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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
avançadas de produção”
1. Introdução
A aviação civil no Brasil passou por grandes evoluções desde 1927, data de início do
transporte aéreo no país, até os dias atuais. De acordo com a Agencia Nacional de Aviação
Civil (2015) a quantidade de passageiros transportados no ano de 2015 ultrapassou 97,9
milhões de pessoas no mercado doméstico, apresentando uma taxa de crescimento com
relação ao ano de 2014, uma média de 0,3% ao ano com tendência de aumento contínuo para
os próximos anos.
Dentre os problemas enfrentados por uma empresa aérea, encontra-se o gargalo nos
terminais de passageiros, onde se realiza o check-in e com o intuito de agilizar esses
processos, surgiram os bilhetes eletrônicos no ano de 2004 (IATA, 2004 apud REIS, 2010).
Para solucionar o gargalo encontrado, além dos guichês, automatizou-se o sistema, criando-se
o check-in online, e posteriormente o surgimento dos totens de autoatendimento nos
aeroportos.
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Contudo, esses avanços tecnológicos causam dificuldades aos passageiros com relação
à esse processo, pois requerem um certo esforço cognitivo, considerado como uma barreira
para muitos deles pois há uma nova interface entre os usuários e esse novo sistema
operacional, o que implica na insatisfação do serviço prestado.
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2. Metodologia
Visando cumprir os objetivos do trabalho, foi realizada uma pesquisa descritiva e, os
dados coletados através de uma pesquisa de campo foram analisados quantitativamente.
O universo da pesquisa é constituído de todos os passageiros aeroportuários dentro do
território brasileiro. Como é inviável utilizar todo o universo em estudo, foi feito uma
pesquisa de campo com uma amostra de passageiros do Aeroporto Internacional de João
Pessoa – Presidente Castro Pinto - Paraíba. De acordo com os dados mais recentes
encontrados no Anuário do Transporte Aéreo da ANAC, o tamanho da população é de
647.838 passageiros embarcados no ano de 2014 no Aeroporto em estudo.
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Onde:
n: tamanho da amostra;
N: tamanho da população;
;
;
z: variável aleatória normal padrão; e
E: erro amostral tolerável
A confiabilidade foi definida como sendo de 90%, desta forma o erro amostral
tolerável é de 10% (E=0,10) e observando a tabela da normal o z=1,645. Como não foi
realizada nenhuma pesquisa anterior, o p e, consequentemente, o q são desconhecidos,
considera-se o produto p.q=0,25. Tem-se:
O questionário SUS foi desenvolvido por Brooke (1996) tendo como objetivo
principal permitir a avaliação de características gerais, como eficácia, eficiência e satisfação.
O SUS é disponibilizado gratuitamente e, segundo Tullis e Stetson (2004) apud DIAS;
ZORZAL, 2013), apesar de possuir apenas 10 questões apresenta resultados satisfatórios
ainda se a amostra selecionada for pequena. As opções estão em escala simples de 1 (discordo
fortemente) a 5 (concordo fortemente), onde o 3 significa indiferente.
Brooke (1996), explica que o cálculo da pontuação SUS é realizado atribuindo para os
itens impares (1, 3, 5, 7 e 9) o valor da posição da escala menos 1, para os itens pares (2, 4, 6,
8 e 10) a contribuição da pontuação é de 5 menos a pontuação da escala. Somam-se as
contagens do total das 10 questões e multiplica-se por 2,5 para obter o valor global de
usabilidade do sistema. Kortum e Determining (2009) apud GROSSI; PISA; MARIN (2014)
afirmam que as pontuações do SUS têm uma faixa que vai de 0 a 100, onde menor que 51 é
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considerado ruim, maior que 71 é bom, maior que 86 é excelente e maior que 91 é o melhor
alcançável.
3. Resultados
3.1. Aplicação do questionário
A presente pesquisa contou com 70 passageiros, dos quais 48,6% dão preferência ao
guichê no momento de realizar o check in, 27,1% escolheram o método online como preferido
e 24,3% optaram pela realização através dos totens, conforme demonstrado na Gráfico 1.
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escolheram o método online 36,8% o utilizam pela economia de tempo. Para os passageiros
que escolheram os totens, foram apresentados a ausência de fila e economia no tempo como
principais motivos, cada um com 29,4%.
Desta forma, foi realizada uma outra pergunta, a qual consiste em afirmar qual o
motivo de sua escolha de modo de check in que prefere utilizar, resultando em cinco motivos,
como apresentado na Tabela 1.
Para os guichês, o motivo “fila” não se enquadra pois é inevitável, então não seria
motivo para a escolha dos passageiros em realizar o check in. Com relação ao tempo, foi
escolhido pois caso fosse escolhido outro mecanismo para realizar o check in, o passageiro
teria que ir para o guichê realizar o despache de mala, tornando o procedimento inviável. A
facilidade também é levada em consideração, pois os atendentes realizam basicamente todo o
processo. Por fim, o hábito é o agente mais escolhido, visto que muitos dos passageiros já se
direcionam para os guichês de forma involuntária, por ter se tornado um costume para eles.
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Para o processo de check in via web, o tempo economizado é o que mais motiva para
utilizar esse método, visto que existe também um fluxo de passageiros que realizam viagens
de negócios e levam apenas a bagagem de mão. A partir disso, é possível explicar também a
escolha por não enfrentar fila e por não precisar despachar a mala. Também é escolhido pela
facilidade no processo percebido por eles e por fim, por se tornar um hábito para alguns
desses passageiros.
Avaliando a partir dos motivos escolhidos pode-se observar que o motivo que
apresenta maior frequência independente de método utilizado, é pelo hábito. Ou seja, antes de
alterar o próprio sistema, é necessário criar uma cultura e incentivo de uso para o método que
a empresa deseja que os passageiros usem. Como foi observado através do questionário SUS,
o sistema de autoatendimento pelos totens não é satisfatório. Porém, não adianta resolver seus
problemas de usabilidade sem ter a cultura de uso do mesmo.
O segundo motivo mais escolhido pelos passageiros foi o referente às malas, logo,
relaciona-se com a não escolha de preferência dos totens de autoatendimento, sabendo que o
mesmo não despacha as malas. Assim, além de realizar um incentivo quanto ao uso do
mesmo, é necessário fazer uso de um sistema para despachar a mala sem ser necessário
enfrentar as filas no guichê.
A próxima etapa seria realizar melhorias no própria sistema dos totens, aprimorando a
usabilidade do mesmo.
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Percebe-se que, apesar do sistema ser complexo, é possível melhorar sua interface
afim que aumentar a usabilidade dos passageiros. A tecnologia de totens de autoatendimento
pode vir a ser um sistema popular, já que a maioria dos passageiros afirmaram que gostariam
de usar o sistema com mais frequência, pois ele evita a fila desnecessária e a perca de tempo.
Porém o problema com o seu sistema de informação gera um receio nos usuários, deixando-os
apreensivos no momento de utilizar, gerando então um bloqueio em utiliza-lo.
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No geral, as ações que foram propostas, são de fácil acesso e não gera um custo
excessivo para a empresa responsável pela manutenção do software utilizado nos totens, como
tornar suas informações mais claras e botões e acessos mais simples, apresentando uma
interface menos complexa.
Divulgação dos totens e de como pode ser utilizado é uma ação que, além de
incentivar a criação do hábito de utilizar esse método, auxilia na solução de alguns dos pontos
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abordados no questionário, como fazer com que o passageiro se sinta confiante ao utiliza-lo.
Nas propagandas no próprio aeroporto, pode conter também o passo a passo de como o
sistema pode ser utilizado, facilitando o seu uso no momento do check in e contribuindo no
ponto sobre as informações serem bem integradas.
Com o parâmetro tomado para análise, tendo como base a metodologia abordada nesse
trabalho, o resultado da pontuação SUS encontrado de 42,5 confirma a dificuldade apontada
pelos usuários na usabilidade do método de check in através dos totens de autoatendimento
gerando, de maneira geral, uma insatisfação, visto que a pontuação definida pelo próprio
método, ao ser inferior de 51, é considerado o pior resultado, como é o caso do sistema
utilizado nos totens.
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responsáveis pela criação e manutenção do software e também das empresas de aviação que o
utilizam.
4. Conclusão
Após os procedimentos de análise dos resultados obtidos através do questionário de
usabilidade foi possível verificar que o método de check in através dos totens de
autoatendimento otimiza o tempo dos usuários ao evitar as filas do método tradicional
(guichê). Mas, para quem precisa despachar a bagagem o método se torna ineficiente, uma
vez que a fila para o guichê será inevitável.
O método é o que apresenta menor preferência entre os entrevistados e foi possível
identificar o motivo através do questionário SUS, onde verificou que os usuários apresentam
dificuldades ao utiliza-lo, pois o sistema é complexo e apresenta inconsistências, gerando
assim um esforço cognitivo não esperado. Foi percebido, durante o processo de entrevista,
que os usuários sequer buscam utilizar os totens de autoatendimento. Essa atitude se
assemelha à quando os caixas eletrônicos foram implantados nas agências bancárias: houve
resistência por parte dos clientes, pois eles não confiavam no novo equipamento e
continuavam usando os métodos anteriores com assiduidade. Portanto, um sistema que
deveria realizar o check in com mais facilidade que outros mais tradicionais torna-se algo
complicado, não transmitindo confiança nas ações realizadas.
Embora os usuários desejem utilizar o sistema com mais frequência, eles não o fazem
pela dificuldade encontrada na usabilidade, fazendo com que os investimentos aplicados pelas
companhias aéreas e pelas empresas responsáveis pelo software não alcancem toda a
capacidade de aproveitamento, sendo conclusivo ao utilizar a pontuação fornecida pelo
próprio método, tendo como resultado 42,5.
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Assim, uma solução viável seria de que as empresas investissem em uma atualização
do software, de modo que diminua o esforço cognitivo realizado pelos passageiros, facilitando
assim sua utilização.
REFERÊNCIAS
BROOKE, J. SUS: a" quick and dirty" usability scale in PW Jordan, B. Thomas, BA
Weerdmeester, & AL McClelland. Usability Evaluation in Industry. 1996.
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DIAS, D.A.; ZORZAL, E.R. Desenvolvimento de um Jogo Sério com Realidade Aumentada
para Apoiar a Educação Ambiental. In: Workshop on Virtual, Augmented Reality and
Games at the XII Simpósio Brasileiro de Games e Entretenimento Digital, SBGames,
São Paulo. 2013.
DITTMAR, A.; FORBRIG, P. Cognition, technology, and work: special issue on cognitive
ergonomics for designing collaborative activities. Cognition, Technology & Work, [s.l.], v.
15, n. 4, p.359-362, 19 jul. 2012.
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