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AULA 6 Relações de Trabalho No Brasil Contemporâneo
AULA 6 Relações de Trabalho No Brasil Contemporâneo
Propósito Compreender a história das relações de trabalho e das conquistas trabalhistas no Brasil
republicano, apresentando seus atores sociais e políticos para o entendimento do processo de
avanços e de recuos da legislação trabalhista brasileira, que se apresenta sempre em disputa.
Preparação Para auxiliar em eventuais dúvidas sobre termos da Sociologia, sugerimos o Dicionário do Ensino
de Sociologia, de Brunetta et al. Maceió: Café com Sociologia, 2020.
Objetivos
Módulo 1 Módulo 2
Módulo 3 Módulo 4
Introdução
O Brasil viveu um difícil processo de transição do regime monárquico para o
republicano no final do século XIX, tendo que enfrentar muitas questões sociais
que emergiam no mundo e que influenciavam a sociedade brasileira,
principalmente sob impacto do abolicionismo e das desigualdades que traziam a
reflexão sobre o trabalho escravizado e livre. Nesse contexto, as questões de
soberania nacional, territorialidade, nacionalidade e cidadania também
compunham o cenário político do país, tendo reflexos no campo das relações de
trabalho que questionavam as ausências de direitos fundamentais como saúde,
educação e trabalho em condições dignas.
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É muito comum pensarmos em relações de trabalho no Brasil, legislações e
direitos trabalhistas a partir dos governos de Getúlio Vargas, após 1930, já que
historicamente foi Vargas quem criou a Justiça do Trabalho que conhecemos,
regulou a legislação trabalhista com a criação da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) e inseriu o trabalho como categoria dos direitos sociais na
constituição brasileira de 1934. Entretanto, para compreendermos melhor a
trajetória das relações de trabalho no Brasil, é importante concentrarmos a reflexão
nas primeiras décadas da República e acompanharmos as mobilizações sociais e
políticas.
Conceito de trabalho
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reconhecia a diferença entre travailler (trabalho) e ouvrer (obra ou artesanato). O
italiano também usava lavorare e operare. Em espanhol, há trabajar e obrar. No inglês,
a diferença está entre labour e work. Na língua portuguesa, também é possível
encontrar as palavras labor e trabalho utilizadas no sentido de obra ou trabalho e no
sentido de esforço. As diferentes palavras para denotar o trabalho nos seus diversos
contextos demonstram uma preocupação dessas sociedades em diferenciar o
conceito, levando em conta seus agentes, seu tempo e seus valores.
Aqui nos interessa pensar como os valores ligados à atividade laboral foram alterados
de modo que o ato de trabalhar passou a sofrer influências em diversos setores da
vida humana, desnaturalizando o trabalho como algo pré-estabelecido. Essas
alterações estruturaram organizações sociais, políticas e econômicas no Brasil.
Categorias de trabalho
Partindo das concepções de trabalho que vimos anteriormente, vamos revisitar o final
do século XIX – um momento de importante reflexão sobre os impactos que o
sistema capitalista impunha até aquele momento – e, nesse contexto, veremos como
os direitos sociais emergiram em razão do tratamento desumano vivido pela classe
trabalhadora e quais foram os excessos capitalistas, sobretudo, a partir da Revolução
Industrial.
Portanto, o período republicano na história do Brasil foi cenário para diversas lutas,
movimentações sociais e políticas que alteraram as relações de trabalho a partir de
então.
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As relações de trabalho no campo eram
bastante importantes, pois o Brasil se
caracterizava como um país de
economia essencialmente agrária.
Heterogêneas e complexas, as relações
de trabalho rurais podem ser
categorizadas em três práticas: o
colonato, a parceria e a camaradagem.
Trabalhadores colhendo café em uma lavoura no Rio de
Janeiro, em 1882.
Além dessas categorias, podemos
ressaltar também os trabalhadores
permanentes e os temporários em
diversas outras condições.
Imigrantes europeus trabalhando em uma colheita de café em São Paulo, por volta
de 1910.
O trabalho urbano
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Um novo contexto
Com a crescente industrialização e urbanização das cidades no Brasil, vimos no êxodo
do campo e no crescimento da vida urbana uma importante ampliação do espaço de
trabalho.
Avenida Central, atual avenida Rio Branco, na altura da rua do Ouvidor com rua Miguel Couto. Rio de Janeiro.
Para obter novos parâmetros de classes, era preciso trabalhar de modo que fosse
possível atingir necessidades básicas de uma vida urbana promissora: moradia,
transporte, saúde, educação, formação profissional e atividades sociais exigiam dos
trabalhadores uma jornada de trabalho que desse conta dessas demandas.
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Vila Operária da Companhia Tijuca de Tecidos. À direita, o prédio da fábrica; à esquerda, a Vila Operária. Rio de
Janeiro, 1907.
Questão 1
A Somente a I.
B Somente a II.
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C Somente a III.
D Somente I e II.
E Somente II e III.
Questão 2
A Campo da filantropia.
B Âmbito acadêmico.
C Esfera pública.
D Campo da solidariedade.
E Âmbito empresarial.
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Greves e lutas
Em 1907, após forte onda grevista em diversas cidades do país, o Decreto nº 1.637
propôs a regulamentação da organização dos sindicatos, que deveriam se constituir
“com o espírito de harmonia entre patrões e operários”. Assim, os sindicatos estariam
relacionados a conselhos permanentes de conciliação e arbitragem que existiam,
destinados a dirimir as divergências e as contestações entre o capital e o trabalho que,
naquele momento, eram competências da justiça comum.
Saiba mais
É importante observar que, na primeira década do século XX, o poder legislativo já atentava para algumas
questões sociais e trabalhistas que atingiam o interesse do Estado e dos patrões.
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Alguns anos depois, em 1911, foi criado o Departamento Estadual do Trabalho de São
Paulo que ressaltava as vantagens de formar e institucionalizar órgãos de conciliação
e arbitragem, sob a mediação do Estado e a partir de experiências internacionais.
As ruas de São Paulo tomadas de trabalhadores que reivindicavam melhores condições de trabalho, durante a
greve geral de 1917.
Em 1919, quando criamos uma lei para acidente de trabalho, a Constituição alemã de
Weimar também estabelecia garantias trabalhistas e a Organização das Nações
Unidas (ONU) fundava a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Resumindo
Portanto, o avanço no país se deve às mobilizações internas da classe trabalhadora com as grandes greves
e demais organizações sociais e políticas e às pressões externas de avanços nos direitos do trabalho.
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Trabalhadores, incluindo crianças, na construção da estrada de ferro, pertencente a Rede de Viação Cearense, que
liga Fortaleza ao antigo ramal de Itapipoca, em fevereiro de 1920.
Comentário
As questões sociais e trabalhistas que incidiam diretamente nas relações de trabalho no Brasil durante as
primeiras décadas da república brasileira oscilavam entre projetos e iniciativas isoladas no contexto dos
estados ou por políticos com projetos individuais no Congresso Nacional, quase sempre rejeitados ou
engavetados.
Questão 1
O movimento operário no Brasil iniciou-se em fins do século XIX. Ele tinha como
principal objetivo colocar um fim à exploração capitalista e construir uma nova
sociedade. Na primeira década do século seguinte, viveu anos de fortalecimento,
quando as principais cidades brasileiras foram sacudidas por greves, sendo uma das
mais importantes a de 1917, em São Paulo, em que 70 mil trabalhadores cruzaram
os braços, exigindo melhores condições de trabalho e aumentos salariais. Esses
movimentos tiveram vitórias importantes nos anos 1920. Podemos destacar:
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II. Não se pode deixar de reconhecer que foi nessa década que o movimento
operário brasileiro ganhou maior legitimidade entre os próprios trabalhadores e
a sociedade mais ampla, transformando-se em um ator político que atuaria
com maior desenvoltura nas décadas seguintes.
III. Foi do período que levou a vitórias como a reforma constitucional e a criação
da Consolidação das Leis Trabalhistas.
A I e II somente.
B I e III somente.
C II e III somente.
D I somente.
E II somente.
Questão 2
A greve de Julho de 1917, iniciada em São Paulo, foi a maior mobilização operária já
ocorrida, com repercussões em todo o país. Ela começou com a paralisação em
uma fábrica de tecidos, seguiu por todo segmento têxtil, alastrando-se pelo interior
paulista e por outros estados. O choque entre policiais e grevistas culminou na
morte do operário Antônio Martinez, o que gerou ainda mais revolta e transformou a
cidade de São Paulo em um campo de guerra. (Adaptado de MOTA, B. Myriam;
BRAICL, Patrícia. História das cavernas ao Terceiro Milênio. 1. ed. São Paulo:
Moderna, 1997, p. 444)
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Aguardando a resposta do aluno...
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É importante salientar que o governo varguista abriu caminho para algumas
conquistas políticas e para a efetiva formulação e implantação de uma legislação
social na busca da expansão dos direitos do trabalho no Brasil. Essa iniciativa lançaria
luz às relações de trabalho como tema de política de governo à medida que deixavam
de ser projetos legislativos isolados para caracterizar o trabalhismo que colocaria a
classe trabalhadora como atores políticos e sociais a partir de então.
Constituição de 1934
Em julho de 1934, o Brasil ganhou uma nova Constituição, uma nova lei de
sindicalização e um novo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Com o artigo
120, o texto constitucional consagrava a pluralidade e a autonomia sindical, mas,
meses antes de promulgar a Carta Magna, o Decreto-lei nº 24.694 tornou essa
pluralidade muito difícil de ser atingida, gerando fortes conflitos no campo jurídico,
especialmente, pelo caráter coletivo dos direitos que deveria proteger. Era o momento
de tensões sociais, com a influência do Partido Comunista nos sindicatos, que
passaram a ser tratados como questão de segurança nacional.
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Antes de tudo, é preciso definir o que as Ciências Humanas entendem por modelos de
relações de trabalho. Uma das definições mais recentes sobre o tema apresenta o
modelo de relações de trabalho no Brasil como o conjunto de organizações, leis e
normas sociais que regulam a compra e a venda da força de trabalho e os conflitos
resultantes dessa relação.
supervisor_account balance
Individuais / Contratuais Profissionais / Legislados
As relações de trabalho chamadas de As relações de trabalho profissionais ou
individuais ou contratuais são aquelas legislados são aquelas estabelecidas por
que se estabelecem entre empregadores meio de normas para a defesa e/ou
e empregados, pelas quais se troca representação de interesses das partes,
trabalho por remuneração e envolvem capital e trabalho, que regulam o coletivo.
outras conquistas jurídicas.
A justiça do trabalho
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identificados através da “divisão de trabalho”, definida unilateralmente pelo
empregador, entre três espaços normativos:
Para esclarecer a diferença entre esses modelos, Noronha usa a definição proposta
por Schmitter (1992) para as características do modelo corporativo e do modelo
pluralista respectivamente:
Esse seria o caso dos sindicatos legais autorizados nos governos após 1930,
controlados, reconhecidos e regulados pelas legislações e instituições criadas
pelo governo varguista.
Na imagem que ilustra a capa deste módulo, é possível ver um exemplo dessa
relação de trabalho legislado-corporativista onde, em um evento promovido
pelo governo Vargas, aparece uma faixa em que está escrito “Trabalhador
sindicalizado é trabalho disciplinado”, o que evidencia o controle sobre as
instituições e organizações de classe tuteladas pelo Estado, caracterizando o
trabalhismo que apenas reconhecia o trabalho que estava oficialmente
sindicalizado e, portanto, monitorado pelo Estado.
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Modelo legislado-corporativista
Partiremos da análise feita pelo professor Amauri Mascaro Nascimento (2020), que
considera as corporações de ofício como uma das primeiras formas de organização
das relações de trabalho dotadas de estatutos e regulamentação trabalhistas. O autor
defende a ideia de que, embora não seja um sindicato, tais corporações foram uma
forma de agrupamento do capital e do trabalho, que integrava os sujeitos das relações
de trabalho. Tais corporações seriam, mais tarde, aproveitadas pelo corporativismo de
Estado com apenas uma diferença, o corporativismo estatal teria publicizado o que
antes era privado.
A partir de 1942 e 1943, o Estado brasileiro se esforçou para implementar seu projeto
de organização sindical corporativista e sinaliza que este, até então, funcionava
apenas como uma orientação legal e organizacional. Assim, o sindicalismo
corporativista iria ser realmente implementado, não no momento autoritário por
excelência do Estado Novo, mas no período de transição, após 1942, quando a
questão da mobilização de apoios sociais tornou-se uma necessidade inadiável ante a
própria transformação do regime.
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Sabemos que a instituição, por
excelência, responsável por gerir a justiça
social no Brasil é a Justiça do Trabalho.
Questão 1
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Questão 2
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Debates contemporâneos
Em 2018, o sociólogo Ricardo Antunes (2018) lançou um livro intitulado O privilégio da
servidão: o novo proletariado de serviços na era digital classificado como uma obra de
resistência frente ao produtivismo acadêmico desmedido do nosso tempo. Sua
inspiração teve motivações nos recentes episódios de flexibilização das leis
trabalhistas no Brasil no século XXI. O ápice desse momento foi durante o governo de
Michel Temer, em 2017, quando começaram a deslanchar a devastação e o abandono
da totalidade dos direitos sociais e trabalhistas conquistados através da luta ao longo
da história do Brasil republicano como vimos até aqui.
Em pleno século XXI, já sabemos que esse prenúncio do paraíso está bem distante de
chegar. Ao contrário, as relações de trabalho no século XXI estão cada dia mais
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fragilizadas e voltamos ao patamar de precariedade de trabalho do início do século
anterior.
Comentário
No atual contexto do século XXI, regredimos mais que avançamos sob a propaganda de que todas essas
reformas se amparam na promessa de melhores condições de trabalho e mais empregos. Falácia. Passam-
se décadas, anos e séculos e o mundo do trabalho segue com problemas primários, oscilando entre
conquistas trabalhistas e sociais, que se apresentam de forma frágil.
Uberização
Termo que faz referência à venda de um serviço para alguém ou alguma empresa de forma independente e
sem um empregador, através de uma plataforma.
Pejotização
Termo que faz referência à pessoa jurídica que é falsamente apresentada como trabalho autônomo.
Um entregador de aplicativo se alimenta em uma quentinha na rua e ao lado dos seus instrumentos de trabalho,
2019.
A empresa de tecnologia entra e diz: facilito a logística, lhe dando opções, velocidade
na entrega. Para o trabalhador sem vínculo, a empresa diz que, dependendo do próprio
trabalho e esforço, você pode ganhar mais. Parece perfeito, mas as dores para o
trabalhador são:
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A ausência da possibilidade de uma negociação mais efetiva com as empresas
– “aceite as regras ou saia”.
A fragilidade da regulamentação dos serviços e do entendimento desta como
uma relação de trabalho.
A demanda desequilibrada entre os trabalhadores que precisam do rendimento e
a disponibilização do serviço, que permite às empresas ditarem regras e
estratégias sem ter que se preocupar com instrumentos protetivos das leis
trabalhistas – que passam a ser tidas como obsoletas.
Resumindo
O mercado de trabalho mudou e as leis trabalhistas desenvolvidas no mundo inteiro no advento da
industrialização, assim como seus instrumentos protetivos, passam a ser consideradas obsoletas. No
entanto, a substituição do modelo, que é ditado pela tecnologia, acaba por fragilizar vitórias históricas de
associação, voz e condições de trabalho. O processo, que começa focado em serviços de transporte e
entrega, se multiplica e, hoje, pode ser observado na educação – por núcleos digitais e serviços de aulas
privadas –, em serviços e em setores de serviços industriais.
Esse furacão digital entra e é quase impossível ser controlado, mas é necessário
refletir sobre as novas condições de trabalho e repensar estratégias, cobrar os
governos para atuação nessas dinâmicas, garantindo a sua regulamentação.
Passamos agora a pensar no que tem sido feito com esse debate e como o mercado
enfrenta essa uberização.
Um tempo em aberto
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A CF/88 não só expandiu os direitos sociais e do trabalho como elevou ao status
constitucional outros direitos já previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Contraditoriamente, a Carta nasceria na contramão das ideias liberalizantes que
vinham ganhando força durante os anos 1970-1980 e que passaram a compor as
políticas de governos, de modo que sua pauta social foi contraposta a uma nova
agenda de “desregulamentação”.
O então presidente, Michel Temer (centro), junto a ministros e parlamentares no evento onde foi sancionada a
reforma trabalhista, em 13 de julho de 2017.
flag A autorização para o rebaixamento de direitos previstos em lei, por meio do princípio da
prevalência do negociado sobre o legislado em relação a diversos aspectos das
relações de trabalho.
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flag A forte restrição à atuação e ao poder normativo da Justiça do Trabalho, bem como ao
acesso dos trabalhadores ao judiciário trabalhista, criando uma série de condicionantes,
limitando a gratuidade e impondo penalidades ao demandante caso perca a ação.
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Questão 1
A uberização do trabalho define uma tendência em curso que pode ser generalizável
pelas relações de trabalho, abarcando diferentes setores da economia, tipos de
ocupação, níveis de qualificação e rendimento, condições de trabalho, em âmbito
global. Derivado do fenômeno social que tomou visibilidade com a entrada da
empresa Uber no mercado, em realidade o termo uberização se refere a processos
que não se restringem a essa empresa nem se iniciam com ela, que culminam em
uma nova forma de controle, gerenciamento e organização do trabalho (Fonte:
Abílio, 2020).
A Somente I e II.
B Somente I e III.
C Somente II e III.
D I, II e III.
E Somente I.
Questão 2
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D Os tributos trabalhistas são assumidos apenas pelos
administradores do aplicativo.
Considerações finais
A história da luta e das conquistas sociais e trabalhistas no Brasil republicano se
constituiu a partir de mobilizações e movimentações sociais e políticas, com intensa
participação da classe trabalhadora como agente de transformação da sua realidade.
Nesse contexto, as relações de trabalho foram sendo consolidadas através de
legislações trabalhistas que avançaram e recuaram em diversos momentos da história
do Brasil.
headset Podcast
Ouça o podcast a seguir. Nele, vamos recuperar um pouco do que lemos sobre as
relações trabalhistas no Brasil desde a 1ª República até às problemáticas atuais dos
processos de uberização do trabalho.
Explore +
Aprofunde seus conhecimentos com as seguintes leituras:
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Em guerra. De Stéphane Brizé. Roteiro: Stéphane Brizé, Olivier Gorce. Elenco:
Vincent Lindon, Mélanie Rover, Jacques Borderie. O filme conta a história de 1100
funcionários liderados pelo seu porta-voz Laurent Amedeo (Vincent Lindon) que,
após a administração da fábrica Perrin Industrie fechar a empresa e não respeitar
o acordo feito dois anos antes, decidem fazer de tudo para salvar seus empregos.
Você não estava aqui. De Ken Loach. Roteiro: Paul Laverty. Elenco: Kris Hitchen,
Debbie Honeywood, Rhys Stone.O filme se passa após a crise financeira de 2008,
quando Ricky e sua família se encontram em situação financeira precária. Ele
decide adquirir uma pequena van, na intenção de trabalhar com entregas,
enquanto sua esposa luta para manter a profissão de cuidadora. No entanto, o
trabalho informal não traz a recompensa prometida e, aos poucos, os membros
da família são jogados uns contra os outros.
Referências
ABÍLIO, Ludmila. Uberização: a era do trabalhador just-in-time?, 2020. Consultado na
internet em: 22 fev. 2022.
BRUNETTA, Antônio Alberto; BODART, Cristiano das Neves; CIGALES, Marcelo Pinheiro.
Dicionário do Ensino de Sociologia. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2020.
GOMES, Ângela de Castro. Ministério do Trabalho: uma história vivida e contada. Rio
de janeiro: CPDOC-FGV, 2007.
PRIORI, Ângelo; POMARI, Luciana R.; AMÂNCIO, Silvia Maria; IPÓLITO, Verônica.
Relações de trabalho: colonos, parceiros e camaradas. Pp. 105-114. In: História do
Paraná: séculos XIX e XX. Maringá: Eduem, 2012.
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