bate cem por cento com o
Apocalipse.
Num ano, num mês, num dia, numa hora, morrerá um
terço da população mundial.
O Apocalipse e o relatório científico são
absolutamente idênticos no número de mortes e nas
sequelas difíceis de serem revertidas e tratadas.
Vários especialistas falam na completa extinção
humana, em caso de guerra nuclear. E não apenas humana,
mas de toda forma de vida no planeta.
O Apocalipse não confirma isto, ao dizer que haverá
sobreviventes.
Vejo a misericórdia Divina com seus servos,
minimizando tamanha loucura.
A concordância de ambos, cientistas e Apocalipse, não
se limita aí. Coincidem ainda com as consequências do pós-
explosões; do day after; com as radiações atômicas e com
todos os diversos efeitos da fumaça.
A impressão que se tem é a de que João transcreveu
para o Apocalipse, na íntegra, parte do relatório científico
noticiado pela rádio do Vaticano.
Algumas vezes durante minhas pesquisas me
confundi, com tantas semelhanças. Vejamos como são
absolutamente idênticos:
Apocalipse:

Uma terça parte dos homens foi morta por causa destes três
flagelos: o fogo, a fumaça e o enxofre. ( Ap 8, 18 )

Os cientistas:

Haverá a formação de nuvens escuras de poeira e fragmentos


[fumaça] em consequência da guerra, que esconderia o sol durante
meses.

Ainda os cientistas:

Em menos de 24 horas o arsenal atômico à disposição das duas


superpotências causaria a morte de 750 milhões de pessoas [em
1985] e deixariam seriamente feridas 350 milhões de outras.

Isto porque, conforme o relatório oficial da tripulação


da aeronave que jogou a bomba em Hiroxima:

A bomba explodiu na altura preestabelecida de 550 m acima do solo,


mas Bob Caron, na cauda da aeronave foi o único a bordo que viu a
incrível bola de fogo que, em sua fúria atômica, era uma grande
fornalha ardente, com uma temperatura, no interior, calculada em
100 milhões de graus Fahrenheit.
O cientista goiano, Pires Leal declara: “A primeira
consequência seria o levantamento de uma quantidade
incomensurável de poeira e cinzas [fumaça] para a
estratosfera”.
Os cientistas do Vaticano relataram: “Os
sobreviventes estariam expostos às radiações e perderiam
rapidamente todas as resistências às doenças epidêmicas”.

João apenas chamou de enxofre o que chamamos de


radiação. E quando se estuda na cultura dele e o que ele
entendia sobre o enxofre, a comparação é perfeita.
João destaca que, apesar desta tremenda tragédia, os
sobreviventes não mudam. Continuam firmes no seu
orgulho e não se submetem a Deus. Dois bilhões de mortes,
cidades arrasadas, fome, pestes, dificuldades, crimes,
saques e toda espécie de resto de guerra, e continua assim,
como viu:
Os outros homens, que não foram mortos por estes flagelos, não
renunciaram sequer às obras de suas mãos, para não mais adorar
os demônios, os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de
madeira, que não podem ver, nem ouvir ou andar. Não se
converteram também de seus homicídios, magias, fornicação e
roubos. ( Ap 9, 20-21 )

Nem a misericórdia de Deus, nem Suas correções,


movem os corações empedernidos.
Não há força no Céu, na Terra ou debaixo da Terra,
capaz de mudar o coração humano, a não ser o próprio
coração humano.
Liberta os quatro Anjos, que estão presos sobre o grande Rio Eufrates. (
Ap 9, 14 )

O rio Eufrates fica no Oriente Médio, nas regiões do


Irã, Iraque, Síria, Líbano e Israel.
O texto diz que há quatro Anjos presos, fixos,
segurando e impedindo um conflito naquela área. Esta
providência Divina parece ser imitada pelos homens. A ONU
mantinha, na região de conflito, soldados de quatro nações
como uma força conjunta de paz, com finalidade de
impedir a eclosão de um grande conflito ali. Quatro países
tinham tropas em Beirute.
No Diário da Manhã ou O Popular (Goiânia), saiu a
seguinte matéria:

VIGILÂNCIA DA PAZ FICA

Os Estados Unidos, França e Itália, estão decididos a manter suas


tropas da Força Multinacional de Paz em Beirute, apesar dos
sangrentos atentados cometidos recentemente e as múltiplas
pressões internas para sua retirada, soube-se ontem de fonte
autorizada na capital libanesa.
O ministro libanês das Relações Exteriores, Elie Salem, informou
dessa decisão ao governo após reunir-se, anteontem e ontem, com
os embaixadores desses três países em Beirute, ainda segundo a
mesma fonte. Salem deve se reunir hoje com o embaixador da Grã-
Bretanha, o quarto país que integra a Força Multinacional de Paz.
[Grifos meus]. (O POPULAR ou DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, entre
1982 e 1986 [data perdida]).

É absolutamente concordante o Apocalipse com a


história moderna. Nele, diz que há quatro Anjos presos, e
junto ao Eufrates. Ora, sabemos que o Eufrates está
localizado no Oriente Médio. Na região do Líbano. A história
atual diz que quatro países mantêm forças enviadas ali
para resguardar a região, de conflitos. A história fala que os
países estavam sendo pressionados a deixarem a área
como, de fato, deixaram posteriormente. Mesmo que
venham a ser outras nações, no futuro, isto de fato
ocorrerá. É só prestar atenção.
O Apocalipse especifica que os quatro Anjos serão
soltos. Deixar a área e ser solto, é a mesma coisa.
Notamos, sempre, que a adoração à matéria está
fundamentada na adoração ao demônio. É a sua causa
fundamental. Na sequência que João fez, mostrando a
conduta dos outros homens, daqueles que escaparam de
morrer na guerra nuclear, mas que, apesar disto, não se
converteram para Deus, vemos que esta narrativa põe o
demônio na origem e, a seguir, o amor pelos utensílios
materiais, de ouro, prata, bronze, pedra e madeira.
No Evangelho, Jesus deixou bem claro que o Homem
deve amar o Homem: “Amai-vos uns aos outros...”, é a
máxima do Evangelho. No entanto, vemos que se ama mais
o ouro, a prata, o bronze, a pedra e a madeira, mais do que
a outra pessoa.
Não me admiro que morra um terço da humanidade
num só instante. Quem se importa com o semelhante? Por
que um americano deveria amar um russo e vice-versa? Por
que um palestino e um judeu se amariam?
Estes países gastam todas as suas economias, e as
economias dos outros, construindo armas, ensinando e
preparando seus filhos a se odiarem e a se matarem.
O amor e a adoração ao material levam um homem a
destruir outro: “Não se converteram também de seus
homicídios...” (Ap 9, 21).
O demônio induz à prática de rituais que venham a
substituir a verdadeira adoração a Deus. Estes rituais, não
iluminados e não propostos por Deus, provocam a
confiança nos objetos e nas cerimônias, tornando-os seus
deuses, pois que adoram apenas a matéria. Precisam
visualizar suas divindades em uma pata-de-coelho,
fechadura-de-sete-furos, trevo-de-quatro-folhas, pirâmide,
horóscopo, buda em cima da geladeira, e assim por diante.
Preferem deixar de confiar no Deus Vivo e Verdadeiro, para
depositarem fé e esperança em objetos e coisas: “Não se
converteram também de suas magias...” (Ap 9, 21).
O sexo é liberado. Casamento é um atraso de vida,
um desconforto, perda de tempo. Castidade e pureza são
sinônimos de beatice, de quadratura. Os anticoncepcionais
e as leis transadas deixam a moçada bem à vontade.
Prostituição e adultério são coisas tão antigas e
ultrapassadas como o cinto de castidade. Virgindade passou
a ser peça de museu.
Sexo, agora, é sinônimo de amor; passou a significar o
mais alto momento entre as pessoas; tornou-se a meta, o
objetivo, o fim em todo relacionamento. Afinal, Cristo
mandou amar aos outros. E amar, para os obstinados no
erro, é sexo. Então, fazem sexo a destrançado: homem com
mulher (fora do casamento); homem com homem; mulher
com mulher; adulto com criança; criança com criança;
pessoas com animais (sendo este considerado o início da
contaminação pelo HIV), e tudo quanto a imaginação ditar.
Afinal, sexo é paraíso (no matrimônio, sim), é a glória que o
demônio concede aos seus seguidores.
Todas as tentativas de se reorganizar a verdadeira
finalidade do sexo como fonte da vida, princípio de vida,
meio de reprodução e de prazer para os esposos, são tidas
como voltas a tabus de há muito destruídos: “Não se
converteram também de suas fornicações”... ‘’ (Ap 9, 21).
Se a mentalidade geral é a de que se deve ter mais,
sempre mais, e se todos se lançam em acumular bens
materiais, chega-se a um ponto em que se lançam uns
contra os outros para tirarem o mais que puderem.
Mesmo as medidas legais, que porventura surgem
para implantar uma partilha (pequena devolução aos
espoliados), são entendidas como armas para tirar de quem
tomou tudo de muitos. E estes que têm, reagem
furiosamente contra, gritando que não aceitam.
Quem nada possui se revolta e vai a roubar.
Como ninguém reparte nada, não devolve nada,
pensam, o jeito é roubar, o mais que se puder.
Esta mentalidade acaba transpondo a linha do “até
quando seria justo” e adentra os pórticos da injustiça,
ilegalidade, crime e pecado. E aí, quase ninguém mais se
importa com a justiça e a lei. Esta nova “ordem” torna-se,
no inconsciente coletivo, prática aceitável, desde que
praticada ocultamente, subliminarmente, por detrás de uma
máscara de legalidade.
São países roubando países, governantes roubando o
povo, empresas e cidadão lesando o Estado, bancos
extorquindo correntistas, patrão roubando empregado,
empregado roubando patrão, crianças roubando pelas ruas.
Tem gente que rouba de si mesmo o dinheiro do bolso
da camisa e o coloca no bolso da calça, de tanto que esse
povo rouba: “Não se converteram também de seus
roubos...” (Ap 9, 21).
O segundo quadro dentro do contexto da sexta
trombeta se refere à consumação da luta entre o Bem e o
Mal. Alerta que esta consumação virá em breve, sem
demora. Destaca que o tempo, determinado por Deus para
apurar e julgar a humanidade, está por um fio.
Este segundo quadro se abre mostrando que o Anjo
desce do Céu (Ap 10). Que é forte, isto é, tem grande poder.
Sua beleza é imensa. Tem um arco-íris sobre a cabeça. O
rosto é luminoso como o sol. Suas pernas têm a semelhança
de brilhantes colunas de fogo.
Para mostrar que seu poder é realmente imenso,
pousa um pé sobre o mar e o outro sobre a terra. Sua voz é
forte, comparada ao rugido do leão.
A descrição deste Anjo nos garante ser ele uma
altíssima personalidade celeste.
Este poderoso Anjo tem duas funções aparentemente
simples e vulgares: fazer um juramento e entregar um
livrinho a João.
Como disse, só aparentemente simples, pois o
juramento que ele faz nos dá duas certezas fundamentais
da fé: que Deus tem um dia marcado para agir
pessoalmente na História da humanidade e que este dia
está muitíssimo perto; e que a mistura do Bem e do Mal não
durará para sempre, que o dia tão esperado da separação,
infalivelmente, está às portas.
Até então, poderia parecer que o Mal existisse para
sempre e a Terra fosse um lugar de eternas injustiças
impunes. Mas, agora, os servos de Deus têm a certeza de
que o Seu Senhor e Pai irá agir, em pessoa, na História dos
homens, e separará o Bem do Mal para sempre.
Esta certeza vem através de um juramento. Um
juramento proferido por uma altíssima autoridade do Céu,
com a mão direita levantada para Deus, invocando o Seu
santo nome.
Todos os tapas que os filhos de Deus levaram,
injustamente, na face direita, e todos os que levaram, sem
nenhuma resistência, na face esquerda, serão, agora,
cobrados aos agressores. Todas as dores, angústias e
lágrimas, bem como cada mordida e patada das feras nas
arenas romanas, serão vingadas por Deus. Testemunharam
sua fé e sua confiança no Pai de Jesus Cristo. E por Ele,
milhares de servos, homens, mulheres e crianças foram
comidos vivos por feras, em espetáculos públicos. Chegará,
agora, daqui a pouco, a vingança de Deus.
Milhões de pessoas morrendo de fome ao redor do
planeta, em deprimente espetáculo público a que os
grandes e poderosos assistem, passivamente, pela
televisão. Criancinhas choram de fome pela falta da
merenda escolar desviada.
A arena é o mundo; a fera é a fome; e os
espectadores são os grandes, os ricos e os poderosos deste
século. Os mesmos que empregam a riqueza em armas e
mordomias de poderosos.
Só por mais um pouquinho de tempo!
Pode parecer que Deus esqueceu os sofrimentos de
seus filhos. “Mas, não; Ele usa é de paciência para com os
pecadores”.
Enfim, chega o dia do Juízo de Deus. O Anjo diz:
Já não haverá mais tempo! Pelo contrário, nos dias em que se ouvir o
sétimo Anjo, quando ele tocar a trombeta, então o mistério de
Deus estará consumado, conforme ele anunciou aos seus servos,
os profetas. ( Ap 10, 7 )

Neste dia, os servos de Deus poderão avaliar, de fato,


o que significa ser servo de Deus. E os inimigos de Deus, e
de seus servos, avaliarão o que vem a ser inimigos de
Deus.
Temos, neste quadro, uma cena que não podemos
compreender com maior certeza. Tudo leva a crer que se
trata, segundo a opinião de muitos teólogos, das datas
exatas dos eventos do Apocalipse:
Ao gritar, os sete trovões ribombaram suas vozes. Quando os sete trovões
ribombaram, eu estava para escrever, mas ouvi do céu uma voz que me
dizia: “Guarda em segredo o que os sete trovões falaram, e não o
escrevas”. ( Ap 10, 3-4 )

No início do Livro, a ordem é para que João escrevesse


tudo o que visse e ouvisse. Agora, neste determinado
momento, a recomendação é para não escrever. A opinião
mais geral é a de que os “sete trovões” falaram as datas
dos acontecimentos, principalmente as do Juízo final. Mas,
como saber, se não foram escritas?

6° Selo

O sexto selo me leva a considerar que, uma vez


havendo duas áreas antagônicas numa tão imensa situação
de conflito e rivalidade, elas acabam por se confrontar. E
este confronto é o mais requintado, o mais bem preparado e
executado. Os envolvidos terão em mente que deverão
empregar carga máxima, pois sabem que o armamento do
inimigo tem potência para eliminá-los várias vezes, se isto
fosse possível.
De tal forma bem preparado que nenhuma das partes
quer pensar na possibilidade de perder e, para isto, elevam
ao máximo toda sua capacidade de destruição, empregando
para tanto, toda a ciência, engenhosidade e imensa riqueza.
Cada possibilidade de derrota é minuciosamente
estudada, parte a parte.
Este confronto, segundo o sexto selo, provoca um
desastre total, que provocará, em pouco tempo, a extinção
da humanidade:

Vi quando ele abriu o sexto selo: houve um grande terremoto; o


sol tornou-se negro como um saco de crina, e a lua inteira como
sangue; as estrelas do céu se precipitaram sobre a terra, como
a figueira que deixa cair seus frutos ainda verdes ao ser agitada por
um forte vento; o céu afastou-se, como um livro que é enrolado; as
montanhas todas e as ilhas foram removidas de seu lugar; os reis da
terra, os magnatas, os capitães, os ricos e os poderosos, todos,
escravos e homens livres, esconderam-se nas cavernas e pelos
rochedos das montanhas, dizendo aos montes e às pedras:
“Desmoronai sobre nós e escondei-nos da face daquele que está
sentado no trono, e da ira do Cordeiro, pois chegou o grande dia da
sua ira, e quem poderá ficar de pé?”. ( Ap 6, 12-17 )

Numa rápida olhada geral, neste texto, concluímos


que, sem sombra de dúvidas, o confronto vai às vias de
fato. O temível choque entre as duas partes, eclode.
E pelos termos da descrição vê-se que é algo
extremamente desastroso e mortal.
Este episódio ainda não ocorreu, mas no meu
entender, estamos na sua fase iminente.
O enorme vale já está estabelecido, e a Terra está
repartida entre dois blocos, tal como predisse o profeta
Zacarias.
Não há como negar esta verdade.
Dizer que minha opinião é concordismo não muda a
história, não muda a realidade. Dizer que estou chutando
não atenua a realidade, pois estamos todos a sentir na pele.
Dizer que fiz uma cata aleatória de alguns versículos
ao longo das Sagradas Escrituras para passar medo no
leitor, não impede que este continue a sentir medo, pois o
medo do leitor não é de versículos, é da realidade.
Minha opinião coincide com a de Mário Sanchez, em O
Apocalipse Interpretado (1980):
Agora, vemos descrito em detalhes algo que ainda não
aconteceu. [...] Talvez esteja de mistura a sexta era e também o
final da sétima, pois tudo indica que serão muito próximas uma da
outra. [Grifos meus]. (MÁRIO SANCHES. O Apocalipse Interpretado,
1980, p-51-52).

Ainda sobre o sexto selo, continuo concordando com a interpretação de


Mário Sanchez:
A nosso ver, aí está descrita a terceira guerra mundial, onde as
nuvens escurecem o sol e a lua surge vermelha pela poluição, caem
foguetes atômicos (estrelas do céu), o céu recua e se enrola como os
livros de papiro em rolo. Montes e ilhas desaparecem, treme a terra
em um grande terremoto.
Os grandes da terra (reis, magnatas, oficiais, ricos e poderosos)
escondem-se sob a terra (abrigos atômicos) e desafiam os montes
e rochedos a cair sobre eles, mas, percebem muito tarde que seus
abrigos não os defendem do desastre que desencadearam. [grifos
meus]. (Mário Sanches. O Apocalipse Interpretado, 1980, p-51).

Alziro Zarur, no livro de José de Paiva Neto, O Brasil e


o Apocalipse (1984), declara:

Vem uma guerra atômica que ninguém pode evitar; porque nem
Deus pode evitar, pois Ele obedece às Suas Leis: Cada um colhe
aquilo que semeia. [Grifo do autor]. Não há ONU — Organização
das Nações Unidas, ou desunidas — que possa acabar com guerra
nenhuma. A ONU não tem força nem para acabar com a guerra no
Oriente Médio. Porque se a Rússia dá um grito, “fecha” a ONU. Se os
Estados Unidos dão um grito, “fecham” a ONU. Enquanto houver
superpotências não há ONU que dê jeito.
Ninguém evitará a Terceira Guerra Mundial. É o Armagedon. E esse
Armagedon levará a humanidade à ruína total.
Vocês queriam que eu dissesse o quê? Vamos soltar balão! Vamos
soltar estrelinhas! O mundo é uma beleza! Tudo vai acabar
bonitinho! Não vai, não! (JOSÉ DE PAIVA NETO. O Brasil e o
Apocalipse, 1984, Volume-1, p-49, citando Alziro Zarur).

O profeta Amós, vendo que a realidade humana é


fruto da decisão humana, fruto do livre arbítrio do homem,
já escrevera: “Ai daqueles que desejam o dia de Iahweh!
Para que, pois, vos servirá o dia de Iahweh? Ele será trevas
e não luz” (Am 5, 18).
Na tradução Almeida, temos: “Ai de vós que desejais o
dia do Senhor! Para que desejais vós o dia do Senhor? É dia
de trevas e não de luz” (Am 5, 18).
Do profeta Sofonias:

Está próximo o grande dia de Iahweh! Ele está próximo, iminente! O


clamor do dia de Iahweh é amargo, nele, até mesmo o herói grita.
Um dia de ira, aquele dia! Dia de angústia e de tribulação, dia de
trevas e de escuridão, dia de nuvens e de negrume... ( Sf 1, 14-15 )

No jornal O Popular (Goiânia), saiu esta matéria:

Um goiano, de Luziânia, está se notabilizando nacionalmente por sua


atuação como físico nuclear: trata-se de Emerson Pires Leal, chefe do
Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos (SP).
(O POPULAR. Goiânia, entre 1982 e 1986 [data perdida]).
Entre outras, as declarações do físico nuclear são:

Existem 2.550 bases, só americanas, instaladas em 114 países do


mundo, cujo efetivo militar lotado em todas elas ultrapassa 500 mil
soldados.
Os Estados Unidos instalaram, só de mísseis com ogivas múltiplas,
mais de três mil em território europeu. Como se não bastasse, o
presidente Reagan pretende gastar, nos próximos anos, um trilhão e
quinhentos bilhões de dólares na pesquisa e construção de novas e
potentes armas atômicas. Se durante seis horas a quantia que é
gasta para este fim fosse destinada aos programas da Organização
Mundial de Saúde, pelo menos metade dos problemas desta área,
que afetam os países subdesenvolvidos, deixaria de existir. (O
POPULAR. Goiânia, entre 1982 e 1986. Data perdida).

Pires Leal lembra, ainda, que o fato dessa briga se


travar entre as duas potências do Hemisfério Norte não
exclui os países do Hemisfério Sul das consequências, caso
se inicie uma guerra atômica:

Todo o planeta será atingido, talvez de forma irreversível. A primeira


consequência seria o levantamento de uma quantidade
incomensurável de poeira e cinzas para a estratosfera. Essa camada
impediria por algum tempo a passagem dos raios solares. Assim,
países tropicais, como o Brasil, de repente teriam temperatura de 20
graus negativos em plena época de verão. A inversão térmica
violenta eliminaria muitas vidas. (Grifos meus). (O POPULAR. Goiânia,
entre 1982 e 1986. Data perdida).

Antes de analisar detalhadamente o sexto selo, expus


estes textos, bíblicos e científicos, religiosos e leigos,
antigos e atuais, mas todos tratando do mesmo assunto: o
grande dia de Iahweh, o desfecho final de toda a maldade
humana no clímax do governo da Besta a serviço do
Dragão.

Vi quando ele abriu o sexto selo: houve um grande terremoto... (


Ap 6, 12 )
Levando-se em conta que João está a ver a Terra a
certa distância e, em dado momento a vê tremendo,
montes caindo, ilhas desaparecendo, cidades ruindo, fogo
pipocando por toda parte, poeira levantando, e isto tudo a
ocorrer de repente, de uma vez, e tendo curtíssima duração
de tempo, ele só poderia comparar este quadro a um
grande terremoto. Não havia mais o que servisse a ele para
comparar.
Do livro “A Terceira Guerra Mundial”, 1985, de Sir John
Hackett e outros oficiais generais da OTAN, pode-se tirar
algumas conclusões do que será a realidade de uma guerra
nuclear, uma vez que sabemos, de antemão, as
experiências de Hiroshima e Nagasaki.
O que transcrevemos serve para provar que João
comparou os efeitos de uma guerra nuclear a um grande
terremoto:

Dentro de mais ou menos um segundo após a detonação a onda de


choque atingiu o centro da cidade, abaixo da bola de fogo.
As enormes pressões tiveram o efeito de arrasar imediatamente
todos os edifícios abaixo desta onda, de modo que só o que sobrou
foi uma pilha quase nivelada, de destroços.
A onda de choque da explosão passou então a rugir e destruir do
centro para fora, arrasando completamente tudo em seu caminho.
Nenhuma estrutura acima do solo conseguiu resistir às tremendas
pressões, acompanhadas por velocíssimas rajadas de vento
resultante da explosão. (General SIR JOHN HACKETT. A Terceira
Guerra Mundial, Agosto de 1985, Comp. Melhoramentos de São
Paulo, licenciado para o Círculo do Livro, p. 328).

Não quero discutir, aqui, com aqueles que dizem ser


isto uma ficção. Só direi o seguinte: este livro relata
possibilidades reais, baseadas em duas explosões
americanas em território japonês e em estudos respeitáveis
(simulados em computadores avançadíssimos), pois os seus
autores são oficiais-generais da OTAN, e não estão falando
de Branca de Neve e os sete anões.

O sol tornou-se negro como um saco de crina, e a lua inteira como


sangue.
( Ap 6, 12 )

Nas leis da física sabe-se que o gás (ar) frio desce, o


quente sobe. E no caso de uma explosão nuclear o seu
centro, ao atingir temperaturas similares as do sol,
deslocaria o ar para cima, numa poderosíssima chaminé.
Para se entender por que o sol se torna negro como
um saco de crina, basta recordar a declaração do físico
nuclear Emerson Pires Leal que parece avalizar o apóstolo
João no Apocalipse:

A primeira consequência, seria o levantamento de uma quantidade


incomensurável de poeira e cinzas para a estratosfera. Essa camada
impediria por algum tempo a passagem dos raios solares.

Muitos, no passado, e no presente, creem que Deus


apagará o sol, assim como se desliga uma lâmpada. É
preciso deixar, de uma vez, esta ideia de que Deus fará da
Terra um palco de teatro de horror. De fato, a Terra é, no
momento, e será, ainda mais, um palco de horror. Só que o
próprio homem é, ele mesmo, o autor, o diretor, o ator e o
expectador de seu próprio destino.
Outros, ainda, indagariam o que é que faz com que
uma quantidade incomensurável de poeira e cinzas suba à
estratosfera. Tenho a certeza de que mais alguns
indagariam o que é estratosfera e onde é que ela fica. Para
esses, informo que estratosfera é a camada atmosférica que
está situada acima de 12.000 metros de altura da Terra,
onde a poeira e a cinza, por serem bastante finas, podem
permanecer durante longo tempo antes de caírem.
O que faz com que sejam levadas a tão grande
altitude é a força dos vapores quentes, aliás, extremamente
quentes numa explosão nuclear. O centro de uma explosão
passaria a funcionar como uma chaminé de mais de 12.000
metros de altura.
O fato de a Lua tornar-se em sangue é que, havendo
poeira e cinzas na atmosfera, a luz solar se dispersa ao
atravessá-los, ficando avermelhada, daí se poder dizer que
está transformada em sangue. Esse fato ocorreu por ocasião
da erupção do vulcão Santa Helena, nos Estados Unidos,
quando imensa quantidade de poeira e cinzas foi lançada a
grande altitude. Há fotos coloridas da Lua avermelhada
naquela ocasião. Por esta razão o apóstolo está
absolutamente exato ao descrever o Sol e a Lua após uma
explosão nuclear.
As estrelas do céu se precipitaram sobre a terra, como a
figueira que deixa cair seus frutos ainda verdes ao ser agitada por
um forte vento. ( Ap 6, 13 )

Os frutos caem após amadurecerem. Não é natural


suas quedas ainda verdes. São diversos os processos físico-
químicos que ocorrem para que caiam; seus talos secam, a
força da gravidade, um balançar do galho, entre outros.
Quando um fruto está verde, o seu talo é bastante
resistente, por isso, difícil de romper. Para fazê-lo cair é
necessário um evento muitíssimo forte, contrariando a
normalidade natural.
Pois bem, na linguagem judaica ventos fortes
significam agitação político-social-militar; revoluções,
guerrilhas e guerras.
João, ainda no quadro do sexto selo que descreve as
explosões nucleares, relata estrelas caindo sobre a
superfície da Terra. Este acontecimento considera causado
por um fator não natural, bestial, e contra a vocação de vida
que o Homem tem em si.
Algo tão contrário à inata vocação de viver, como se
de repente os peixes saíssem das águas e passassem a
viver em terra firme, ou, se de súbito, os pássaros
deixassem os ares e se precipitassem nas águas, passando
a viver como peixes.
Esta comparação que é feita com frutos verdes da
figueira, é toda uma consideração moral, do evento.
Necessário se faz, agora, a análise do fato concreto,
ou seja, das “estrelas” se precipitando sobre a Terra.
Vários teólogos, até nos dias atuais, procuram e
esperam uma grande precipitação de meteoritos; as
estrelas cadentes.
As Testemunhas de Jeová têm a certeza de que isso já
ocorreu na madrugada de 13 de novembro de 1833 com a
queda de 34.640 meteoritos por hora, aproximadamente.
Na verdade, as estrelas que João viu caindo têm um
comportamento bem diferente de uma chuva de meteoritos.
Não podemos esquecer que toda a repentina catástrofe que
ocorre é provocada pela queda das estrelas, e não que isto
seja um fato a mais, um complemento.
A queda das estrelas é que ocasiona todo o quadro:
um grande terremoto; a escuridão do sol e lua; o céu se
afastando como um livro que é enrolado; a remoção das
montanhas e ilhas; o desespero dos grandes e pequenos,
procurando se esconder.
Raros eventos naturais podem ocasionar catástrofes
dessas proporções, tais como queda de grande meteoro,
mas, na descrição do apóstolo ele fala em “estrelas”, e na
astronomia moderna não existem indícios de que a Terra
possa ser alvo de choques simultâneos de grandes
asteroides ao mesmo tempo. Os estudos sérios relatam que,
no próximo século, a possibilidade de um só atingir o
planeta é bastante remota.
Então, a disposição na frase deveria ser desse modo:
As estrelas do céu se precipitaram sobre a terra, como a figueira que
deixa cair seus frutos ainda verdes ao ser agitada por um forte
vento; houve um grande terremoto; o sol tornou-se...

E assim por diante.


Tem-se que considerar o estado emocional de João ao
ver estas cenas terríveis. Não se pode esquecer que ele via
os fatos ocorrerem e só depois os anotava. A emoção e a
surpresa o deixaram estupefato. Mas, no momento em que
começou a anotar, o quadro mais imediato que tinha diante
de si era a Terra em convulsão, a poeira e as cinzas
cobrindo o céu.
É perfeitamente natural que tivesse começado por aí,
mas não significa que esta seja a sequência real da cena.
Mesmo porque, para haver um grande terremoto, o
desaparecimento das montanhas e ilhas, a escuridão dos
céus e o medo pavoroso dos homens, é necessária uma
causa, algo que ocasione tudo isto. E este algo ocasionador
é a queda das “estrelas”.
Se as “estrelas” não são meteoritos, mesmo porque
um meteorito não tem praticamente nada de estrela,
precisamos determinar algo que João pudesse comparar,
dentro da lógica, com estrela.
Já dissemos que o grande terremoto e a escuridão do
sol e da lua foram provocados por explosões atômicas. Para
provar que uma explosão atômica pode ser comparada com
a queda de uma estrela, precisamos encontrar nesta
explosão algumas de suas características básicas.
Uma estrela emite luz e calor. Numa explosão atômica
é presente intensa emissão de luz e de calor.
Quando a tripulação da aeronave que lançou a
fatídica bomba em Hiroshima apresentou o seu relatório,
nele foi afixado o que para mim é uma prova histórica da
imensa luz e calor emitidos por uma explosão nuclear.
O tripulante que estava na cauda da aeronave,
mesmo utilizando óculos escuros projetados para mal deixar
passar a luz do sol, olhando diretamente para a explosão,
disse que pensou ter ficado cego. Outro tripulante, na
cabine, sem óculos, pois viajava na direção oposta, relatou
a sensação de que um flash tivesse sido disparado a
centímetros de sua face.
A temperatura no interior do “cogumelo” foi calculada
em torno de 100 milhões de graus Fahrenheit.
Muito apropriado, por ter sido escrito por
especialistas, o livro de sir John Hackett traz detalhes
científicos:

Dentro de uma fração de segundo a bola de fogo resultante, com


temperaturas aproximadas das do sol, já tinha mais de 2.000
metros de diâmetro [...]. (General SIR JOHN HACKETT. A Terceira
Guerra Mundial, Agosto de 1985, Comp. Melhoramentos de São
Paulo, licenciado para o Círculo do Livro, p. 327).

Será que é concordismo? Será que Sir Hackeett


escreveu que o calor de uma explosão nuclear tem
temperaturas próximas das do sol só para fazer concordar
com a narração do Apocalipse? Será que os tripulantes do
avião testemunharam a emissão de intensa luz no momento
da explosão de Hiroshima só para concordar com o
Apocalipse?
Sabemos que o nosso sol é uma estrela de quinta
grandeza, e que ele é 1.300.000 vezes maior que a Terra. É
possível que corpos de um milhão e trezentas mil vezes
maior que outros, caiam nestes?
Não acredito que alguém possa encontrar algo mais
próximo de uma estrela para que João pudesse comparar, a
não ser que sejam as explosões nucleares.
Ele disse “estrelas”. É possível que numa guerra
nuclear tenhamos explosões de dezenas, talvez até
centenas de artefatos nucleares, o que, visto a certa
distância, só pode mesmo parecer com estrelas do céu
caindo sobre a Terra.

O céu afastou-se, como um livro que é enrolado... ( Ap 6, 4 )

É preciso retroceder à época de João e tomar às mãos


alguns exemplares de livros daquele tempo: grandes rolos
de pele de carneiro, com aproximadamente 40 centímetros
de largura por alguns metros de comprimento, com ambas
as extremidades enroladas em dois rolos de madeira, de
forma que, enrolando-se de fora para dentro, fechava-se ao
centro. Com o passar do tempo, de tanto permanecerem
enrolados, ao serem abertos precisava ser colocado pesos
nas extremidades, pois o couro, acostumado na posição de
enrolado, passava a funcionar como uma mola que fechava
automaticamente o livro.
João, estudioso das Sagradas Escrituras que era, e
estas, escritas em livros como descrevemos, deve, várias
vezes, ter se aborrecido com o livro se enrolando sozinho
durante seus estudos. Daí, ao ver a poeira e a cinza
cobrindo rapidamente os céus, e os escurecendo, ao ver
esta cena de longe, comparou-a a um livro que se enrolava,
que se fechava.
Tem-se que considerar que, na terceira guerra
mundial as explosões nucleares possivelmente se darão no
ocidente e no oriente, em duas regiões bastante distantes
entre si e que, as nuvens escuras, ao cobrirem o céu,
deslocar-se-ão de uma parte ao encontro da outra,
fechando, por completo, o céu, exatamente como ocorre
com um livro de dois rolos que, abertos, para serem
fechados, soltam-se as duas extremidades e cada uma se
enrola em direção à outra até se encontrarem.
Quando se encontram, as duas imensas nuvens
escurecem por completo o céu, e este não mais é visto. João
disse que o céu afastou-se, para mostrar que o Homem não
tem cúmplice na sua desvairada loucura. No momento
máximo de sua extrema falta de juízo, se encontra sozinho.
Cobrir a estratosfera de nuvens escuras, a ponto de
escurecer o sol e a lua, e de não deixar ver as estrelas, seria
o mesmo que, de repente, todas as estrelas e demais
corpos celestes fossem retirados do céu, se afastassem da
Terra. O efeito visual seria exatamente igual.

Os reis da terra, os magnatas, os capitães, os ricos e os poderosos,


todos, escravos e homens livres, esconderam-se nas cavernas e
pelos rochedos das montanhas, dizendo aos montes e às pedras:
“Desmoronai sobre nós e escondei-nos da face daquele que está
sentado no trono, e da ira do Cordeiro, pois chegou o grande dia de
sua ira, e quem poderá ficar de pé?”. ( Ap 6,15-17 )

Este texto não deixa margem a dúvidas. Concordo


com Mário Sanchez: abrigos atômicos.
O jornal O Popular (Goiânia, setembro de 1982), traz
uma reportagem com o título “Corram que aí vem a
bomba”:

Se você observar um dia os habitantes de Washington ou de Nova


York abandonando a cidade em caravanas de automóveis, dirigindo-
se ao campo o mais rápido possível, não pense que se trata
propriamente de um grande piquenique: é que soou o alerta
atômico...
A estratégia de proteção civil dos Estados Unidos foi mudada. Antes,
a população deveria procurar abrigos antiatômicos. Agora, para
escapar ao Apocalipse, recomenda-se que corra para o campo, longe
das cidades ameaçadas.
O período da guerra fria criou nos Estados Unidos a moda dos
refúgios. Nelson Rockefeller, então governador do Estado de Nova
York, pretendeu, inclusive por via legal, que todos os cidadãos
construíssem um abrigo. Naturalmente não o conseguiu, mas mesmo
assim chegou a haver quatro mil deles em Manhattan. Nos abrigos
armazenavam-se biscoitos com proteínas e pastilhas vermelhas com
hidrato de carbono.
No início dos anos 60, os norte-americanos gastavam anualmente,
250 milhões de dólares em construção de abrigos, que chegaram a
equipar um milhão de residências.
Com o passar do tempo foi-se suspeitando, cada vez mais com mais
fundamento que os refúgios antiatômicos representavam uma
proteção apenas ilusória, pois se ignoravam os efeitos da onda
expansiva e o calor desprendido por uma explosão nuclear. Os
“refugiados” potenciais começaram então a desligar seus alarmes e
a dar fim aos estoques que começavam a apodrecer...
Durante vinte anos, sobretudo na época da coexistência pacífica, os
norte-americanos esqueceram-se da guerra atômica e de seus
riscos. Contudo, os ares hoje são outros. Desde a ascensão do
presidente Ronald Reagan fala-se, mais que nunca, de armas
nucleares, se bem que, no momento, para tentar limitá-las. Em
Washington estão sendo projetados simultaneamente três filmes
sobre a proteção civil. Num deles se ouve: “Não há lugar onde
esconder-se”.
Que fazer? Respondendo também a uma questão estratégica, para
provar que os soviéticos, mesmo no caso de serem os primeiros a
atacar, não destruiriam totalmente os Estados Unidos, a presidência
publicou há pouco um vasto plano que faz uma revisão radical da
proteção civil. Este plano, a ser implantado em sete anos, custaria,
no mínimo, 4,2 bilhões de dólares, levando em conta a inflação.
O plano do governo é de uma minuciosa precisão. Não falta nenhum
detalhe. Para começar, supõe que a URSS, antes de lançar um
ataque nuclear, se prepare para um contra-ataque não menos
nuclear, devendo evacuar sua população das zonas de maior perigo.
Assim, os norte-americanos prevenidos por seus serviços de
inteligência, disporiam de vários dias para salvar-se antes do
dilúvio...
“Em períodos de crise, mantém vigias noturnos junto aos
transmissores”, explicam os textos publicados pela FEMA (Federal
Emergency Management Agency), o organismo federal encarregado
da aplicação do programa.
Advertido por rádio ou por alarmes sobre a possibilidade de um
ataque mais ou menos iminente, 145 milhões de americanos, que
vivem nas zonas definidas de “alto risco”, deverão fazer as malas
para outro local.
Do mesmo modo que antes guardavam objetos em seus abrigos,
deverão agora levar luvas de trabalho, uma pá, o cartão de crédito,
latas de conservas e, supõe-se, um abridor para elas. Deverão
esquecer o álcool e as armas, ainda que recaiam seus companheiros
de infortúnio e a solidão. Mas não devem preocupar-se; os serviços
postais vão utilizar formulários especiais para as mudanças de
endereços. Os “novos endereços’’ estarão nas listas telefônicas do
ano seguinte.
Uma vez chegado ao campo, os refugiados serão alojados em
escolas, igrejas e outros edifícios rurais públicos. Cada pessoa terá
direito a uns quatro metros quadrados ou a muito menos se o
cataclismo nuclear alcançar a zona.
Neste caso deverão procurar refúgios... ou construí-los
rapidamente se não existirem. Entre os métodos de construção, em
geral, muito complicados, que oferece a Fema, o mais seguro é
cavar um grande buraco, entrar dentro dele e cobri-lo com o
automóvel, rodeando-o de sacos de areia. Para os adultos isto
representará umas oito horas de trabalho, pois tudo está previsto.
Segundo os autores, o plano do governo deverá salvar 180 milhões
de pessoas, ao passo que somente cem milhões sobreviveriam sem
ele. Para os norte-americanos nem tudo é assim tão simples, e o
plano levantou um vendaval de críticas e protestos.
Uma comissão de armamentos do Senado rechaçou imediatamente o
projeto. Um senador qualificou-o de “farsa cruel e perigosa”, que
“mostra a guerra nuclear como algo suportável, e que inclusive se
pode ganhá-la”. Um ex-alto responsável pelos objetivos estratégicos
dos países inimigos advertiu: “Se evacuarem as cidades apontem
para as zonas de evacuação”.
Deixando de lado os problemas ‘’técnicos”, o governador da
Califórnia lembrou que Los Angeles “já é incapaz de ser evacuada
numa tarde de sexta-feira, e isso sem necessidade de alarme’.
O prefeito dum povoado remoto se perguntou, alisando os cabelos,
como dois armazéns do povoado vão alimentar milhares de
refugiados?
Vinte e oito municipalidades, dentre elas a da cidade de Nova York,
negaram-se a colaborar com a efetuação do plano, que, consideram,
no mínimo, perfeitamente “ridículo”.
Outros tratam de, à sua maneira, melhorar o plano. Por exemplo, um
funcionário da prefeitura de Los Angeles propôs que, em caso de
ataque nuclear, os velhos e enfermos sejam imediatamente
sacrificados, assim como todos os inúteis (vaga noção). “Nossa
preocupação principal”, explica o especialista, “é continuar vivendo.
Portanto, é indispensável fazer uma pré-seleção em função do valor
do indivíduo para a sociedade”.
Como lembrou um jornalista norte-americano, os esquecidos na
grande debandada nuclear poderiam pedir carona... [Grifos meus].
(JORNAL O POPULAR. Goiânia, domingo, 19 de setembro de 1982,
página 33, 2° caderno, reportagem especial da correspondente
Christene Courcal, da Associated France Presse).

Parece ser uma coincidência? Será que estou isolando


versículos do resto do texto para interpretá-los a meu bel
prazer?
Convém lembrar que, mesmo que se quisesse situar o
Apocalipse àquela época, não teria razão de ser esta a
interpretação, uma vez que a mensagem estava dirigida às
sete comunidades da Ásia Menor, e estas não possuíam os
revolucionários zelotas e nem tinham guerrilhas pelas
montanhas.
Além do que, os ricos judeus de Jerusalém eram
aliados, ainda que não de boa-vontade, ao império romano.
Num caso de guerra, seriam poupados, e não precisariam
correr para refúgios nas montanhas. E se isto ocorresse,
seria uma situação localizada, regional, apenas contra os
judeus.
Com Jesus Cristo, Deus não mais se ocupou em ter
somente a Israel na conta de seu povo eleito. Doravante, a
Igreja é que é seu povo eleito. E a Igreja abarca homens de
todas as nações e de todas as épocas.
Seria bastante caolho pensar que Deus ao inaugurar,
por intermédio de Jesus, um reino universal, continuasse a
se ocupar somente com um único povo em uma única
época. Consideraria esta atitude Divina como um retrocesso
histórico, pouco inteligente e tacanho. Mas não é este o
caso, o Apocalipse é universal-futurista. E a história do
nosso dia a dia o comprova, ou melhor, ele comprova a
nossa história.
Então, os eventos de número seis descrevem,
detalhadamente, uma guerra atômica mundial,
possivelmente a terceira, e a última.
49
A VOLTA DE JESUS
2° ITEN DA 7ª TAÇA

A volta de Jesus é o principal evento do cristianismo


após a ressurreição. Assim como “se Ele não tivesse
ressuscitado seria vã a nossa fé”, agora, se Ele não voltar,
obviamente, será vã a nossa esperança!
Realmente, não tem sentido a Ressurreição e o Juízo
Final sem a presença pessoal, corporal, de Cristo. Também,
se há ressurreição dos homens e Jesus não aparecer em seu
corpo semelhante ao nosso, isto é, permanecer só em
espírito, como poderá ser visto? Desde sua encarnação até
sua morte foi “em tudo semelhante a nós...”; após a
ressurreição apareceu em corpo inúmeras vezes, até comeu
e bebeu com seus discípulos; por que não assumiria seu
corpo ressuscitado quando de seu retorno?
A volta do Senhor está anunciada e detalhada em
diversos livros da Bíblia. Ela finaliza toda a revelação divina
na história da salvação, eliminando definitivamente o desvio
adâmico e restaurando para sempre o projeto original de
Deus.
Esta volta provoca diversas situações: assim que Ele
surge para a humanidade, cessa instantaneamente a graça;
não há mais tempo para se alterar o destino eterno; nem
para se salvar nem para se condenar; os mortos
ressuscitam imediatamente; os vivos se transformarão em
seguida, quer seja para melhor ou para pior; estabelece-se
o tribunal do Juízo Final e este se realiza; inicia-se a vida
eterna, no paraíso ou no inferno.
Jesus voltará em seu corpo humano ressuscitado. No
momento de sua ascensão é confirmado isto:
E como fitassem o céu enquanto ele se ia, eis que apareceu junto
deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Homens
da galileia, que estais aí a contemplar o céu? Esse Jesus, que vos foi
arrebatado, virá do mesmo modo que para o céu o vistes
partir”. (At 1, 10-11 )

Será completamente visível:

De fato, como o relâmpago relampeja de um ponto do céu e fulgura


até o outro, assim acontecerá com o Filho do Homem em seu Dia. (
Lc 17, 24 )

Que momento magnífico! Para uns, uma visão


beatificante! Para outros, um completo desespero! As
trombetas ecoando pelos céus e uma imensa nuvem se
forma no firmamento, pela presença de miríades e miríades
de anjos revoando em formação de reverência, dando
passagem ao Cristo, Senhor e Juiz, descendo do Céu à Terra.
Numa demonstração sem precedentes do poder
Divino, à voz forte e poderosa do Cordeiro de Deus,
obedecendo a sua ordem, os sepulcros são descobertos e
todos os mortos ressuscitam. Os que estão vivos se
transformam.
Todos os que desprezaram a cruz do Filho de Deus,
vendo que o “noivo chegou para as bodas, numa hora que
não esperavam, e estando suas lâmpadas sem azeite”,
sabendo que não há mais tempo para adquiri-lo,
desesperam-se em vão!
50
O JUÍZO FINAL
3° ITEN DA 7ª TAÇA

As Sagradas Escrituras atestam que, por ocasião da


volta de Jesus, haverá um único julgamento, coletivo, de
toda a humanidade, de cada pessoa, uma por uma, da
concepção à morte.
Esta verdade derruba e acaba de vez com o que o
espiritismo tem de mais concreto: as reencarnações
sucessivas.
Cada pessoa que morre vai para o mundo espiritual,
e lá permanece em espírito, fora do corpo, aguardando este
dia de julgamento, o qual será coletivo, mas as sentenças
serão individuais, pessoais. E não haverá outro.
Neste único julgamento universal as sentenças serão
definitivas, eternas.
Muitos pecadores confiam numa segunda
oportunidade, ou, segunda chance de salvação, ou
recuperação, como dizem; acreditam numa “repescagem”.
O que é a maior das ilusões.
Para ser julgado, cada homem deverá estar
completo: espírito e corpo. Por isto, os mortos terão que
ressuscitar.
E o Apocalipse descreve:

O mar devolveu os mortos que nele jaziam, a Morte e o Hades


entregaram os mortos que neles estavam, e cada um foi julgado
conforme sua conduta. ( Ap 20, 13 )

Vi então os mortos, grandes e pequenos, em pé, diante do trono, e


abriram-se livros. ( Ap 20, 12 )
Jesus confirma que os que morreram estão “vivos” e
que haverá Ressurreição:

Jesus lhes respondeu: “Os filhos deste século casam-se dão-se em


casamento; mas os que forem julgados dignos de ter parte no outro
século e na ressurreição dos mortos, nem eles se casam, nem
elas se dão em casamento; pois nem mesmo podem morrer: são
semelhantes aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da
ressurreição. Ora, que os mortos ressuscitam, também Moisés o
indicou na passagem da sarça, quando diz: o Senhor Deus de
Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó. Ora, ele não é Deus de
mortos, mas sim de vivos; todos, com efeito, vivem para ele. ( Lc
20, 34-38 )

As pessoas perguntam: como se dará a Ressurreição?


E o que ocorrerá com os que não morreram? E com os
justos? Com os piedosos?
São Paulo já nos ensinou a respeito:
Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos, com que corpo
voltam? Insensato! O que semeias, não é o corpo da futura planta
que deve nascer, mas um simples grão, de trigo ou de qualquer
outra espécie. A seguir, Deus lhe dá o corpo que lhe é próprio.
Nenhuma carne é igual às outras, mas uma é a carne dos homens,
outra a carne dos quadrúpedes, outra a dos pássaros, outra a dos
peixes. Há corpos celestes e há corpos terrestres. São, porém,
diversos o brilho dos celestes e o brilho dos terrestres. Um é o brilho
do sol, outro o brilho da lua, e outro o brilho das estrelas. E até de
estrela para estrela há diferença de brilho. O mesmo se dá com a
ressurreição dos mortos... ( I Cor 15, 35-42 )

Eis que vos dou a conhecer um mistério: Nem todos morreremos,


mas todos seremos transformados. Num instante, num abrir e fechar
de olhos, ao som da trombeta final, pois a trombeta tocará, e os
mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
( 1 Cor 15, 51-52 )

Todos os homens, sem exceção, ressuscitados,


estarão juntos, de uma só vez, diante do Pai e de Jesus, para
serem julgados, sentenciados, de uma vez para sempre.
Jesus afirma:

Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com


ele, então se assentará no trono de sua glória. E serão reunidas em
sua presença todas as nações e ele separará os homens uns dos
outros... ( Mt 25, 31-32 )

Esta separação entre salvos e condenados, entre o


céu e o inferno, está, também, relatada na parábola entre o
mau rico e Lázaro:

E além do mais, entre vós e nós existe um grande abismo, de


modo que aqueles que quiserem passar daqui para junto de vós não
o podem, nem tampouco atravessarem os de lá até nós. ( Lc 16, 26 )

Desse modo, como no Juízo Final, todos precisam


tomar conhecimento do julgamento de todos, inclusive os
anjos, bons e maus, o céu e o inferno estarão reunidos no
mesmo lugar, porém, separados por uma linha divisória
intransponível, que, no entanto, permitirá a completa
visualização de ambos os lados, exatamente como as do
rico no inferno e de Abraão no céu, no diálogo da parábola.
Esta linha divisória é de todas, a situação mais difícil e
dolorosa para o ser humano, perdendo apenas para a
sentença de condenação eterna. Uma mãe estará a salvo e
verá o filho do outro lado; uma filha estará perdida e verá o
pai do lado da salvação; um irmão estará de um lado e o
outro, do outro; uma esposa de cá e o esposo de lá; duas
pessoas queridas, separadas; e muitas outras tristes
situações desencontradas, eternamente desencontradas.
Como é impossível transpor a linha divisória, não há
um abraço e um beijo de despedida eterna, só um último e
triste aceno.
Esta linha divisória não impede que as pessoas se
vejam, pois, é necessário que o julgamento de todos seja de
conhecimento universal.
Logo após a morte cada um é julgado num juízo
particular, para tomar conhecimento de seu destino eterno.
Mas é imprescindível o Juízo Comum, para que não fique
nenhuma dúvida sobre a justiça divina.
Caso contrário, algum condenado, lá no inferno,
indagaria por um parceiro de pecados, e ao ser informado
que está no céu, poderia argumentar por que, se ambos
foram companheiros na desobediência? O mesmo poderia
ocorrer no céu com alguém que ficaria sem entender porque
aquela pessoa que aparentava uma vida de santidade, fora
condenada.
Ocorre que o companheiro do pecador possa ter se
arrependido e pedido perdão (basta lembrar o bom ladrão
na cruz) e mudado de vida, e o do salvo podia ter uma
santidade só de aparências.
Seguindo as narrativas das Escrituras pode-se montar
o cenário do Grande Julgamento:

- Jesus volta revestido de sua glória;

- O tribunal é montado, e o trono do Justo e Santo Juiz


éo centro;

- Presentes, com Jesus, estão o Pai e o Espírito Santo;

- Todos os anjos de Deus circundam o trono;


- Diante do trono, toda a humanidade, bilhões de
pessoas;

- Do lado direito, os filhos de Deus, do lado esquerdo,


Lúcifer com todos os demônios e todas as pessoas infiéis;

- O trono está num palanque elevado, à vista de


todos;

- Como os homens estão no corpo, todos juntos,


precisam de um imenso espaço para acomodá-los. Haverá
pessoas a muitos quilômetros de distância do palanque;
Se ocorrer nos mesmos moldes de um mega show,
poderá haver telões e caixas de som instalados
estrategicamente, pois uma vez no corpo, como é normal, o
ser humano se interage com o meio através dos cinco
órgãos dos sentidos.
O julgado está de pé, num lugar determinado no
palanque, à vista de todos. Nos telões passa a sua vida,
desde a concepção até à morte; os pensamentos, as
palavras, os atos e as omissões.
Nas caixas de som, tudo o que foi dito, tanto em
palavras como em pensamentos. Isto para que todos
possam ver e ouvir tudo o que a pessoa fez, deixou de
fazer, falou e pensou.
No meu entender, ainda que possa parecer
impensável, telão já foi usado pelo menos uma vez,
conforme Atos 10:

... no dia seguinte, enquanto caminhavam e se aproximavam da


cidade, subiu Pedro ao terraço para rezar. Era pelo meio-dia. Estava
com fome e desejava comer. Enquanto lhe preparavam o alimento,
caiu em êxtase. Via o céu aberto e um objeto, semelhante a uma
grande toalha sustentada pelas quatro pontas, descer para a
terra. E dentro havia todos os quadrúpedes e os répteis e
todas as aves do céu. ( Atos 10, 9-12 )

Igualmente, julgo que as caixas de som também já


foram usadas, segundo Êxodo 19:
Iahweh disse a Moisés: “Eis que virei a ti na escuridão de uma
nuvem, para que o povo ouça quando eu falar contigo...”. ( Ex
19, 9 )
Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, relâmpagos e uma
espessa nuvem sobre a montanha, e um clamor muito forte de
trombeta; e o povo que estava no acampamento pôs-se a tremer.
[...] O som da trombeta ia aumentando pouco a pouco; Moisés
falava e Deus lhe respondia no trovão. ( Ex 19,16-19 )

Então o Julgamento chega ao seu final; às sentenças:

Então dirá o rei aos que estiverem á sua direita: ‘Vinde, benditos
de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós
desde a fundação do mundo’. ( Mt 25, 34 )

Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Apartai-vos de


mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos. [...] E irão estes para o castigo eterno, enquanto os justos
irão para a vida eterna”. ( Mt 25, 41-46 )

Os mortos foram então julgados conforme sua conduta, a partir do


que estava escrito nos livros. ( Ap 20, 12 )

Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente


perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a
retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o
bem, seja para o mal. ( 2 Cor 5, 10 )

Se há um julgamento, necessário é que haja critérios.


Ora, neste julgamento o Homem é o réu: todos. Se todos
estão no banco dos réus, não há vítima. Num julgamento
comum de tribunal humano, não existe réu sem vítima. Não
existe acusação sem crime, nem réu sem vítima, a menos
que seja um perjúrio.
E agora, quando todos são réus, onde está a vítima?
Tem o Juiz (Jesus), o promotor, ou acusador (satanás) e os
réus (todo ser humano). Só falta a vítima.
Para que haja julgamento é necessário que haja
crime. E, havendo crime, há vítima. E se há crime e vítima,
há criminoso, e o criminoso é quem deve ir ao banco dos
réus.
Se toda a humanidade está no banco dos réus, quem
sobrou para ser a vítima?
Esta será a grande e única pergunta dos réus ao Juiz
sentado no trono: – “Quem é a vítima? ” O Juiz lhes
responderá: – “Eu!”. Os réus ficarão sobremaneira
admirados e exclamarão: – “Como pode ser isto possível?
Nunca te vimos na Terra! Quando foi que te fizemos um
único mal? Como podes dizer que te fizemos mal?”.
Este grave diálogo está assim descrito no Evangelho,
e relatado pelo próprio Jesus Cristo:
Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com
ele, então se assentará no trono da sua glória. E serão reunidas em
sua presença todas as nações e ele separará os homens uns dos
outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as
ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então dirá o rei
aos que estiverem à sua direita: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei
por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do
mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes
de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes,
doente e me visitastes, preso e viestes ver-me”. Então os Justos lhe
responderão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te
alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te
vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi
que te vimos doente ou preso e fomos te ver? Ao que lhes
responderá o rei: “Em verdade vos digo: cada vez que fizestes a um
desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”. Em
seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Apartai-vos de
mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os
seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede e
não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive
nu e não me vestistes, doente e preso, e não me visitastes”. Então,
também eles responderão: ”Senhor, quando é que te vimos com
fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e não te
servimos?”. E ele responderá com estas palavras: “Em verdade vos
digo: Todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses
pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E irão estes para o
castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”. ( Mt 25,
31-46 )

O mais extraordinário é quando o Juiz se identifica


como sendo Ele mesmo os homens mais humildes e
necessitados, as pessoas em situações de extremas
dificuldades sobre a Terra.
E toda a condenação ou toda a glorificação depende,
única e exclusivamente de se resolver, ou não, os
problemas mais degradantes e humilhantes do próximo.
Este será o critério de Justiça utilizado no Juízo Final: a
solução que se der, ou não, aos pobres, indefesos,
injustiçados e maldosamente excluídos das condições
mínimas de vida.
No Juízo Final o homem é a meta. Nada mais além do
homem é mais importante que o homem.
O caminho da salvação passa, obrigatoriamente,
pelos pobres e necessitados. Quem tiver condições plenas e
não resolver o problema deles jamais será salvo. Por isto,
Jesus diz a respeito de quem pensa só em si, quem acumula
só para si, se esquecendo dos que não tem absolutamente
nada.
A riqueza egoísta e não partilhada com justiça e
compaixão, terá um peso extremo no dia do Juízo.

Então Jesus disse aos seus discípulos: “Em verdade vos digo que um
rico dificilmente entrará no Reino dos céus. E vos digo ainda: É mais
fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico
entrar no reino de Deus”. ( Mt 19, 23-24 )

Haverá o Juízo Final. Todos nós estaremos lá, para


sermos sentenciados. Não há como evitar.
51
O INFERNO ETERNO
4° ITEN DA 7ª TAÇA

E quem não se achava inscrito no livro da vida foi também lançado


no lago de fogo. (Ap 20, 15 )

Felizes os que lavam suas vestes para terem poder sobre a árvore da
Vida e para entrarem na Cidade pelas portas. Ficarão de fora os
cães, os mágicos, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos os
que amam ou praticam a mentira”.
( Ap 22, 14-15 )

E irão estes para o castigo eterno, ... ( Mt 25, 46 )

A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos: os


que adoram a Besta e a sua imagem, e quem quer que receba a
marca do seu nome nunca têm descanso, dia e noite... ( Ap 14,
11 )

No inferno, em meio a tormentos, levantou os olhos e viu ao


longe Abraão e Lázaro em seu seio. Então exclamou: ‘Pai Abraão,
tem piedade de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo
para me refrescar a língua, pois estou torturado nesta
chama”. ( Lc 16, 23-24 )

A Morte e o Hades foram então lançados no lago de fogo. Esta é a


segunda morte: o lago de fogo. ( Ap 20, 14 )

Ninguém entra no Céu com nota nove, só com nota


dez! A mentalidade do “não matando e não roubando está
bom”, o slogan do cristão meia boca, é o que ajuda a
superlotar o inferno. É isto que leva à perdição muitos que
se julgam cristãos, e cristãos atuantes, inclusive líderes,
pregadores e pessoas que até realizam milagres. É preciso
prestar muita atenção, principalmente em duas passagens
das Escrituras:

Com efeito, aquele que guarda, em geral, todos os mandamentos da


Lei, mas desobedece a um só deles, torna-se culpado da
transgressão da Lei inteira, pois aquele que disse: “Não
cometerás adultério”, também disse: “Não matarás”. Portanto, se
não cometes adultério, mas praticas um homicídio, tornas-te
transgressor da Lei. ( Tg 2, 10-11 )

Nem todo aquele me diz ‘Senhor’, ‘Senhor’ entrará no Reino dos


Céus, mas sim, aquele que pratica a vontade de meu Pai que está
nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não foi em
teu nome que profetizamos e em teu nome que expulsamos
demônios e em teu nome que fizemos muitos milagres? Então, sem
rodeios, eu lhes direi: ‘Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniquidade’. ( Mt 7, 21-23 )

Desse modo, o homem se condenará por um único


mandamento que não obedecer e não se salvará mesmo
que tiver praticado os outros nove rigorosamente. Mesmo
porque, não é possível desobedecer a um só deles
isoladamente, por exemplo: quem levanta falso testemunho
está também pecando contra “amar a Deus sobre todas as
coisas”, pois não O está obedecendo. E ao dizer que crê em
Deus, mas não O obedece, está, também, usando
o “seu santo nome em vão”.
Ao se meditar sobre a condenação, algo que é terrível
é a eternidade do inferno. Assim como é deleitoso imaginar
o tempo sem fim do paraíso, o pensamento do inferno
eterno deveria ser levado muito mais em conta pelo ser
humano.
A expressão “o lago de fogo é a segunda morte” me
faz tremer e suar frio, uma vez que esta morte é a morte
eterna, sem ressurreição.
O Apocalipse descreve com numerosos detalhes
maravilhosos os primeiros tempos dos filhos de Deus no
Paraíso. No entanto, silencia-se por completo sobre a
situação dos condenados no inferno. É algo tão terrível e
inimaginável que a misericórdia divina poupa os filhos
amados, não o descrevendo.
Só terá conhecimento pleno de como é ali, aquele lá
se colocar. E não são poucos, infelizmente!
O que muito me impressiona é o imenso número de
condenados. A vida é uma só. O homem nela decide o seu
destino eterno.
E, conforme as Escrituras, a quantidade de
condenados, em proporção ao de salvos, é
astronomicamente maior.
Vi então os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e
abriram-se livros. Também foi aberto outro livro, o da vida. Os
mortos foram então julgados conforme sua conduta a partir do que
estava escrito nos livros. ( Ap 20, 12 )

E quem não se achava inscrito no livro da vida foi também lançado


no lago de fogo. ( Ap 20, 15 )

Nestes versículos pode-se notar a grande diferença


entre salvos e condenados. Para os salvos há somente um
livro, denominado o Livro da Vida. Quem não tiver nele seu
nome inscrito está condenado.
Para os condenados há inúmeros livros. Se fosse um
número pequeno, João teria contado. Mas ele via uma
enorme pilha, e por isto difícil de enumerar.
Esta quantidade imensa de livros dos condenados, e
de um só para os salvos, leva-me a efetuar uma equação
matemática para as declarações de Jesus sobre as duas
portas e os dois caminhos:
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o
caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por
ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à
vida. E poucos são os que o encontram. ( Mt 7, 13-14 )

A equação matemática nos daria um número e uma


porcentagem muito próxima do real:
Muitos = X
Poucos = Y
Muitos + poucos = 100% da humanidade.

X + Y = 100

Se Jesus tivesse dito que a humanidade se reparte


exatamente meio a meio, então tanto a condenação como a
salvação seriam de 50%. Cinquenta iria para o céu e
cinquenta para o inferno.
Este número de condenados já seria imensamente
grande.
X = 50
Y = 50
X + Y = 100
Mas como Ele falou muitos e poucos, X tem que ser
maior que Y. Também Ele não disse todos numa porta e
nenhum na outra.
Se há números em X e Y, ambos têm que ser
diferentes de 0 e de 100.
Fiz uma pesquisa com várias centenas de pessoas,
onde a pergunta era: - De um a dez, em sua opinião, quanto
é muito, não podendo ser dez? A resposta predominante da
maioria absoluta foi oito. Sobram dois para poucos.
Isto, em termos matemáticos, porque em termos de
fidelidade a Deus os números foram nove e um.
Mas, por uma questão de coerência, dentro da
pesquisa, usarei apenas os termos matemáticos:

X=8
Y=2
X + Y = 10
Na porcentagem seria assim:

X = 80
Y = 20

De cada dez, salvar-se-iam apenas dois. Nesta


proporção, oitenta por cento da humanidade seria
condenada ao inferno e vinte por cento iria para o céu.
Este número estarrecedor de condenados crepitando
nas chamas inextinguíveis do inferno eterno gera uma
macabra situação tão dolorosa que a dor respinga nos filhos
de Deus ao pisarem o Paraíso. Porque o Apocalipse, no
capítulo 21, versículos 3-4, relata que o povo de Deus
entrará chorando no Paraíso. Praticamente todos! E não é
um chorinho qualquer, não! É algo terrivelmente profundo.
Para mim, inesperado, pois sempre acreditei que no Paraíso
não haveria absolutamente nenhum sofrimento!
Nisto ouvi uma voz forte do trono que dizia: Eis a tenda de Deus com
os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e ele, Deus
com eles, será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus
olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e
nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram! ( Ap 21,
3-4 )

Estive meditando por muito tempo sobre qual seria a


causa das lágrimas dos salvos ao entrar no Paraíso? Eu
pensava que este momento seria, por exemplo, semelhante
à alegria de um sequestrado que passou muitos dias em
situações deprimentes, sem saber se iria sair com vida, se
reveria seus familiares e entes queridos. E ao ser liberto
exulta de felicidade, com lágrimas de alegria que cessam
rapidamente, sem precisar de uma intervenção divina.
Então, por que o choro no início do Paraíso? O texto
diz que nunca mais haverá dor alguma, qualquer
sofrimento! Por que o povo salvo está chorando, sem parar,
a ponto de necessitar da intervenção de Deus?
Qual a causa das Lágrimas do Paraíso?
Para entender isto, necessário se faz recordar que no
Juízo Final, por exemplo, uma mãe salva que viu o filho
querido, do outro lado da linha divisória e nem pôde dar um
último abraço e um beijo de despedida se pôs a chorar. E
agora no Paraíso, ela na felicidade e seu filho torrando, sem
nenhuma esperança, nas chamas do inferno! Assim,
praticamente cada pessoa terá um ente querido para
chorar. E somente Deus, com todo o seu poder é quem pode
solucionar este problema.
João relata que a solução das lágrimas é o primeiro
ato administrativo de Deus, no Paraíso. Ele realizará, então,
uma completa, definitiva e eterna cura interior em todos os
seus amados filhos.
A partir daí os santos começarão, de fato, a gozar as
delícias do tão sonhado Paraíso Eterno.
As Escrituras não indicam a forma utilizada por Deus
para enxugar as lágrimas do Paraíso.
Talvez, penso eu, apagará de todas as memórias a
lembrança da existência dos condenados ao inferno eterno.
Mais ainda: talvez apague, por completo, a noção da
existência do próprio Inferno.
52
O PARAÍSO ETERNO
5° ITEN DA 7ª TAÇA

Eis que faço novas todas as coisas.( Ap 21, 5 )

Vi então um céu novo e uma nova Terra – pois o primeiro céu e a


primeira terra se foram... ( Ap 21, 1 )

Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles. ( Ap


21, 3 )

O Apocalipse fala e atesta que haverá uma nova


Terra.
Muitas religiões afirmam que os seres humanos
“subirão” para o céu, o mundo espiritual, ou para outros
mundos. Entre elas, principalmente os espíritas: acreditam
que a humanidade se espalha pelo universo por inúmeros
planetas, se repartindo, indefinidamente, à medida que se
vai recebendo novos “diplomas” de bom comportamento.
Mesmo dentro da Igreja, à linha mestra de seus dogmas,
muitos acreditam que o “Céu” é lá para cima, para além do
universo, onde se viverá em corpos imateriais. Mas, não é
esta a verdade; a Terra não é fábrica de anjos!
O Apocalipse acaba com toda esta babel, quando diz
que: “Ele habitará com eles...”.
Isto, logo após afirmar que há uma nova Terra. Onde
Deus morará com os homens.
Ele então me arrebatou em espírito sobre um grande e alto monte, e
mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto
de Deus, com a glória de Deus. (Ap 21, 10-11)
Interessante: enquanto muitas “religiões”, seitas e teólogos ensinam e
insistem em mandar o Homem para o espaço, ou para o Céu, o Apocalipse faz
justamente o oposto; fixa o homem na Terra, na nova Terra, e desce Deus
do Céu para a Terra, para morar com os humanos.

Ele habitará com eles... ( Ap 21,3 )

... e ele, Deus-com-eles, será o seu Deus. ( Ap 21, 3 )

É mais do que verdadeira a necessidade de uma Terra


nova. Esta atual (poluída, desmatada; contaminada por todo
tipo de radiações atômicas, elementos químicos e
biológicos; a maioria dos animais e da flora desaparecidos;
o ar e as águas, as fontes e o mar transformados em
verdadeiros lixos...) não serve para os filhos de Deus
habitarem para sempre, e na verdade, nem
temporariamente.
O Apocalipse é altamente técnico e verdadeiro
quando fala da necessidade de uma nova Terra. Não há a
mínima necessidade de se ser espiritualista e de se ter fé,
para chegar a esta conclusão meramente técnico-científica.
Já São Pedro, faz uma declaração da destruição
completa da Terra atual:

Ora, os céus e a terra de agora estão reservados pela mesma


palavra ao fogo, aguardando o dia do juízo e da destruição dos
homens ímpios. Há, contudo, uma coisa, amados, que não deveis
esquecer: é que para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos
como um dia. O Senhor não tarda a cumprir a sua promessa, como
pensam alguns, entendendo que há demora; o que ele está é usando
de paciência convosco, porque não quer que ninguém se perca, mas
que todos venham a converter-se. O dia do Senhor chegará como
ladrão e então os céus se desfarão com estrondo. Os
elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão e a terra,
juntamente com suas obras, será consumida. ( 2 Pd 3, 7-10 )
Esta Terra será destruída; as Escrituras não falham e
não mentem. Uma nova Terra será criada.
De acordo com a carta de São Pedro, a Terra será
“descriada”, uma vez que as palavras “dissolver” e
“consumir”, no meu entender significam evaporar,
desaparecer, deixar de existir, “descriar”. Pedro, ao dizer
“os elementos” se refere mesmo, literalmente, aos
elementos químicos constituintes da matéria.
Jesus também se referiu à “descriação” da Terra:
Passará o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão. ( Mt
24, 35 )

Como já disse, esta Terra atual está completamente


danificada, corrompida. Posso afirmar que Lúcifer e seus
malignos anjos com a colaboração de homens sob sua
influência contaminaram todo o planeta e tudo que nele há
(basta lembrar apenas o lixo atômico que já existe aos
milhares de toneladas e cada dia sendo produzido mais).
Não seria um exagero afirmar que cada átomo, cada
partícula elementar esteja contaminada pelo demônio. Os
céus, ou seja, o espaço sideral também está contaminado
pelos artefatos enviados pelo Homem. E Deus não iria
utilizar uma matéria-prima nestas condições.
Os novos céus e a nova Terra serão exatamente como
nos dias de Adão e Eva, antes do pecado; uma total
perfeição. Desta vez com uma incomparável bênção a mais:
sem a presença de satanás que a esta altura estará
erradicado para sempre do universo.
A nova Terra tão perfeita propiciará, como o
Apocalipse diz, a presença de Deus que poderá, inclusive,
como no Éden, passear aí outra vez:
Eles ouviram o passo de Iaweh que passeava no jardim, à brisa do
dia... ( Gn 3, 8 )
Conforme as descrições do Apocalipse, a Jerusalém do
Paraíso será a capital do universo, a morada de Deus na
Terra, de onde governará a Criação, sendo o Cordeiro, Jesus
Cristo, sua lâmpada, seu Rei e Senhor. E nela os santos
poderão entrar sempre que o desejarem sem qualquer
restrição de horário, onde verão a face de Deus e lhe
prestarão culto.
Completando o tempo determinado por Deus, haverá
o Juízo Final, a separação de seus filhos, dos filhos do
demônio. Os bem-aventurados ganharão uma nova Terra; o
Paraíso será recriado. A atual Terra não será recuperada
ou reformada, como pregam os falsos profetas. Uma nova
será criada. Desta feita, não a receberá apenas um casal,
mas a humanidade fiel.
Muitos indagam: – “Como será?”. Na sua plenitude
ninguém sabe, mas o extremado amor do Pai, pelos
merecimentos do Filho, através do Poder do Espírito, revela
a João, que o descreve no Apocalipse, com figuras
acessíveis ao entendimento humano. Isto é feito em breves
aspectos, citando apenas aquelas aspirações e
necessidades mais urgentes do homem.
Os capítulos 21 e 22 do Apocalipse dispensam
interpretação: são diretos, e relatam, na visão de João, os
primeiros dias na feliz eternidade.
Um rio de água viva nasce debaixo do trono de Deus,
e às suas margens florescem perenes frutíferas árvores da
vida, às quais os filhos de Deus terão livre acesso.
Os seres humanos que habitarão o Paraíso terão os
mesmos corpos atuais, acrescidos das virtudes perdidas no
Jardim do Éden. São Paulo fala dos corpos ressuscitados:
Mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos
interiormente, suspirando pela redenção do nosso corpo. ( Rm 8,
23 )
Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo
voltam? [...] O mesmo se dá com a ressurreição dos mortos:
semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado
desprezível, ressuscita reluzente de glória; semeado na fraqueza,
ressuscita cheio de força; semeado corpo psíquico, ressuscita corpo
espiritual. [...] Com efeito, é necessário que este ser corruptível
revista a incorruptibilidade e que este ser mortal revista a
imortalidade. ( 1 Cor 15, 35-53 )

O corpo do Paraíso terá tudo o que o atual tem,


acrescentando a este a invulnerabilidade (incorruptível), a
imortalidade (eterno) e a perfeição completa (reluzente de
glória). Isto colocará o corpo humano interagindo
perfeitamente com a natureza através dos cinco órgãos dos
sentidos e, ao mesmo tempo, liberto das leis da natureza.
O corpo, sendo físico, precisará se alimentar e
respirar, tomar água, tudo exatamente como o atual, pois
suas células se renovarão continuamente. Caso contrário,
não haveria a necessidade da ressurreição, pois seria
apenas espírito, desprovido de matéria. E a Terra seria
apenas uma fábrica de anjos, o que não é o fato.
Todos serão adultos jovens, na plenitude física. Não
haverá crianças nem idosos.
Daqui em diante não há mais revelações a respeito da
vida na eternidade. Tudo o que é necessário para conquistá-
la temos nas Sagradas Escrituras, Sagrado Magistério e
Sagrada Tradição. E isto é o que necessitamos
presentemente.
53
A CIÊNCIA COLOCA DATAS NOS
EVENTOS DO APOCALIPSE

Conforme o texto de Mateus 24, 36, a data exata do


último dia da presente humanidade, comumente chamado
de o “dia do fim do mundo”, é de competência única e
exclusiva de Deus Pai, a primeira pessoa da Santíssima
Trindade. Então, pode-se considerar esta data como a data
de Deus.
No entanto, tem-se que levar em conta as declarações
dos cientistas, de todas as especialidades, a respeito de
seus estudos e pesquisas sobre a atual situação do
ecossistema do planeta Terra e de suas previsões para o
futuro. A ciência baseia-se apenas em seus conhecimentos
técnicos, não considerando qualquer opinião teológica.
Quase que diariamente os meios de comunicação
apresentam noticiários científicos, e na maioria deles as
declarações são de que a vida no planeta está se
deteriorando de forma acelerada, principalmente a partir do
século XIX. E as suas previsões tendem a apontar o século
XXI com os desfechos mais sombrios, senão o desfecho
final: o fim do mundo.
Como os cientistas se alicerçam em dados medidos,
experimentados e conferidos, as datas que apontam,
podemos chamá-las de as datas da ciência.
Dentre as diversas previsões e datas científicas,
citarei as seguintes:
“Um terço das plantas e animais do mundo serão perdidos na
primeira metade do próximo século, já que não poderão (...) se
ajustar ao aquecimento global”, declarou John Scott, representante
do Secretariado para a Convenção sobre a Diversidade Biológica, da
Organização das Nações Unidas (ONU). [Grifos meus]. (DIÁRIO DA
MANHÃ. Goiânia, 23 maio de 2007. Brasil/mundo, p-14).

O número de espécies declaradas oficialmente extintas chegou a 27


nos últimos 20 anos, prova de que o ritmo atual de perda da
biodiversidade é de 100 a 1.000 vezes maior do que a própria
seleção natural.
Os dados alarmantes foram divulgados pela suíça Anabelle Cuttellod,
da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e
pela colombiana Margarida Astrálada, diretora do Centro de
Cooperação do Mediterrâneo da UICN na Espanha.
As espécies oficialmente extintas desde o início dos trabalhos da
UICN há 40 anos, chegam a 784, número que, segundo
especialistas, deve ser acrescido de 65 outras espécies, que só
conseguem sobreviver em cativeiro ou em cultivos. [Grifos meus].
(DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 22 maio de 2007. Brasil/mundo, p-15).

O Quarto Relatório de Mitigação do Efeito Estufa do Painel


Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização
das Nações Unidas, divulgou no dia 4 de maio, em Bangcoc,
Tailândia, elaborado por especialistas e aprovado por representantes
de 105 países membros, estima que serão necessários investimentos
correspondentes a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para
que o aquecimento global se limite a um incremento médio de 2,5°C
no ano de 2030.
No SÉCULO XIX, o ciclo biogeoquímico do gás carbônico apresentava
um balanço equilibrado entre emissões e absorções. O equilíbrio
foi rompido pelo aumento da industrialização, poluição dos mares e
desmatamentos.
No meio científico não restam dúvidas a respeito dos principais
fatores de aumento da concentração de gases de efeito estufa.
[Grifos meus]. (OSMAR PIRES MARTINS JÚNIOR. Diário da Manhã.
Goiânia, 09 de maio de 2007. Opinião, p-5)
O mais intrigante, prossegue Mark Serreze, é que o derretimento
está ocorrendo mais rápido do que previam os programas de
computador elaborados especificamente para analisar modelos
climáticos. Há alguns anos, disse ele, a previsão era de que o
derretimento total do gelo ártico ocorreria em algum verão entre os
anos 2070 e 2100. No ritmo atual, porém, isso poderá ocorrer já
em 2030, assegurou. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia,
18 agosto de 2007. Brasil/mundo, p-5.).

Para o meteorologista do Instituto Nacional, Manuel Rangel, 54, em


escala global o comprometimento da natureza “parece
irreversível”. Prossegue dizendo: “O Brasil e o restante do mundo
sofrem as consequências porque a atmosfera é como um grande
prato de geleia: se tocar em uma extremidade, movimenta tudo até
a outra”.
A avaliação é assustadora se considerar que, nos séculos XX e
XXI, o homem produziu devastação maior do que a ocorrida em todo
o tempo de existência do planeta. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ.
Goiânia, 06 de janeiro de. 2007. Cidades, p-6).

Estudo internacional publicado na revista Proceedings of the National


Acaddemy of Sciences inclui a Floresta Amazônica entre os nove
ecossistemas do mundo que poderão desaparecer em 50 anos
em decorrência das mudanças climáticas provocadas pelo homem.
A notícia pode mudar a ideia de que o processo de aquecimento
global é lento e gradual.
A argumentação é que alterações mínimas de temperatura seriam
suficientes para levar a mudanças dramáticas e até ao colapso
repentino de um sistema ecológico. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA
MANHÃ. Goiânia, 07 de fevereiro de 2008. Brasil/mundo, p-8).

A mudança climática é a responsável por cerca de 150 mil mortes


ao ano, segundo um relatório sobre os efeitos negativos do
aquecimento global apresentado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). A previsão dos especialistas desse órgão é de que o número
de mortes dobrará em 2030. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ.
Goiânia, 26 de janeiro de 2005. Brasil/mundo, p-12).

“Morte lenta” é a definição de especialistas de todo o mundo para


o gradual e persistente avanço dos desertos em vastas áreas do
planeta. O processo é de difícil detecção e apresenta poucas
chances de reversão. Por esse motivo, especialistas de 40
organismos internacionais e ONGs, além de representantes de 170
dos 191 países que integram a ONU, participam da 5ª Sessão de
Revisão da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a
Desertificação (CRIC-50).O secretário-executivo da Convenção, Hama
Arba Diallo, relata que há 35 anos, quando era embaixador na China,
ocorriam grandes tempestades de terra uma vez por ano. “Hoje são
trinta a cada ano”. [Grifos meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 21
mar. 2007. Brasil/mundo, p-10).

[...] “Com respeito ao aquecimento global já passamos o ponto


sem volta há muito tempo. Os efeitos visíveis da mudança
climática, no entanto, só agora estão aparecendo para a maioria das
pessoas. Pelas minhas estimativas, a situação se tornará
insuportável antes mesmo da metade do século, lá pelo ano
2040.
Por modelos matemáticos, descobre-se que o clima está a ponto de
fazer um salto abrupto para um novo estágio de aquecimento.
Mudanças geológicas normalmente levam milhares de anos para
acontecer. As transformações atuais estão ocorrendo em
intervalos de poucos anos. É um erro acreditar que podemos
evitar o fenômeno apenas reduzindo a queima de combustíveis
fósseis.
Até o fim do século, é provável que cerca de 80% da população
humana desapareça. Os 20% restantes vão viver no Ártico e em
alguns poucos oásis em outros continentes, onde as temperaturas
forem mais baixas e houver um pouco de chuva”. Estas são
declarações do cientista inglês James Lovelok, cientista com
contribuições a áreas tão distintas do conhecimento que é difícil
classificá-lo em uma única especialidade. É também um dos mais
controvertidos. Sucesso entre os ambientalistas, sua criação mais
conhecida, a Hipótese de Gaia, é criticada por outros cientistas.
[Grifos meus]. (REVISTA VEJA, n° 1.979, 25 de outubro de 2006.
Entrevista, p-17).

De acordo com o doutor em Antropologia e Arqueologia pela


Smithsonian Instiuition, em Washington, Estados Unidos, e
pesquisador do Instituto do Trópico Subúmido da Universidade
Católica de Goiás, Altair Sales Barbosa “ou se toma uma atitude para
impedir o esquema de consumismo desenfreado e o agronegócio
predatório, ou continuaremos criando mais possibilidades para a
vida desaparecer na terra. Caso o ritmo de devastação
registrado hoje seja mantido, haverá uma cadência de tragédias
ambientais: primeiro, o aquecimento aniquilará vegetações; depois
os lençóis subterrâneos de água secarão – por causa da
impermeabilização do solo, promovida pelo adensamento
demográfico e da utilização desses sistemas; em seguida, haverá
escassez das águas superficiais; e, finalmente, as mudanças
climáticas, geológicas e meteorológicas abruptas, que produzirão
furacões e tsunamis. Se perdurar este modelo de desenvolvimento,
segundo minhas previsões, a terra morre em 150 anos”.
Questionado se não se trata de uma visão apocalíptica, ele rebate:
“Acho que estou sendo é otimista. Claro que são muitos fatores
conjugados para que isso ocorra. Não há comprovação científica,
mas acho que 150 anos é um tempo bastante elástico”. [Grifos
meus]. (DIÁRIO DA MANHÃ. Goiânia, 27 de março de. 2007. Cidades,
p-13).

Pelo exposto, podemos ver que tanto Deus como os


cientistas têm datas para o fim do mundo. A data de Deus,
porém, não nos é revelada. As dos cientistas, no entanto,
estão se convergindo para o desfecho no século XXI ou um
pouco depois.
De qualquer forma, a data de Deus tem que ocorrer
antes da data final dos cientistas, porque do contrário as
Escrituras seriam falhas, uma vez que não haveria ninguém
para ver “o Filho do homem vindo numa nuvem com poder e
grande glória” (Mt 21, 27).
Além do mais, se supusermos que a data final dos
cientistas vá se afunilar num definhamento dolorosamente
prolongado e que Deus vai demorar a intervir, isto
contrariaria a misericórdia Divina para com seus filhos,
conforme Jesus declara enfaticamente em Mateus 24, 22: “E
se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma vida
se salvaria. Mas por causa dos eleitos, aqueles dias serão
abreviados”.
Mesmo assim, o número de pessoas que não
acreditam no Fim do Mundo é imensamente grande. E, para
tanto, desconsideram as Escrituras e a ciência. Estou
muitíssimo curioso para saber em que se baseiam para não
crerem, uma vez que, a respeito, não acreditam nem em
Deus e nem nos cientistas! Se alguém souber, agradeceria
a gentileza de me informar o mais urgente possível!
Os fatos são inegáveis. As ciências são comprovadas,
testadas, retestasdas e aceitas como certas. Será que os
incrédulos desacreditarão a ciência só porque elas estão a
coincidir com as profecias bíblicas? Porque não há como
negar que, nos tempos atuais, e de acordo com estes
estudos, ciência e Apocalipse se equivalem.
A respeito de se crer ou nas Escrituras, pela fé, ou na
ciência, pela comprovação incontestável de suas
experiências, ou em ambas, simultaneamente, o Catecismo
da Igreja Católica (1997), no Artigo 159, trata,
magistralmente, da questão:
159 - Fé e ciência. “Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, não
poderá jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra,
porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé
dotou o espírito humano da luz da razão; e Deus não poderia negar-
se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade”.
“Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de
maneira verdadeiramente científica, segundo as leis morais, na
realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas
quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: quem
tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das
coisas, ainda que disso não tome consciência, é como que conduzido
pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo com que
elas sejam o que são”.

Se O Fim do Mundo não estiver ocorrendo nos tempos atuais, como


acredito que esteja, então, quando ocorrer, não importa quando, os
acontecimentos mundiais terão que ser exatamente iguais, cientificamente
iguais aos da atualidade, caso contrário as profecias bíblicas não se cumprirão!

A graça do Senhor Jesus esteja com todos! Amém.

Cairo
César
Goiânia, 13 de
maio de 2.016
3a
edição
54
BIBLIOGRAFIA

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